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] unger O hileclok Posture: 25 Orginet nes — Bee Te OF AS Os dois EDIGAO : BMONE he nascimentos balay do homem: CAPA, ROJETO GRATICO E DIAGRAMACKO Escrites sobre ‘oRADECDMENTOS Tax to 5 ute radars de Daenuaniie, 3 PUC-SP eo wt Pcl terapia e educacio aa tecendal gatas defile ase NL na era da técnica oe Pegi Ao, coopster Tak Joto Augusto Pompeia e Bilé Tatit Sapienza {sig asenc 2. evorencog neni 3 Plo scene ect pm - eo 1s0392 ae —=— 7, io de Janeiro, 2011 Soe 2. 1 j Taxto 5_ Re MOQA Frmerrero sey roe IBERDADE Liberdade é uma palavra que circula com muita frequéncia em nossa fala cotidiana. Falamos do direito a liberdade, alids, pre- visto na Declaragao dos Direitos Humanos; falamos de governos (que nio respeitam a liberdade, de pais que dio muita liberdade 208 filhos, da liberdade de expresso, do medo da liberdade, da liberdade de escolha, da liberdade que se conquista, da liberdade que é importante néo perder, da liberdade que precisa ser bem usada, e muito mais. Mas exatamente de que estamos falando com essa palavra? Seria a liberdade alguma coisa que nos dio ou {que nos tiram? Alguma coisa que precisa ser economizada e bem. dosada? Certamente sabemos o que é liberdade quando somos impedidos de realizar algo, ou de ser de uma determinada ma- neira; ou quando somos obrigados a fazer 0 que nio queremos. B af, entdo, rapidamente concluimos que ter liberdade é poder fazer 0 que desejamos, dizer o que pensamos, ir aonde quere- mos, recusar 0 que nao queremos. Certamente, : implica liberdade. Mas com isso nao. epg ea heated compreendido no conceito de liberdade. Lerbesl 13 Lop Hannah Arendt em seulivro Entre 0 oe pode ser shordada «parts ded ferentesrefertntas, Um ponte de vista to unporante code ihura nos parece fundamental ——Warellesto que faremos aq diregio smo aqui, segulremos uma diregSo muito particular em regio & compreensio desseconceito.Trataremos de compreender a lberdade a partir do referencial da Daseinsanalyse. © interesse que esse assunto desperta, ou sea, 0 apelo que ‘A.concepgio de liberdade assume uma forma genérica, pa- rece que todo mundo sabe 0 que ela & Mas quando tent Gizer exatamente o que ela 6, fiamos perplexos com a dificulda~ de que é descrever 0 que é isso que chamamos de liberdade. Pa rece que acontece algo parecido com o que acontecia com Santo “Agostinho, que se referia 4 sua dificuldade para dizer 0 que era ‘0 tempo. Ble dizia, em seu livro As Confissoes: “Quando falamos Ge tempo, sem dilvida compreendemos 0 que dizemos; 0 mesmo aconteceri se ouvirmos alguém falar do tempo. Que é pois, © tempo? Se ninguém mo 1__ SANTO AGOSTINHO, As Gonfises: Sto Paul: Baits das Amaext SA- Bdameris 1966, “ | Reihento, falarel do que significa para o Dasein © par ey oe oe eno-tundsculdando da tatla de wr 3 srs giao age Bo pl ponds tes PAE “Nios no, eu other, entao 2a ‘voc? deixa este que jé est na sua mio e leva aquele que voct vit, chorar, pois o que havia sido escolhido © pai concorda e deixa que cle leve 0 dois, Mas, gerantidos os dois, hd também aquele outro chaman- do por ele e falando mais alto. Agora 0 menino resolve: Eaquele ali que eu quero” E a mie, jé meio impaciente, di: ‘voce precisa escolher! F a crianca comiega a entrar na tortu de ter de escolher.-Esse tereeiro bringuedo também é tho legal! ‘A partir dai, vira tudo uma choradeira e 0s pais ficam bravos. ‘Talves, ao terminar essa cena, a crianga tenha levado varios brin- ‘quedas para casa. Se iver sido assim, a0 chegar em casa, deve ter ‘escolher com qual brinquedo comegar a car a crianga nessa situagio? Interessunte @ ver que os adultos fazem isso com as criancas com 2 melhor inten¢io, carinhosamente. ser pensado s ' posse, & a remincia. 