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PROCESSO CIVIL

EXECUÇÃO
 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - título judicial

EM REGRA é uma fase dentro do processo de conhecimento (art.513 e ss): basta requerimento e intimação

EXCEPICIONALMENTE exigirá processo autônomo (inicial + citação):

1. Processo fora do âmbito civil (ex: penal, arbitral, estrangeira etc.);


2. Decisão judicial que aprova honorários judicias;
3. Cumprimento individual de sentença coletiva;

 PROCESSO DE EXECUÇÃO - título extrajudicial

Sempre processo autônomo (art.771 e ss)

PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
a) PRINCIPIO DO TÍTULO: Não existe execução sem título.

b) PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE: execução recai sobre os bens do devedor.


Obs: a prisão cível por alimentos não é exceção, pois não é uma medida satisfativa e sim coercitiva!

c) PRINCÍPIO DO RESULTADO OU DESFECHO ÚNICO: o fim normal da execução é um só, a satisfação do credor
(“processo do credor”).

d) (SUB)PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO: credor pode, a qualquer tempo, desistir de toda execução
ou de alguma medida executiva unilateralmente (art.775, CPC), PORÉM se houver embargos ou impugnação é
preciso atenção.

OBSERVAÇÕES:

 Se os embargos ou a impugnação só possuírem defesa de natureza processual que atacam o processo de execução
na sua forma – os embargos/ a impugnação restam prejudicados – só que a culpa é do credor (exequente) então
ele paga honorários!

 Se os embargos ou a impugnação contiverem defesa de mérito – com a desistência do credor fica a critério do
devedor prosseguir ou não com os embargos/ impugnação

Os sucessores, inclusive os cessionários de crédito, podem assumir o polo ativo da execução em curso,
INDEPENDENTE do consentimento do executado – art.778, § 1º e 2º , CPC!

e) PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE DA TUTELA EXECUTIVA: satisfação específica. Só se admite a conversão em perdas e


danos quando:
 Quando é impossível
 Quando o credor pede a conversão
 Completa, não bastando cumprir a obrigação principal, sendo necessário arcar com todos os efeitos da mora;
 Tempestiva, devendo ser cumprida de maneira específica e completa num prazo razoável.
f) PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE (CPC, art. 805)

“Art. 805 do CPC – Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça
pelo modo menos gravoso para o executado.

Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais
eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.”

O juiz cuidará para que a execução seja feita da forma menos gravosa possível ao devedor. Apesar disso, a escolha
da forma de execução é do credor, não devendo haver interferência do magistrado, pois não se dever perder de
vista que toda execução é gravosa ao devedor.

g) PRINCÍPIO DA UTILIDADE: Somente se admite sacrifícios ao devedor que sejam úteis a satisfação do credor. O
processo de execução não é instrumento de vingança, não se admitindo medidas inúteis ao credor apenas para
prejudicar o devedor (ex.: se os bens encontrados não são suficientes sequer pra o pagamento das custas e
despesas futuras, não se realiza a penhora).

h) PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE (OU TIPICIDADE MITIGADA) DOS MEIOS EXECUTIVOS

O princípio da atipicidade também se aplica para obrigações pecuniárias (CPC, art. 139, IV), para obrigações de
fazer ou não fazer, reconhece-se a atipicidade dos meios executivos desde a década de 1.990.

“Art. 139 do CPC – O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...]
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para
assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;”

O STJ tem entendido, contudo, que somente é possível se valer da atipicidade na execução de quantia quando
os meios típicos forem insuficientes, sendo os meios atípicos subsidiários, portanto.

Embora admissível a utilização de meios não previstos na lei (atípicos), esse uso é limitado pelos direitos
fundamentais garantidos na Constituição.

i) PRINCÍPIO DA LEALDADE E BOA-FÉ: Recorde-se que todo processo (e não apenas a execução) é cooperativo
(CPC, art. 6º).

“Art. 6º do CPC – Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”

Os atos atentatórios à dignidade da Justiça (CPC, art. 774) são punidos com multa de até 20% sobre o valor
atualizado do débito, a qual reverte em proveito do exequente, sem prejuízo da indenização pelos danos
causados, sendo tudo liquidado e executado no mesmo processo (CPC, art. 774, c.c. 777).

“Art. 774 do CPC – Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do
executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos; III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem
exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por
cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos
próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.”
“Art. 777 do CPC – A cobrança de multas ou de indenizações decorrentes de litigância de má-fé ou de prática
de ato atentatório à dignidade da justiça será promovida nos próprios autos do processo.”

j) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO: O contraditório no processo de execução existe (haja vista sua obrigatoriedade
em todos os processos), mas é diferente daquele do processo de conhecimento (neste, parte-se de incerteza em
busca da certeza; naquele, parte da certeza em busca da satisfação).

Na execução ele é DIFERIDO OU POSTERGADO, pois o juiz primeiramente determina que o executado cumpra a
obrigação, e somente depois surge a oportunidade para o contraditório.

É EVENTUAL, tendo em vista que o contraditório depende de iniciativa do executado (ao embargar ou
impugnar).

Por fim, o contraditório na execução é LIMITADO OU MITIGADO somente nas execuções de título judicial, em
razão da coisa julgada, que deve ser respeitada. No título extrajudicial, o contraditório é amplo, podendo ser
alegada qualquer matéria.

