Você está na página 1de 34

UNIÃO DE ENSINO DO SUDOESTE DO PARANÁ – UNISEP

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEP


CURSO DE AGRONOMIA

LUIZ ANTÔNIO NUERNBERG

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE


AGRONOMIA

DOIS VIZINHOS
2020
LUIZ ANTÔNIO NUERNBERG

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE


AGRONOMIA
LOCAL DE ESTÁGIO: MACHADO E PATEL LTDA

Relatório de estágio curricular obrigatório do


curso de Agronomia da União de Ensino do
Sudoeste do Paraná – UNISEP – Centro
Universitário UNISEP, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Agronomia.

Orientador: Prof Dr. Acir Felipe Grolli


Supervisor: Eng. Agrônomo André Machado

DOIS VIZINHOS
2020
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Campo Experimental CEDEP-AGRO Dois Vizinhos/Pr...........................16


Figura 2 – Exemplo de Campo Experimental............................................................17
Figura 3 – Oídio..........................................................................................................18
Figura 4 – Míldio.........................................................................................................19
Figura 5 - Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)...................................................20
Figura 6 - Percevejo-marrom (Euschistos heros)......................................................21
Figura 7 - Buva (Conyza bonarienses) e Capim-amargoso (Digitaria insularis).......22
Figura 8 – Ataque da Lagarta-rosca (Agrotis ípsilon)................................................23
Figura 9 – Lagarta militar (Spodoptera frugiperda)....................................................24
Figura 10 – Antracnose no feijoeiro...........................................................................25
Figura 11 – Crestamento Bacteriano no feijoeiro.......................................................26
Figura 12 – Danos de larvas da mosca minadora na cultura do feijão......................27
Figura 13 – Vaquinha na cultura do feijão.................................................................28
Figura 14 – Mosca branca na cultura do feijão..........................................................29
iv

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

a.c. Antes de Cristo


% Porcentagem
L ha-¹ Litros por hectare
P Fósforo
°C Graus Celsius
mm Milímetros
ml Mililitros
g Gramas
® Marca registrada
g Kg-¹ Gramas por quilogramas
g L-¹ Gramas por litro
MIP Manejo integrado de pragas
kg ha-1 Quilogramas por hectare
v

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................6
2 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................7
2.1 Experimentação Agrícola.....................................................................................7
2.2 A Cultura da Soja..................................................................................................7
2.3 A Cultura do Milho................................................................................................9
2.4 A Cultura do Feijão.............................................................................................10
3 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................12
3.1 A Empresa............................................................................................................12
3.2 Montagem de Campos Experimentais..............................................................12
3.3 Acompanhamento à Cultura do Soja................................................................14
3.3.1 Manejos Iniciais na Cultura da Soja...................................................................14
3.3.2 Doenças.............................................................................................................15
3.3.3 Pragas................................................................................................................18
3.3.4 Ervas Daninhas..................................................................................................19
3.3 Acompanhamento à Cultura do Milho..............................................................20
3.4 Acompanhamento à Cultura do Feijão.............................................................22
3.4.1 Doenças.............................................................................................................23
3.4.2 Pragas................................................................................................................25
3.4.3 Ervas Daninhas..................................................................................................27
4 SUGESTÕES TÉCNICAS........................................................................................29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................30
REFERÊNCIAS...........................................................................................................31
6

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa agropecuária como atividade científica, cuja maior parte é


realizada via experimentação, demanda cuidados especiais, do planejamento à
interpretação dos resultados, passando pela instalação, condução e avaliação dos
experimentos e análise dos dados. Para desenvolver um trabalho com eficiência, o
pesquisador depende do sólido apoio da equipe de campo, para que os resultados
gerados sejam confiáveis (CARGNELUTTI et al., 2009).
A cultura da soja (Glycine max) é originária da Ásia, é um dos produtos
agrícolas mais antigos cultivados e conhecidos pela humanidade. A soja é uma das
culturas que apresenta maior importância na produção de grãos no cenário agrícola
brasileiro e se encontra como maior commodities cultivada mundialmente
(EMBRAPA, 2020). Atualmente, o Brasil ocupa a vice-liderança na produção de soja,
ficando atrás apenas dos EUA, e isso se deve devido a inovação das tecnologias.
A produção de milho, em sua grande maioria, destina-se ao consumo
animal, sendo uma excelente fonte de energia e proteínas, além de ser um dos
grãos mais baratos quando comparados seu valor de compra e seus benefícios.
Além do consumo animal, o milho é grandemente utilizado para consumo humano, e
suas utilizações são muito variadas, indo desde a fabricação de farinhas, até
produtos enlatados.
O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é um produto com alta importância
econômica e social no Brasil, onde exerce grandes valores sob o ponto de vista
alimentar. Essa leguminosa representa uma importante fonte proteica sendo
responsável por grande parte das necessidades alimentares da população (DINIZ,
2006). O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de feijão (CONAB, 2019), o qual
é cultivado durante todo o ano em diversas regiões do país.
O estágio supervisionado possibilita o aperfeiçoamento do conhecimento
obtido em sala de aula, unindo conceitos teóricos com experiências práticas,
possibilitando a compreensão de habilidades necessárias para um bom
desempenho profissional. No entanto, o estágio é uma ponte de ligação entre a vida
acadêmica para vida profissional. O objetivo deste trabalho é descrever as
atividades do estágio Curricular Obrigatório do Curso de Agronomia da UNISEP –
União de Ensino do Sudoeste do Paraná, associando a teoria com a prática e
demonstrando com responsabilidade o aprendizado adquirido durante o curso.
7

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Experimentação Agrícola

A experimentação agrícola é uma investigação científica por meio de


experimento, que, a partir de uma hipótese, pretende observar e classificar certo
fenômeno (sob “condições controladas”) (LITTLE; HILLS, 1978). Sendo assim, a
experimentação agrícola é uma atividade de pesquisa científica, baseada em
princípios estabelecidos pelo método científico que, se não seguidos ao pé da letra,
podem prejudicar os resultados. É uma ação levada à risca para testar uma hipótese
científica ou de pesquisa, isto é, testar uma afirmação ou proposição de solução ou
resposta a um problema de pesquisa que é derivada de uma teoria por inferência
dedutiva.
De acordo com Cargnelutti et al. (2009) o experimento é o procedimento
planejado a partir de uma hipótese, com objetivo de provocar fenômenos (aplicar
tratamentos) em condições controladas, observar e analisar os seus resultados e/ou
efeitos. O tratamento por si só seria o objeto do estudo, é um procedimento ou
conjunto de procedimentos, cujo efeito deverá ser avaliado e comparado com outros.

