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Marcio Augusto Urbano Marinho

Rodrigo Bezerra Varela Bacurau


ADVOCACIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DOS


JUIZADOS ESPECIAIS CIVEIS DA COMARCA DE NATAL/RN –
UNIDADE ZONA NORTE.

MARIA GISLENE CARLOS, brasileira, solteira, Atendente,


inscrita no RG sob o nº. 1.894.947 SSP/RN e CPF sob o nº.
849.021.405, residente e domiciliado na Rua Santa Clara, nº. 46, Bairro
Potengi, Natal/RN, CEP 59.110-590, por seus advogados e procuradores
que esta subscreve, conforme instrumento procuratório em anexo (Doc.
01), onde consta endereço para receber intimações e correspondência
do gênero, vem, de conformidade com o artigo 282 do Código de
Processo Civil, mui respeitosamente, à presença de V. Exa. requerer a
presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA


CONTRATUAL C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER

em face de BATEL ADMINISTRADORA LTDA, pessoa jurídica de


direito privado, com sede na Rua João Pessoa, nº. 116, Cidade Alta,
Natal/RN, CEP. 59.025-500, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos:

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Fone – (84) 3222-8815
DOS FATOS

Na data de 10 de janeiro de 2006, a Requerente firmou com


a Requerida um contrato (consórcio) para aquisição de uma carta de
crédito no valor de R$ 19.654,97 para compra de um imóvel. O plano
escolhido foi o de 120 (cento e vinte meses), onde a Requerente pagaria
uma parcela mensal de R$ 212,12 (duzentos e doze reais e doze
centavos). No ato do contrato a Requerente pagou uma taxa adesão no
valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais), bem como a primeira parcela do
contrato (Docs. Anexados)

Concretizado o contrato a Requerente passou a integrar o


grupo de nº. 029, sendo a titular da cota de nº. 91.

Registre-se que a Requerente até junho de 2007 tinha pago


06 (seis) parcelas do referido consórcio (Documentos Acostados),
quando neste mês decidiu cancelar o contrato, uma vez que passava por
dificuldades financeiras.

Quando a Requerente compareceu ao estabelecimento da


Requerida para formalizar o cancelamento, esta elaborou uma
solicitação de cancelamento (Doc. em anexo), onde aquela declarava
estar ciente de que a devolução dos valores já pagos se daria em
conformidade com a cláusula quinta do referido contrato.

Ato contínuo, a Requerente se manifestou sobre a


abusividade da cláusula, no entanto foi informada de que o
cancelamento só poderia ocorrer daquela forma.

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Vejamos o que dispõe a cláusula quinta do contrato de
adesão firmado pelas partes:

Cláusula quinta: O atraso de mais de uma


prestação mensal ou a desistência formulada
pelo comprador implicará rescisão automática do
presente contrato, ficando o mesmo obrigado ao
pagamento de multa pecuniária em forma de
cláusula penal de 20% sobre os valores já
pagos, descontando-se, ainda a taxa do seguro
de vida.

Frise-se ainda que desde o cancelamento a Requerente vem


solicitando o reembolso dos valores já pagos, porém a Requerida
reiteradamente vem retardando o pagamento.

Sendo assim, a Requerente sentindo-se seriamente


prejudicada, vem buscar a tutela jurisdicional do Estado a fim de ver
satisfeito o seu direito, este perfeitamente amparado em nosso
ordenamento jurídico.

DO EMBASAMENTO JURÍDICO

O Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor são


institutos do ordenamento jurídico brasileiro que regulamentam a
situação aqui exposta. Desta feita, devem ser respeitados os princípios
balizadores das relações contratuais, bem como os Princípios
norteadores da relação consumerista.

Sob o prisma do Código de Defesa do consumidor, as


cláusulas que acarretem manifesta desvantagem ao consumidor
(abusivas) podem ser declaradas nulas de pleno direito, senão vejamos:

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Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

[...]

II - subtraiam ao consumidor a opção de


reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste Código

[...]

IV - estabeleçam obrigações consideradas


iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

Desta forma, ainda pode ser observada a transgressão ao


Princípio da Boa-fé Contratual e dos direitos previstos nos incisos III e
IV, do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, senão vejamos:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]

III - a informação adequada e clara sobre os


diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e


abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de
produtos e serviços;

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Observe-se o que disciplina o enunciado nº. 109 do Encontro
Nacional de Coordenadores de Juizados Especiais do Brasil, in verbis:

Enunciado 109 - É abusiva a cláusula que prevê


a devolução das parcelas pagas à administradora
de consórcio somente após o encerramento do
grupo. A devolução deve ser imediata, os
valores atualizados desde os respectivos
desembolsos e os juros de mora computados
desde a citação (aprovado no XIX Encontro –
Aracaju/SE)

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a Requerente requer:

a) A citação da Empresa Requerida para comparecer a


audiência de conciliação, e querendo, no prazo legal, apresentar defesa
a presente ação, sob pena de se presumirem-se verdadeiros os fatos
alegados pela Autora;

b) Da análise do mérito, a procedência do pedido formulado


pela Requerente para que seja declarada a nulidade da cláusula quinta
do referido contrato e que a Empresa Requerida seja condenada a
restituir a quantia de R$ 1.332,26 (um mil trezentos e trinta e dois reais
e vinte e seis centavos) pagos pela Requerente, atualizados nos termos
do enunciado nº. 109 do FONAJE;

c) Por derradeiro, a inversão do ônus da prova, nos termos


do art. 6º, VIII, do CDC, uma vez que resta patente a verossimilhança
do alegado e a vulnerabilidade da Requerente.

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Protesta provar os fatos por meio de todas as provas
admitidas em direito, em especial pela prova documental e pela oitiva
de testemunhas que comparecerão ao juízo independente de intimação.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.332,26 (um mil trezentos e


trinta e dois reais e vinte e seis centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Natal/RN, 17 de novembro de 2008.

Marcio Augusto Urbano Marinho


OAB/RN 6637

Rodrigo Bezerra Varela Bacurau


OAB/RN 6622

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