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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”


INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

BASES NEURAIS QUE ENVOLVEM O PROCESSAMENTO DA


LEITURA E ESCRITA

Por: Vera Lucia de Siqueira Mietto

Orientador
Prof. Mary Sue de Carvalho Pereira

Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

BASES NEURAIS QUE ENVOLVEM O PROCESSAMENTO DA


LEITURA E ESCRITA

Apresentação de monografia à Universidade


Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Neurociência
Pedagógica
Por: Vera Lucia de Siqueira Mietto
3

AGRADECIMENTOS

....À Deus e a meus familiares que


sempre estiveram presentes em minha
vida, me dando força e coragem.
4

DEDICATÓRIA

..... aos meus colegas de turma, que me


despertaram o desejo de fazer esse
estudo, a meus filhos , que me
incentivaram nos momentos de cansaço, a
Carlos, sempre amigo e parceiro nessa
minha jornada de sonhos e idealizações e
a meus pais, que foram um exemplo de
vida e incentivo á minha carreira.
5

RESUMO

Partindo de artigos selecionados de diversos autores envolvidos

nos estudos do processamento da leitura e escrita, bem como

pesquisadores e neurocientistas voltados ao processo de

aprendizagem, será apresentado nessa monografia, às bases neurais

que envolvem o processamento da leitura e escrita.

Dividida em quatro capítulos, esse estudo faz uma breve

introdução á neurociências, as bases do processamento auditivo central,

o conceito e importância da consciência fonológica, o processamento

em si da leitura e escrita e os marcadores fundamentais para o

aprendizado da leitura e escrita. Finalizando esse trabalho, temos os

transtornos e dificuldades na aprendizagem que decorrem de falhas de

processamento neural ao ler e escrever.

Palavras chave: leitura, escrita, bases neurais, consciência


fonológica
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METODOLOGIA

Trata-se de um estudo realizado por um levantamento

bibliográfico, onde foram utilizadas como ferramentas para coletas de

informação e dados informações de artigos científicos, livros ,revistas e

dissertações que tem como abordagem o processamento neural da

leitura e escrita e sua importância no ensino informal e formal do

individuo.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO Á NEUROCIENCIAS 10

CAPÍTULO II
PROCESSAMENTO AUDITIVO 27

CAPÍTULO III
PROCESSAMENTO DA LEITURA E ESCRITA 52

CAPÍTULO IV
MARCADORES FUNDAMENTAIS PARA O
APRENDIZADO DA LEITURA E ESCRITA 65

CONCLUSÃO 74

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 77

ÍNDICE 80

FOLHA DE AVALIAÇÃO 81
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INTRODUÇÃO

A neurociência da aprendizagem possibilita, aos profissionais da

saúde e da educação, bases solidas sobre o funcionamento do cérebro

e sua implicação no processo de ensino e aprendizagem.

Entender como o cérebro funciona, quais as regiões responsáveis

por cada comportamento, quais funções cada região cerebral comanda,

se torna fundamental para que educadores e profissionais da área da

saúde tenham um olhar holístico e diferenciado sobre o indivíduo,

compreendendo e respeitando o aprendizado formal de cada um, pois

terá agregado á pratica clinica e pedagógica conhecimentos sobre a

maturação neurológica, o desenvolvimento das funções superiores e os

transtornos que acometem nossos escolares, possibilitando a

adequação de estímulos para cada faixa etária, assim como o

planejamento de metas mais assertivas.

Para que o aprendizado formal se estabeleça com eficácia, se faz

necessário agregar esses conhecimentos e conhecer como nosso

cérebro aprende, como redes são traçadas e o conhecimento

consolidado.

Compreender os mecanismos que o processamento da leitura e

escrita está envolvido, quais áreas cerebrais regem esse comando tão

delicado e complexo é o objetivo desse estudo.

Entender o processamento da leitura e escrita, as bases

neurobiológicas que regem esse mecanismo depende do conhecimento

da anatomia e fisiologia do cerebral, das redes que se estabelecem, das


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sinapses que são fortalecidas, do processo de consolidação da memória

no hipocampo e das áreas ativadas no momento da leitura, da escrita.

Uma viagem ao centro do sistema límbico nos clareará os

mecanismos emocionais que envolvem o aprendizado, desvendando o

mecanismo emocional que é intrínseco ao ato de aprender, e como

determinadas áreas neurais disparam neurotransmissores no momento

do aprendizado.

Compreender a importância do processamento auditivo central, e

da necessidade de ter consciência fonológica para que se possa dar

entrada na educação formal com bases solidas será outro objeto desse

estudo.

Finalizando esse estudo, traremos os marcadores fundamentais para

que o ensino formal se estabeleça e os transtornos ligados a falhas no

processamento neural no ato de ler e escrever.


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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO Á NEUROCIENCIAS

Para entendermos o complexo universo que envolve a aprendizagem de

nossas crianças, a complexidade que envolve o momento que o estimulo é

transformado em significados e resultará em uma mudança comportamental,

seja acadêmica ou social, outro universo precisa ser descortinado aos nosso

olhos.

Compreender como o cérebro aprende como a aprendizagem se

processa nesse maravilhoso universo que é o cérebro humano é um desafio

para todos nós educadores, que vivenciamos as dificuldades de aprender de

nossas crianças, crianças que aprendem de maneira diferente, crianças que

necessitam de estratégias diferenciadas.

A aprendizagem se processa no Sistema Nervoso Central e seu

funcionamento pode ser compreendido de muitas formas, com vários olhares,

sob seu tecido, pelas células, e até por micro estruturas, que são as moléculas.

Compreender a anatomia e as estruturas que envolvem o Sistema Nervoso

Central é fundamental para o entendimento do ato de aprender.

A aprendizagem se inicia com o processo neuromaturacional e o

aprendizado escolar faz parte dessa evolução normal do ato de aprender.


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1.1-NEURONIO E IMPULSO NERVOSO

O cérebro é a matéria prima para o aprendizado: principal elo entre o

organismo e seu ambiente. É o arcabouço biológico para o desenvolvimento

das habilidades cognitivas e conhecer sua estrutura biológica é fundamental

para o entendimento de como a linguagem e a cognição se processam.

É formado por 100 bilhões de neurônios de formas e tamanhos

diferenciados conjuntamente com as células da glia (10 células da glia para

cada neurônio). As células glia constituem cerca de metade do volume do

nosso encéfalo. As principais funções das células da glia são: cercar os

neurônios e mantê-los no seu lugar, fornecer nutrientes e oxigênio para os

neurônios, isolar um neurônio do outro, destruir patógenos e remover

neurônios mortos. As células gliais mantêm a homeostase, formam a mielina e

participam na transmissão de sinais no sistema nervoso.

Os neurônios se comunicam a outros, através de seus dendritos e

axônios formando redes, que chamamos de conexões neuronais.

Figura 1- Célula Nervosa – Neurônio


http://www.clinicamente.net/clinicamente/neuoroneo.html em 21/07/2010
12

Um neurônio típico apresenta três partes distintas: corpo celular,

dendritos e axônio. No corpo celular, aparte mais volumosa da célula nervosa,

se localiza o núcleo e a maioria das estruturas citoplasmáticas. Os dendritos

são prolongamentos finos e geralmente ramificados que conduzem os

estímulos captados do ambiente ou de outras células em direção ao corpo

celular. O axônio é um prolongamento fino, geralmente mais longo que os

dendritos, e tem como uma das suas funções a transmissão para outras

células os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. Os corpos

celulares dos neurônios estão concentrados no sistema nervoso central e

também em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo corpo, os gânglios

nervosos. Os dendritos e o axônio, genericamente chamados fibras nervosas,

estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares dos neurônios

entre si e às células sensoriais, musculares e glandulares.

A cada estimulo (que gera uma nova aprendizagem) uma nova rede se

forma ligando-se as antigas propiciando infinitas possibilidades de conexões.

Para que sejam utilizadas adequadamente, um sistema complexo de

processamento seleciona as conexões mais importantes para cada ocasião

com o intuito de possibilitar respostas rápidas a cada estímulo (verbal ou não

verbal).

A comunicação neuronal é possível através do impulso elétrico

(originado no corpo do neurônio) e que utiliza o axônio e dendrito para que a

transmissão ocorra. No final de cada um desses prolongamentos temos

estruturas denominadas de sinapses, onde se encontram vesículas sinápticas,


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que são preenchidas por substancias químicas chamadas de

neurotransmissores. Quando o impulso elétrico chega, essas vesículas se

rompem e os neurotransmissores são lançados na fenda sináptica (espaço

entre as sinapses) transformando o estimulo elétrico em estimulo químico.

O neurônio que envia o estímulo é denominado de neurônio pré-

sináptico e o que recebe o estímulo de pós-sináptico. O impulso nervoso não

atravessa a fenda sináptica: o neurônio pré-sináptico libera o neurotransmissor

que ativa ou inibe o neurônio pós-sináptico modificando o seu receptor. O que

determina a ativação ou inibição pós sináptica é o tipo de neurotransmissor

liberado: se de ação inibitória (ex ácido gamaminobutírico- GABA) ou de ação

excitatória (ex; adrenalina). Isso explica porque um impulso nervoso pode

determinar excitação ou depressão das funções encefálicas.

Figura 2-Direção do impulso nervoso


http://cdoze.wikispaces.com/Antes+de+Mim+-+gen%C3%A9tica-19/05/2009

1.2-SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O neurônio tem função ativa nesse processo e integra a informação transmitida

por outros neurônios que chegam até ele formando novas redes, ou seja,
14

novas informações. Organizam-se no que denominamos Sistema Nervoso

Central (SNC) e Periférico (SNP). A porção central é formada pelo encéfalo e

pela medula espinhal. O encéfalo fica protegido pelo crânio, é composto pelo

cérebro, cerebelo, diencéfalo e tronco encefálico (mesencéfalo, formação

reticular, ponte e bulbo)

Figura 3- Cérebro
http://www.igc.gulbenkian.pt/sites/soliveira/cerebroestruturairrigacao.html

O Sistema Nervoso Central recebe, analisa e integra informações. É o

local onde ocorre a tomada de decisões e o envio de ordens. O Sistema

Nervoso Periférico carrega informações dos órgãos sensoriais para o sistema

nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores

(músculos e glândulas).

No Sistema Nervoso Central, existem as chamadas substâncias

cinzentas e brancas. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos

neurônios e a substância branca, por seus prolongamentos. Com exceção do

bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e a

substância branca, mais internamente. Os dois órgãos estão protegidos por

estruturas ósseas: o encéfalo encontra-se no interior da caixa craniana ou

crânio e a medula espinal está rodeada pelas vértebras que formam a coluna

vertebral, no chamado canal vertebral.


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Figura 4 - Estruturas que protegem o encéfalo


http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/corpo-humano-sistema-nervoso/sistema-
nervoso-19.php em 21/07/2010

Figura 5-Medula espinhal


http://anatomiaclinica.com/NeuroAnatomia/MedulaEspinhal.htm em 21/07/2010

1.3- DIFRENÇAS FUNCIONAIS ENTRE OS HEMISFERIOS ESQUERDO E

DIREITO

O cérebro humano é dividido em dois hemisférios: um direito e um

esquerdo. Hemisfério Direito: recebe as informações e controla os movimentos

do lado esquerdo. Parece idêntico ao hemisfério esquerdo, mas na maioria das

pessoas controla as atividades específicas, como as habilidades artísticas e

criativas. Hemisfério Esquerdo: recebe informações do lado direito do corpo, e

controla os movimentos desta região. Na maioria das pessoas, controla certas

atividades específicas, como por exemplo: as atividades matemáticas,

científicas e de linguagem.
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Figura 6- Hemisférios Cerebrais

http://carolvillefort.blogspot.com/2007/04/encfalo-crebro.html em 15/07/2009

O Hemisfério Esquerdo e o Hemisfério Direito se comunicam através de

uma estrutura chamada corpo caloso, que leva as informações do Hemisfério

Direito ao esquerdo e vice-versa. Cada hemisfério é dividido em 4 lobos:

frontal, parietal, occipital e temporal.