2.2 A Cultura da Soja

A soja surgiu no Brasil em meados dos anos 60, onde apareceu como
cultura sucessora ao trigo. Sua ascensão teve inicio devido as grandes criações de
suínos e aves, o que demandava grandes quantidades de rações, e o farelo de soja
passou a ser utilizado na composição destas rações. Mais tarde, por volta dos anos
70, o preço da soja passou a se tornar cada vez mais atrativo, com grandes
aumentos não só no Brasil, mas em todo um cenário mundial, a produção passou a
aumentar gradativamente, e hoje é uma das principais opções para o agricultor
brasileiro (EMBRAPA, 2017).
Segundo Manara (1988), a soja é uma das principais fontes da alimentação,
tanto animal quanto humana, já que possui teores de óleo e proteína relativamente
altos. Por esses motivos, a maioria dos grãos produzidos no país são destinados a
moagem, e juntamente com milho, constituem a base da maior parte das rações
8

consumidas, fazendo com que a cultura tenha grande destaque na economia interna
quanto na exportação (HIRAKURI; LAZZAROTO, 2014).
Atualmente, o Brasil ocupa a vice-liderança na produção de soja, ficando
atrás apenas dos EUA, e isso se deve devido a inovação das tecnologias (FARIAS,
2001). Segundo Vencato et al. (2012), dentre os principais produtores de soja à
nível mundial, nosso país é o com maior capacidade de aumento de produção, tanto
porque possui uma alta capacidade de expansão das áreas cultivadas.
A cultura da soja necessita de diversos manejos, e se estes não forem
adequados, a produção pode ser comprometida. Um dos principais fatores que
podem ocasionar quedas na produção, é a infestação de plantas daninhas, podendo
ocasionar perdas de 30 a 40% na produtividade final. Para evitar tais danos, indica-
se a rotação de culturas da área, mantendo sempre cobertura vegetal, o que impede
a germinação de grande parte das infestantes. Além disso, é importante que seja
realizada uma eliminação das daninhas previamente ao plantio na área (LORENZI,
2000).
As daninhas não são as únicas a causarem danos na cultura da soja. É
importante que sejam realizadas visitas e monitoramentos frequentes no cultivo, a
fim de identificação de pragas e doenças que possam acometer a plantação
(HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). Para ambos os casos, indica-se controle a partir
do MIP e MID, e apesar dos danos parecerem alarmantes, os controles preventivos
não são recomendados quando se trata do ataque de pragas (EMBRAPA, 2013).
Atualmente, uma das pragas que mais acarreta danos a cultura são os
percevejos, pois estes atacam inserindo o aparelho bucal diretamente nas vagens,
ocasionando danos nos grãos, que podem apresentar enrugamento e
consequentemente ficam menores e mais leves, além de servirem como entrada
para doenças fúngico. Quando o ataque é muito severo, a soja pode abortar
algumas vagens, além de causar distúrbios fisiológicos nas plantas, tornando a
lavoura desuniforme, prejudicando a colheita. Para controle dos mesmos, destaca-
se o manejo cultural, através da rotação de culturas, e quando a praga surge na
lavoura, recomenda-se controle químico ao constatar 2 percevejos por pano de
batida (PASSARELLI, 2017).
9

2.3 A Cultura do Milho

A história do milho, como muito conhecida, teve seus primórdios no México,


mais especificamente no litoral do país, posteriormente se difundindo pelo restante
do país. A partir daí, difundiu-se para o Panamá e após para toda a América do Sul.
No Brasil, o milho já era cultivado pelos índios mesmo antes da chegada dos
portugueses, utilizado como base para alimentação humana e animal (APROSOJA,
2020). Devido a sua grande capacidade de adaptação, seu cultivo vai desde o
Equador até as regiões temperadas, em altitudes igualitárias ao nível do mar até
altitudes mais elevadas.
Atualmente, a cultura é utilizada principalmente como base da alimentação
animal, principalmente para aves e suínos (GARCIA et al., 2006). Conforme
analisado por Real et al. (2014), a utilização do milho na fabricação, principalmente
de rações, para tais animais, não são observados e analisados valores nutricionais
individualmente para cada lote de grãos utilizados, considerando apenas os valores
padrões para a cultura. Constata-se ainda que nem sempre esses valores são fixos,
tendo variação nos valores energéticos e na quantidade total de aminoácidos
digestíveis.
Devido a sua grande importância, é de suma importância que sejam
alcançadas altas produtividades no cultivo do milho, e para isso, se faz necessário o
acompanhamento e histórico da área a ser implantada (MUNDSTOCK; SILVA,
2005). Resende et al. (2016), explanam que diferentemente de culturas como a soja,
e até mesmo o feijão, o milho não possui plasticidade, ou seja, não possui
capacidade de compensar falhas ou excesso de plantas, reduzindo assim o
potencial produtivo, sendo que duas plantas implicaram em competição, e cada falha
significa uma espiga a menos. Explicam ainda, que para alcançar altas
produtividades, não basta ter cuidados apenas no plantio, altas produtividades
envolvem manejos e cuidados em todas as fases da cultura, iniciando com análises
de solos, eliminação de plantas daninhas e competidoras, manejo das pragas e
doenças, e optar por materiais adaptados à região e plantados no zoneamento
agrícola indicado para a região.
A cultura do milho pode ser acometida por inúmeras pragas e doenças
durante seu desenvolvimento, portanto, para evitar danos, se faz importante o
manejo integrado das pragas e doenças. De acordo com Valicente (2018), o milho
10

