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ÉTICA e LEGISLAÇÃO

EM ENFERMAGEM
Prof.ª Caylane Lely
Conhecer os primórdios do
1
cuidado ao ser humano.

Citar as situações marcantes


Objetivos 2
que influenciaram a
enfermagem através dos
História da Enfermagem
tempos..

Identificar as condições do
3 surgimento da enfermagem
moderna no mundo e no Brasil.
Introdução
Stewart e Dock (1977) dizem que “nenhuma ocupação pode ser compreendida
inteligentemente sem ter sido pelo menos em alguns de seus aspectos,
analisada à luz da história e interpretada sob o ponto de vista humano”.

Oguisso e Campos (2013) afirmam que “houve um tempo em que parecia ser
suficiente contar a história como uma simples sucessão de acontecimentos,
com nomes de personagens considerados heróis ou heroínas ou como uma
reflexão abstrata de filósofos, sociólogos e pensadores”.
Origens da Enfermagem
Os povos primitivos acreditavam que as doenças eram castigos divinos, e em
virtude de o tratamento estar associado a este conceito de saúde/doença,
procuravam nos sacerdotes ou feiticeiros (primeiros cuidadores da saúde) os
instrumentos para resolverem seus problemas de saúde.

Estes cuidadores acumulavam as funções de médico, enfermeiro e


farmacêuticos, e a terapia aplicada por estes, objetivava:
- acalmar as divindades por meio de sacrifícios;
- afastar os maus espíritos.
Origens da Enfermagem
Para alcançarem estes objetivos utilizavam-se dos seguintes meios:

- massagens;
- banhos quentes ou frios;
- uso de purgativos;
- uso de substâncias provocadoras de náuseas;
- dentre outros.

Ou seja, dever-se-ia tornar o corpo do indivíduo tão desagradável, que os maus


espíritos o abandonariam.
Origens da Enfermagem
A medida que estes sacerdotes / feiticeiros, passaram a conhecer e dominar o
conhecimento sobre o uso das plantas medicinais, começaram a delegar a
outros, seus assistentes, o preparo e a administração desses remédios.

Estabelecia-se então, uma diferenciação entre sacerdotes/feiticeiros e seus


assistentes, quer seja, os primeiros exercendo funções médicas e o segundo
com funções de enfermeiros e farmacêuticos.

Existem poucos documentos conhecidos da época que tratavam deste assunto


no período antes de Cristo, e os conhecimentos sobre a Enfermagem vem
normalmente envolto com os assuntos religiosos, médicos e sociais; e mesmo
assim, a Enfermagem está associada em algo de menor valor.
Origens da Enfermagem
Os tratamentos dos doentes neste período estão registrados em papiros,
inscrições, monumentos, ruínas arqueológicas (aquedutos e esgotos), códigos e
livros de orientação política e religiosa.

O povo EGÍPCIO legou os mais remotos documentos sobre a medicina, embora


não mencionassem hospitais nem Enfermeiros.

Do ano 4688 a.C. ao ano 1552 a.C. foram escritos seis livros sagrados, que
retratavam toda a medicina praticada no Egito, incluindo as descrições de
doenças, operações e drogas, sendo um dos mais antigos o manuscrito de
Imhotep, primeiro autor que menciona o cérebro e o seu controle sobre o corpo.
Origens da Enfermagem
É certo que a medicina egípcia tentava unir as práticas religiosas aos
conhecimentos científicos, por isso, em cada templo havia diversas escolas,
entre as quais a de medicina, sendo as mais célebres as de Tebas, Mênfis, Saia e
Chem.

Os egípcios praticavam o hipnotismo, interpretavam os sonhos, admitiam a


influência dos astros sobre a saúde, possuíam grande habilidade em
embalsamar e fazer ataduras; classificavam o coração como o centro da
circulação e o ato respiratório como o mais importante do corpo humano,
embora a religião proibisse a dissecção do corpo humano. .
Origens da Enfermagem
Os CHINESES deram um caráter religioso às suas práticas médicas. Os médicos
que se destacavam eram considerados como deuses. O diagnóstico era feito
principalmente pelo pulso; conheciam a varíola, relataram operações nos casos
de lábio leporino, descreveram mais de 2.000 medicamentos.

Na ÍNDIA (documentos do século VI) se conhecia: músculos, ligamentos, nervos,


plexos, vasos linfáticos, antídotos para vários tipos de envenenamento, além do
processo digestivo. Desempenhavam alguns tipos de procedimentos, por
exemplo: trepanações, suturas, amputações e corrigiam fraturas. À época,
foram os únicos que mencionavam enfermeiros e exigiam que estes tivessem
qualidades morais e conhecimentos científicos.
Origens da Enfermagem
Para os ASSÍRIOS E BABILÔNICOS a medicina era baseado na magia, e se
acreditava que 7 demônios eram os causadores das doenças. Aos médicos
incompetentes eram computadas penalidades, tais como: indenização e
amputação das mãos, dentre outros. Não fizeram referência à hospitais nem a
enfermeiros.

A base das doutrinas médicas PERSAS era dividida entre o princípio do bem
(Ormuzd) e o princípio do mal (Ahriman), e classificaram 99.999 doenças (é de
supor que várias destas fossem meros sintomas). Construíram hospitais para os
pobres que eram atendidos por escravos.
Origens da Enfermagem
No JAPÃO a medicina permaneceu fetichista até o começo da era cristã, sendo
a única terapêutica a das águas termais. A eutanásia era um ato lícito.

O povo ROMANO era essencialmente guerreiro, sendo a profissão médica


indigna do cidadão romano, sendo estes, ou estrangeiros ou escravos.