8 que, em primeiro lugar, livre para renunelae,Escolher ura ‘Mas uma pestoa pode dizer: “Nio quero me comprom 2 erdade” Se perguntar- io excolhe para ndo perder 1c esolhe, perde e588 aliberdade, ela indo preserva se Bin iberdade. Ela nfo e5- que a sua liberdade implica, ‘Um serccro pont a ser lembra to do ado a respite do ser lve: ara Datin, ser live sigific servis como oeeeio perenne 23 ‘entes se manifestem em sua verdade. Sendo aberto nas possibili dades, o Dasein é aberto também naquilo tudo que esta para além Go real, para o que transcende o real, isto é, sua abertura diz res- peito ao que ainda no é mas pode ser, ao que fé fol e nio & mais s virtualmente. Aberto nas possibl- |. mas esse escapar do real 0 ‘mais clara essa ideia, valho-me das palavras de go Paulo Barros, quando ainda éramos estudan- ‘Ele tinha duas imagens para falar de liberdade. tes d ‘A primeira & a da crianga que esté descobrindo um piano, Ela Chega, abre o piano, comega a mexer nele: aperta as teclas aleato- ‘brancas, as pretas, pode pisar nos pedais, interessa- mado, Paulo dizia que, para ele, essa era uma das imagens mnifcativas da iberdade: a curiosidade, o encantamento, crianga que brinea| live b fea erianga seja menos livre, jue brinea no piano. Néo qué menos | an laridade da lberdade do panistaconsiste em ser 9 Jhocdede que lberta também 0 piano, isto é deixa-o se" PICO. mente aquilo que ele é, um plano; deixa que ele s© jas as ponlidades celher a novidede © cotand, : plesmente thane | Gefen encobrmento se manifea. E ainda mais a mise ae Soe uaqucteencontofatimo entre piaista€ eat sc deiza aque gue ouve ser Plenamente em sua oorbte de ourinte que se entrega 2 msiea O ouvinte se des nec cer aber ao belo, o elo que pode aparecer.E, por Sinead gue pera ni conse a cata lbertagio que o ser livre Seifanista ngendre porque, quanto rai familiar e intima for angio entre le ©'9plano, mais familiaridade, intimidade © do piano. Nao hé divida de que descob: la sem referéncias prévias, \dade serio dadas. A familiaridade niio se consome, ela, iplica, O ser livre desse pianista liberta 0 seu préprio ser tal modo que se torna cada vez mais intima a correspon- déncia com tudo © que com cle se iberta. E, nesse libertar que liberta a si proprio, o tempo se alonga, num alongamento que 7 TAAVS atom enn 0 Re “ALVES bem Jad ors 2010, . 67. sea Hasse ‘Campinas: Papirus Editors, stencn do planes : oa e uma entrega do plantar um Pana, Mag aguela terra ago era sua. Diz ele: 4 25, faz do tempo temporalidade. & diferente daquele tempo curto ‘em que todas as coisas precisam ser decididas de imediato. Dife- “iaposto em diregto.a.e spo jade dg colar dupont a esata: obedecer star Sapte adnan alguna. Assn, como is Ny Se an O Encantarento do humano,"s palawra Mangabeis OSE) er de ovr vvida Do seatido represive da oo ese da punlgio pare Fesgaarmos seu sentido mais 26 Ouvindo asi mesmo, de certa forma o Daseinslonga 0 tempo € 0 delxatransbordar para além do imediato em diregi 20 fut- 0 € 20 passado, Ease tempo alongado se apresenta como algo 4ue restos, © 0 Dasein precisa ouvir essa ressonincia do tempo Tonge, Quando falamos em tempo longo, podemos ter levados a 5 ns NGER, Nancy Mangabeira O Encantamento do amano eclogia ‘pitas io Palos Editors Loyola, 191, p58. pensar num longo que seria uma esc sueeeo de momento ‘eperenids por me ln, lcomo cote com ome ologico, Mas o tempo longo aque te rel terol age! ¢ aque on aque éamibém largo fo lrg de resondnelnqueedajuneee po. B como te trpuformasene me aber, que pdemor a: kairo tempo que € oportunidad, o tempo que é oa, € © tempo par. para esidar, para deteansr pra bulb pore nidade é plantar 0 que ‘obedecer, poder reconhecer a oportunidade. finalmente, ouvindo a si mesmo, ouvindo o mundo,-o tem a possibilidade fundamental de ouvir 0 apelo dos fo também Dasein. Aquele que ¢ eapaz Expresso a Medard Hoss, compreendi que o que I Iberdade nto é a iberdade do outro, ¢ sim 0 meu ey stn ene ‘iti sist te Ci i tna ional So eros Retomando o percurso que fizemos, podemos resumir nos sa reflexto dizendo que a iberdade niio est num querer viver fam compromissos, sem a perspectiva da temporalidade, nem na feallzagio de desejos insaclivels de poder e dominagao, isso que fevado o homem a se sentir cada vez mais sozinho, temeroso samparado. Para o Daseln, 0 alfca corresponder Aq jar-se de seu dom de ser livre se mortrem em soa verdedei ceo fo gue rine o conte o ele realisa quando far suas ‘HealhasE poder escolher& poder ser livre pars eset ara se comprometer. a “Apropriar-se de seu ser livre é t poder. ebedecer aa mesmo, naa fdelidade a0 ee eenae et = teense gems co WPL “Gato 4 Peng, -8- Gina OF te Prenerea che dambio. Wire. opus xinrroxgio melS gta. 0- Guts de> wutokemedoxs bovaicoo AS act: BOB Plo: E DUC, 208% HISTORIA DOS DESEJOS expressam 0s desejos do nosso coragao. Falar em desejos me faz recordar uma coisa. do me perguntavam 0 que eu mais desejava na vids, resposta mais verdadetra que eu tinha era: “Que os mé sonkossereaizen”. “oseoeamess Sonhamos com coisas muito préximas, pequenas — por ‘exemplo, o fim de semana ou a viagem que desejamos -, aad Na Passaica 20 Saro0 sa sonbamos am — as oncom aguas uito grandes e mesmo distantes. iz rs grandes sores qu ve hava aque iar um mundo melhor, mais bonito, Nas conversas com iets amigos viamos 6 mundo ameagado, e0 nosso sonho era salvar o mundo, como naqueles contos en que © principe, depois de muitas aventuras e dificuldades, salvaa princesa, 10 queremos contar. Estes parecem tio tro de nés, que, mesmo sendo tio bo- talvez por isso mesmo, temos medo ou vergo- ontar para os outros. Os sonhos de amor talvez mais profundos, mais curtidos; chegam a as- 1ardados em segredo, O tema do amor nio sono isolado; ele entra em quase todos os” to gostons to hon, pelos quae nos Bless tomar cadaver tals pre tesdisivs escondidos. a ee jullie ieee da varios san bos Ds a eos sonkos 580 bonitos, por que 0s escondemos, on ee eet tones evel mat Se pon dsc: debtemos, quando mostramos nosso sonho, nés nos Samos conta de que, embora ja convivamos com ele dunes conn i > eee lop exemasmerte ig ‘Quanto mais importante ¢ 0 soriho, mais medo de con- {ar Parece que.se 0 outro nio o entender, seo 011 “Faget noa sok, este val Semone ‘sonhos de amor sao muito sensiveis: Quando Bees ca ae cee a ae historias. Sonhava com ela numa praia maravilhosa, pas- feesodrinaas coesess aes aun Bee fitaneiacanu acer Bla era a menina dos meus sonhos, com quem eu. vivia todas as aventuras. Eu era heréi e salvava minha cma Nas tra gue sone havia encontrado © melo demi susan oa emul eno, deals POSS BREE aS ; ‘momento em que estavana bein ae ne ore RO lidade, tudo se. ‘Passar para area- Dosa secava, sum a nag Sumiam os assuntos, eu tremia, sentia ver. ” Na Presea 00 S90 do meu sono, teria de Ihe dizer o quanto ela era impor tante para mim dentro dos meus sonhos. Secu era oherdi, ela era aheroina, eo queaconteca no meu sonho se dava poi Gla Ela tinha disparado dentro de mim essa vontade, isa Capacidade de criar historias e deme envolvernes- SHAS GU S80 05 nossos Sonhos. a Eu tinha também um sonho raim. Era um pesadelo: a menina nfo iria me entender, nao estaria ligada em mim. Aj, eu sentia medo e percebia que meu sonho, que me fazia tao forte, também me fazia muito fraco, 0 50-_ ho me fazia ficar enorme dentro dele e| lidade. ‘Quando chegava perto da menina dos meus so- nnhos, ex ia diminuindo, quase virava o Pequeno Pole- gar. Outra sensagio vinha junto: ela ficava enorme, tio ppoderosa como se fosse a dona dos meus sonhos, como se ela tivesse ganho toda a forga que estava neles. Nas nos dela, no