pode ser atacado por pragas desde a emergência até a fase de espigamento da
cultura, porém, alguns estádios são mais propícios ao ataque, sendo necessário
maiores cuidados nestas fases. O tratamento de sementes é crucial para o sucesso
da cultura, uma vez que este garantirá controle a maior parte das pragas que
atacam as plântulas do milho, garantindo o estande de plantas e maiores chances
de sucesso de produção.
Outros fatores que podem afetar negativamente a cultura são as doenças.
Estas, por sua vez, podem ser causadas por diversos fatores, tanto como por
alterações na temperatura e umidade, como por fungos, bactérias e viroses. O
surgimento das doenças está diretamente ligado à época de implantação da cultura,
tendo em vista que plantios mais tardios serão acometidos com maior frequência
pelos patógenos. Como as áreas não ficam em pousio hoje em dia, esses patógenos
migram de algumas culturas para outras, e com esse plantio mais tardio, o milho
será uma rota de escape para os mesmos, sendo que a cultura apresenta ciclo mais
tardio em relação as demais, ficará mais tempo na lavoura e consequentemente
maior será o período em que as doenças poderão se proliferar (SILVA et al., 2005).

2.4 A Cultura do Feijão

O feijão é um dos alimentos mais antigos, remontando aos primeiros


registros da história da humanidade. Achados históricos apontam que a
disseminação do feijão pelo mundo se deu em decorrência das guerras, uma vez
que fazia parte como principal alimento dos guerreiros (BRASIL, 2012).
Uma corrente de pesquisadores levanta a hipótese que o centro de origem
da planta e sua domesticação como cultura teria ocorrido na região da mesoamérica
por volta de 7000 a.C. Outra hipótese que é bastante aceita, data de 10000 a.C, fala
que a origem e domesticação seria a América do Sul, no Peru. Atualmente não há
consenso da origem exata, no entanto os pesquisadores têm aceitado que o centro
de origem seja o Continente Americano (EMBRAPA, 2000).
No decorrer da história a planta foi domesticada promovendo várias
mudanças morfofisiológicas, dentre elas destaca-se a alteração do porte e hábito de
crescimento, deiscência das vagens, precocidade na maturação, perda da dispersão
das sementes, dormência e o incremento nos componentes de produção. A perda
11

da capacidade de dormência foi o que promoveu uma germinação mais homogênea


e intensificação do cultivo da leguminosa (BERTOLOTO et al., 2012).
O mercado da cultura movimenta aproximadamente 20 milhões de
toneladas, sendo o Brasil o segundo maior consumidor. Cabendo ainda relatar que
devido as suas características a leguminosa apresenta-se como uma importante
fonte proteica para alimentação (LAJOLO et al., 1996).
A safra do feijão no Brasil é dividida em três etapas, a primeira é conhecida
como safra das águas, onde o plantio vai de agosto a dezembro na região Sul e
coincide com alto índice pluviométrico. De dezembro a março, a segunda safra
coincide com período de poucas chuvas, já de abril a junho ocorre a semeadura de
terceira safra (LOLLATO et al., 2001).
A grande maioria da produção de feijão do Brasil provém da agricultura
familiar, que é responsável por 60% da totalidade, assim ainda se tem se agregado
baixa tecnologia e tecnificação (EPAGRI, 2012). O consumo abrange 40 tipos de
feijão, sendo o feijão preto plantado em 21% da área e consumido em todo sul do
Brasil, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Já o grupo carioca e
consumido em todo o país e corresponde a 50% da área cultivada com o feijão
(MANOS et al., 2013).
Uma serie de fatores podem desestimular a exploração do feijão por grandes
produtores. Dentre eles o risco parece ser um dos principais. Em torno de 90% da
produção brasileira é proveniente do cultivo das ”águas” e da “seca”, ambos
apresentam elevado risco. A colheita da safra das aguas pode coincidir com o
período chuvoso. Já na safra das secas por ser uma época de chuvas escassas
pode ocorrer deficiência hídrica nas fases críticas da cultura, isto é, floração,
formação das vagens e enchimento dos grãos. Além disso, o feijão é suscetível a
numerosas doenças e pragas (LAJOLO et al., 1996).
12

3 DESENVOLVIMENTO

O estágio foi realizado na cidade de Dois Vizinhos – PR na empresa


Machado e Patel LTDA (CEDEP-AGRO). O estágio foi realizado no período de
09/12/2019 à 28/01/2020 com duração de 200 horas. As atividades realizadas
durante o período de estágio caracterizaram-se por montagens de campos de
experimentação agrícola e pelo acompanhamento de manejos iniciais nas culturas
de soja, milho e feijão, realizados nos campos do Centro de Desenvolvimento de
Pesquisa Agropecuária – CEDEP AGRO, presente junto à União de Ensino do
Sudoeste do Paraná, localizada no município de Dois Vizinhos, Paraná.
O estágio curricular de conclusão de curso é uma grande oportunidade para
ser inserido no mercado de trabalho e agregar conhecimento, conhecendo na prática
atividades desenvolvidas na empresa, neste caso ensaios técnicos e experimentos.
No decorrer do estágio foi possível adquirir conhecimento prático e teórico.

3.1 A Empresa

A Machado e Patel LTDA (CEDEP-AGRO) é uma empresa de pesquisa


agropecuária, localizada nos municípios de Renascença e Dois Vizinhos, estado do
Paraná, fundada no ano de 2013. Surgiu devido a necessidade da realização de
ensaios de pesquisas relacionados a novos produtos e tecnologias, as quais serão
inseridas na agricultura, surgiu diante deste contexto a CEDEP-AGRO, com o
objetivo de gerar resultados baseados no conhecimento e na ética profissional.

