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ATUALIDADES

Atualidades Mundo

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
ATUALIDADES
Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Atualidades Mundo.. ........................................................................................................................................................4
1. A População Mundial.................................................................................................................................................4
1.1. População Global: Aspectos Globais em 2020.......................................................................................4
2. Atualidades da América Latina e dos EUA (+ Coreia Do Norte)........................................................8
2.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de História. ...........................8
2.2. A Esquerdização na América Latina na Década de 2000 e o Atual Momento
Político e suas Diferenças (2020/2021).............................................................................................................9
2.3. Atualidades e a diáspora na América Latina..........................................................................................15
2.4. UNASUL X PROSUL..............................................................................................................................................16
2.5. O MERCOSUL. . ..........................................................................................................................................................17
2.6. A Venezuela.............................................................................................................................................................. 24
2.7. Os Estados Unidos Hoje....................................................................................................................................29
3. Atualidades da Europa, do Oriente Médio, da Rússia e da China..................................................46
3.1. A Europa, a União Europeia e seus Contextos Atuais Mais Importantes.............................46
3.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente. ...................................................................50
3.3. Rússia...........................................................................................................................................................................71
3.4. China.............................................................................................................................................................................85
4. Atualidades Relacionadas a Temas Globais.............................................................................................92
4.1. Tecnologia Entretenimento. . ...........................................................................................................................92
4.2. O Aquecimento Global......................................................................................................................................113
4.3. A Questão do Ártico..........................................................................................................................................127
5. A ONU e os Gs...........................................................................................................................................................135
5.1. A ONU.........................................................................................................................................................................135
5.2. Os Gs...........................................................................................................................................................................136

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Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

Apresentação
Caro(a) aluno(a), é um prazer imenso estar junto a você nesta etapa de preparação rumo à
conquista de algo tão importante na vida: a estabilidade profissional no serviço público.
Peço licença para me apresentar. Meu nome é Luís Felipe Ziriba, sou formado em Geo-
grafia pela Universidade de Brasília (2004) e também sou servidor do INCRA – SEDE, desde
2008, como Analista em Desenvolvimento e Reforma Agrária. Ministro aulas para concursos
desde 2001. Comecei a lecionar aos 20 em pré-vestibulares, tendo seguido para concursos de
admissão à carreira militar, como EsPcex, EsA, entre outros, nas disciplinas Geografia Geral e
do Brasil. Lecionei as mesmas disciplinas também em preparatórios para cursos de admissão
à carreira diplomática – o Instituto Rio Branco –, para, já no início da década passada (2010),
partir também rumo ao desafio de lecionar as matérias Atualidades do Brasil e Mundo, além de
Realidade/Atualidades do Distrito Federal.
Assim, entre tantas matérias diferentes e interessantes, lá se vão mais de 18 anos prepa-
rando alunos com conteúdo de Geografia e Atualidades, nos melhores cursos do Distrito Fede-
ral, para os mais concorridos concursos do Brasil.
Bom, vamos ao que realmente importa a você, e obrigado pela atenção, pois o tempo urge!
Com vistas a auxiliá-lo(a) em nossa aula e na preparação para concursos, dividi este nosso
interessante material de Atualidades do Mundo em SEIS partes, ok? Então, vamos a elas:
• A POPULAÇÃO MUNDIAL;
• ATUALIDADES DA AMÉRICA LATINA E DOS EUA (+ COREIA DO NORTE);
• ATUALIDADES DA EUROPA, DO ORIENTE MÉDIO, DA RÚSSIA E DA CHINA;
• ATUALIDADES RELACIONADAS A TEMAS GLOBAIS: TECNOLOGIA, ENTRETENIMENTO E
MEIO AMBIENTE;
• A ONU e os Gs.

Destaco por fim, caro(a) aluno(a), ser extremamente necessário que realize a leitura in-
tegral dos temas abaixo – e seus respectivos textos complementares, mesmo que haja em
editais recortes balizando períodos específicos, tal como pode (e costuma) acontecer. Tenha
em mente que, apenas promovendo a leitura retórica acerca dos temas, desde seu início até o
fim, se tornará possível, portanto, a clarificação dos contextos mais recentes de atualidades.
Juro que não há como fugir disso! Pode confiar nessa informação. A disciplina de Atualidades
não está restrita, simplesmente, a uma coleta de notícias com base no(s) recorte(s) estipula-
do(s) pelos editais. Em Atualidades, existem contextos que devem ser percebidos enquanto
seus espaços geográficos, agentes, ocasiões e antecedentes, sobretudo, para que possamos,
portanto, atingir o nível necessário de conhecimentos pedidos pelas bancas em concursos.
Então, vamos começar. Peço, por favor, que faça o caderno de exercícios apresentado como
fixação de conteúdo e acréscimo didático e avalie meu curso em nossa plataforma. Obrigado!
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 Obs.: Aula atualizada em outubro de 2022.

1. A População Mundial
1.1. População Global: Aspectos Globais em 2020
Pirâmide Etária Global em 2020:

A população global em 2020 era de 7,7 bilhões de habitantes, e esse número continuará a
aumentar. As previsões para 2030 são de 8,5 bilhões (aumento de 10%); 9,7 milhões em 2050;
e 10,9 milhões em 2100.
Maiores países (2018):
• 1. China: 1.384.688.986;
• 2. Índia: 1.296.834.042;
• 3. Estados Unidos: 329.256.465;
• 4. Indonésia: 262.787.403;
• 5. Brasil: 208.846.892;
• 6. Paquistão: 207.862.518;
• 7. Nigéria: 195.300.340;
• 8. Bangladesh: 159.453.001;
• 9. Rússia: 142.122.776;
• 10. Japão: 126.168.156.
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Veja abaixo a dança das cadeiras dos contingentes populacionais globais, com dados da
ONU e intervalos de 1990 a 2100:

• O bônus demográfico: em alguns países em desenvolvimento, o alto crescimento popu-


lacional em décadas anteriores promove agora oportunidades econômicas, à medida
que essas nações (o Brasil incluso) possuem, de fato, grande contingente de adultos –
ou seja, de força de trabalho ou PEA (População Economicamente Ativa). Sendo assim,
é dever dos governos locais saberem como promover a seu favor esse tal “bônus de-
mográfico”, com vistas a canalizar tal abundância de mão de obra na produção de valor
econômico, através da consolidação de políticas de ofertas de empregos.

O Brasil é um dos países com maior quantidade de adultos no mundo atualmente, com
quase 60% de PEA.
• As taxas de fecundidade: a taxa de fecundidade – ou seja, o número médio de filhos
por mulher em idade reprodutiva – é um indicador que revela bastante sobre a fase de-
mográfica em que determinada sociedade se encontra. Globalmente, as mulheres vêm
tendo menos bebês, mas as taxas de fecundidade (o número médio de filhos por mu-
lher em idade reprodutiva) ainda permanecem elevadas em algumas partes do globo.
Hoje, cerca de metade da população global reside em áreas onde a taxa de fecundidade
é menor que 2 filhos por mulher (taxa do tipo não repositiva), incluindo o Brasil. A maior
média de filhos por mulher no Planeta ocorre na África Subsaariana, com 4.6. Em Níger,
este indicador chega a 7 filhos por mulher, em média.

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Em termos globais, a fecundidade caiu de 3,2 filhos por mulher em média, em 1990, para
2,5, em 2019.

A expectativa de vida: a expectativa de vida no mundo subiu de 64,2 anos, em 1990, para
72,6 anos, em 2019.

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• Envelhecimento populacional: a população mundial está envelhecendo, sendo que o


grupo etário que mais cresce no Planeta é de pessoas acima de 65 anos. Atualmente,
9% da população global possui mais de 65 (em média parecida com a brasileira), sendo
que em 2050, essa taxa será de 16%. Na Europa, este indicador deve estar, em 2050, em
alguns países (e também no Japão), na casa dos 35-40%.
• A depressão populacional: um número crescente de países experimenta uma redução
no tamanho da população. Desde 2010, 27 países ou áreas sofreram uma redução de
1% na dimensão das suas populações. Isso é causado por baixos níveis de fertilidade e,
em alguns lugares, altas taxas de emigração.

Entre 2019 e 2050, projeta-se que as populações diminuam em 1% ou mais em 55 países


ou áreas, dos quais 26 podem ver uma redução de pelo menos 10%.
Na China, por exemplo, prevê-se que a população diminua em 31,4 milhões, ou 2,2%, entre
2019 e 2050.
• O contexto migratório: entre 2010 e 2020, 14 países ou áreas terão uma entrada líquida
de mais de 1 milhão de migrantes, ao passo que dez países terão uma saída líquida de
migrantes de dimensões similares. Algumas das maiores saídas de migrantes são im-
pulsionadas pela demanda por trabalhadores migrantes (Bangladesh, Nepal e Filipinas)
ou por violência, insegurança e conflito armado (Mianmar, Síria e Venezuela). Belarus,
Estônia, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Rússia, Sérvia e Ucrânia terão uma entrada
líquida de migrantes ao longo da década – o que ajudará a compensar perdas popula-
cionais causadas por um excesso de mortes em relação aos nascimentos.

Segundo o diretor da Divisão de População do Departamento das Nações Unidas de Assun-


tos Econômicos e Sociais, John Wilmoth,

Esses dados constituem uma parte crítica da base de evidências necessárias para monitorar o pro-
gresso global rumo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. [...]
Mais de um terço dos indicadores aprovados para uso como parte do monitoramento global dos
ODS confiam em dados do Perspectivas Mundiais de População.

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Expectativas de crescimento populacional 2020-2025:

2. Atualidades da América Latina e dos EUA (+ Coreia Do Norte)


2.1. A América Latina: Conceito Cultural e Geográfico e um pouco de
História

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O conceito (termo) América Latina atende a um viés cultural que se encontra relacionado
aos países que possuem línguas latinas (no caso, português, castelhano e francês) como sen-
do línguas oficiais.
A região em tela engloba 20 países (em azul no mapa acima): Argentina, Bolívia, Brasil, Chi-
le, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Vale destacar
que no subcontinente da América do Sul não constam dentro desta divisão dois países: o Su-
riname e a Guiana.
No caso do subcontinente da América do Norte – Estados Unidos, Canadá e México –,
apenas o mais ao sul é considerado um país latino-americano.

 Obs.: Não é necessário decorar o nome de todos os países da América Latina, mas é fun-
damental que entendamos o contexto linguístico-cultural de tais países dentro desta
importante esfera de regionalização.

Considera-se que o termo “América Latina” foi utilizado pela primeira vez no ano de 1856
pelo filósofo chileno Francisco Biloba e, no mesmo ano, também pelo escritor colombiano
José María Torres Caicedo, sendo expressão aproveitada pelo imperador francês Napoleão III
durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França – e excluir, assim, os
anglo-saxões – entre os países com influência na América, citando também a Indochina como
área de expansão da França na segunda metade do século XIX. Devemos também observar
que na mesma época foi criado o conceito de “Europa Latina”, que englobaria as regiões de
predomínio de línguas românicas. Michel Chevalier, político e economista liberal francês que
mencionou o termo “América Latina” em 1836, durante uma missão diplomática feita aos Es-
tados Unidos e ao México, o fez com o mesmo objetivo de Napoleão III – ou seja, atrair para o
seio da França os países em descolonização na América.

2.2. A Esquerdização na América Latina na Década de 2000 e o


Atual Momento Político e suas Diferenças (2020/2021)
Um processo político de extrema relevância observado na América Latina se encontra na
entrada no poder de uma série de governos de esquerda ao longo da década de 2000 (2001-
2010), em inúmeros países da América do Sul. Foi um período de apogeu na ascensão de
governos de esquerda, todos eleitos democraticamente, tendo seu início em 1999, na Vene-
zuela, quando Hugo Chávez toma posse pela primeira vez e declara que seu país, a partir de
então, tornar-se-ia uma “República Bolivariana”.
Essa mesma retórica de Chávez fora também utilizada pelos Presidentes Rafael Correa,
do Equador (Presidente entre 2007-2017), e Evo Morales, da Bolívia (Presidente entre 2005-
2017), todos inspirados por Cuba – uma República socialista desde 1959 comandada pelos

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ditadores Fidel Castro e seu irmão Raul Castro até bem recentemente. Cuba, inclusive, em
2018, passou o bastão da presidência para o engenheiro Miguel Canel. E outros países adota-
ram também (via democrática) governos de esquerda ao longo da década de 2000 (contudo,
menos radicais que Venezuela e Bolívia), tais quais o Brasil, com Lula e Dilma, a Argentina (com
Christina Kirchner) e o Chile (Michelle Bachelet).
Contudo, caro(a) aluno(a), o mapa político latino-americano que “avermelhou”, tal qual vi-
mos acima, entre o fim da década retrasada (que abrange de 2001 a 2010) e o início da déca-
da passada (2011 a 2020), sofreu mudanças consideráveis. Se há exatos 10 anos (em 2011
– e muita atenção a isso), apenas Colômbia e Suriname ostentavam Presidentes de direita,
estando todos os outros países (incluindo Brasil, com Dilma, e a Argentina, com Christina Kir-
chner) com Presidentes à esquerda, de lá (2011) até aqui (2022), houve transições significati-
vas neste quadro.

Mas quais foram estas mudanças?

Respondo: é simples. Uma série de países que optaram nessa época (década de 2000) por
governos declaradamente de esquerda, em sua maioria, cambiou pelas mesmas vias demo-
cráticas rumo a governos de direita em tempos mais recentes. Vejamos abaixo os casos mais
importantes, então:
• Brasil: Michel Temer (direita) sucede a Dilma Rousseff (esquerda) em 2016, sendo se-
guido pela eleição de Jair Bolsonaro (direita mais radical) em fins de 2018;
• Paraguai: Fernando Lugo, o único Presidente de esquerda do Paraguai em todos os
tempos, assume em 2008, sendo impichado em 2012. O atual mandatário local se cha-
ma Mario Benítez, que tomou posse em 2018, estando vinculado aos quadros da direita
radical paraguaia, tendo sido seu pai, inclusive, ajudante de primeira ordem do ditador
Alfredo Strossner;
• Uruguai: após 15 anos de governos de esquerda (Pepe Mujica e Tabaré) em fins de 2018
o Uruguai elege Luis Lacalle Pou, Presidente de viés político de direita;
• Peru: Pedro Pablo Kuczynski toma posse em 2018 (Presidente de direita), sucedendo
Ollanta Humala (Presidente de esquerda), sendo, contudo, preso por corrupção no final
de 2018, ao longo do mandato. Em 17 de abril de 2019, uma tragédia se sucede no país,
quando o ex-Presidente Alan Garcia (centro-direita e possuidor de 2 mandatos entre
2005-2011), acusado de corrupção, estando prestes também de ser preso, se suicida
com um tiro na cabeça ao ver a chegada da polícia em sua residência para cumprimento
de mandado de prisão. Todos esses Presidentes peruanos são acusados de corrupção
envolvendo, entre outras empresas, a construtora brasileira Odebrecht. Em junho e julho
de 2021, houve eleições pareando a candidata de direita Keiko Fujimori e o de esquerda
Pedro Castillo, com vitória apertada para o segundo;

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• Chile: Sebastián Piñera (Presidente de direita) toma posse em março de 2018 para as-
sumir o lugar de Michelle Bachelet (Presidente de esquerda). Vale destacar que há mais
de 15 anos o Chile vem alternando, por vias democráticas, governos de esquerda e de
direita, com estes dois personagens citados sempre ao centro. Agora se encontra na vez
da esquerda, com a eleição em 2022 de Guilherme Boric, de apenas 35 anos, no lugar do
direitista Sebastian Piñera;
• Argentina: finalmente, em nosso vizinho vale destacar que o presidente Maurício Macri
(de direita) assume em 2016, substituindo Cristina Kirchner (política declaradamente
de esquerda), sem grande apoio popular e buscando realizar reformas estruturais, tais
quais a previdenciária, além de tentar promover cortes em salários e combate ao déficit
orçamentário apoiando-se em uma agenda neoliberal de direita.
− Em 2018, a economia regrediu (queda no PIB) em torno de -2%. A mesma previsão era
esperada para 2019 e se confirmou;
− A inflação de 2018 na Argentina foi uma das 5 mais altas no Mundo, atingindo o índi-
ce de 48% a.a. Em 2019, a taxa subiu ainda mais, para além dos 50% ao ano;
− Em 2018, o peso argentino sofreu a incrível desvalorização de 115% em relação ao
dólar;
− Outros indicadores econômico-sociais iam (e ainda vão) muito mal na Argentina. O
desemprego atinge taxa de mais de 10%, sendo que a pobreza já se instalou em 32%
da população total do país;
− Com vistas a respirar um pouco mais aliviada em meio à crise, em 2018 a Argentina
solicitou ao FMI a maior ajuda já paga pelo fundo monetário em toda sua história,
recebendo nossos vizinhos mais de US$ 57 bilhões;
− Como resultado, após 3 anos completos de governo, Maurício Macri viveu em seu
último ano de mandato (2019) um cenário de enorme insatisfação popular. E os nú-
meros não nos deixariam mentir. Em 2019, o nosso vizinho mais importante expe-
rimentou mais um ano de aguda crise econômica e Macri ao fim do ano perde as
eleições para o grupo político oposicionista de esquerda.

Em fins de outubro de 2019, como reflexo principalmente da crise econômica, o presidente


Mauricio Macri perde as eleições na Argentina e não consegue se reeleger. O grupo de Cris-
tina Kirchner (ex-Presidente de esquerda) volta ao poder, após 4 anos fora capitaneado pelo
candidato de centro-esquerda Alberto Fernández. Kirchner fica com a Vice-Presidência, e
Fernández se torna Presidente – destaco: com uma plataforma de governo de esquerda.

E assim, caro(a) aluno(a), espero que tenham compreendido bem estes dois processos. Ou
seja, a esquerdização da década de 2000 e a volta de governos a direita, principalmente entre
2015-2018 na América do Sul (como no Brasil, Chile e Argentina). Contudo, para efeitos de pro-
vas de Atualidades e do tema político na América do Sul, podemos afirmar que hoje em dia, em

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fins de 2022, a América do Sul vivencia mais uma onda “esquerdizante” novamente. Porém, os
rachas são imensos atualmente, e um novo balanceio (se é que isso é possível) entre governos
de esquerda e direita é a tônica nesta década de 2020 que se inicia, com Argentina (esquerda
novamente) e Brasil (direita), por exemplo, sem contar a manutenção de Nicolás Maduro na
Venezuela (esquerda) e a eleição de Luis Arce, do Movimento ao Socialismo, um afilhado polí-
tico de Evo Morales, na Bolívia (ambos de esquerda), mas com o Equador, Paraguai e Uruguai
com novos (desde 2018) presidentes de direita. Já o Chile retorna a esquerda, assim como o
Peru e, finalmente, a Colômbia.
Veja abaixo quem são atualmente os Presidentes na América do Sul – dados de 1º de se-
tembro de 2022 – com o novo Presidente Guilherme Boric (de esquerda) do Chile, eleito em fe-
vereiro de 2022 e o da Colômbia também, com o novo presidente eleito (de esquerda também,
Gustavo Petro), já inclusos:
• BRASIL: Jair Bolsonaro (direita);
• ARGENTINA: Alberto Fernández (centro-esquerda);
• URUGUAI: Luis Lacalle Pou (direita);
• CHILE: Gabriel Boric* (esquerda) *Eleito em lugar de Sebastian Pinera de direita;
• PARAGUAI: Mario Benítez (direita);
• BOLÍVIA: Luiz Arce (esquerda);
• PERU: Pedro Castillo* (esquerda). *Eleições em julho de 2021 e eleição do Presidente de
Esquerda;
• EQUADOR: Guillermo Lasso (direita);
• COLOMBIA: Iván Duque Márquez (direita);
• VENEZUELA: Nicolás Maduro (esquerda);
• SURINAME: Chan Santokhi (direita).

 Obs.: A Guiana não possui qualquer expressão político-ideológica nem geopolítica no sub-
continente sul-americano. Já a Guiana Francesa é governada pelo governo central
da França.

TEXTO COMPLEMENTAR
As eleições na COLÔMBIA
Após Chile e Peru elegerem um Presidente de esquerda, chega a vez da Colômbia.
Um fato é inegável: após a década de 2010-2020, com o sub-continente passando por
uma onde de governos de direita eleitos em substituição a governos de esquerda que
domiram o sub- continente nos anos 2000 eleitos desde Hugo Chavez, em 1999. O
momento atual novamente pende favorável à esquerda, com as eleições de presidentes
de esquerdas na Argentina (Alberto Fernandez, em 2019), no Peru, com Pedro Castillo,
eleito em fins de 2021, assim como o Chile, com Guilherme Boric e, finalmente, a Colôm-
bia.
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O nosso vizinho ao norte é um país que jamais havia sido governado por uma figura
de vinculação ideológica de esquerda, algo, inclusive, raríssimo na América Latina. Uma
Colômbia sempre governada pela direita a qual se dividia entre os partidos Blanco e
Colorado, agora vê tomar posse o economista e ex-guerrilheiro Gustavo Petro, vencedor
das eleições por margem apertada contra Rodolfo Hernandéz, rival conhecido como
sendo o “Trump Colombiano”. Com a vitória de Petro, dos 12 países de América do Sul
só quatro possuem em fins de 2022 governos de direita, podendo esse número se redu-
zir a três com as eleições de Outubro no Brasil.
Por fim destaco que, se em prova de Atualidades mencionarem a expressão “onda
rosa”, este termo se refere à esquerdização que já fora, inclusive, mencionada nesta
aula. Ou seja, vem à luz em função de governos eleitos democraticamente, em especial
na década de 2000, vinculados estes à ideologia esquerda. Agora, atualmente, o que se
percebe é o retorno de governos de esquerda, com alguns, inclusive, ao que tudo indica,
revestidos de uma roupagem considerada mais moderna, como no Chile, outros repro-
duzindo o mais do mesmo, como no caso da Argentina, com a eleição de Alberto Fer-
nadez e no Brasil (e isso não é uma crítica, longe disso) se Lula for eleito nas eleições
de 2022.

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Vemos, portanto, que dentre as 11 nações principais da América do Sul independentes


(com a exceção da Guiana), temos o “placar” em fins de 2022, após a consolidação do resulta-
do das eleições peruanas e colombianas, de 6 países à esquerda e 5 à direita.

TEXTO COMPLEMENTAR
O “RECHAZO” CHILENO À NOVA CONSTITUIÇÃO.
O Chile é atualmente o país mais desenvolvido em nosso sub – continente Sul- Ame-
ricano, isso ao levarmos em conta, por exemplo, indicadores econômicos e sociais, tais
quais o PIB per-capita e IDH. Eis que em fins de 2019, a população chilena foi as ruas
pedir uma nova assembleia constitucional, à medida que a carta atual era considerada
um resquício de autoritarismo, visto ter sido promulgada sob os auspícios do Presiden-
te Pinochet, ditador militar que tomou o governo em 1973, governando por 17 anos o
país andino com mão forte e uma política economica inclinada ao neo-liberalismo.
O atual presidente Gabriel Boric, recém-eleito, foi um dos líderes das manifestações
de 2011, preliminares deste processo maior que culminou em 2019.
Bom, seguindo: Boric, o novo presidente chileno de 35 anos, em seus primeiros
meses como Presidente da República, convoca o plebiscito para saber se os chilenos
aprovavam o texto constitucional expresso, feito ao longo de quase 3 anos. Seria, sem
dúvida, uma das Constituições mais evoluídas e também controversas já promulgada

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no mundo nas últimas décadas, e também uma das mais analíticas, onde seu texto
expressava até o reconhecimento à “espiritualidade”, direito ao “ar limpo” e a uma “morte
digna”. Bom, mas no frigir dos ovos, eis que a maioria da população chilena rechaçou
o novo texto. A campanha contra a nova constituição (campanha vencedora, portanto)
atacou dois pontos principais. O primeiro diz respeito ao fato de que a população chi-
lena estaria avalizando um texto que expressava a vontade de uma minoria, frente à
vontade da maioria. O segundo ponto, diz respeito ao fato de que haveria custos altos
para se colocar em prática o protocolo de boas intenções e direitos expressos na carta
rechaçada. Não vingou e o Chile volta à estaca zero, ao menos nesse assunto.

2.3. Atualidades e a diáspora na América Latina


A associação entre os contextos de letargia econômica, desemprego, pobreza e violência
vem resultando em uma fuga contínua a qual vem ocorrendo, a bem da verdade, desde a dé-
cada de 1980 e se estende adentro desta nova década que se inicia. Mesmo com políticas ul-
trarrígidas de contenção à entrada de imigrantes, principalmente por parte dos EUA, ainda se
identifica de forma aguda um processo de evasão de população de países da América Central.
Países tais quais Guatemala, Honduras, El Salvador, entre outros, formam hordas de pessoas
que migram rumo aos Estados Unidos – e ao México também, por incrível que pareça. Ocorre
nestes países mais pobres da América Central a eclosão de gangues urbanas e de milícias
rurais internas formadas desde a década de 1990, a qual posicionou os países da América
Central, entre outros aspectos, no topo do ranking global de violência: El Salvador e Honduras
se revezam na liderança desta carnificina em 2020, com média de número de homicídios por
grupo de 100.000 habitante sem aproximadamente 3 vezes acima da média do Brasil.
Por fim, vale destacar que a severidade adquirida ao longo dos últimos anos por parte das
políticas antimigratórias dos Estados Unidos, estas declaradamente refratárias à entrada de
população oriunda em especial de países latino-americanos, chegou a encrudescer a ponto de
haver sido permitido (isso por um período superior a um ano), no governo de Donald Trump,
que houvesse a separação de pais e filhos que estivessem a ingressar ilegalmente no país ou
fossem pegos vivendo em situação análoga à de imigrantes ilegais no país. Para os pais, vigo-
rava, portanto, um tipo de prisão. Já para as crianças, outro tipo de albergue separado. Após
muitos protestos por parte dos grupos pró-direitos humanos, Trump revogou o ato. Contudo,
consequências drásticas ocorreram, à medida que dezenas de crianças simplesmente não
conseguiram reaver seus pais após o fim dessa separação forçada, seja porque vários desses
pais chegaram a se matar ou fugiram das prisões e também porque os cadastros, em erro cras-
so por parte do governo norte-americano, não conseguiram localizar os parentes das crianças.

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2.4. UNASUL X PROSUL


A UNASUL é a União das Nações Sul-Americanas (composta por 12 países, originalmente).
Embora não seja um bloco econômico, a UNASUL origina-se basicamente da fusão dos países
do MERCOSUL + CAN (Comunidade Andina das Nações), este último um bloco econômico
criado em 1969 pelo Protocolo de Cartagena.

A UNASUL foi criada em 2008, em Brasília. Formou-se através da intenção de se constituir


uma mútua cooperação entre os países do subcontinente sul-americano com vistas a coope-
rações em setores como infraestrutura, energia, educação, transportes entre outros. Obteve
êxito inicial por ser realidade um alinhamento entre quase todos os países sul-americanos em
torno de governos de esquerda, que, tal qual já vimos em nossa aula, em fins da década de
2000-2010 e na entrada da década de 2010-2020, estiveram evidenciados como nunca antes
na região.
Com o passar dos anos, contudo, uma série de países que possuíam governos de esquer-
da mudaram os seus rumos político-ideológicos, migrando para a direita, tal qual o Brasil, a
Argentina e o Chile. Sendo assim, a UNASUL se enfraquece, pois o seu propósito originário
residia em torno de um alinhamento com base entre nações ideologicamente governadas
pela esquerda. Nesse período (basicamente a partir da segunda metade da década de 2010),
ocorre também o ocaso absoluto daquele que é considerado o país-bastião das esquerdas na
América do Sul: a Venezuela.
Por fim, para se discutir, ao menos em tese por parte da nova direita sul-americana, acerca
da crítica situação venezuelana, formou-se um fórum por parte de países de direita do conti-
nente – tais quais Brasil, Argentina, Colômbia (e até o Canadá se incluiu, em um total de 14
participantes), denominado como o Grupo de Lima: associação de países que vem à luz no
âmbito das relações internacionais regionais exatamente com vistas a tentar estruturar uma
agenda de reuniões e debates em que possam ganhar envergadura mecanismos que consi-
gam dar solução ao drástico cenário de crise institucional e econômica que se arrasta há anos
na Venezuela. Visto isto, o Grupo de Lima origina também o embrião para a formação de um
nova mútua dos países sul-americanos, o PROSUL, englobando nesta mútua apenas países
com direcionamentos políticos de direita.

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Em fevereiro de 2019, um acordo é formalizado no Chile com a presença do Presidente


Jair Bolsonaro, resultando na formação do PROSUL, ou PRONASUL. Consolida-se, por este,
a divisão entre a UNASUL e o PROSUL, sendo a primeira uma sociedade mútua mais antiga
e agora esvaziada, a qual envolve os países ideologicamente à esquerda da América do Sul
(atualmente apenas o Uruguai, a Bolívia e a Venezuela). Já a nova mútua, chamada PROSUL
(ou PRONASUL), integra os países da direita, liderados pelo Brasil, Chile, Argentina e Colômbia.

Em suma:
UNASUL (União de Nações Sul-Americanas): iniciado em 2008, reúne, além dos países do
MERCOSUL, Guiana e Suriname. Bolívia e Venezuela também são membros.
PRONASUL (Foro para o Progresso da América do Sul): reúne em primeira fase Argentina, Bra-
sil, Chile, Paraguai, Peru, Colômbia, Equador e Guiana. Exclui Bolívia e Venezuela, governados
por Presidentes de esquerda. Bem verdade, diga-se, que o bloco ainda não mostrou ao que veio
e depende de um forte alinhamento de países cm presidentes à direita na América do Sul, o que
vem mudando em tempos recentes (2020-2021-2022). Vejam, por exemplo, o que aconteceu
exatamente nas vitórias de Presidentes de esquerda em países como Argentina e Chile.

2.5. O MERCOSUL
Formalizado pelo Tratado de Assunção de 1991, o MERCOSUL tem seu início conceitual
um pouco antes disto, exatamente quando, em meados da década de 1980, Brasil e Argentina
iniciam tratativas bilaterais frente à promoção de escalas mais liberalizadas de comércio entre
ambos. Ou seja, a origem do MERCOSUL se deve à formação de uma Zona de Livre Comércio
(ZLC) com base nos interesses bilaterais do Brasil e da Argentina.
Outro embrião importante do MERCOSUL se encontra na ALADI (Associação Latino-Ameri-
cana de Integração), um organismo intergovernamental criado em 1980, que deu continuidade
ao que buscara pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), esta de 1960
– ou seja, promover a expansão da integração da região com vistas a garantir seu desenvolvi-
mento econômico e social, tendo como ambiciosa meta finalística promover a criação de um
mercado comum latino-americano.

2.5.1. Membros do MERCOSUL

Atualmente, o MERCOSUL possui 5 membros efetivos: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai


e Venezuela.
Os 4 primeiros citados acima são os membros originais do bloco – que desde o Trata-
do de 1991 fazem parte efetivamente. Já a Venezuela, entrou no bloco em definitivo somen-
te em 2012.

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Há também os chamados “membros associados” – no caso, Bolívia (desde 1996), Chile


(1996), Peru (2003), Colômbia (2004), Equador (2004), Guiana (2013) e Suriname (2013).

Em dezembro de 2016, por infringir em torno de 75% dos tratados e 20% das normas de livre
comércio, a VENEZUELA foi suspensa do bloco. Meses depois, em agosto de 2017, o país so-
fre nova medida SUSPENSIVA, dessa vez de cunho político, em função de se retalhar a forma
como o governo local e as forças oficiais trataram milhares de oposicionistas saídos às ruas
da capital do país, Caracas, em protestos contra a formação da Assembleia Constituinte per-
sonificada por Nicolás Maduro. Mas, ainda assim, com DUAS SUSPENSÕES nas costas, segue
a Venezuela como sendo um país-membro efetivo do MERCOSUL, ok?

2.5.2. Os Estágios de Formação dos Blocos Econômicos

Para que entendamos a atual formatação do MERCOSUL, em conhecimento que servirá


quando mais à frente falarmos sobre o contexto da UNIÃO EUROPEIA, vejamos como evoluem
os blocos econômicos, as fases para a formação dessas modernas alianças e onde se encon-
tra em 2019 o MERCOSUL:
• 1ª – Zona de Livre Comércio: é o primeiro estágio de um bloco. Ainda frágil, em termos
de regras formais, mas revestido de protocolos de boa vontade acerca de se fomentar
escalas liberalizadas de comércio entre os países. No caso do MERCOSUL, ocorre em
fins da década de 1980, entre Brasil e Argentina;
• 2ª – União Aduaneira (Tarifa Externa Comum): um avanço ante a ZLC. Regras mais rígi-
das e formação de uma tarifa externa comum. Este é o estágio em que o MERCOSUL se
encontra encaixado mais plenamente hoje em dia;
• 3ª – Mercado Comum: nessa fase deve ocorrer a integração de seus indivíduos, o que
inclui livre passagem, livre residência e completa queda de barreiras ante, por exemplo,
o livre ingresso nos mercados de trabalho. É interessante notar que o MERCOSUL ainda
não conseguiu de forma plena ingressar nesta fase, pois, entre os países integrantes do
bloco, ainda ocorrem barreiras burocráticas frente à plena liberalização do mercado de
trabalho. Em termos de livre trânsito e residência, tais liberdades já se encontram ga-
rantidas (havendo, inclusive, um passaporte único do MERCOSUL E PLACAS COMUNS
DE CARRO ADOTADAS DESDE 2019 em alguns Estados do Brasil). Contudo, os entraves
relativos a um mercado de trabalho liberalizado fazem com que este estágio fundamen-
tal a um bloco econômico, o de mercado comum, ainda não tenha sido concretizado no
bloco de forma plena.

A fim de aprofundar a agenda cidadã da integração, foi aprovado em 2010, o Plano de Ação
para a Conformação de um Estatuto da Cidadania que visa ampliar e consolidar o conjunto de

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direitos e benefícios para os cidadãos dos Estados Partes. Alguns dos pressupostos, contudo,
previstos para ocorrer até 2020, não conseguiram ser colocados para frente ainda, tal qual a
plena liberalização dos mercados de trabalho dos países-membros.

• 4ª – União Econômica e Monetária: forma-se pela unificação de procedimentos monetá-


rios, realizada em essência pela instituição de uma moeda única e de um Banco Central
comum. Apenas a União Europeia alçou tal estágio, quando, em 1999, institui o Euro
como moeda oficial. Atualmente, encontram-se dormentes tais tratativas para o MER-
COSUL dentro deste âmbito, tendo havido somente iniciativas pontuais que auxiliam ao
intercâmbio de investimentos e no fomento financista dentre os países do bloco, mas
que ainda não formam, nem de longe, uma União Econômica Monetária.

2.5.3. Os Principais Mecanismos de Cooperação Existentes no MERCOSUL

A Corporação Andina de Fomento (CAF), que começou a operar em 1970, é uma instituição
financeira multilateral sub-regional com características de banco de desenvolvimento: Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai possuem em torno de 20% do capital.
O Fundo de Convergência Estrutural (FOCEM), criado em 2004, mas que se tornou opera-
cional apenas em 2007, é um fundo fiscal atrelado ao MERCOSUL.
No âmbito de um acordo de integração, mecanismos que visem a facilitar o comércio in-
trarregional são de especial importância. É nessa perspectiva que se insere o Sistema de Pa-
gamentos em Moeda Local (SML), o qual entrou em vigor em 2008, entre Brasil e Argentina. No
SML, a liquidação das transações para os importadores e exportadores é feita em moeda local,
sendo apenas a compensação entre os bancos centrais feita em dólar.

2.5.4. Os Entraves Recentes do MERCOSUL

O MERCOSUL não vem conseguindo projetar ao longo dos últimos anos um crescimento
considerável, tanto em relação à sua força geopolítica como também em torno de sua força
comercial.
Alguns pontos precisam ser compreendidos acerca de certos entraves percebidos, os
quais resultaram no enfraquecimento do bloco. Vamos aos principais, então:
• As assimetrias entre o tamanho das economias e a TEC: as tarifas externas comuns
visam determinar padrões iguais e formais ao intercâmbio entre mercadorias por parte
dos países integrantes de um bloco econômico. De forma simplificada, significa dizer
que, se o Brasil vende sapato para a Venezuela e eles também vendem sapatos produ-
zidos por lá ao Brasil, ambos deverão ser taxados nas respectivas alfândegas dos res-
pectivos países em mesma tarifa. Mas, no caso do MERCOSUL, o que vem acontecendo
é que uma série de exceções acerca de tais tarifas comuns (as TECs), com vistas a não
se prejudicar os países menos competitivos do bloco, vem tendo espaço. Assim, com
mais de uma centena de exceções na TEC no MERCOSUL, ficou mais difícil consolidar
uma União Econômica no pleno;

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• O protecionismo argentino: a Argentina, apesar de ter sido, ao menos no papel, uma


entusiasta e defensora do MERCOSUL, veio ao longo dos anos promovendo medidas
nitidamente protecionistas ante a sua indústria e o seu mercado consumidor. O prote-
cionismo ocorre quando um país busca por meio de medidas de aumentos na taxação
dificultar a entrada de produtos estrangeiros em seus mercados, ou retendo a venda
de produtos essenciais com vistas a provocar um aumento em seu preço no mercado
externo, como no caso de sua política externa acerca do trigo e suas iniciativas para
aumentar o preço do cereal artificialmente. O protecionismo fere os princípios basilares
que levam ao fomento a um livre mercado e que permeiam o modelo ideal de funciona-
mento de um bloco econômico;
• Novos parceiros comerciais dos países do MERCOSUL (China ao centro): um ponto
fundamental em Atualidades acerca do MERCOSUL reside no fato de que o comércio
intrabloco vem passando por um declínio ao longo dos últimos quinze anos. Explica-se
tal queda em função da entrada agressiva de um player global: a China, como forte par-
ceiro comercial dos países do bloco, aproveitando-se, também, da queda na produção
industrial nos países do MERCOSUL, a qual resulta logicamente em uma consequente
perda na agressividade sobre os mercados regionais de produtos manufaturados feitos
no próprio MERCOSUL (e em especial do Brasil e da Argentina). No caso brasileiro, o
gigante oriental veio ultrapassando tradicionais parceiros comerciais para, atualmente,
fixar-se como o maior parceiro comercial do Brasil tanto em relação às importações
quanto às exportações.