O trabalho de enfermagem era de responsabilidade dos escravos. Entretanto,


Roma distinguiu-se pelas obras de saneamento, estabeleceram vários hospitais
para os seus guerreiros, e sepultavam os seus mortos fora das cidades.
Origens da Enfermagem
A GRÉCIA antiga se notabilizou nos campos da filosofia, das artes, das letras,
das ciências e também da medicina. Mesmo no período empírico e mitológico, a
medicina grega já tinha o seu valor.

Com HIPÓCRATES, que lançou as bases da medicina científica, mais se firmou o


povo grego como autoridade médica. Foi tão importante o papel de Hipócrates,
que a medicina grega se divide em dois períodos: antes e depois de Hipócrates

Hipócrates é considerado o pai da medicina, nasceu em 460 a.C., a que se deve


a medicina científica, viajou por diversos países e estudou filosofia.
Origens da Enfermagem
HIPÓCRATES afirmava que deveria ter uma observação cuidadosa do doente
para o diagnóstico, o prognóstico e a terapêutica, sendo a natureza o melhor
remédio, sendo o seu primeiro cuidado não contrariá-la.

Descreveu doenças sobre o pulmão, do aparelho digestivo, do sistema nervoso,


doenças mentais; praticava a cirurgia, distinguia a cicatrização de primeira e
segunda intenções, operava cataratas. Considerava a saúde como o equilíbrio
dos humores (sangue, linfa e bile), sendo o seu desequilíbrio, a doença; e as
causas desses desequilíbrios seriam: o ar viciado, o trabalho excessivo, as
emoções, as bruscas alterações da temperatura.
Origens da Enfermagem
O tratamento preconizado por HIPÓCRATES era baseado na observação clínica
rigorosa de sinais e sintomas, e a terapêutica se dava através de massagens,
banhos, ginásticas, utilizavase também de sangrias, ventosas, vomitórios,
clisteres e purgativos

Descreveu 236 plantas medicinais e medicamentos minerais, tais como: enxofre,


alumínio, chumbo, cobre e arsênico.
Período da Unidade Cristã
Paixão (1979) afirma que “o advento do Cristianismo, completando a revelação
primitiva e realizando a Redenção, constitui a maior e mais profunda revolução
social de todos os tempos. Sem intervir diretamente na organização política e
social, nela influiu pela reforma dos indivíduos e da família.

Os ensinamentos de Cristo, pregava entre outras coisas, que o serviço


prestado aos mais humildes era serviço prestado à Deus, e era obrigação e
privilégio dos fortes suportar os fardos dos fracos; inspirando os primeiros
cristãos a procurar aqueles que precisassem de ajuda, e ir além dos estreitos
limites do próprio lar, cuidando das necessidades físicas e espirituais dos
doentes e pobres.
Período da Unidade Cristã
Os judeus e os pagãos perseguiram os cristãos até que o Imperador
Constantino publicou o Edito de Milão (em 313) e declarou a Igreja livre para
exercer as suas atividades, e a partir daí organizaram melhor este serviço,
organizando hospitais e recolhimentos, além da difusão do cristianismo levando
muitas das distintas damas romanas a se dedicarem ao serviço dos pobres e
doentes.

Entre os homens, a liberdade religiosa inspirou em muitos a ideia de se reunirem


em comunidades a serviço da cristandade. O maior exemplo foi São Bento (Pai
dos monges do Ocidente), que viveu no séc. VI.
Período da Unidade Cristã
Rapidamente os mosteiros beneditinos se espalharam pelo mundo,
principalmente na Itália, França, Alemanha e Inglaterra, se tornando centros de
grande progresso. Os monges beneditinos além de copiarem manuscritos
antigos, organizarem bibliotecas e escolas, cultivavam plantas medicinais e
mantinham sempre um hospital para os pobres. E esta ordem religiosa buscava
associar oração e trabalho num equilíbrio, sem excessos ou rigores
desfavoráveis à saúde.
Período da Unidade Cristã
No período entre os séculos IV e V, ocorreu grande florescimento de hospitais e
recolhimentos destinados à doentes, órfãos, velhos, aleijados e peregrinos. Os
conventos femininos, na direção destes encontravam-se as abadessas, além de
distinguirem nas ciências e nas letras, também contribuíram no progresso dos
hospitais e nos cuidados aos doentes
Período da Unidade Cristã
Desde o século VII a cidade de Jerusalém estava sob o domínio dos muçulmanos,
acarretando inúmeros problemas aos cristãos que peregrinavam à Terra Santa.

Aos poucos a ideia de libertar o túmulo de Cristo foi tomando vulto no meio dos
cristãos. Esta foi a origem das expedições militares (Ordens Militares) que ficou
conhecida com o nome de Cruzadas, sendo iniciadas no século XI.
Período da Unidade Cristã
De acordo com Paixão (1979) “esse movimento, por sua vez, deu origem a novas
organizações de enfermagem, sob a forma religiosamilitar”. As principais ordens
militares foram: os Cavaleiros de São João de Jerusalém (fundaram dois
hospitais em Jerusalém); os Cavaleiros de São Lázaro (tratavam de
hansenianos); os Cavaleiros Teutônicos.
Período da Unidade Cristã
São Francisco de Assis, era filho de um comerciante da cidade de Assis (Itália),
que não se interessou pelo comércio como desejava o seu pai. Paixão (1979)
destaca que o mesmo “impressionou-se pelas palvras do Evangelho, que
recomendam o desapego às riquezas, resolveu vive-las ao pé da letra”. Muitos
viram no seu exemplo uma forma ideal de se viver, e pediram-lhe orientações
para viverem do mesmo modo, e assim começou a Ordem dos Frades Menores.

