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RESUMO
O tema a ser abordado neste artigo tem como base algumas das principais
teses de Alexandre Laureano dos Santos (1996) apresentadas no artigo “O fim da
vida”. Essa temática é parte da Bioética, uma disciplina recente que, segundo Marco
Antônio de Azevedo (2002, p. 23, grifos do autor), pode ser definida como, “o estudo
multidisciplinar dos aspectos morais da investigação e da prática na área
biomédica”. É justamente dentro dessa abordagem e desse amplo espectro de
alcance do discurso bioético onde as questões do final da vida e de suas respectivas
considerações encontram um importante campo de destaque.
2 TÓPICOS
Deste modo, a atitude dos profissionais a serviço da saúde vai além de uma
abordagem técnica e objetiva, pois deve levar em consideração as mais diversas
questões envolventes em cada caso. Aí entram, além do quadro clínico do paciente,
os seus valores emocionais, culturais e religiosos, os quais passam a ser critérios
indispensáveis para uma boa avaliação médica. Não levar em conta os interesses
daqueles sujeitos que são os mais interessados em qualquer tratamento ou cuidado,
a saber, os pacientes e os seus entes queridos, seria uma atitude imprópria. Por
essas e outras razões, faz-se necessário reconhecer algumas abordagens
inadequadas com relação aos pacientes em estado terminal.
Dentre algumas dessas atitudes impróprias, Santos (1996, p. 357) ressalta
que,
[essa] é uma das atitudes clássicas da medicina de todos os tempos [e, por
mais que existam inúmeras técnicas que sirvam a esse propósito] as
medidas terapêuticas comportam riscos e danos os quais, em cada caso,
devem ser cuidadosamente ponderados.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegada esta etapa do trabalho cabe refletir sobre alguns pontos decisivos
expostos nesta pesquisa. O objetivo apresentado no início deste artigo indicava a
necessidade de articular sobre questões referentes à Bioética, no sentido de
apresentar alguns dos seus problemas e indicar possíveis soluções. Neste sentido,
mantiveram-se em foco questões relacionadas aos doentes em estado terminal e à
devida atenção que esses casos, em especial, merecem. Assim, se inquiriu
basicamente sobre quais seriam as melhores práticas e os melhores meios de se
cuidar desses doentes, já que qualquer tratamento que se empreenda nessas
circunstâncias pode ser considerado ineficiente ou, até mesmo, prejudicial ao
paciente.
Deste modo, apresentaram-se quatro objetivos propostos por Santos (1996)
que servem como meios de intervenção nesses pacientes, de maneira que se
alcance tanto o seu bem-estar, quanto o respeito às suas decisões, cultura, religião
e, sobretudo, à vida. Mas vale a pena lembrar: essas regras são apenas meios que
servem para esclarecer qual o papel da medicina frente à vida e à autonomia das
pessoas. E uma atitude correta para cada caso não pode derivar de generalizações.
Para isto, se expôs e discutiu a proposta de Beauchamp e Childress (2013) que trata
de amparar a atitude profissional dos agentes de saúde através da criação de uma
postura moral e psíquica que facilite a tomada de decisões. Segundo o que foi
apresentado, esses autores recomendam a prática de quatro virtudes indispensáveis
na assistência à saúde. Como se viu, são justamente essas virtudes que promovem
um caráter nobre e admirável nos profissionais da saúde que lhes permite tomar
uma decisão correta, tendo sempre em vista a prática do bem e a busca pelo certo.
O profissional respaldado por essas quatro virtudes primordiais saberia, por si
mesmo, qual a melhor atitude a ser tomada em cada caso e não estaria limitado por
um rígido “manual de práticas”, pois teria a liberdade moral para agir por consciência
ao refletir sobre cada caso.
Dadas estas análises, conclui-se este artigo com a certeza de que são de
suma importância as discussões pertinentes à Bioética, à ética biomédica e aos
cuidados com o final da vida; que as considerações técnicas na área da saúde, em
se tratando, principalmente, de pacientes em estado terminal, devem se
fundamentar em atitudes convenientes ao próprio paciente, sempre que estejam em
concordância com o respeito à vida e à autonomia desses mesmos pacientes; os
membros da equipe de assistência à saúde devem estar de tal forma engajados
entre si e com o paciente que consigam proporcionar um ambiente salutar ao seu
estado, como também um cuidado baseado na transparência e na confiabilidade
mútua. Ademais, cabe à própria sociedade e, principalmente, à família do doente lhe
respeitar, acolher e buscar proporcionar a ele o melhor bem-estar possível.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Marco Antônio Oliveira de. Bioética fundamental. Porto Alegre: Tomo
Editorial, 2002.
LIMA, Maria de Lourdes Feitosa. Bioética e o fim da vida: o debate sobre a tomada
de decisão, às portas do infinito. 2013. 69 f. Dissertação (Mestrado em Ciências na
área de Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva) - Programa de Pós-Graduação
em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva, UFRJ/UFF/UERJ/FIOCRUZ, Rio de
Janeiro, 2013.
SANTOS, Alexandre Laureano. O fim da vida. In: ARCHER, Luís; BISCAIA, Jorge;
OSSWALD, Walter. (Coord.). Bioética. São Paulo: Editorial Verbo, 1996.