Para se ter uma ideia, o Brasil em 2018 comercializou quase 3 vezes mais com a China
em se comparando à Argentina. A China possui atualmente cerca de 20% do comércio exte-
rior brasileiro. Já a Argentina, relegada, ficou como nosso terceiro maior parceiro comercial
(atrás também dos EUA), não conseguindo abocanhar nem 7% das transações internacionais.
No gráfico a seguir, podemos perceber tal dinâmica, de queda no comércio entre o Brasil e
o MERCOSUL ao longo dos últimos anos (2005-2015).

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2.5.5. A Formação de um Tratado de Livre Comércio entre União Europeia e MER-


COSUL

Ponto fundamental em atualidades sobre o MERCOSUL diz respeito às tratativas sobre a


formação de um acordo pleno de liberalização entre a União Europeia e o MERCOSUL, seguin-
do avançadas tais negociações ao longo do ano de 2019, porém retornando quase à estaca
zero em 2020 e 2021.
Ainda sem prazo totalmente definido acerca do fim das negociações entre os blocos, essa
enorme costura multilateral, após avançar enormemente ao longo dos últimos anos (princi-
palmente no Governo Temer, de 2016 a 2018), deveria, portanto, logo funcionar na prática,
mas não é o que vem acontecendo nestes dois últimos anos.
Tal acordo já vinha sendo costurado, a bem da verdade, fazia mais ou menos 20 anos, mas
esbarrou em alguns pontos. Um deles, bem latente, reside na França e na apreensão que seus
agricultores, sabidamente subsidiados e muito protegidos pelo Estado e pela política agrícola
comum da União Europeia. Há ainda, por parte dos setores agrícolas europeus, temores acerca
de como a alta competitividade dos parques agrícolas da Argentina e, principalmente, do Bra-
sil, vão impactá-los. Reside também uma premissa, caso um acordo comercial UE/MERCOSUL
ganhe forma, onde um compêndio de regras mais claras e menos patriarcais por parte dos
governos locais europeus, com o fim dos auxílios à produção agrícola – conhecidos por todos
como “subsídios” –, seja realidade.
Interessante observar que pelo fato de o Reino Unido, outra oposição a tais acordos comer-
ciais (com o MERCOSUL, entre outros), em 2020, encontrar-se finalmente fora da União Euro-
peia, contribuiu (em tese) para que avançasse a costura UE/MERCOSUL. Por fim, os Estados
Unidos e sua nítida política de isolacionismo comercial promovida por Donald Trump, ao dar
cada vez mais as costas a tratativas comerciais multilaterais, também facilitaria no andamen-
to deste acordo (contudo, Trump perde em novembro de 2020 e não se reelege, dando lugar
a Joe Biden). Sem dúvida, um acordo comercial robusto entre MERCOSUL e União Europeia
seria formalizado em pouco tempo, sendo que os anos de 2017 e 2018 (com Temer) e 2019
(Bolsonaro) no Brasil (ao menos até o meio do ano) foram fundamentais para que houvesse
avanços nesta questão.
Abaixo, podemos ver, segundo matéria da Deutche Welle, portal de notícias alemão com
ação em todo o mundo, em sua página na internet datada em 06/06/2019, que o acordo co-
mercial era eminente em meados de 2019. Leiam abaixo a matéria e sigam comigo para enten-
demos quais foram as mudanças mais recentes neste cenário! Lembrem-se de que a matéria
é de 2019, quando o cenário (inclusive o Presidente da Argentina) era outro em relação a evo-
lução do acordo, ok?
Sigamos juntos!

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Acordo entre UE e MERCOSUL é iminente, dizem Bolsonaro e Macri

Pacto comercial entre a União Europeia e o bloco é negociado há mais de 20 anos.


Em Buenos Aires, Presidente sugere apoio à reeleição do argentino e diz que toda a
América do Sul teme o surgimento de “novas Venezuelas”.

O Presidente Jair Bolsonaro e seu homólogo argentino, Mauricio Macri, garantiram


nesta quinta-feira (06/06) que a assinatura de um acordo comercial entre a União Eu-
ropeia (UE) e o MERCOSUL é iminente. A declaração foi feita ao fim de uma reunião
entre os dois líderes em Buenos Aires.

“Estamos prestes a chegar a um acordo entre o MERCOSUL e a União Europeia, eu


o felicito [Macri] pelo seu trabalho. Todos ganhamos com isso”, disse Bolsonaro du-
rante o pronunciamento realizado ao lado do Presidente argentino na Casa Rosada.
Atualmente, a Argentina detém a presidência temporária do bloco sul-americano.

Macri endossou a declaração de Bolsonaro. “O MERCOSUL está completando 30


anos, e o mundo mudou. Claramente a visão inicial de integração tem que estar fo-
calizada também em como nos incluímos no desenvolvimento global, que é funda-
mental para o futuro de nossos países”, afirmou.

As negociações entre a UE e o MERCOSUL se arrastam há mais de duas décadas.


Em 2004, os dois blocos chegaram a trocar propostas, mas a iniciativa fracassou
diante da discordância sobre a natureza dos produtos e serviços que seriam englo-
bados no acordo. Os sul-americanos queriam mais acesso ao controlado mercado
agrícola europeu. Já a UE desejava avançar no setor de serviços e comunicações
dos países do MERCOSUL.

Nos últimos três anos, as negociações tiveram um progresso mais significativo, mas
ainda esbarram em várias divergências envolvendo a indústria automobilística e a
circulação de produtos como carne bovina. Várias associações de produtores euro-
peus temem a concorrência dos brasileiros, já que estes não ficaram satisfeitos com
o sistema de cotas oferecido pelos europeus.

Na Casa Rosada, os Presidentes também conversaram sobre as eleições presiden-


ciais na Argentina. A menos de cinco meses do pleito, Macri, que deseja se reeleger,
caiu fortemente nas pesquisas devido à crise econômica que o país vive há um ano.

Bolsonaro reiterou seu apoio ao mandatário argentino e disse que toda a América
do Sul teme que surjam “novas Venezuelas” na região. “Devemos nos preocupar e

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tomar decisões concretas nesse sentido, cada vez mais unindo e somando nossos
povos, buscando em cada um deles seu potencial de maneira irmanada, para que o
progresso e a paz cada vez mais reinem entre nós”, declarou.

Bolsonaro chamou ainda Macri de “irmão” e pediu que Deus abençoe os argentinos
para que elejam com “muita responsabilidade e menos emoção”, em prol da paz e
da prosperidade, em claro apoio à candidatura do atual governante e contra a ex-
-Presidente Cristina Kirchner, embora não tenha mencionado o nome de nenhum
candidato.

Em resposta a um protesto na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, convocado


por mais de 50 iniciativas sociais contra a visita de Bolsonaro, Macri afirmou que, em
conversas com o brasileiro, ratificou o compromisso da Argentina com os direitos
humanos.

Bolsonaro chegou no fim da manhã em Buenos Aires. Ao contrário de seus anteces-


sores, que tradicionalmente fizeram a primeira viagem oficial à Argentina, essa foi
a quarta visita internacional do brasileiro desde que ele assumiu a Presidência em
janeiro. Bolsonaro já esteve nos Estados Unidos, Chile e Israel.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina. Em 2018, o intercâmbio comer-


cial entre os dois países chegou a 26 bilhões de dólares, com um superavit de 3,9
bilhões de dólares para o Brasil.

Em Buenos Aires, Bolsonaro se reunirá ainda com políticos argentinos e empresá-


rios. A visita oficial termina na sexta-feira com um almoço no Museu Casa Rosada.

A formação de um amplo acordo econômico entre a UE e MERCOSUL entrou em 2020 bastante


abalada após ter caminhado em céu de brigadeiro ao longo de 2018, e nos primeiros meses de
2019. E não podia ser diferente. Nossa política externa, outrora comandada até abril de 2021
por Ernesto Araújo, bradou, sempre que possível, possuir posições radicalmente contra temas
globais consolidados, tais quais o meio ambiente e direitos humanos. Não é recomendável
essa falta de maturidade no direcionamento de nossa política externa (que sempre foi tempe-
rada por bom senso e conciliação) acerca de temas tão sensíveis globalmente, além de nos in-
dispormos justamente com a Alemanha e a França, os dois países motrizes da União Europeia,
tal como ocorrido nos meses de julho e agosto de 2019.

Além de tudo, as relações entre Brasil e Argentina (os dois pilares do MERCOSUL) faz déca-
das que não sofrem tamanha animosidade. Tudo isso se deve, fundamentalmente, ao fato de,

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desde 2020, estarem os países em campos políticos opostos. Tal qual vimos antes nesta aula,
o Brasil ostenta um governo de direita, com Jair Bolsonaro à frente, e a Argentina, um (novo)
governo de esquerda, com Alberto Fernández. Sendo assim, em nada ajuda para o MERCOSUL
que os países estejam em campos político-ideológicos opostos, com seus Presidentes, para
se ter uma ideia, estejam declaradamente com relações cortadas.

TEXTO COMPLEMENTAR
PARLAMENTO EUROPEU MANIFESTA OPOSIÇÃO AO ACORDO MERCOSUL/ UE
E tal qual vimos em nossa aula, ao longo dos anos do Governo de Michel Temer
(2017/2018) e seguindo no governo de Jair Bolsonaro, as tratativas acerca de um
acordo comercial com a União Europeia por parte do MERCOSUL avançaram bastante,
isso ao menos até meados de 2019. Mas eis que, a partir da metade do ano de 2019, a
política externa de Bolsonaro, comandada pelo Ministro Ernesto Araújo, promove uma
série de ruídos com os países-base da EU, e as negociações ante um acordo comercial
robusto com a Europa começaram a virar vinagre.
Dentro desse escopo de negociações (e recentes rusgas e frustrações), o Parlamen-
to Europeu aprovou, em 7 de outubro de 2020, uma resolução que manifesta oposição
à ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o MERCOSUL, justificadas
em função, via de regra, de preocupações acerca da condução da política ambiental no
Brasil.
Aprovado por 345 votos a favor, 295 contra e 56 abstenções, o texto diz que nosso
país vai contra os “compromissos feitos no Acordo de Paris, particularmente no com-
bate ao aquecimento global e na proteção da biodiversidade”.
O alerta consta, na verdade, como emenda a um relatório de 2018 sobre as políticas
comerciais do bloco. O documento concluía que a integração com os sul-americanos
teria o potencial de diversificar as cadeias produtivas da Europa e poderia criar um mer-
cado conjunto de aproximadamente 800 milhões de habitantes.

2.6. A Venezuela
Para entender a atual situação de ocaso político/econômico que a Venezuela vem passan-
do, precisamos remeter sobretudo à história da formação deste governo de esquerda – que
está em sua segunda geração (pois Maduro sucedeu Chávez em 2013) e se autodenomina
como sendo o “Socialismo do século XXI”.

2.6.1. O Contexto do Chavismo e Maduro

Em 1999, ocorre a eleição de Hugo Chávez como Presidente venezuelano. Coronel do Exér-
cito, Hugo Chávez uniu as esquerdas venezuelanas no movimento denominado como V Repú-
blica, criado exatamente de seu projeto de Estado Socialista que logrou vencedor. Até então,

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a Venezuela jamais havia possuído um governo de esquerda, e ostentava por décadas alto
crescimento econômico e prosperidade. Na década de 70, era o país com melhor poder de
compra dentre todos da América Latina. Esse cenário durou, contudo, até o fim da década de
80, quando (e importante destacar, anos antes da chegada de Hugo Chávez ao poder) o país,
que outrora fora chamado como “Venezuela Saudita”, passou a viver uma crise econômica e
política (cenário de extrema corrupção), sendo que Chávez se elege com a promessa de es-
truturar uma plataforma reformista.
Governando a partir de 1999 com uma nova Constituição debaixo do braço, promulgada
em primeiro ano como mandatário eleito, a qual lhe permitia ser reeleito por quantas vezes
fosse referendado por seu povo, Chávez surfou numa onda de alta contínua do preço interna-
cional do petróleo que se estendeu até, mais ou menos, o ano de 2013/2014. Vale destacar
que o petróleo representa 85% das exportações venezuelanas. Como resultado prático, houve
na década retrasada (de 2000 a 2010) melhoras sociais promovidas pelo modelo assistencia-
lista promovido pelo chavismo em uma primeira fase, quando, de fato, milhares de pessoas
saíram da linha da pobreza. Contudo, há uma série de críticas a este modelo “Bolivarista”
orquestrado por Hugo Chávez. Uma delas reside no fato de não ter havido, por parte de seu
governo, qualquer diversificação nas matrizes econômicas do país, tal qual escalas mínimas
de industrialização, a qual se manteve alicerçada numa dependência absurda nos ganhos do
petróleo. Outra questão fundamental reside no alto custo de se bancar esse movimento socia-
lista que é enormemente assistencialista, o qual subsidia até o supermercado das populações
mais carentes. Esse modelo não tinha lastro e, de fato, ruiu à medida que o preço do petróleo
começou a cair a partir de 2012/2013: o barril, que chegou a valer algo em torno de US$ 130
(em 2012), caiu para um piso, em 2016, de US$ 35 – queda, em menos de 4 anos, a pouco mais
de ¾ de seu preço.
Em meio a isso, houve também a troca do comando central na Venezuela: Hugo Chávez
morre as vésperas de iniciar seu 4º mandato seguido, para em seu lugar entrar o seu vice,
Nicolás Maduro, que vem a iniciar seu primeiro governo onde, sob pressão do Congresso,
contudo, fora levado a convocar um pleito separado, sendo, finalmente, eleito pela população
venezuelana nos primeiros dias de 2014.
Já em 2016, em meio a uma crise econômica aguda que se estende até hoje, as eleições
parlamentares na Venezuela dão ampla maioria no Congresso venezuelano para a oposição.
No início de 2017, pouco após a posse dos novos parlamentares, Maduro dissolve as ativi-
dades do Legislativo e convoca em lugar dos parlamentares uma ANC (Assembleia Nacional
Constituinte). Manifestações tomam as ruas de Caracas, e mais de 120 pessoas são mortas.
Maduro recua, mas as atividades deste novo parlamento francamente oposicionista são tolhi-
das pelo Tribunal Superior.

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2.6.2. A Venezuela em 2022

A Venezuela hoje se encontra SUSPENSA do MERCOSUL. O país é ainda um membro per-


manente, tendo sofrido, contudo, duas suspensões. A primeira ocorre em 2016, por questões
de cunho econômico, e à medida que o país não cumpriu uma imensa parte dos acordos pre-
vistos intrabloco desde seu ingresso, em 2012. A segunda suspensão (em 2017) é sanção
punitiva acerca da forma como Maduro e suas forças (leia-se as “Forças Armadas”), reprimi-
ram os protestos ocorridos no início de 2017, que confrontaram oposicionistas e partidários,
levando à morte de mais de 120 pessoas.
Em fevereiro de 2019, apareceu a figura de Juan Guaidó, um parlamentar oriundo dos qua-
dros de oposição que se autoproclamou como sendo o novo Presidente venezuelano. A direita
local até chegou a embarcar nessa, mas ele não conseguiu tomar o poder de fato – e nem ao
menos angariar qualquer reconhecimento internacional, além de Brasil e Estados Unidos (pa-
íses que logo desistiram de oferecer suporte para um golpe sobre Maduro encabeçado pelo
jovem parlamentar).
Maduro convocou, em meados de 2018, uma eleição presidencial a toque de caixa e con-
seguiu ser reeleito, porém, com apenas 42% de participação popular. Isso gerou uma crise de
legitimidade dentro (e também fora) do país acerca de seu novo mandato. Mesmo assim, em 9
de janeiro de 2019, sob protestos da comunidade internacional e da oposição local, ele toma
posse para mandato, que deve se estender legalmente até 2024.
Em 2021, a inflação na Venezuela ultrapassou a casa de um milhão por cento por ano. Isso
mesmo: 1.000.000% de inflação! Sendo assim o país no mundo com a maior crise econômica
instalada, ao menos dentre aqueles onde não há uma guerra civil declarada (o que ocorre hoje
apenas na Síria e no Iêmen).
Um ponto em atualidades fundamental, o qual se questiona enormemente, é como por
lá (através da figura de Maduro) ocorreu o solapamento de estamentos basilares do Estado
Democrático de Direito, sendo um deles, como exemplo: o exercício livre e autônomo dos Po-
deres. Maduro governa apoiado no Poder Judiciário e Forças Armadas apenas, destruindo o
Legislativo local – este em franca oposição a seu governo. Ainda dentro deste desbalanceio
dos Poderes promovido diretamente por sua atuação ante o governo da Venezuela, Maduro
molda o Poder Executivo tal qual sua ideologia bolivarista, aparelhando estatais e a adminis-
tração pública direta e indireta com pessoal dos quadros de seu partido.
A crise migratória na Venezuela já produziu mais de 5 milhões de deslocamentos que não
param de ocorrer. Desentendimentos com seus vizinhos fizeram com que as fronteiras com
Brasil e Colômbia ficassem fechadas por decisão tomada pelo próprio governo venezuelano.
No caso brasileiro, foram em torno de 3 meses de fronteiras fechadas, havendo a reabertura
em maio de 2019. Essa crise foi causada devido às tratativas do Brasil em fornecer ajuda hu-
manitária ao país vizinho, algo que foi considerado uma afronta por Maduro.

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Veja matéria abaixo do G1, de 21/03/2019:

Venezuela fecha fronteira com o Brasil

Bloqueio do lado venezuelano começou às 21h de quinta e, por ordem de Maduro, não
tem prazo para terminar. Grupos de estrangeiros que entraram em Roraima pouco
antes das 20h (horário local) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não
poderiam retornar.

A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite após Nicolás Maduro de-
terminar o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem é fechada
à noite e reabre por volta das 8h do dia seguinte.

Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h
em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retor-
nar após o horário definido por Maduro. Na manhã desta sexta, moradores do país
vizinho tentavam voltar para lá.

Até as 21h29 o fluxo ainda era liberado para pedestres, no entanto, a passagem de
veículos era proibida. Guardas venezuelanos colocaram cones no meio da pista a
poucos metros do primeiro ponto de fiscalização no país.

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O Presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda hu-


manitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido
do autoproclamado Presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda
como uma interferência externa na política da Venezuela.

Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram para Paca-


raima, cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de mantimentos. Um
comerciante da região relatou aumento de 30% no movimento em relação a “dias
comuns”.

No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os paí-
ses ficaria “fechada total e absolutamente até novo aviso”.

Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma
intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a
Santa Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuela-
na.

O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de


comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O por-
ta-voz do Presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda
humanitária está mantida.

Após 3 meses fechada por decisão unilateral de Maduro, o governo venezuelano resolveu rea-
brir a fronteira com o Brasil em maio de 2019. No caso da fronteira da Venezuela com a Colôm-
bia, esta foi reaberta em junho de 2019, após quase um ano fechada.

 Obs.: O NÚMERO DE VENEZUELANOS no Brasil bateu, em meados de 2022, cifra na casa de


300.000 indivíduos, os quais, em sua imensa maioria, estão alocados em condições
de extrema pobreza, morando nas ruas das cidades de Roraima, principalmente na
capital, Boa Vista. Peru e Colômbia são outros dois imensos receptores de imigrantes
venezuelanos, perfazendo estimadamente mais de 1 milhão de venezuelanos atual-
mente em cada um destes países

Por fim, na entrada de 2020, as relações entre Brasil e Venezuela azedam de vez. Os paí-
ses rumam rapidamente a um rompimento diplomático, o que é péssimo para o MERCOSUL.
Em março de 2020, ambos os Presidentes dão seguimento à retirada de seus representantes
diplomáticos nos dois países.

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No campo externo, a Venezuela tenta se segurar como pode com ajuda chinesa, país este
que é, atualmente, junto a Cuba, seu parceiro no exterior. No Caribe, as tropas americanas se-
guem de prontidão, como um aviso de que poderia, ao menos enquanto Donald Trump estava
no poder (2017-2020), atacar o país e mudar o governo, mas tal movimentação é vista ainda
com cautela por analistas em relações internacionais.

2.7. Os Estados Unidos Hoje


2.7.1. A Eleição de Donald Trump e o “Rust-Belt”

Eleito através um sistema eleitoral complexo, do tipo indireto, e com menos votos popu-
lares que a tarimbada senadora por Nova York, sua rival Hilary Clinton (algo em torno de 2,8
milhões de diferença de votos pró-parlamentar), o bilionário se valeu da vitória em Estados
chaves do chamado “manufacturing-belt”, o cinturão a Nordeste dos EUA, que fora por décadas
o motor pulsante da indústria global e da pujança financeira, mas que atualmente se encontra
esfacelado por perdas relativas à transferência de plantas fabris para países com melhores
vantagens competitivas (leia-se “salários bem mais baixos, leis ambientais frouxas e sindica-
tos fracos ou inexistentes”), tal como a China, além de Índia, Tailândia, Indonésia e parte da
América Latina, especialmente o México, entre outros.
Tal retrocesso econômico é resultado direto da nova estruturação econômica global pós-
-fordista (a partir dos anos 1970), intensificado pelo processo de globalização recente e a aber-
tura da China em definitivo para o Mundo (década de 1990), o qual assolou esta grande área a
Nordeste dos EUA. Com perdas econômicas (empobrecimento) e de perspectivas, associadas
a uma depressão urbana onde cidades como Detroit, em Michigan, chegaram a perder algo
em torno de 2/3 de sua população desde a década de 1970, o pujante epicentro da produção
industrial global, que outrora fora conhecido como sendo o “cinturão da manufatura”, passou a
receber a alcunha de “rust-belt”, o “cinturão da ferrugem”.

 Obs.: Caro(a) aluno(a), veja abaixo a área compreendida pelo rust-belt (oficialmente manu-
facturing-belt) e, no outro mapa, mais abaixo, como se dera a vitória de Trump em
parte dos estados compreendidos (em vermelho, os estados onde os republicanos
venceram).

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Assim, Donald Trump evoca um discurso em sua campanha em defesa ferrenha desta
população desacreditada e empobrecida do Nordeste dos EUA, de origem norte-americana
por excelência (em contraste à população dos Sul dos EUA, em parte de origem hispânica),
calcado no lema “America First”, a que fossem as urnas no dia 8 de novembro de 2016 e o
elegessem. E ele, alavancado pelos votos em Estados pertencentes ao manufacturing-belt, os
quais votaram nas eleições anteriores no candidato democrata, tais quais Wisconsin, Ohio e
Pennsylvania, vence as eleições.

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É interessante que, em 2020, Donald Trump perde nos estados acima citados que o ajuda-
ram em sua eleição de 2016.
Um ponto em atualidades em relação ao que fora exposto acima reside no fato de que A
GUERRA COMERCIAL PROMOVIDA POR TRUMP, ANTE A CHINA (e veremos mais à frente so-
bre este tema), ocorre exatamente para atender a seu eleitorado do norte dos EUA, que almeja
a volta do emprego industrial através, exatamente, do retorno das plantas indústrias que se
dispersaram dos EUA em direção à China.

2.7.2. A Economia Americana Hoje

Os Estados Unidos possuem a maior economia do mundo. Falar sobre este país obriga-
-nos inicialmente a comentar o atual contexto econômico, bastante positivo até a chegada da
epidemia da COVID-19, porém com peculiaridades inerentes a este gigante global que detém
quase 25% das riquezas produzidas no globo em 2019 (mais precisamente, 24,3% de um PIB
global de US$ 74 trilhões em 2018).
Alguns dados recentes da economia dos EUA pré-pandemia (2019):
• Saldo da balança comercial: Déficit de US$ 700 bilhões (em 2018);
• Crescimento do PIB em 2019: 2,7%;
• Taxa de desemprego: 4,7% (em fevereiro de 2019);
• Taxa de Inflação: 1,3% (de janeiro a dezembro de 2019).

Em 2020, como era de se esperar, a economia americana entra em crise, junto com as
principais economias globais em função do coronavírus. Divisão percentual do PIB global em
2019 (pré-pandemia):

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No gráfico acima, observe ser latente a presença global da economia americana, e a sua dian-
teira ante outros países do globo. É interessante notar que havia uma previsão, a qual esteve
em franco vigor no início da década 2000, de que, mais ou menos entre os anos de 2015 a
2018, haveria a ultrapassagem do tamanho da economia chinesa frente à americana. Um even-
to histórico, sem dúvida alguma. Contudo, tal fato não ocorreu conforme fora previsto pelos
analistas globais. Isso se deve, principalmente, porque nos últimos anos (antes da pandemia)
o vigor do crescimento econômico chinês esteve arrefecido. O país oriental saiu de um quadro
onde os números anuais de crescimento econômico estiveram em torno de 11% a 13% ao ano
para crescer, em 2019, na casa dos 7%. Na outra ponta, os EUA vinham recentemente (antes
da pandemia) recuperando o vigor de seu crescimento econômico. Sendo assim, em 2019 a
economia chinesa representava ainda em torno de 60% do tamanho da economia norte-ame-
ricana. Para sabermos quando (pois uma hora acontecerá) a economia chinesa ultrapassará
a americana, somente após a pandemia e percebendo, claro, como se dará a recuperação das
economias globais.

2.7.3. A Pax-Americana X Isolacionismo de Donald Trump (2017-2020)

Com uma plataforma eleitoral voltada à atenção das necessidades econômicas dos EUA,
xenófoba por excelência por ser ideologicamente repulsiva aos imigrantes, Donald Trump des-
tila já em seu discurso de posse, no dia 20 de janeiro de 2017, sua pegada afinada à projeção
dos negócios nos EUA (com sua forma peculiar de perceber o papel dos EUA) e como se
pautaria a partir dali a atuação de seu país. Ressalta que “o poder estava de volta ao povo” e
deixa claro que não esmoreceria ante o lema “America First”, tão propalado em seus discursos
de campanha.
Colocada em prática, já nos primeiros dias de governo, Trump demonstra nitidamente que
não caberia mais a promoção de escalas globalizadas como antes, nem de comércio multila-
teral, direcionando assim seu mandato, inclusive, em franca colisão ao que fora levado a cabo
por seu antecessor Barack Obama, em oito anos de governo (2008-2015) e outros Presidentes
americanos, tais quais George Bush (pai e filho) e Bill Clinton.
Se por décadas os EUA imprimiram a chamada pax-americana, corolário que buscava sina-
lizar, claramente, que quem os acompanhasse ideologicamente sairia privilegiado nas cartas
do jogo de forças geopolítico e econômico global, com Trump no poder ascende uma mu-
dança. Sua plataforma é escancaradamente isolacionista e, sendo assim, relega arranjos e
acordos com países, a não ser que tais costuras sejam de extrema necessidade e ultravanta-
josas aos EUA.

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2.7.4. A Saída do Acordo de Paris

Primeiramente, vale-nos compreender que o Acordo de Paris foi o mais robusto acordo cli-
mático em termos de número de países participantes da história. Fechado na 21ª Conferência
do Clima, realizada em dezembro de 2015 (ainda com Barack Obama à frente da Presidência
dos EUA), embora não exige que países assumam metas de redução de gases de efeito estufa,
tal qual fora conseguido em Kyoto, por este tratado 195 países assumem o compromisso no
sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2ºC acima dos
níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC aci-
ma dos níveis pré-industriais.
Pois bem. Com a justificativa de “tornar a América grande novamente” e com o “dever sole-
ne de proteger os Estados Unidos e os seus cidadãos”, os Estados Unidos se retiraram do acor-
do climático de Paris, conforme fala do próprio Trump em discurso em junho de 2016, para em
seguida cumprir sua promessa e retirar-se desse importante Tratado. Se com Barack Obama o
mundo possuía um defensor deste tipo de participação norte-americana mais ativa em ques-
tões globais, o isolacionismo de Trump vem fazer água nesta questão climática, e também em
várias outras de relevância global, em que a participação dos EUA se faz necessária.
Em 2019 e 2020, permaneceu tal isolacionismo climático impresso desde o seu primeiro
ano de mandato por parte de Trump, inclusive com o aumento de seguidores de tal política iso-
lacionista dentre os países do mundo, sendo o Brasil um expoente deste tipo de agir. Durante a
campanha presidencial de 2018, o próprio Presidente Jair Bolsonaro declarou que iria também
sair do acordo climático global, tendo, contudo, após tomar posse, desistido de empreender tal
manobra de evasão.

2.7.5. Saída da Unesco

Em outubro de 2017, Trump anuncia a saída dos EUA da Unesco, a agência de educação e
cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada, e logo depois Israel
declarou que seguirá o mesmo passo. Ambos apontam uma acompanhada postura anti-isra-
elense por parte da organização.
A decisão americana, válida a partir de 2019, não surpreende: em 2011, ainda sob o gover-
no Barack Obama, os EUA já haviam cancelado sua contribuição financeira para a Unesco em
protesto contra decisão da agência de conceder aos palestinos o status de membros plenos.

2.7.6. A Questão do Tratado de Associação Transpacífico e o NAFTA

O isolacionismo econômico tem como primeira medida de governo a retirada do Tratado


de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) por parte de Trump, o qual, durante a
campanha, fez questão denunciar com veemência o que chamou de um acordo “terrível” e que
“viola”, segundo ele, os interesses dos trabalhadores norte-americanos.

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O acordo foi negociado pelo governo de Barack Obama e visto como um contrapeso à
crescente influência econômica e política da China, depois que Donald Trump retirou os Esta-
dos Unidos do acordo em 2017. Sendo assim, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia,
México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietnã ajustaram as pontas e, em 2018, assinam
uma nova parceria, renomeada como Acordo Progressivo e Compreensivo Tratado Transpací-
fico (TPP11).
Outra medida de impacto e que dá mais uma dimensão deste isolacionismo comercial
promovido por Donald Trump fora anunciada dias depois da sua retirada do TPP. Para o NAF-
TA, Trump disse que seu país só seguiria dentro da Aliança de Livre Comércio dos países da
América do Norte, iniciada em 1994, se Canadá e México aceitassem reiniciar rodadas de rene-
gociação comercial (entenda-se “tarifárias”), com vistas a reduzir o saldo negativo do comér-
cio norte-americano com os dois países-parceiros no acordo. Pressionados e com medo de
perder o parceiro comercial, mesmo a contragosto, Canadá e México iniciam, em 2017, novas
negociações visando atender ao interesse dos EUA, para, em outubro de 2018, o mandatário
norte-americano anunciar oficialmente o fim do NAFTA como conhecemos e iniciar rodadas
individualizadas de negociações.

Veja em matéria do InfoMoney:

Guerra travada por EUA e China não é só comercial: ela é tecnológica

A guerra Trump-Xi subiu de tom. Há um tempo já se percebeu que não se trata de re-
duzir o déficit comercial dos americanos contra os chineses, mas de limitar a capaci-
dade de um competidor global na tecnologia de ponta. Nessa reedição da guerra nas
estrelas, os EUA parecem ter mais alavancagem, mas não vai ser simples exercê-la.
Os chineses têm tempo, paciência e espaço de manobra econômica para aguentar por
muito mais tempo.

Já está claro que a Guerra comercial travada por Trump há mais de dois anos não
tem nada de puramente comercial. O objetivo não pode ser apenas reduzir o déficit
de US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões entre os dois países.

Os objetivos são maiores e têm relação com a importância que a China vem obtendo
ano a ano no mercado de inteligência artificial, robótica e todo aquele cenário Blade
Runner que volta e meia a gente se depara em vídeos institucionais ou relatos de
viajantes para a China ou Vale do Silício. E é por isso que a Huawei está no centro da
disputa. Voltaremos a isso um pouco abaixo.

Na semana passada, Trump anunciou que pretende elevar para 10% as tarifas nos
últimos US$ 300 bilhões que os Estados Unidos importam em bens chineses. No
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final de semana, a moeda chinesa ultrapassou a marca de CNHUSD 7, algo quase


sem precedente e sinalizou para muitos uma intenção por parte do governo chinês
de elevar o tom da guerra ao usar desvalorizações cambiais.

Os riscos subiram muito nos últimos dias As estocadas de lado a lado são mais
consequência de uma situação de paralisia nas negociações do que a causa. O que
está realmente acontecendo é que os dois lados da moeda parecem acreditar que
tem muita alavancagem sobre o outro e, tão importante quanto isso, tem espaço de
manobra econômica para não negociar, se dando ao luxo de tentar esticar a corda
até que o outro lado pisque e ceda.

A desvantagem do lado americano é o tempo. Trump tem uma eleição para enfrentar
em 2020. Então, sua habilidade tem que ser extrema para a corda não arrebentar e
acabar gerando uma recessão e um recuo das bolsas que torne sua reeleição impro-
vável. Ainda parece estarmos longe dessa situação. O FED pode cortar os juros, o
espaço fiscal ainda pode ser usado e há uma explícita intenção em usá-los, como na
concessão de subsídios para o importante setor agrícola americano.

No lado chinês, as restrições políticas temporais são menores, mas não são peque-
nas. Na China, a história conta. E fazer ilimitadas concessões aos americanos coloca
Xi Jinping em uma posição difícil tendo em vista a grande resistência que os chine-
ses tem de se colocar vulneráveis a forças globais. A vantagem chinesa é a maior
desregulação institucional do país, que dá ao governo espaço importante de ação
fiscal, creditícia, monetária e, por que não, cambial.

Em resumo, nenhum dos dois lados vê vantagens políticas ou necessidades econô-


micas para seguir uma negociação agora que seja visto como muito vantajosa para
o rival.

E no meio disso, está o setor de tecnologia. E aí o emaranhado e as interdependên-


cias dos países são maiores ainda.

Por um lado, a China possui a maior e principal empresa de 5G, a Huawei. As duas
únicas competidoras mundiais seriam as nórdicas Nokia e Ericsson. Caso os EUA to-
mem medidas extremas a ponto de asfixiar a empresa, estima-se que o impacto que
teria sobre os preços da tecnologia 5G seria gigantesco. Portanto, os EUA possuem
uma certa dependência da Huawei.

Por outro lado, para a China desenvolver tecnologia, faz-se necessário um setor de
semicondutores, cujo maior ofertante global, de longe, é os EUA. Portanto, a China
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tem duas alternativas, ser um ótimo cliente dos semicondutores americanos ou de-
morar alguns anos para talvez desenvolver o próprio. Até lá, a China terá ficado para
trás.

E o labirinto continua. Para o setor tecnológico americano, há um insumo necessário


chamado de “terras raras”. Cerca de 80% da produção dessas terras raras vem da
China.

É isso mesmo. Há uma situação de quase monopólio e quase monopsônio [estrutura


de mercado caracterizada por haver um único comprador para o produto de vários
vendedores] de um lado a outro que torna quase inviável imaginar que os dois países
vão romper de vez. Há muita coisa em jogo. E tampouco há um interesse que isso
aconteça.

Portanto, se o entrelaçado tecnológico dos países torna o divórcio impossível na


prática, e as restrições político-econômicas torna o casamento improvável no curto
prazo, a solução de curto prazo que parece se apresentar como mais provável é que
fiquemos nesse meio do caminho por um longo período, em pequenos ciclos de es-
tresse e alívio.

No entanto, acreditamos também que esses pequenos momentos de ataque de um


ao outro vão criando feridas difíceis de cicatrizar. E na nossa avaliação, os america-
nos têm mais armas fatais.

Os chineses possuem esse monopólio de produção das terras raras, mas não são os
únicos que possuem esse insumo. Austrália e a Califórnia também a possuem, mas
não a produzem por ser muito poluente.

A China possui uma grande quantidade de títulos do tesouro americano. Podem ven-
der a mercado e machucar a economia deles? Parece provável que existe um buro-
crata genial na China que consiga administrar US$ 3 trilhões em treasury sem afe-
tar o próprio valor das reservas chinesas? Pequenos sustos e estocadas vindas daí
pode até ser possível, mas desconfiamos que isso não é possível como estratégia
estrutural. Além do mais, eles venderiam as reservas e alocariam aonde? Em títulos
negativos de países desenvolvidos? A moeda segue a mesma ideia. Eles poderiam
fazer uma desvalorização mais acentuada da sua moeda.

Mas, lembremos que os chineses estão há muitos anos tentando tornar o remimbi
uma moeda global, utilizada no comércio intra-asiático. Não me parece que desvalo-
rizar de maneira aguda sua moeda vá ao encontro a esse objetivo maior e de longo
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prazo. E os chineses poderiam fechar seus mercados, tornar-se hostis a grandes em-
presas americanas. Se há aliado importante da China dentro dos EUA são as grandes
empresas, que inibem Trump de traçar medidas mais radicais. Então, criar um am-
biente ruim com Google, Amazon, Facebook, entre outros, não me parece também
uma boa estratégia.

Elencando assim, fica fácil perceber que a China não possui tantas armas quanto
sugerem sua força econômica. Seu líder, Xi Jinping, por isso mesmo, terá que admi-
nistrar a pressão interna e externa e tentar ganhar terreno à medida que a economia
americana mostrar alguma fraqueza.

Do lado americano, como falei, a maior restrição é a eleição e a dificuldade que Trump
teria no caso de uma recessão ou um grande ajuste no mercado de ações. Suas ar-
mas são fortes nos ataques para a China.

Além do quase monopólio no mercado de semicondutores, que citei anteriormente,


Trump tem feito uso das tarifas para tentar atingir a China e, o que seria extremo,
mas possível, aumentar a lista de restrição de exportações. Esse tipo de mecanis-
mo cria um obstáculo para que empresas chinesas adquiram insumos de empresas
americanas, o que no limite pode asfixiá-las e torná-las inoperantes, como já ocorreu
com uma empresa chamada Fujian Jinhua.

Em resumo, estamos presos nessa armadilha e será difícil desarmar a bomba em um


curto espaço de tempo. Que tenhamos armas para nos proteger das nuvens negras
que se desenham no horizonte.