3.2 Montagem de Campos Experimentais

O estágio foi desenvolvido em uma empresa que trabalha basicamente com


pesquisa agropecuária, ou seja, experimentos a campo, seguindo protocolos,
testando, novas variedades de sementes, produtos químicos, biológicos, fertilizantes
entre outros.
Além do acompanhamento de três importantes culturas, o estágio
proporcionou um amplo conhecimento na área de experimentação agrícola, em se
13

preparar campos de experimento, confecção de croquis, assim como a implantação


de experimentos, delimitação, interpretação e execução dos protocolos.
Onde na execução dos protocolos se trabalhou com preparação do solo pré-
plantio, dessecação, plantio, delimitação do campo com suas respectivas repetições,
manutenção de plantas daninhas, pragas e doenças, conforme eram prescritas e
solicitadas em cada protocolo.
Observou-se que grande parte dos trabalhos efetuados nos ensaios eram
praticamente manuais, como capina, pulverização, roçadas, aranquio de ervas
daninhas, transplante de ervas daninhas, regas etc. Ferramentas utilizadas, enxada,
mareta, fita métrica, estacas, roçadeira, bandeiras para demarcação de campos e de
tratamentos.
O ponto mais importante nessa área de experimentação a campo, foi a
interpretação dos protocolos, cuidados com as aplicações solicitadas e
conhecimentos de produtos agroquímicos em geral, assim como de produtos
biológicos.
Com intuito de realizar a distribuição de sementes o mais uniforme possível.
A regulagem das semeadoras era realizada imediatamente antes do início do
plantio, sendo feita uma regulagem de galpão e posteriormente a conferencia e, se
necessário, a regulagem novamente na lavoura. A regulagem era feita através da
medição do comprimento do pneu, com o auxílio de uma fita métrica, após o pneu
medido, eram definidas as engrenagens a serem utilizadas, tanto para a distribuição
de sementes, quanto para a distribuição dos fertilizantes, com o auxílio das tabelas
de regulagem de cada modelo de semeadora.
Posteriormente, os discos de semeadura eram ajustados e conferidos,
tomando o cuidado para que diâmetro de distribuição da semente fosse compatível
com a semente disponível. Após isso, a semeadora era posta sobre calços ou
cavaletes, tomando o cuidado para que a mesma não viesse a cair, e o pneu rodado
por um número de vezes compatível à dez metros lineares, e as sementes contadas.
Quando necessário, os ajustes realizados novamente na lavoura foram somente nas
engrenagens de distribuição, para mais ou para menos, dependendo da
necessidade.
Como a empresa trabalha com experimentos (Figura 1), sempre se segue a
recomendação dos protocolos das empresas que solicitaram, como cultivares,
14

espaçamento, número de sementes por metro, quantidade de adubo, assim como


número de tratamentos e repetições.

Figura 1 – Campo Experimental CEDEP-AGRO. UNISEP - Dois Vizinhos/Pr, 2020.


Fonte: Autor (2020)

3.3 Acompanhamento à Cultura do Soja

Outra atividade acompanhada no estágio foi a cultura da soja, que é uma


das culturas mais praticadas pelos agricultores de nossa região. Durante o período
de acompanhamento, pode se constatar essa afirmação pois a maioria dos ensaios
trabalhados eram de soja.

3.3.1 Manejos Iniciais na Cultura da Soja

Um fator muito importante de sucesso na cultura da soja, é que esta seja


implantada da melhor forma possível, tendo em vista que o plantio é um fator
determinante para o sucesso da cultura, já que os demais são definidos em sua
grande maioria pelas condições climáticas, por exemplo, o momento de aplicação de
defensivos é definido pelo manejo integrado de pragas e doenças, porém se a
condição climática não favorecer, não é possível realizar tal operação. Para que este
15

plantio seja realizado corretamente, se faz necessário a regulagem das semeadoras,


com o intuito de realizar a distribuição de sementes o mais uniforme possível.
Após a soja implantada, foram feitas visitas diariamente nos locais de
experimento. Cada protocolo tinha uma especificação do que era para ser feito e
coletado em cada ensaio, como exemplo a contagem de plântulas emergidas,
germinação, tamanho de planta, tamanho de raiz, assim como diversas variáveis a
serem seguidas a fim de mensurar o experimento implantado (Figura 2).

Figura 2 – Exemplo de Campo Experimental. UNISEP – Dois Vizinhos/PR


Fonte: Autor (2020)

3.3.2 Doenças

Durante a realização do estágio pode-se acompanhar algumas das


principais doenças da cultura da soja. As doenças mais comuns evidenciadas foram
oídio e míldio.
16

A partir de meados do mês de dezembro, se teve um período de deficiência


hídrica sofrido pela cultura, através da escassez de chuvas durante certo período de
dias, prejudicando a qualidade e produtividade da cultura, e consequentemente o
favorecimento de algumas doenças.
Uma doença muito observada no estágio foi o Oídio que é muito comum em
nossa região. O fungo causador do oídio é o Microsphaera diffusa, que pode se
desenvolver em todas as partes da planta, com uma camada esbranquiçada ou
cinza de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que pode cobrir toda a parte
aérea da planta ou se apresentar com pequenas áreas arredondadas sobre a folha
(Figura 3). É uma doença que se manifesta mais em momentos de estiagem, se
tornando em problema em períodos mais secos. Há registos de perdas causadas
pelo oídio no ano de 1997 de até 40% (BLUM et al., 2002).