entendimento dela, na aceitagio dela f- cavam pendurados todos os meus sonhos. Eu estava na dependéncia de ela dizer um sim ou um néo, entender 0 que eu estava falando ou rir de mim. ‘Voces no imaginam como eu tinka medo de que a menina dos meus sonhos risse deles. Se ela desse ri sada dos meus sonhos, ¢ esse era o meu pesadelo, tudo aquilo que eu tinha de mais bonito, de mais forte, de rar furnaca. Parecia que, num passe de as we fosse uma bruxa, essa menina poderia fae ade ison ficaria vario. Sobrariam para Seisso acontece™® Tndo tinha colocado no sonho, coisas Senas, quebradas, pois as bonitas ts coisas feias, pequenas, 5, er) cole esaparecido, Sobraria 86 0 lixo, 0 resto, Mew teria deePam pore, sea menina dos meus sons ase deles, cla os tornaria ridiculos. Bu mesmo ficaria fom vergoniha de tos sonhado, das minhas historias, Ge tudo 0 que eu tinha de melhor. Imaginem en!40 a vvergonha que eu teria do pior. ‘Compreendi o quanto era preciso que ela contri- buisse, que pelo menos entendesse o que estava no mett sonho; parecia que minha relago com meus sonhos pas- sava por ela, que dependia da aceitacéo, da compreen- sfo, do envolvimento dela. Mesmo que essa menina no pudesse corresponder Aquilo que eu tinha sonhado, que ela ndo me amasse, néo me admirasse como eu tinka ‘maginado no meu sono, mesmo que ea tivesse de me seeaveansea ences eae pa tosdiil So assustador quanto a que meus sonhos poderiam ser destruidos = ieee — © que tinha sido fonte de pra- , de entusiasmo, poderia se evaporar 7 a Nausea 00 Soo oe : Rey. se transformar numa fonte de vergonha. Pot iso, eu tinha'medo, vergonha de ficar tio tho pe visas ndo podiam ser to bonitas como no sonho. E9 tinha sea curtia mais os momentos da despesi i Pequenininho perto meio esquisito, eu “oc = ou May et = da.da separ a a duvidar se Esses eram meus medos. Mas, enfim, uma hora eu ‘Que estaria acontecendo? Comesave gostava mesmo dela. Ficava com medo de sonar, Po _menina dos meus sonhos. Ficava aflito ao sentir que ela seafastava, nao estava mais tio envolvida comigo. Foi assim mais de uma vez, e eu comecei a pensar: “Sera que o amor s6 & quando é novo e depois cestava longe, eu sonhava com cla. Es- tando'perto, o sono ficava meio delado, parecia queas lizé-lo; mas o sonho realizado nio era tio bon ie sonhado, Esse sonho aos poucos morria, ‘como 0 fa Na Psocaco Smns0 Em outras ocasiges, as coisas se passavam de out isto, Quando eu me sproximava de menina dos mets sonhos para lhe falar dos sonhos que tinha sonhado, da minha paixio, ela ficava constrangida, meio assustada; sabia que aquilo néo tinha nada a ver, ela estava ligada em outra pessoa. ‘Ai, ento, eu pensava na sensagio de vergonha que teria diante daquele que era o heréi dos sonhos da me nina dos meus sonhos. Se ela estava ligada nele, com certeza ele era muito maior que eu, pois sendo ela estaria ligada em mim e nao no outro. ra uma tristeza quando 0 sonho acabava. Era muito mais triste, porém, quando a menina dos meus sonhos nfo entendia nada do que eu estava, dizendo, quando ela achava engragado, quando olhava ‘para mim como se eu fosse um bicho estranho. Além de ‘nao me amaz, ela achava ridieulos os meus sons. Essa era a pior situagio de todas, a mais dofda. Esse sonho instantaneamente mora. ‘No momento em que o sonho morria eu vivia uma profunda solidio. Eram initeiso amor dos outros, pre- ‘senga dos outros, Bu estava vazio, um buraco, sem ter como responder ao inferesse, ao amor da familia, dos amigos. . {sso porque a menina dos meus sonhos tinha se apode- ado de hid aquilo que eu tinke de bom, de tudo aqui com 9 amor das a” one 00s DIOS io si snhos de amor Jpriqueno s80 $6.05 50% {__ Maistarde dese yam sds Toda vezque tems UT ‘muito curtido, no qual es

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