Sobre a questão supremacista nos EUA: os Estados Unidos são o país no mundo com a maior
quantidade absoluta de imigrantes inseridos na população. Residem hoje por lá em torno de 40
milhões de estrangeiros, para um contingente total de 330 milhões de habitantes.
Desde a década de 1960 até a entrada deste século, os EUA promoveram políticas de cunho a
facilitar a entrada de imigrantes. Porém, tal processo tem fim, de certa forma, com os ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001. Assim, ao longo das últimas duas décadas, políticas de
cunho a dificultar a entrada de imigrantes tomaram corpo no país e, com Donald Trump à frente
da Presidência, se encrudescem tais iniciativas de forma radical.
Além das questões relacionadas ao tecido social promovidas pela massa de imigrantes cons-
tantes na população americana (tais quais a questão da presença no mercado de trabalho, o
dinamismo econômico e aspectos legais e jurídicos), os EUA atravessam tempos nos quais
também o tecido racial vem rasgando, e, para consertá-lo, em nada colabora o modelo xenófobo e

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abertamente racista de Trump de se perceber a sociedade americana como um todo. Muito


pelo contrário.
O ano de 2017, o primeiro completo de Donald Trump à frente dos EUA, fora marcado por su-
cessivos distúrbios, principalmente pelo interior dos EUA, confrontando posições de grupos de
defesa dos imigrantes e dos negros e os grupos denominados supremacistas.
Em Charlottsville, Virginia, uma passeata em agosto de 2017 de cunho antirracista se trans-
forma em tragédia. De posse de seu veículo Dodge Challenger, o jovem James Alex Fields,
declaradamente um defensor da supremacia americana, mata uma pessoa e fere outras 19
ao avançar com seu bólido sobre a multidão. Pelas cidades do país, de Norte a Sul, o que se
percebe ao longo do ano é a mesma situação. Uma série de distúrbios e uma crescente con-
siderável nas mortes em função do confronto étnico-racial. Se, por um lado, os EUA, ao longo
dos últimos tempos, vêm diminuindo suas taxas de homicídios por causas econômicas ou uso
drogas, por outro aumenta consideravelmente, após a eleição de Trump, o número de mortes
por causa de questões raciais e étnicas.
Os supremacistas são a parte da população norte-americana que considera indesejável, e de
estirpe inferior, os imigrantes, judeus e negros. Preconizam um país livre destas minorias e rei-
vindicam ao menos que possam bradar livremente seus discursos, colocando à frente de tudo
sobretudo a superioridade branca. Estima-se haver algo em torno de 920 organizações desse
tipo no EUA em 2017.
A verdade é que, com Donald Trump (que saiu em 31 de janeiro de 2021) à frente dos rumos da
nação, tais grupos sentiram-se à vontade para sair em defesa dos mais radicais ideários e dis-
cursos supremacistas. Não que tais grupos tenham nascido a partir da eleição de Trump em
2016 – pelo contrário, eles são enraizados nos EUA há tempos, mas, à medida que o presidente
se identifica claramente com a xenofobia (chegando a se referir que os grupos latinos de El
Salvador e Nicarágua eram oriundos de “shit-countries”, ou “países de merda”) e se apoia para
ser eleito exatamente neste eleitorado mais radical, o qual não vinha participando ativamente
dos pleitos anteriores (principalmente nas duas eleições de Barack Obama), há evidentemente
um cenário francamente aberto à ação destes grupos. É isso que vinha acontecendo ao longo
do mandato de Donald Trump.

TEXTO COMPLEMENTAR
OSCAR 2019 – FILME “INFILTRADO NA KLAN”
Vencedor do Festival de Cannes de 2018, sendo também um dos concorrentes ao
Oscar 2019 em várias categorias, inclusive a de Melhor Filme, o diretor americano de
descendência africana Spike Lee veio às telas em 2019 com um filme que retrata uma
história passada em 1978. Neste, um policial negro se infiltra na Ku Klux Klan, organi-
zação supremacista norte-americana. Ao fim, o diretor imprime uma crítica severa ao

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momento atual dos EUA, com a volta da força de discursos segregacionistas/suprema-


cistas, mostrando cenas de manifestações nos EUA de grupos nazifascistas e também
como Trump referenda a ação destes grupos em seus discursos.

TEXTO COMPLEMENTAR
GEORGE FLOYD E O #BLACKLIVESMATTER
Em 25 de maio de 2020, George Floyd, um cidadão americano negro, desempregado
e com algumas passagens pela polícia, foi detido pela polícia de Minneapolis, capital de
Minnesota. Um vídeo mostrando a prisão de Floyd e a forma como o oficial de polícia
Derek Chauvin procedeu viralizou logo em seguida.
Algemado, de bruços no chão, após sofrer acusação de tentar passar uma nota
falsa de US$ 20 em um mercado na tentativa de comprar cigarros, além de suposta-
mente haver resistido à prisão, Floyd acaba morrendo sufocado. Tudo registrado em
vídeo onde por mais de 8 minutos o policial fica com o joelho sobre a sua garganta e
ele súplica por ar.
A desastrosa ação empreendida pelo policial Chauvin provoca uma onda de pro-
testos em todos os Estados Unidos e reacende uma questão que, na verdade, nunca
esteve dormente. O tecido racial norte-americano é rachado ao extremo, se encontran-
do a violência policial, escancaradamente, como uma evidência mais do que latente
de que algo está muito errado por lá já faz décadas. Faz séculos, aliás. E com Donald
Trump à frente do poder nada muda – aliás, vem piorando.
Criado em 2013, o movimento Black Lives Matter – “Vidas Negras Importam” –
busca denunciar e mostrar exatamente a forma agressiva com que policiais americanos
tratam vidas e ameaçam a integridade física e moral de negros, reivindicando por Jus-
tiça, para que esses policiais sejam usados de exemplo e respondam por seus crimes.
E lá atrás, há 8 anos, foi a indignação ante a absolvição de Jorge Zimmermann, um
homem branco que havia matado com vários tiros Trayvon Martin, um jovem negro de
17 anos, que impulsionou a criação deste que hoje se tornou um dos mais importantes
movimentos de combate ao racismo da atualidade.
A professora, escritora e ativista negra Alicia Garza, ao se revoltar vendo mais uma
vez um crime cometido por brancos contra negros recebendo salvo-conduto da Justiça
americana, posta, então, em suas redes sociais, um depoimento indignado: “Pessoas
negras, eu amo vocês, eu nos amo, vidas negras importam”. Em seguida, outra ativista,
Patrície Khan, replica a mensagem e cunha a hashtag #blacklivesmatter.
Logo em seguida, outra ativista negra replica tal mensagem de indignação, e cria-se
assim um movimento que, em 2020, conseguiu com que, em várias cidades america-
nas, a população saísse às ruas em protesto contra o racismo.

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Embora o Black Lives Matter não proclame ser um movimento hierárquico e guerri-
lheiro, suas bandeiras estão associadas aos principais movimentos negros históricos,
tais quais os Panteras Negras ou a luta contra o apartheid na África do Sul.
“Black Lives Matter é uma intervenção política e ideológica em um mundo onde
vidas negras são sistemática e intencionalmente desaparecidas” diz o site do movi-
mento. “É uma afirmação da humanidade das pessoas negras, da nossa contribuição
para a sociedade, da nossa resiliência em face dessa opressão fatal”. Trata-se, portan-
to, também de um movimento em incentivo por mais protestos e mais atos de resis-
tência em luta contra o racismo no mundo todo. Nessa seara até a Fórmula 1, esporte
elitista e quase sem conexão com o mundo real, se rendeu, propondo que seus pilotos,
ao iniciarem a temporada atual na Áustria, se ajoelhassem ao se apresentar ao públi-
co na primeira corrida do ano, como referência ao antirracismo e George Floyd. Vimos
a maioria dos corredores (14 pilotos dentre 20) curvando-se de forma inédita contra o
racismo.
Nascido no universo que as redes sociais projetam, com a morte de George Floyd,
vimos mais uma vez a força de manifestações convocadas virtualmente com vistas
ao combate de desigualdade e injustiças latentes. Vale lembrar que nos movimentos
#occupywallstreet (2011 e 2012) e também nos recentes protestos no Chile (desde
outubro de 2019), a força virtual se fez totalmente presente, sem esquecer de uma insur-
reição da dimensão da Primavera Árabe, em alguns países árabes, o que era impensá-
vel – ou seja, a volta de democracia, obteve início também através do meio virtual.
Por fim, em abril de 2021 o policial Derek Chauvin foi condenado pela morte de
George Floyd. A pena será divulgada em dois meses, mas pode chegar a 40 anos. Outros
3 policiais envolvidos no caso também foram condenados.

2.7.7. Os EUA e a Coreia do Norte: 2018/2020

A grande novidade na relação dicotômica-ideológica no ano de 2018 entre os EUA e a Co-


reia do Norte se deu em relação à aproximação inédita entre ambos os países. Se em seu pri-
meiro ano (2017) como mandatário Trump recebeu seguidas ameaças do líder norte-coreano,
o tresloucado Kim Jong-un, que bradava de forma explícita que estaria intencionado a atacar
os EUA com mísseis antiaéreos, em 2018 uma mudança em torno desta retórica veio à tona e
ganhou contornos importantes. Já nos primeiros dias de 2018, o líder comunista acenou acei-
tar que fosse desenhado um acordo desarmamentista, dispondo-se, inclusive, a se reunir com
Trump para que dessem início ao fim das animosidades entre os países.
Assim, em 12 de junho de 2018, na cidade-Estado de Singapura, os dois líderes, que eram
outrora inimigos declarados, se reuniram e selaram a paz entre os dois países. Em troca, ali
mesmo, os EUA ofereceram – sob a condição de que a Coreia do Norte se comprometesse a
seguir uma agenda desarmamentista, dar fim aos inúmeros embargos econômicos que vinham

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sendo impressos contra o regime ditatorial da dinastia dos Kim no país comunista, medidas
estas originadas quase que exclusivamente pela política externa repressiva norte-americana.
Para 2019, tal aproximação caminhou em curso estável: em março, Trump não autorizou
ao Tesouro norte-americano promover mais sanções econômicas ao regime de Kim Jong-un e,
em julho, o mandatário norte-americano amenizou os temores emanados por parte da Coreia
do Sul acerca dos testes de mísseis feitos pela Coreia do Norte. A interlocutores, o Presidente
americano faz questão de afirmar que simpatiza e confia no líder norte-coreano. Em 2020,
embora sem maiores ações histriônicas por parte de ambos os ex-inimigos, a que sejam incre-
mentadas maiores escalas de aproximação, visto também que a quase totalidade dos esfor-
ços se concentraram na pandemia de COVID, os EUA e a Coreia do Norte permanecem em paz,
desfrutando dos avanços promovidos ao longo dos dois anos anteriores.
Joe Biden, o Presidente eleito nos EUA em fins de 2020 não recebeu nenhum tipo de feli-
citação por parte de Kim Jong-un. Analistas internacionais deixam claro, contudo, que, caso
Donald Trump se reelegesse, haveria, com quase certeza, felicitações por parte do ditador nor-
te-coreano. Biden não deve ter paz com Kim Jong-un.

2.7.8. A Eleição de Joe Biden 2021

Longe de ter transitado em mar de tranquilidade ao longo dos seus primeiros 3 anos de go-
verno pré-COVID (2017-2018-2019), ao menos Donald Trump possuía a seu favor indicadores
econômicos relativamente robustos, com bom crescimento do PIB e baixíssimo desemprego.
Bem ou mal, sua aprovação ficava na casa dos 50% até a entrada do ano de 2020. A impressão
era de que Trump não havia puxado ninguém do séquito oposicionista para seu lado, mas, ao
mesmo tempo, ele mantinha a outra metade do país que o apoiava desde as eleições de 2016
consigo. Podemos afirmar que até a entrada da pandemia de COVID, a chance de Trump ser
reeleito era relativamente alta, e nem o processo de impeachment que atravessou (sendo pron-
tamente absolvido na entrada de 2020) parecia abalar tal convicção. As eleições de novembro
de 2020 demonstraram que o cenário mudou, e Trump perdeu as eleições, tal qual sabemos.
Joe Biden se tornou o Presidente mais idoso a ser eleito nos EUA em todos os tempos.
Com 78 anos, o Senador do Partido Democrata pelo minúsculo estado de Delaware foi eleito
oficialmente após 11 dias de contagem de votos, em 14 de novembro. Levou no voto popular
e no colégio eleitoral.
Sem qualquer apoio oficializado do (mau) perdedor Donald Trump, que em uma primeira
fase anunciou aos 4 ventos que iria em busca de seus direitos no Judiciário por considerar
uma fraude o atual pleito, Joe Biden tem como desafios desatolar a economia e tentar atar
novamente um país, que, tal qual o Brasil, se encontra rachado em função, fundamentalmente,
de um Presidente (Donald Trump) que promoveu de forma irresponsável políticas segregacio-
nistas e sem qualquer vínculo a uma agenda minimamente plural em termos sociais.

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KAMALA HARRIS, A PRIMEIRA VICE-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS
Eis que Kamala Harris se torna, aos 56 anos, a primeira mulher Vice-Presidente dos
Estados Unidos. Procuradora-Geral da Califórnia de 2011 a 2017 e Senadora dos Esta-
dos Unidos pela Califórnia de 2017 a 2021, Kamala Harris acumula ineditismos. Foi a
primeira Procuradora Geral da Califórnia, e também a primeira senadora e vice-Presi-
dente de origem indiana e afro-americana. Kamala é filha de dois imigrantes: a mãe
nascida na Índia, e o pai, na Jamaica. Antes de ingressar à chapa democrata consa-
grada vencedora como a vice de Joe Biden, Kamala Harris havia tentado, sem sucesso
(mas com grande repercussão), concorrer à candidatura democrata à Presidência em
2020 no topo da chapa.
Não conseguindo postular o cargo máximo, contudo, como candidata a vice ela
serviu enormemente a que Joe Biden angariasse os votos das chamadas “minorias” –
ou seja, negros e imigrantes –, isso sem falar no voto feminino. Mesmo que, diga-se,
por vezes mal vista entre os grupos imigrantes, pois estes consideraram sua atuação e
propostas muito aquém daquilo que era esperado de uma filha de pais imigrantes, fato
é: ela apenas somou à chapa vencedora do pleito em 2020. Conhecida por ser enfática,
firme e capaz de articular nas redes sociais de modo formidável, Kamala Harris acumu-
la ineditismos e holofotes. Dentre seus predicados, a primeira mulher a ocupar a Vice-
-Presidência dos EUA reverbera, de forma inequívoca, um vigor incrivelmente maior que
o de Joe Biden. Claro, a idade ajuda (e muito), visto ser ela quase duas gerações mais
nova que seu chefe Presidente.
Kamala buscou, enquanto Procuradora Geral da California e depois como Senado-
ra, revisar a Justiça criminal dos EUA – projeto visto como uma resposta às críticas de
progressistas a seu trabalho como uma dura procuradora-geral da Califórnia. Dentro
de sua inerente disposição, ela não se cala em debates como sobre a legalização do
aborto ou como a atividade policial nos EUA até hoje se demonstra segregacionista,
entre outros, que são temas espinhosos diante dos quais ela não esmoreceu. Kamala é
moldada por um progressismo que é facilmente perseguido nos EUA como se fosse o
auge de um pensamento de esquerda. E talvez seja.
E Kamala possui, daqui a apenas 4 anos, a chance de ser a primeira Presidente dos
EUA. Joe Biden, atualmente com 78 anos, declara abertamente que não deve concorrer,
aos 82 anos, à reeleição, em 2024. Assim, caso Biden e Donald Trump não mudem de
ideia – pois Trump (diferentemente de Biden) declarou incisivamente que voltará como
candidato para retomar a Casa Branca em 2024 –, veremos, quem sabe, uma próxima
eleição rivalizando Donald Trump e Kamala Harris. Será algo muito interessante. Aguar-
demos, então, o próximo capítulo!

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O CONSERVADORISMO NO MUNDO EM 2021/2022
A maioria dos países do globo possui atualmente em seus comandos centrais
governos de direita. Isso não é um fenômeno novo, longe disso, nem algo que deva ser
classificado como sendo ruim ou bom. O fato é que a globalização, ao menos como
conhecemos, combina com livres mercados, fundamento este basilar do pensamento
de direita. Além de tudo, os mais de 140 países democráticos do mundo tendem, em
maioria esmagadora, a eleger atualmente mandatários de direita ou de centro-direita.
Seria uma tradição democrática escolher governos de direita? Talvez sim.
Na outra ponta, o comunismo, via de esquerda mais radical, impera hoje somente
à frente de governos centrais no Vietnã e na China, em embalagem ditada em ambos
por um “socialismo de mercado” – e também na Coreia do Norte (o regime considerado
mais fechado no globo) e em Cuba (último pilar do comunismo ditatorial nas Améri-
cas), dois baluartes mais radicais. Outros pouco países, por vias democráticas, tal qual
Venezuela, Nicarágua e Bolívia (ao menos até a queda de Evo Morales em fins de 2019),
escolheram regimes à esquerda que persistem – uns, mal das pernas; outros melhores.
Mas o que chama a atenção – e vale o destaque aqui por ser ponto extremamente
importante em Atualidades – é exatamente como em alguns países, muitos desses
muito importantes no cenário global, ascenderam recentemente governos de viés decla-
rado de extrema direita, CONSERVADORES EM ESSÊNCIA. Nesta seara, via de regra,
imperam assim sistemas políticos que não possuem habilidade em conviver com o
contraditório, sendo praça para discursos e ações de cunho xenófobo, racista e autori-
tário que bradam o resgate de costumes e das tradições familiares, além do liberalismo
econômico. Vejamos os casos que mais chamam a atenção em 2021.
HUNGRIA
Viktor Orbán, em seu terceiro mandato, busca ter controle sobre o ensino estatal
superior, por considerar, tal qual no Brasil, atualmente haver um núcleo marxista impres-
so nas universidades, além de proferir discursos xenófobos contra imigrantes. Em 1º de
janeiro de 2019, esteve aqui no Brasil, exatamente para a posse de seu novo amigo de
direita, o Presidente Jair Bolsonaro.
FRANÇA
Embora não seja comandada por um Presidente representante da direita conser-
vadora (Emmanuel Macron), o que se vê no país é a ascensão deste tipo de discurso,
onde Marine Lepen, figura baluarte da direita conservadora, vem de sua terceira tentati-
va como candidata à Presidência, sempre ficando entre os três primeiros – sendo, que
na última eleição, de 2017, perdeu apenas no segundo turno exatamente para Macron.
Para 2022 haverá eleições gerais e novamente candidatos com plataformas conserva-
doras possuem chance de vencer

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ALEMANHA
Na Alemanha, o Partido Alternativa para a Alemanha, de viés declaradamente xenó-
fobo e racista, conquistou nas mais recentes eleições parlamentares (fins de 2018)
quase 15% das cadeiras, assombrando os analistas políticos. Desde o Terceiro Reich,
com Hitler, um partido de extrema-direita não obtinha tanto espaço no parlamento local.
Em 2021, o país enfrentou novas eleições, desta vez para escolha de seu Presidente e
sem Angela Merkel no pleito. Venceu seu ministro das finanças, Olaf Scholz, político
que reza a cartilha de uma plataforma progressista de centro-esquerda defensora da
União Europeia. Os partidos conservadores mesmo com presença na eleição diminui-
ram sua participação tal qual em comparação à 2017
FILIPINAS
No distante país do Pacífico, com uma das maiores populações globais e um dos
piores índices de desenvolvimento humano, o atual Presidente, Rodrigo Duterte (desde
2016), se lança desde sua campanha em comunhão a um discurso altamente conser-
vador, estruturado no combate às drogas, à prostituição e à homossexualidade. Conhe-
cido por suas declarações bizarras, onde até mesmo o Papa fora xingado em ocasião
de sua visita ao país apenas por ter causado um enorme engarrafamento na capital,
Manila, Duterte cria um Estado de exceção; lota penitenciárias com levas enormes de
acusados de uso e tráfico de drogas e autoriza a polícia a matar sem piedade. Recente-
mente, em junho de 2019, chegou ao cúmulo de declarar ter sido homossexual, mas ter
sido “salvo” por um séquito de “mulheres bonitas” em sua vida.
PARAGUAI
Em 2018, o jovem Mario Benítez, de 46 anos, também vestindo a roupagem do con-
servadorismo de direita, assume pela primeira vez o governo no Paraguai. Contudo, o
novo mandatário busca associar sempre que possível sua persona e os preceitos indu-
tores de seu governo fundamentalmente ao Estado democrático e aos direitos huma-
nos.

TEXTO COMPLEMENTAR
O ABORTO NO MUNDO E NO BRASIL EM 2021
Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção de uma gravidez resultante da
remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do
útero. Um aborto que ocorra de forma espontânea denomina-se aborto espontâneo ou
“interrupção involuntária da gravidez”. Um aborto deliberado denomina-se “aborto indu-
zido” ou “interrupção voluntária da gravidez”. O termo “aborto”, de forma isolada, geral-
mente refere-se a abortos induzidos.
Discussão controversa que envolve questões religiosas, espirituais, e logicamente,
de saúde, o aborto, como não poderia deixar de ser, não é tratado da mesma forma no

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mundo. Pelo contrário. Podemos distinguir 5 rols de países: que vão dos mais liberais,
aos que não permitem, em hipótese alguma, o aborto. Abaixo apresento um infográfico
(em inglês) sobre o tema.

Em:https://exame.com/mundo/quais-sao-os-paises-onde-o-aborto-e-autorizado-no-mundo/

Bom, seguindo. Eis que em fins de 2020, o nosso vizinho Argentina, atualizando uma legis-
lação datada de 1922, decide por liberalizar o aborto. Ou seja: o Senado da Argentina aprovou
a legalização do aborto até a 14ª semana de gestação, em decisão celebrada por milhares de
ativistas feministas que aguardaram a votação durante mais de 12 horas nas proximidades
do Congresso. A legalização do aborto por lá é um projeto do presidente de centro-esquerda
Alberto Fernández, aprovada pela Câmara dos Deputados com os votos favoráveis de 38 sena-
dores, 29 votos contrários e uma abstenção, uma margem mais ampla que o previsto.
Outro país a legalizar o aborto em fins de 2020 foi a Coreia do Sul. No longínquo país orien-
tal o direito à interrupção voluntária da gravidez, antes só aceito para vítimas de estupro ou em
casos de risco à saúde da gestante, agora é extensivo a todas as mulheres.
O Brasil, como podem notar, se encaixa dentre o rol de países onde a legislação em relação
ao aborto se encontra em posição das mais restritivas. Nosso código penal de 1940 estabele-
ceu ser crime a prática do aborto (pena de 3 a 10 anos) e, assim, permanece até hoje, salvo em
caso de risco direto e comprovado à vida da mãe, não sendo ainda permitido, por exemplo, o
aborto em caso de estupro.

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3. Atualidades da Europa, do Oriente Médio, da Rússia e da China


3.1. A Europa, a União Europeia e seus Contextos Atuais Mais
Importantes
3.1.1. O Contexto da União

A União Europeia é a mais importante iniciativa frente à formação de uma zona comum
de países a ser realizada com vistas à promoção de uma integração comum na história da
humanidade.
Tal qual vimos em nossa primeira parte desta aula, quando falamos sobre o MERCOSUL, os
blocos multilaterais atendem a estágios específicos em sua formação. Possuem uma origem
seminal na formação de uma Zona de Livre Comércio, seguindo-se à formação de uma União
Aduaneira, chegando ao Mercado Comum (integração de pessoas, trabalho, bens e serviços)
para, finalmente – e aí apenas a União Europeia foi quem realizou tais etapas dentre todos os
instrumentos já existentes de cooperação multilaterais – chegar-se à uma União Econômica e
Financeira (monetária). Neste último estágio, unificam-se atividades monetárias e bancárias,
sendo, digamos assim, a “cereja no bolo” a criação da Zona do Euro em 1999.

Os quatro estágios da formação dos blocos multilaterais são: Zona de Livre Comércio, União
Aduaneira, Mercado Comum e União Econômico-Monetária.

Bom, no mapa abaixo tem-se quais são os países constituintes da União Europeia em 2020.
Vale destacar que eram 28 PAÍSES AO TOTAL, contudo, após formalizada a saída plena do
Reino unido em 31 de janeiro de 2020, temos 27 INTEGRANTES (por isso o nome EUROPA dos
27, tal qual exemplificado na legenda), sendo a Croácia o último país a ingressar, em 2013.
Os 27 Países da União Europeia:

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3.1.2. A Zona do Euro

Criada em 1999, mas somente colocada em prática alguns anos depois, em 2002, a Zona
do Euro dispõe que as transações dentro dos países constituintes do bloco devem ser feitas
por uma moeda única. Atende aos preceitos ditados pelo Banco Central Europeu (com sede
em Frankfurt, na Alemanha), instituição esta que estabelece e aplica os preceitos da política
monetária europeia, dirige as operações de câmbio e busca garantir o bom funcionamento dos
sistemas de pagamento e do sistema financeiro como um todo.
Destaca-se, contudo, que nem todos os países da União Europeia integram a Zona do Euro,
à medida que não há uma obrigatoriedade expressa. Temos economias saudáveis e grandes
que optaram por não participar – como Suécia e Reino Unido (este último antes de sair do
bloco em 2020). Outras economias menores, países recém-ingressos ao bloco, tais quais Bul-
gária, República Tcheca, Croácia, e outros também ainda não integram a Zona do Euro.

3.1.3. O Reino Unido na União Europeia

Caro(a) aluno(a), antes de ingressarmos na análise acerca do chamado BREXIT, ou seja,


neste importantíssimo tópico de atualidades relacionado à saída do Reino Unido da UE, o qual
tem seu início formalmente em 2016, vale-nos destacar dois pontos inicialmente.
Primeiro, o que é o Reino Unido? Com vistas a facilitar a compreensão deste tópico, ve-
jamos o que se considera do ponto de vista geográfico-político como sendo o Reino Uni-
do, de fato.
Constituído por 4 países – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – este
agrupamento, de nome em inglês United Kingdom, possui a formatação abaixo e representa
ainda na União Europeia apenas um único país (este não aderente à Zona do Euro) dentre os
27 ainda pertencentes ao megabloco. Veja o mapa abaixo:

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Observação
Os países do Reino Unido alinhavados em mesma porção insular, em total de 3, são os pa-
íses da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia). Já a oeste tem-se a Irlanda do
Norte (outro constituinte do Reino unido e com capital em Belfast). A soma destes resulta no
Reino Unido.

Depois, é importante delimitar a posição histórica do Reino Unido em relação à União Eu-
ropeia: essa potência europeia, atualmente a SEGUNDA MAIOR ECONOMIA DO BLOCO, rivaliza
com a França no total populacional do continente e posicionou-se ao longo das últimas déca-
das de forma refratária à União Europeia. Isto mesmo! Os britânicos (comandados pela Coroa
Real britânica), mesmo sabendo de sua extrema importância – devido, entre outros fatores, a
seu enorme peso econômico, demográfico e geopolítico, tendo sido, inclusive, ao longo das
duas Guerras Mundiais, parte crucial na defesa dos ideais pró-Europa –, não se demonstraram
de forma ampla (isso desde a década de 1960) partidários a uma inserção efetiva do Reino
Unido na União Europeia.
Veja que o ingresso do Reino Unido se deu em 1973, sendo que, logo na década seguinte,
a mandatária Margareth Thatcher, conhecida mundialmente pela alcunha de “Dama de Ferro”
(1980-1991), deixava claro que os britânicos não estariam dispostos a pagar o preço das bases
de integração que se desenhavam (leia-se arcar com custos inerentes a integração ou dividir
seu mercado de trabalho). Mesmo assim, o Reino Unido assina, em 1991, o Tratado de Maas-
trich – de formação da União Europeia, tal qual como conhecemos hoje (Mercado Comum à
frente; ou seja, integração de pessoas, bens e mercado de trabalho), para, em 1999, se ausen-
tar contudo das tratativas acerca do ingresso na Zona do Euro.
Em seguida, ao longo da década de 2000, com o advento do ingresso de países mais po-
bres do continente, tais quais Hungria, Bulgária, República Tcheca, Eslovênia e, finalmente, a
Croácia, em 2013, os ingleses roem a corda de vez. Em 2016, após 6 anos como primeiro-mi-
nistro, David Cameron passa o bastão da política local para a primeira-ministra do Partido
Conservador, Thereza May. Esta rapidamente dá ensejo à saída em definitivo do Reino Unido
logo em seus primeiros meses como mandatária, dando início ao BREXIT – a saída do Reino
Unido do bloco.

3.1.4. O BREXIT

Em 23 de junho de 2016, é realizada votação em todo o Reino Unido acerca da permanên-


cia ou não do país (visto que o Reino Unido conta apenas como um único país na União Euro-
peia) do bloco europeu. Se em 1975, em um referendo do mesmo tipo no Reino Unido, não se
conseguiu maioria, finalmente, em 2016, 52% da população do Reino Unido aprovou a saída do
bloco. Era o BREXIT, ou seja, o Britain-Exit, ganhando contorno definitivo.

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Em um ambiente de franco crescimento de ideários separatistas e xenófobos ao redor do


mundo por parte da população dos países desenvolvidos e de racha no Reino Unido (com o as-
sassinato, inclusive, dias antes do referendo, da política partidária à unificação, Jo Cox) somen-
te a população da Escócia dentro do Reino Unido preferiu manter-se na União Europeia. Mas,
como sua população é proporcionalmente pequena, prevaleceu assim a vontade da maioria.
Assim, o Reino Unido dá seu início à saída do bloco em definitivo, alegando não querer dividir
mais o custo inerente às responsabilidades de seu peso econômico frente a bancar o bloco
(custo que é proporcional ao tamanho da economia, visto que o Reino Unido é a segunda maior
economia da UE, atrás apenas da Alemanha).
Pesou na decisão comum da maioria da população também o fato de não quererem dividir
o mercado de trabalho nem os ganhos atuais promovidos por um contexto de bom crescimen-
to econômico sustentado (girando em torno de 2% a.a. em média entre 2012-2018) com os
países mais pobres integrantes da União Europeia. Enfim, os britânicos negaram as tratativas
mais amplas e colocadas em prática acerca de um Mercado Comum, as quais envolvem, entre
outros aspectos, partilhar o mercado de trabalho com seus pares – à medida que eram, até a
saída do Reino Unido, 28 países no bloco.
Mas esta saída da União Europeia levada a cabo pelo Reino Unido não foi fácil. A agenda
que a ex-primeira-ministra conservadora Thereza May pretendia esbarrou enormemente nos
compromissos já assumidos (visto que o Reino Unido faz parte da UE desde 1973) como o
sistema financeiro comum, entre outros. Além disso, a UE obrigou com que o Reino Unido
seguisse recebendo normalmente os cidadãos europeus (incluem-se brasileiros naturalizados
europeus) até o fim oficial de sua saída, o que, contrariando as expectativas britânicas, dera-se
em prazo maior do que o esperado (pois eles esperavam estar fora do bloco já em 2018, algo
que nem de longe se concretizou).
E essa tamanha demora em sair da União Europeia desgastou a primeira-ministra Thereza
May, a qual fora destituída do cargo nos primeiros dias de junho de 2019.
Em seu lugar, após quase um mês de discussões, é aprovado o nome de Boris Johnson,
político conservador, pertencente aos quadros do Partido Conservador (francamente favorável
a dar-se sequência ao Brexit), com ou sem acordo com o resto do continente. Cumprindo a
promessa de que evadiria o bloco em prazo máximo até fevereiro de 2020, Johnson anuncia
no dia 31 de janeiro de 2020 que o Reino Unido, após 47 anos fazendo parte da União Europeia,
se retirou em definitivo do bloco.

Veja abaixo a sequência de Primeiros-Ministros do partido conservador no Reino Unido, os quais,


desde 2010, sucedem-se no poder após mais de 30 anos de domínio do Partido Trabalhista:
DAVID CAMERON (2010-2016) > THEREZA MAY (2016-2019) > BORIS JONHNSON (2019-2022)
> Elizabeth Truz (2022 - atualmente).

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TEXTO COMPLEMENTAR
A MORTE DA RAINHA ELISABETH II
Aos 96 anos de idade, após 70 anos de reinado no Reino Unido, a rainha Elisabeth
II morre por razões ainda não reveladas. Sabe-se, contudo, que ela não vinha bem de
saúde nos últimos meses.
Seu reinado passou por momentos de desconfiança no início, logo ao suceder seu
pai que faleceu subitamente em 1953, pois acreditava-se que ela não teria a firmeza
necessária para ser a rainha de 18 países. Ela superou as desconfianças, e também as
baixas de popularidade inerentes a sete décadas no poder. Deu posse a 16 primeiros-
-ministros, sendo a última, a conservadora que veio a suceder Boris Johnson, Elizabeth
Truz, em julho de 2022.
Seu sucessor é seu filho mais velho, o Príncipe Charles III, agora empossado como
rei. O funeral da rainha durou 10 dias, levando a Londres chefes-de-estado e também
uma população de plebeus que chegou a enfrentar dois dias de fila para se despedir de
Elisabeth. Além de gozar em seus últimos anos de alta popularidade, a rainha deixa seu
povo com a sensação de dever cumprido, tendo jamais cometido grandes gafes, além
de sua descrição fazê-la jamais se meter nos assuntos de governo de seus primeiros
ministros além de se gabar a interlocutores mais próximos de ter auxiliado o mundo no
combate ao comunismo. Venceu a Guerra das Malvinas e viu a Grã-Bretanha entrar e
sair da união Europeia. A rainha, que era a presidente da igreja anglicana, com certeza
morreu com a noção de compromisso mais que cumprido em relação a seu povo.

Vale destacar que, após a saída do Reino Unido, a Escócia, principal refratária a esta eva-
são promovida pelos súditos da rainha, deverá tentar, ao que tudo indica, retornar à UE como
um único país, provavelmente já em 2020.
Por fim, é facultado ao Reino Unido o seu retorno ao bloco, segundo estatuto da
União Europeia.

3.2. A Guerra na Síria e o Contexto Geopolítico no Oriente


3.2.1. Introdução

Antes de entrarmos mais a fundo na principal questão atualmente de Atualidades no Orien-


te Médio, ou seja, a questão da Guerra Civil na Síria, é importante que façamos uma análise
esmiuçada acerca de alguns contextos fundamentais. Peço muita atenção a estes temas e
que não prossiga, inclusive, SEM QUE HAJA A COMPREENSÃO plena dos temas e das diferen-
ças entre eles, ok? Serão TRÊS conceitos a serem colocados inicialmente e que são basilares:
• A diferença entre árabes (conceito etnológico) e muçulmanos (conceito religioso)

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Há vários Muçulmanos, ou seja, países de maioria Islâmica, que não são Árabes, como os Ira-
nianos (persas), Turcos, Indonésios…

Árabes são o tronco étnico; se situam basicamente em países do Norte da África e Oriente
Médio. Veja mapa abaixo:

Já os muçulmanos são o tronco religioso dos países que têm uma população que professa
a cartilha do Islamismo. A religião muçulmana originou-se através do profeta Maomé, morto
em 632 d.C., em Medina, na atual Arábia Saudita.
Vale destacar, por fim – sem querer complicar, mas bastante importante que entendamos
–, que há um país árabe onde a população não é muçulmana em praticamente sua totalidade.
Este é o Líbano, onde algo em torno de 35% da população do país (de etnia árabe) é composta
por cristãos. Contudo, entre os países do Norte da África e do Oriente Médio, isso é uma rari-
dade, pois a imensa maioria dos países é de maioria absoluta muçulmana, ou seja, islâmica.

A diferença entre xiitas e sunitas

Ambos são troncos da mesma religião, ou seja, dos muçulmanos, mas aí vale uma
separação.

Os XIITAS são aqueles que consideram que apenas descendentes diretos do profe-
ta MAOMÉ podem ser líderes, isto tanto no plano espiritual como no político.

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Xiita não pode ser confundido com uma religião específica (e, claro, nem os suni-
tas). Eles são membros do islamismo e tornaram-se apenas uma seita com outra
linha de pensamento. São vistos como “radicais”, à medida que possuem este rigor
mais específico a designar seus líderes, mas é interessante destacar que o radica-
lismo também ocorre entre os sunitas, visto, por exemplo, que o número de grupos
fundamentalistas terroristas que representam os sunitas, tal qual veremos abaixo, é
muito maior que entre os xiitas.

No contexto árabe, os xiitas estão em minoria numérica (algo em torno de 20% no to-
tal). Os países de maioria xiita atualmente de destaque são o Irã e a Síria. Seu grupo
fundamentalista (radical e de ações terroristas) é o Hezbollah, com sede no Líbano.

Já os SUNITAS são aqueles que consideram haver certa flexibilidade na questão de


se assumirem altos postos nas hierarquias religiosas (dita espiritual) e política. Ou
seja, não há a necessidade expressa de ser descendente direto do profeta Maomé
para tal. Os principais países de maioria sunita hoje são Qatar, Arábia Saudita, Tur-
quia e Indonésia (maior população muçulmana do mundo).

Abaixo, apresento uma leitura mais aprofundada sobre tal tema e recomendo promo-
vê-la, extraída da versão on-line da BBC Brasil e veiculada no G1:

Entenda as diferenças e divergências entre sunitas e xiitas

Execução de clérigo xiita acusado de ‘terrorismo’ na Arábia Saudita provocou protes-


tos no Irã e rompimento de relações entre os dois países.

A execução de um importante clérigo xiita iraniano pela Arábia Saudita, reino de


maioria sunita, expôs as delicadas relações entre sunitas e xiitas na região.

A Arábia Saudita, de maioria sunita, é rival tradicional do Irã, a grande potência xiita
no Oriente Médio, que monitora – com grande interesse – a questão de minorias
xiitas em outros países.

O clérigo Nimr Al-Nimr era conhecido por manifestar o sentimento da minoria xiita
na Arábia Saudita, que se sente marginalizada e discriminada, e por suas críticas à
família real saudita.

O clérigo e outras 46 pessoas foram executadas no sábado, após serem condenadas


por crimes de terrorismo na Arábia Saudita.

Após as execuções, manifestantes iranianos invadiram a embaixada saudita em Te-


erã. Na noite de domingo, o governo saudita anunciou o rompimento das relações

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diplomáticas com o Irã e deu um prazo de 48 horas para que diplomatas iranianos
deixassem o país.

Mas o que opõe as duas maiores correntes do Islã? Veja abaixo algumas respostas
para entender o que opõe sunitas a xiitas.

Quais são as diferenças entre sunitas e xiitas?

Peregrinação a Meca, um dos rituais compartilhados entre as duas vertentes do is-


lamismo

A separação teve origem em uma disputa logo após a morte do profeta Maomé so-
bre quem deveria liderar a comunidade muçulmana.

A grande maioria dos muçulmanos é sunita – estima-se que entre 85% e 90%.

Membros das duas vertentes coexistem há séculos e compartilham muitas práticas


e crenças fundamentais.

Apesar de se misturarem pouco, há exceções. Nas áreas urbanas do Iraque, por


exemplo, casamentos entre sunitas e xiitas eram comuns até recentemente.

As diferenças entre os dois grupos estão mais nos campos da doutrina, rituais, lei,
teologia e organização religiosa.

Seus líderes também parecem constantemente estar competindo entre si.

Do Líbano e Síria ao Iraque e Paquistão, vários conflitos recentes enfatizaram divi-


sões sectárias, dividindo comunidades.

Quem são os sunitas?

Muçulmanos sunitas se consideram o ramo ortodoxo e tradicionalista do islã.