Clara Sciffi pediu à São Francisco de Assis uma regra semelhante para as
moças, e assim criava -se o primeiro convento da 2 ª Ordem, depois conhecidas
como Clarissas, e que de acordo com os costumes da época, as irmãs não
podiam gozar da mesma liberdade que os frades, vivendo em clausura, mas
mesmo assim cooperavam no tratamento aos doentes que as procuravam,
dando -lhes remédios e fazendo -lhes curativos .
Período da Unidade Cristã
Período da Unidade Cristã
São Francisco não pretendia criar uma ordem para cuidar
dos doentes, mas os irmãos começaram a visitar hospitais,
dando banho nos doentes, faziam curativos e arrumavam-
lhes os leitos.

O exemplo dessas iniciativas fez com que São Francisco


fosse procurado por pessoas casadas ou retidas no mundo
por outros deveres, que também queriam participar desta
experiência de vida, e assim foi criada a Ordem Terceira,
sendo estas de enorme valor para o progresso da
Enfermagem, pois buscavam para si o cuidado dos doentes
diretamente nos hospitais.
Período crítico da
Enfermagem
“A diminuição do espírito cristão exigia uma reforma, não de sua doutrina [...],
mas dos indivíduos, cujo afastamento dos princípios cristãos era causa da
decadência geral. [...]A união de esforços e ideais semelhantes levou à criação de
novas instituições, ou à reforma de outras, já existentes, de modo a melhor
atenderem às necessidades dos tempos. Por outro lado, espíritos menos
positivos, ao protestar contra abusos, arrastaram a cristandade à quebra de
sua unidade” (PAIXÃO)
Período crítico da
Enfermagem
No início do século XVI, Martinho Lutero, monge alemão, lançou o
grito de protesto que valeu a ele e a seus adeptos, assim como
aos dos muitos grupos que se diferenciaram em seguida, o
nome genérico de protestantes. Lutero, na Alemanha; Henrique
VIII, na Inglaterra; Calvino, na Suíça, foram os principais chefes
que precipitaram diversas nações europeias numa reforma cujo
maior ponto de contato era sua separação da Igreja de Roma.
Com efeito, em pouco tempo, senão desde o início, os três
reformadores imprimiram diferentes orientações aos diversos
grupos religiosos que dirigiam.
Período crítico da
Enfermagem
Cabe aqui destacar a repercussão desses movimentos sobre a Enfermagem. Como em todo
movimento violento, os reformadores foram mais longe do que pretendiam. Assim, renunciando
ao Catolicismo, a Alemanha e a Inglaterra [...] expulsaram dos hospitais as religiosas que se
dedicavam aos doentes. Não dispondo logo de nenhuma organização, religiosa ou leiga, para
substituí-las, foram obrigadas a fechar grande número de hospitais.
Período crítico da
Enfermagem
Só na Inglaterra foram fechados mais de mil. Entre os restantes, foi preciso, da
noite para o dia, recrutar pessoal remunerado para o serviço dos doentes. O
serviço era pesado, a remuneração escassa, absoluta a falta de organização e
supervisão. O pessoal que se apresentava era o mais baixo da escala social, de
duvidosa moralidade. Nessas condições, os mais pobres doentes, enquanto
tivessem alguém para cuidá-los em suas próprias casas, mesmo mal
alimentados e desprovidos de conforto, recusavam-se a ir para um hospital. Os
pretensos enfermeiros desses estabelecimentos deixavam os doentes morrer
ao abandono e lhes extorquiam gorjetas, mesmo aos indigentes. Imperava a
falta de higiene. A comida era detestável e insuficiente. [...] Foi, verdadeiramente,
o período crítico da enfermagem.
Período crítico da
Enfermagem
Para esclarecer os pontos doutrinários atacados pelos
protestantes e tomar as necessárias providências para
a reforma dos costumes, foi convocado pelo Papa o
Concílio de Trento, que durou 18 anos, ou seja, a
Contrarreforma Católica. A questão da assistência aos
enfermos foi estudada com grande cuidado. Constam
das Atas desse Concílio: recomendação aos bispos para
organização, manutenção e fiscalização dos serviços
hospitalares; regras a serem observadas pelos que
servem aos doentes; orientações para a assistência
espiritual nos hospitais, bem como para os religiosos e
religiosas a serviço dos doentes.
Período crítico da
Enfermagem
Essas orientações, além de outras, foram o ponto de partida de numerosas
organizações religiosas dedicadas à enfermagem.

Assim, datam do século XVI: Os Irmãos de São João de Deus (doentes mentais);
os Irmãos de São Camilo de Lellis (auxílio espiritual e profissional aos doentes); as
Irmãs de São Carlos, as terceiras Franciscanas Regulares, foram entre tantas
outras instituições, meios de elevação da enfermagem, ao menos quanto à
dedicação, porém não sob o ponto de vista técnico e científico.
Período crítico da
Enfermagem
A Companhia de Jesus foi fundada
por Santo Inácio de Loyola em
plena Contrarreforma Católica,
no ano de 1534. Ele juntamente
com um grupo de estudantes da
Universidade de Paris, fizeram
votos de obediência à doutrina da
Igreja Católica e foram
reconhecidos por bula papal em
1540.
Período crítico da
Enfermagem
Em pouco tempo espalharam-se em Portugal, tendo sido solicitados por D. João
III como missionários, e adquiriu grande influência no meio social, entre os séculos
XVI e XVII. Os jesuítas, como eram denominados os membros da Companhia de
Jesus, dedicavam-se ao trabalho missionário e educacional, sendo em sua
maioria educadores ou confessores dos reis da época. Os padres jesuítas
tiveram um importante papel na Reforma Católica. Foi deles a
responsabilidades de catequisar e de recatequisar povos e nações inteiras.

Na Alemanha, por exemplo, graças ao empenho apostólico destes padres,


muitos que tiveram simpatia por Lutero, acabaram permanecendo na Igreja
Católica, e não seguiram os pensamentos da Reforma Protestante.
Precursores da
Enfermagem Moderna
No século XVII, a mais importante Ordem Assistencial era a das Irmãs
Agostinianas, e trabalhavam no hospital de Paris à época, o HotelDieu.