Lobo frontal (localizado a partir do sulco central para frente) - Responsável

pela elaboração do pensamento, planejamento, programação de necessidades

individuais e emoção.

Lobo Parietal (localizado a partir do sulco central para trás) - Responsável

pela sensação de dor, tato, gustação, temperatura, pressão. Estimulação de

certas regiões deste lobo em pacientes conscientes produz sensações

gustativas. Também está relacionado com a lógica matemática.

Lobo temporal (abaixo da fissura lateral) - É relacionado primariamente com o

sentido de audição, possibilitando o reconhecimento de tons específicos e

intensidade do som. Tumor ou acidente afetando esta região provoca

deficiência de audição ou surdez. Esta área também exibe um papel no

processamento da memória e emoção.


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Lobo Occipital (se forma na linha imaginária do final do lobo temporal e

parietal) Responsável pelo processamento da informação visual. Dano nesta

área promove cegueira total ou parcial.

Figura 7- Lobos Cerebrais


http://www.emtr.com.br/imagem8.htm em 5/07/2009

O córtex cerebral é constituído de camadas de corpos celulares

(substancia cinzenta) que fica situada na periferia do córtex, formando os giros

cerebrais. (O funcionamento cerebral é integrado, ou seja, interligado: uma

região depende da outra para realizar suas funções)

É no córtex que surgem as funções complexas da linguagem,

pensamento, consciência e aprendizagem.. Aparentemente iguais, os

hemisférios são funcionalmente diferentes. Segundo Pântano (2009), essas

diferenças podem ser assim mapeadas:

HEMISFERIO ESQUERDO HEMISFERIO DIREITO

Em 98% das pessoas está localizada O neurotransmissor dominante é a


a linguagem, fala escrita norepinefrina que estimula a
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percepção de novos visio-espaciais


Os neurotransmissores dominantes Avalia o contexto, entonação, ritmo da
são a dopamina e acetilcolina, que fala (prosódia)
proporcionam o controle motor fino
tanto manual como para a fala
Responsável pela sintaxe e semântica Capta o simbolismo, a metáfora do
do idioma texto e fala
Permite a compreensão do significado Permite uma visão holística da
literal das palavras situação
Favorece a praticidade nas ações, a Percebe o humor e a estética do
ser pratico nas atividades e nas acontecimento
conclusões
Permite a interpretação linear e Percebe o todo e o padrão do
seqüencial dos acontecimentos acontecimento
Reduz algo complexo em partes mais Possibilita a criatividade e a
simples imaginação
Procura por detalhes Oferece a percepção de
profundidade, reconhecimento do
rosto e do estado emocional
Classifica e ordena os estímulos Oferece a sensação de empatia,,
mesmo imotivada, sem ter certeza da
razão, do por que
Faz interpretação e justificação dos Avalia o acontecimento de forma
acontecimentos global, sem se deter em detalhe
Realiza observação focada, dirigida do Segue a intuição
acontecimento
Segue um padrão lógico Estabelece padrões sem seguir um
processo etapa por etapa
É objetivo É subjetivo
Estima o tempo cronologicamente, Vê o tempo como um todo, um
hora a hora, dia a dia projeto, uma carreira
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Encara os fatos como verdadeiro ou Pensa positivamente, sem preocupar-


falso, branco no preto se com idéias pré- concebidas
Tem espírito critico e vocação Pergunta “porque não”? e quebra as
pessimista regras.

A linguagem e a aprendizagem, sob o olhar da neurociência, são

processos cognitivos altamente elaborados e complexos, que vem a resultar de

processos cognitivos primários (sensação, percepção, atenção e memórias)

Esses processos têm inicio com a transformação dos estímulos

sensoriais nos nossos receptores por impulsos elétricos (transdução), pois

nosso cérebro só consegue entender sinais elétricos.

Assim, tudo que conhecemos do mundo é uma re-leitura do que foi

transmitido a nosso cérebro pelos estímulos sensoriais.

Os receptores periféricos têm a função de transmitir impulsos ao cérebro

de acordo com o que percebem do meio externo. O que chamamos de

percepção são esses impulsos integrados e re-construídos, e essa percepção

somente podem ser compreendidas e reconhecidas depois de um processo

continuo de aprendizagem que classifica, organiza, compara e integra os

estímulos sensoriais em um único objeto.

1.4 - ATENÇÃO E MEMÓRIA

Segundo Ferreira e Pântano (2009), grandes áreas corticais estão

envolvidas na função atenção. Quando prestamos atenção a um estimulo, os

neurônios do córtex frontal e do colículo superior (ponto de passagem dos

estímulos visuais) aumentam sua atividade nervosa. As células do córtex

parietal relacionadas com o processamento visual (percepção da cor, forma e


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detalhes finos) também respondem mais fortemente. Entende-se então que a

atenção acentua o processamento sensorial como um todo, o que viabiliza o

movimento planejado para uma possível resposta.

Podemos dizer que o controle atencional envolve o lobo parietal

posterior, a área pré-motora e o córtex pré-frontal. Outra linha de abordagem

sugere que o sistema atencional tem a participação do córtex intraparietal e

frontal superior, onde temos o controle da seleção dos estímulos e respostas,

relacionando-se com a rede neural temporo-parietal-frontal inferior,

especializada na detecção de estímulos comportamentalmente relevantes.

Quanto à função da memória, estruturas encefálicas subcorticais estão

envolvidas, em especial as do Sistema Límbico

Figura 8n - sistema Límbico


Aspectos anatômico-funcionais relacionados de recompensa -Prof.Marta Relvas- Curso de Pos
graduação de Neurociêncía Pedagógics - A vez do Mestre-2010

O sistema límbico participa intimamente de processos emocionais, em

conjunto com o hipotálamo e a área pré-frontal. Memória e emoção estão

interligadas: as bases dos impulsos da motivação, principalmente os ligados á


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aprendizagem, as sensações de prazer ou punição, são realizadas, na sua

maioria, pelas regiões basais do cérebro, que no seu conjunto, são derivadas

do Sistema Límbico.

A memória é uma atividade eletrofisiológica que tem a função de

permitir o registro, manutenção e evocação e fatos já acontecidos e é modula

pela consciência, atenção, concentração, interesse, emoção senso percepção.

Repetição e associação dos estímulos a serem percebidos.

Segundo Nogueira (2005), os dados da memória podem ser

armazenados de forma isolada (dados vazios e aleatórios - numero de

telefone), relacionados (uma relação simples com um objeto ou pessoas –

nomes próprios) e de forma integrada (relacionando-se com uma serie de

significados). Esses (forma integrada) são considerados numa postura

cognitiva como a aprendizagem propriamente dita. Toda memória possui três

fases:

1-Fixação: que depende do nível de consciência do individuo, seu

estado orgânico geral (nutrição, cansaço, calma), atenção global, capacidade

de manutenção da atenção sustentada, interesse e conteúdo emocional que

atribui o individuo ao estimulo, assim como seu conhecimento prévio e da

capacidade de compreensão do conteúdo e dos canais senso – perceptivos. O

grau de fixação está relacionado com o nível de importância e de utilização que

faremos de cada evento registrado. Podemos trabalhar essa capacidade de

fixar eventos, e assim, melhorá-la.


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2- Conservação: é dependente da repetição e utilização dos estímulos e

da sua associação a outros elementos. É um processo dinâmico e integrado

com as memórias já armazenadas pelo indivíduo

3-Evocação: é a reprodução de dados já fixados. Problemas na

evocação, ou seja, resgate da informação pode estar relacionado a falhas nos

processos de fixação e conservação, mecanismos fisiológicos relacionados ao

interesse ou desuso, lesões quadros demenciais e emocionais.

A memória pode ser dividida em declarativa ou verbal (o que) e não

verbal ou processual (como). Sabemos que sem memória não há aprendizado.

E sem aprendizado a inteligência não se manifesta adequadamente. A

memória funciona em duas escalas temporai : a memória em curto prazo e a

memória em longo prazo.

Tipo de Memória Área cerebral Consolidação


envolvida

Semântica, se Hipocampo (parte Sistema límbico


referindo a fatos e do lobo temporal) e evocáveis
MEMÓRIA a conhecimentos (componente
DECLARATIVA Córtex entorrinal emocional forte)
Outras partes do
Autobiográfica SNC dependendo
do conteúdo

Procedimentos Cerebelo São mais difíceis


motores ou de esquecer e
MEMÓRIA sensoriais Núcleos de base sua
PROCEDURAL consolidação é
(andar de bicicleta, Sistema
via outros
digitar, etc...) extrapiramidal
caminhos
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NEUROPLASTICIDADE:

Segundo Lent (2008), neuroplasticidade é a propriedade do sistema

nervoso de alterar a sua função ou estrutura em resposta ás influencias

ambientais que o atingem. Numa linguagem mais simplista, é o fenômeno

inerente ao cérebro quando este está em constante reorganização para se

desenvolver e compensar possíveis desvios e deficiências,

De acordo com Foz (2009) através do aprendizado podemos construir

novas pontes, atalhos e assim reconfigurar nosso cérebro.

Para compreender a plasticidade neuronal, o conhecimento do neurônio,

da natureza das conexões sinápticas e da reorganização das áreas

associativas cerebrais se faz necessário.

Os mecanismos pelos quais ocorrem os fenômenos de plasticidade

podem incluir modificações sinápticas do receptor, da membrana e

neuroquímicas. Estas últimas, também chamadas de fatores neurotróficos,

possuem um papel-chave nos fenômenos de plasticidade, sendo

caracterizadas como uma classe de moléculas que agem para dar apoio ao

crescimento e à diferenciação nos neurônios em desenvolvimento.

Os fatores neurotróficos são produzidos em grandes quantidades no

cérebro, tanto pelos neurônios quanto pela neuróglia, e podem afetar os

neurônios regulando seu crescimento e proporcionando um padrão adequado

das conexões entre as células neurais. As ações por meio desses fatores

podem ocorrer desde a vida embrionária até a idade adulta, com redução

progressiva de acordo com o aumento da idade.


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Atualmente, sabe-se que elas passam a ser sintetizadas em maior

quantidade pelo tecido nervoso submetido a traumas.

Existem 5 tipos de neuroplasticidade: regeneração, plasticidade axônica,

dendrítica, somática e sináptica. Quando o sistema nervoso sofre uma lesão

estrutural ou funcional, este experimenta mudanças no intuito de restaurar

estas lesões.

Atualmente, sabe-se que a plasticidade neural, sob a forma de

regeneração, ocorre principalmente no sistema nervoso periférico (SNP), tendo

em vista que esta é facilitada por um ambiente favorável composto por mielina

que, por sua vez, é produzida pelas células de Schwann, o qual orienta o

crescimento axonal.

Indivíduos que sofreram traumatismos envolvendo secção de nervos

periféricos, por exemplo, podem obter uma recuperação das funções de

maneira parcial ou completa caso haja uma intervenção rápida.