A palavra sunita vem de “Ahl al-Sunna”, as pessoas da tradição. A tradição, neste


caso, refere-se a práticas baseadas em precedentes ou relatos das ações do profeta
Maomé e daqueles próximos a ele.

Um dos centros de aprendizagem sunitas do Islã mais antigos fica no Egito

Os sunitas veneram todos os profetas mencionados no Corão, mas veem Maomé


como o profeta derradeiro.
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Em contraste com os xiitas, os líderes e professores de religião sunitas historicamen-


te ficaram sob controle do Estado.

A tradição sunita também enfatiza um sistema codificado da lei islâmica e adesão a


quatro escolas da lei.

Quem são os xiitas?

Nos primórdios da história islâmica os xiitas eram uma facção política, – literalmen-
te os “Shiat Ali”, ou partido de Ali.

Os xiitas reivindicavam o direito de Ali, genro do profeta Maomé, e de seus descen-


dentes de guiar a comunidade islâmica.

Ali foi morto como resultado de intrigas, violência e guerra civil que marcaram seu
califado. Seus filhos, Hassan e Hussein, viram negado o que achavam ser seu direito
legítimo à ascensão ao califado. Acredita-se que Hassan tenha sido envenenado por
Muawiyah, o primeiro califa (líder muçulmano) da dinastia Umayyad.

Seu irmão, Hussein, foi morto no campo de batalha com outros membros de sua
família, após ser convidado por partidários a ir para a cidade de Cufa (onde ficava o
califado de Ali) onde prometeram jurar aliança a ele.

Esses eventos deram início ao conceito xiita de martírio e de rituais como a autofla-
gelação.

Há um elemento messiânico característico nesta fé e os xiitas têm uma hierarquia de


clérigos que praticam interpretações independentes e constantemente atualizadas
dos textos islâmicos.

Os xiitas seriam cerca de um décimo do total de muçulmanos, entre 120 e 170 mi-
lhões.

Muçulmanos xiitas são maioria no Irã, Iraque, Barein, Azerbaijão e, segundo algumas
estimativas, Iêmen. Há grandes comunidades xiitas no Afeganistão, Índia, Kuwait,
Líbano, Paquistão, Catar, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Qual o papel do sectarismo em crises recentes?

Em países que foram governados por sunitas, xiitas tendem a representar os setores
mais pobres da sociedade. Eles normalmente se veem como vítimas de discrimina-
ção e opressão. Algumas doutrinas extremistas sunitas defendem o ódio aos xiitas.

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A revolução iraniana de 1979 lançou uma agenda xiita radical que foi percebida como
um desafio por regimes conservadores sunitas, particularmente no Golfo Pérsico.

A política de Teerã de apoiar milícias xiitas e partidos além de suas fronteiras foi
adotada por Estados do Golfo, que reforçaram suas ligações com governos sunitas
e movimentos no exterior.

Durante a guerra civil no Líbano, os xiitas ganharam força política graças às ativida-
des militares do Hezbollah.

No Paquistão e no Afeganistão, grupos sunitas linha-dura, como o Talebã, atacaram


com frequência lugares de fé xiita.

Os conflitos atuais no Iraque e na Síria também têm fortes tons sectários. Jovens
sunitas nos dois países se uniram a grupos rebeldes, muitos dos quais ecoam a ide-
ologia da Al-Qaeda.

Enquanto isso, jovens da comunidade xiita estão lutando pelas – ou com – as forças
do governo nestes países.

Acrescento abaixo também um mapa com vistas a promover um melhor dimensionamento


sobre tal questão: nele vemos parte do globo como um todo, com recorte, bem verdade, mais
específico na África e na Ásia e os países onde há forte presença de população muçulmana,
com o contraste entre as maiorias XIITAS e SUNITAS. Vejam bem que são muito maiores as
áreas com sunitas (em amarelo) do que com xiitas (em vermelho).

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Bom, dando seguimento a nossa aula e aos termos conceituais, já vimos, portanto, as di-
ferenças entre ÁRABES e MUÇULMANOS e também entre XIITAS e SUNITAS. Agora, veremos
como que a religião e os Estados se confundem (ou não) em países de maioria de população
muçulmana.
• A SHARIA versus ESTADO LAICO

Pelo fato de a religião se encontrar extremamente arraigada nos países árabes, vários des-
tes, ao elaborarem as suas Cartas Magnas, promovem uma confusão (proposital) entre a reli-
gião, esta expressa pelo livro sagrado Alcorão e a Constituição. Para estes Estados que não
fazem intencionalmente tal separação, tem-se a denominação de Sharia. Os códigos de leis,
tais quais o Código Penal, como exemplo, e a própria Constituição são perpétuos e de condu-
tas rígidas como expressos no Alcorão. São Estados que tendem, por exemplo, a promover os
códigos penais mais rígidos dentro do Islã, com pena de morte por causas torpes no mundo
ocidental, como não respeito a costumes de vestimentas ou ao consumo de bebidas alcoóli-
cas, por exemplo. São exemplos clássicos dentro deste modo de ver religião e código de leis a
Arábia Saudita (sunita) e o Irã (xiita).
Já os chamados Estados Seculares, ou laicos, conseguem promover níveis de distinção
entre o código de leis (seja civil ou penal) e o Alcorão. Veja que tal separação não é plena

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em muitos Estados, porém, mesmo assim, ocorre esta busca por se separarem os assuntos.
Exemplos são o Egito e a Turquia.

3.2.2. A Guerra na Síria

A atual guerra civil na Síria adentrou, em 2021, em seu nono ano, expondo as fraturas do
mundo árabe e o racha entre sunitas e xiitas nos países muçulmanos. Também escancara
como as peças do tabuleiro geopolítico na região, movidas de um lado pela Rússia e de outro
pelos EUA, se comportam de forma antagônica.
Para entendermos melhor o contexto da Guerra Civil na Síria, contudo, meu(minha) caro(a)
aluno(a), importa nos atermos inicialmente ao que foi a Primavera Árabe, com seus levantes
iniciados lá em 2011.
Em vários países no chamado Mundo Árabe, uma série de revoltas populares tomou conta
das ruas de nações árabes do Norte da África ao longo dos anos de 2010/2011 – com o início
destes levantes ocorrendo na Tunísia, país no Norte da África. Assim, neste país norte-africa-
no, a população saiu às ruas em protesto pela morte do jovem Mohammed Boauzizi; um ven-
dedor de frutas de 26 anos que se suicidou ateando fogo ao próprio corpo após ser humilhado
(ter apanhado de fiscais locais, sendo que não era a primeira vez que tal fato acontecia desta
forma) apenas porque vendia frutas com seu carrinho nas ruas de sua cidade sem as devidas
autorizações ou pagamentos de propinas requeridos.
A população da Tunísia se rebelou, desencadeando um protesto massivo que, na verdade,
estava associado contra a pobreza e a corrupção de seu país e se voltava contra o ditador lo-
cal: Zine Ben Ali. Ben Ali subiu ao poder na Tunísia em 1987 e, somente pela Revolução de Jas-
min, empreendida pela polução tunisiana oprimida, em janeiro de 2011, foi derrubado. Zine Ben
Ali foi o primeiro dos líderes árabes a cair e o primeiro a ser condenado: 35 anos de prisão sob
a acusação de roubo e posse ilegal de joias e grandes quantias de dinheiro. A partir daí, uma
série de novos levantes tomou conta dos países da África do Norte (países árabes), depondo,
assim, Muammar al-Gaddafi, na Líbia, após sete meses de luta no país (e seu assassinato em
outubro de 2011), e também Hosni Mubarak, do Egito, após mais de 1 milhão de pessoas saí-
rem às ruas do Cairo para derrubá-lo.

A PRIMAVERA ÁRABE SEGUE SEUS VENTOS PARA O ORIENTE MÉDIO!


Conforme explicado acima, os levantes no chamado Mundo Árabe, os quais, entre 2010/2011,
percorreram os países árabes ao Norte da África – em sequência, Tunísia, Líbia e Egito –, saem
do continente africano para, já em 2011, chegarem ao Oriente Médio, porção territorial que
compartilha características semelhantes às dos países árabes pela presença de países de et-
nia árabe e a ausência de liberdades individuais e políticas (leia-se democracia). Os primeiros
levantes no Oriente Médio se deram no Iêmen e, em seguida, imbuídos das mesmas causas
que em outros lugares, a maioria da população da Síria sai às ruas pedindo a deposição de

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Bashar-Al-Assad, tirano que governa desde 2000 o país ao suceder seu pai (também golpista e
ditador) que fora Presidente entre 1971-2000.

• Um pouco sobre a Síria:


− A Síria é um país situado à beira do Mar Mediterrâneo, no coração do Oriente Médio,
inimigo de Israel e reduto radical xiita, mas de maioria de população sunita. Basshar-
-Al-Assad é o Presidente desde 2000.
− É um país aliado do Irã, da Rússia e do Hezbollah (grupo fundamentalista xiita com
sede no Líbano).

• O confuso cenário da Síria


− A atual guerra civil na Síria, a mais sangrenta em curso no mundo, em 10 anos conta-
biliza cerca de 500.000 mortes e mais de 5 milhões de refugiados. Possui origem na
oposição entre o Exército de Libertação da Síria, composto por SUNITAS, maioria da

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população da Síria – estes recebem apoio da OTAN (EUA e Reino Unido no comando),
além da Turquia e da Arábia Saudita (estes dois duas potências bélicas na região e
países de população de maioria sunita) –, e os alauitas – que são os XIITAS, minoria
numérica no país, porém pró-governo, que contam com o apoio, principalmente, do
Hezbollah (grupo terrorista de mesa inclinação xiita), do Irã e da Rússia;
− Ainda existem no país o Exército Livre da Síria – moderados e oposição a Assad, os
Curdos e o Estado Islâmico. Sobre o Exército Islâmico, que ao Norte do território da
Síria conquistou territórios ao longo dos anos de 2014, 2015 e 2016, veremos na se-
quência desta aula como se deu tal processo;
− Seguindo, então: na passagem de 2011 para 2012, se instala uma guerra civil na Síria,
buscando restaurar aquilo que fora conseguido em outros países do Mundo Árabe
através da Primavera Árabe (entre 2011 e 2012 na Tunísia, na Líbia e no Egito). Esse
período foi marcado pelo fato de países da etnia árabe realizarem a deposição de
ditadores constituídos e, assim, conseguirem ver a volta da democracia. Mas, ao con-
trário do que ocorrera no Egito, na Líbia e na Tunísia (e Iêmen), na Síria as forças de
Assad não cederam. Utilizando-se de uma conjunção de fatores, tais quais seu exér-
cito bem paramentado, armas químicas e apoio internacional da Rússia e do Irã, além
do apoio terrorista do grupo Hezbollah, seu ditador se sustenta no poder desde então,
na base da mais sangrenta guerra do mundo.

A Guerra na Síria se constitui basicamente em um conflito entre os próprios sírios (árabes)


de mesma religião (muçulmanos), contudo, de seitas diferentes. Assim, temos de um lado os
grupos de oposição a Bashar Al-Assad, todos SUNITAS, visando derrubar um ditador do ramo
XIITA (Assad).

Ao longo dos últimos anos, uma intervenção efetiva, tal qual como de praxe os EUA pro-
movem ao redor do globo, em geral com a justificativa de “restaurar a democracia”, não teve
espaço. Isto se deve a algumas questões abaixo listadas:
• Oposição da Rússia e falta de unanimidade, portanto, no Conselho de Segurança da
ONU para referendar tais ações;
• Receio de entregar o poder a grupos sunitas que possuem braços armados fundamen-
talistas (terroristas) na Al-Qaeda (de Osama Bin Laden), no Talibã, na Irmandade Muçul-
mana e no Hamas (esse último controlando atualmente a Palestina);
• Necessidade de combate e extermínio ao Estado Islâmico, sendo mais importante do
que propriamente retirar Assad.

Por fim, é importante destacar que a guerra na Síria gerou a questão humanitária mais
crítica em tempos recentes no Planeta. Mais de 5 milhões de sírios, ou aproximadamente 20%
da população do país antes de eclodir a guerra (2012), tornou-se refugiada, saindo a pé pelos

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desertos para pousar em países vizinhos da região, como Turquia, Irã ou Jordânia, ou evadindo,
por água, em botes improvisados no Mar Mediterrâneo, tentando entrar na Europa pela Itália ou
pela Grécia para, daí, buscar refúgio em áreas continentais, como a Hungria e a Alemanha. Fato
é que: desde a Segunda Guerra Mundial, uma diáspora (fuga forçada) tal qual ocorre agora na
Síria não era vista em todo o Planeta.
E Assad não aceita base alguma de negociação com a oposição. Garantiu-se por muito
tempo nesta guerra apenas com o domínio de Damasco (a capital) e suas cercanias, e a cruel-
dade imposta por práticas de uma MINORIA XIITA que há décadas comanda o país. Chegou,
de fato, a parecer que perderia a guerra por várias vezes, mas veio retomando mais áreas, inclu-
sive a cidade mais populosa do país, Aleppo, ao norte, e se fortalecendo de novo no controle.

A aliança com a Síria é antiga e vital para a Rússia no Oriente Médio. Uma região estratégica
onde há governos alinhados aos Estados Unidos, como Israel, Arábia Saudita e os Emirados
Árabes. Desde a década de 1980, os russos têm um grande porto na cidade de Tartus, na Síria,
sendo esta a única base própria russa no Mar Mediterrâneo, que, em 2016, se transformou
numa base militar russa de usufruto por mais 49 anos. Nesse mesmo ano (2016), e não por
coincidência, ocorre com auxílio russo a retomada de Allepo (a segunda mais importante cida-
de do país) pelo governo de Assad.

Em 2021, com Joe Biden no poder, os EUA ainda não indicaram para onde caminhará a sua
bússola acerca de ações de intervenção na Síria. Já a Rússia mantém-se fiel a seus aliados,
abrindo mais espaço para o crescimento de sua impressão geopolítica na área.
Vale destacar, por fim, que em abril de 2021, os EUA iniciam a sua retirada de uma das mais
longevas guerras que o país esteve envolvido. A Guerra do Afeganistão, que se arrasta por qua-
se 20 anos e não conseguiu expurgar os talibãs do território do Afeganistão. Enquanto Trump
havia marcado a saída do Afeganistão para abril de 2021, Biden adiou o processo e prometeu
retirar em definitivo as tropas em 11 de setembro de 2021 – ou seja, no aniversário de 20 anos
do atentado ao World Trade Center.

Abaixo, leia matéria publica que, embora não tão recente, é bastante oportuna para
que entendamos o contexto de luta na Síria e as barbaridades que uma guerra pode
provocar:

O massacre de civis e crianças na guerra da Síria que foi ignorado pelo resto do
mundo. Segundo a ONU, mais de 350 civis foram mortos e 330 mil foram forçados
a deixar suas casas desde que o conflito na região síria de Dili se intensificou, no fim
de abril.

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Mais de cem pessoas, incluindo 26 crianças, morreram em ataques aéreos feitos em


hospitais, escolas, mercados e em uma padaria no nordeste da Síria nos últimos 10
dias, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

A chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, diz que os ataques foram
feitos pelo governo sírio e seus aliados nas áreas controladas pela oposição.

Mas os ataques foram recebidos com “aparente indiferença internacional”, disse ela.
Bachelet criticou a “falha de liderança nas nações mais poderosas do mundo”.

A Síria e a Rússia, que é sua aliada, negaram ter mirado em civis durante os ataques
aéreos na região de Idlib.

A número de mortos crescente em Idlib tem sido recebido com um “dar de ombros
coletivos” e o conflito ficou fora do radar internacional, disse ela, enquanto o Conse-
lho de Segurança da ONU está paralisado.

Ela afirma que é muito improvável que os ataques a civis tenham sido acidentais e
disse que os países que os fizeram podem ser julgados por crimes de guerra.

“Ataques intencionais a civis são crimes de guerra, e aqueles que os ordenaram ou


os executaram são criminalmente responsáveis por seus atos”, disse Bachelet.

O que está acontecendo na Síria?

A província de Idlib, junto com as províncias de Hama e Aleppo, é uma das últimas
áreas controladas pela oposição na Síria depois de oito anos de guerra civil.

A área em tese está protegida por uma trégua negociada em setembro entre a Rús-
sia, aliada do governo sírio, e a Turquia, que apoia a oposição. A trégua deveria prote-
ger os mais de 2,7 milhões de civis que vivem na região de uma grande ofensiva das
forças do governo.

Na semana passada, a ONU disse que mais de 350 civis foram mortos e 330 mil
foram forçados a deixar suas casas desde que o conflito se acirrou em 29 de abril.

Mas o número agora foi revisado, com o acréscimo de 103 mortes somente nos últi-
mos 10 dias. O número de refugiados subiu para 400 mil.

O governo – com apoio da força aérea russa – disse que o aumento nos ataques se
deve a repetidas violações da trégua por jihadistas ligados à al-Qaeda que estariam
na área dominada pela oposição.

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No entanto, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados
Unidos, disseram em março ter derrotado os jihadistas e dado fim ao grupo extremis-
ta autoproclamado Estado Islâmico (EI).

No início desta semana, a Rússia negou que tenha feito ataques aéreos em merca-
dos e áreas residenciais que deixaram pelo menos 31 civis mortos.

Como a guerra da Síria começou?

Antes do conflito começar, muitos sírios estavam insatisfeitos com os altos índices
de desemprego, a corrupção e a falta de liberdade política sob o Presidente Bashar
al-Assad.

Em março de 2011, protestos pró-democracia começaram ao sul da cidade de Deraa,


inspirados por revoltas populares pró-democracia em países vizinhos – o que ficou
conhecido como “Primavera Árabe”.

Quando as forças de segurança sírias abriram fogo contra os ativistas – matando


vários deles -, as tensões se elevaram e mais gente saiu às ruas. Protestos pedindo
a renúncia do Presidente começaram no país todo.

A revolta se intensificou, assim como a resposta do governo. Apoiadores da oposi-


ção se armaram – primeiro para se defender, depois para expulsar as forças de segu-
rança das áreas onde viviam. Assad então disse que iria acabar com o que chamou
de “terrorismo apoiado por estrangeiros”.

A violência aumentou rapidamente, dando início a uma guerra civil.

Grupos rebeldes se reuniram em centenas de brigadas para combater as forças ofi-


ciais e retomar o controle das cidades e vilarejos.

Em 2012, os enfrentamentos chegaram à capital, Damasco, e à segunda cidade do


país, Aleppo.

O conflito já havia, então, se transformado em mais que uma batalha entre aqueles
que apoiavam Assad e os que se opunham a ele – adquiriu contornos de guerra
sectária entre a maioria sunita do país e xiitas alauitas, o braço do Islamismo a que
pertence o Presidente.

Isso arrastou as potências regionais e internacionais para o conflito, conferindo-lhe


outra dimensão.
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Quem está lutando contra quem?

A rebelião armada evoluiu significativamente desde suas origens.

Há membros da oposição moderada secular lutando contra as forças de Assad. O


Exército curdo, um dos grupos que os Estados Unidos estão apoiando no norte da
Síria, faz parte da oposição.

Mas há também uma grande quantidade de radicais e jihadistas – partidários da


“guerra santa” islâmica. Entre eles estão o autointitulado Estado Islâmico (EI) e a
Frente Nusra, afiliada à al-Qaeda. Os combatentes do EI – cujas táticas brutais cho-
caram o mundo – criaram uma “guerra dentro da guerra”, enfrentando tanto os rebel-
des da oposição moderada síria quanto os jihadistas da Frente Nusra.

Os rebeldes moderados têm requisitado armas antiaéreas ao Ocidente para respon-


der ao poderio do governo sírio. Mas Washington e seus aliados têm procurado con-
trolar o fluxo de armas por medo de que acabem indo parar nas mãos de grupos
jihadistas.

Em março, as Forças Democráticas Sírias (FDS), que são apoiadas pelos Estados
Unidos, disseram ter derrotado o EI.

“As Forças Democráticas Sírias declaram a total eliminação do chamado califado e a


total derrota territorial do EI”, disse Mustafa Bali, porta-voz da FDS, pelo Twitter. “Nes-
te dia único, celebramos os milhares de mártires que tornaram essa vitória possível.”

Em seu auge, o EI controlou uma área de 88 mil km² no norte da Síria e do Iraque,
governou quase 8 milhões de pessoas, ganhou bilhões de dólares com a exploração
de petróleo, extorsões, roubos e sequestros, e usou seu território como base para
ataques em outros países.

A aliança de forças representada pela FDS, lideradas pelos curdos, começou sua
ofensiva final contra o EI no início de março, contra militantes que estavam encurra-
lados no vilarejo de Baghuz, no leste sírio.

Qual é o impacto da guerra?

Além de causar centenas de milhares de mortes, a guerra incapacitou 1,5 milhões de


pessoas, entre elas 86 mil que perderam membros do corpo.

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Ao menos 6,1 milhões de sírios tiveram de deixar suas casas para buscar abrigo em
alguma outra parte do país, enquanto outros 5,6 milhões se refugiaram no exterior.

Líbano, Jordânia e Turquia, onde 92% desses sírios refugiados vivem hoje, têm en-
frentado dificuldades para lidar com um dos maiores êxodos da história recente.

A ONU estima que 13,1 milhões de pessoas necessitaram de algum tipo de ajuda
humanitária na Síria em 2018.

Por que a guerra está durando tanto?

Um fator chave é a intervenção de potências regionais e internacionais.

Seu apoio militar, financeiro e político tanto para o governo quanto para a oposição
tem contribuído diretamente para a continuidade e intensificação dos enfrentamen-
tos, e transformado a Síria em campo para uma guerra indireta.

A intervenção externa também é responsabilizada por fomentar o sectarismo no que


costumava ser um Estado até então secular (imparcial em relação às questões reli-
giosas).

As divisões entre a maioria sunita e a minoria alauita no poder alimentaram atrocida-


des de ambas as partes, não apenas causando a perda de vidas, mas a destruição de
comunidades, afastando a esperança de uma solução pacífica.

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3.2.3. O Estado Islâmico

O Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) foi criado em 2013 e cresceu como um braço
da organização terrorista Al-Qaeda no Iraque. Em 2014, rompem com os iraquianos e formam
apenas o EI.
As atividades do EI se concentraram na Síria, onde o grupo assumiu um papel dominante
aproveitando-se da desestruturação do Estado sírio por causa da guerra civil interna, e no
Iraque, em função também da desestruturação interna após anos de guerra contra os EUA. Às
áreas as quais ocuparam ao Norte da Síria e do Iraque dá-se o nome de LEVANTE.
Veja o imenso território que o ESTADO ISLÂMICO chegou a dominar em 2015 (em lugar
denominado como sendo o Levante):

Financiado por doações de Estados Sunitas (leia-se Arábia Saudita e Qatar – sendo este,
inclusive, sede da Copa do Mundo de 2022, acusado pela própria Arábia Saudita de financiar
descaradamente o EI –, que obtêm lucro com a posse de poços de petróleo do Norte do Ira-
que e também sequestros e pilhagens), o ESTADO ISLÂMICO tem como ideologia a formação
(construção) de uma sociedade completamente voltada aos preceitos religiosos, políticos,
morais e culturais vigentes à época do profeta Maomé (600 d.C.). Ou seja, eles negam toda
e qualquer evolução que houve no mundo muçulmano (e árabe por consequência) depois da
morte do profeta no ano 632. Este é o CALIFADO pretendido por eles.
Vale destacar que a Arábia Saudita já vive perto disto, ou seja, um Estado onde preceitos re-
ligiosos seculares (e arcaicos) imperam. Contudo, estando os sauditas banhados em petróleo,

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com gastos militares astronômicos e sendo aliados aos EUA, não recebem severas críticas.
Ainda no caso Saudita, uma roupagem mais moderna para sua sociedade vem sendo colocada
em prática exatamente para se destacar desses meios quase pré-históricos de vida impressos
pelo EI (em processo que ainda engatinha, é bem verdade) pelo atual primeiro-ministro e futuro
rei da Arábia Saudita, o jovem e garboso Mohammad bin Salman bin Abdulaziz Al Saud.
Uma força do Estado Islâmico muito em voga alguns anos atrás era exatamente o podem
de cooptar jovens, principalmente de outros países, como EUA, Suécia, França, Nova Zelândia
e até do Brasil, para atuarem em suas frentes, seja localmente em seus países, promovendo
atentados (e vários atentados aconteceram deste modo, culminando inclusive, em um atenta-
do em Orlando, nos EUA, em uma boate LGBT, com 49 mortes, em 2017), seja dentro dos pró-
prios territórios do Estado Islâmico. Neste último caso, em específico, três jovens brasileiros,
até onde se sabe, acabaram se envolvendo com o grupo Jihadista, indo lutar em suas frentes
de combate. O mecanismo de convencimento destas pessoas de fora é a internet. Sendo as-
sim, o Estado Islâmico fora chamado de “cybercalifado” (e muita atenção a esse nome, que
pode vir a cair em provas!) à medida que possui de forma contundente esta capacidade de
chamar pessoas para se alistarem em suas frentes atrás do meio cibernético/virtual.
Mas, voltando, portanto, ao caso do Estado Islâmico, um recente controle de vastos terri-
tórios no Norte e Oeste do Iraque, chegando às portas de Bagdá, além das áreas dominadas
pelos curdos, ajudaria o grupo islâmico a consolidar seu domínio ao longo da fronteira com a
Síria, onde lutou contra o regime de Bashar al-Assad. Mas, ao longo dos anos de 2016 e 2017,
houve SUCESSIVAS DERROTAS E EXTINÇÃO DO PODER DO ESTADO ISLÂMICO NO IRAQUE.
Na Síria, apenas em 2018, numa ação conjunta entre EUA e RÚSSIA (que atuam em campos
opostos, tal qual vimos na questão interna Síria), ao que tudo indica, ELES TAMBÉM FORAM
expulsos do território.

Caro(a) aluno(s), ESTE É UM PONTO EXTREMAMENTE IMPORTANTE EM ATUALIDADES: a ba-


talha contra o radicalismo do califado, contudo, não terminou, totalmente. Pelo contrário! O
Estado Islâmico ainda tenta voltar, buscando agora novos domínios de áreas pelo mundo ára-
be, como no caso da Líbia, ao Norte da África, onde já se identifica um novo foco de ação e
domínio territorial por parte deste grupo. Portanto, é importante ficarmos atentos às possíveis
futuras ações do Estado Islâmico ao longo desta nova década, pois o grupo não cessou suas
atividades, apenas mudou de endereços (no plural, mesmo).

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Abaixo apresento matéria (curta) do portal CNN Brasil, acerca das atuais ações do Estado
Islâmico em 2021. Leiam com atenção por favor.

Estado Islâmico avança na África após derrota na Síria

Grupo terrorista recruta extremistas em Moçambique

Radicais do grupo Estado Islâmico tentam expandir a atuação em países do conti-


nente africano após perderem território na Síria e no Iraque. O ministro da Defesa de
Moçambique enviou tropas para a cidade de Palma, no norte do país, para conter o
avanço na região.

Soldados estão posicionados em locais estratégicos da cidade produtora de gás


natural, que foi atacada por militantes do Estado Islâmico na semana passada. O
Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque.

Os combatentes ocuparam fábricas, bancos e prédios públicos. A maior parte da


rede de comunicação com Palma está cortada. As Nações Unidas falam em dezenas
de mortos. Cerca de 700 famílias estão desabrigadas.

O governo da República Democrática do Congo, na região central da África, acusa a


milícia conhecida como Forças Democráticas Aliadas de ter assassinado, pelo me-
nos, 23 civis nos últimos dias. Os Estados Unidos consideram esse grupo aliado do
Estado Islâmico.

Os ataques terroristas na África estão aumentando nos últimos anos: as ações têm
se tornado mais frequentes inclusive em países que antes eram considerados segu-
ros. Segundo uma agência de avaliação global de risco, sete dos dez lugares mais
perigosos para ações de extremistas são agora da região subsaariana.

O fenômeno cresceu com o enfraquecimento do Estado Islâmico em países do


Oriente Médio, como Síria e Iraque. Mas também existe atividade de grupos ligados
à Al-Qaeda.

No último trimestre de 2020, houve aumento de 13% nas ações terroristas no conti-
nente africano, em comparação com o período anterior. Burundi foi o país que mais
piorou no índice de risco: é agora a 27ª nação mais perigosa para ações terroristas
no planeta. Costa do Marfim, Tanzânia, Chade, República Democrática no Congo,
Etiópia, Quênia, Moçambique e Senegal também pioraram no ranking.

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3.2.4. A Guerra de Maio de 2021 entre Palestina e Israel

Durante 11 dias de maio de 2021, Israel bombardeou pontos em Gaza de maioria palestina,
considerados como bunkers do grupo radical Hamas.
Enfrentamentos em Jerusalém foram o estopim para mais uma escalada de violência na
região. Desta vez, em 11 dias houve 250 mortes. Segundo Benjamin Netanyahu, primeiro-mi-
nistro de Israel, o que se buscou por parte de Israel foi estabelecer a calma na região. Mas,
segundo analistas políticos (e algo também que Israel não esconde), o foco era o combate às
operações do Hamas em Gaza.
No fundo, os confrontos entre palestinos e israelenses, especialmente em Gaza e nas ime-
diações de Jerusalém, são muito antigos, com mais de 5 décadas de duração (ao menos des-
de 1967) e, ultimamente, podem ser vistos como um cemitério de iniciativas de paz, lideradas,
via de regra, pelos Estados Unidos. Peço muita sua atenção para este tema (Palestina X Israel),
que estava dormente em atualidades ao longo dos últimos 5 anos, mas que, agora, ao que tudo
indica, volta à nossa pauta com força e deve despencar em provas.

Os dois principais grupos radicais (fundamentalistas) com atuação na Palestina são o Hamas,
grupo de orientação sunita, e o Fatha – também de orientação sunita e criado por Yasser Ara-
fat. Ambos, embora defendam a mesma causa (ou seja, a defesa dos preceitos islâmicos e po-
liticamente a libertação/formação da Palestina) rivalizam no controle da Palestina e já tiveram
entre si travada uma guerra entre 2006-2007. Atualmente, quem possui maioria no parlamento
palestino é o Fatah, mas quem controla Gaza é o Hamas. De forma indireta, o Hezbollah (de
orientação xiita) também possui relativa força na região, se encontrando sediado no Líbano
recebendo franco apoio do governo do Irã.

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Percebam no mapa abaixo que vem ocorrendo um gradual enxugamento em termos de


área da Palestina ao longo das décadas. Atualmente os palestinos ocupam as partes esparsas
na área da Cisjordânia e ao Sul de Israel, em Gaza.

TEXTO COMPLEMENTAR
OS TALIBÃS 20 ANOS DEPOIS NO PODER
Por Luis Felipe Ziriba - 01/10/2021
Fato é: os Talibãs retomaram o poder que possuíam entre os anos de 1996-2001 no
Afeganistão e vai muito difícil tirá-los de lá agora. Em 2001, quando as torres gêmeas
do World Trade Center, em Nova York, foram derrubadas em um estrondoso atentado
terrorista, as Forças Armadas dos Estados Unidos entraram no Afeganistão e puseram
abaixo o regime talibã…
Contudo, passados 20 anos, o governo norte-americano anuncia uma distensão.
Joe Biden declarou em abril de 2021 que iria retirar até o fim do ano as tropas ame-
ricanas no país que há duas décadas expulsaram os talibãs e vinham, assim, tolindo
exatamente as tentativas de retorno ao poder por parte da milicia guerrilheira radical.
E não deu outra, em poucos meses os mulás, como são conhecidos os radicais barbu-
dos que compõem as fileiras do Talibã, tomaram a Capital Cabul. O Presidente afegão
foi um dos primeiros a deixar o país. Junto a ele, uma população desesperada tentou
embarcar em aviões americanos com a missão original de promover retirada apenas
de cidadãos norte-americanos e pessoas de consulados e corpo diplomático. Alguns
afegãos até conseguiram embarcar. Outros se penduraram onde deu, fosse na fusela-
gem ou no trem de pouso. Foi sem dúvida essa uma das imagens mais chocantes

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vistas recentemente. Abaixo, antes de falarmos acerca do medo que envolve a volta do
Talibã e suas práticas - e qual nova roupagem inclusive eles prometem, vamos ver resu-
midamente a história deste grupo para, assim, entendermos em qual contexto histórico
se encaixam (...) lembrando ser este um tema extremamente quente para as próximas
provas de concursos em Atualidades. Então vamos lá!
Talibã: Contexto histórico.
Em: https://www.politize.com.br/taliba-terrorismo/
No contexto da Guerra Fria ao final da década de 1970, o Afeganistão se encontrava
em meio a disputas internacionais de poder. O país sofreu uma ocupação pela então
União Soviética, entre 1979 e 1989, que buscava garantir e manter a implementação de
um regime comunista alinhado à Moscou.
Seguindo a lógica de combater um “inimigo em comum”, os Estados Unidos ofere-
ceram treinamento e equipamentos militares aos Mujahedin*, um grupo de combaten-
tes armados que lutavam contra a ocupação soviética. Após uma década de conflito, a
União Soviética decidiu retirar suas tropas do Afeganistão em fevereiro de 1989.
Com a retirada dos soviéticos do país, e com a destituição do governo de Mohammad
Najibullah em 1992, parte dos Mujahedin que haviam sido apoiados pelos Estados
Unidos se organizaram. Como veremos mais adiante, o grupo se radicalizou, basean-
do-se em uma interpretação fundamentalista do Alcorão, e formou o que hoje conhece-
mos como o Talibã. Desta forma, a disputa internacional entre as duas superpotências
da Guerra Fria – Estados Unidos e União Soviética – deixaram consequências indese-
jadas para os afegãos.
*O termo Mujahedin traduz literalmente do árabe, como “combatente” ou “alguém que
se empenha na luta (jihad)”, embora o termo seja frequentemente traduzido como “guer-
reiro santo”
COMO SURGIU O TALIBÃ?
Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão nos anos 1990, o país foi
tomado por uma série de conflitos entre facções que brigavam pelo controle da nação.
Neste contexto de guerra civil, surge em 1994 o Talibã, sob a liderança do Mullah
Mohammed Omar.
O grupo, criado no sul do Afeganistão, tem origem nas tribos que ocupavam a fron-
teira do país com o Paquistão. É formado principalmente pelospashtun, um povo que
lutou contra o imperialismo britânico, a invasão soviética e hoje se dedica a combater a
intervenção do ocidente na região.
Em 1997, pouco tempo após o seu surgimento, o Talibã conquista o controle do Afe-
ganistão, sendo muito bem recebido por significativa parte da população. Isto porque,
após um longo período de guerras, o grupo estabeleceu a paz no território, combateu
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a corrupção e tornou as estradas mais seguras para o desenvolvimento do comércio.


Apesar desse apoio interno, o Talibã só teve o seu governo reconhecido por três países:
Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão.
Após os ataques em 11 de setembro de 2001, o Afeganistão foi invadido pelas
tropas estadunidenses. As alegações de que o Talibã protegia Osama Bin Laden –
responsável pelo ataque – motivaram uma liderada pelos Estados Unidos a destituir
o Talibã do poder. Mas isso não impediu o grupo de continuar exercendo influência,
na época controlando quase 90% do Afeganistão. Os Talibãs perseguiram sua luta, na
clandestinidade até retomarem o poder após 20 anos no país asiático.
Bom, retornando então aos tempos atuais, os talibãs retornaram ao poder após 20
anos. Se aproveitando da saída (em missão incompleta) das tropas americanas do ter-
ritório afegão, eles – tomam a Capital Cabul com vistas a fazer do Afeganistão nova-
mente um país partido único regido pelas bases mais radicais do islamismo.
Interessante perceber, contudo, que nessa nova etapa, ao menos nesta largada,
o que se percebe é que o grupo radical vem com um discurso, uma roupagem por
assim dizer, mais amena frente ao radicalismo de outrora. Explico: Se em sua primei-
ra tomada de poder (1996-2001) os talibãs, um dos mais fundamentalista dos grupos
muçulmanos, não permitiam que as mulheres saíssem as ruas sem ser cobertas dos
pés à cabeça (obrigando o uso da burka), meninas absolutamente não podiam estudar
a partir dos 10 anos( e sobre este ponto, vale lembrar, portanto, a figura de Malala You-
safzai, ativista que lutou por este direito e sofreu uma tentativa de execução por parte
dos talibãs) chegando-se, dentro deste contexto exacerbado de extremismo ao ponto
de não se permitir cantar nem empinar pipas, sendo os inimigos do regime executados
sumariamente.
Pois bem, eis que agora nessa retomada de Cabul o grupo islâmico promete deixar
as mulheres em paz (ao menos, permitindo-as executar as atividades básicas da vida
civil). Os talibãs também não preconizam mais um isolamento em relação a política
externa, já tendo realizado reuniões com algumas potências globais como os mandatá-
rios da Rússia e da China. Veremos as cenas dos próximos capítulos.

3.3. Rússia
3.3.1. Introdução

A Rússia vem buscando de forma aguerrida recuperar o terreno perdido, tanto no campo
econômico quanto geopolítico, após o esfacelamento do bloco comunista da União Soviética
e a condução trôpega promovida por Boris Yeltsen nos anos 1990. O responsável por esse
processo atende pelo nome de Vladimir Putin. Homem forte à frente do país há 20 anos, seja

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como Presidente, Primeiro-Ministro e depois Presidente novamente (reeleito em 2018, com


mandato até 2024), o ex-agente faixa preta da KGB se utiliza de expedientes autoritários, elimi-
nando adversários questionáveis do ponto de vista internacional (tal qual agiu na Chechênia,
em 2000, e na Ucrânia e Crimeia, em 2014), para atualmente falar de igual para igual com qual-
quer outra potência global dentro do jogo geopolítico.
Após ter conhecido em 2009 sua maior recessão desde a queda do bloco soviético e ter se
recuperado nos anos seguintes, a Rússia passou por dois anos consecutivos de recessão no-
vamente, entre 2015 e 2016, devido a uma assombrosa fuga de capitais, ao colapso do rublo,
à queda dos preços do petróleo e às sanções comerciais ocidentais (impostas pelos EUA), que
ocorreram no seguimento da crise ucraniana (2014). Após um crescimento negativo em 2015
(-3,7%) e 2016 (-0,8%), um crescimento positivo era esperado para 2017, impulsionado pelo
consumo privado, o qual se confirmou, ficando na casa dos 1,5%.