O trabalho de Enfermagem das religiosas era limitado, devido às suas


obrigações religiosas, e suas atividades eram dirigidas pelos padres e não por
médicos.

Não era considerado adequado que as freiras conhecessem muito do corpo de


seus pacientes ou de suas doenças, razão pela qual dificultava a eficiência de
seus trabalhos.
Precursores da
Enfermagem Moderna
Um padre francês, Vicente de Paula*, ficou
profundamente interessado nos serviços
de caridade, tanto nos hospitais como nas
casas dos pobres, e quando em visita ao
Hotel-Dieu, impressionou-se grandemente
com a necessidade de um serviço mais
eficiente. Nesta época, a França, país onde
vivia Vicente de Paula, encontrava-se numa
grande agitação, devastada pela Guerra
dos Trinta Anos, levando à cobrança de
excessivos impostos à população.
Precursores da
Enfermagem Moderna
Neste contexto de grande miséria, precária assistência
dispensada aos doentes, amargura e revolta da
população, o então obscuro sacerdote, Vicente de Paula,
começou a criar instituições de caridade, com
características novas até então.

O início de sua obra deu-se de maneira inesperada. Reuniu


várias senhoras e propôs-lhes fundarem uma associação
para socorrer os doentes da paróquia, estava criado
(1617) a Confraria da Caridade.
Precursores da
Enfermagem Moderna
Depois de outras experiências bem-
sucedidas, e que tiveram boa aceitação, foi
chamado a trabalhar em Paris. Na capital a
miséria era enorme. Suas primeiras tentativas
não lograram o êxito que ocorreram nas
aldeias. Faltava pessoal que pudesse atuar
junto aos doentes. Esta dificuldade, fez com
que ele junto com Luiza de Marillac criassem o
Instituto das Filhas da Caridade em 1633.
Pensaram, ambos, em aceitar jovens
camponesas que desejassem dedicar-se ao
serviço dos doentes e pobres, e as colocaram
sob a vigilância das Senhoras da Caridade.
Precursores da
Enfermagem Moderna
A primeira desses jovens foi Margarida
Naseau. Esta iniciativa foi uma verdadeira
revolução nos costumes e mesmo na
legislação canônica da época, pois essas
irmãs viveriam em comum, porém sem
clausura, e andariam livremente pelas ruas
para acudir aos mais abandonados. Dizia
Vicente de Paula “as Filhas da Caridade terão
por mosteiro as casas dos pobres; por cela
um quarto de aluguel; por capela a Igreja
paroquial; por claustro, as ruas da cidade; por
clausura, a obediência; por grades, o temor
de Deus; por ofício, o rosário, e por véu a
modéstia”.
Precursores da
Enfermagem Moderna
É importante notar que para o reerguimento da Enfermagem, estabeleceu
Vicente de Paula dois pontos de imenso valor:
✓ a liberdade de ação de suas Filhas;
✓ a instrução que lhes era dada, para melhor eficiência de seus serviços.

Deviam saber ler e escrever, aprendiam os rudimentos da enfermagem da


época, e possuíam um programa de ética, e recebiam os esclarecimentos
científicos necessários dados por médicos.

Outras tentativas existiram, por iniciativas de outros religiosos, mas não


tiveram a mesma repercussão da empreendida por São Vicente de Paula.
Precursores da
Enfermagem Moderna
Nos países protestantes, a falta de irmãs fez com que os governos tomassem
para si a responsabilidade dos hospitais; a não tendo pessoal qualificado para o
tratamento e serviço com os doentes, se serviram de pessoas da mais baixa
esfera, sendo o tipo comum das enfermeiras, a bêbada, desordeira e de má
reputação.

Os doentes corriam grandes riscos e perigos, em virtude da conduta dessas


pessoas, por isso, somente os mais abandonados eram encaminhados, contra a
vontade, a estes lugares aterrorizadores que eram os hospitais. Algumas
pessoas de boa vontade tentaram reverter este quadro, mas não lograram
tanto sucesso
Precursores da
Enfermagem Moderna
A iniciativa de maior repercussão ocorreu na Alemanha, e iniciou-se em 1836,
quando foi criado o Instituto das Diaconisas em Kaiserswerth, localidade perto
de Düsseldorf.

Esta tentativa, baseada na primitiva organização das diaconisas, foi


desenvolvida pelo Pastor Theodore Fliedner e sua esposa Frederica.
Precursores da
Enfermagem Moderna
Iniciou-se a primeira turma com sete candidatas, e desde o início suas funções
eram: atendimento aos doentes no hospital e no domicílio; economia doméstica;
assistência a crianças pequenas e visitas religiosas.

Essas enfermeiras não faziam votos, não recebiam salários, mas eram mantidas
pela instituição para o resto da vida
Florence Nightingale
Inglesa nascida em 12 de maio de 1820 na cidade de Florença (Itália), daí a
origem de seu nome, era filha de pais ingleses e de família rica. Sua cultura
estava acima entre as moças de sua época.

Sua tendência para tratar enfermos manifestou-se ainda na infância, auxiliando


uma tia que tratava das pessoas da família que estivessem doentes. Procurava
também tratar de crianças e animais doentes.
Florence Nightingale
Aos 24 anos de idade, em 1844, quis praticar o cuidado aos doentes em
hospitais, mas não foi deixada realizar este desejo pela sua mãe. A preocupação
de sua família se dava em virtude de nesta época, o pessoal que cuidava do
serviço de enfermagem era dividido em dois grupos distintos: um grupo muito
pequeno composto de religiosas católicas e anglicanas que começavam apenas
a se organizar; e o segundo grupo, este bastante numeroso, que era formado
por pessoas sem educação, sem moral e que na maioria das vezes encontrava-
se embriagada.
Florence Nightingale
Somente aos 31 anos de idade (1851) conseguiu estagiar durante três meses no
Instituto das Diaconisas de Kaiserswerth, localidade perto de Düsseldorf, na
Alemanha. Este foi o primeiro momento feliz da sua vida, e como relatou em
carta enviada para a sua mãe “Isto é vida. Agora sei o que é viver e amar a
vida”.

