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INTRODUÇÃO
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Foods (união entre Sadia e Perdigão), Coamo (cooperativa que exporta grãos de soja),
Mineração Corumbaense (mineradora que pertence à Vale), Louis Dreiffus Commodities.
Essas empresas respondem por 78% do total das exportações em 2009. Não há participação
de capital privado regional, nem mesmo entre os frigoríficos mais importantes e o estado
possui o maior rebanho bovino do país.
A base produtiva exportadora permanece baseada no complexo soja (farelo,
grãos, óleo vegetal), carne bovina, minério e a recente expansão da produção de celulose e
etanol. A produção de etanol no estado aumentou de 495.591 milhões de litros na safra
2005/2006 para 1.076.161 em 2008/2009, um aumento de 117% (dados da Única), setor
empregados de mão-de-obra indígena, conforma apontado pelo trabalho de Mota e Avelino
Junior (2009). Embora o estudo da economia de exportação ofereça uma análise parcial
sobre a estrutura produtiva presente no estado, ela permite compreender a influência da
demanda internacional sobre a expansão da área plantada de commodities internacionais e a
redução da área plantada de produtos tradicionais da alimentação básica, análise já realizada
por Aparecida de Almeida (2009).
A política econômica de fortalecimento de determinados setores, no caso do
frigorífico e o estímulo ao estanol provocam um movimento de fortalecimento da produção
primária, não estimula processos regionais e territoriais de industrialização e organizam o
território como base de atuação do capital privado internacional, como pode ser confirmada
pela participação expressiva das tradings de grãos e das usinas de cana recentemente
instaladas.
A produção de açúcar e álcool no estado já é dominada pela presença do capital
privado estrangeiro, tendência que foi apontada pelo trabalho de Backes em 2009. A
tradicional aliança entre capitalistas e proprietários de terra está, no estado, hegemonizada
pela coordenada pela ação do capital estrangeiro e do capital privado nacional
internacionalizado.
As principais empresas privadas nacionais internacionalizadas, como a Vale e o
JBS, permanecem ausentes das políticas de investimento na expansão da precária
infraestrutura estadual. Setores estrangulados como a geração de energia (útil para o processo
siderúrgico em Corumbá) e transportes (duplicação das principais rodovias que cortam o
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estado e implantação de novos ramais ferroviários) não tem recebido qualquer aporte de
recursos dessas empresas capitalizadas.
Mapa 1
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há um processo de “reprimarização” da pauta exportadora que se acentua nos
anos noventa e persiste na primeira década do século XXI. Esse movimento ainda não foi
revertido pelas políticas públicas e pelos investimentos do Governo Federal, que demandarão
um tempo médio a longo de maturação e obtenção de resultados.
Para o Mato Grosso do Sul, o incentivo às exportações de agro-primários e
minerais tem reforçado uma sobreposição de territórios, organizados pelos principais grupos
exportadores. Essa organização ocorre em função da combinação de fatores. O estado é
formado por duas principais bacias hidrográficas, a do Rio Paraguai, a oeste e do Rio Paraná,
a leste. A ocupação dos grupos exportadores se concentra na Bacia do Rio Paraná, motivada
pela proximidade com os estados de São Paulo e Paraná. Na porção meridional, uma
sobreposição da atuação dos exportadores resulta do processo histórico de ocupação e
povoamento, com predomínio da atividade pecuária, do projeto de colonização agrícola
orientado pelo Estado Varguista e pela expansão da soja, nos anos setenta.
É na mesma porção meridional que se concentram as principais cooperativas
exportadoras, num processo contíguo que tem origem no norte do Paraná. Os frigoríficos
ocupam as “franjas” da vizinhança com o principal mercado consumidor – São Paulo –
estado no qual estão localizadas as matrizes e, portanto, o poder definidor de políticas de
expansão, comercialização e investimento.
Na porção Nordeste, Três Lagoas assume sua centralidade na rede exportadora
valendo-se da rodovia BR 262, que corta o estado desde a vizinhança com a Bolívia, em
Corumbá, passando pela capital Campo Grande. Além do benefício do traçado da
Ferronorte. Nesse ponto, a concentração do capital exportado acontece em função da
atividade do reflorestamento e da fabricação de celulose, pela Fibria.
O recorte da economia de exportação apresenta apenas uma das possibilidades
de leitura do território, mas é exemplar do processo de internacionalização da economia
sul-matogrossense e do quanto suas dinâmicas produtivas são definidas por interesses
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BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Mansueto. Desafios da real política industrial brasileira do século XXI. Textos
para Discussão IPEA – n,1452. Brasília, 2009. Disponível em
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/tds/td_1452.pdf <Acesso em 15 de janeiro
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SADER, Emir. Brasil, de Getúlio a Lula. In: SADER, Emir e GARCIA, Marco Aurélio
(orgs). Brasil, entre o passado e o futuro. São Paulo : Editora da Fundação Perseu
Abramo/Boitempo, 2010. pp. 11-29.
SANTOS, Milton. A formação social como teoria e como método. Boletim Paulista de
Geografia. n.54, 1977.