3.3.2. A Copa do Mundo de 2018

A Rússia realizou, em 2018, entre 14 de junho e 15 de julho, a sua primeira Copa do Mundo.
O país já havia sido sede dos Jogos Olímpicos de 1980 (Moscou) e das Olimpíadas de Inverno,
em Sochi (2014). A Rússia faz parte também do calendário oficial da Fórmula 1 e é considera-
da uma potência em vários esportes, tais quais ginástica, natação, vôlei e tiro, para no ano de
2018, com 11 sedes (12 estádios, pois dois eram em Moscou), mostrar ao Mundo, mais uma
vez, sua capacidade em organizar eventos de grande porte realizando a 21a Copa do Mundo.
Vale destacar que nunca antes na história uma Copa havia sido realizada com jogos em dois
continentes (já tendo havido, contudo, Copa do Mundo em dois países, como em 2002, entre
Japão e Coreia). No caso em tela russo, uma das sedes ficou em Ecaterimburgo, depois dos
Montes Urais, na Ásia.
Veja as sedes abaixo.

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3.3.3. As Escalas de Poder da Rússia Atualmente: As Geopolíticas

Energia

Consolidada há mais de um século como uma potência na produção de energia, a Rússia,


país com as maiores reservas de gás natural do Mundo, terceiro em produção de petróleo e
quarto em energia nuclear, avança sobre o Mundo com seu poder econômico, alicerçando uma
imbricada rede de dependência emaranhada por seus gasodutos e oleodutos.
O jogo é simples. Onde os EUA deixaram lacunas, os russos entram. Onde há necessida-
des de gás natural, eles entram e as sanam. No Qatar, uma das várias petrolíferas estatais (o
Estado russo possui mais de 15 empresas de energia próprias ou de capital misto) de Putin,
chamada ROSNEF, ao se associar aos xeiques do país sede da Copa de 2022, descontentes
com a forma como vinham sendo tratados pela Arábia Saudita e os EUA, se tornou em 2017
a maior empresa de energia do Mundo. Pela Ásia Central, a rede de gasodutos que passa por
dentro das ex-repúblicas soviéticas faz com que estes ex-países-satélite não tenham auto-
nomia plena para decidir seus rumos, basta-nos ver o que aconteceu na Ucrânia quando, em
2014, a Rússia forçou o país a se retirar das negociações de entrada na União Europeia. Foi
assim com a Georgia, com a Ucrânia, e será assim com outros países ex-satélites.
Essa situação se estende até 2022 com a Russsia imprimindo uma ingerência sobre os pa-
íses ex-repúblicas soviéticas. Na Europa, estima-se que mais de 80% das necessidades de gás
natural e em torno de 90% de petróleo seja sanada pelos russos. Para onde se olha, a influên-
cia deles está presente cada vez mais no tabuleiro do jogo geopolítico global, sendo a energia
como uma ponta desta lança afiada.

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População e Geopolítica

Por fim, um ponto interessante acerca da geopolítica russa reside na questão populacional,
desta que já foi uma das potências globais em termos populacionais e que hoje vê encolher
– em processo similar ao que ocorre em mais de 20 países situados ao norte geopolítico do
planeta – a sua população.
Matéria publicada no G1, oriunda da BBC, de 08/09/2019, nos revela a real dimensão desta
questão e como o governo russo busca soluções a curto prazo.

O ambicioso plano da Rússia para combater o encolhimento da população

País quer atrair entre 5 a 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025; objetivo é evitar
redução da população e, assim, perda de influência geopolítica.

É uma das principais ameaças às aspirações geopolíticas da Rússia.

O país enfrenta uma crise demográfica sem precedentes que atingiu um novo pata-
mar em 2018 quando, pela primeira vez em uma década, a população russa caiu em
termos absolutos.

Segundo a Rosstat, o IBGE russo, o país tem agora 148,8 milhões de habitantes, 93,5
mil a menos do que no ano anterior.

E as estimativas não são promissoras. Segundo estimativas da ONU, a Rússia perde-


rá cerca de 8% de sua população até 2050.

Consciente disso, o governo do Presidente Vladimir Putin desenvolveu um plano am-


bicioso para atrair entre 5 e 10 milhões de imigrantes entre 2019 e 2025.

“O declínio demográfico tem sido um problema para a Rússia há décadas”, diz Gre-
gory Feifer, analista do Centro Davis para Estudos Russos e Eurasianos da Universi-
dade de Harvard (EUA), à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

“O alto escalão do governo, incluindo o Presidente Putin e o primeiro-ministro Med-


vedev, falou publicamente sobre isso”.

“Mas as políticas que vêm sendo tomadas são inadequadas para enfrentar o declínio
da população. O que o governo está fazendo é desestimular a imigração e incentivar
a emigração”, acrescenta Feifer.

Fuga de cérebros

Como muitos outros países do mundo, a Rússia também enfrenta baixas taxas de
natalidade.

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Em sua campanha eleitoral de 2018, o Presidente Putin prometeu gastar mais de


US$ 8 bilhões (R$ 32 bilhões) nos próximos três anos em programas para ajudar as
famílias a ter filhos.

Mas o declínio da população russa em termos absolutos se deve, principalmente, à


migração.

Em 2017, o último ano com dados disponíveis, 377 mil deixaram a Rússia, segundo
a Rosstat.

“Muitas pessoas estão deixando a Rússia, jovens profissionais altamente qualifica-


dos são maioria”, diz Feifer. “E isso é um problema para a Rússia, porque é o tipo de
pessoas que o país precisará para manter sua influência no mundo e em sua econo-
mia.”

A opinião de Feifer é comprovada pelos números da Rosstat. Segundo o órgão, em


2017, 22% das pessoas que deixaram a Rússia tinham formação superior, 5% a mais
que em 2012.

Atrair imigrantes

Tradicionalmente, a Rússia era um país receptor de imigrantes, e a perda de popula-


ção causada pelo declínio natural (baixas taxas de natalidade) costumava ser miti-
gada pelos recém-chegados ao país, principalmente de países do Cáucaso e da Ásia
Central.

Por outro lado, esse número vem registrando quedas consecutivas. No ano passado,
chegou ao valor mais baixo desde 2005: 124.900, segundo a Academia Russa de
Economia e Administração Pública (Ranepa).

A dificuldade na obtenção de vistos de residência e a obrigatoriedade de que o can-


didato à cidadania russa renuncie a sua nacionalidade de origem representam barreiras
à imigração, explicou Yulia Florinskaya, especialista em migração da Ranepa, ao site
de notícias Eusarianet.

Estima-se que a Rússia precise de até 300 mil pessoas a mais por ano para mitigar
os efeitos da perda natural da população e permanecer em um crescimento líquido
zero.

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Neste contexto, o governo de Putin deu prioridade à política imigratória e aprovou


em outubro do ano passado um novo plano para os próximos seis anos, com o qual
espera atrair entre 5 e 10 milhões de migrantes.

Pelo plano, os procedimentos para obtenção de autorizações de trabalho e acesso à


cidadania russa são simplificados.

O objetivo é atrair principalmente a população de língua russa de países vizinhos,


incluindo a Ucrânia, o Cazaquistão, o Uzbequistão, a Moldávia e outras repúblicas
ex-soviéticas. Mas também tem como alvo os estrangeiros que querem “integrar-se
à sociedade russa”.

O despovoado leste

A desigualdade na ocupação do território é outro problema para as autoridades rus-


sas.

Segundo um documento do Conselho Russo de Assuntos Internacionais, “a Rússia


entende que tem uma crise demográfica em curso, especialmente nas regiões da
Sibéria e do Extremo Oriente”.

E é por isso que esse plano de imigração visa a “atrair estrangeiros e imigrantes para
repovoar essas áreas com baixa população”.

Isso não é algo novo. De acordo com o serviço russo da BBC, desde o colapso da
União Soviética, houve numerosos programas para receber imigrantes “etnicamente
russos” das antigas repúblicas soviéticas.

O objetivo desses programas, por meio dos quais os imigrantes podiam obter a na-
cionalidade russa, era repovoar essas áreas remotas. As famílias que se mudaram
para a Rússia receberam terras e uma quantia em dinheiro (aproximadamente US$
6,5 mil).

“Não se podia escolher o local onde você ia morar; era o governo que escolhia, e ge-
ralmente se tratava de lugares remotos, sem serviços sociais, sem escolas...”, explica
Anastasia Uspenskaya, repórter do serviço russo da BBC.

Como resultado, menos de 1 mil pessoas se candidataram a esses programas.

Segundo uma análise do centro de estudos Stratfor, a Rússia enfrenta o risco de ten-
sões étnicas com a chegada de imigrantes do Cáucaso e da Ásia Central.
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“A Rússia não é tradicionalmente propensa à imigração; é uma sociedade fechada”,


diz Anastasia Uspenskaya.

Para Gregory Feifer, a Rússia “é um lugar muito difícil para os imigrantes viverem e
trabalharem”.

“Em teoria, a Rússia seria o destino ideal para imigrantes de países fronteiriços da
Europa Oriental e da Ásia Central, como o Tajiquistão, onde o salário médio mensal é
de US$ 15 por mês. Mas a sociedade é muito racista”, diz o analista.

“Especialmente os imigrantes de pele escura enfrentam discriminação e violência”,


acrescenta.

Em Yakutsk, na Sibéria, fortes protestos contra a imigração foram realizados em


março passado, após o estupro de uma mulher por imigrantes da Ásia Central.

O plano de Putin está funcionando?

Após uma trajetória descendente durante vários anos, os números da Rosstat mos-
tram um aumento significativo no número de imigrantes nos primeiros meses de
2019.

Entre janeiro e abril deste ano, houve uma “imigração estranhamente alta na Rússia”.

As estatísticas oficiais mostram que nesse período a população migrante cresceu


em 98 mil pessoas, em comparação com as 57,1 mil registradas no mesmo período
de 2018.

No entanto, nenhum dos planos anteriores do governo russo foi bem-sucedido.

Além disso, ainda é muito cedo para vincular esse aumento à nova política de imigra-
ção do governo e estabelecer uma tendência.

Em qualquer caso, de acordo com uma análise da Stratfor, embora a Rússia consiga
atrair um número significativo de migrantes para mitigar o declínio de sua população,
isso terá um impacto pequeno nas previsões demográficas.

“Mesmo que a Rússia consiga aumentar substancialmente a imigração, isso não


vai garantir números suficientes para compensar o declínio em sua população”, diz
Feifer.

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“As autoridades russas perceberam que suas estratégias anteriores para aumentar
as taxas de natalidade não funcionavam, e agora eles estão falando sobre o incen-
tivo à imigração, mas é tudo da boca para fora. Não acho que isso vai resolver os
problemas”, conclui.

Geopolítica com a China

A nova ordem geopolítica que se desenha para este novo século se encontra relacionada
à costura entre a Rússia e China com vistas à formação de um campo geopolítico forte de
contraposição ao poder dos EUA. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawn, morto recente-
mente, o século XIX foi considerado o “século da Europa”; o século passado (XX), o “século dos
EUA”; e muito provavelmente o século atual será o da Ásia.
Tanto a Rússia quanto a China se encontram alinhadas aos Brics, no G20, sendo nações do
Conselho de Segurança da ONU e de atitudes vorazes com relação a seus interesses, governos
autocratas (na Rússia, ainda disfarçado de democracia) e possuidores de extensos territórios
(sendo a Rússia o primeiro, e a China, o quarto no Mundo).

A Geopolítica Armamentista

No início de 2018, o Presidente Vladmir Putin anunciou um plano armamentista para a Rús-
sia, a quarta nação que mais gastou com armamentos no Mundo, sendo uma das que mais
ampliaram seus gastos nos últimos anos. O “pacote”, tal qual o Presidente russo se referiu em
discurso, visa exatamente inutilizar o poder dos EUA e da OTAN com tecnologia inovadora de:
• Míssil de cruzeiro com propulsão nuclear ilimitado;
• Um submarino nuclear não tripulado com alcance intercontinental, altíssima velocidade,
propulsão silenciosa e capaz de atingir grande profundidade;
• Um míssil hipersônico Mach 10 com velocidade de 200 km;
• Um novo míssil estratégico Mach. 20.

Todos estes sistemas têm capacidade de serem armados com ogivas convencionais ou
nucleares. As implicações são de imensa importância para a correlação de forças interna-
cional. Em primeiro lugar, porque demonstra que foram inúteis os esforços dos EUA para a
construção dos chamados escudos nos territórios vizinhos à Rússia, e, em segundo lugar, por-
que a vantagem americana em função de seus porta-aviões tornara-se questionável em razão
desses novos submarinos.

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TEXTO COMPLEMENTAR II
A GUERRA COMEÇA
Por: Luís Felipe Ziriba Em; 25/04/2022
Eis que na alvorada do dia 24 de Fevereiro de 2022, pela primeira vez desde a Segunda
Guerra Mundial duas nações entram em conflito aberto bélico em território europeu.
A Rússia comandada por Putin possui a intenção clara de colocar a Ucrânia sob seu jugo.
A desculpa dada pelo Kremlin para invadir o país reside na proteção dos separatistas ucra-
nianos pró-Russia que residem ao Leste do País e que, segundo as palavras de Moscou, vem
sendo acoitados por grupos neonazistas os quais vem promovendo um “genocídio”. O bote da
Rússia sobre a Ucrânia foi orquestrado de maneira clara e anunciada. Primeiro Putin deslan-
chou um lento movimento de tropas na direção do país vizinho, que por muito tempo foi uma
extensão da União Soviética. Depois atacou efetivamente o país vizinho iniciando sua ofensiva
pelo Leste, onde se encontram exatamente os partidários de Putin em território ucraniano. Leia
-se: população russa na Ucrânia (em menor número), ou ucranianos pró-separação da Rússia
(esses sim em maior número).
Em dois meses de guerra, no dia 25 de abril de 2022, contabilizam-se oficialmente em torno
de 2.5 mil perdas humanas entre civis e militares de ambos os lados. Números extra-oficiais,
contudo, dão conta de quase 20.000 mortos. Não há sinal para trégua até então ,sendo que na
mesa de negociações os tabuleiros não vem se mexendo e a capital Kiev já se encontra sob
julgo russo.
A guerra segue, infelizmente, e, como não poderia deixar de ser, com questões pertinentes
a serem analisadas e que devem cair nas provas de Concurso. Vamos analisá-las.

Ofensivas iniciais russas: primeiros ataques em 24/25 fevereiro

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TEXTO COMPLEMENTAR III


Por: Luís Felipe Ziriba Em; 25/04/2022
A Guerra Híbrida
A atual guerra entre Rússia e Ucrânia revela-nos uma face interessante. Estamos diante de
uma guerra híbrida, onde várias frentes de ataque são impostas e tais levantes transcendem o
sentido clássico de ataques com bombas e afins. São ataques cibernéticos e ataques também
as finanças russas
Os ataques cibernéticos
A Rússia, uma das nações no mundo com maior número de Hackers e especialistas em
computação em geral, quase que simultaneamente ao ataque a Ucrânia em fins de fevereiro
colocou em prática uma série de ataques cibernéticos à instituições governamentais ucrania-
nas. Quase simultaneamente, outro ataque, dessa vez de um tipo conhecido como wiper (lim-
pador), apagou dados dos servidores de instituições financeiras e empresas ucranianas. Logo,
após computares pessoais de civis também foram atacados e infectados por hackers russos.
Para os ucranianos, os ataques cibernéticos não são novidade. Desde a invasão da Crimeia
pela Rússia, em 2014, o país se tornou um alvo sistemático de brigadas cibernéticas financia-
das pelo Kremlin. que tentam, por meio de suas invasões digitais, semear o caos e desesta-
bilizar o governo. Em 2015 e 2016, o sistema de distribuição de energia elétrica foi atacado e
houve corte no fornecimento por vários dias, em pleno inverno.
Dentro deste contexto da guerra híbrida encaixaram-se perfeitamente as criptomoedas (e
temos textos sobre criptomoedas em nossa Aula de Atualidades Mundo) como viés de finan-
ciamento de ativistas pró-Russia fora do controle regular de bancos Centrais.
Os ataques cibernéticos
A Rússia, uma das nações no mundo com maior número de Hackers e especialistas em
computação em geral, quase que simultaneamente ao ataque a Ucrânia em fins de fevereiro
colocou em prática uma série de ataques cibernéticos à instituições governamentais ucrania-
nas. Quase simultaneamente, outro ataque, dessa vez de um tipo conhecido como wiper (lim-
pador), apagou dados dos servidores de instituições financeiras e empresas ucranianas. Logo,
após computares pessoais de civis também foram atacados e infectados por hackers russos.
Para os ucranianos, os ataques cibernéticos não são novidade. Desde a invasão da Crimeia
pela Rússia, em 2014, o país se tornou um alvo sistemático de brigadas cibernéticas financia-
das pelo Kremlin. que tentam, por meio de suas invasões digitais, semear o caos e desesta-
bilizar o governo. Em 2015 e 2016, o sistema de distribuição de energia elétrica foi atacado e
houve corte no fornecimento por vários dias, em pleno inverno.
Dentro deste contexto da guerra híbrida encaixaram-se perfeitamente as criptomoedas (e
temos textos sobre criptomoedas em nossa Aula de Atualidades Mundo) como viés de finan-
ciamento de ativistas pró-Russia fora do controle regular de bancos Centrais.

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A diáspora de ucranianos
Estima-se que em dois meses de guerra na Ucrânia algo em torno de 5 milhoes de pesso-
as já tenha evadido do país. É praticamente o mesmo número que em 10 anos de guerra civil
na Síria. São basicamente ucranianos que abandonam suas cidades e o campo por motivos
óbvios: por medo da guerra, gerando a grande crise humanitária desta década. Segundo a
ACNUR – Alto Comissariado das Nacões Unidas para Refugiados - a velocidade de saída dos
ucranianos já é considerada a mais rápida vista no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.
Vale destacar que todos os homens entre 18 e 60 anos foram convocados para a defesa e , em
sendo assim, as imensas filas de fugitivos são compostas basicamente de mulheres, crianças
e idosos.

A GEOPOLÍTICA
A China no tabuleiro.
Em relação às posições das potências ocidentais lideradas pelos EUA não há mistério.
Todas são declaradamente contra a guerra e, logicamente, contra todas as posições de Putin.
Ponto. Já em relação à China, a segunda maior economia global - e potência mais ascendente
no Planeta – vemos que o gigante oriental se lança em posições dúbias. Xi JiPing, presidente
chines, declarou certa feita que China e Russia possuem uma amizade que “não tem limites”,
porém o mesmo vem dando a entender estar decepcionado com a Rússia visto o avanço das
tropas e a demora em resolver “a questão”. A posição de Pequim, por ora, é não se comprome-
ter com nenhum lado. O Ministério das Relações Exteriores declarou que a Ucrânia tem direito
à soberania sobre seu território, mas simultaneamente se recusou a vetar a Rússia no Conse-
lho de Segurança da ONU…
A posição de Volodomyr.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky segue a motinado em algum lugar da capi-
tal Kiev, fazendo lives e sendo admirado pelos congressistas americanos. A Rússia não fala
mais em sua deposição, mas não dá para confiar. Depois de pedir admissão imediata na Otan
— o que por um lado lhe daria tremendo poderio bélico e, por outro, poderia desencadear a III
Guerra Mundial, Zelensky admitiu que seu país provavelmente nunca entrará na aliança, o que
atende a uma das principais exigências russas.
O conselho de segurança da ONU (em:https://www.politize.com.br/conselho-de-seguran-
ca-da-onu/)
Introdução.
O Conselho de Segurança da ONU atua basicamente para manter um amplo diálogo e evitar
diversos problemas diplomáticos, sendo o principal deles, a guerra. Considera-se que no caso
da Segunda Guerra mundial faltou um instrumento dessa envergadura que conseguisse balizar
a paz em termos globais.

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ATENÇÃO!
Órgãos principais das Nações Unidas: uma Assembléia Geral um Conselho de Segurança, um
Conselho Econômico e Social, um conselho de Tutela, uma Corte Internacional de Justiça e um
Secretariado.

Assim como a Liga das Nações, a ONU também tem por finalidade garantir e prevenir con-
flitos globais, conforme a Carta estabelece no Capítulo I que trata dos Propósitos e Princípios:
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medi-
das efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer rup-
tura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do
direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar
a uma perturbação da paz.
O Conselho de segurança é formado por 15 membros, sendo cinco permanentes e dez
rotativos.
Os membros permanentes são aqueles que se sagraram vencedores da Segunda Guerra
Mundial: Estados Unidos, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, China, Rússia e França.
O poder de veto no Conselho de Segurança um dos principais, senão o principal poder!
Além disso, só o fato de cinco países se manterem por tempo indeterminado no Conselho, que
pode definir situações que envolve a paz mundial, já é um grande poder!
No rol dos “Vencedores”, dois se destacam até os dias atuais, seja pelo seu posiciona-
mento político-ideológico, pela localização geográfica, pelo poder bélico, etc.: Rússia (antigo
membro da URSS) e Estados Unidos. É notória a rivalidade desses dois Estados, que reflete,
inclusive, na tomada de decisões no Conselho de Segurança.
Sempre que uma decisão contraria os interesses dos Estados Unidos e/ou seus aliados,
ele vota contra e o projeto é arquivado. O mesmo pode-se falar da Rússia e China, geralmente
alinhadas político-econômico-ideologicamente.
Por exemplo, os últimos dez projetos arquivados em reuniões realizadas no período de 12
de abril de 2017 a 19 de setembro de 2019, contaram com o voto negativo da China, Estados
Unidos e Rússia. Nesses projetos, a Rússia votou negativamente em oito deles, enquanto a
China votou em dois e os Estados Unidos em dois.

O Conselho de Segurança e a Guerra na Ucrânia.


Resumindo em poucas palavras. Até aqui, com pouco mais de dois meses de guerra o Con-
selho de Segurança da ONU não teve absolutamente qualquer participação efetiva que cons-
guisse coibir ao menos uma; repito: uma morte na guerra. Pesam para tal inépcia o fato de que
as decisões no Conselho precisam ser tomadas em consenso e, além disso, o bloco Rússia-
-China no Cconselho segue se mostrando sólido e coeso. Contudo, ao menos no discurso,

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ATUALIDADES
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o português Antônio Guterres, Secretário Geral da ONU, vem apelando para que a Rússia aceite
as recomendações da Agência. Caso contrário serão processos no Tribunal Penal Internacio-
nal
Outros órgãos e agências da ONU contudo vem atuando com vistas a mitigar os terríveis
efeitos da guerra, tais quais a ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidades para Refu-
giados, com políticas de alocação de ucranianos fugidos (inclusive uma família de ucranianos
até aqui no Brasil foi recebida) além de auxílios alimentares e um discurso sólido de apoio a ao
Presidente Zelensky. E mais nada.

TEXTO COMPLEMENTAR
A GUERRA RÚSSIA versus UCRÂNIA COMPLETA SEIS MESES
Eis que a Guerra entre Rússia e Ucrânia completa seis meses em fins de Agosto. Um
conflito que parecia para muitos ser de folego curto, visto a superioridade do poderio
russo frente ao dos ucranianos, mas que já se alonga por meio ano, e, pior, sem pers-
pectiva de trégua. Se nas primeiras semanas dessa guerra, a dinâmica de campos de
batalhas, com a ofensivas relativamente de fácil conquista das partes almejadas pelos
russos, inclusive a conquista da capital Kiev, davam indícios de que os objetivos russos
haviam sido alcançados. Contudo, percebe-se agora que não foi bem isso que ocorreu.
Vejamos alguns pontos importantes sobre a guerra nesses 6 meses:
Negociação de paz emperrada. As negociações de paz foram encerradas já bem
no início do conflito, em março e não foram atá qui retomadas de forma eficaz, o que é
um presságio de que realmente o conflito seguirá por mais algum (bom) tempo. Como
vimos acima em nossa aula, o argumento inicial de Moscou para invadir o país vizinho
era de desmilitarizar e desnazificar. Passados os primeiros meses de conflito outras
intenções ficam claras e agora o governo central russo não esconde sua intenção de
derrubar Zelensky da presidência ucraniana. Em meio a esse tabuleiro geopolítico des-
truição e mortes avançam, com cidades, tais quais Mariopol praticamente destruídas
por completo. De boa notícia vida lá do cáucaso, apenas o acordo mediado pela Turquia
de volta das exportações de grãos ucranianos, um dos maiores produtores de alimen-
tos do mundo.
O Presidente ucranaino Volodomyr Zelensky disse que a guerra com a Rússia só vai
terminar quando a Ucrânia reconquistar a Criméia. Segundo o mandatário ucraniano:
“só assim as bases do direito internacional serão reestabelecidas”.
O acordo para retomar exportações e sanções econômicas . Como destacado
acima, de boa notícia mesmo vinda lá do Cáucaso, apenas o acordo mediado pela Tur-
quia de volta das exportações de grãos e fertilizantes tanto russos como ucranianos
pelos portos no Mar Negro.

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Vale destacar que o governo russo já foi alvo de 6.797 medidas econômicas res-
tritivas (embargos e sanções) desde fevereiro. Se contabilizadas desde a anexação
da Crimeia, em 2014, essas medidas chegaram a 11.419 em meados de agosto. Com
tantas restrições, a economia russa perde, logicamente, força imensa, com expectativa,
segundo o FMI, de encolhimento em 2022 na casa dos 8.5% por cento.
Os refugiados. A guerra, como não poderia deixar de ser, vem representando a
maior diáspora (saída) de pessoas que se tem notícia atualmente no mundo. São quas
6 milhões de ucranianos, basicamente crinças, mulheres e idosos, visto a expressa
proibição do governo de Zelensky a que homens entre 18 a 60 anos deixem o país,
que evadiram seu país fugindo dos ataques russos, o que corresponde a mais de 10%
da população local. Os principais destinos dessa massa de refugiados são, claro, os
países vizinhos à Ucrânia e pertencentes à União Europeia, como Polônia (mais de
50% do contingente), Hungria e Romênia e Moldávia e ,por mais curioso que parece,
temos a própria Rússia como um grande receptor de imigrantes, sendo que o gigan-
te-rival já recebeu mais de 1.5 milhões de ucranianos. Nesta conta entrma ,como não
poderia deixar de ser também, países da Europa Central, como Alemanha (praticamen-
te 1 milhão de Ucranianos) França, Itália e outros. Quem coordena as atividades dos
refugiados e fornece amparo é a ACNUR – o Alto Comissariado das Nações Unidades
para Refugiados. Por fim, vale destacar que ao Brasil chegou uma pequena minoria: o
Ministério das Relações Exteriores concedeu, até os primeiros dias de Junho de 2022,
141 vistos humanitários. Eles estão principalmente em cidades do Paraná, onde vive a
maior comunidade de ascendência ucraniana no país, de Minas Gerais e de São Paulo.

TEXTO COMPLEMENTAR
FINLÂNDIA E SUÉCIA ATENTAM CONTRA A RÚSSIA E PEDEM ENTRADA NA OTAN
Suécia e Finlândia, dois países nórdicos onde o último uma fronteira de quase 2.000
km com os russos (sendo esta uma das maiores fronteiras da Rússia com um paí
estrangeiro) se lançaram a buscar os seus respectivos ingressos na Otan. Se há um
ano, ambos os países respeitavam a premissa de se manterem fora tanto da esfera de
ação russa como da ocidental (em um pacto tácito que perdurava desde a década de
50) com o início da geurra Russia x Ucrânia a relações se alteram e, claro, os ânimos se
exaltam. Ambos, um pouco para provocar e muito para se protegerem agora buscam no
guarda-chuva militar ocidental uma forma de, ao menos em tese ,se blindarem da mão
pesada russa.
O fim do não alinhamento militar dos dois países nórdicos é uma das maiores guina-
das de política externa na Europa nos últimos anos. Ambos os países mantinham uma
política de não vinculação a blocos armamentistas, embora, a Suécia, por exemplo, seja
um dos maiores produtores de armamentos do mundo. Mesmo demorando em média
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quase dois anos apara o ingresso de algum novo país na Otan, inclusive necessitando
de ser aprovado por unanimidade pelos 30 atuais membros da OTAN, o estrago está
feito, com os EUA se laçando explicitamente em apoiar a entrada dos dois países. Essa
explicitação de vontade dos dois vizinhos russos fez Putin declarar que dará resposta
simetricamente equivalente caso os dois países persigam de fato o ingresso no bloco
militar Ocidental.
Abaixo vejam o mapa atual dos países integrantes da Otan. Observem que até a
Noruega está dentro do bloco, junto com basicamente toda a Europa, inclusive a Tur-
quia.

Países integrantes da Otan 2022

3.4. China
A China é a maior demografia global, ao concentrar 18% de todos os habitantes do Planeta,
embora seus indicadores de crescimento populacional já estejam totalmente estabilizados.
Além disso, em termos econômico-produtivos, é, ao mesmo tempo, o maior produtor de produ-
tos industriais e também o maior consumidor de insumos energéticos.
Maiores populações em 2019:
• 1. China: 1.384.688.986;
• 2. Índia: 1.296.834.042;
• 3. Estados Unidos: 329.256.465;
• 4. Indonésia: 262.787.403;
• 5. Brasil: 208.846.892;

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• 6. Paquistão: 207.862.518;
• 7. Nigéria: 195.300.340;
• 8. Bangladesh: 159.453.001;
• 9. Rússia: 142.122.776;
• 10. Japão: 126.168.156.

Do ponto de vista político, em 2018 o Partido Comunista Chinês acaba formalmente com
os limites do mandato para a presidência de Xi-Jinping, abrindo caminho para um governo vi-
talício do atual líder do país.
Dos 2.964 delegados que votaram sobre a matéria no Congresso Nacional do Povo (CNP),
2.958 se declararam a favor de revogar um limite de 10 anos para mandatos presidenciais,
juntamente com uma série de outras mudanças constitucionais visando consolidar o poder
de Jinping.
Na verdade, o gigante oriental, de forma explícita, busca promover uma política em que,
pelos próximos anos, não haja espaço para que uma alteração de rumos institucionais venha
representar minimamente qualquer fratura frente à segura conduta que, há décadas, o país
vem perseguindo em torno de se consolidar ainda mais como um gigante global em todos os
segmentos possíveis.
Dentro desses contextos, a China ainda ostenta a maior taxa de crescimento econômico
em comparação a todas as principais economias do mundo. Chama atenção, contudo, que o
crescimento do PIB chinês em 2019 (último ano pré-pandemia) foi o menor desde 1990, tendo
avançado “apenas” 6,1% em relação ao ano anterior (sendo que em 2018 houve 6,6% de cresci-
mento), segundo dados oficiais. Embora o país há mais de 10 anos não revele um crescimento
econômico na casa dos dois dígitos, segue de forma inequívoca um norte voraz, engolindo mer-
cados e incrementando escalas de consumo internas. Ao decidir em 2018 manter Xi Jinping
como líder por tempo indefinido, o Partido Comunista Chinês não deixa dúvida alguma de que
seus estamentos político-institucionais são mais sólidos até que a própria Muralha da China.
Em 2020, mesmo em meio a acusações (ainda não provadas) de haver causado de forma
proposital a pandemia de COVID-19 e, claro, sendo o epicentro da pandemia global como sa-
bemos (veja texto ao fim desta aula sobre os desdobramentos da COVID-19), a economia chi-
nesa foi uma das únicas no Mundo (junto apenas com Taiwan) que cresceram em 2020, com
incremento de 2,1% no ano. Como comparação: a economia do Brasil regrediu 4,1%, a dos EUA
regrediu em torno de 6%, e a da Alemanha, em mais de 7%.

3.4.1. China, Hong Kong e Taiwan

Uma questão de atualidades muito importante ocorrida em 2019/2020 na China diz respei-
to a Hong Kong e a como a população da cidade-Estado vem temendo (e protestando contra) o
peso do controle chinês. Ao longo do segundo semestre de 2019 (seguindo-se em 2020), uma

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série de manifestações nas ruas da cidade-Estado que pertence à China, mas é governado
com maior distensão política, demonstrou o descontentamento da população local frente à
direção nítida do Partido Comunista chinês em aumentar o controle sobre a localidade.
Quando Hong Kong retornou ao controle de Pequim em 1997, seus habitantes receberam
a promessa de que manteriam por 50 anos as liberdades civis e o Estado de Direito adotados
durante o século e meio de colonização britânica. A ilha nunca teve democracia, mas desfruta-
va de garantias inexistentes na China continental, entre as quais a liberdade de imprensa e de
expressão e um Judiciário independente.
E faltando, em 2019, 28 anos para o ano 2047, quando os 50 anos se completam, muitas
das liberdades civis de Hong Kong estiveram sob ataque da China continental. O alvo das
manifestações vem em direção ao projeto de lei que permite a extradição para a China de
acusados da prática de crimes. Os críticos da proposta afirmam que ela abre caminho para
opositores políticos em Hong Kong serem enviados para julgamentos pelo nada independente
sistema judicial de Pequim, no qual imperam os desígnios do Partido Comunista.
No início do ano de 2019, Xi Jinping ofereceu aos taiwaneses a reunificação com a China
sob modelo de “um país, dois sistemas”, o mesmo adotado em Hong Kong. Nas horas sub-
sequentes, a Presidente da ilha, Tsai Ing-wen, reiterou sua rejeição à proposta e manifestou
solidariedade aos manifestantes da ex-colônia britânica. “Nós estamos ao lado do povo amante da
liberdade de Hong Kong. Em seus rostos, nós vemos o anseio pela liberdade e somos lembra-
dos de que a democracia arduamente conquistada por Taiwan deve ser protegida e renovada
por cada geração”, escreveu Tsai em sua conta no Twitter.
Taiwan é a ilha para a qual fugiram os nacionalistas derrotados pelos comunistas na guerra
civil da China, encerrada em 1949. Governada de maneira ditatorial e sob lei marcial até 1987, a
ilha realizou sua primeira eleição direta para Presidente em 1996. “Hong Kong vive a realidade
de ‘um país’ e a ilusão de ‘dois sistemas’”, afirmou a porta-voz do Partido Democrático Progres-
sista de Taiwan, Isis Lee, de acordo com relato do jornal Taipei Times.
Em matéria do portal G1, da BBC News, de 05/07/2019, vemos a dimensão das principais
diferenças que constituem o postulado regente, ao menos nas relações entre Hong Kong e a
China: ou seja; “um país, dois sistemas”. Então vejamos com atenção:

As 5 principais diferenças da vida em Hong Kong e na China

Por 150 anos, Hong Kong foi uma colônia britânica; ao ser devolvido aos chineses, o
território teve assegurado até 2047 um grau elevado de autonomia.

Hong Kong está em contagem regressiva para 2047. Se nada mudar, esse é o ano em
que o território passará a ser controlado completamente pela China.

A China cedeu Hong Kong ao Reino Unido em 1842 após a Primeira Guerra do Ópio.
Por cerca de um século e meio, o território foi uma colônia britânica.

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E só foi devolvido aos chineses em 1997, quando Hong Kong passou a ser uma re-
gião administrativa especial da China.

À época, ficou acertado que Hong Kong teria um grau elevado de autonomia, o que
inclui um sistema político e uma estrutura econômica próprios. A exceção trataria
das áreas de defesa e relações exteriores, ambas sob o controle da China.

O acordo de devolução sob um modelo chamado de “um país, dois sistemas” duraria
50 anos.

No entanto, ninguém sabe exatamente o que vai acontecer em 2047 com o território
de 7,4 milhões de habitantes.

Há diferentes cenários possíveis. Além de passar a ser controlada integralmente


pela China, discute-se também a possibilidade de estender o prazo, de assegurar
independência total a Hong Kong ou até mesmo de firmar novos termos com a China
para uma solução intermediária.

Em 2014, contudo, um conselho do governo chinês publicou um documento oficial,


chamado Livro Branco sobre Hong Kong. Nele, assinalavam que o objetivo é a “reu-
nificação do continente” e lembravam que o território tem autonomia sobre assuntos
locais desde que tenha permissão do poder central.

Analistas internacionais advertem que esse poder que Pequim tenta exercer sobre
Hong Kong está cada vez mais acentuado. Tem impulsionando também um proces-
so de homogeneização do território, na tentativa de diminuir as diferenças que exis-
tem entre a China continental e o território semiautônomo.

Essa postura de Pequim tem gerado resistência em Hong Kong.

Milhões de pessoas saíram às ruas nas últimas semanas, inicialmente motivadas


por uma lei que autorizaria extradições de cidadãos locais ao território chinês pro-

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priamente dito. Os protestos serviram também para externar a insatisfação mais


difusa de cidadãos de Hong Kong com Pequim.

Na segunda-feira (1º), dia do aniversário da transferência da soberania sobre Hong


Kong do Reino Unido à China, manifestantes invadiram e ocuparam a sede do legis-
lativo e depredaram seletivamente alguns símbolos da soberania de Pequim, depois
de semanas de imensas manifestações.

Mas você sabe quais são as principais diferenças entre a China e o território semiau-
tônomo?

A BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC News, listou cinco dessas dife-
renças:

1. Sistema político

A República Popular da China é um Estado socialista comandada por um único parti-


do, o Partido Comunista chinês, ainda que existam outros partidos no país.

Segundo o estatuto do Partido Comunista do país, 90 milhões de filiados selecionam


2.300 delegados que, por sua vez, votam nos 200 membros do comitê central.

Esse comitê é quem elege o Politburo com seus 25 integrantes, o comitê permanen-
te que tem de cinco a nove membros e o secretário-geral que, na prática, é o principal
líder do partido.

Desde 2012, esse posto é ocupado por Xi Jinping, que também assumiu o cargo de
Presidente da China em 2013.

Hong Kong, por sua vez, também tem como Presidente Xi Jinping. Mas o território
tem o próprio governo.

O chefe do Executivo local é eleito por votação secreta por um comitê de 1.200 pes-
soas escolhidas pelo próprio governo central.

O mandato é de cinco anos e renovável por duas vezes consecutivas, no máximo.


Desde 2017, a chefe do governo local de Hong Kong é Carrie Lam, que condenou a
violência e o vandalismo dos protestos mais recentes.

Hong Kong também tem uma Assembleia Legislativa com 70 integrantes, entre eles
políticos, empresários, sindicalistas, professores, líderes religiosos e até celebridades,

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eleitos (algo impensável na China) por residentes com mais de 18 anos. Metade das
vagas é ocupada por representantes de regiões geográficas e a outra metade por
representantes de empresas ou associações.

Ainda que Hong Kong não seja uma democracia plena, a Assembleia é eleita por um
segmento mais diverso da sociedade se comparado à China continental.

Nos últimos anos, contudo, tem aumentado a demanda por mais democracia em
Hong Kong, com uma série de manifestações que se repetem nas ruas há mais de
uma década contra políticas e leis impostas pela China.