Existe uma etapa da vida em que há um período de maior

neuroplasticidade, chamado período crítico, que ocorre por meio da

plasticidade axônica ou ontogenética. Este período compreende a fase que vai

de 0 aos 2 anos de idade, sendo fundamental para um desenvolvimento

normal do sistema nervoso. Dessa forma, um ambiente rico em estímulos é

fundamental para a aquisição de várias capacidades cerebrais, uma vez que

eles proporcionam a excitação necessária para a modificação permanente dos

circuitos neurais.

Segundo Lent(2006), o desenvolvimento da linguagem humana é um

exemplo de plasticidade axônica em que a recuperação das funções


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lingüísticas decorrentes de lesões cerebrais na infância são mais facilmente

recuperáveis do que em adultos em decorrência da neuroplasticidade axônica.

A plasticidade dendrítica é caracterizada por alterações no número, no

comprimento, na disposição espacial e na densidade das espinhas dendríticas,

principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento do indivíduo. As espinhas

dendríticas constituem – se de micropetídeos privilegiados que concentram

íons e pequenas moléculas influentes na transmissão de informações entre os

neurônios. O padrão das espinhas dendríticas se modifica dinamicamente com

a aprendizagem, possuindo um importante papel nas funções neurais altas.

Em alguns casos este padrão pode se modificar, resultando em disfunções

entre as conexões interneurais. Estas alterações estão relacionadas a diversas

patologias, dentre elas a síndrome do X Frágil, síndrome de Rett, Retardo

Mental, Neurofibrimatose e Epilepsia.

A plasticidade somática pode ser entendida como a capacidade de

regular a proliferação ou a morte de células nervosas. Somente o sistema

nervoso central embrionário é dotado de tal capacidade, e ele não responde a

influências do meio externo. Dessa forma, uma das esperanças na

recuperação somática está na utilização de células-tronco. Este tipo de célula

pode se diferenciar, constituindo diferentes tecidos no organismo, além de

gerar cópias idênticas de si mesmas. Por causa dessas duas capacidades, as

células-tronco são objetos de intensas pesquisas, pois poderiam, no futuro,

funcionar como células substitutas em tecidos nervosos lesionados ou

doentes, como nos casos da doença de Alzheimer, Parkinson, Acidentes

Vasculares Cerebrais entre outros.


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A plasticidade sináptica é caracterizada por alterações nas sinapses

entre as células nervosas. As sinapses são conexões especializadas que

permitem transmitir informação desde um neurônio a outro. Na maioria das

sinapses, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo de

um axônio é convertida em um sinal químico, o qual é liberado nas conexões

interneurais. Na membrana pós-sináptica, este sinal químico é convertido

novamente em elétrico. Esta transformação da informação em elétrica-

química-elétrica pode acarretar alterações duradouras nas conexões

interneuronais por meio da plasticidade sináptica. Este sistema possui um

papel fundamental nos processos do aprendizado e memória e, portanto, a

aprendizagem pode levar a alterações estruturais no cérebro. kendel(2002)

A cada nova experiência do individuo, redes neurais são rearranjadas,

outras são reforçadas e uma gama enorme de respostas ao ambiente se

tornam possíveis.

kendel(2002), afirma que o mapa cortical de um individuo está sujeito a

constantes modificações com base no uso ou na atividade de seus caminhos

sensoriais periféricos.

Partindo dessa afirmativa, o que antes era experimentado pelo

educador, hoje ganha respaldo cientifico, delineando um futuro promissor para

a qualidade de vida do individuo, seja acadêmica ou social


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CAPÍTULO II
PROCESSAMENTO AUDITIVO

Percepção dos sons da fala:

O entendimento de como o sistema auditivo (central e periférico)

decodifica os sons da fala tem sido objeto de pesquisas para que possamos

compreender como o nervo auditivo é ativado para responder a sinais simples

da fala, como vogais e consoantes.

Depois que o sinal da fala é transformado pelo sistema auditivo

periférico, informações acústicas sobre a estrutura do espectro, freqüência

fundamental, mudanças na fonte, intensidade e duração de sinal e de sua

amplitude são extraídos e codificados pelo sistema auditivo (Stevens, 1980).

Assim, esses padrões temporais e de espectro do sinal de fala são

preservados na memória sensorial por um breve período de tempo, onde é

feita uma análise, que tem como resultado as pistas acústicas da fala, que são

as representações auditivas do sinal da fala que é subsequentemente usado

para a classificação fonética. (Schochat , 1999).

A fala é uma manifestação biológica inata e especializada, que previne

os ouvintes de ouvir a fala como sons em geral. Sua percepção é medida mais

por atividades articulatórias subjacentes do que por atividades acústicas

correlatas.

A sensação do som é de responsabilidade das atividades periféricas e

sua percepção das atividades centrais.


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Já o processamento da fala, feito a níveis neurais inicia-se na cóclea,

onde a transformação mecânica dos sinais da fala é convertida em impulsos

nervosos e esse mecanismo não é simples, não se sabendo exatamente quais

mecanismos envolvem o processamento auditivo. Esse assunto será abordado

na fisiologia do sistema auditivo.

Segundo Shotchat (1999), para ouvir a fala, o individuo ouvinte pode

dispor com redundâncias intrínsecas e extrínsecas. As intrínsecas dizem

respeito ás múltiplas vias e tratos auditivos disponíveis no sistema auditivo

central nos ouvintes com audição periférica e central normais, vias essas que

se cruzam, outras não, e as fontes de informação que o ouvido humano possui

para processar a fala. Basicamente, cada neurônio decide se vai ou não

transmitir o impulso.

Já as redundâncias extrínsecas estão relacionadas ás inúmeras pistas

sobrepostas, dentro da própria fala. Pistas essas acústicas (ex; duração do

som), pistas sintáticas, semânticas, morfológicas e lexicais, que nem sempre

são necessárias a toda hora,mas que são utilizadas quando a mensagem está

sendo dita em local não apropriado de escuta (local com excesso de

ruído/reverberação).

Nem sempre precisamos e todas s pistas, fazendo-se uso apenas

daquelas mais imprescindíveis, e isso se faz reduzindo as redundâncias

extrínsecas, já que o que vai ser avaliado é as intrínsecas.

A Fala

A inteligibilidade da fala depende da característica da mensagem

(gesticulação e apoio visual, conhecimento do idioma, do tema, potencia,


29

articulação, claridade, inflexões da voz do falante, competência mental,

posição entre o falante e o ouvinte e capacidade auditiva do ouvinte.) e das

características acústicas do ambiente (ruído de fundo, absorção, reflexão,

etc...)

Sabemos que a palavra é composta de vogais e consoantes,

distribuídas ao longo do espectro e podemos observar variações devido a

sexo, idade e características individuais do falante.

Os poderes do aparelho auditivo humano são amplos e capacita o

individuo a selecionar, dentro de inúmeros estímulos auditivos simultâneos

aqueles que são do interesse no momento (figura e fundo) e determinar de

onde vem o som (localização da fonte sonora), viabilizando uma direção da

atenção (Silva, 1990).

Como o cérebro manipula a fala ainda é objeto de pesquisas e estudos,

tendo-se modelos de processo de reconhecimento da fala, onde mecanismos

subjacentes são comuns.

Esses mecanismos de reconhecimento da fala, comuns á maioria dos

modelos incluem:

1-Um processamento periférico de códigos que produz uma representação

interna do estimulo acústico

2-Um breve resumo armazenado dos códigos que entram (inputs) numa forma

especifica de memória sensorial

3-Transferência de uma parte da informação armazenada na memória

sensorial para a memória imediata (primária)


30

4- Acesso á memória secundária (que contem o conhecimento sobre fonologia,

sintaxe, etc...) para a memória primária.

Três fatores sinaliza Schochat (1999), interagem para caracterizar a

atividade fisiológica de ouvir:

1-A atividade periférica: processos do ouvido externo, médio e interno e talvez

o VIII par de nervos cranianos

2-A atividade auditiva central, processo que provém do sistema nervoso

auditivo

3-Processos do sistema nervoso central, que não são estritamente limitados

aos sinais auditivos.

Qualquer ruptura em um destes mecanismos no processo de

reconhecimento da fala pode potencialmente resultar em um déficit nesta

habilidade.

Sistema auditivo e sua fisiologia

Para entendermos como o processamento ocorre a nível neural,

precisamos compreender como “ouvimos” os sons, como eles se processam e

que estruturas estão ligadas a esse processamento.

Para conseguirmos ouvir necessitamos da integridade de todas as

estruturas do no sistema auditivo.

As estruturas envolvidas no processo da audição são: o ouvido externo

(composto pelo pavilhão auricular e o canal auditivo), ouvido médio (formado

pela membrana timpânica e, a cadeia ossicular: martelo, bigorna e estribo)

ouvido interno (composto pela cóclea e os canais semicirculares).


31

Figura 9-Aparelho Auditivo


http://www.sur10.net/wp-content/uploads/2008/05/estrutura-do-ouvido.gif em 21/07/2010

Mas como ouvimos os sons?

O pavilhão auricular é responsável por captar os sons provenientes do

ambiente, que são conduzidos pelo canal auditivo até chegar à membrana

timpânica.

O tímpano recebe então esta vibração vinda das ondas sonoras e, a

transmite aos ossículos, movendo o martelo que faz vibrar a bigorna e por sua

vez vibra o estribo. O estribo está anatomicamente ligado à cóclea pela janela

oval (pequeno orifício), que lhe transmite o sinal elétrico. A cóclea está

conectada ao nervo vestíbulo-coclear, VIII par craniano, que envia a este o

impulso nervoso.

O impulso nervoso é conduzido ao centro de audição do córtex cerebral,

que é responsável por interpretar estes sinais nervosos.

Para Earth (1969) os estímulos sonoros são transmitidos através dos

três componentes do sistema auditivo: componente condutivo (orelha externa,


32

e orelha média), componente sensorial (cóclea, que faz parte do sistema

vestíbulo-coclear e do componente neural, que faz parte do sistema nervoso.

Earth (1969) esclarece que além da importante organização tonotópica

por freqüência sonora desse sistema, pode associa-se algumas funções a

algumas estruturas desse componente neural.

Os núcleos cocleares iniciam a análise sensorial complexa e diminuem

os sinais de ruído de fundo. Os núcleos do Complexo Olivar Superior

respondem ás diferenças de intensidade e de tempo interaural e usam isso

para codificar a direção de um som o espaço. Essa estrutura faz parte do arco

reflexo do reflexo acústico do músculo estapédio.

Os núcleos do coliculo inferior parecem combinar a codificação espacial

do Complexo Olivar Superior com os resultados da análise do complexo

sensorial (núcleos cocleares) e assim realizam o mapeamento da posição

sonora (caudal e rostralmente). Essa estação, coliculo inferior, tem um papel

importante nos reflexos auditivos,, como exemplo, a atenção ao estimulo

sonoro.

Quanto ao corpo geniculado medial, a sua divisão ventral é a única

especificamente auditiva.

Quanto ao córtex auditivo, as hipóteses de funções que lhe são

atribuídas se referem a analisar sons complexos, a localizar e representar o

espaço auditivo, a atenção seletiva para estímulos auditivos baseados na

posição da fonte sonora, a inibir respostas motoras inapropriadas, a identificar

estímulos, a discriminação de padrões temporais, a memória auditiva para

sons em sequência e a realizar tarefas auditivas mais difíceis.