Depois deste período, fez estágio de algumas semanas do Hotel-Dieu em Paris,


França, com as Irmãs de Caridade. Realizou diversas viagens ao exterior, e
passou a observar a enfermagem em seu país e em outros países, como França,
Alemanha, Áustria e Itália, e desde então acalentou o desejo de fundar uma
escola de enfermagem em novas bases.
Florence Nightingale

E, apesar de uma campanha em


contrário, conseguiu arrecadar verba
suficiente para custear a ida de 38
voluntárias, entre religiosas e leigas, além
dela própria para Scutari. Evidente que,
como era de se esperar foi por demais
difícil encontrar um número de
enfermeiras experientes e confiáveis, e
teve de recusar numerosas ofertas
daquelas totalmente destreinadas e
inadequadas.
Florence Nightingale

Ao chegarem ao Hospital em Scutari,


depararam-se com total falta de
condição material para o cuidado e
conforto dos doentes e feridos, além de
total indiferença e burocracia por parte
dos oficiais médicos do exército britânico.
Não poupou esforços nem paciência, para
que pudesse colocar em prática o seu
trabalho bem como o de suas
enfermeiras
Florence Nightingale
O trabalho excessivo das enfermeiras, na organização das mais
diversas tarefas, como na organização da cozinha, da lavanderia,
além dos cuidados prestados incessantemente aos doentes e
feridos, teve a satisfação de ver baixar a taxa de mortalidade
para apenas 2%.

Não descansava nunca, e levava a solicitude a ponto de percorrer


as enfermarias, à noite, com sua lâmpada, que era um raio de
esperança para os feridos. Os soldados olhavam-na como a um
anjo, e os oficiais já a encaravam sob outra luz.
Florence Nightingale
Nightingale utilizou os dados estatísticos para criar o diagrama de área polar ou
"coxcombs" (cristas) como ela o chamava. Eles eram utilizados para representar
graficamente as taxas de mortalidade durante a guerra da Criméia (1854-56).

A área de cada fatia colorida, medida do centro como um ponto comum, está
na proporção da estatística que ela representa. A fatia azul externa representa
as mortes.
Florence Nightingale
A esta altura o povo britânico já a havia transformado em uma heroína nacional.

Permaneceu até o final do conflito bélico atuando junto aos soldados feridos, e
quando retornou a sua pátria, recebeu-a um país agradecido que lhe
presenteou com 40 mil libras esterlinas (sendo 9 mil destas subscritas pelos
próprios soldados),
Florence Nightingale
Tornou-se responsável pela completa reorganização de todos os hospitais
militares, ordem esta dada diretamente pela Rainha Vitória. Utilizou as 40 mil
libras esterlinas para a fundação da Nightingale Training School anexa ao St.
Thomas’s Hospital, em 9 de julho de 1860.

Os propósitos ao se fundar uma escola de enfermagem, era nada menos que


reformular a enfermagem em seu país e no mundo inteiro, por meio de novas e
numerosas escolas
Florence Nightingale
Evidentemente que os primeiros anos
desta Escola de Enfermagem, foram de
grandes lutas, pois muitos não
compreendiam a necessidade de
enfermeiras cultas e de elevados dotes
morais, além da necessidade de estudos e
em especial preparação para essas
funções.
Florence Nightingale
Os pontos novos do Modelo (Sistema) Nightingale de educação de enfermeiras
adotados desde o seu início foram:
• Direção da escola de enfermagem por uma enfermeira, e não por médicos,
como ocorria até então, nos raros cursos dados dos hospitais;
• Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional, através da prática;
• Seleção das candidatas sob o ponto de vista físico, moral, intelectual e de
aptidão profissional
Florence Nightingale
Por uma boa parte do resto da sua vida Nightingale esteve acamada devido a
uma doença contraída na Criméia, que a impossibilitou continuar seu trabalho
como enfermeira. Esta doença, entretanto, não a impediu de continuar fazendo
campanha para a melhora dos padrões de saúde. Ela publicou cerca de 200
livros, relatórios e panfletos.
Florence Nightingale
Quando faleceu aos 90 anos de idade, em 13 de agosto de 1910, a Reforma
Nightingale já atingira o Novo Mundo e acompanhava os últimos progressos da
ciência. Ela foi enterrada na Igreja St. Margaret, East Wellow, próximo ao
parque Embley.
História da Enfermagem
no Brasil
A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período
colonial e vai até o final do século XIX.

A profissão surge como uma simples prestação de cuidados aos doentes,


realizada por um grupo formado, na sua maioria, por escravos, que nesta época
trabalhavam nos domicílios
História da Enfermagem
no Brasil
Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de
Misericórdia, que tiveram origem em Portugal. A primeira Casa de Misericórdia
foi fundada na Vila de Santos, em 1543, por BRÁS CUBAS. Em seguida, ainda no
século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde
Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D. Pedro
II e Dona Tereza Cristina.
História da Enfermagem
no Brasil
No que diz respeito à saúde do povo brasileiro, merece
destaque o trabalho do PADRE JOSÉ DE ANCHIETA. Ele não se
limitou ao ensino de ciências e catequeses. Foi além, pois atendia
aos necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro.
Em seus escritos encontramos estudos de valor sobre o Brasil,
seus primitivos habitantes, clima e as doenças mais comuns. A
terapêutica empregada era à base de ervas medicinais
minuciosamente descritas. Supõe-se que os Jesuítas faziam a
supervisão do serviço que era prestado por pessoas treinadas
por eles. Não há registro a respeito.
História da Enfermagem
no Brasil
Outra figura de destaque é FREI FABIANO CRISTO, que durante 40 anos
exerceu atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de
Janeiro (Século XVIII).
História da Enfermagem
no Brasil
A primeira voluntária de enfermagem no Brasil foi Francisca de Sande, que viveu
no final do século XVII, falecendo a 21 de abril de 1702. dedicou sua viuvez aos
cuidados dos doentes, atuando de maneira destacada nas frequentes
epidemias que assolavam a Bahia, improvisando leitos hospitalares em sua
própria residência quando os leitos da Santa Casa já estavam lotados.
História da Enfermagem
no Brasil
Em 1738, Romão de Matos Duarte fundou no Rio de Janeiro a Casa da Roda*,
depois denominada Casa dos Expostos, atual Educandário Romão de Mattos
Duarte