Figura 3 – Cultura da soja com Oídio. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)

Para a realização do controle do Oídio são recomendados os seguintes


produtos: Fox (Protioconazol 175g L-1 + Trifloxistrobina 150 g L-1) na dosagem de 0,4
17

L ha-1 mais óleo mineral Aureo® na dosagem de 0,4 L ha -1, Alto 100® (Ciproconazole
100 g L-1) na dosagem de 0,4 L ha-1 e Helmstar Plus® (Azoxistrobina 120 g L-1 +
Tebuconazole 240 g L-1) na dosagem de 0,6 L ha-1, ficando a critério da escolha do
produtor.
Foram encontrados alguns casos de míldio, onde o causador dessa doença
é o fungo Peronospora manshurica, onde as condições favoráveis para seu
desenvolvimento são temperaturas entre 20°C e alta umidade. Para esporulação são
necessárias temperaturas entre 10 e 25°C, não esporulando em temperaturas
inferiores a 10°C e superiores a 30°C. Nas folhas os sintomas podem ser na forma
de pontuações ou manchas (Figura 4). Os agentes etiológicos dos míldios são
parasitas obrigatórios, e o micélio do fungo desenvolve-se após a invasão de
haustórios nas células, infectando as folhas (AGROLINK, 2020).
Para a realização do controle do Míldio são recomendados fungicidas de
ação protetora, como por exemplo o Difere (Oxicloreto de Cobre 588 g L -1), que era
uma boa opção para exercer papel protetor contra a entrada do míldio. A dosagem
recomendada era de 1,2 L ha-1.

Figura 4 – Cultura da soja com Míldio. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)
18

3.3.3 Pragas

A cultura da soja é atacada por várias pragas desde o início do seu ciclo até
a sua colheita. Por isso deve-se ter o cuidado com o controle das pragas já na
implantação da cultura. Para se realizar o controle de insetos, devem ser levados em
consideração vários pontos, como informações sobre o inseto e sua população, se
há a presença de inimigos naturais e a capacidade da planta em suportar seu
ataque. Assim, o monitoramento da lavoura, a identificação correta das pragas, dos
inimigos naturais e o estádio de desenvolvimento são importantes medidas a serem
tomada (EMBRAPA, 2017).
No estágio foi possível identificar algumas pragas que ocorreram com maior
frequência em nossa região, sendo elas a Lagarta da Soja, e percevejo marrom. A
Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) comumente encontrada na maioria das
lavouras de soja, possuindo cerca de 15 mm, com coloração que varia de verde a
preto, apresentando três linhas longitudinais em seu dorso, com cinco pares de
patas, quatro pares de patas abdominais e um par de patas terminal (Figura 5). Na
fase adulta, são mariposas de cor variável, do marrom-escuro ao cinza-claro
(EMBRAPA, 2014).

Figura 5 - Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis). UNISEP – Dois Vizinhos/PR,


2020.
Fonte: Autor (2020)
19

O Percevejo-marrom (Euschistos heros) é uma praga muito comum em


nossa região, tendo preferência para lavouras com estádios de desenvolvimento
vegetativo mais avançados. Esses percevejos atacam várias culturas, são insetos
sugadores, com cerca de 11 mm de comprimento, de coloração marrom uniforme e
abdome verde (Figura 6). Os mesmos atacam principalmente as vagens, mas
também atacam ramos e hastes. Possuem a característica de injetarem toxinas,
provocando a retenção foliar (AGROLINK, 2020).
Como medida de controle desse inseto, são recomendados os inseticidas
Conect® (Imidacloprido 100g L-1 + Beta-Ciflutrina 12,5g L -1) na dosagem de 1 L ha -1
e Orthene® 750 BR (Acefato 750g L-1) na dosagem de 1 kg ha-1.

Figura 6 - Percevejo-marrom (Euschistos heros)


Fonte: Autor (2020)

3.3.4 Ervas Daninhas

As daninhas mais comuns encontradas eram a buva (Conyza bonarienses) e


o capim-amargoso (Digitaria insularis) (Figura 7), que são duas espécies que já se
encontram resistente ao ingrediente ativo Glifosato e, portanto, necessitam de
manejos com aplicação de herbicidas de diferentes modos de ação. Para controle da
buva utiliza-se aplicações sequenciais com os produtos 2,4D Nortox® (2,4-D 806 g
20

L-¹) e posteriormente Helmoxone® (Paraquate 276 g L -¹), nas dosagens de 2 L ha -¹


para ambos os produtos. Para manejo do capim-amargoso, o produto Select®
(Cletodim 240 g L-¹) na dosagem de 0,8 L ha -¹, dosagem esta não indicada na bula
do produto, porém recomendada pelo fabricante em áreas de realização de manejo
da resistência.

Figura 7 - Buva (Conyza bonarienses) e Capim-amargoso (Digitaria insularis).


UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.
Fonte: Autor (2020)

3.3 Acompanhamento à Cultura do Milho

Como a cultura do milho não apresenta plasticidade, a correta distribuição


das sementes no momento do plantio é uma das práticas mais importantes para
garantir o sucesso de produção da cultura.
No estágio, foi trabalhado com milho nas fases iniciai de desenvolvimento.
Nas áreas que estavam prestes a serem plantadas, foi realizado a regulagem da
semeadora, da mesma forma que na cultura da soja, porém redobrando os cuidados
com anéis, discos e a velocidade de plantio. Observamos que quanto maior a
velocidade de plantio, menor a uniformidade de distribuição das sementes, deixando
algumas muito próximas, e algumas áreas com grandes falhas no plantio.
Além das falhas por problemas de germinação, alguns experimentos foram
comprometidos pela Lagarta-rosca (Agrotis ípsilon), que é uma praga que vive
enterrada nas camadas superficiais de solo e alimenta-se do colmo inferior da
planta, acarretando no tombamento da mesma e posterior morte, causando enormes
diminuições nas populações de plantas, sendo recomendadas o replantio em
21

algumas áreas de alta infestação (Figura 8). Para o controle desta praga foram
utilizados os produtos CapatazBR® (Clorpirifós - 480 g L -¹) na dosagem de 1 L ha-¹ e
produtos à base do ingrediente ativo Diflubenzuron e Triflumuron (Dimilin® - 800 g
Kg-¹ e Certero® - 480 g L-¹, respectivamente) associados à produtos desalojantes
como por exemplo Oro Solve® e Prometa®, que são produtos à base de enxofre,
que ao serem pulverizados, exalam fortes odores, fazendo com que as pragas saiam
do solo e sejam possíveis alvos.