33

Figura 10-Sistema auditivo


http://arristobe.blogspot.com/2007_11_01_archive.html em 18/06/2010

Como vimos, é no cérebro que esse processo acontece e se combina a

informação que nos chega aos dois ouvidos e que nos permite, por exemplo,

concluir se uma fonte sonora está à nossa esquerda ou à nossa direita.

Processamento Auditivo Central

Processamento Auditivo é o conjunto de processos e mecanismos que

ocorrem dentro do sistema auditivo em resposta a um estímulo acústico e que

são responsáveis pelos seguintes fenômenos: localização e lateralização do

som, discriminação e reconhecimento de padrões auditivos, aspectos

temporais da audição, incluindo resolução, mascaramento, integração e

ordenação, performance auditiva com sinais acústicos competitivos e com

degradação do sinal acústico (ASHA, 1995).


34

Esses processos acontecem no sistema auditivo periférico e no sistema

auditivo central. É desenvolvido nos primeiros anos de vida é a partir da

experienciação do mundo sonoro que aprendemos a ouvir.

As ondas sonoras são decodificadas desde a orelha externa até o córtex

cerebral, e esse processamento compreende a capacidade de analisar,

associar e interpretar as informações sonoras que nos chegam pelo sentido da

audição.

O sistema auditivo central possui habilidades auditivas essenciais para

uma completa participação do ser humano nas atividades do cotidiano e essas

habilidades auditivas centrais são:

• Localização sonora: habilidade de localizar auditivamente a fonte sonora;

• Síntese binaural: habilidade para integrar estímulos incompletos

apresentados simultaneamente ou alternados para orelhas opostas;

• Figura-fundo: identificar mensagem primária na presença de sons

competitivos.

• Separação binaural: habilidade para escutar com uma orelha e ignorar a

orelha oposta;

• Memória: habilidade de estocar e recuperar estímulos;

• Discriminação: habilidade para determinar se dois estímulos são iguais ou

diferentes;

• Fechamento: habilidade para perceber o todo quando partes são omitidas;

• Atenção: habilidade para persistir em escutar sobre um período de tempo;

• Associação: habilidade para estabelecer correspondência entre um som não

lingüístico e sua fonte.


35

Pode-se dizer que processamento auditivo é “aquilo que fazemos com o

que ouvimos”. A memória, atenção e linguagem são integrantes no processo

de análise na entrada da informação pelo canal auditivo. A dificuldade em um

ou mais níveis das habilidades auditivas é possível de ser classificada como

uma dificuldade ou Desordem do Processamento Auditivo Central (DPAC)

Para Pereira, Navas e Santos (2002), Processamento Auditivo é a série

de processos que se sucedem no tempo e permitem que um indivíduo realize

análises acústicas e metacognitivas do som.

A área de processamento auditivo é alvo de muitas pesquisas, debates

e o interesse na mesma aumentou consideravelmente nos últimos anos. A

bateria de avaliação deve no mínimo envolver todas as habilidades e

considerações multidisciplinares. Para tal exige consenso entre as áreas

buscando minimizar o impacto das dificuldades processuais e maximizar o

desempenho das habilidades presentes.

Um transtorno de audição pode ser significativo e envolver dois

aspectos importantes, sob o ponto de vista do processamento auditivo: a perda

auditiva, que é um impedimento da capacidade de detectar energia sonora,

podendo ser classificada quanto ao grau e quanto ao tipo e a alteração de

processamento auditivo que se refere a um transtorno auditivo em que há um

impedimento da habilidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros

Desordem no Processamento Auditivo Central (DPAC)

Segundo Marcilio (no prelo), a desordem desse processamento se

refere à possível falha na transdução (informações sensoriais convertidas em


36

impulso elétrico); lentificação ou falha na condução dos potenciais; falha na

transmissão sináptica; lesão das vias auditivas do sistema nervoso central e/ou

áreas corticais responsáveis pelo processamento da informação auditiva.

Luria (1974) referiu que o giro de Heschl é responsável pela recepção

auditiva primária e está localizado na região temporal superior. O córtex

auditivo (área 22 de Broadman) que está localizado na região temporal

superior é a região associada à discriminação fonêmica auditiva. Isto sugere a

importância desta porção do cérebro em entender o que está sendo falado. Por

outro lado, o hipocampo é importante para o processo de memória.

A região temporal anterior contém parte da comissura anterior que

carrega informações acústicas ou, ainda, inibe impulsos de um lobo temporal

para o outro. Portanto, uma lesão ou desordem nas vias auditivas centrais e/ou

lobo temporal pode interferir nos processos de aprendizado envolvidos na

organização do sistema fonológico e na linguagem de um indivíduo.

As habilidades de localização sonora, memória seqüencial verbal,

memória seqüencial não verbal, fechamento e figura-fundo são processos

importantes que acontecem nos primeiros sete anos de vida e que contribuem

para o reconhecimento de sons da fala e, conseqüentemente, para a aquisição

e a aprendizagem de um sistema de linguagem. Eles ocorrem com a ativação

das estruturas das vias auditivas do sistema nervoso central, principalmente

em nível de tronco cerebral (complexo olivar superior) e córtex auditivo,

segundo Pickless (1985).


37

De acordo com Keith e Pensak (1991), as DPAC consistem numa

inabilidade de atentar, discriminar, reconhecer, recordar ou compreender

informações auditivas. Tal inabilidade é verificada apesar da ausência de

comprometimento de habilidade intelectual e de audição periférica. Estes

padrões são fundamentais para a compreensão do código oral, via canal

auditivo, que é pré-requisito para o aprendizado da fala, da leitura e da escrita.

A DPAC pode estar ligada ou associada com as dificuldades em

linguagem, aprendizado, e funções de comunicação, embora a DPAC possa

coexistir com outras desordens (por exemplo, transtorno do déficit de atenção

e hiperatividade (TDAH) e dificuldades de leitura), mas não pode ser colocada

como o fator resultante destas.

As causas que levam a uma DPAC podem ser variadas, não podendo

ser especificadas, (na maioria), e podem compreender desde a ordem genética

até a de desenvolvimento, dentre outras possíveis.

A etiologia das DPAC inclui otites de repetição na primeira infância;

febres altas e contínuas; distúrbios específicos do desenvolvimento da função

auditiva; pequenas lesões nas vias de condução; privação sensorial durante a

primeira infância (Alvarez, Caetano e Nastas, 1997); alterações neurológicas;

problemas congênitos; déficits cognitivos; psicose, autismo e distúrbios

emocionais; distúrbios da comunicação humana que comprometem sistema

fonológico, voz, fluência, leitura e escrita; transtornos de aprendizagem e

TDAHI (Chermak e Musiek, 1997).


38

Quanto às manifestações das DPAC, Pereira (1999) classifica-as em:

manifestações comportamentais, clínicas e limiares de audibilidade.

MANIFESTAÇÕES COMPORTAMENTAIS

-Problemas de produção de fala envolvendo os


sons/r/ e /l/ principalmente
-Problemas de linguagem expressiva envolvendo
Quanto á comunicação regras da língua
oral
-Dificuldade de compreender em ambiente
ruidoso
-Dificuldade de compreender palavra de duplo
sentido (piadas)

-Problemas de escrita quanto á inversão de


letras, orientação direita/esquerda
Quanto á comunicação
escrita -Disgrafias
-Dificuldade em compreender o que lê

-Distraídos
-Agitados/hiperativos/muito quietos

Quanto ao -Desajustados(ou brincam com crianças mais


comportamento social novas ou adultos mais tolerantes)
-Tendência ao isolamento (sente-se frustrados
ao notarem suas falhas na escola

- Inferior na leitura, gramática ortografia e


matemática
Quanto ao desempenho
escolar -Seu desempenho escolar pode ser agravado
dependendo de sua posição na sala, tamanho
da sala, ruído do ambiente e intensidade e
clareza da voz do professor.

Quanto á audição -Dificuldade em escutar em ambiente ruidoso


- Atenção ao som prejudicada.
39

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

- Localização sonora
-Memória auditiva para sons em sequência

Prejuízo de -Identificação de palavras decompostas acusticamente


-Identificação de sílabas e/ou palavras e/ou frases na
presença de uma mensagem competitiva em tarefas
monóticas ou dicóticas
-Um canal auditivo em relação ao outro, geralmente na
orelha homolateral a lesões de tronco cerebral extra-axial e
orelha contralateral a lesões do tronco cerebral intra-axail ou
lesões corticais.

LIMIARES DE AUDIBILIDADE

Próximos ao limite superior da faixa de normalidade bilateralmente(15-20

dBNA)

Discreta perda auditiva (25-30 dBNA) em freqüências isoladas

Bateria de testes para investigação das DPAC:

A avaliação do processamento auditivo central é feita através de testes

especiais que pesquisam a habilidade do indivíduo de analisar e/ou interpretar

padrões sonoros.

Provas específicas avaliam os processos gnósticos acústicos (etapas de

decodificação do PAC) e auditivo (etapa de codificação) e ainda o processo

gnóstico seqüencial auditivo (etapa de organização do PAC).


40

Essa testagem pressupõe uma avaliação audiológica convencional, com

avaliação da acuidade auditiva, discriminação vocal convencional,

timpanometria e pesquisa do reflexo acústico.

Os testes específicos para avaliação do PAC também são realizados em

cabine acústica. São utilizados estímulos não verbais e verbais (sílabas,

palavras e frases) na forma de tarefas monóticas e dicóticas ou diótica. Nas

tarefas monóticas, há apresentação simultânea de mensagem competitiva

ipsilateral ou contralateral. Nas dicóticas, o estímulo verbal que precisa ser

ignorado funciona como mensagem competitiva.

São testes, ainda hoje, muito pouco difundidos no Brasil e, portanto, de

difícil acesso. Entretanto, os testes de localização sonora em cinco direções

(um dos testes de decodificação) e memória seqüencial (um dos testes de

organização) não requerem cabine acústica ou instrumentos sofisticados e são

indicados por Pereira, L.D. (1997), juntamente com a pesquisa do reflexo

cócleo-palpebral para o som de um agogô, em procedimentos de triagem.

Estes testes podem ser realizados em consultório ou mesmo na escola,

desde que em ambiente silencioso.

No Brasil, testes especiais para avaliar a DPAC vêm sendo estudados.

Apesar de ainda precisarmos de muito estudo e pesquisa, muito se tem

conseguido nesse campo de pesquisas:

1- Teste Monaurais de baixa redundância: avaliam a habilidade do ouvinte de

realizar o fechamento auditivo, a figura-fundo e a discriminação quando uma


41

parte do sinal auditivo está distorcida ou ausente (redundância extrínseca

reduzida, isto é, a redundância do sinal de fala está diminuída em virtude da

modificação das características do sinal de fala).. Exemplos: Teste de Fala no

Ruído, PSI -Teste Pediátrico de Inteligibilidade de Fala com Mensagem

Competitiva Ipsilateral, SSI – Teste de Identificação de Sentenças Sintéticas,

Teste de Fala Filtrada.

2- Testes Dicóticos: envolvem a apresentação de estímulos diferentes

simultaneamente às duas orelhas. Avaliam a integração e a separação

binaural, ou seja, a habilidade do ouvinte para repetir tudo o que ouviu ou para

dirigir a atenção para uma só orelha. Exemplos: SSW – Teste de Dissílabos

Alternados; Dígitos Dicóticos; CES - Sons Ambientais Competitivos.