*No Brasil também denominada Casa da Roda ou Casa dos Expostos, “Roda dos Enjeitados (ou “dos Expostos”) é uma prática antiga que surgiu na
Europa, no século XVI. Consistia num dispositivo giratório instalado em conventos onde mães sem perspectivas abandonavam (expunham, na linguagem
da época) seus bebês, que seriam girados para o lado de dentro. O mecanismo funcionava de tal forma que a identidade da mãe não era revelada e os
bebês eram recolhidos e cuidados pelas irmãs”. (SANTOS, 2013)
História da Enfermagem
no Brasil
Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado
aos doentes.

Em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à maternidade que


se conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio de
Andrada e Silva. A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em
1822.
História da Enfermagem
no Brasil
Em 1808 se organizou o ensino médico criando a Escola
de Medicina de Salvador, na Bahia, e oito meses depois
no Rio de Janeiro, por meio da lei de 03 de outubro de
1832, que dava “nova organização ás actuaes
Academias Medico-cirurgicas das cidades do Rio de
Janeiro, e Bahia”, as Academias deram origem às
Faculdades de Medicina.

A escola de parteiras da Faculdade de Medicina do Rio


de Janeiro iniciou em 1832 e diplomou no ano seguinte a
célebre MADAME DUROCHER, a primeira parteira
formada no Brasil
História da Enfermagem
no Brasil
Na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de destacaram e,
entre eles, merece especial menção o de Anna Nery. Nascida em 13 de
dezembro de 1814 na cidade de Cachoeira, Província da Bahia, com o nome de
Anna Justina Ferreira.

Tendo se casado cedo com Isidoro Antônio Nery, oficial da armada, já aos 30
anos enviuvou-se. Teve três filhos, dois médicos (militares) e um oficial do
exército. Segundo Denise Pires (1989) “durante 51 anos de sua vida, Anna Nery
viveu dentro dos padrões típicos das mulheres brasileiras de sua época e do seu
nível social, isto é, dedicada às atividades domésticas e cuidado dos filhos”.
História da Enfermagem
no Brasil
Com o Brasil entrando em guerra contra o Paraguai, e tendo seus filhos
destacados para a frente de batalha, Anna Nery escreveu uma carta para o
Presidente da Província da Bahia colocando-se à disposição do governo para
auxiliar nos cuidados aos doentes nos campos de batalha, à 6 de agosto de
1865. O aceite por parte do governo foi imediato, e uma semana depois, no dia
13, como destaca Denise Pires “a voluntária já embarcou para o Rio Grande do
Sul, de onde seus feitos, no campo do cuidado aos soldados feridos e da
organização das instalações necessárias a esse atendimento, passaram para a
história”
História da Enfermagem
no Brasil
Anna Nery improvisava hospitais onde não existia um, se dedicou de
sobremaneira nos cuidados aos feridos, esteve nas localidades de Curupaiti,
Humaitá, Assunção e Corrientes. Depois de cinco anos participando na Guerra
do Paraguai, cuidando dos feridos de qualquer nacionalidade, ao término da
mesma, voltou para casa trazendo órfãos cujos pais morreram nos campos de
batalha.
História da Enfermagem
no Brasil
Segundo Paixão (1979) “sua dedicação a toda prova, a qualquer hora do dia ou
da noite, valeu-lhe o título de Mãe dos Brasileiros [...] o Imperador D. Pedro II
concedeu-lhe uma pensão anual de um conto e duzentos e condecorou-a com
as medalhas humanitárias de 2ª Classe e de Campanha”
História da Enfermagem
no Brasil
O seu trabalho voluntário, como salienta Denise Pires “não teve qualquer
aproximação com um trabalho de tipo profissional e sim foi motivado pelo
espírito cristão caritativo e pelo sentimento cívico [...] Anna Nery não passou por
qualquer tipo de treinamento profissional e o reconhecimento de seu trabalho
não teve consequência a médio prazo para a estruturação da profissão de
enfermagem”. Faleceu em 20 de maio de 1880, aos 66 anos de idade, na cidade
do Rio de Janeiro.
História da Enfermagem
no Brasil
A saúde no Brasil no início do período republicano

A primeira iniciativa para sistematizar o ensino da enfermagem no Brasil


ocorreu em 1890, com o decreto 791, de 27 de setembro de 1890, com a
criação da Escola Para Treinamento de Enfermeiras e Enfermeiros do Hospital
Nacional dos Alienados, seguindo o modelo do sistema francês para o cuidado
com o doente mental, em virtude da saída das irmãs de caridade e suas
agregadas, que eram responsáveis pelo serviço de enfermagem e pela
administração interna do hospício.
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) O 15 de novembro trouxe modificações na forma de organização dos
serviços de saúde. O caráter federativo da República se reflete no setor saúde.
A descentralização é a lógica da organização do Estado e também da estrutura
organizativa dos serviços de saúde”. (PIRES, 1989)