Obs.: é a comum a doutrina dizer, genericamente, que o contraditório na execução é mitigado exatamente por
ele ser diferido e eventual. A rigor, essas características não levam, necessariamente, àquela, conforme
explanado acima. Só é limitado quando for título judicial.

DISPOSIÇÕES GERAIS
 É possível que a execução se baseie em mais de um título decorrente do mesmo negócio jurídico (STJ, sum.
27). “Súmula 27 do STJ – Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo
negócio.”

 É possível, ainda, CUMULAR EXECUÇÕES mesmo BASEADAS EM TÍTULOS DIFERENTES, desde que reunidos 3
requisitos: mesmo executado, mesmo procedimento e mesmo juízo competente (CPC, art. 780):

“Art. 780 do CPC – O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes,
quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o
procedimento.”

Ex.: um contrato de locação em o aluguel de alguns meses não foi pago, os meses seguintes o foram, e, nos
últimos, novamente não houve pagamento.

 Haverá CONEXÃO entre execução de título extrajudicial e ação de conhecimento sobre o mesmo negócio
jurídico quando as execuções são baseadas no mesmo título.

“Art. 55 do CPC – Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa
de pedir. [...] § 2º Aplica-se o disposto no caput : I - à execução de título extrajudicial e à ação de
conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.”
PARTES
(CPC, art. 778 e 779)

a) POLO ATIVO (CPC, art. 778):


 Credor indicado no título
 Cessionário
 Sub-rogado
 Sucessores, herdeiros e o espólio
 MP (nos casos previstos em lei) – Legitimidade extraordinária
Ex.: Ação civil pública e ação popular, caso a associação e o cidadão, respectivamente, vençam e não promovam
a execução da sentença, após 60 dias do trânsito em julgado o MP passa a ter legitimidade para executar);

“Art. 778 do CPC – Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.

§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário:


I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito
resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

§ 2º A sucessão prevista no § 1º INDEPENDE de consentimento do executado.”

A legitimidade dos sucessores é tanto para promover quanto para prosseguir com a execução já proposta. A
sucessão no polo ativo da execução independe de consentimento do executado.

b) Polo passivo (CPC, art. 779)

“Art. 779 do CPC – A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.”

 O polo passivo da execução é ocupado pelo executado.

COMPETÊNCIA
a) PARA CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (CPC, ART. 516)

“Art. 516 do CPC – O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:

I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;


II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença
estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao
juízo de origem.” - Exequente pode alterar o foro para facilitar o cumprimento da sentença!

Trata-se de competência funcional e absoluta (quem decidiu, executa).

A competência será do Tribunal, em suas ações originárias (inciso I) Essa competência é funcional e
hierárquica, absoluta e inalterável.
 A competência é do juízo que decidiu a causa em primeiro grau (inciso II) Essa competência é funcional e
absoluta, mas é possível ao credor requerer o cumprimento de sentença em outro foro (CPC, art. 516,
parágrafo único). - Trata-se de uma exceção à inalterabilidade da competência absoluta e à perpetuação
da competência, em prol da efetividade.
 Para os títulos formados fora do juízo cível, aplicam-se as regras gerais de competência (inciso III):
 Sentença penal: Em regra, a execução será de competência da Justiça Estadual, mesmo que se trate de uma
sentença federal, salvo se for credor a União, suas autarquias e empresas públicas.

Trata-se de dano decorrente de delito (execução civil EX DELITO), cuja execução pode ser ajuizada tanto no
foro do autor (credor) quanto no foro do local do fato ou ato (crime) (CPC, art. 53, V).

“Art. 53 do CPC: É competente o foro: [...] V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.”

 Sentença ou liminar estrangeiras aprovadas pelo STJ (por homologação ou exequatur, respectivamente): A
competência para a execução é da Justiça Federal, e na, falta de regra específica, será no foro do domicílio
do executado.
 Sentença arbitral: Em regra, sua execução ocorrerá na Justiça Estadual, salvo se for parte a União, suas
autarquias ou empresas públicas.

Quanto ao foro, a doutrina diverge, embora se trate de competência relativa: no foro onde tem de ser
cumprida a obrigação (em respeito à efetividade); no foro do domicílio do executado (em respeito à regra
geral, por ausência de regra específica); ou no foro onde tramitou o processo arbitral.

b) PARA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL (CPC, ART. 781)

“Art. 781 do CPC – A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente,
observando-se o seguinte:
I - a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de
situação dos bens a ela sujeitos;
II - tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
III - sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for
encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
IV - havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à
escolha do exequente;
V - a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu
origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.”
Trata-se de competência relativa e concorrente, e o credor pode escolher qualquer uma dentre as previstas:
Foro de eleição (inciso I, 2ª parte); Foro do domicílio do executado (inciso I, 1ª parte). Aplicam-se, ainda, suas
variantes (incisos III e IV).
Foro da situação dos bens (I, IN FINE)
Foro do local do fato ou ato que deu origem ao título (inciso V)

Obs.: em caso de execução fiscal (Lei 6.830/80 – Execução Fiscal), o foro competente será o do domicílio ou
residência do réu, ou onde for encontrado (CPC, art. 46, § 5º).

“Art. 46 do CPC – [...] § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do
lugar onde for encontrado.”

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