2. Sistema judicial

O sistema legal de Hong Kong é bastante distinto do modelo continental chinês. Ele
se assemelha ao sistema britânico, em que a transparência e independência dos
processos judiciais são prerrogativas previstas em lei – no caso de Hong Kong estão
na chamada Lei Básica, uma espécie de carta constitucional do território semiautô-
nomo.

Na China continental, por sua vez, o Partido Comunista controla todos os aspectos
do processo judicial e críticos afirmam que é um sistema bastante corrupto que não
oferece garantias mínimas aos que são processados.

No entanto, a Lei Básica também está subordinada ao comitê permanente do Con-


gresso Nacional da China, que tem o poder de emitir uma interpretação final e vinculante
das leis. Assim, nesse aspecto, a independência do sistema não é integralmente
garantida uma vez que Pequim tem a última palavra.

3. Direitos civis

Ainda que Pequim tenha a última palavra em relação à legislação de Hong Kong, os
cidadãos do território semiautônomo têm uma série de liberdades civis exclusivas.
Diferente do resto da China, desfrutam de liberdade de imprensa, de associação e de
expressão.

No entanto, episódios nos últimos anos colocaram em xeque essas prerrogativas.

Em 2014, líderes estudantis foram detidos e acusados de traição por terem partici-
pado da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, que ganhou esse nome em referência aos
guarda-chuvas usados como proteção do gás lacrimogêneo lançado pelas forças

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de segurança. Estudantes foram às ruas contra a decisão de Pequim de fazer uma


reforma educacional na qual se exaltava nas escolas os valores comunistas.

Professores críticos ao sistema comunista também foram detidos, e livrarias con-


sideradas “subversivas” têm sido fechadas por publicarem ou venderem obras com
críticas ao regime chinês.

Ainda assim, a mídia e o acesso à informação em Hong Kong são visivelmente mais
diversos que no resto da China. Redes sociais como Facebook, Twitter, WhatsApp,
por exemplo, são permitidos sem restrições.

Cidadãos de Hong Kong também têm passaporte diferente dos chineses, que permi-
te viajar à maioria dos países do mundo, entre eles os EUA e aos Estados-membros
da União Europeia sem necessidade de solicitar visto.

4. Economia

O modelo “um país, dois sistemas” permite que Hong Kong conviva, paradoxalmente,
com o socialismo e o capitalismo ao mesmo tempo no mesmo lugar. Dessa forma,
enquanto as empresas da China são regidas por um sistema comunista, controlados
em sua maior parte pelo Estado, Hong Kong tem um sistema livre de mercado.

A República Popular da China não interfere nas leis fiscais da região administrativa e
não cobra nenhum tipo de imposto.

A economia chinesa, assim como a de outros países em desenvolvimento, depende


principalmente da produção de matéria-prima e produtos manufaturados. Já a eco-
nomia de Hong Kong se baseia nos setores de serviços e finanças.

As moedas são distintas. Enquanto a China usa o yuan o território semiautônomo


tem o dólar de Hong Kong. A moeda de Hong Kong opera num câmbio vinculado ao
dólar dos EUA e se submete às regras do mercado internacional, algo que não acon-
tece com a moeda chinesa.

E a economia local é reconhecida por impostos mais baixos, livre comércio e peque-
na interferência das autoridades governamentais nas atividades empresariais.

5. Idioma

A China continental e Hong Kong não falam a mesma língua. O idioma oficial da Chi-
na é o mandarim. No entanto, existem no país uma série de dialetos e outros idiomas,
entre eles o cantonês, que se fala em Hong Kong.

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O mandarim, contudo, é ensinado em todas as escolas, inclusive em Hong Kong.


Mas no dia a dia, tanto nas ruas quanto no trabalho, o cantonês é mais falado no
território semiautônomo que o mandarim. O inglês também é usado, em especial em
placas de sinalização nas ruas e nos transportes coletivos.

Ainda que a maioria das pessoas em Hong Kong tenha origem chinesa e o território
pertença à China, muita gente não se identifica com os chineses. Várias pesquisas
da Universidade de Hong Kong mostram que uma parcela significativa da população
se identifica como ‘hongkonger’ e que apenas 15% se identificam como chinês.

Essa diferença é ainda mais forte entre os jovens. Levantamento feito em 2017 mos-
trou que apenas 3% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos se declaravam como
chineses em Hong Kong.

3.4.2. Novo Bloco Econômico – Parceria Econômica Regional Abrangente – O


maior do Mundo e liderado pela China

Eis que na entrada de 2022, quinze economias da Ásia-Pacífico consolidaram oficialmente


o maior bloco de livre comércio do mundo, um acordo apoiado pela China. Interessante per-
ceber que até 2017 estava em andamento justamente a formação de um bloco econômico de
países da Ásia e Pacífico, tal qual vimos em nosso material de Atualidades um pouco mais
acima, com os EUA na liderança (e o Tratado de Associação Transpacífico seria o maior bloco
do Mundo com praticamente 40% do PIB global), excluindo (e rivalizando) a China. Mas Trump,
dentro da ótica isolacionista de sua política externa decidiu sair.
A assinatura da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) em
uma cúpula regional de Hanói. Em meio a questões sobre o envolvimento de Washington na
Ásia, o RCEP pode cimentar a posição da China com mais firmeza como parceiro econômico
do Sudeste Asiático, Japão e Coreia, colocando a segunda maior economia do mundo em me-
lhor posição para moldar as regras comerciais da região.

4. Atualidades Relacionadas a Temas Globais


4.1. Tecnologia Entretenimento
TEXTO COMPLEMENTAR
O TRABALHO NA ATUALIDADE
Falar do mundo do trabalho em Atualidades passa, fundamentalmente, por enten-
dermos acerca de perdas e ganhos e toda a gama de mudanças estruturais que a Nova
Revolução Tecnológica, também conhecida como 4ª Revolução Tecnológica, (ou 4.0)
traz à tona.

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Era da automação: o grande “calcanhar de Aquiles” atualmente na questão do


emprego no mundo é a inteligência artificial, ou seja, máquinas (computadores) simu-
lando reações humanas (e consequentemente substituindo pessoas), desde apertar
um botão até questões de maior complexidade, como pilotar um avião. Se nas décadas
anteriores, desde os anos 70, assombravam o mundo a perda de postos pela automati-
zação e por robôs, hoje, para além destas perdas, temos ainda com o advento da atual
revolução tecnológica, a inteligência das máquinas tomando o espaço da ação humana.
Cerca de 50% das atividades de trabalho são tecnicamente automatizáveis, segundo
relatório da McKynsei, uma das consultoras mais importantes do mundo acerca do traba-
lho. Conforme outro estudo, mais da metade dos empregos formais no Brasil (54%)
estão ameaçados de substituição por máquinas. Em comparação com outros estudos
publicados no exterior com metodologia semelhante, o Brasil tem mais empregos ame-
açados de extinção do que os Estados Unidos (47%), porém menos que Europa (59%) e
países como Uruguai (63%), Argentina (65%) e Guatemala, que tem o maior índice (75%
dos empregos poderão ser exercidos por máquinas). O número brasileiro significa que
essa quantidade de pessoas ocupadas encontra-se em funções classificadas com pro-
babilidade “alta” (60% a 80%) ou “muito alta” (acima de 80%) de serem exercidas por
máquinas. Isso porque são funções “tipicamente rotineiras e não cognitivas”, como
ascensorista de elevador (com 99,9% de que o trabalho seja exercido por máquinas no
futuro), taquígrafo (99,5%) ou coletor de lixo (89,3%). Também estão na lista tarefas cogniti-
vas num nível já alcançado por formas de inteligência artificial (IA), como recepcionista
de hotel (99,1%), cobrador de ônibus (99,3%) e gerente de almoxarifado (93,4%).
Trabalho remoto: regulamentado na Reforma Trabalhista de 2017, o home office
deve crescer como alternativa para a contratação de profissionais. Interessante per-
ceber que a década que se findou (2010-2019) foi de enorme evolução acerca deste
conceito. O que instrumentaliza sem dúvida nenhuma o home office são as redes de
computadores muito mais eficientes. Um dos principais ganhos com a evolução do
home office é do ponto de vista ecológico, resultado pelo corte de horas de desloca-
mento (onde se estima girar em São Paulo em torno de 1 hora e meia por dia entre ida e
retorno de casa para o trabalho), reduzindo, assim, as emissões de gases que causam
o efeito estufa. Graças a essa iniciativa, é possível diminuir o número de viagens ao tra-
balho e, assim, reduzir a poluição, os gastos de energia e o desperdício de papel. Várias
agências de emprego começaram em tempos recentes a demandar profissionais nesta
modalidade. Quem não gostaria de trabalhar em casa? Parece que a hora chegou e,
incentivados forçadamente pela epidemia de coronavírus, as corporações e também o
serviço público entraram de cabeça na era do teletrabalho.
Multidisciplinaridade: quem possuir sólidas competências técnicas e comporta-
mentais terá prioridade nas ofertas de emprego. Importa-nos entender que o mundo
do trabalho tradicional, tal qual formado pelo Fordismo, em que enormes indústrias

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em que cada operário devia compreender bem apenas uma fase da produção. Com o
Toyotismo, a partir dos anos 70, as capacidades ficaram mais abrangentes, e o trabalho
começa a demandar conhecimentos interdisciplinares. Tal tendência segue até os dias
atuais.
Novas carreiras: abre-se, atualmente, uma gama de novas carreiras, como mecâni-
cos de veículos híbridos, técnico em impressão de alimentos, analista de internet das
coisas e técnico em automação predial são profissões aguardadas na indústria 4.0 (ou
4ª Revolução Tecnológica), segundo estudo do Senai, o Serviço Nacional de Aprendiza-
gem Industrial.
As 4 revoluções tecnológico-industriais consideradas:
Primeira Revolução Industrial: chega quase ao final do século XVIII, em 1784, com
o uso do vapor na produção mecânica. O aparecimento do primeiro tear mecânico é um
de seus marcos.
Segunda Revolução Industrial: em 1870 tem início a produção em grande escala
baseada na eletricidade. Inventa-se a cadeia de montagem, e o setor industrial vive uma
extraordinária aceleração.
Terceira Revolução Industrial: em 1969, com a informática, começamos a progra-
mar as máquinas, o que resulta em uma progressiva automatização.
Quarta Revolução Industrial: por volta de 2014, a indústria vivencia outro giro
imenso, surgindo as fábricas inteligentes e a gestão on-line da produção. O alemão
Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, no seu livro A Quarta Revolução
Industrial, traduziu o que se aproximava: “Estamos à beira de uma revolução tecnoló-
gica que modificará a forma que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em uma
escala de alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa
que o gênero humano já experimentou antes”. E efetivamente está sendo assim por três
motivos com os quais os especialistas estão de acordo: sua velocidade, seu alcance e
seu impacto sem precedentes.

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Luis Felipe Ziriba

Em: https://www.iberdrola.com/inovacao/quarta-revolucao-industrial

4.1.1. As Criptomoedas

Criptomoedas são moedas digitais descentralizadas, ou seja, sem controle de bancos ou


padrões de lastro do tipo padrão-ouro. A primeira moeda digital criada – hoje a mais famosa
– foi o BITCOIN, em 2008, que se utiliza de uma tecnologia criptografada denominada block-
chain, que é nada mais que uma espécie de um tipo de livro – registro distribuído operado em
uma rede do tipo ponto a ponto (peer-to-peer) de milhares de computadores, sendo que todos
acabam por deter uma cópia igual de todo o histórico de transações, impedindo que uma enti-
dade central promova alterações no registro ou no software unilateralmente sem ser excluída
da rede. No blockchain, a informação não é guardada numa única fonte, mas antes por vários
utilizadores, que fazem a sua encriptação e verificação, sendo o registro de alterações parti-
lhado por todos.
O controle das criptomoedas reside em vários servidores ao mesmo tempo. Por ser cripto-
grafada, há um estrito protocolo de segurança. Ao processo de criação de Bitcoins denomina-
-se mineração, mas não é, logicamente, qualquer um que poderá realizar esta criação de crip-
tomoedas. Primeiro tem de haver um hardware extremamente potente e pessoas interessadas
na compra de sua moeda, vide que as moedas reais mais valorizadas são as que têm mais

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Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

procura, como o dólar e a libra, sendo que o mesmo ocorre com as criptomoedas. Há também
a necessidade de se obter uma chave de criptografia de peso, senão furam sua segurança, e o
negócio vai por água abaixo.
Uma curiosidade sobre a Bitcoin é que não se sabe bem ao certo quem criou a moeda digi-
tal – tirando o nome com que assina, Satoshi Nakamoto. Mas suspeita-se que este pode não
ser o nome real ou até representar na verdade um conjunto de pessoas. O certo é que Satoshi
Nakamoto – seja ele quem for – deixou-nos uma tecnologia que podemos usar para criar o que
quisermos. Não só a Bitcoin já deu origem a outras criptomoedas, usando o mesmo conceito
de blockchain, como estão continuamente a surgir novas ideias, serviços e empresas a utilizar
a própria Bitcoin.
Em 2014, chegou a ocorrer na revista americana Newsweek, em matéria de capa (abaixo),
que eles haviam descoberto o autor da Bitcoin, um homem japonês de 64 anos chamado Do-
rian Satoshi Nakamoto, residente nos arredores de Los Angeles. Dorian negou ser o criador da
Bitcoin; no impasse, apareceu o australiano Craig Wright, membro de um grupo denominado
Cypherpunks, o qual em maio de 2016 afirmou a vários órgãos de imprensa ser o verdadeiro
Satoshi Nakamoto, mas a sua versão não foi bem aceita por todos, permanecendo o misté-
rio e dividindo opiniões até hoje. Ao todo, o mundo só poderá ter 21 milhões de unidades de
Bitcoins. E já foram criadas mais de 16 milhões, portanto tem-se 16 milhões de moedas sem
pai. A estimativa é que a produção das criptomoedas chegará a seu fim no ano 2140, já que
sua geração se torna cada dia mais difícil. Diante da finitude do Bitcoin, seu sistema financeiro
acompanha o processo de outras moedas, em que quanto maior a procura, mais alto tende a
ser o seu valor de mercado.

TEXTO COMPLEMENTAR
AS CRIPTOMOEDAS DE SEGUNDA GERAÇÃO
Em 2019, as criptomoedas de segunda geração ganham definitivamente consistên-
cia. Enquanto as moedas de 1ª geração estiveram restritas a mercados financeiros
específicos, a segunda geração se move atualmente com vistas a realizar operações
no mercado de varejo, tal qual já fazem há séculos as moedas tradicionais. Contribuiu
muito o fato de a gigante rede social Facebook anunciar que, até 2020, colocaria em
órbita sua moeda virtual: Libra, tendo assim um público de 2,3 bilhões de pessoas que,
via de regra, entrará em contato de alguma forma com esta nova moeda. Seguindo a
gigante rede social, o Telegram também anunciou sua moeda para 2020 chamada Virtu-
al Grand. Ambos, bem verdade, não lançaram conforme prometido suas moedas, mas
agitaram os mercados virtuais. E o Facebook mantém para futuro próximo seu plano,
com alteração, contudo, de datas e do nome de sua moeda para Diem.
Já no Brasil, começou a funcionar em 2019 a Wibx, a nossa primeira moeda virtual
voltada ao comércio do varejo – ou seja, de segunda geração fora apenas do ciclo de
mercado de investimentos.

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Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

Entre 2017 a 2019, a pioneira criptomoeda criada, o Bitcoin, proporcionou uma ren-
tabilidade absurda. Segundo matéria de capa da Revista IstoÉ (ed. 2.594), intitulada
“Criptomoedas... Você ainda vai usar”, seu valor saiu de US$ 960, chegando a US$ 20
mil (para se estabilizar em fins de 2019 na casa dos US$ 10 mil). Nada mal. Mil por
cento de lucro em pouco mais de dois anos.
As transações com moedas criptografadas ganham cada vez mais espaço, asse-
guradas pelos protocolos blockchain e a criptografia. No Brasil, quem comercializa as
moedas são as chamadas exchanges, ou corretoras. Segundo a associação brasileira
de criptomoedas (ABCRIP), já são mais de 30 instituições. Interessante perceber que,
contrariando nossa tendência intervencionista e controladora estatal, o Banco Central
vem sinalizando ao longo dos últimos anos uma liberalização por aqui para este merca-
do, que ganha corpo velozmente em nosso país.

TEXTO COMPLEMENTAR
O BITCOIN EM 2022
Por: Professor; Luis Felipe Ziriba 25/01/2022
O BITCOIN é ainda o mais famoso ativo em criptomoedas. É um recurso escasso,
tal qual o ouro, com limite de 21 milhões de unidades disponíveis. O algorotimo deles
garante isso, assegurando que a fração, ou unidade acima de 21 milhão, será apenas
ativada (ou minerada) somente depois do ano 2138. Raro, portanto, tal como o ouro,
por exemplo, possui grande valor exatamente pelo fato de ser escasso. Serve também,
tais quais outras criptomoedas, perfeitamente a investidores que querem colocar
suas reservas em cestas diferentes para assim fugirem do movimento das marés das
moedas tradicionais. No caso do BitCoin, é inequívoco que ao longo dos últimos anos
representou uma reserva de valor com enorme proteção em relação à inflação e/ou
crises políticas. Ou seja, intempéries que, de fato, afetam moedas e papéis tradicionais.
Estima-se que em fins de 2021, existiam 18,85 milhões de Bitcoins emitidos, cerca de
90% do limite máximo de 21 milhões.
O blockchain do Bitcoin, como uma rede que utiliza o mecanismo de consenso de
prova de trabalho (PoW), depende de participantes da rede chamados de “minerado-
res” que processam continuamente as transações e validam blocos em um processo
amplamente conhecido como “mineração”.
Esses participantes fornecem seus computadores e hardwares para resolver
milhões de cálculos complexos na rede Bitcoin a cada segundo, recebendo unidades de
Bitcoin como “recompensa”. Atualmente, os mineradores recebem 6,25 Bitcoins para
cada bloco minerado, recompensa que irá cair para 3,125 Bitcoins por bloco após o
próximo halving em 2024.

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Na outra ponta as exchanges garantem a custodia da moeda, com níveis profissio-


nais de segurança contra ataques e auxiliam aos investidores a manusear seus Bitcoins
em ambiente de total segurança. Após mais de uma década de funcionamento das crip-
tomoedas, elas saem, de fato, completamente de uma atmosfera meio nebulosa a qual
muitos chancelavam ser um ativo relacionado somente a organizações criminosas e/
ou picaretas e golpistas virtuais, para se consolidar como um ativo de futuro rentável e
vantajoso, agora também sólido e confiável.
Por fim, na esteira do Bitcoin, a mais famosa criptomoeda, outras criptomoedas
operam baseadas em algoritmos de contratos inteligentes programados nas block-
chains, sendo a mais famosa a Ethereum, da criptomoeda Ether(ETH), considerada
pelos investidores mais maleável à programação do que a rede do Bitcoin. Façam sua
apostas!
Abaixo segue um link. Vale a leitura para entender a dimensão desses novos ativos
!!!
Obs: Ah, só para constar, embora tenha valorizado algo perto de 5.000% em 5 anos,
o Bitconn não está nem entre as 5 criptomoedas mais valorizadas...
Link: https://www.seudinheiro.com/web-stories/8-criptomoedas-que-subiram-mais-
-que-o-bitcoin-nos-ultimos-5-anos/

4.1.2. A Computação em Nuvem

Embora muitas pessoas apresentem a computação em nuvem como a próxima tendência,


a ideia é quase tão antiga quanto o próprio computador.
O conceito surgiu em meados da década de 1960 a partir das ideias de pioneiros como
J.C.R. Licklider (a influência mais importante no desenvolvimento da ARPANET – Advanced
Research Projects Agency Network –, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que foi
a primeira rede operacional de computadores à base de comutação de pacotes, e o precursor
da Internet foi criada só para fins militares), que imaginava a computação na forma de uma
rede global, e John McCarthy (que cunhou o termo “inteligência artificial”), que definia a
computação como uma utilidade pública. Alguns dos primeiros usos foram vistos no proces-
samento de transações financeiras e dados do censo.
Em 1997, o termo “computação em nuvem” tal como conhecemos foi utilizado pela primei-
ra vez pelo professor de sistemas de informação, Ramnath Chellappa.
Em poucos anos, empresas começaram a trocar o hardware por serviços em nuvem, sendo
atraídas pelos benefícios como a redução nos custos e a simplificação em questões de pesso-
al de TI. O benefício número 1 mencionado no mercado corporativo é a eficiência.
Ao executar certas aplicações que compartilham fotos com milhões de usuários móveis,
ou ao realizar operações essenciais para a vida de sua empresa, atualmente são as platafor-
mas de serviços em nuvem que oferecem acesso rápido a recursos de TI flexíveis e de baixo

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custo. Com a computação em nuvem, não é preciso realizar grandes investimentos iniciais em
hardware e perder tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware.
Esse que é o pulo do gato, recentemente. Em vez disso, é possível provisionar exatamente o
tipo e o tamanho corretos de recursos computacionais necessários para executar a sua mais
recente ideia ou operar o departamento de TI. Você pode acessar quantos recursos forem ne-
cessários, quase instantaneamente, e no fim pagar apenas pelo que usa.
A computação em nuvem oferece uma forma simplificada de acesso a servidores, armaze-
namento, bancos de dados e um conjunto amplo de serviços de aplicação na Internet. Assim,
uma plataforma de serviços em nuvem, como a Amazon Web Services, é proprietária, fazendo
a manutenção do hardware conectado à rede necessário para esses serviços de aplicação,
enquanto você provisiona e utiliza o que precisa por meio de uma aplicação web. Vale destacar
que um dos problemas da computação em nuvem é a necessidade de internet para seu funcio-
namento, à medida que ela só funciona em rede.

TEXTO COMPLEMENTAR
A CHINA E O 5G
Enquanto os EUA comandaram no início da década que se finda a implementação
e uso global da tecnologia 4G, agora é a China quem lidera a implantação do 5G, sendo
este um dos pontos mais importantes na Guerra Comercial entre Estados Unidos e
China. A Huawei, uma empresa chinesa, é líder em tecnologia e em redes de internet
sem fio. Dessa forma, a empresa lidera o mercado de tecnologia na China.
Após a reunião do G20, em Osaka, no Japão, realizada em fins de julho de 2019,
Donald Trump deixou as sanções que tinha imposto sobre a Huawei, ao menos momen-
taneamente, de lado. A empresa da China esteve impedida de alguma forma de fazer
negócios com companhias norte-americanas. Dessa forma, o Presidente dos EUA ale-
gara que a tecnologia chinesa representava riscos à segurança de seu país à medida
que China anuncia claramente que irá implantar as redes 5G já em 2020.
A rede 5G além de otimizar, em 20 vezes, a velocidade de dados nos dispositivos
móveis, como celulares, vai proporcionar novidades como carros autônomos. “O país
que dominar o 5G liderará várias dessas inovações e estabelecerá os padrões para o
restante do mundo”, diz um comunicado do Departamento de Defesa (DoD) americano.
A guerra entre os EUA e a China sobre a Huawei teve fôlego curto, parece, mas enla-
ces interessantes: no dia 15 de maio de 2019, o Presidente dos EUA, Donald Trump,
declarou a proibição de negociações de tecnologia americana sem a permissão do
governo. Ademais, Trump colocou a Huawei em sua “lista negra”. Em junho, o manda-
tário norte-americano disse que empresas americanas teriam permissão para vender

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para a Huawei. Entretanto, não poderia representar perigo à segurança nacional. No dia
10 de julho do mesmo ano, o Departamento do Comércio dos Estados Unidos disse
que empresas norte-americanas poderiam voltar a fazer negócios com a Huawei. “Para
implementar a diretriz da cúpula do G20 do Presidente há duas semanas, o Commerce
emitirá licenças onde não há ameaça à segurança nacional dos EUA”, afirmou o secre-
tário Wilbur Ross sobre a Huawei. Membros do governo norte-americano afirmaram
que a líder chinesa em tecnologia é um “instrumento do governo da China”. Veremos
assim o que acontece nessa guerra nos próximos capítulos.
O fenômeno TikTok
O ex- presidente Donald Trump prometeu banir o inocente e engraçadinho aplicativo
criado na China do território dos EUA em 2020. Não conseguiu.
Sucesso em todo o mundo e criado justamente para fazer dinheiro, o aplicativo sen-
sação da geração que come e dorme grudado na Internet (mais precisamente no tele-
fone) vem criando uma geração de subcelebridades imberbes milionárias. São garotos
e garotas que, com menos de 20 anos, tornaram-se influenciadores digitais (ou digital
influencers) e recebem milhares de dólares para fazerem posts patrocinados. Outros
recebem por visualizações, e vários recebem pelos dois, ou seja, conteúdo patrocinado
e visualizações. Nos EUA, estima-se que, até meados de 2020, 8 jovens tenham feito,
cada um, mais de US$ 1 milhão em pouco mais de um ano no TikTok. No Brasil, as
cifras são menores, mas uma legião de jovens já fatura no TikTok na casa das centenas
de milhares de reais. Usuários menores também têm vez, e todos os dias lançam lives,
podendo receber por estas transmissões dinheiro dos amigos. Quando Trump ame-
açou banir dos EUA a ByteDance, empresa responsável pela operação do TikTok nos
EUA, não à toa que empresas do porte da WalMart, Microsoft e Oracle se colocaram à
disposição para comprar a operação americana deste aplicativo, que em dois anos foi
instalado mais de 2 bilhões de vezes em todo o mundo.

TEXTO COMPLEMENTAR
O Metaverso em Atualidades
Por: Professor Luís Felipe 05/05/2022
O conceito de metaverso vem sendo cada vez mais propalado e diz respeito a integração
do mundo real ao digital por meio de tecnologias como a realidade virtual ou aumentada, com
o uso de avatares e hologramas entre outros recursos. Ou seja, é a busca por experiências
mais reais que aumentem a emoção e o engajamento.

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A tecnologia 5G auxilia enormemente as funcionalidades, mas o metaverso já vinha se fir-


mando no mundo 4G. A pandemia prendeu as pessoas em casa e fez com que vive-se uma rea-
lidade paralela. No ROBLOX, febre entre crianças e pré-adolescentes, ou no FORTNITE, ocorre
já o além da interação entre pessoas o uso de criptomoedas, NFTs e até shows virtuais, como
o caso do rapper Emicida que fez um show virtual no FORTNITE.
A gigante FACEBOOK investe forte e criou sua plataforma de metaverso chamada Meta,
onde confeccionou um óculos para o uso virtual que aqui no Brasil custa em torno de 3.5 mil
reais. Outra empresa que investe pesado no metaverso é a Microsoft. Alias, o dono da Micro-
soft, Bill Gates, estimou recentemente que em 3 anos (até 2025, portanto) as pessoas estarão
fazendo reuniões virtuais fora das câmeras comuns se utilizando de avatares 3D.
E fora da esfera de games e reuniões corporativas o metaverso se consolida em outras
áreas. Vamos a duas delas que vem chamando a atenção.
A primeira é na medicina, onde faculdades de medicina já utilizam a realidade virtual para o
ensino de disciplinas como anatomia e radiologia. Psiquiatras e psicólogos já usam há algum
tempo a realidade virtual para o tratamento de fobias e transtornos do pânico. Em breve os
novos consultórios serão virtuais formados por avatares, uma evolução da telemedicina tradi-
cional. O paciente ganha ainda mais conforto ao solicitar um atendimento de sua casa, sem
precisar de deslocar para alguma unidade de saúde para triagem ou em casos leves, como
muito utilizado no enfrentamento da pandemia de Covid-19. A possibilidade de gameficação
em todo esse processo aumenta o protagonismo do paciente no acompanhamento do seu cui-
dado em saúde e facilita a prevenção de agravos.
Outra revolução ocorre no mercado imobiliário virtual. Empresas vem se especializando
em vender terrenos virtuais com pagamento em criptomoedas, onde dentro de games como o
OtherSide centenas de pessoas adquirem lotes a mais de 5 mil dólares para criar seus empre-
endimentos.
Estima-se, que em 2020 mais de 500 bilhões de dólares tenha circulado no mercado do
Metaverso. Isso ainda nessa fase incipiente onde, de fato, o céu será o limite.

4.1.3. O Conceito de Big Data e Seus Usos

Em informática, big data significa o conjunto de informações armazenadas. Atualmente,


este termo vem sendo cada vez mais utilizado, sendo o big data um conjunto de tecnologias
que permite que os dados possam ser trabalhados sobre três perspectivas não consideradas
antes do surgimento do conceito:
• Volume: a cada dia, novos dispositivos são inseridos nas redes e passam a enviar e
receber informações dos mais diversos tipos. Devido a esse crescimento, surgiu a ideia
de gerenciar essas informações e utilizá-las para agregar valor;

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• Variedade: da mesma maneira que há diversos tipos de dispositivos que geram informa-
ções, existem também diversas formas de dados, como textos, imagens, vídeos, dados
de sensores e de localização e outros. Com as tecnologias de big data, se torna possível
analisar e gerenciar todos estes tipos de informações;
• Velocidade: mesmo que os dados existam em grande volume e em uma enorme varie-
dade de formas, com o big data será possível que eles sejam tratados. Esse é um desafio
para as organizações, já que a velocidade da produção desses dados vem aumentando
rapidamente.

A análise adequada de tais grandes conjuntos de dados alinhavados permite encontrar no-
vas correlações, como, por exemplo: tendências de negócios no local, prevenção de doenças,
combate à criminalidade e assim por diante. Cientistas, empresários, profissionais de mídia e
publicidade e governos regularmente enfrentam dificuldades em áreas com grandes conjuntos
de dados, incluindo pesquisa na Internet, finanças e informática de negócios.
Em empresas, o uso do big data hoje é ainda mais ostensivo. Faz anos que um número cada
vez maior de organizações, de diversos portes e segmentos se utiliza do Big Data Analytics
como ferramenta de apoio estratégia, visando melhorar seus processos de trabalho e adquirir
aquilo que se denomina como “insights”, ou seja, instrumentos valiosos acerca das tendências
de mercado, comportamento dos consumidores e suas expectativas. O big data vem com esta
função, ou seja, auxiliar às empresas a entender a fundo o perfil de seus consumidores, através
de uma rede de dados que se cruzam e fornecem perfis variados.

4.1.4. O Carro Elétrico

O carro elétrico chegou para ficar, e nenhuma grande empresa do ramo de produção auto-
mobilística atualmente quer estar de fora deste filão.
Mesmo com vários problemas como alto custo de produção (e prejuízos) e dificuldades
técnicas em relação principalmente à autonomia das baterias de lítio, as mesmas de seu celu-
lar, não há dúvidas: o futuro do automóvel será elétrico.
No ano de 2017, a Tesla Motors, fundada nos EUA em 2003, passou a Ford (que fabrica car-
ros desde 1899) em valor de mercado (US$ 49 bi vs. US$ 46 bi). Volvo e Land Rover anunciaram
o banimento de sua linha de carros a propulsão interna (gasolina e diesel) em 2020.
Na Alemanha, a Volkswagen anunciou no início de 2019 para os próximos anos a incrível
marca de US$ 50 bilhões em investimentos em sua linha elétrica, dando a indicar que já em
2022 não fabricará também carros que queimem combustíveis fósseis. Na BMW, a promessa
para os próximos anos é de mais de 25 modelos elétricos (eles já fabricam o urbano i3 e o
belíssimo esportivo i8), inclusive modelos da Rolls Royce, marca estandarte de luxo da qual é
dona atualmente.
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É interessante notar que os carros elétricos atualmente dão prejuízo às empresas. A GM,
por exemplo, perde US$ 9.000 mais ou menos a cada modelo Bolt vendido nos EUA. A Tesla,
referência global em carros elétricos, com modelos ultraesportivos que chegam a ser mais
velozes que Ferraris e Porsches, teve prejuízo de quase US$ 700 milhões somente em 2017.
Então, por que será que as empresas se jogaram tão fortemente nestes últimos anos, tempos
de queda, inclusive, no preço internacional no preço do barril entre 2012-2016, no mercado de
carros elétricos? A razão tem a ver com as diretrizes empreendidas pelos principais países
do mundo acerca de suas políticas ambientais e de produção industrial (as quais são desas-
sociáveis).
Em período não maior que três anos (desde 2015), a Alemanha anunciou que vai proibir
a fabricação de carros a diesel ou gasolina (ou qualquer motor do tipo propulsão interna) até
o ano de 2030 (e seu banimento completo da frota local até 2050). Na França, em 2040, não
poderão ser mais fabricados carros a propulsão interna. Na China, maior mercado disparado
de venda de automóveis no mundo, já em 2020 10% dos carros deveriam ser obrigatoriamente
fabricados com motores elétricos, em taxas que seguirão crescendo ao longo dos anos. As
lideranças do Partido Comunista, com seu ambicioso projeto Made In China 2025, de serem
autossuficientes em uma série de setores, veem esses veículos não apenas como uma forma
de limpar os céus poluídos das grandes metrópoles chinesas, mas também como uma forma
de projetar a China nesse mercado de ponta, assim como tenta fazer em campos como a ener-
gia solar e a biotecnologia. É interessante perceber, contudo, que, com a atual matriz enérgica
chinesa, rondando a casa dos 50% de participação do carvão mineral queimado em termoelétricas,
se do dia para a noite todo os carros se tornassem elétricos, a poluição atmosférica faria era
aumentar por lá – mas isso é outra história.

4.1.5. A Internet das Coisas (IoT)

Matéria sobre o fenômeno recente da Internet das Coisas, publicada na versão on-line da
Revista Época Negócios, demonstra as possibilidades de uso desta ferramenta em uso cada
vez mais crescente.

Conheça 6 aplicações da internet das coisas que já estão tornando o mundo melhor

Da tecnologia agrícola à limpeza do ar, os dispositivos inteligentes funcionam como


aliados importantes para resolver os problemas da humanidade.

Engana-se quem pensa que, no futuro, a internet das coisas irá ajudar a resolver pro-
blemas urgentes da humanidade como as superpopulações urbanas e o aquecimen-
to global. Na verdade, essa nova tecnologia já está sendo usada em diferentes áreas,
com resultados de impacto. Num universo de mais de 4 bi. De pessoas utilizando
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Internet no Planeta. Já é possível ver aplicações práticas da internet das coisas na


organização do trânsito, na agilização de tratamentos médicos e também na preser-
vação do meio ambiente., sempre condicionada à capacidade humana de analisar os
dados que os dispositivos conectados geram.

Segundo o Gartner, em 2020 já serão 25 bilhões de objetos conectados à internet –


um crescimento exponencial sobre os 4,8 bilhões de 2015. De acordo com a consul-
toria, a tendência é que a internet das coisas esteja cada vez mais presente na vida
de todos – e, espera-se, com resultados positivos.

Recentemente, o Fórum Econômico Mundial listou seis áreas nas quais nas quais a
IoT já faz toda a diferença. Confira abaixo.

1. Cidades mais inteligentes

Hoje, mais da metade da população mundial já vive em ambientes urbanos. Em 2050,


a previsão da ONU é que a proporção suba para dois terços. Por isso, é fundamental
cuidar para que as cidades sejam lugares sustentáveis e bem organizados, que su-
portem o peso das mudanças climáticas e a chegada de mais milhões de habitantes.

A internet das coisas vem ajudando várias cidades a cumprir esse objetivo. Em Bar-
celona, na Espanha, o uso de água para irrigação em jardins e fontes públicas já é
controlado digitalmente, evitando desperdícios. O mesmo acontece com o sistema
de iluminação pública, que tem postes dotados de sensores de presença, usados
como roteadores para conexão Wi-Fi.

Também em Barcelona, um sistema implantado nas vias públicas avisa os motoris-


tas sobre lugares disponíveis para estacionar seus carros. Por meio de sensores no
asfalto, sinais são emitidos para um aplicativo, ajudando o motorista a estacionar
rapidamente, o que reduz o trânsito e as emissões de gases pelos veículos.

2. Limpeza do ar e da água

Cidades que sofrem muito com a poluição têm direcionado esforços para melhorar a
qualidade do ar e da água. Em Londres, onde 9 mil pessoas morrem anualmente em
função de problemas respiratórios, a Drayson Technologies está distribuindo para os
cidadãos pequenos aparelhos que medem o nível de poluição do ar. Eles podem ser
plugados em carros e bicicletas, circulando junto com os veículos pela cidade.

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Os sensores transmitem as informações para o aplicativo da empresa. O app, por


sua vez, consolida as informações num único servidor, permitindo aos londrinos con-
ferir um mapa digital da qualidade do ar em cada ponto da cidade.

Uma ideia semelhante foi levada a Oakland, na Califórnia, pela startup Aclima, em
parceria com o Google e o Fundo para Defesa do Ambiente (EDF). Nesse caso, os
sensores foram distribuídos pelos carros do Google Street View, e as informações
ficarão disponíveis para que os especialistas trabalhem em ações para reduzir a po-
luição no ar.

3. Agricultura mais eficiente

O campo também se beneficia da internet das coisas. Na Califórnia, depois que uma
seca histórica prejudicou os agricultores locais no início da década, drones que fa-
zem imagens aéreas e sensores de qualidade do solo ajudaram os produtores a iden-
tificar os melhores locais para plantar as novas safras.

Esses recursos já estão presentes também no Brasil. Startups como a Agrosmart


instalam junto às plantações sensores meteorológicos que identificam indicadores
como a radiação solar, direção do vento, pressão barométrica e o pH das espécies. O
mapeamento aéreo com o uso de drones também já é usado por aqui, assim como
tecnologias para máquinas semeadeiras, que mostram em tempo real aos controla-
dores se toda a extensão do solo está sendo usada de forma adequada.

4. Menos desperdício de comida

Enquanto quase um bilhão de pessoas ainda sofrem com a fome e a desnutrição


nos países mais pobres, um terço da comida produzida anualmente para o consumo
humano é perdido ou estraga em algum ponto da cadeia de abastecimento, segundo
a FAO – órgão da ONU que investiga questões relacionadas à alimentação.

Há como reduzir a dimensão do problema usando a internet das coisas, mais uma
vez agindo no ambiente rural. Uma possibilidade é monitorar processos como irrigação,
polinização e a fertilização do solo, e fornecer relatórios a fazendeiros. É o que faz
a startup israelense Prospera, que também tem um software de gestão para que os
produtores gerenciem suas vendas e evitem perdas no transporte das mercadorias.

Na África, onde a logística é mais precária, empresas semelhantes, como Farmerli-


ne e ArgoCenta, atuam para ajudar pequenos produtores a canalizar seus produtos
rapidamente a distribuidores. Nos aplicativos, eles encontram empresas fabricantes

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de alimentos interessadas em vários tipos de ingredientes, além de cotações atuali-


zadas de mercado para determinar o preço correto.