No começo do século XX, grande número de teses médicas foram apresentadas


sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo
horizontes e novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não
teve influência imediata sobre a Enfermagem
História da Enfermagem
no Brasil
““(...) No nível institucional foram criados, após a proclamação da República,
órgãos de pesquisa na área da saúde como: o Instituto Bacteriológico de São
Paulo em 1892, o Instituto Soroterápico de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e o
Instituto Butantã, também em São Paulo, em 1899. Em 1893, uma lei do Senado
estabelece a criação de serviços públicos civis de assistência individual. Até aqui
as instituições religiosas e de caráter filantrópico é que se ocupavam desta
assistência, além dos hospitais militares e das atividades liberais dos médicos,
cirurgiões e práticos de saúde. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) O método positivista de investigação e de raciocínio só se torna hegemônica
na orientação das políticas estatais, no início de 1900, com as estratégias de
combate à febre amarela, à cólera e à varíola feitas por Oswaldo Cruz. As
epidemias, como a febre amarela, que existe no país desde o século XVII, quando
foi identificada em Pernambuco pela primeira vez, só começam a ser
consideradas problema a ser enfrentado pelo governo no século XIX, pelas
necessidades de intercâmbio internacional e do desenvolvimento econômico. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) A capital federal inicia este século, atormentada pela varíola, pela febre
amarela, pelo sarampo, pela escarlatina, pela influenza, pelas doenças intestinais
e tuberculose. Dessas, as preocupações governamentais se dirigem à febre
amarela e à varíola, porque eram motivo de impedimento para a continuidade
do comércio internacional, para a continuidade da vinda de imigrantes europeus
necessários ao desenvolvimento capitalista e porque atingiam
indiscriminadamente toda a população, todas as classes sociais. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) Em 1902, Rodrigues Alves, (...) assumiu a Presidência da República após uma
campanha eleitoral em cima do projeto de modernização do país, da cultura, da
vida social e da economia. Para modernizar, era necessário transformar a
capital federal em uma cidade limpa e saudável, capaz de mudar a nossa
imagem no cenário internacional. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) Ao assumir o governo federal em 1902, Rodrigues Alves, a fim de efetivar a
sua proposta de modernização e de saneamento da capital federal, nomeou, (...)
Oswaldo Cruz (...) acumula dois cargos, de diretor do Instituto Soroterápico de
Manguinhos, e de diretor do Departamento Federal de Saúde.

(...) define estratégias de organização dos serviços de saúde para enfrentar o


desencontro administrativo do setor e fazer a saúde no Brasil entrar numa
nova fase: a da pesquisa experimental e do conhecimento racional metódico da
ciência positivista, em pleno desenvolvimento nos países industrializados.(...)”
História da Enfermagem
no Brasil
“(...) A vacina obrigatória (...) foi aprovada em outubro de 1904. O povo do Rio de
Janeiro viveu um período de intensas lutas e apreensões neste ano; a
mobilização popular contra as medidas da polícia sanitária conseguiu conter a
aplicação da vacina obrigatória, naquele ano, e canalizou a insatisfação contra
os governos das oligarquias paulistas, que Rodrigues Alves representava, e
contra a continuidade da política instituída no governo anterior (...) A estratégia
modernizadora foi implantada com medidas enérgicas e centralizadas, e na
saúde a campanha da febre amarela, coordenada por Oswaldo Cruz, foi a
pioneira. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
Destaca-se no inicio do século XX a criação da Cruz Vermelha Brasileira, cuja
primeira tentativa é datada de 1907, mas que só foi levado a cabo em fins de
1908, com a cooperação da Sociedade de Medicina. Seu primeiro presidente foi
Oswaldo Cruz, tendo o Governo da República regulado em 31 de dezembro de
1910 a existência das associações da Cruz Vermelha. A Cruz Vermelha Brasileira
desde o seu início pautou-se pelos mesmos princípios que nortearam a criação
da Cruz Vermelha Internacional, a saber:
1. Humanidade – lutando contra o sofrimento e a morte;
2. Igualdade – prestando igual assistência a qualquer individuo, sem nenhuma
discriminação;
História da Enfermagem
no Brasil
3. Proporcionalidade – o auxílio obedecerá a importância relativa às
necessidades individuais e a urgência do caso;
4. Imparcialidade – a atuação da entidade é sem favorecimento nem prevenção
a quem quer que seja;
5. Neutralidade – seguirá sempre a neutralidade militar, política, ideológica,
confessional, social e racial;
6. Independência – a entidade é independente de todo poder e livre de qualquer
influencia;
7. Universalidade – a atuação estende-se a todos os seres humanos em todos
os países.
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A inoperância dos serviços de saúde pública ficou evidente durante a


epidemia de gripe espanhola, que chegou ao Rio de Janeiro em setembro de
1918 e em, menos de dois meses, atingiu mais de dois terços da população da
cidade (...) A sucessão presidencial para o período de 1919-1922, polarizou-se em
torno de Rui Barbosa e Epitácio Pessoa; vencendo este último, (...) estava
colocada a questão do saneamento do país, que tinha destaque em sua
plataforma de governo (...)
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A favorável conjuntura econômica inicialmente observada ensejou um


grande programa de obras públicas, vinculado a importantes compromissos
políticos internos e externos. (...) O presidente eleito criou o Departamento
Nacional de Saúde Pública (DNSP) (...) Carlos Chagas, a quem a descoberta do
Mal de Chagas (1908) granjeara considerável fama nos meios científicos
internacionais, herdeiro de Oswaldo Cruz, como diretor do Instituto Oswaldo
Cruz (1918 – 1934), nomeado diretorgeral do DNSP (1920 – 1934) (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) Carlos Chagas (...) liderou a reforma sanitária e iniciou o programa de


cooperação com a Fundação Rockfeller, consequente à intensificação da
penetração do capital americano em nosso país. (...) jovens sanitaristas (...)
ascenderam politicamente e ‘deram consistência à estratégia de saúde pública’
(...) Não obstante, os princípios liberais positivistas, nos quais fundamentava-se a
autonomia dos estados e a economia essencialmente agropecuária, não
favoreciam uma efetiva política de saúde mais incisiva ou abrangente. Por isso,
o DNSP continuava a restringir suas atividades principalmente à região do
Distrito Federal. A filosofia do trabalho adotada era a de programas
especializados para cada ‘mal’ a ser combatido e de comando centralizado das
ações, na Inspetoria correspondente. (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A Fundação Rockfeller enviou ao Brasil a enfermeira americana Ethel


