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CAPÍTULO 8 - NEUROSE

1 - Recalcamento (p.127)

- Trata-se do mecanismo fundamental da neurose


- o recalque não apaga nada. No recalque a realidade é percebida antes de ser
recusada, expelida da consciência
- O que é recalcado não é a percepção nem o afeto, mas os pensamentos referentes à
percepções, os pensamentos aos quais o afeto está ligado.
- O ics é estruturado como linguagem, o que significa dizer que ele se compõe de
pensamentos que só podem ser expressos pela linguagem.

2. Retorno do recalcado (129)

- A existência do sintoma é a única prova do recalque, ou seja, o retorno do recalcado


nos dá notícias da existência do recalque.
- o retorno do recalcado sempre retornará, mas de forma disfarçada, na forma de lapsos,
trocas de nomes, nojo etc.
- em resumo: o retorno do recalcado é um mensagem ao Outro
- o sintoma conversivo também é linguagem pois se trata de um corpo inscrito pela
linguagem.
- embora seja de conhecimento comum dizer que o sintoma obsessivo se manifesta mais
no pensamento e a histeria no corpo, isso não é suficiente para distinguir pois ambos
são dominados pela linguagem e se dirigem ao Outro.

3. Posições do sujeito lacaniano

- Não são os sintomas que definem a H e a NO, mas, fundamentalmente, as posições do


sujeito

4. Histeria e Neurose Obsessiva (132)

- Freud propõe, inicialmente, uma divisão em relação ao sexual: Histeria (nojo e


repugnância) N.O. (culpa e aversão)
- e pensou na divisão em relação aos sintomas: Histeria (sintomas somáticos) , N.O.
(rituais compulsivos).

5. Definições estruturais (134)

- A H. e a NO se diferem em relação a estrutura da fantasia fundamental no que se refere


a relação entre objetos e o Outro.
- Neurose obsessiva: O obsessivo se recusa a reconhecer a afinidade entre o objeto e o
Outro. Isso pq o obsessivo busca neutralizar ou aniquilar o Outro tomando para si o
objeto sem reconhecer a existência ou o desejo do Outro (tem a ver com a ameaça de
castração).
- Histeria: a histeria busca se garantir se fazendo objeto do Outro para que o Outro
deseje. Se faz objeto necessário ao perceber que o Outro é faltoso, incompleto e se
coloca como preenchedor.
- H e NO: Enquanto o NO toma o objeto para si, a histérica busca descobrir o desejo do
Outro para se colocar lá. Enquanto o obsessivo tenta superar a separação no sujeito, a
Histérica tenta superar a separação no Outro. (P.136)
- Neurose obsessiva: o obsessivo se recusa a reconhecer uma afinidade entre o objeto e
o Outro. Isso pq o obsessivo busca neutralizar ou aniquilar o Outro tomando para si o
objeto sem reconhecer a existência ou o desejo do Outro. (relaciona com a ameaça de
castração)
- Histeria: a histérica busca se garantir se fazendo objeto do Outro para que o Outro
deseje. Se faz objeto necessário ao perceber que o Outro é faltoso, incompleto e se
coloca como preenchedor. (O que há em comum, ambos percebem um furo no Outro)
- H e N.O. - enquanto o N.O. toma o objeto para si, a histérica busca descobrir o desejo
do Outro para se colocar lá. Enquanto o obsessivo tenta superar a separação no
sujeito, a H. busca no Outro.
- Matemas ou formulas de Lacan:

Na N.O. a formula da fantasia fundamental é ($ <> a) (p. 135)

Na Histeria a fórmula da fantasia fundamental (a <> A/) (p.136)

no lugar do sujeito, na H. aparece o objeto, identificação ao objeto, por isso “a”


6. Ser no pensamento (obsessão) x ser a causa (histeria) (p.137)

- Os pais são os primeiros Outros da criança, a questão de Ser, portanto, se origina


dessa relação.
- O que sou? aparece na forma de “porque meus pais me tiveram?” “o que querem de
mim?”
- Na estruturação a pergunta muda. Na H. - “sou homem ou mulher?”. Na NO - “Estou
vivo ou morto?” corpo x existência

CAPÍTULO 7 - PSICOSE (P. 91)