5. Conectando pacientes e médicos

Os sensores conectados também já são usados na medicina. Em vários países, já


são usados em vários países dispositivos vestíveis que medem batimentos cardía-
cos, pulso e pressão sanguínea dos pacientes, deixando seus médicos informados o
tempo todo. Isso não só nos hospitais, mas também nas próprias casas dos pacien-
tes, no caso daqueles que enfrentam risco constante.

Tecnologias do tipo também ajudam a controlar epidemias como a de ebola, que


eclodiu em 2015 no oeste africano. Na época, o Instituto de Pesquisa Scripps levou à
região aparelhos que medem indicadores de risco nas pessoas com o vírus. Com os
dados transmitidos via Bluetooth, foi reduzida a necessidade de interação física de
médicos com pacientes infectados, ajudando no controle da transmissão da doença.

6. Combatendo o câncer de mama

Com previsão de 59,7 mil novos casos entre as mulheres brasileiras no biênio 2018-
2019, segundo o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o
câncer de mama já é alvo de diversas campanhas de conscientização no programa
Outubro Rosa. Mas o combate pode ser potencializado pela internet das coisas.

A mamografia tradicional pode falhar em identificar a doença nos estágios iniciais.


Para resolver o problema, a Cyrcadia Health desenvolveu a ITBra. O equipamento
consiste em um top com microssensores que identificam mínimas variações de tem-
peratura na região dos seios. Ao transmitir as informações para o smartphone da
usuária ou para o médico, os dispositivos ajudam os profissionais da saúde a identi-
ficar padrões que possam representar um perigo para a saúde da mulher.

A Cyrcadia está testando a solução na Ásia, onde questões culturais impedem uma
conscientização mais ampla e tornam o câncer de mama ainda mais letal. Espera-se
que, em breve, a empresa leve seu produto para outros países.

4.1.6. A Tecnologia Nessa Nova Década: Alguns Pontos Fundamentais

A Computação Quântica

A Computação Quântica promete se tornar nesta década que se inicia um novo paradigma
para a informática. A nova geração de supercomputadores aproveita o conhecimento da mecânica

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quântica – a parte da física que estuda as partículas atômicas e subatômicas – para superar
as limitações da informática clássica, baseada no clássico binômio 0 e 1.
A multinacional IBM será a primeira a comercializar um computador quântico. Prodígio da
tecnologia, o Q System One é um cubo de vidro com quase 3 m³ e 20 qubits, sendo apresenta-
do em 2019 servindo ao setor empresarial e à pesquisa. A informática quântica utiliza como
unidade básica de informação o qubit no lugar do bit convencional.
Este sistema alternativo admite a superposição coerente de zeros e uns, os dígitos do sis-
tema binário sobre os quais se assenta toda a computação, diferentemente do bit, que só pode
adotar um valor ao mesmo tempo: um ou zero.
Esta particularidade da tecnologia quântica faz com que um qubit possa ser zero e um ao
mesmo tempo e, além disso, em diferentes proporções. A multiplicidade de estados possibili-
ta que um computador quântico de apenas 30 qubits, por exemplo, possa realizar 10 trilhões
de operações em vírgula flutuante por segundo, ou seja, cerca de 5,8 trilhões a mais do que a
console PlayStation mais potente do mercado A computação quântica e a tradicional são dois
mundos paralelos com algumas semelhanças e numerosas diferenças entre si, como o uso do
qubit, e não o bit. A seguir, revisamos três das mais relevantes:
• Linguagem de programação: a computação quântica não tem um código próprio para
programação e utiliza o desenvolvimento e implementação de algoritmos muito especí-
ficos. Porém, a informática tradicional possui linguagens padronizadas como Java, SQL
ou Python, entre muitas outras.
• Funcionalidade: um computador quântico não é uma ferramenta para uso popular ou
cotidiano, como um computador pessoal (PC). Estes supercomputadores são tão com-
plexos que só têm aplicação no âmbito corporativo, científico e tecnológico.
• Arquitetura: a composição de um computador quântico é mais simples que a de um
convencional e não tem memória nem processador. Estes equipamentos se limitam a
um conjunto de qubits que servem de base para seu funcionamento.

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Tokens e Tokens Não Fungíveis

Uma nova modalidade de negócios dentro do mundo digital, a qual se estrutura em grande
parte no código das criptomoedas e suas chaves de segurança; os blockchains, vem ganhando
força nesta entrada de década. São os chamados NFT, ou tokens não fungíveis.
Vejamos então, caro(a) aluno(a), de forma prática, em que consiste tal mecanismo: a ve-
locidade de informações transmitidas (nesta que é a 4ª Revolução Industrial) é absurdamente
rápida. O volume de imagens, sons e todos os tipos de conteúdo possíveis é cada dia maior.
Em uma hora, atualmente, se produz mais conteúdo audiovisual do que em um ano nos tem-
pos pré-digital. Mas aí entra um aspecto importante: essa estrondosa produção de conteúdo
não é terra de ninguém.
Reparem bem que, mesmo havendo, de forma incontestável, uma democratização ao aces-
so a essa produção de fotos e vídeos, é possível ter posse dos direitos de uma imagem, por
exemplo, ou de fonogramas. E é aí que entram os TOKENS NÃO FUNGÍVEIS, úteis para quem
requer itens exclusivos e digitais, como arte digital, cards colecionáveis e itens internos de jo-
gos. Essa característica permite que NFTs atuem como uma prova de origem. Existe cada vez
mais reconhecimento de que existe valor em provar a propriedade e autenticidade de propriedades

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intelectuais, como obras de arte e tokens dentro de jogos. No mundo dos jogos e cards cole-
cionáveis, NFTs também são chamados de “colecionáveis digitais” (digital collectibles). Em
suma, os NFTs são parte de uma representação de um objeto físico ou digital no blockchain
Ethereum. Essa representação em blockchain funciona como um certificado que é único e pro-
tegido de duplicação.
Importante saber que nos primeiros meses de 2021 um meme conhecidíssimo foi adquiri-
do pela garota que se encontra representada na foto abaixo:

Qual a história dela e sua relação com os NFTs? Em 2004, essa garotinha passeava com
seu pai em uma cidade dos EUA quando se depararam com este incêndio. Eles fotografaram
e a imagem correu a internet se tornando um dos memes mais famosos da história (pelo me-
nos um dos mais longevos). Pois então! Essa garotinha, de nome Zoe Roth, cresceu e decidiu
recentemente transformar a foto em um NFT, ou seja, criar uma propriedade intelectual para
a foto. Ela foi convencida de que a imagem poderia render uma boa soma de dinheiro no mer-
cado de NFTs. Por meio de um telefonema, explicaram que a imagem poderia render uma boa
soma de dinheiro no mercado de NFTs.
E não deu outra: o NFT da foto foi vendido – não em dólares, mas em uma criptomoeda, o
Ethereum – por valor aproximado de US$ 483 mil. A cada vez que o NFT for revendido, Zoe vai
receber 10% do valor de transação.
Outro exemplo desse incipiente e promissor mercado vem, por exemplo, de Jack Dorsey,
CEO do Twitter, que vendeu a propriedade de seu primeiro tuíte por um NFT pela quantia de
US$ 2,9 milhões.

A Guerra por Foguetes ao Espaço

Na Guerra Fria, o mundo conheceu a Guerra Espacial. Era um período em que União Soviéti-
ca e Estados Unidos disputavam palmo a palmo a liderança em façanhas aeroespaciais. Fazia
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parte de um contexto de revolução industrial tecnológica (a chamada terceira revolução indus-


trial), inserido dentro de um contexto geopolítico calcado explicitamente em demonstração de
poder. A corrida espacial mudou de viés; já não envolve mais campos antagônicos de poder
entre comunismo e capitalismo como quando nos tempos da Guerra Fria. Há ainda também,
vale perceber uma luta pela conquista do espaço, sem dúvidas, reascendida na década ante-
rior com os anúncios da China de missões tripuladas e não tripuladas, inclusive para Marte,
sem contar a ascensão da Agência Europeia Espacial que conseguiu em 2014 literalmente
seguir o rabo de um cometa (ver em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/11/
europa-destaca-imenso-passo-apos-pouso-de-robo-em-cometa.html).
Os EUA ainda seguem na dianteira e até os Árabes estão agora no jogo. Contudo, o que
vem ocorrendo atualmente é uma corrida espacial muito interessante: É a chamada corrida
espacial dos bilionários.
Explico: Em 2021 ocorreu dois lançamentos de bólidos espaciais em prazo menor que
10 dias feito por milionários com vistas a exploração particular (e não militar) do espaço. O
primeiro, um veículo espacial construído pelo dono da empresa Virgin, o britânico Richar Bran-
son, que voou com sua aeronave VSS Unity inaugurando assim uma era com o primeiro voo
civil da história de um bólido ao espaço, vindo à luz exatamente com vista as impulsionar o
turismo espacial. Eia que nove dias depois foi a vez de Jeff Bezos, o dono da Amazon, tam-
bém realizar seu voo orbital. Vivemos em 2021 sem dúvidas um momento bem interessante
e inusitado, portanto, com o lançamento dessas duas naves espaciais. Abaixo temos como
curiosidade um quadro com as diferenças das barcas (ver em: https://g1.globo.com/econo-
mia/tecnologia/inovacao/noticia/2021/07/20/bezos-x-branson-propulsao-altitude-tripulacao-
-e-o-que-mais-diferencia-os-voos-dos-bilionarios-ao-espaco.ghtml)

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Missão Mars 2020 e o Robô Perseverance

A sonda Perseverance, da Nasa – a agência espacial norte-americana –, pousou em Marte


em 18 de fevereiro de 2021 após mais de 6 meses de viagem rumo ao Planeta Vermelho. O
robô faz parte da Missão Mars 2020 e chegou à superfície do planeta para buscar sinais de
vida, no presente ou no passado.
O veículo autônomo está explorando a cratera de Jezero, local onde já houve um lago há 3,9
bilhões de anos. Com brocas capazes de perfurar o solo e sistemas inovadores de alimentação
de baterias (com força nuclear), a sonda faz parte de uma nova política da agência espacial
norte-americana. Além de vir à luz para coletar, armazenar e trazer de volta uma quantidade
inédita de material do Planeta Vermelho, a Perseverance pretende revelar um conteúdo de fo-
tos e sons de Marte nunca antes capturado. O rover de uma tonelada e com o tamanho similar
ao de um Jeep Renegade representa também uma ultrapassagem sobre outras sondas não
americanas mandadas para Marte recentemente (em especial a chinesa e a dos Emirados
Árabes). E, claro, persegue a busca em torno da manutenção da dianteira em termos globais
no contexto de exploração espacial que os Estados Unidos, há décadas, possuem.
Veja, a seguir, matéria da Revista ISTOE sobre chips, publica em 31/05/2021 (em: https://
www.istoedinheiro.com.br/intel-preve-que-falta/):
Intel prevê que falta de chips vai durar vários anos
Presidente da empresa afirma que o isolamento social gerou um crescimento explosivo na
demanda por semicondutores

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O Presidente da Intel afirmou nesta segunda-feira, 31 de maio, que pode levar vários anos
para que o quadro de escassez de semicondutores no mundo seja resolvido, um problema que
tem atingido a indústria automotiva e está sendo sentido por outros setores.
Pat Gelsinger afirmou durante evento on-line que o isolamento social gerou um “crescimen-
to explosivo na demanda por semicondutores” que criou uma grande pressão sobre as cadeias
de fornecimento de chips.
“Apesar da indústria ter tomado medidas para resolver os problemas no curto prazo, ainda
pode levar vários anos para que o ecossistema resolva a escassez de capacidade de produção.”
Gelsinger afirmou em entrevista ao Washington Post em meados de abril que o quadro de
falta e oferta de chips poderia levar “alguns anos” para ser resolvido.
A Intel anunciou em março um plano de US$ 20 bilhões para ampliar sua capacidade de
produção de chips avançados e que prevê a construção de duas fábricas no Estado norte-ame-
ricano de Arizona.
“Planejamos expandir para outros locais nos EUA e Europa para assegurar uma cadeia de
abastecimento segura para o mundo”, afirmou o executivo nesta segunda-feira sem dar detalhes.

TEXTO COMPLEMENTAR
O OSCAR 2021 E A CONSAGRAÇÃO DA DIVERSIDADE
Poucos anos atrás, em 2015, uma irônica pecha foi dada ao Oscar. A escancarada
ausência de diversidade étnica na maior festa do cinema fez com que a premiação
fosse chancelada com a apropriada alcunha (mais direta impossível) #OSCARSOWHI-
TE – ou, em português bem claro, “Oscar tão branco”. Uma crítica a uma celebração
do cinema onde apenas brancos receberam menções e prêmios. Eis que, ao longo dos
últimos anos, tal festa vem tendo seu perfil segregacionista alterado, culminando no
ano de 2021, em que um recorde de atores negros e filmes dirigidos por mulheres foram
indicados ao prêmio máximo em suas categorias.
A cineasta chinesa Chloé Zhao se tornou a primeira mulher asiática a receber o
prêmio de Melhor Diretora, por Nomadland. Ao vencer, pensando apenas em gênero,
Chloé se tornou a segunda mulher a vencer a categoria em 92 anos de premiação. A
cineasta chinesa ainda concorreu com Melhor Filme (e venceu também), Melhor Rotei-
ro Adaptado e Melhor Edição (nestas duas últimas categorias, contudo, não levou a
estatueta). Depois de reconhecer Parasita como “Melhor Filme” na edição de 2020, o
Oscar voltou a premiar profissionais de origem asiática.
De maneira geral, essa foi a cerimônia do Oscar que mais premiou mulheres, com 17
estatuetas concedidas a elas. Além de Chloé Zhao, Mia Neal e Jamika também fizeram
história na premiação. Mia e Jamika foram as primeiras mulheres a serem indicadas
na categoria de “Melhor Maquiagem e Penteados” e também as primeiras profissionais
negras a vencerem este prêmio.

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A equipe foi responsável pela caracterização das personagens de A Voz Suprema do


Blues, estrelado por Viola Davis e que também levou a estatueta de “Melhor Figurino”
com o trabalho de Ann Roth. Aos 89 anos, a figurinista tornou-se a mulher mais velha a
ganhar o Oscar.
Outro destaque da premiação vai para o ator e roteirista britânico Daniel Kaluuya,
que levou a estatueta de “Melhor Ator Coadjuvante” por sua interpretação do ativista
Fred Hampton no filme “Judas e o Messias Negro” e em seu discurso saudou as traje-
tórias de Hampton e do partido Panteras Negras.

4.2. O Aquecimento Global


Tema recorrente em Atualidades, o aquecimento global responde pelas escalas de altera-
ções climáticas percebidas em todo o Planeta, as quais não se restringem apenas ao aumento
da temperatura global em si, mas a toda uma gama de padrões de alterações em inúmeros
eventos, tais quais tempestades, ondas de seca, avanço ou retração dos mares e geleiras, en-
tre outros. Nesta parte, inicialmente, abordaremos alguns dos principais temas de atualidades
sobre este assunto extremamente importante que, portanto, merece muita atenção.

4.2.1. O IPCC e Suas Conclusões Alarmistas

O principal documento balizador sobre as alterações climáticas é o IPCC (International Pai-


nel of Climate Change), ou Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, um arrazoado
de estudos feitos por milhares de cientistas ao redor do mundo, os quais são coletados pela
ONU e servem para que se exprimam as observações da comunidade científica acerca do es-
tado da arte sobre as mudanças climáticas.
Em 1988, a ONU apresentava o seu primeiro IPCC. À época, esse documento inovador era
bastaste reticente em determinar que o aquecimento global em curso possuía responsabilida-
des antrópicas. Mas, hoje, tudo mudou, e os mais de 2.000 cientistas envolvidos nos últimos
documentos apresentados – o 5º de 2014, e o 6º, o mais recente, apresentado em setembro de
2019 – são contundentes ao afirmar que a Terra vivencia um severo processo de aquecimento
global em que algo em torno de 95% desta dinâmica se deve a fatores – possui vinculação,
portanto – relacionados à ação humana (o viés antrópico). Sendo assim, a produção industrial,
os usos de energia, as práticas agrícolas e as formas como nos transportamos estão na base
do processo de aquecimento global.
O mundo aqueceu e, segundo o que se contata atualmente, em média de 0,9ºC entre o
período compreendido de 1880 a 2012. A atmosfera e os mares aqueceram, o gelo e a neve
diminuíram, e as concentrações de gases do efeito estufa aumentaram. Cenários drásticos.
A manifestação do fenômeno sobre o mundo, bem como dos seus efeitos, não é uniforme,
vale o destaque, e o Ártico é onde o aquecimento se faz sentir com maior intensidade. Sobre
tal assunto (o aquecimento do Ártico), abordaremos com maior profundidade um pouco mais
à frente e ainda nesta aula, ok?

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Mas vamos por partes: antes de iniciarmos uma leitura sobre as principais constatações
dos últimos IPCCs – os painéis da ONU sobre a mudança climática, apresentados em 2014 e,
mais recentemente, em setembro de 2019 –, vamos nos debruçar sobre o conceito de Gases
de Efeito Estufa (GEE), a base do processo de aquecimento global.
Os GEE, ou Gases de Efeito Estufa, são uma gama de gases que ocorrem naturalmente na
atmosfera terrestre, os quais permitem a retenção do calor. Sem eles, a atmosfera seria gélida
e não haveria a biodiversidade e a possibilidade de vida como conhecemos. Assim, são ele-
mentos de vital importância à vida no Planeta.
E os Gases de Efeito Estufa ocorrem naturalmente na atmosfera e em proporção menor
que 1% na composição normal do ar, sendo denominados como gases-traço exatamente por
causa da baixíssima proporção que representam na composição atmosférica.

Lembrando que a atmosfera é constituída pelos seguintes elementos, em ordem proporcional:


Nitrogênio: 78%;
Oxigênio: 2O%;
Argônio: 1%;
Outros gases: Menos de 1%.

Visto acima a importância e, ao mesmo tempo, a ínfima parcela que os GEE possuem, é im-
portante sabermos a gama destes gases de forma resumida. Abaixo, tem-se a nomenclatura e
os nomes dos GEE mais comuns:
• CO₂ – dióxido de carbono;
• N₂O – óxido nitroso;
• CH₄ – metano;
• CFCs – a gama de clorofluorcarbonetos;
• HFCs – a gama de hidrofluorcarbonetos;
• PFCs – os perfluorcarbonetos;
• SF₆ – hexafluoreto de enxofre.

Bom, seguindo: uma questão crucial sobre os gases de efeito estufa reside no fato de que
estes elementos de retenção do calor na atmosfera vêm sendo adicionados de forma artificial
na atmosfera, em função, exatamente, das atividades antrópicas empreendidas ao longo dos
dois últimos séculos (período industrial), ocasionando um padrão de aumento da temperatura
global fora dos padrões normais esperados.
As matrizes destas emissões de GEE residem em 4 campos fundamentais:
• Produção de Energia: a produção de energia por combustíveis fósseis queimados em
termoelétricas, tais quais o carvão e o petróleo, ainda é uma realidade – embora haja um
relativo esforço por parte dos países desenvolvidos (os maiores usuários de energia por
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termoelétricas), principalmente do Hemisfério Norte, mais a China, com vistas a substi-


tuir gradualmente essas matrizes por energia solar e eólica, principalmente. Lembrando
que, no Brasil, a principal fonte de energia elétrica é a hidráulica, considerada limpa (ou
seja, sem emissão direta de gases de efeito estufa na produção diária de energia);
• Atividades Industriais: ao longo dos séculos, a atividade industrial vem se baseado em
escalas de poluição principalmente atmosférica, principalmente gases com base em
carbono. Vale destacar, contudo, que marcos regulatórios e convenções vêm – isso
desde a década de 1970 – fazendo com que se reduza proporcionalmente a poluição
atmosférica por parte de indústrias, em associação exclusiva ao uso de tecnologias de
filtragem de gases;
• Uso de Transportes: dos escapamentos de uma frota de mais de 1 bilhão de veículos,
milhões de toneladas de monóxido de carbono são emitidas na atmosfera diariamente.
Esforços com vistas a reestruturar a frota mundial, por veículos elétricos vem sendo diri-
gidos por nações e empresas, mas o uso de combustíveis fósseis nos transportes ainda
impera e causa danos ambientais;
• Produção Agrícola: o uso de fertilizantes com base em gases nitrogenados, em associa-
ção à liberação da mesma cadeia de gases ao se remover o solo com vista se promover
plantios, gera um alto padrão de emissão de gases de efeito estufa. Em associação a
isso, os rebanhos, principalmente bovinos, através da flatulência, produzem metano CH4
(outro gás de efeito estufa presente também na decomposição do lixo) em enormes
quantidades diariamente. Vale destacar, contudo, que pesquisas recentes indicam que
o solo, enquanto mantidas suas características originais, é também um enorme sumi-
douro de gases de efeito estufa, compensando, portanto, as enormes emissões do meio
agrícola, porém necessitando estar em estado de conservação.

Abaixo, um ranking recente acerca dos países que mais emitem Gases de Efeito Estu-
fa no mundo:

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Note inicialmente, no topo do ranking, que a China realiza ultrapassagem sobre as emis-
sões dos EUA no início da década passada (por volta de 2005) e hoje já se posiciona possuindo
praticamente o dobro das emissões norte-americanas. No caso do Brasil, faz duas décadas
que ficamos entre o 6º ou 7º no total de emissões, o que de certa forma corresponde ao nosso
contingente populacional, pois somos, em 2019, a 6ª maior população no mundo.
Sobre o último relatório do IPCC 2019, (que referenda o que foi expresso no documento
anterior de 2014), eis algumas das conclusões abaixo. Vale uma leitura atenta deste quadro
alarmante em resumo, caro(a) aluno(a)!
A principal causa do aquecimento presente é, com elevadíssimo grau de certeza, a emis-
são de gases de efeito estufa pelas atividades humanas, com destaque para a emissão de
gás carbônico. A evidência indicando a origem humana do problema se fortaleceu desde os
relatórios anteriores (2007 e 2014).
As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.
Os oceanos têm acumulado a maior parte do aquecimento, servindo como um amortece-
dor para o aquecimento da atmosfera, estocando mais de 90% da energia do sistema do clima
e muito gás carbônico. À medida que o oceano aquece, ele perde capacidade de absorver gás
carbônico, o que pode acelerar os efeitos atmosféricos quando ele atingir a saturação.
O mar está se tornando mais ácido pela continuada absorção de gás carbônico. O aumento
da acidez nos oceanos causa mortandade de recifes (ambiente de imensa biodiversidade ma-
rinha) e animais marinhos variados (como peixes, crustáceos, entre outros).
De acordo com o relatório mais recente, de 2019, e em grau de conformidade ao que fora
apresentado no documento anterior, de 2014, mesmo que as emissões de gases de efeito es-
tufa sejam reduzidas e o aquecimento global seja limitado a no máximo, 2ºC o nível das águas
aumentará entre 30 e 60 cm até 2100. Se nada for feito para conter o aquecimento global, esse
crescimento pode chegar a 1 m ou mais.

O Acordo do Clima de Paris de 2015 se baseou, acima de qualquer coisa, na busca por ações
globais e mecanismos realmente efetivos que fossem chancelados pelo maior número de pa-
íses (e mais de 180 nações assinaram o compromisso) em busca de não se deixar o aqueci-
mento global, até o ano de 2100, ultrapassar 2ºC.
A elevação do nível do mar impactará diretamente fenômenos naturais que têm relação com
os oceanos, como marés altas, tempestades e ciclones tropicais. Um exemplo disso é o fu-
racão Dorian, que atingiu as Bahamas e os Estados Unidos no início de setembro de 2019 e,
segundo os especialistas, foi particularmente forte por conta das mudanças climáticas.

O gelo está em recuo acelerado na maior parte das regiões frias do mundo.
O permafrost, camada de solo que fica escondida embaixo do gelo, como no caso da Gro-
elândia, vem sendo exposto cada vez mais por causa do aquecimento global. Com isso ocorre

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uma grande liberação de gás carbônico, à medida que este solo possui concentrado bastante
carbono que ao ser exposto vai, naturalmente, para a atmosfera.
O regime de chuvas, as correntes marinhas e o padrão dos ventos estão sendo perturba-
dos, aumentando a tendência de secas e enchentes. Os efeitos se combinam para gerar novas
causas, tendendo a amplificar em cascata o aquecimento e agravar suas consequências
Mesmo que as emissões cessassem imediatamente, haveria um aquecimento adicional
pela lentidão de algumas reações e pelos efeitos cumulativos. O aquecimento produz efeitos
de longo prazo e afeta toda a biosfera.
Se as emissões continuarem dentro das tendências atuais, o aquecimento vai aumentar,
podendo chegar a 4,8ºC até 2100, e os efeitos negativos se multiplicarão e perturbarão todos
os componentes do sistema climático, com graves repercussões sobre o bem-estar da huma-
nidade e de todas as outras formas de vida. O mar subiria mais, ficaria ainda mais quente e
mais ácido, haveria mais perda de gelo, as chuvas ficariam mais irregulares, e os episódios de
tempo severo, mais frequentes e intensos, entre outras consequências.
Evitar que as previsões mais pessimistas se concretizem exigirá uma rápida e significativa
redução nas emissões.
A conclusão dos especialistas após a publicação do novo documento não foi surpresa para
ninguém: é preciso agir agora. “Só conseguiremos manter o aquecimento global bem abaixo
de 2ºC [...] se efetuarmos transições sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”,
apontou Debra Roberts, uma das especialistas.
“Quanto mais decisiva e rapidamente agirmos, mais capazes seremos de enfrentar mu-
danças inevitáveis, gerenciar riscos, melhorar nossas vidas e alcançar sustentabilidade para
ecossistemas e pessoas ao redor do mundo – hoje e no futuro”, disse Roberts.

4.2.2. O Painel Sobre Mudanças Climáticas e Uso do Solo

Antes de ser apresentado este Painel de Setembro de 2019 em atualização ao de 2014, um


novo relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com
o tema “Clima e Uso do Solo” foi apresentado, tratando-se de uma interessante inovação.
De fato, o relatório constatou que, uma vez que o solo sequestra quase um terço de todas
as emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem, será impossível limitar a elevação
da temperatura a níveis seguros sem alterar fundamentalmente a forma como o mundo produz
alimentos e administra o uso da terra.
Confira alguns dos principais tópicos do relatório.
1) A maneira como estamos usando o solo está piorando as mudanças climáticas.
Cerca de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas pelo homem pro-
vêm da agropecuária, da silvicultura e de outros usos da terra. A mudança no uso da terra,
como pela derrubada de florestas para dar lugar à pecuária, impulsiona essas emissões. Além
disso, 44% das recentes emissões antrópicas de metano, um potente gás de efeito estufa, vie-
ram da agropecuária, da destruição de turfeiras e de outras fontes ligadas à terra.
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2) Mas, ao mesmo tempo, o solo funciona como um enorme sumidouro de carbono.


Apesar do aumento do desmatamento e outras mudanças no uso da terra, as terras ao
redor do mundo estão capturando mais emissões do que emitem. De 2007 a 2016, o solo se-
questrou 6 gigatoneladas (Gt) líquidas de CO2 por ano, equivalente a cerca de três vezes as
emissões anuais totais de gases do efeito estufa do Brasil. Mais desmatamento e degradação
da terra, no entanto, irão destruir esse sumidouro de carbono.

Acesso em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/08/7-coisas-para-saber-sobre-o-relatorio-de-mudancas-climati-


cas-e-uso-da-terra-do-ipcc

3) O mesmo solo do qual dependemos para estabilizar o clima está sendo atingido pela
mudança climática.
Os cientistas descobriram que a temperatura do solo aumentou 1,5ºC entre os períodos de
1850 a 1900 e de 2006 a 2015, 75% a mais do que a média global (que combina mudanças de
temperatura tanto em terra quanto nos oceanos).
Esse aquecimento já teve impactos devastadores sobre a terra, incluindo incêndios flores-
tais, mudanças na precipitação e ondas de calor. Impactos adicionais vão prejudicar a capaci-
dade da terra de agir como um sumidouro de carbono. Por exemplo, o estresse hídrico poderia
transformar as florestas em ambientes semelhantes ao Cerrado, comprometendo sua capaci-
dade de sequestrar carbono, sem mencionar os danos aos serviços ecossistêmicos e à vida
selvagem. O relatório descobriu que “a janela de oportunidade, o período em que mudanças
significativas podem ser feitas para conter as mudanças climáticas dentro de limites tolerá-
veis, está se estreitando rapidamente”.
4) Várias soluções climáticas baseadas na terra podem reduzir as emissões e/ou seques-
trar carbono.
O maior potencial para reduzir as emissões do uso da terra é conter o desmatamento e
a degradação florestal, que podem evitar a emissão de 0,4 a 5,8 GtCO2 eq (gigatoneladas de

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carbono equivalente) por ano. Também precisaremos de mudanças em larga escala na for-
ma como os alimentos são produzidos e consumidos a nível mundial, incluindo mudanças na
agropecuária, maior inclusão de vegetais na dieta e redução do desperdício de alimentos e dos
resíduos agropecuários.
Além de reduzir as emissões, o setor também pode remover dióxido de carbono da atmos-
fera. O relatório concluiu que a restauração florestal e o reflorestamento têm o maior potencial
de captura de carbono, seguidos por melhorar o armazenamento de carbono no solo e pelo uso
de bioenergia combinada com captura e armazenamento de carbono (BECCS), um processo
que utiliza biomassa para gerar energia e captura e armazena o carbono resultante antes de
ser liberado na atmosfera. Dito isso, os autores observam que a maioria das estimativas não
leva em consideração fatores como competição pelo acesso à terra e questões de sustentabi-
lidade, de modo que o potencial real de remoção de carbono dessas soluções pode ser signifi-
cativamente menor do que a maioria dos modelos sugere.
5) Muitas soluções climáticas baseadas na terra têm benefícios significativos além da
mitigação.
O relatório descobriu que as seguintes soluções têm os maiores cobenefícios: manejo de
florestas, redução do desmatamento e degradação, aumento da quantidade de carbono orgâ-
nico no solo, aumento do intemperismo mineral (um processo de aceleração da decomposição
de rochas para aumentar a absorção de carbono), mudança de dieta e redução do desperdí-
cio de alimentos. Por exemplo, o aumento do armazenamento de carbono do solo pode não
apenas sequestrar emissões, mas também tornar as culturas mais resilientes às mudanças
climáticas, melhorar a saúde do solo e aumentar a produtividade.
6) Algumas soluções climáticas baseadas na terra acarretam riscos e contrapartidas im-
portantes e devem ser buscadas com prudência.
Por um lado, será importante ponderar os benefícios líquidos de qualquer intervenção. Por
exemplo, o plantio de florestas em campos nativos poderia na verdade diminuir a quantidade
de carbono armazenada no solo, prejudicando um importante sumidouro de carbono. Algumas
intervenções podem reduzir as emissões, mas causam outras mudanças que acabam aumen-
tando as temperaturas. Por exemplo, plantar uma floresta perene em altas latitudes tornaria
as superfícies mais escuras. Durante o inverno, ao invés de estar exposta, a camada de neve
estaria encoberta, aumentando a absorção da radiação solar – como ao trocar uma camiseta
branca por uma preta em um dia ensolarado. Plantar certas espécies de árvores ou plantas
pode ameaçar outras espécies e ecossistemas. E a maior parte dos sumidouros biológicos de
carbono eventualmente chegará a um ponto de saturação em que não absorverá mais carbo-
no. Além disso, a absorção de carbono florestal futura não é garantida, uma vez que é provável
que os incêndios florestais e a propagação de doenças aumentem em um mundo mais quente.
7) Soluções climáticas baseadas na terra que exigem grandes áreas podem ameaçar a
segurança alimentar e exacerbar problemas ambientais.

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Os esforços de redução de emissões e de remoção de carbono baseados no uso da terra


que exigem grandes áreas – por exemplo, o plantio de florestas em grande escala e os cultivos
para bioenergia – competirão com outros usos da terra, como a produção de alimentos. Isso
pode, por sua vez, aumentar os preços dos alimentos, agravar a poluição da água, prejudicar
a biodiversidade e levar a uma maior conversão de florestas em outros usos da terra, aumen-
tando, assim, as emissões.
Além disso, o relatório constatou que, se o mundo não conseguir reduzir as emissões em
outros setores, como energia e transporte, dependeremos cada vez mais de soluções basea-
das na terra, exacerbando as pressões alimentares e ambientais.
Aprendendo com o relatório do IPCC: talvez o insight mais abrangente do relatório do IPCC
seja sobre o delicado ponto de equilíbrio entre uso da terra e estabilidade climática: acertá-lo
pode reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, criar cobenefícios significativos; errar pode inten-
sificar as mudanças climáticas e agravar a insegurança alimentar e os problemas ambientais.
Na verdade, nós podemos alimentar o mundo ao mesmo tempo em que combatemos as
mudanças climáticas, protegemos as florestas e fazemos avançar a economia – mas temos
de melhorar a forma como produzimos e agimos sobre o planeta.
Abaixo, apresento-lhes uma matéria interessante, publicada na versão on-line da revista
Exame, de 08/06/2019, sobre uma economia criativa que pode ser gerada pelas oportunidades
do aquecimento global.

42 bilhões de dólares no caminho do aquecimento global

Esse é o valor que 91 empresas abertas da América Latina identificaram em oportuni-


dades da economia regenerativa, no combate ao aquecimento global

Se os governos de alguns países recuaram em relação ao desafio das mudanças cli-


máticas, pelo menos o setor privado parece ter acordado – e está agindo. Não é só
pela consciência de que o aquecimento global é uma ameaça ao planeta como um
todo, mas também porque as soluções para a crise climática têm o potencial de au-
mentar a competitividade. E este caminho já está sendo trilhado por grandes grupos
empresariais da América Latina – que tem condição privilegiada para gerar energia
limpa, fornecer alimentos com menor impacto e produzir serviços e produtos bons
para o clima.

É isso o que mostram os dados do CDP, iniciativa criada há décadas pelos grandes
fundos internacionais de investimento para catalisar o esforço privado pelo clima.
Nas palavras de Lauro Marins, diretor executivo para a América Latina do CDP:

“Em 2018, 91 empresas de capital aberto, 895 fornecedores e 184 cidades da Amé-
rica Latina reportaram suas informações por meio do sistema de divulgação ambiental

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do CDP. Essas 91 empresas de capital aberto representam 90% do capital negociado


em bolsa na região. Juntas, elas reportaram um valor 42 bilhões de dólares em opor-
tunidades identificadas na área de clima. Essas empresas fizeram um investimento
de 5 bilhões de dólares, que resultou na redução do equivalente a 921 milhões de
toneladas de CO2.

Não foram só empresas que mostraram seus investimentos ao CDP. Também 184
cidades latino-americanas participantes reportaram conjuntamente ao CDP um to-
tal de 326 projetos climáticos que estão buscando mais de 5,6 bilhões de dólares
de financiamento. Observa-se aí uma grande oportunidade para colaboração entre
o setor público e privado por meio de estratégias já bem conhecidas, como PPPs,
aliadas a novas abordagens como emissão de títulos verdes de projetos executados
pela iniciativa privada em áreas-chave para a resiliência urbana.

O senso de urgência é o que move esses atores a agir já, uma vez que o quinto rela-
tório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em ou-
tubro de 2018, deixou claro que temos apenas 12 anos para reduzir as emissões de
gases de efeito estufa pela metade para evitar uma crise climática sem precedentes
na história da humanidade.

Essa é a janela de tempo de que dispomos para converter a crise em oportunidade e


botar de pé uma nova economia regenerativa, formada por soluções que contribuam
para reverter as mudanças climáticas e ao mesmo tempo gerem prosperidade para
as pessoas. A Universidade de Michigan estima que o mercado para produtos que
capturam carbono da atmosfera, ajudando a reverter as mudanças climáticas, movi-
mentará de 800 bilhões a 1,1 trilhão de dólares por ano até 2030. Esse novo mercado
trará novas oportunidades de negócios e atuação profissional. Aqueles que primeiro
reagirem a esses sinais colherão os frutos do seu pioneirismo, posicionando-se na
liderança dessa nova e próspera economia.

É crescente o coro formado pela comunidade de negócios e governos subnacionais


de que a mudança climática é o principal vetor de riscos e oportunidades para a eco-
nomia e para a sociedade.

Começamos a ver na América Latina um movimento similar ao que ocorreu nos Esta-
dos Unidos após a eleição de Donald Trump, em que, diante dos retrocessos vindos
da Casa Branca em relação a políticas climáticas, a comunidade de negócios, gover-
nos subnacionais e sociedade civil se reuniram em torno de uma coalizão chamada
We are still in (nós ainda estamos dentro). Esses atores levantaram as suas vozes

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em apoio ao Acordo de Paris, se comprometendo a ajudar a alcançar os objetivos


climáticos nele traçados.

Um episódio recente no Brasil dá sinais de que esse contraponto também começa a


ganhar corpo no país. Depois de retirar a sua candidatura como sede da Convenção
do Clima, o governo federal também tentou intervir na decisão da cidade de Salvador
de sediar a conferência Climate Week, evento tradicional no calendário de discussões
internacionais sobre clima. Apesar disso, o prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto
se colocou à disposição da organização da Climate Week para realizar a conferência
na capital baiana. Diante da pressão da sociedade civil, governos subnacionais e em-
presas, o governo federal retrocedeu e decidiu apoiar a realização da Climate Week.
Experiências como essa levam especialistas a afirmar que os governos subnacio-
nais e os negócios terão papel protagonista para manutenção e implementação das
políticas climáticas no país.”

Uma amostra dessa discussão acontecerá nos dias 11 e 12 de junho, em São Pau-
lo, na primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, uma realização do
CDP, O Mundo Que Queremos e WWF-Brasil, com apoio de EXAME. O evento reunirá
mais de 300 pessoas, incluindo prefeitos, CEOs de grandes empresas, fundadores
de startups de negócios pelo clima, lideranças jovens e financiadores. Ao longo dos
dois dias de evento, eles debaterão soluções tecnológicas, modelos de negócios ino-
vadores e também exemplos de ações coletivas e coordenadas entre setor privado,
público e a sociedade civil para acelerar uma nova economia regenerativa capaz de
reverter as mudanças climáticas e gerar prosperidade.

A feira trará ainda uma missão comercial patrocinada pelo Governo do Canadá e
uma comitiva de 15 cidades e startups latino-americanas, financiada pela Fundação
Konrad Adenauer. Esses grupos participarão de rodadas de negócios que vão reunir
mais de 200 participantes, entre representantes de prefeituras, grandes corporações,
startups e instituições financeiras – com a missão de consolidar a posição da Améri-
ca Latina como um lugar privilegiado para fazer brotar iniciativas boas para o clima.