Parsons, para estudar a situação. Aqui constatou ela que não havia no país
escolas de enfermagem que apresentassem os padrões mínimos adotados nos
‘países anglo-saxões’ e nem enfermeiras treinadas nestes moldes; (...) mas que a
enfermagem era feita por homens e mulheres ignorantes (...) julgava ela que ‘eles
queriam que a enfermagem no Brasil alcançasse os padrões dos outros grandes
países do mundo”. (...)
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) Embora Ethel Parsons desde logo reconhecesse a necessidade de adaptar a


“concepção norte-americana” de enfermagem de saúde pública às condições
locais, acreditava haver “uns tantos princípios fundamentais indispensáveis a
toda organização” (...) Tais princípios tinham como matrizes o sistema
nightingale, o hospital norte-americano, bem como a prática de enfermagem de
saúde pública desenvolvida naquele país (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) O progresso da enfermagem nos Estados Unidos acompanhara a expansão


espetacular da moderna organização hospitalar daquele país, a partir da
década de 70 do século XIX e na primeira década de século 20. Tanto que a
maior parte das escolas de enfermagem americanas fora criada para dar
suporte aos grandes hospitais que surgiam, (...) em 1918, já havia mais de mil
escolas de enfermagem apoiando os serviços hospitalares. (...) A primeira
adaptação do sistema norte-americano ao Brasil “foi o estabelecimento de um
Serviço de Enfermeiras no Departamento Nacional de Saúde Pública”, que
abrangia todas as atividades de enfermagem, e que estava em pé de igualdade,
na estrutura administrativa do DNSP, com as inspetorias médicas (...)
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) O currículo da Escola de Enfermagem do DNSP** era semelhante ao


currículo padrão para escolas de enfermagem nos Estados Unidos, (...) Este
modelo foi seguido ‘tanto quanto possível’: aqui o curso tinha a duração de vinte
e oito meses letivos, com duas semanas de férias anuais; exigência de diploma
de escola normal ou aprovação em prova de seleção; período probatório de
quatro meses; quarenta e oito horas de trabalho semanal, “excluídas as horas
de instrução teórica e de estudo”; direito à residência e pequena remuneração
mensal (...)”
História da Enfermagem
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A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) Ao tempo em que a Escola preparava as futuras enfermeiras para o


trabalho de saúde pública ou hospitalar, também desenvolvia uma forte
inculcação ideológica, segundo a mística da profissão. Do ponto de vista das
enfermeiras norte-americanas a obediência à hierarquia e à disciplina eram os
mais fortes referenciais na avaliação das alunas. (...)”
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A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A medida em que as enfermeiras se iam formando, eram logo integradas ao


projeto sanitário, aperfeiçoando e ampliando o trabalho que já vinha sendo
executado. (...) as enfermeiras brasileiras selecionadas para bolsa de estudos
nos Estados Unidos, ao voltar, passaram a substituir as colegas americanas na
chefia de zonas de enfermeiras distritais(...)”
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A partir de 1926, pode dizer-se que estava sendo criada uma nova
mentalidade sobre a profissão de enfermeira no Brasil: ‘o crescimento
continuado do respeito e confiança no Serviço de Enfermagem e no futuro da
profissão nas mentes do povo brasileiro foi um dos mais importantes
desenvolvimentos de todo o programa de saúde’(...) A implantação da
enfermagem moderna no Brasil foi uma das maiores realizações da reforma
Carlos Chagas. (...)”
História da Enfermagem
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A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) Ao contrário da expectativa de grande parte dos médicos do DNSP, que


ensejava apenas ver resolvidos os problemas mais prementes de sua prática
cotidiana, o projeto da Missão Parsons tinha como propósito lançar bases
sólidas para a introdução de um novo profissional no campo da saúde (...)”
História da Enfermagem
no Brasil
A enfermagem moderna no Brasil: seu início*

“(...) A Missão Parsons transplantou para o Brasil um modelo de enfermagem que


resultara de um processo adaptativo de meio século (...) No Brasil, a emergência
da nova categoria profissional foi ‘consequência de medida governamental e
não produto de consenso social’, uma vez que, com exceção do grupo do DNSP,
‘a sociedade brasileira da época não possuía noções definidas nem sobre o
significado e nem sobre a utilidade de uma escola de enfermagem’(...)”
Considerações Finais
Oguisso e Campos (2013) garantem que buscar “entender o passado da
enfermagem e seu desenvolvimento torna-se útil na medida em que o
reconhecimento das origens da profissão e suas raízes histórico-culturais
operam na qualificação profissional, e estimulam competências não restritas à
técnica, mas à humanização do cuidado – fator indispensável para a
construção de uma sociedade mais justa, base para políticas públicas de saúde”.
Stewart e Dock (1977) afirmam que “o estudo histórico de qualquer arte ou
ciência só tem sentido se ligado ao momento histórico-cultural em que se
manifestou”.

Portanto, se torna sempre atual estudar a nossa profissão, seus avanços, lutas
e conquistas ao longo de nossa trajetória histórica.
Referências
ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). A Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Brasília: s.d. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2020.

ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos


Humanos. Rio de Janeiro: 2009. Disponível em:. Acesso em: 23/03/2020.

ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).O que são os direitos humanos?


Brasília: s.d. Disponível em: . Acesso em: 23/03/2020.

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