3- Testes de Processamento Temporal: avaliam as habilidades auditivas de

ordenação, discriminação, resolução e integração temporal.. Exemplos: PPST

– Teste de Reconhecimento do Padrão de Freqüência; DPST – Teste de

Reconhecimento do Padrão de Duração; RGDT – Teste de Detecção de

Intervalo Aleatório.

4-Testes Interação Binaural: avaliam a habilidade do sistema nervoso auditivo

central para processar informação díspar, mas complementar, apresentada às

duas orelhas. Diferente dos testes de escuta dicótica, as informações

apresentadas a cada orelha constituem juntas a mensagem completa,

necessitando a integração das duas para que o todo seja percebido..


42

Exemplos: MLD – Limiar Diferencial de Mascaramento; Teste de Fusão

Binaural.

A Avaliação eletrofisiológica pode ser utilizada como complemento da

avaliação comportamental do PA e pode incluir os seguintes procedimentos:

1- Potenciais Auditivos Evocados do Tronco Encefálico (PAETE): medida

objetiva da transmissão dos sinais acústicos no tronco cerebral. Ocorre

aproximadamente até 10 milissegundos após a apresentação do estímulo.

2- Potenciais de Média Latência (MLR): medida objetiva da transmissão dos

sinais acústicos na região talâmica. Ocorre aproximadamente de 10 a 90

milissegundos após a apresentação do estímulo.

3- Potenciais de Longa Latência (P300 e MMN): avaliam os centros auditivos

corticais

Avaliar as DPAC requer estudo e critério investigativo e uma equipe

multidisciplinar deve estar á frente desse processo investigativo. O médico

pediatra pode auxiliar a detecção de possíveis doenças que possam causar os

mesmos sintomas, bem como avaliar o crescimento e o desenvolvimento

neuropsicomotor; o médico otorrinolaringologista pode determinar se o

indivíduo tem um problema auditivo e indicar a avaliação audiológica quando

necessário; o fonoaudiólogo especialista em audição investiga a função

auditiva central por meio de testes; o fonoaudiólogo especialista em linguagem

pode avaliar a compreensão e a linguagem expressiva; o psicólogo pode

fornecer informações sobre problemas cognitivos ou comportamentais que


43

possam contribuir com o quadro. As várias medidas usadas por estes e outros

membros da equipe poderão sugerir processamento auditivo deficiente

A (re) habilitação do indivíduo com transtorno do DPAC deve ser

planejada e realizada por diferentes profissionais (fonoaudiólogo, neurologista,

psicólogo) baseando-se nas necessidades individuais de cada paciente

dependendo da natureza, das manifestações funcionais e do grau do

problema. Envolve a modificação ambiental, para garantir o acesso à

informação auditiva, a intervenção direta, que se trata do uso de técnicas que

trabalhem as habilidades auditivas deficientes, e o uso de estratégias

compensatórias, como uso de pistas visuais, contextuais e linguísticas.

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
Nenhuma área de pesquisa da leitura foi objeto de estudos exaustivos

nas duas décadas passadas quanto à consciência fonológica. Talvez o mais

importante achado em relação à consciência fonológica, relata Capovilla

(2001) é que os níveis críticos da consciência fonológica podem ser

desenvolvidos através da instrução cuidadosamente planejada, e que este

desenvolvimento tem uma influência significativa no processo de aquisição das

habilidades da leitura e da soletração. (Esfera & Blachman, 1991; Bradley &

Bryant, 1985; Byrne & Fielding-Fielding-Barnsley, 1989, 1991; O'Connor,

Jenkins, Leicester, & Slocum, 1993).

Apesar das promissoras conclusões, a consciência fonológica persiste

desconhecida por muitos, gerando mal entendido e muita confusão (Capovilla,

F.C. (2000). Por exemplo, os pesquisadores estão procurando maneiras de


44

determinar quanto e que tipo de instrução é necessário e para quem. Além

disso, muitas pessoas não compreendem a diferença entre a consciência

fonológica e a consciência fonêmica, e a instrução fônica. Ainda outros, não

estão certos sobre o relacionamento entre a consciência fonológica e os

estágios iniciais da aprendizagem da leitura.

Estudos enfatizaram a importância do processamento fonológico para a

leitura e a escrita, fator que vem demonstrando visivelmente a importância das

habilidades de processamento fonológico para cognição da leitura.

Existem três tipos de processamento temporal nitidamente relacionado

às habilidades de leitura e escrita: a consciência fonológica, a velocidade de

acesso ao léxico mental e a memória de trabalho fonológico A consciência

fonológica pode ser definida como uma habilidade de manipular a estrutura

sonora das palavras desde a substituição de um determinado som até a

segmentação deste em unidades menores. O processo de alfabetização

implica em analisar as palavras em seus componentes (letras e formas) e

utilizar, para a codificação e decodificação, regras de correspondência entre

letras e sons. Já o processamento fonológico refere-se às operações de

processamento de informação baseada na fala, ou seja, na estrutura

fonológica da linguagem oral.

Algumas pesquisas apontam a introdução formal da criança no sistema

alfabético como sendo o fator ou causa primordial para o desenvolvimento da

consciência fonológica. Em contrapartida, outros estudos apontam ser a

consciência fonológica um pré-requisito para a aprendizagem da leitura e

escrita alfabéticas
45

Como vimos, diferentes pesquisas têm apontado o papel do

desenvolvimento da consciência fonológica para a aquisição da leitura e

escrita.

Estas pesquisas referem que o desempenho das crianças na fase pré-

escolar em determinadas tarefas de consciência fonológica é preditivo de seu

sucesso ou fracasso na aquisição e desenvolvimento da leitura-escrita

(Capovilla, 2001)

Crianças com dificuldades em consciência fonológica geralmente

apresentam atraso na aquisição da leitura e escrita, e procedimentos para

desenvolver a consciência fonológica podem ajudar as crianças com

dificuldades na escrita a superá-los (Capovilla e Capovilla, 2000).

A consciência fonológica, ou o conhecimento acerca da estrutura sonora

da linguagem, desenvolve-se nas crianças ouvintes no contato destas com a

linguagem oral de sua comunidade. É na relação dela com diferentes formas

de expressão oral que essa habilidade metalingüística desenvolve-se, desde

que a criança se vê imersa no mundo lingüístico.

Diferentes formas lingüísticas a que qualquer criança é exposta dentro

de uma cultura vão formando sua consciência fonológica, entre elas

destacamos as músicas, cantigas de roda, poesias, parlendas, jogos orais, e a

fala, propriamente dita.

Assim, a consciência fonológica é a compreensão das diferentes formas

como a linguagem oral pode ser dividida em componentes menores que

podem ser manipulados. Manipular os sons inclui suprimir, adicionar, ou


46

substituir sílabas ou sons. Ser fonologicamente consciente significa ter uma

compreensão geral de todos estes aspectos.

Operacionalmente, as habilidades que representam a consciência

fonológica das crianças, são um conjunto de quatro destrezas de

complexidade progressiva:

1-Rima e Aliterações

A rima representa a correspondência fonêmica entre duas palavras a

partir da vogal da sílaba tônica. Por exemplo, para rimar com a palavra

SAPATO, a palavra deve terminar em ATO, pois a palavra é paroxítona, mas

para rimar com CAFÈ, a palavra precisa terminar somente em È, visto que a

palavra é oxítona. A equidade deve ser sonora e não necessariamente gráfica,

ou seja, as palavras OSSO e PESCOÇO rimam, pois o som em que terminam

é igual, independente da forma ortográfica.

Já a aliteração, também recurso poético, como a rima, representa a

repetição da mesma sílaba ou fonema na posição inicial das palavras. Os

trava-línguas são um bom exemplo de utilização da aliteração, pois repetem,

no decorrer da frase, várias vezes o mesmo fonema.

Segundo Zorzi (2003) os pesquisadores Goswami e Bryant (1997)

realizaram estudos a respeito da consciência fonológica e comprovaram que a

habilidade de detectar rima e aliteração é preditora do progresso na aquisição

da leitura e escrita. Isto ocorre, porque a capacidade de perceber semelhanças

sonoras no início ou no final das palavras permite fazer conexões entre os

grafemas e os fonemas que eles representam, ou seja, favorece a

generalização destas relações.


47

É comum vermos crianças de 4 ou 5 anos brincando com nomes dos

colegas em jogos de rimas como: "Gabriel cara de pastel, Fabiana cara de

banana". Mesmo sem saber que isto é uma rima, a brincadeira espontânea

das crianças atesta sua capacidade de consciência fonológica.

2-Consciência de palavras

Também chamada de consciência sintática, representa a capacidade de

segmentar a frase em palavras e, além disso, perceber a relação entre elas e

organizá-las numa seqüência que dê sentido. Esta habilidade tem influência

mais precisa na produção de textos e não no processo inicial de aquisição de

escrita. Ela permite focalizar as palavras enquanto categorias gramaticais e

sua posição na frase. Contar o número de palavras numa frase, referindo-o

verbalmente ou batendo uma palma para cada palavra, é uma atividade de

consciência de palavras. Por exemplo: Quantas palavras há na frase: "O

cachorro correu atrás do gato?" Ao responder corretamente esta questão ou

batendo uma palma para cada palavra, enquanto repete a frase, a criança

demonstra sua habilidade de consciência sintática. Além disso, ordenar

corretamente uma oração ouvida com as palavras desordenadas também é

uma capacidade que depende desta habilidade.

Déficit nesta habilidade pode levar a erros na escrita do tipo

aglutinações de palavras e separações inadequadas. Embora esses erros

sejam comuns no processo inicial de aquisição da escrita, como por exemplo,

escrever: OGATO (aglutinação) ou SABO NETE (separação), a persistência

destes tipos de erros pode ser motivada por uma dificuldade de consciência
48

sintática. Esta habilidade implica numa capacidade de análise e síntese

auditiva da frase.

3-Consciência da sílaba

Consiste na capacidade de segmentar a palavras em sílabas. Esta

habilidade depende da capacidade de realizar análise e síntese vocabular.

Segundo o dicionário Michaelis, a análise é a decomposição em elementos

constituintes (neste caso, a sílaba) e a síntese é a operação mental pela qual

se constrói um sistema; agrupamento de fatos particulares em um todo que os

abrange e os resume (aqui, a palavra).

Zorzi (2003) faz uma análise da psicogênese da escrita relacionando-a

com o desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica. Segundo o

autor, a criança só avança para a fase silábica de escrita (de acordo com a

classificação de Emília Ferrero), quando se torna atenta às características

sonoras da palavra, especialmente quando ela chega ao nível do

conhecimento da sílaba.

Atividades como contar o número de sílabas; dizer qual é a sílaba inicial,

medial ou final de uma determinada palavra; subtrair uma sílaba das palavras,

formando novos vocábulos, são dependentes desta habilidade da consciência

fonológica.

4-Consciência fonêmica

Consiste na capacidade de analisar os fonemas que compõe a palavra. Tal

capacidade, a mais refinada da consciência fonológica, é também a última a

ser adquirida pela criança.


49

É no processo de aquisição da escrita que esse tipo específico de

habilidade passa a se desenvolver. As escritas de um sistema alfabético, como

o português, o inglês e o francês, por exemplo, permitem que os indivíduos

tomem contato com as estruturas mínimas da linguagem: os fonemas; o que

não é possível num sistema de escrita silábico ou ideográfico.

A consciência dos fonemas é necessária para compreender o princípio

alfabético que está na base do nosso sistema de língua escrita.

Especificamente, os leitores em desenvolvimento devem ser sensíveis à

estrutura interna das palavras a para se beneficiar da instrução formal de

leitura (Adams, 1990; Liberman, Shankweiler, Fischer, & Carter, 1974).

