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REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DE PESSOAS COM TRANSTORNO
DE ESPECTRO AUTISTA
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CADEME sua intenção era promover a reabilitação de pessoas com retardos mentais, ela foi criada por
influência das sociedades de Pestalozzi e também das APAES.
VIII - Promovendo e auxiliando a integração das crianças retardadas
e outros deficientes mentais nos meios educacionais comuns e
também em atividades comerciais, indústrias, agrárias, científicas,
artísticas e educativas. (BRASIL, 1960).
Nota-se que as propostas ainda eram bastante frágeis, mas elas eram
de grande importância no processo de inserção nos variados campos da vida
social das pessoas com deficiências mentais, dentre estas as pessoas que
apresentam autismo.
De acordo com Castanha (2016), no ano de 1994 surgiu a Declaração
de Salamanca, um documento que coloca a educação inclusiva como um
compromisso mundial:
Após essas leis, surgiu umas das principais e mais importante lei que
abrange todo o cenário educacional é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) nº 9.394/96, a qual abrange em seu capítulo V a educação especial,
sendo disposta nos artigos seguintes:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de
educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo,
tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida,
observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta
Lei.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados.
III - professores com especialização adequada em nível médio ou
superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotora.
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão
critérios de caracterização das instituições privadas sem fins
lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação
especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de
ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste
artigo. (BRASIL, 1996).
Diante do exposto percebe-se que esta tem por objetivo garantir que
todos os indivíduos possuam atendimento educacional especializado (AEE),
independente de seu nível de ensino, além de que possua recursos didáticos e
pedagógicos para que se possam atender esses alunos.
Além destas resoluções e decretos os quais garantem a pessoa com
deficiência ou aquela que possui algum transtorno o direito de educação e
também de atendimento educacional especializado (AEE), existem diversas
leis que garantem a inclusão dessas pessoas no sistema de ensino.
Uma delas está baseada na Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009
que institui as diretrizes operacionais para o atendimento educacional
especializado na educação básica, modalidade educação especial, no uso de
suas atribuições legais esta resolve:
Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas
de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas
classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional
Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais
ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
sem fins lucrativos.
Art. 3º A Educação Especial se realiza em todos os níveis, etapas e
modalidades de ensino, tendo o AEE como parte integrante do
processo educacional.
Art. 4º Para fins destas Diretrizes considera-se público-alvo do AEE:
I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.
II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que
apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento
neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na
comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição
alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de
Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos
invasivos sem outra especificação.
III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que
apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as
áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual,
liderança, psicomotora, artes e criatividade. (BRASIL, 2009).
No artigo citado acima prevê o que é necessário para que esta lei seja
realmente aplicada, pois esta é uma das principais leis que garantem o direito a
inclusão de uma pessoa com deficiência. E no capítulo IV da Lei nº 13.146/15
dispõe sobre o direito à educação:
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Lei Berenice Piana, esta lei foi intitulada com este nome por causa de uma mulher leiga chamada
Berenice Piana a qual lutava por direitos em defesa de pessoas com transtorno de espectro autista, o
que a motivou buscar por isso foi seu filho mais novo que possui este transtorno. Desde esta conquista
esta é uma das principais leis que reconhecem o Transtorno do Espectro Autista como uma deficiência e
a qual garante direitos legais a estas pessoas.
A escola inclusiva tem o intuito e o dever de aceitar alunos que
apresentem quaisquer necessidades especiais, além daqueles que possuem
transtornos diversos, no caso de alunos autistas o professor deve se adaptar
de tal maneira que possa atender esse aluno, até mesmo modificando sua
metodologia.
O objetivo da inclusão é inserir todas as crianças e adolescentes com
variados graus de comprometimento social e cognitivo em ambientes escolares
regulares. Incluir é eliminar barreiras que estão diante do ser humano,
despertando seu potencial criativo, incluir é educar e socializar.
Seguindo a linha de raciocínio sobre a inclusão nas escolas Castanha
(2016), aborda que este é um direito e contra esse fato nada se pode fazer,
sabe-se também que é um direito desse aluno possuir um professor de apoio
para que quando necessário esse possa dar suporte.
Já para Cunha (2016, p.93) apud Costa et al (2018) as práticas
pedagógicas voltadas para a inclusão do aluno autista apoia a ideia de que
esse aluno tem capacidade de atuar no contexto da sala de aula, exercendo as
funções do sujeito participativo e reflexivo. Salienta as áreas da aprendizagem
do aluno que podem ser desenvolvidas em atividades específicas, tais como:
Com base nessas reflexões, fica visível que o professor deve ter atenção
no momento de planejar e desenvolver suas práticas pedagógicas as quais irão
estimular a capacidade do aluno, fazendo com que haja interação entre família-
aluno-professor incentivando a aprendizagem do aluno.
Segundo Cunha (2012, p.100) apud Papim e Sanches (2013) não se
pode pensar em inclusão escolar, sem pensar em um ambiente inclusivo.
Contudo, não se deve entender este ambiente inclusivo somente em razão dos
recursos pedagógicos, mas também pelas qualidades humanas. Ou seja, todos
os educadores devem estar preparados para trabalhar com os novos recursos
presentes na escola, seja na sala de recurso, seja pelo seu conhecimento
adquirido através de cursos de capacitação, tendo o educador o papel de
estimular a formação de conhecimento da criança.
Para que a educação das crianças que possuem Transtorno de Espectro
Autista tenha resultados positivos, é de suma importância que a forma que a
metodologia para se ensinar essas crianças seja preparada conforme a
necessidade de cada educando, com o intuito de auxilia-los a lidar com as
diversidades existentes tanto na sala de aula como no seu convívio social.
Ainda é importante ressaltar que não devemos educar um aluno, sem
conhecermos a individualidade de cada um, para que assim haja uma interação
entre o meio escolar e a vida daquele aluno.
Rego (2007) apud Besson (2016) considera relevante a interação social
entre os alunos, nesse caso a atenção especial nas relações entre alunos com
TEA é essencial tendo em vista que essa é uma das dificuldades dessas
pessoas. Fazer parte de um grupo pode significar novas possibilidades de
desenvolvimento para essa criança.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva (2008) o atendimento educacional especializado
identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as
suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento
educacional especializado diferenciam daquelas realizadas nas salas de aula
comum, não sendo substitutiva a escolarização. Esse atendimento
complementa e suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela.
Em relação à política de inclusão Emilene Coco dos Santos (2013) apud
Castanha (2016) a mesma fez a seguinte afirmação:
SANTOS, Regina Kelly dos; VIEIRA, Antônia Maira Emelly Cabral da Silva.
Transtorno Do Espectro Do Autismo (Tea): Do Reconhecimento À Inclusão
No Âmbito Educacional. P. 219-232. Disponível em:
https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/includere/article/view/7413. Acesso
em: 20 mar. 2020.