Figura 8 – Ataque da Lagarta-rosca (Agrotis ípsilon). UNISEP – Dois Vizinhos/PR,


2020.
Fonte: Autor (2020)

Outro inseto praga bastante comum, foi a Lagarta-do-cartucho ou Lagarta


militar (Spodoptera frugiperda), que ataca as folhas novas do milho que ainda não
abriram completamente, deixando resíduos de seu consumo (Figura 9). Para o
controle da mesma, foram recomendados os mesmos produtos à base de
Diflubenzuron e Triflumuron recomendados para o controle das Lagarta-rosca,
porém com calda de aplicação de 300 L ha -¹, já que para o controle efetivo é
importante que o produto chegue no alvo, e como essas folhas não foram emitidas
completamente, aumenta-se a calda de aplicação para aumentar a taxa de
molhamento.
22

Figura 9 – Lagarta militar (Spodoptera frugiperda). UNISEP – Dois Vizinhos/PR,


2020.
Fonte: Autor (2020)

3.4 Acompanhamento à Cultura do Feijão

Outra cultura que foi observada no estágio foi a do feijão, que uma das
principais culturas cultivadas na safrinha em nossa região.
Instituições públicas e privadas vêm desenvolvendo estudos por meio de
pesquisa de melhoramento genético, buscando cultivares cada vez mais adaptadas
a região, com alto potencial produtivo, arquitetura mais ereta que facilita o processo
de colheita mecanizada e melhoria nos processos fotossintéticos. Estes fatores
tornaram possível a obtenção de rendimentos de até 4.000 kg ha -1 em algumas
áreas de cultivo (LOLLATO et al., 2001).
O plantio do feijão safrinha na região inicia-se em janeiro, as variedades de
feijão cores mais cultivadas na região são IPR Sabiá, IPR Tangará, ANFC9 e de
feijão preto são BRS Esteio, IPR Urutau, IPR Tuiuiú.
23

3.4.1 Doenças

A cultura do feijão é afetada por muitas doenças que podem ser causadas
por fungos, bactérias, vírus e nematoides. Essas afetam as diferentes partes das
plantas e sua incidência está relacionada com as exigências climáticas de seus
agentes causais. O período de estágio possibilitou a visualização de algumas das
principais doenças que atacam a cultura.
A antracnose causada pelo fungo (Colletotrichum lindemuthianum)
historicamente é uma doença importante cultura, ocorre principalmente nas épocas
mais úmidas e com temperaturas mais amenas (em torno de 13ºC a 26ºC). Os
sintomas típicos da doença são a presença de áreas necrosadas nas nervuras. Nas
folhas e hastes geralmente as lesões são alongadas, de cor avermelhada ou
marrom-escura, principalmente na face inferior. Nas vagens (Figura 10) são
deprimidas, circulares com a borda marrom mais escura que o centro. O patógeno
também pode infectar sementes, provocando sintomas como a descoloração e a
formação de lesões escuras no tegumento e cotilédones (WENDLAND; JUNIOR;
FARIA, 2018).

Figura 10 – Antracnose no feijoeiro. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)

O controle da antracnose pode ser iniciado com uso de sementes sadias,


tratamento de sementes também apresenta bons resultados. Rotação de cultura por
24

no mínimo um ano também é eficaz, restos culturais infestados devem ser


eliminados do campo. O controle químico deve ser utilizado como parte do manejo
integrado da doença, com o cuidado de ser feito a rotação de produtos para evitar
resistência.
O crestamento bacteriano comum (Figura 11) causado principalmente pela
bactéria (Xanthomonas phaseoli pv. Phaseoli), apresenta grande incidência na safra
das águas, devido às altas temperaturas e elevada frequência de chuvas. A infecção
atinge caules, folhas, vagens e sementes. Inicialmente, observa-se a presença de
pequenas lesões com aspecto encharcado e coloração verde-escura, com a
evolução dos sintomas as lesões crescem surgindo halos cloróticos e amarelos
(MANOS et al., 2013).

Figura 11 – Crestamento Bacteriano no feijoeiro. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)

Grande parte das cultivares de feijão no Brasil são suscetíveis ao


crestamento bacteriano comum. Medidas de controle como utilizar sementes sadias
e de boa qualidade sanitária, realizar rotação de cultura, eliminar plantas voluntárias,
ervas daninhas e insetos disseminadores da bactéria. O tratamento de semente com
antibióticos em pó ou pasta são eficientes e recomenda-se tratamento com produtos
registrados para cultura.
25

3.4.2 Pragas

São muitas as pragas que podem causar danos econômicos significativos na


cultura do feijão. Dependendo da espécie da praga, fase de desenvolvimento da
cultura, cultivar implantada e condições edafoclimáticas as perdas podem chegar a
inviabilizar a colheita (BARBOSA; GONZAGA, 2012). Durante o período de
realização do estagio foram visualizadas algumas das principais pragas que atacam
a cultura do feijão. Os ensaios vistos se encontravam em final de ciclo da cultura.
As larvas da mosca minadora (Liriomyza spp) (Diptera: Agromyzidae)
constroem galerias que se espalham pelo limbo foliar, podendo penetrar nas
nervuras (Figura 12). As galerias se entrelaçam e diminuem a área fotossintética,
podendo causar murcha e seca das folhas e favorecendo a penetração de agentes
patogênicos, podendo atuar, inclusive, como disseminadoras de doença (LABINAS,
2002).
É recomendado a pulverização com inseticidas piretróides ou a aplicação de
inseticidas sistêmicos granulados específicos e registrados para cultura do feijão.

