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1 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS
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“Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.”
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Em relatório recentemente produzido pelo Ministério da Fazenda, à mando do Ministro Antônio Palloci,
verificou-se que, em média, no processo há uma desvalorização de 70% do valor buscado. Por exemplo,
caso o valor da causa corresponda a R$ 50.000,00, o autor perde o equivalente à R$ 37.946,00 (trinta e
sete mil, novecentos e quarenta e seis reais). Além da considerável desvalorização do valor, a parte espera
oito anos para obter o bem da vida almejado. Segue ilustrativo gráfico indicado no relatório:
Teoria que foi originalmente construída, ou melhor, reconstruída, pela teoria geral
da administração, aos poucos conquista seu espaço no ambiente jurídico, mormente na
atuação dos advogados, em virtude sua forma eficaz de administrar os conflitos.
Incorporando conhecimentos das mais diversas áreas, desde psicologia até
economia, as técnicas de negociação ajudam os negociantes a construir novas soluções
que apazigúem todas as partes.
Inicie-se, pois, os comentários sobre as técnicas de negociação trazendo a baila o
conceito de conflito e suas características.
2 O CONFLITO
3. TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO
A decisão que será criada ao final da “estratégia” imposta pelo Direito positivo, não
pode ser classificada com uma decisão correta ou equivocada. Ela deve ser encarada
como conveniente ou inconveniente para as partes. O problema da estratégia de
conflitos emoldurada nos ordenamentos brasileiros é a desconsideração do contexto em
que uma decisão, tecnicamente correta, será aplicada, preocupando-se apenas em
determinar o que dispõe a norma legal. Hobbes já dizia que a justiça consiste apenas em
uma prudência racional em contextos em que a cooperação de terceiros é condição para
se obter aquilo que se deseja.
Para alcançar uma maior quantidade de situações de êxito durante um conflito, as
partes devem dominar as possíveis estratégias de condutas de negociação (ou melhor,
pacificadoras), levando em consideração que para cada momento do processo e para
cada sujeito deve haver uma ação específica. Deve-se estar preparado para as possíveis
reações de suas ações e deter o conhecimento das conseqüências destas para a
negociação.
Então, emoldurar uma estratégia de forma genérica impossibilita, na maioria das
vezes, a maleabilidade necessária para alcançar o consenso. Os diversos conflitos que
são gerados no bojo das relações humanas sofrem influência de diversas variantes que
devem ser considerados no caso concreto.
A possibilidade adoção de novas estratégias para a solução de conflito obriga ao
hodierno bacharel em Direito a dominar as técnicas de negociação, para gerir de forma
eficiente todo o processo de conflito. Estas técnicas são mais adequadas para tratar
alguns tipos de conflito, porque analisam as diversas variantes que influenciam estes,
levando em consideração vastos arsenais de meios psicológicos, indutivos e
persuasivos, e novas formulações jurídicas, permitindo a criatividade das soluções.
Os mecanismos tradicionais como a força, o poder e a autoridade
perderam, assim, espaço, no mundo contemporâneo, cedendo lugar
aos métodos negociais, em que cada vez mais se tem consciência da
necessidade de se obter consentimento da outra parte como método
construtivo e de resultados duradouros para a produção de contratos e
a resolução de controvérsias.
Sobretudo, houve uma mudança de paradigmas, passando-se da
metodologia do confronto e da manipulação para a teoria dos
métodos cooperativos (ROSSANI GARCEZ, 2004, p. 5).
4 CONCLUSÃO
Como foi aludido anteriormente, existem diversas técnicas de negociação, mas todas
elas são adequadas para a identificação dos verdadeiros interesses no local das posições,
e para alcançar novas possibilidade de ganho mútuo. Os advogados, que
tradicionalmente são inovadores, devem mudar também a concepção atual de solução de
conflito e disseminar todas essas formas e métodos eficazes de solução, para proteger os
interesses de seus clientes.
As faculdades de direito, infelizmente, ainda não se atentaram para a pertinência do
tema, e o bacharel recém formado, em sua maioria das vezes, sai desqualificado para
utilizá-las. Preocupa-se tanto em explicar o prazo do processo ou a intervenção de
terceiros que se esquecem que a identificação do conflito é a mais eficiente forma para
disseminar a paz entre as partes.3
O reconhecimento dessas técnicas e sua inserção na bagagem de formação do futuro
advogado faz-se indispensável atualmente, bem como sua função aplicação pelo
advogado inteirado com as necessidades de seus clientes.
REFERÊNCIA
FISHER, Roger; URY, William. Como chegar a um sim: a negociação de acordos sem
concessões. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
3
Calha constar que os Curso de Direito da Universidade de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas law já
inseriram a matéria nas grades curriculares dos seus cursos de pós-graduação, lato e strito senso, buscado
adequar-se às novas técnicas.
LUHMANN, Niklas. A restituição do décimo segundo camelo: do sentido de uma
análise sociológica do Direito in Niklas Luhman: do sistema social à sociologia
jurídica. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2004.
MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula de. Negociação: como transformar
confronto em cooperação. São Paulo: Atlas, 1997.
PUGLIESI, Mário. Conflito, estratégia, negociação: o direito e sua teoria. São Paulo:
WVC Editora, 2001.