1 - A foraclusão e a função paterna

- foraclusão é a rejeição radical de um elemento central da ordem simbólica que, ao ser


foracluído, afeta toda a ordem simbólica.
- Esse elemento é nomeado por Lacan como Nome-do-Pai.
- a foraclusão do nome do pai equivale a ausência ou fracasso da função paterna.
- O que é função paterna? - É uma função simbólica que tem a função de impedir a
relação fusional entre a mãe e a criança, ou, ainda: o Pai protege o filho do désir de la
mère (desejo entre criança e mãe, mãe e criança).
- É uma função que pode ser tanto antecipada quanto, ressuscitada, ou, ainda, solapada
pela mãe. Antecipada: “vc será castigado quando seu pai chegar”; ressuscitada: “o que
seu pai acharia disso?”; Solapada: “Seu pai não sabe do que está falando”. Em resumo,
a atuação da função paterna está submetida a função materna. (p.93)

2 - Consequências do fracasso da função paterna

- A função paterna é determinante na estruturação do sujeito

2.1 - Alucinação (p. 95)


- a alucinação é a primeira via de satisfação da criança, como o processo mais primário
de pensamento.
- a alucinação não é um critério de psicose.
- Nem todas as alucinações são iguais - distinguir alucinações autênticas (certeza) das
demais (dúvida).
- Certeza é a característica da psicose, ao passo que a dúvida não é. Não há margem
para erro ou interpretação. O psicótico sabe!
- Dúvida é a marca registrada da neurose. O neurótico é inseguro. (p.97). A alucinação
na neurose parece ser o resultado da intensidade do desejo. Fantasiam tão
intensamente que a fantasia parece palpável.
- A alucinação autêntica requer um sentimento de certeza subjetiva por parte do
paciente, a atribuição de uma autoria externa e está relacionada ao retorno de fora de
algo que tinha sido foracluído (.p.98).

2.2 - Transtornos da linguagem (p.99)


- “Todos nascemos numa linguagem que não foi criada por nós. Se quisermos nos
expressar perante aqueles que nos cercam, seremos obrigados a aprender a língua
deles - a língua de nossos pais, à qual podemos nos referir aqui como o discurso do
Outro -, e nesse processo tal língua nos moldará: ela molda nossos pensamentos,
nossas demandas e nossos desejos.” A isso Lacan nomeia “Alienação da linguagem”.
- Neurótico na linguagem: tem o desafio de estar na linguagem, de encontrar nela um
lugar para si e de torná-la nossa de alguma forma - exemplo, o léxico não patriarcal, ou
seja, buscamos nos sentir livres, à vontade, numa língua estrangeira, ou seja, que
rompe com a língua dos nossos pais.
- “A alienação nunca é completamente superada, porém ao menos uma parte da língua
acaba sendo subjetivada, tornada própria” (ler 2 p. 99).
- Psicótico na linguagem: ele é subjulgado pelo discurso. “enquanto todos somos
habitados pela linguagem como uma espécie de corpo estranho, o psicótico tem a
impressão de ser possuído por uma língua que fala como se viesse não de dentro, mas
de fora. As ideias que vêm a mente são consideradas como postas alí por uma força ou
entidade externa”.

3- A não reescrita do imaginário pelo simbólico (p.100)

- Estágio do espelho - tem a função de proporcionar uma imagem estruturante, introduzir


ordem ao caos das percepções e sensações, que levará ao EU.
- Mas não basta a imagem produzida pelo estágio do espelho, é necessário que essa
imagem seja validada pelo simbólico, ou seja, ratificada por um Outro. Ao ter a imagem
ratificada a criança internaliza o julgamento do Outro (ideal de eu que tem a função de
ancorar o que se contrói sobre si mesmo e ligar tudo isso a um Outro) (ler p. 100 e 101
- 1).
- Em resumo na neurose: relação entre imaginário e simbólico - o registro imaginário é
reestruturado ou reescrito pelo simbólico, advindo do Outro. (a isso Freud nomeou
Castração e édipo, tendo como consequência o recalque) (p.101 - 2).
- Na psicose: essa reescrita não ocorre. O imaginário permanece predominando na
psicose e não chega a ser assimilado, por isso parece vir de fora e não de dentro
(imitação x assimilação)
- Ausência do ideal do eu que leva a um desnorteamento de si: “tudo da realidade se
desintegra, inclusive o corpo” (corpo despedaçado). Falta o EU que integra, que dá
unidade.
4 - A inabilidade para criar novas metáforas (p.103).