Se as crianças compreenderem que as palavras podem ser divididas

em fonemas individuais e que os fonemas podem ser combinados formando as

palavras, podem usar o conhecimento da relação letra-som para ler e construir

palavras.

Em consequência deste relacionamento, a consciência fonológica no

jardim de infância permite prever que mais tarde a criança terá sucesso na

leitura (Ehri & Wilce, 1980, 1985; Liberman ET al., 1974; Perfetti, Beck, Bell, &

Hughes, 1987), afirma Zorzi (2003).

Os pesquisadores mostraram que este forte relacionamento entre a

consciência fonológica e o sucesso na leitura persiste durante toda a escola

(Calfee, Lindamood, & Lindamood, 1973; Shankweiler ET al., 1995).

Nas duas décadas passadas, os pesquisadores focalizaram

primeiramente a contribuição da consciência fonológica à aquisição da leitura.


50

Entretanto, o relacionamento entre a consciência fonológica e a leitura não é

unidirectional e sim recíproco na natureza (Stanovich, 1986).

Os primeiros passos na leitura dependem de ter alguma compreensão

da estrutura interna das palavras, e a instrução explícita das habilidades da

consciência fonológica são muito eficazes em promover os passos iniciais da

leitura. Entretanto, a instrução específica de leitura que consiste em ensinar as

relações letra-som parecem fortalecer a consciência fonológica e, em

particular, a consciência fonêmica mais sofisticada (Snow, Burns, & Griffin,

1998).

Muitas crianças com dificuldade de aprendizagem demonstram

dificuldades com as habilidades da consciência fonológica ((Shaywitz, 1996).

Entretanto, muitas outras crianças têm tal dificuldade sem indicar outras

características de dificuldades de aprendizagem.

Pesquisas em neuroimagem vieram traçar o caminho neural antes

desconhecido:

- O lóbulo frontal – produtor do fonema – ajuda a vocalizar palavras (voz alta

ou silenciosamente). Também analisa os fonemas, os sons menores que

compõem a palavra.

- O lóbulo parietal – analisador da palavra – decompõe as palavras nas suas

sílabas e fonemas e as respectivas letras – grafemas.

- O lóbulo occipital – detector automático - faz o reconhecimento automático

das palavras.
51

Segundo Fletcher et al.(1994) a barreira mais comum na aquisição da

habilidade da leitura das palavras é a incapacidade de processar

fonologicamente a língua. Além disso, o desenvolvimento da pesquisa e da

compreensão desta questão revela que esta dificuldade em processar

fonologicamente a língua atrasa muito frequentemente tanto os alunos com

dificuldades quanto os que não as apresentam.

Os níveis da consciência fonológica podem ser desenvolvidos através

do treino cuidadosamente planeado e este desenvolvimento tem uma

influência significativa no processo de aquisição das habilidades da leitura e da

soletração. Tornar uma criança consciente fonologicamente é prepará-la para

a posterior aprendizagem da leitura, incluindo a instrução fônica, para a análise

da palavra, e para a soletração (Adams ET al., 1998).


52

CAPÍTULO III

PROCESAMENTO DA LEITURA E ESCRITA

A leitura envolve a integração de múltiplos fatores relacionados à

experiência do indivíduo, habilidades e funcionamento neurológico.

Para se compreender como a leitura se processa, é preciso levar em

conta aspectos fundamentais (emocionais, neurológicos, fisiológicos,

intelectuais, sensoriais) assim como aspectos culturais, políticos e

econômicos.

Sabemos que a leitura é a correspondência entre os sons e os sinais

gráficos, através da decifração de códigos e compreensão de conceitos e

idéias e que corre lentamente e depende de circunstancias da vida da

criança, determinando o sucesso ou o fracasso na aprendizagem.

Weiss (1983) vê a aprendizagem da leitura em três estádios de

aprendizagem, os quais segundo o autor se dividem em:

1-Primeiro estádio que vai dos 2 aos 5-6 anos,

2-Segundo estádio que se inicia por volta dos 6 – 7 anos, e

3-Terceiro estádio que se inicia por volta dos 7 anos de idade.

No primeiro estádio a criança aprende naturalmente com a família e do

contacto natural com jornais, livros e revistas, através de um

comportamento imitativo, ou seja, não lhe é dado nenhum modelo, porém o

modelo existe e como tal vai ser adquirido.


53

Não é raro observarmos crianças entre os 3 e os 5 anos a imitar certas

ações do adulto, assim se o adulto lê impacientemente um jornal ou um

livro, é natural para a criança imitar.

Porém esta imitação implica também da parte da criança o desejo de

saber mais, e como tal passa a questionar o adulto sobre as letras que

estão impressas aqui ou ali.

Através deste processo a criança vai aprender só por si uma série de

letras, e inclusive alguns fonemas.

Trata-se de certa forma de uma aprendizagem natural, ela aprende

com aquilo que está à sua volta, porém só este tipo de aprendizagem que

poderemos considerar inata não chega.

Durante este estádio a criança vai adquirindo as noções das primeiras

letras, descobrindo tal como refere Rebelo (1993, 46) citando (Ferrero e

Teberosky, 1984) que a criança vai gradualmente, descobrir "uma relação

entre o que eles dizem e o que está escrito nos livros e

Á partir daqui começa a aquisição do sinal gráfico, ou seja, começa a escrever

o seu nome, e o nome de alguns objetos", tentando ligar "o som às palavras

que os representam."

Numa segunda etapa que tem lugar entre os 6 - 7 anos a criança

começa a ler, identificando o significado de cada palavra uma por uma.

Cada letra tem seu real significado e cada palavra, passa a ter uma

sonorização plena de sentido.

Para ler, a criança precisa passar por etapas no processo de aquisição

da leitura, que são:


54

1- a identificação dos símbolos impressos (pela visão),

2-a relação grafo-fonética e

3-compreensão e análise critica do que foi lido.

A escrita é observada como dependente da leitura: se o indivíduo sabe

ler deve saber escrever. Segundo Rebelo (1993, 48) "a escrita é um

processo inverso" ao da leitura e "consiste em codificar a linguagem

por meio de sinais gráficos."

Porém não é somente este aspecto que está em causa, pois que

quando se avalia um aluno, este é avaliado através de processos escritos.

Para Rebelo (1993): "As fases da aprendizagem da escrita constam,

em linhas gerais, os mesmos elementos que nas de leitura:

ordenamento e junção de letras para formar palavras, relevância dada

à acentuação e junção de letras para formar palavras, relevância dada

à acentuação e pontuação, aplicação de regras ortográficas."

Trata-se assim de certa forma de por em atuação o mecanismo

contrário à leitura, porém acresce que a criança terá de reproduzir a idéia

que tem por escrito.

Logo, a escrita é a representação da linguagem oral, passando por

várias etapas, que tem relação direta com a expressividade e

características pessoais de cada indivíduo:

1-O desenvolvimento da linguagem oral (sons articulados corretamente),

2-O desenvolvimento das habilidades espaço temporais (respeitar a

sequência dos sons e sua estrutura no espaço),


55

3-O desenvolvimento da coordenação visomotora (movimentos

coordenados de mãos, braços e olhos),

4-O desenvolvimento da memória visual e auditiva (discriminar os sons e

reconhecê-los) e

5- Motivação para aprender.

ÁREAS CEREBRAIS ENVOLVIDAS:

Figura 11- Áreas cerebrais ativadas na leitura e escrita


Slide cedido pela Fª Lana Bianchi, do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital da Base/SP - na palestra
“Como o cérebro aprender na deficiência mental” da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-
ano:2009

Figura 12-Outra visão das áreas cerebrais envolvidas na leitura e escrita Slide cedido pela Fª
Lana Bianchi, do Serviço de Fonoaudiologia do Hospital da Base/SP - na palestra “Como o
cérebro aprender na deficiência mental” da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-
ano:2009
56

Falar em processamento de leitura nos remete á dislexia e de acordo

com as teorias de Sallly Shaywitz e colaboradores (1998), iremos analisar mais

detalhadamente o funcionamento do cérebro no processo específico de leitura

e referenciando as disfunções existentes em crianças com dislexia,

completando a teoria de Myklebust,, que se refere ao funcionamento do

cérebro como um todo, não podendo isolar a linguagem, fala e escrita.

Estes autores identificaram três áreas no hemisfério esquerdo, que

desempenham funções primordiais no processo de leitura: o girus inferior

frontal, a área parietal-temporal, e a área occipital-temporal.

A região inferior frontal é a área da linguagem oral. É a zona onde se

processa a vocalização e articulação das palavras, onde se inicia a análise dos

fonemas. A sub vocalização ajuda a leitura fornecendo um modelo oral das

palavras. Esta zona está de uma forma especial ativa nos leitores disléxicos e

nos que estão a iniciar a leitura.

A região parietal-temporal é a área onde se faz a análise das palavras,

realiza o processamento visual da forma das letras, a correspondência grafo-

fonética a segmentação e a fusão silábica e fonética. Esta leitura analítica

processa-se lentamente, é a via utilizada pelos leitores iniciantes e disléxicos.

A região occipital–temporal é a área onde se processa o

reconhecimento visual das palavras, onde se realiza a leitura rápida e

automática. É a zona para onde convergem todas as informações dos

diferentes sistemas sensoriais, onde se encontra armazenado o “modelo

neurológico da palavra”. Este modelo contém a informação relevante sobre


57

cada palavra, integra a ortografia “como parece”, a pronúncia “como soa”, o

significado, o que quer dizer. Quanto mais automaticamente for feita a ativação

desta área, mais eficiente se torna o processo da leitura.

Os bons leitores utilizam este percurso rápido e automático para ler as

palavras. Ativam intensamente os sistemas neurológicos que envolvem a

região parietal-temporal e a occipital-temporal conseguindo ler as palavras

instantaneamente.

Os leitores disléxicos utilizam um percurso lento e analítico para

descodificar as palavras. Ativam mais frequentemente o girus inferior frontal,

onde vocalizam as palavras, e a zona parietal-temporal, onde segmentam as

palavras em sílabas e em fonemas, fazendo desta forma a tradução grafo-

fonética, a fusão fonética e as fusões silábicas até aceder ao significado. A

leitura torna-se um grande esforço para elas, pois toda a palavra que ela lê

aparenta ser nova e desconhecida.

Devemos entender a que “O processo do pensamento que é o essencial

da sua criatividade é também a base de todas as dificuldades que têm

com a linguagem falada e escrita.

O cérebro de algumas pessoas é diferente e que aprendem e

processam informação de uma maneira diferente das outras pessoas

“(Davis, 1994).

Competem a nós, profissionais envolvidos com crianças com

dificuldades de aprendizagem, tenta mudar mentalidades e práticas

pedagógicas, de forma a permitirmos que estas crianças desenvolvam ao

máximo as suas potencialidades fazendo deles cidadãos ativos, participantes e


58

intervenientes numa sociedade cada vez mais exigente e necessitada de

“gênios”.

“Quanto mais compreendermos o cérebro,

mais capazes seremos de delinear estratégias

compatíveis com o modo como ele aprende

melhor” (Wolfe, Patrícia, 2004).

ARQUITETURA DA LEITURA:

Alguns pesquisadores têm atribuído ao processamento especifico da

linguagem o problema da dificuldade na aquisição e no desenvolvimento da

leitura.