Figura 12 – Danos de larvas da mosca minadora na cultura do feijão. UNISEP –


Dois Vizinhos/PR, 2020.
Fonte: Autor (2020)

Quanto às pragas desfolhadoras, em especial as Vaquinhas (Diabrotica


speciosa) (Figura 13) causam danos severos às plantas de feijoeiro, especialmente
26

quando ocorrem altas populações no início do desenvolvimento da cultura estes


consumindo grande área do tecido foliar, reduzindo consequentemente a taxa
fotossintética da planta (MARTINEZ, 2003).
Medidas de controle devem ser tomadas como, a baixa umidade do solo é
desfavorável à larva. Os métodos de preparo do solo influenciam a população desse
inseto. A ocorrência da larva é maior em sistema de plantio direto. Os agentes de
controle biológico mais eficientes são os inimigos naturais. Porém o método mais
utilizado é o emprego de inseticidas químicos aplicados via tratamento de sementes,
grânulos e pulverização no sulco de plantio.

Figura 13 – Vaquinha na cultura do feijão. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)

A mosca branca (Bemisia tabaci) (Figura 14) é considerada uma praga de


importância econômica para um grande número de plantas cultivadas, pois se trata
de uma praga polífaga. Diretamente, causa danos pela sucção da seiva e inoculação
de toxinas. Indiretamente inocula o vírus do mosaico dourado do feijoeiro durante a
sucção da seiva. Plantas infectadas precocemente podem apresentar severa
redução no porte, vagens deformadas e grãos descoloridos (MANOS et al., 2013).
27

Figura 14 – Mosca branca na cultura do feijão. UNISEP – Dois Vizinhos/PR, 2020.


Fonte: Autor (2020)

Por ser uma praga com alto potêncial de danos e dificuldades de controle, é
importante considerar medidas de manejo integrado de pragas (MIP), como controle
de plantas daninhas hospedeiras da praga, reduzir a população da praga nos
cultivos anteriores, adequar semeadura com épocas de menor pressão da praga no
campo, utilização de agentes de controles biológicos, tratamento de sementes com
inseticidas sistêmicos e aplicação de inseticidas em parte aérea.

3.4.3 Ervas Daninhas

Quando não são controladas adequadamente, as plantas daninhas, além de


competir por fatores essenciais (água, luz e nutrientes), dificultam a operação de
colheita, depreciam a qualidade do produto e servem como hospedeiras
intermediárias de insetos, nematoides e agentes causadores de doenças (COBUCCI
28

et al., 1999). Durante a realização do estágio observou-se alguns ensaios de feijão


com grande incidência de plantas daninhas nos estádios finais de desenvolvimento
da cultura, fator esse que pode acarretar grandes perdas no momento da realização
da colheita, interferindo na qualidade do grão.
As principais plantas daninhas encontradas nas lavouras de feijão da região
são o capim amaragoso (Digitaria insularis), papuã (Brachiaria plantaginea), milhã
(Digitaria horizontalis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), leiteiro (Euphorbia
Heterophylla), picão preto (Bidens pilosa), corda de viola (Ipomoea acuminata).
Temos hoje métodos preventivos, controle cultural, mecânico, físico,
biológico e químico. Porém devemos sempre nos atentar aos métodos preventivos e
culturais que, aliados ao químico, geram ótimos resultados.
O controle preventivo envolve o uso de práticas que visam prevenir a
introdução, estabelecimento ou disseminação de determinadas espécies em área
ainda não infestadas. O controle cultural consiste em aproveitar as próprias
características do feijoeiro e das plantas daninhas, de modo que a cultura leve
vantagem sobre as invasoras. O controle mecânico faz uso de práticas de
eliminação de plantas daninhas por meio do efeito físico-mecânico, como a capina
manual e o cultivo mecânico.
O controle químico, com emprego de herbicidas, tem sido um dos métodos
mais utilizados na cultura do feijoeiro, devido à maior praticidade e à grande
eficiência. Por tratar-se de método que envolve o uso de produtos químicos, requer-
se um mínimo conhecimento, principalmente para atender aos requisitos: alcançar
máxima eficiência, custos reduzidos e o mínimo de impacto ambiental.
29

4 SUGESTÕES TÉCNICAS

Nas atividades desenvolvidas, observou-se que a maioria dos


procedimentos executados na empresa são manuais, desde a geração de
protocolos, croquis, assim como toda parte de coletas de dados dos experimentos
tudo é feito em planilhas manuais.
Como sugestão deveria se investir no desenvolvimento de um software, que
controlasse todos os protocolos executados, assim como as coletas de informações
a campo, medições e tudo que por possível automatizar para agilizar e facilitar o
trabalho experimental.
Já no campo experimental poderia ser adotado alguns equipamentos
motorizados, como pulverizador para aplicações de herbicidas nos experimentos.
O ramo de atuação da empresa, preza sempre por um bom atendimento e
qualidade nos ensaios realizados a campo, levando sempre em consideração a
qualidade de seus trabalhos realizados.
30

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio foi de grande valia, pois foi possível aprimorar e pôr em prática os
conhecimentos adquiridos ao decorrer da graduação onde foi possível conhecer um
pouco mais os procedimentos técnicos e teóricos dos ensaios realizados.
Com a realização do estágio foi possível observar e analisar as fases iniciais
das culturas de soja, milho e feijão, observando as principais formas de condução
dos experimentos, obtendo plantas com melhor sanidade e objetivando melhores
produções de grãos.
Os objetivos foram todos alcançados, já que foi possível realizar o estágio de
forma integral, permitindo assim adquirir mais experiência e conhecimentos técnicos
a campo.
31

REFERÊNCIAS

APROSOJA, A história do milho, 2020. Disponível em:


http://www.aprosoja.com.br/soja-e-milho/a-historia-do-milho. Acesso em: 08 nov
2020.

AGROLINK. Míldio. Disponível em:


https://www.agrolink.com.br/problemas/mildio_1606.html >. Acesso em: 10 nov 2020.

BLUM, L.E.B. et al. Fungicidas e mistura de fungicidas no controle do oídio da


soja. Fitopatologia Brasileira 27:216-218. 2002.