- “comprova-se que a linguagem não é assimilada pelos psicóticos pelo fato de eles
serem incapazes de criar metáforas como os neuróticos sabem fazer. É obvio que usam
metáforas”.
- Graças a imitação o psicótico aprende a falar como todos, o que o leva a passar quase
despercebido, mas falta a metáfora essencial: metáfora paterna.

- Descrição da metáfora paterna: o pai (lei) anula o desejo da mãe (ler p. 104). O pai
exerce a função de separação. (ler 6 p. 105 e 106)
- metáfora paterna como ponto de Capitonê pois cria um significado fundador (p. 107)

5 - Frases interrompidas e neologismos (p.107)

- consequência de uma linguagem que opera sem estrutura assimilada: vozes, fala
fragmentada
- A fala só tem sentido a posteriori, retroativamente (p. 108):
Nachträglichkeit

- Na psicose: a interrupção de uma frase proferida pela voz ouvida pelo psicótico rompe
a cadeia que vinha se formando e expõe seus componentes como coisas isoladas. As
palavras são coisas.

6 - O predomínio das relações imaginárias (109)

- Ponto fundamental para diferenciar a Neurose e a Psicose.


- O Neurótico deixa claro ao analista que sua queixa principal é quanto ao Outro
simbólico.
- O psicótico entra em conflito com aqueles que estão tentando usurpar algo, seu lugar.
- Isso acontece pois uma vez que o psicótico não conseguiu assimilar o Outro ele só
consegue encontrar o outro, imaginário.

7 - A invasão do Gozo (110)

- O corpo na neurose é essencialmente morto, socializado, domesticado.


- Na psicose o corpo é inundado pelo gozo, invadido.
Neurose Psicose Perversão Autismo

- instalação da função - fracasso da função - insuficiência da função - recusa da função


paterna paterna paterna que permite que paterna
se negue/desminta a
existência da função
paterna.

- passou pela alienação - não passou nem pela - passou pela alienação. - passa parcialmente
e pela separação alienação, nem pela mas não pela separação pela alienação, não
separação passa pela separação.
“Está na alienação,
mas a recusa” Maleval

- assimilação da - não assimilação que - não é fornecido nenhum - O autista parece


estrutura essencial da leva a um discurso significante capaz de restrito à relação entre
linguagem. “A palavra é fragmentado simbolizar a falta. coisa e significante
a morte da coisa”

- primazia da dúvida - primazia da certeza - sinismo - recusa

- inibições da pulsão - desinibida colocação - se exibe ao Outro “sei


(acting out) em ato (passagem ao que foi proibido, mas
ato) vou encenar essa
exação ou essa
imposição com alguém
que ocupe o lugar dele,
farei essa pessoa
pronunciar a lei” (p.190)

- mais prazer na fantasia - falta uma unidade ao - Há fantasia na perversão - a borda erógena
que no contato sexual corpo que lhe permitiria de um gozo interminável. impede acesso à
direto (desejo)
prazer na fantasia - (demanda) fantasia (p. 32)
corpo assombrado

- a neurose é uma - o psicótico sofre em - a perversão como uma - o autista se esforça


estratégia em relação ao função de uma invasão estratégia a respeito do para manter as coisas
gozo - acima de tudo, incontrolável do gozo gozo: envolve uma em ordem, imutáveis.
sua evitação em seu corpo tentativa de estabelecer Gozo do um. “Vontade
limites para ele. (p194) de imutabilidade”

- recalque (Verdrangung) - foraclusão (Verwerfung) - desmentido - Elisão (Vermeiden)


(Verleungnung)

- retorno do recalcado - delírio - fetiche - angústia


(sintoma)

- conjunto de estratégias - a castração sequer é - desmente a castração


para protestar contra a registrada para negar sua
castração existência

- desejam norteados profunda e completa - tentativa de respaldar a


pela lei. instauração ausência da lei lei para estabelecer os
definitiva da lei. “o limites para o gozo. Luta
desejo é uma defesa, para fazer o Outro existir.
proibição de ultrapassar Não deseja em função da
um limite no gozo” lei, ou seja, não deseja o
Lacan (escritos) proibido, por isso busca
fazer a lei existir.

- culpa - vergonha - vontade de gozo - vontade de


imutabilidade

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