Uma das áreas mais relacionadas a essa atividade é o córtex

temporoparietal, que recebe projeções não somente limitadas as informações

visuais e auditivas

O giro temporal superior posterior (área de Wernicke) tem sido associado

com funções da linguagem que envolve a compreensão (área de re-cognição

auditiva da palavra) Já o parietal inferior, assim como o giro supramarginal e o

giro angular, tem sido associado á escrita e a compreensão da linguagem

falada.

Em 1892, Dejerine propôs que o giro angular também fosse considerado a

“área da escrita”. O giro frontal inferior, incluindo a área de Broca e o córtex pré

fontal na sua poção dorsolateral, estaria associado com a organização,

manipulação e produção da linguagem, assim como a gramática e a sintaxe.


59

Logo, as áreas temporoparietais seriam responsáveis pela recepção da

linguagem, e as frontais, pela expressão desta (Joseph, Noble, Éden, 2001)

A leitura, segundo Ciasca(2007), envolve um intrincado processo, com

componentes distintos, seguindo modelos diferenciados. A determinação de

determinadas atividades mentais depende de componentes cognitivos

envolvidos nas estratégias usadas durante a execução da tarefa e ainda o

controle de condições que efetivamente modelam o comportamento.

Figura13- Áreas de Brocá e Wernicke

http://www.pneuro.com/publications/alzheimer/Memory%20and%20Alzheimer_files/image006.jp
em 21/07/2010

A base desse processo, sob o ponto de vista neural abrange 5 fases:

FASES REGIÕES ATIVADAS

1-Processamento visual da palavra Córtex temporal

2-Processamento ortográfico lexical Córtex frontal

associado ao processamento Córtex parietal esquerdo (porção

fonológico inferior)
60

3-Processamento fonológico lexical- Giro temporal posterior superior

regiões perisssilvianas Ínsula esquerda

Córtex frontal inferior

4-Processamento fonológico Occipitotemporal

sublexical envolvendo vários tipos de Porção mesial do temporal

tarefas incluindo representação visual Inferior do frontal no hemisfério

e auditiva esquerdo

5-Processamento semântico Regiões temporais

responsável pelo julgamento e a Regiões frontais

generalização semântica usadas na

palavra escrita

Como vimos, o processo da linguagem é conceituado como uma série

hierárquica de componentes, em que sistemas neurais altamente

especializados modulam o processamento de elementos distintos que

constituem a linguagem.

Para falar uma palavra, é preciso que a pessoa lembre-se dos fonemas

que constituem o seu léxico interno, analise-os e converta-os em palavra

Para ler uma palavra, o processo é inverso: inicialmente fraciona-se a

palavra em pequenas unidades fonêmicas, faz-se uma analise e comparação

com seguimentos e som previamente armazenado e posteriormente reúne

elementos de acordo com seu léxico interno, para finalmente lera palavra de

forma completa. Como vimos, ler é um processo complexo (Ciasca, Cappelin,

1999)
61

Como nos mostra o esquema proposto por Shaywitz e colaboradores

(1994), componentes e subcomponentes da leitura estão associados a

diferentes regiões do cérebro e são seletivamente processados para identificar,

classificar e armazenar a informação, até a emissão da palavra propriamente

dita.

Assim, a palavra seria identificada na região occipitotemporal,

reconhecida na região parietotemporal e por fim processada fonologicamente

no giro frontal inferior.

Os caminhos da leitura

Giro
frontal parietotemporal
inferior

occipitotemporal

Figura 14- Áreas de identificação de letras, reconhecimento e processamento fonológico


ROTTA, Newra Tellecha em Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e
Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed,2006 pag 182

Nesse esquema percebemos que lemos tanto com os olhos como pelo

ouvido: quando lemos com os olhos transformamos o estimulo visual em

representação fonológica e esse processo é chamado de decodificação.


62

A leitura pelos “ouvidos” é obtida pela conversão do estimulo escrito em

representação fonológica. Apesar de serem processos semelhantes, na

verdade existem duas rotas de acesso: a primeira envolve o reconhecimento

direto da palavra (inteira ou fragmentada em unidades – letras) e a segunda ,

quando a palavra passa pelo processamento da fala, envolvendo o sistema

conceitual.

Sistema conceitual - Imput(entrada)


Cria representações (estímulo escrito/ouvido)
semânticas e
pragmáticas de
significado

Sistema visual perceptivo


Sistema
léxico

Sistema fonológico Correspondência Sistema de


de output (saída) reconhecimento
letra/palavra
grafema/fonema

Sistema articulatório
de output

Output
(leitura)

Figura15- Componentes envolvidos no reconhecimento da palavra por duas rotas


ROTTA, Newra Tellecha em Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e
Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed,2006 pag 183

Assim aprender a ler também é um ato isolado, porque quando a

criança aprende a ler, está simultaneamente aprendendo a soletrar e a

escrever, ou seja, processando informações não só em nível visual e auditivo,


63

como também atencional, seqüencial, conceitual e de fala, em diferentes fases

do desenvolvimento.

Quando existe falha nesse processo, por motivos variados, temos os

chamados transtornos de aprendizagem, acompanhados ou não de disfunção

neurológica, sendo o mais comum, a dislexia.

O ato de ler envolve inúmeras associações entre símbolos visuais,

auditivos e significados. Essa atividade, que se automatiza rapidamente, é uma

das atividades mais difíceis realizadas pelo ser humano, afirma Ciasca (2007).

Ela envolve processos anatômicos, estruturais ultra-estruturais,

genéticos lingüísticos e neuropsicológicos altamente complexos.

Segundo Zorzi (1999), o processo de aquisição da leitura é individual,

variável e depende de fatores como: idade, maturação, motivação,

experiências culturais, integridade do SNC, do SNP e do desenvolvimento

global.

Quando pensamos em causas para as dificuldades da leitura e

consequentemente da escrita, associamos a diversos fatores:

1-deficiências visuais e/ou auditivas

2-dificuldades na fala e linguagem

3-fatores genéticos

4-fatores emocionais

5-fatores familiares

6-atitudes pouco estimulantes dos professores e

7-inadequação de programas escolares

8-fatores sociais
64

É surpreendente o fato de a aprendizagem ocorrer sem qualquer

problema para a maioria das pessoas, considerando-se que para ler e escrever

deve-se simultaneamente:

1-Ter atenção dirigida ás marcas impressas e controlar os movimentos do

olho na página

2-Reconhecer os sons associados ás letras

3-Entender as palavras e a gramática

4-Construir idéias e imagens

5-Compara idéias novas com as já adquiridas e

6-Armazenar idéias na memória

Segundo Capelline e Salgado (2003), esse processamento mental

requer uma cadeia rica de células nervosas intactas, que se conectam em rede

com determinados centros do cérebro, como a visão, da fala, e da memória,

implicando a integridade funcional de dois sistemas posteriores principais do

hemisfério esquerdo (circuito dorsal (temporoparietal) e circuito ventral

(occipitotemporal).

Quando um desses sistemas posteriores é interrompido, uma pessoa

pode ter problemas em qualquer das tarefas que envolvem o ato de ler.

Aprender a ler e escrever será uma tarefa que irá consumir muita

energia dos alunos que iniciam o primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Mas

ensiná-los a realizar essa façanha de uma maneira gostosa e mais fácil deve

ser o desafio dos educadores e profissionais envolvidos com essa criança com

dificuldades para aprender e dos materiais didáticos.


65

CAPITULO IV

MARCADORES FUNDAMENTAIS PARA O


APRENDIZADO DA LEITURA E ESCRITA

Muito se tem pesquisado e no meio acadêmico, questiona-se se há ou

não marcadores que possibilitariam uma intervenção precoce, evitando que

nossas crianças tivessem dificuldades no aprendizado da leitura e escrita.

O aprender, sabemos, é algo único, e por isso devemos valorizar as

pequenas e altas habilidades de cada indivíduo, pois deste modo,

precocemente perceberemos aqueles com mais habilidades para raciocínio,

cálculo, e aqueles com habilidades mais linguísticas e assim, facilitar sua

integração no contexto pedagógico formal.

Como sabemos, existem habilidades que facilitam a aquisição da leitura

e escrita: são os chamados processos cognitivos

Esses processos cognitivos formam uma base, importantíssima para

que o processo de aquisição da leitura e escrita seja adequado em cada

indivíduo:

1- Conhecimento de (leitura) e (nome) dessas letras:

É importante que esse conhecimento não venha de uma sequência

automática de memória do abecedário e sim de conhecimento e

reconhecimento de grafemas e o nome que esses grafemas possuem.

2- Consciência Fonológica:
66

Envolve a habilidade em que a criança aprende a ouvir com o Ouvido

Neurológico, associando sons e letras e com essas transposições entre os

sinais auditivos corresponder-se a símbolos gráficos, oriundos das unidades

articulatórios da fala.

3-Aptidões da Fala e Linguagem:

Direciona a criança para dentro de um processo de aprendizagem

formal, e através dele podemos entender que, quando uma criança está na

escola, ela já adquiriu a fala (oralidade), já possui uma estrutura linguistica oral,

e a partir deste processo adquirido irá construir um novo processo: a escrita, e

em conseqüência, a leitura.

Quando esta criança não tem uma boa estrutura de linguagem oral que

comporte uma estrutura textual, dificilmente conseguirá fazê-lo dentro de uma

estrutura na escrita. Quando apresenta uma oralidade contaminada por

substituições e omissões, essas trocas aparecerão no processo de aquisição

da escrita, é necessário verificar suas estruturas anteriores (pré-requisitos)

para que a possibilidade de transpor para leitura e escrita esteja adequada.

4-Atenção Sustentada:

Nascemos com uma atenção automática que é uma resposta aos

estímulos e estes provocam essa atenção para uma resposta a estímulos

fortes, com grande intensidade, e estes fazem seus registros de automatismo.

É essa atenção que persiste na criança durante o aprendizado informal.

Para integrarmos ao aprendizado formal (pedagógico) precisamos da

extensão desta atenção voluntária, escolher o que queremos focar, saber


67

relacionar com a situação e contexto escolar. Mais do que isso, se faz

necessário uma sustentação para este foco, que é uma habilidade que

depende da maturação do lobo frontal, de uma maturação neurológica, que

depende de muito treino, adaptação, adequação, e intensa participação da

criança.

Esta atenção sustentada é que mantém as zonas de associação com a

atenção auditiva para o aprendizado, possibilitando a retenção, ou seja, a

consolidação do conhecimento. Deste modo podemos compreender a

necessidade e importância do treino dessa habilidade (talvez a que mais

necessite de treino) na primeira infância (no ensino infantil pré-requisitos

ligados a fase sensório-motor).

5-Memória Operacional

Esta memória é que nos conduz a memória de trabalho, ou seja, é

necessário muito treino com a memória operacional no período da

aprendizagem informal para que através das habilidades exercitadas da

criança, ela possa seguir para aprendizagem estrutural e assimilar o significado

e significante dos símbolos sonoros. Essa correspondência se transformará em

imagens mentais abstratas e concretas, em nomeação, relações de fatos com

sons para que efetive as relações de oralidade e imagens (codificar e

decodificar), estabelecendo significado ao que se aprende.

Neste processo complexo, a maturação neurológica, as zonas de

aprendizado e as relações nas áreas frontotemporais são essenciais: a

memória auditiva de curto prazo relacionando-se com muitas associações para


68

que a memória de longo prazo efetive o conhecimento e dê seguimento ás

próximas etapas linguisticas.