BERTOLOTO, J. C.; SILVA, R. P.; FAVRETO, R. Consequências da domesticação em


feijão-comum para o melhoramento de plantas. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto
Alegre, v. 18, n° 1, p. 17-23, 2012. Disponível em:
http://www.fepagro.rs.gov.br/upload/1398776266_art_02.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2020.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Perfil do Feijão no Brasil.


2012. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/feijao/saiba-mais.
Acesso em: 04 nov. 2020.

CARGNELUTTI, F. A. et al. Experimentação agrícola e florestal, Universidade Federal


de Santa Maria, Santa Maria, 2009

COBUCCI, T. et al. Manejo de plantas daninhas na cultura do feijoeiro em plantio


direto. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 56p. (Embrapa Arroz e
Feijão. Circular Técnica, 35). Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/208254/1/circ35.pdf.
Acesso em: 08 nov. 2020.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra


brasileira: grãos. Décimo segundo levantamento, setembro/2019. Brasília, 2019.
Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-
graos/item/12127-12-levantamento-safra-2018-19. Acesso em: 24 março. 2020.

DINIZ, B. L. M. T. Cultura do Feijão Comum (Phaseolus vulgaris L.). Notas de estudo


em agronomia. Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2006. Disponível em:
https://www.docsity.com/pt/cultura-do-feijao-3/4783032/. Acesso em: 26 out. 2020.

EMBRAPA. Sistemas de Produção, 2013. Disponível em:


http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/. Acesso em: 08 nov 2020.
32

EMBRAPA. História da soja, agosto de 2017. Disponível em:


https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/historia. Acesso em: 04 nov 2020.

EMBRAPA. Soja. 2020. Disponível em:


https://www.embrapa.br/web/portal/soja/cultivos/soja1/historia. Acesso em: 26 out
2020.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Origem e história do


feijoeiro comum e do arroz. Jun. 2000. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/164370/1/CNPAF-2000-fd.pdf.
Acesso em: 04 nov. 2020.

EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina.


Informações técnicas para o cultivo de feijão na Região Sul brasileira. 2.ed.
Florianópolis: Epagri, 2012. 157p. Disponível em:
http://docente.ifsc.edu.br/roberto.komatsu/MaterialDidatico/Agroecologia_4%C2%B0M
%C3%B3duloGr%C3%A3os/Feijao/informacoes_tecnicas_cultivo_feijao.pdf. Acesso em:
04 nov. 2020.

FARIAS, J.R.B. Tecnologias de produção de soja, Embrapa – Documentos 166,


Londrina, 2001.

GARCIA, J.C. Aspectos econômicos da produção e utilização da cultura do


milho, Circular Técnica 74 – Embrapa, Sete Lagoas, 2006.

HIRAKURI, M.H.; LAZZAROTTO, J.J. O agronegócio da soja nos contextos


mundial e brasileiro. Londrina, p.10-60, 2014.

HOFFMANN-CAMPO, C.B. et al. Pragas da soja no Brasil e seu manejo


integrado, Circular Técnica – Embrapa, 2000.

LAJOLO, F. M. et al. Qualidade nutricional. In: ARAÚJO, S.R. et al. Cultura do feijoeiro
comum no Brasil. Piracicaba: Potafós, 1996. 786 p. p.22-70. Disponível em:
https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?
b=pc&id=203900&biblioteca=vazio&busca=autoria. Acesso em: 04 nov. 2020.

LOLLATO, M. A. et al. Cadeia produtiva do feijão: diagnóstico e demandas atuais.


IAPAR. Documento, 25. Londrina, 2001. Disponível em:
http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/doc25.pdf. Acesso em: 04 nov. 2020.
33

LITTLE, T. M.; HILLS, F. J. Agricultural experimentation: design and analysis. New


York: John Wiley and Sons, 1978. 350 p.

LORENZI, H. Plantas daninhas no Brasil, Nova Odessa, 2000.

MANARA, N.T.F. Origem e expansão. IN: SANTOS, O.S. (Coord.) A


cultura da soja 1 - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Globo,
1988. p. 13-23. 

MANOS, M. G. L. et al. Informações Técnicas para o Cultivo do Feijoeiro Comum na


Região Nordeste Brasileira 2012-2014. Embrapa Tabuleiros Costeiros. Aracajú, SE,
2013. Disponível em: http://www.cpatc.embrapa.br/publicacoes_2013/doc_181.pdf.
Acesso em: 04 nov. 2020.

MUNDSTOCK, C.M.; SILVA, P.R.F. Manejo da cultura do milho para alto


rendimento de grãos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2005.

PASSARELLI, V. Quais são e como controlar as principais pragas da soja,


2017. Disponível em: http://www.biogene.com.br/media-center/artigos/36/quais-sao-
e-como-controlar-as-principais-pragas-da-cultura-da-soja. Acesso em: 04 nov 2020.

REAL, G.S.C.P. et al. Valores nutricionais de milho de diferentes qualidades


para frangas de reposição na fase de recria, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

RESENDE, A.V. et al. Desafios na cultura do milho para altas produtividades


com rentabilidade, Revista Campo & Negócios, agosto de 2016.

SILVA, H.P. et al. Manejo integrado de doenças na cultura do milho safrinha,


Sete Lagoas, 2005.

VALICENTE, F.H. Manejo integrado de pragas na cultura do milho, 2018.


Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?
id=31917&secao=Artigos%20Especiais. Acesso em 08 nov 2020.

VENCATO, A.Z. et al. Anuário brasileiro da soja, Santa Cruz do Sul, p. 144, 2012.
34

WENDLAND, A.; JUNIOR, M. L.; FARIA, J. C. Manual de identificação das principais


doenças do feijoeiro comum. Embrapa Arroz e Feijão, 2018. 49 p. Disponível em:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/192413/1/CNPAF-2018-
ManIdentDoenFeijao.pdf. Acesso em: 05 nov. 2020

Você também pode gostar