Aprendizado: marcadores do ensino informal para o ensino formal

(pedagógico)

A criança, na sua maturação neurológica e no processo evolutivo, de

posse do conhecimento informal e o jogo de brincar - APRENDENDO, deverá

ter posse, no seu interior as seguintes habilidades:

1) Habilidades Individuais (genética)

2) Análise – Fonológica

3) Síntese – fonológica

4) Codificação – Decodificação adequada para memória de trabalho e

memória operacional.

5) Nomeação isolada

6) Nomeação serial

7) Atenção global preservada

8) Funções Corticais Preservadas (sem lesões aparentes).

9) Ambiente estimulador e adequado emocionalmente.

(10) Oportunidades para o Desenvolvimento neuropsicológico normal.

Requisitos para passagem do ensino informal para ensino formal

(Alfabetização).

Na criança padrão (normalidade), espera-se que já tenha inserido no

seu interior cortical algumas habilidades para desenvolver novas etapas para
69

maturação, progressão e superioridade linguistica (metalinguagem), e por fim

desenvolver suas habilidades com os conceitos adquiridos ao longo da infância

e adolescência.

Assim, ela terá: velocidade sináptica, rapidez para hipóteses, realizará

muitos insights e facilidade com nomeação isolada e serial de objetos, cores,

formas, números, letras (funções básicas intrínsecas),

De posse desses facilitadores, conseguirá manter um processo

contínuo, uma linha espacial (psicomotricidade) que irá da direita para

esquerda, e de cima para baixo. Assim, irá relacionando noções viso-espaciais,

dentro de contexto sensitivo-motor, com desempenho de todas as áreas (as

camadas neurológicas) e com um complexo aumento de sinapses. Do mesmo

modo essas sinapses entre os Hemisférios Direito e Esquerdo, onde os lobos

frontoparietoocciptal e temporal assumem muitas funções, entre elas, a

memória do aprendizado formal onde o exercício repetido com prazer e ritmo é

adquirido e não esquecido, possibilitará continuar as suas relações simbólicas

para expansão desse conhecimento.

Do Conhecimento Adquirido:

Como suspeitar de dificuldades na aquisição de leitura e escrita?

Indicadores podem ser observados e devemos estar atentos quando

verificarmos nesse processo de aprendizagem os itens abaixo:

1) Dificuldade na velocidade de nomear objetos, cores, números, formas,

letras

2) Dificuldade na consciência Fonológica, não consegue criar hipóteses


70

sobre sua oralidade e a dos outros.

3) Dificuldade na extensão da memória sustentada (curto e longo prazo)

4) Dificuldade na atenção sustentada

5) Desorganização praxi-motora

6) Inabilidade linguística (não consegue rimas, soletração, parlendas,

etc...)

Sabemos que o aprendizado informal ocorre pela relação entre os fatores:

o biológico, o cognitivo e o comportamental e o desenvolvimento da criança,

baseado nestes fatores, pode relacionar-se de maneira intrínseca (depende

dela) e extrínseca (do ambiente).

Nos fatores intrínsecos a genética, o neurobiológico, o processamento

de linguagem, o processamento auditivo, os aspectos psicoemocionais, e até

os transtornos de atenção com ou sem hiperatividade (TDAH) podem levar ao

sucesso escolar, e ao contrário, quando algum ou o somatório de alguns

destes itens levam ao desvio do aprendizado e leva-nos ao fracasso escolar.

Os fatores extrínsecos, que podem ser de ordem social, ambiental,

cultural ou religiosa, também interferem positiva ou negativamente no

aprendizado informal até atingir o aprendizado formal (alfabetização) e como

exemplo podemos citar as famílias inadequadas, as escolas com poucos

estímulos para aprendizagem, a baixa expectativa dessa família por parte da

ascensão do filho na escola e outros.


71

TRANSTONOS DE APRENDIZAGEM DECORRENTES DE FALHAS NO

PROCESSAMENTO. DA LEITURA E ESCRITA.

Como entender: os DIS? Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia...

Para cada hipótese, temos um entendimento neurológico e evolutivo de cada

expressão e seu respectivo significado:

Dislexia:

É a incapacidade de processar o conceito de codificar e decodificar a

unidade sonora em unidades gráficas, (forma de grafemas) com capacidade

cognitiva preservada (nível de inteligência normal).

Os disléxicos têm capacidade para aprender todas as funções sociais e até

altas habilidades, desde que, bem diagnosticado, seja trabalhado em suas

áreas corticais favoráveis e com estratégias e intervenções adequadas.

Essas intervenções devem valorizar suas funções viso-motoras, imagens

com significado e significante associados a ritmo e memória visual auxiliando

sua memória auditiva, para que desenvolva a capacidade por outras rotas

(sabido que sua rota fonológica é prejudicada).

Disortografia:

Definimos como disortografia, os erros na transformação do som no

símbolo gráfico que lhe corresponde. Nem sempre a disortografia faz parte da

dislexia e pode surgir nos transtornos ligados á má alfabetização, na

dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto


72

prazo (Déficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem

interferir na escrita. Quando não estão co-morbidas à Dislexia, o prognóstico é

melhor.

Disgrafia:

Não se pode confundi-la ou compará-la com disortografia, pois a disgrafia

tem características próprias. A criança com disgrafia apresenta uma escrita

ilegível decorrente de dificuldades no ato motor de escrever, alterações na

coordenação motora fina, ritmo, e velocidade do movimento, sugerindo um

transtorno praxico motor (psicomotricidade fina e visual alterada).

Discalculia:

A Discalculia do desenvolvimento é uma dificuldade em aprender

matemática, com falhas para adquirir adequada proficiência neste domínio

cognitivo, a despeito de inteligência normal, oportunidade escolar, estabilidade

emocional e motivação. Não é causada por nenhuma deficiência mental,

déficits auditivos e nem pela má escolarização. As crianças que apresentam

esse tipo de dificuldade realmente não conseguem entender o que está sendo

pedido nos problemas propostos pela professora. Não conseguem descobrir

a operação pedida no problema: somar, diminuir, multiplicar ou dividir. Além

disso, é muito difícil para elas entenderem as relações de quantidade, ordem,

espaço, distância e tamanho. Aproximadamente de 3 a 6% das crianças em

idade escolar tem discalculia do desenvolvimento (dados da Academia

Americana de Psiquiatria).
73

De um modo geral, o prognóstico das crianças com discalculia é melhor

do que as crianças com dislexia, ou pelo menos, elas tem sucesso em outras

atividades que não dependam desta área de calculo numérico.

Todo trabalho escolar, da vida acadêmica de uma criança deve ser

investigado precocemente, desde seus primeiros momentos em berçários,

creches, escolas infantis, pois a detecção de falhas ou inabilidade no seu

D.N.P.M. (desenvolvimento neuropsicomotor) será precioso para atendê-la

melhor, até seu inicio ao ensino formal, respeitando seu ritmo, mas

oferecendo-lhe oportunidade de uma boa intervenção, caso descubra-se

precocemente esta falha ou incapacidade.

O pré-diagnóstico no âmbito escolar é excelente para o aluno, para a

escola, para os pais e a sociedade, onde não se atropela o desenvolvimento e

nem permite más condutas com gastos desnecessários no futuro.

Todos devem participar desse novo olhar: professores, direção de

escola, pais, psicopedagogos, e outros profissionais envolvidos direta ou

indiretamente na alfabetização.
74

CONCLUSÃO

A neurociência da aprendizagem tem sido uma grande aliada da

educação e esses novos conhecimentos em muito tem esclarecido caminhos

antes desconhecidos das redes e tramas neurais no ato de aprender.

Penetrar no cérebro, descobrir as rotas que levam á consolidação dos

conhecimentos não é mais um mistério para nós, educadores e profissionais

da área da saúde.

Através de dados coletados durante a pesquisa bibliográfica, pode-se ter

uma visão de como o cérebro aprende e de como a leitura e escrita são

processadas a nível neural.

O conhecimento de que ter pré - requisitos básicos a esse processo são

importantíssimos para entrada no ensino formal foram aqui mapeados.

Sabemos que ato de ler é complexo e que envolve habilidades que

ativam as sinapses, facilitam o disparo neural, excitando áreas responsáveis

pela leitura e escrita.

Ao professor de uma nova era de alunos plugados na informática e com

uma gama enorme de estímulos que o meio ambiente proporciona, cabe estar

capacitado e conectado em um mundo de redes e conexões neurais.

Passamos a compreender, nesse estudo, as bases neurais do

processamento da leitura e escrita, a importância da consciência fonológica, do

processamento auditivo central e dos marcadores e sinais para a entrada no

ensino formal.
75

Compreendemos como a palavra escrita é registrada na forma visual, no

lobo occipital, ligada depois à forma auditiva, que fica no giro angular, área

temporal, especificamente área de Wernick.

Mapeamos as áreas cerebrais envolvidas no processamento fonológico,

no processamento auditivo, ortográfico, semântico e sintático e entendemos a

nível neural que o ato de ler envolve a área primária visual, o córtex estriado,

giro angular esquerdo, lobo temporal esquerdo médio e superior, área de

Broca, área motora primária e área frontal esquerda, em um processo delicado

e de complexas redes neurais interligadas

O ato de ler requer uma certa maturação das estruturas corticais. E para

isso, se faz necessário que a criança seja exposta a um volume de palavras no

sentido de vocabulário e tenha um certo desenvolvimento auditivo e fonológico

para sua aprendizagem.

Mas sabemos que as crianças não nascem com esses conhecimentos

e que o vocabulário e conhecimento fonológico são aprendidos no período da

educação informal e quanto mais alto for o nível cultural e social do meio, essa

maturação será maior.

Entendemos aqui a necessidade de respeitar o tempo de cada criança,

para que possa, através de suas experiências e vivências, adquirir o

conhecimento das letras, formas e números, de saber seriar, quantificar e

poder assim entrar no mundo das letras e sons, marcadores esses,

fundamentais nesse processo.

E isso só é possível quando formamos um grupo de sinapses em

múltiplas e diferentes conexões, que forma uma rede em áreas específicas, se


76

comunicando com outras áreas vizinhas, formando cadeias secundárias nesse

processamento neural.

Ler e escrever envolve todo o cérebro: áreas cerebrais

importantíssimas, regiões voltadas á emoção, a visão, audição, a consolidação

do conteúdo, ou seja, há uma interligação de varias áreas para que o

aprendizado se faça..

Respeitar o tempo de cada criança, saber que o conhecimento é

consolidado no hipocampo através de estratégias que possam favorecer as

sinapses e formar novas redes neurais fortalecidas através da repetição, rotina

e regularidade se faz mister, da mesma maneira que estar envolvido com o

aprendizado (e aqui me refiro ao sistema límbico ativado no ato de aprender) é

fundamental.

Assim, de posse desses conhecimentos, da visão neural desse

processamento, os profissionais da área da saúde e educação que lidam com

as dificuldades no processamento da leitura e escrita, passam agora a ter um

olhar diferenciado, pois tem a compreensão que cada cérebro aprende de uma

maneira única e especial, e que através da vivencias e estímulos adequados

disparamos uma gama de neurônios ávidos por novas conexões, para

formarem redes neurais nesse processo neurobiológico do ato de ler e

escrever.
77

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVAREZ, A. M. M. A.. CAETANO, A. L., & NASTAS, S. S. (1997).


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80

INDICE

FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
CAPITULO II 27
CAPITULO III 52
CAPITULO IV 65
CONCLUSÃO 74
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 80
ÍNDICE 81
81

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Bases neurais envolvidas no processamento da


Leitura e Escrita

Autor: Vera Lucia de Siqueira Mietto

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

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