4.2.3. O Acordo de Paris e As Convenções-Quadro da ONU Sobre Mudança Cli-


mática

A década de 1990 representou um avanço nunca antes visto em torno da discussão acerca
do aquecimento global. Foi quando os países (ao menos um grupo) se cotizaram pela primeira
vez na história em torno de produzir um modelo e consensos que pudessem, de forma efetiva,
contribuir para mitigar tal preocupante questão. A Segunda Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, ou Rio 92, foi
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organizada pelas Nações Unidas e, entre 4 a 14 de junho de 1992, ganhou lugar na cidade do
Rio de Janeiro, obtendo uma imensa repercussão global.
E desta conferência um postulado importante foi parametrizado e regeu a questão relativa
ao aquecimento global, isso longo das últimas décadas. Vamos a ele.
A ECO-92 consagra haver um compêndio de “responsabilidades comuns, porém diferencia-
das” em torno do aquecimento global. Ou seja, há uma questão global, fato – o aquecimento
global –, e tal desafio deve, contudo, ser encarado por todos os países como um compromisso
(e entendimento) comum, porém com níveis de assunção de responsabilidades que estejam
baseados por contextos históricos, estes quais atinentes a forma como cada grupo de países
tem responsabilidade na questão do aquecimento global. Divide-se assim, aqueles países que
haviam há tempos se industrializado (e portanto tinham uma responsabilidade maior frente à
questão do aquecimento global), e em outra ponta os países tipificados como em desenvolvi-
mento; conhecidos também como “emergentes”, tais quais o Brasil, a China e a Índia, ou seja,
nações que iniciaram de forma tardia sua entrada no mundo industrial e, portanto, detentores
de parcelas ainda reduzidas de responsabilidades (até os anos 1990) acerca dos padrões de
emissões de gases de efeito estufa em nível global. São as responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, corolário que, atualmente, veremos, não cabe mais em 2019 para que se resolva
de forma efetiva a questão do aquecimento global, mas que fora fundamental nos anos 1990
para que ali fosse dado início a um arcabouço de discussões (e ações) com vistas ao estabe-
lecimento de uma agenda global de enfrentamento desta importante pauta ambiental.
Orientados pela ONU, planos e ações em torno do tema aquecimento global começam a
eclodir nos anos 1990, contudo ainda separando os países emergentes (China, Índia, Brasil,
hoje grandes emissores de gases de efeito estufa), daqueles países que se industrializaram
antes (leia-se: países da Europa, a União Soviética e seus estados-satélite, mais o Japão, os
EUA e Canadá).
A partir da ECO-92, no Rio de Janeiro, fica estabelecida uma agenda de encontros anuais
em lugares diferentes ao redor do globo com vistas a se discutir o aquecimento global. São
as Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), ou as Con-
venções do Clima, e a COP (Convenção das Partes). Desde 1994 elas vêm sendo realizadas
anualmente, sendo a primeira em Berlim. Algumas destas convenções, e já foram 26 as realiza-
das até 2021, serviram apenas para que de forma protocolar se discutisse a questão climática
global, contudo outras Convenções foram bastante importantes.

Para chegarmos ao contexto de atualidades recente sobre o tema, é importante que entenda-
mos o que fora estabelecido no longínquo ano de 1997, na 3ª COP, realizada em Kyoto, no Japão.

À época do Protocolo de Kyoto, isso há mais de 20 anos, a imensa maioria das emissões
globais de gases de efeito estufa eram atreladas a países industrializados, à medida que

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estas nações detinham responsabilidades históricas sobre o aquecimento global, pois foram
grandes emissores de gases por séculos. Os países em desenvolvimento, em contrapartida,
eram vistos como as maiores vítimas do clima e não tinham, até ali, responsabilidades sobre
o problema e, igualmente, portanto não deveriam também assumir ônus e nem contribuir para
a solução. O Protocolo de Kyoto de 1997 definiu limites e metas de redução para as emissões
de gases de efeito estufa para um grupo de 39 países apenas. Ou seja, todos os países consi-
derados como “desenvolvidos” acrescidos dos países do Leste Europeu mais a Rússia.
Sendo assim, o Protocolo só entraria (e entrou) em vigor quando a conta dos signatários
envolvesse dois parâmetros:
• Ao menos 55% dos países chamados (39 países) assinassem o acordo;
• E 55% das emissões de gases de efeito estufa no total no globo (e, somados, os 39 paí-
ses representavam, à época, 78% das emissões globais de GEE) ratificassem o mesmo
protocolo.

Resultado: sendo assim, tais cotas só foram conseguidas quando a Rússia, em 2004, assi-
nou o acordo.
Vigorando, em termos reais, entre os anos de 2008-2012, o Protocolo de Kyoto, ao esta-
belecer metas de redução de 5,2%, em média, de gases por parte dos países signatários do
acordo, não conseguiu ao fim (em 2012) reduzir os níveis de emissão de gases de efeito estufa
em enorme parte dos países que se cotizaram. Ou seja, os próprios países envolvidos, em sua
imensa maioria, não conseguiram cumprir as metas de redução assumidas individualmente.
Contudo, vale destacar, o Protocolo de Kyoto foi um marco positivo, sem dúvidas, pois nele (e
pela primeira vez em toda a história humana) um grupo de países assumiu metas (voluntárias)
de redução de Gases de Efeito Estufa.

Em 2019, a COP-25, a 25ª Conferência do Clima, deveria ser realizada no Brasil, contudo, nosso
atual mandatário, Presidente Jair Bolsonaro, desistiu de sediar esse encontro em nosso país.
Pesaram em sua decisão, segundo declaração do próprio, o fato de que (e tal qual seu com-
panheiro, Donald Trump, ex-Presidente norte-americano) a sua política externa em torno deste
assunto é 100% refratária ao que a ONU vem propalando, além de considerar um desperdício
gastar, segundo sua contabilidade, uma quantia em torno de R$ 500 milhões para realizar-se
no Brasil tal conferência. Sendo assim, a conferência de dezembro de 2019 teve a sua realiza-
ção transferida para Santiago, no Chile.

O Acordo de Paris – 2015: terminado o prazo de vigor de Kyoto (2012), uma nova costura
para o clima global que não envolvesse apenas um grupo de países (e pudesse resultar em um
novo protocolo de Kyoto) precisava ganhar corpo. Sendo assim, ficou estabelecido que, em
2015, na COP-21, de Paris, tal documento ganharia forma.

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E sentados à mesa de negociação na Cidade-Luz, pela primeira vez na história, em meio


a Ministros do Meio Ambiente, consultores, chanceleres, entre outros, conseguiu-se alinhavar
um acordo climático gigantesco e inédito, o qual envolveu mais de 190 países.
A COP-21 de Paris (2015) se torna, portanto, aquele que foi até então o maior avanço em
termos da discussão do clima global de todos os tempos. Por ela fica estabelecido, primei-
ramente, um compromisso de longo prazo: limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC neste
século. Depois, fazer esforços com vistas a limitar a elevação da temperatura global em nível
acima de 1,5ºC. Sendo assim, 195 países em primeira instância assinam o compromisso que
envolve todos os maiores emissores de Gases de Efeito Estufa do Mundo.
No mesmo documento, depois de serem atingidas as macrometas acima citadas, criar-se-
-á um modelo para se limitar as metas de emissões de GEE nacionais, onde cada país proporia
um limite próprio: são as chamadas NDC (Contribuição Nacional Determinada).
E Paris inovou também, à medida que o Protocolo não teria prazo determinado, tal qual
como o Protocolo de Kyoto, por exemplo, e as suas diretrizes seriam revisadas a cada 5 anos,
com metas que, enquanto houver o problema (a emissão de gases de efeito estufa), se conju-
gariam em torno das necessidades de cada país.
Mas nem tudo são flores, pois, dando seguimento ao que prometera na campanha presi-
dencial, Donald Trump se retira do Acordo de Paris em julho de 2017, sinalizando depois que
poderia até voltar ao acordo, mas somente se os interesses econômicos dos EUA estivessem
acima de qualquer outra questão, sendo um entrave tal posição. Um verdadeiro contrassenso
e ponto anacrônico, à medida que, para se reduzirem as emissões de gases de efeito em uma
imensa maioria dos países, mandatório é que sejam alteradas as matrizes de produção ener-
gética, industriais e de transportes destes. E tais mudanças, via de regra, promovem alterações
econômicas e envolvem custos. Por fim, vale destacar que, mesmo após a saída dos EUA, o
Acordo de Paris seguiu ainda firme em seu rumo na busca de não se deixar que padrões cala-
mitosos de aquecimento global ganhem mais força.

TEXTO COMPLEMENTAR
COP 26
Por: Luís Felipe Ziriba - 05/01/2022
Realizada nos 12 primeiros dias de Novembro de 2021, após ser adiada em função
da pandemia de Covid, a 26a Conferência das Partes para o Clima veio cercada de enor-
mes expectativas. E seus resultados foram bons, à medida que se conseguiu sair da
fria e bela Escócia com avanços na questão do limite de aquecimento (de 2 graus em
Paris, 2015 para 1.5 graus agora), além do fortalecimento de metas individuais (NDCs)
por partes dos países e também uma nova agenda para o financiamento dos países
emergentes frente ao aquecimento global. Vejamos abaixo os principais pontos forma-
lizados no documento oficial, assinado por mais de 200 países, que resultou no Pacto
de Glasgow.
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O PACTO DE GLASGOW (CoP 26):


REDUÇÃO DE EMISSÕES: O texto estabelece a redução global das emissões de
dióxido de carbono em 45% até 2030, em comparação com 2010, e de neutralidade de
CO2 até 2050 – quando as emissões serão reduzidas ao máximo e as restantes serão
totalmente compensadas por reflorestamento e tecnologias de captura de carbono da
atmosfera.
TEMPERATURA GLOBAL: Muita atenção a este ponto caros (as) alunos (as): O
Acordo de Paris falava sobre um aumento máximo de 2ºC em comparação à tem-
peratura pré-industrial. Diante de novas evidências e do alerta do último relatório do
Painel Intergovernamental para a Alterações Climáticas (IPCC, de 2019 constante em
nossa aula), o Pacto Climático de Glasgow é muito mais claro em relação à meta de
1,5ºC, deixando claro que a diferença de meio grau se traduz em um aumento brutal
de impactos climáticos.
ARTIGO 6: Um dos pontos que mais avançou na COP26 diz respeito à regulamenta-
ção do Artigo 6 do Acordo de Paris, que regula os mercados de carbono e o comércio
de emissões. Essa era uma das questões ainda pendentes do pacto de 2015.
Valerá a regra dos ajustes correspondentes, ou seja, os países terão que ajustar sua
meta de redução de emissões de acordo com a compra ou venda de créditos. Todas
estas transações serão certificadas por um organismo que ficará sob a Convenção da
ONU Mudança Climática. É interessante perceber que o Brasil possui, sem dúvidas, tal
qual propalado na Conferência por nosso Ministro do Meio- Ambiente, Joaquim Leite,
enorme potencial como exportador de créditos de carbono; contudo atualmente ainda
somos em 2021 devedores.
ABANDONO DO CARVÃO E COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS: O termo “eliminação” de com-
bustíveis fósseis foi substituído por “redução” gradual. A proposta que estabelecia a
eliminação dessas fontes de energia foi enfraquecida por causa de um acordo entre a
China (maior consumidora mundial de combustíveis fósseis), os EUA (maior produtor
mundial de combustíveis fósseis), a União Europeia e a Índia.
De qualquer forma, o texto pede que os países “acelerem os esforços” para reduzi-
rem gradualmente o uso de usinas de energia movidas a carvão que não usam tecno-
logias de captura do CO2 e também os subsídios para combustíveis fósseis.
COMPROMISSOS NACIONAIS: O documento também reconhece que os compro-
missos nacionais voluntários (NDCs) para os países reduzirem suas emissões são
insuficientes para que a temperatura global se mantenha dentro da meta de aumento
máximo de 1,5ºC. Firmadas no Acordo de Paris e incrementadas a cada cinco anos, as
NDCs tiveram sua primeira revisão em 2021, após a COP26 ser adiada em 2020 devido
à pandemia da Covid-19.

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IMPORTANTE: A figura dos NDCs (compromissos nacionais voluntários de redução


de gases de efeito estufa) ganhou muita força ao longo dos últimos dez anos. Com o
fim do Protocolo de Kyoto, que vigorou entre 2008-2012, o qual estabelecia metas indi-
vidualizadas de redução de emissão de gases de efeito estufa do tipo: “impostas” (mas
sem vinculações do tipo sanções, ou multas) para um grupo de pais – os ditos “indus-
trializados”, ganha-se performance na discussão climática a necessidade do estabele-
cimento de iniciativas e metas de redução de gases de efeito estufa de forma voluntá-
ria. Ou seja, dentro de uma lógica onde cada país, dentro de um compromisso global de
atuar de forma franca e concisa em torno da questão do aquecimento global, apresente
voluntariamente suas metas de redução na emissão de gases de efeito estufa.
FINANCIAMENTO A PAÍSES EMERGENTES: Em 2009, os países industrializados
haviam prometido mobilizar, a partir de 2020, US$ 100 bilhões ao ano para os países
em desenvolvimento conseguirem realizar a transição energética. Isso, no entanto, não
aconteceu. O Pacto de Glasgow estabeleceu 2025 como nova data para o financiamen-
to.
Assim, até 2025 os países desenvolvidos precisam duplicar seus fundos coletivos
para adaptação às demandas das nações mais pobres.

4.3. A Questão do Ártico


Por fim, caro(a) aluno(a), atualmente a questão do aquecimento global passa por uma dis-
cussão importante acerca da forma acelerada como o Ártico vem perdendo sua massa de gelo.
Situado ao Norte do Planeta, o Ártico é uma imensa massa oceânica de água congelada
que vem mudando conforme os cientistas já previam, mas de forma muito mais acelerada.

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Nos últimos 3 anos apenas, vários recordes climáticos de aquecimento na imensa área
gélida em tela foram atingidos. Expectativas relativas emanadas por cientistas de que, somen-
te em algum dia do verão de 2100 pudesse haver degelo completo do Ártico, já se encontram
reduzidas em 60 anos. Possivelmente em 2040, segundo matéria publicada pela renomada
revista Scientific American, em sua edição de maio de 2018, um dia no verão será de degelo
completo do ártico. A última vez, segundo os cientistas, em que o Ártico esteve em tempera-
tura parecida com agora faz algo em torno de 125 mil anos, e os oceanos estiveram à época
elevados em comparação a hoje, em algo perto de 4 a 6 metros. Era outra situação, e nada se
compara ao que vemos, em sua velocidade, como nestes tempos recentes.

Em 2018, a temperatura média no Inverno, para se ter uma ideia, no Ártico ficou 9ºC mais eleva-
da que em 1979. Sendo assim, mais aquecimento, mais vapor d’água (um dos gases de efeito
de estufa) na atmosfera e maior elevação do nível dos oceanos.

A atenção dedicada por parte da comunidade científica ao Ártico reside no fato de a região
ser muito sensível às mudanças climáticas. Em apenas 40 anos as extensões congeladas no
ártico reduziram-se pela metade, havendo também uma forte retração do volume de gelo pe-
rene (em torno de 25%). Quanto maior o calor derretendo a superfície branca (de gelo), uma
área maior escura fica exposta. Assim, os raios de sol, antes refletidos pela superfície branca,
agora ficam retidos muito mais na superfície escura. Ou seja, torna-se o aquecimento um cír-
culo vicioso.
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TEXTO COMPLEMENTAR
OS PLÁSTICOS E OS OCEANOS: UMA NOVA BATALHA AMBIENTAL
Há mais ou menos 80 anos o uso de plásticos pela sociedade começou a ter seu
início. O polímero barateou enormemente os custos de produção e insuflou um podero-
so ramo industrial – a indústria petroquímica. Hoje parece que não sabemos mais viver
sem o plástico e o conforto que produtos como papel-filme, copos, garrafas, recipientes
variados, canudos, entre outros, nos oferecem, mas isso tem um peso para a natureza.
O plástico é um produto que não decompõe facilmente na natureza, pois suas molé-
culas são bastante estáveis, e os organismos não conseguem quebrá-las. Segundo a
Cetesb (a Companhia Paulista de Saneamento), em aterros sanitários, ou seja, ambien-
tes com forte presença de organismos decompositores, uma garrafa PET pode demo-
rar mais de 200 anos para ser decomposta por total. Há até plásticos biodegradáveis
(ou mais fáceis de se decompor), mas estes são de uso extremamente restritos, sendo
que o que fica realmente é uma carga de plásticos, todos simples e baratos, que poluem
a cada segundo o mundo em milhares de toneladas e são indigestos à decomposição.
E o uso indiscriminado do plástico vem causando um dano ambiental que trans-
cende os ambientes terrestres e os lixões. Esse dano se estende aos oceanos drasti-
camente, o verdadeiro pulmão do planeta, vítimas da indiscriminada utilização desses
produtos.
Vamos aos dados: recentemente cientistas estimaram que, por volta do ano de
2050, o peso dos seres vivos nos oceanos será superado pelo peso do plástico adicio-
nado aos ambientes marinhos. Isso mesmo que você leu, caro(a) aluno(a)! Até 2050,
haverá provavelmente mais plástico que seres marinhos nos oceanos. Estima-se que
atualmente uma carga de mais de 150 milhões de toneladas de plástico esteja boiando
pelos oceanos, sendo que anualmente algo entre 5-10 milhões de toneladas seja
adicionado a esta perversa conta. A imensa maioria do lixo nos oceanos, aliás, é plás-
tico, oriundo quase todo do próprio lixo descartado e (em menor escala) dos restos de
materiais plásticos deixados por pescadores, de diferentes envergaduras.
Sobre reciclagem, não há ainda salvação, pois de todo o plástico produzido no Pla-
neta, nem 10% atualmente vem sendo reciclado, sendo estes os produtos mais adicio-
nados ao mar: canudos plásticos, garrafas, isqueiros, canetas, linhas de pesca e anzóis.
E o problema do plástico nos oceanos não se encontra apenas na questão de poluir
as margens costeiras. Há uma cadeia de danos que vão desde ferir animais até a absor-
ção de micropartículas de plásticos pelos plânctons. Em determinadas áreas do Pací-
fico, entre a próspera costa leste americana e a superpovoada costa asiática, já se per-
cebe algo em torno de 100 partículas de microplástico para cada plâncton – e o pior
cenário, segundo os cientistas, era de 6 pra 1.

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O lixo marinho também causa perdas econômicas aos setores e às comunidades


dependentes do mar, exatamente por causa mortandade em espécies de peixes e polui-
ção da água, além de diminuição crítica no atrativo natural que as áreas turísticas cos-
teiras possuem.
Algumas medidas (tímidas) por parte de governos vem sendo tomadas frente a
essa questão. Destaques para a União Europeia que, em 2018, aprovou por unanimi-
dade um conjunto de normas e sanções aos usos de materiais plásticos por parte dos
países (28, até a saída do Reino unido), englobando também instrumentos de pesca. Já
Distrito Federal, na capital do Brasil, por decreto proíbe, desde fevereiro de 2019, o uso
e a comercialização, em todo o seu território, de canudos e copos plásticos.
Por mais anacrônico que pareça, o plástico, em certa medida, veio para salvar ani-
mais, ao substituir, por exemplo, o uso do marfim, muito comum até o início do século
passado, mas atualmente mata em torno de 100.000 animais marinhos por ano. Por
mais esquisito que pareça, o polímero que foi a base de produtos baratos e práticos
requer iniciativas urgentes e ações efetivas para tolher os danos que a disseminação
relacionada a uma superprodução se revela.

TEXTO COMPLEMENTAR
A ÁGUA CHEGA À BOLSA DE NOVA YORK
Em meados de dezembro de 2020, a mais tradicional bolsa de valores do mundo, a
Bolsa de Valores de Nova York, iniciou a comercialização de cotas de água.
O novo índice começa com cotas relacionadas ao valor da água na Califórnia, com
unidade mínima de 10 acre-pés, o que corresponde a 1,2 milhão de litros (o equivalente
a duas piscinas olímpicas). Assim, torna-se possível negociar água para situações futu-
ras de escassez sem ter de se pagar o preço do período de seca/escassez. Vale desta-
car que este novo comércio se restringe apenas a negociações de água nos EUA, visto
que há barreiras logísticas no transporte de grandes quantidades de água e também
que a água por lá, diferentemente daqui, pertence não necessariamente ao Estado, e
sim aos donos das propriedades rurais.
Essa nova modalidade abre precedentes importantes e, para alguns, preocupantes.
Nunca antes a água foi tratada desta forma, ou seja, sendo um bem comercializável
nestas escalas, chegando à bolsa de valores. Assim, inicia-se uma fase em que luga-
res com abundância deste precioso recurso podem realizar comércio com áreas de
escassez. Para o primeiro grupo, ou seja, os que possuem recurso em grande escala,
vislumbram-se possibilidades grandes de lucro, sem dúvidas. Para o segundo grupo,
aventa-se uma luz no fim do túnel a situações de escassez. Até aí, tudo bem. Contu-
do, especialistas em recursos hídricos se demonstram preocupados em relação a preceitos

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relacionados à sustentabilidade no uso da água. A sustentabilidade é pensada com


vistas a dar atenção às necessidades não apenas das gerações atuais, mas também
das futuras gerações.
Por fim, fica a questão: seria a água passível de comercialização? Na prática, esse
comércio já acontece há tempos – à medida que grandes multinacionais, como Coca-
-Cola e Nestlé, por exemplo, comercializam água no mundo todo, vendendo suas gar-
rafas potáveis em um negócio altamente lucrativo. Há também a chamada água virtual
– ou seja: a água incutida em usos agropastoris, tais quais como ao se produzir um
quilo de carne (que pode levar até 15 mil litros de água entre sedentação, constituição
de pastos e beneficiamento final) ou em plantações com o uso intensivo de água na
irrigação. Agora uma nova modalidade de uso para a água vem para ficar.

TEXTO COMPLEMENTAR
A CONFERÊNCIA DO CLIMA DE JOE BIDEN
Convocada por Joe Biden, que fez também a coordenação do evento, foi realiza-
da virtualmente, em fins de abril de 2021, a Cúpula do Clima. Biden, o primeiro a falar
após discurso de abertura de sua vice, Kamala Harris, prometeu reduzir as emissões
de gases do efeito estufa dos EUA em 50%, em relação aos níveis de 2005, até 2030, e
afirmou que os próximos anos farão parte de uma ‘década decisiva’ para o combate às
mudanças climáticas
Pelo Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro prometeu que terá neutralidade climática
até 2050 e que em 2030 teremos diminuído o desmatamento em até 43%.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres,
disse que o mundo precisa retornar aos níveis de emissões de gás carbono registrados
no ano de 2005 para alcançar a subsistência. “Nós precisamos de um planeta verde,
mas estamos em alerta vermelho, à beira do abismo. Precisamos agir”, afirmou.
“Precisamos diminuir as emissões de gás para os níveis de 2005. E precisamos nos
assegurar de que o próximo passo esteja na direção correta. Líderes em todo mundo
devem agir, primeiro fazendo uma coalizão por emissão líquida zero”, afirmou.
Xi Jinping, Presidente da China, disse que o país pretende trabalhar em conjunto
com os Estados Unidos para mitigar as emissões de carbono e que até 2060 a China
vai passar do “pico do carbono para carbono zero”.
“A China está ansiosa para trabalhar com os Estados Unidos para melhorar a gover-
nança global”, declarou o líder comunista.
Da Europa, o Presidente da França, Emmanuel Macron, líder radicalmente contra as
diretrizes tomadas a cabo por Jair Bolsonaro e seu então Ministro do Meio Ambiente,

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Ricardo Salles, para o setor, disse que o mundo precisa incluir o meio ambiente nos
custos de investimento e comércio e que, sem isso, não poderia haver transição para
uma economia mais verde.
Já o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país pode propor a introdu-
ção de termos e condições preferenciais para investimento estrangeiro em projetos de
energia limpa.
Em seu pronunciamento, Putin também disse que a Rússia pretende aumentar a
quantidade de energia de fontes de baixo carbono, incluindo a energia nuclear.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, celebrou a volta dos Estados Unidos ao
Acordo de Paris – uma medida que Biden reverteu após seu antecessor, Donald Trump,
deixar o pacto.
“Estou muito feliz que os EUA tenham voltado a participar da política clínica, pois
é totalmente indiscutível que o mundo precisa da participação dos EUA para que o
Acordo de Paris seja cumprido”, disse a chanceler alemã. “A contribuição nacional dos
EUA mostra sua ambição e é um sinal muito importante para a comunidade global”,
completou.
Ela afirmou que as transformações necessárias para conter as mudanças climáti-
cas são uma “tarefa hercúlea”, já que exigem a transformação do modo de viver e con-
duzir as economias globais.
Quem também discursou foi a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen. “A ciência diz que é quase tarde demais, mas devemos começar agora. Ontem,
com o Parlamento Europeu e com 27 governos, definimos novas metas para que seja-
mos neutros em carbono até 2050 e também concordamos em reduzir as emissões em
pelo menos 25% até 2030”, afirmou.
“A natureza não pode mais pagar o preço. Mas a questão não é só sobre missões.
Precisamos pensar em biodiversidades e em soluções onde forem necessárias – e
vamos fazer isso de maneira justa e bem-sucedida, porque não podemos deixar nin-
guém para trás. Vamos trabalhos juntos pela neutralidade, por um compromisso junto
e por ações juntas para reduzir as emissões até 2030. Isso nos coloca no caminho para
a emissão zero até 2050”, concluiu.

TEXTO COMPLEMENTAR
O AQUECIMENTO GLOBAL E O ANO DE 2022
Quer acreditemos, ou não, o mundo ao que tudo indica caminha para um catástrofe
climática, usando as próprias palavras do SeC. Geral das Nações Unidas, o português
Antônio Guteres. O negacionismo frente ao aquecimento global, motivado principal-
mente por interesses econômicos, seguem travando a pauta ambiental.

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Contudo, a ciência e os dados revelam a triste sina do planeta. Há, com enorme
margem de certeza, um acelerado processo de aquecimento global em curso, sendo o
ano de 2022 é um marco para essa drástica questão. Vejamos abaixo alguns elementos
que corroboram tal afirmativa:
Em março, ondas de calor atingiram tanto o ártico, no Polo Norte, quanto a Antárti-
ca, o chamado continente gelado, no Polo Sul. A estação Hopen, na Noruega, na região
ártica, chegou a marcar 30 graus acima do normal. Enquanto isso a estação Concordia,
base de pesquisa na Antartida chegou a registrar temperaturas de 11 graus negativos,
enquanto o normal para o mesmo perído é fazer 50 graus abaixo de zero.

IMPORTANTE!
Vale o adendo que em 6 de fevereiro de 2020, um termômetro na base antártica
argentina de Esperanza alcançou uma temperatura de 18,4 graus, a mais alta registrada
desde o início das medições em 1961, segundo o Serviço Metereológico da Argentina.
O recorde anterior no território continental havia sido registrado em 2015, com 17,5
graus. Três dias depois, o pesquisador brasileiro Carlos Schaefer informava à AFP que
um termômetro instalado na ilha Seymour tinha alcançado 20,75 graus, o que seria a
temperatura mais alta jamais registrada na Antártida. O degelo nas regiões polares,
uma realidade inequívoca só faz pior a questão do aquecimento global, visto que tal
fenômeno expõe o permafrost, ou seja, a camada de solo congelada, emitindo a libera-
ção de CO2 e metano, aumentando assim as concentrações de gases de efeito estufa.

Seguindo (…)
Uma onda de calor inédita varreu a Europa nos últimos dias de Julho 2022. Tem-
peraturas recordes foram registradas em vários países, sendo que a fria e cinza Lon-
dres atingiu sua temperatura histórica recorde tendo registrado 40 graus a sombra. Na
França, desde 1935, não se registravam temperaturas tão altas. Interessante que pela
primeira vez na história uma onda de calor foi batizada; Zoe.

TEXTO COMPLEMENTAR
A 4a PESSOA CURADA DO VÍRUS DA AIDS NO MUNDO
Um homem de 66 anos, portador declarado do vírus HIV desde a década de 80 é ofi-
cialmente a 4a pessoa no Mundo a ser curada da AIDS em junho de 2022. Ele, ao tratar
um leucemia recebeu um transplante de medula na California.
Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV.”
Ele recebeu o transplante de medula óssea não para tratar o HIV, mas porque desen-
volveu leucemia aos 63 anos.
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A equipe médica responsável pelo seu tratamento decidiu que ele precisava do
transplante para substituir sua medula óssea doente por células normais. Por coinci-
dência, o doador era resistente ao HIV
Hoje, 38 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV. Em 2021, fez 40 anos do
primeiro caso de Aids identificado no Mundo.

TEXTO COMPLEMENTAR
A VARÍOLA DOS MACACOS
Conceito.
A varíola dos macacos é uma moléstia transmitida pelo vírus monkeypox, que per-
tence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral (o vírus é transmitido
aos seres humanos a partir de animais) com sintomas muito semelhantes aos obser-
vados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave. O período de
incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de
cinco a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um
laboratório dinamarquês em 1958. O primeiro caso humano foi identificado em uma
criança na República Democrática do Congo em 1970. Atualmente, segundo a OMS
esclareceu, a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como
ratos e cão-da-pradaria.
A transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas
respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. E, segundo o órgão de
saúde, a transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas com con-
tato físico próximo com casos sintomáticos.
O contato próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados deve ser evi-
tado. Luvas e outras roupas e equipamentos de proteção individual devem ser usados
ao cuidar dos doentes, seja em uma unidade de saúde ou em casa.
Vale lembrar que a doença não é transmitida pelo animal, apesar do nome. Se
chama assim por ter sido identificada em colônias de macacos na África, na década
de 1950. Sobre a varíola dos macacos em si, há casos, como temos visto, de pacientes
que chegam a óbito, mas se trata de uma doença relativamente leve, Os anso de expe-
riência com a Covid nos revelaram que a ciência ainda é o melhor caminho para que se
chegue a formas eficazes de combate à doenças. Posições politizadas e polarizadas
como impera hoje em redes sociais e também na impressa , ou até nosso convívios te,
apenas potencial para divisionismo.
A OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e
confirmados. Passa a ser considerado um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer
idade, que apresente pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e esteja
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em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for acompa-
nhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores
musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame
para confirmar ou descartar a doença.
Casos considerados “prováveis” incluem sintomas semelhantes aos dos casos sus-
peitos, como contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual ou com
materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a isso, histórico
de viagens para um país endêmico ou ter tido contato próximo com possíveis infecta-
dos no mesmo período e/ou ter resultado positivo para um teste sorológico de orthopo-
xvirus na ausência de vacinação contra varíola ou outra exposição conhecida ao vírus.
Casos confirmados ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus da
varíola dos macacos por meio do exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em
tempo real e/ou sequenciamento.
O surto de varíola dos macacos, que já foi confirmado em 16 países e várias regi-
ões do mundo, ainda pode ser controlado. A OMS garantiu em 24 de maio que o risco
de transmissão é baixo. Contudo nos primeiros dias de Agosto de 2022 os números de
infectados no mundo atinge os 23 mil e no Brasil acima de 1.2 mil, porém com casos
de morte bastante raros.
A vacinação contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos maca-
cos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais sus-
cetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo
mundo quando a doença foi erradicada em 1980.
A agência trabalha na verificação dos estoques atuais de vacina da varíola para ver
se precisam ser atualizados.
A prevenção e o controle dependem da conscientização das comunidades e da edu-
cação dos profissionais de saúde para prevenir a infecção e interromper a transmissão.

5. A ONU e os Gs
5.1. A ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição internacional formada por 192
Estados soberanos e fundada após a Segunda Guerra Mundial para manter a paz e a segu-
rança no mundo, fomentar relações amistosas entre as nações e promover progresso social,
melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros são unidos em torno da Carta das
Nações Unidas, um tratado internacional que enuncia os direitos e os deveres dos membros
da comunidade internacional.
O Atual Secretário Geral, em substituição a Ban Ki-moon, desde 2017, é António Guterres,
português com mandato de 5 anos e possibilidade de reeleição.

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As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-Geral, o Con-
selho de Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça e o
Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do Tri-
bunal, que fica em Haia, na Holanda.
Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em áreas tão diver-
sas como saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho. Esses organismos especia-
lizados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos (tais como o UNICEF,
Fundo das Nações Unidas para a Infância), compõem o Sistema das Nações Unidas.
A ONU tem como propósitos/funções principais:
• Manter a paz e a segurança internacionais;
• Desenvolver relações amistosas entre as nações;
• Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de carácter
económico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos
e às liberdades fundamentais;
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a realização desses obje-
tivos comuns.

Atualmente a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os Estados podem ser
membros plenos e participar na Assembleia-Geral. Outros organismos intergovernamentais e
algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar, como observadores, com direi-
to a intervir, mas sem direito a voto.

5.2. Os Gs
Já os Gs são grupos de Estados que se reúnem para estreitar suas relações multilaterais,
abordando temas como políticas militares e estratégias econômicas, de acordo com o interes-
se e influência dos países participantes. Esses encontros costumam ser anuais e podem ou
não ter vínculo com a ONU (Organização das Nações Unidas). Além do G20, o mais conhecido
grupo, existem mais oito instâncias de países que se reúnem para debater temáticas de inte-
resse comum.
Vejamos os principais grupos e suas composições em 2019:
• G7
− Origem: 1976;
− União dos 7 países mais ricos do mundo mais representantes da União Europeia. Em
1997, com a entrada da Rússia no grupo, tornou-se G8. Em 2014, o país foi suspenso
por envolvimento nos conflitos da Criméia, fazendo com que o G8 voltasse a ser G7.
− Países:
◦ ÁSIA: JAPÃO;
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO;
◦ AMÉRICA: CANADÁ, ESTADOS UNIDOS.

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• G20
− Origem: 1999;
− Fórum dos 19 países mais influentes economicamente do mundo, entre desenvol-
vidos e emergentes, mais a União Europeia – que é representada pelo Presidente
do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia. Tem como objetivo a
coordenação de políticas econômicas entre os membros, promover a estabilidade
financeira e modernizar a estrutura financeira mundial;
− Países:
◦ ÁSIA: ARÁBIA SAUDITA, CHINA, COREIA DO SUL, ÍNDIA, INDONÉSIA, JAPÃO;
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL;
◦ EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA, ITÁLIA, REINO UNIDO, RÚSSIA, TURQUIA e UNIÃO
EUROPEIA;
◦ AMÉRICA: ARGENTINA, BRASIL, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS, MÉXICO;
◦ OCEANIA: AUSTRÁLIA.
• G77
− Origem: 1964;
− Reunião dos representantes dos principais países emergentes no Hemisfério Sul na
ONU, com objetivo de promover o desenvolvimento e aumentar o poder de barganha
ao articular os interesses econômicos desses países dentro dos fóruns da ONU.
− Países:
◦ ÁSIA: AFEGANISTÃO, ARÁBIA SAUDITA, BANGLADESH, BAREIN, BRUNEI, CAMBO-
JA, CATAR, CHINA, CINGAPURA, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS, FILIPINAS, IÊMEN,
ILHAS MARSHALL, ÍNDIA, INDONÉSIA, IRÃ, IRAQUE, JORDÂNIA, KUWAIT, LAOS,
LÍBANO, MALÁSIA, MALDIVAS, MIANMAR, MONGÓLIA, NEPAL, OMÃ, PAQUISTÃO,
SÍRIA, SRI LANKA, TADJIQUISTÃO, TAILÂNDIA, TIMOR-LESTE, TUNÍSIA, TURCOME-
NISTÃO, VIETNÃ;
◦ ÁFRICA: ÁFRICA DO SUL, ANGOLA, ARGÉLIA, BENIM, BOTSUANA, BURKINA FASO,
BURUNDI, BUTÃO, CABO VERDE, CAMARÕES, CHADE, COMORES, CONGO, COSTA
DO MARFIM, DJIBUTI, EGITO, ERITREIA, ETIÓPIA, GABÃO, GANA, GUINÉ, GUINÉ-
-BISSAU, GUINÉ-EQUATORIAL, ILHAS MAURÍCIO, LESOTO, LIBÉRIA, LÍBIA, MADA-
GASCAR, MALAUÍ, MALI, MARROCOS, MAURITÂNIA, MOÇAMBIQUE, NAMÍBIA,
NAURU, NÍGER, NIGÉRIA, QUÊNIA, REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA, REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA DO CONGO, SEICHELES, SENEGAL, SERRA LEOA, SOMÁLIA, SUAZI-
LÂNDIA, SUDÃO, SUDÃO DO SUL, TANZÂNIA, TOGO, UGANDA, ZÂMBIA, ZIMBÁBUE;
◦ EUROPA: BÓSNIA-HERZEGOVINA;
◦ AMÉRICA: ANTÍGUA E BARBUDA, ARGENTINA, BAHAMAS, BARBADOS, BELIZE,
BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, COSTA RICA, CUBA, DOMINICA, EL SALVA-
DOR, EQUADOR, GRANADA, GUATEMALA, GUIANA, HAITI, HONDURAS, JAMAICA,
NICARÁGUA, PANAMÁ, PARAGUAI, PERU, REPÚBLICA DOMINICANA, SANTA LÚ-
CIA, SÃO CRISTÓVÃO E NÉVIS, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, SÃO VICENTE E GRANADI-
NAS, SURINAME, TRINIDAD E TOBAGO, URUGUAI, VENEZUELA;

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ATUALIDADES
Atualidades Mundo
Luis Felipe Ziriba

◦ OCEANIA: FIJI, ILHAS SALOMÃO, KIRIBATI, MICRONÉSIA, PAPUA NOVA GUINÉ, SA-
MOA, TONGA, VANUATU.

Dentre esses grupos temos também os BRICS: a coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e
China (BRIC) iniciou-se de maneira informal em 2006, com reunião de trabalho entre os chan-
celeres dos quatro países à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas. Desde então,
o acrônimo, criado alguns anos antes pelo mercado financeiro, não mais se limitou a identifi-
car quatro economias emergentes. O BRIC passou a constituir mecanismo de cooperação em
áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e aos povos dos
demais membros.
Desde 2009, os Chefes de Estado e de governo do agrupamento se encontram anualmente. Em
2011, na Cúpula de Sanya, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, acrescentando
o “S” ao acrônimo, agora BRICS.

Nos últimos dez anos, ocorreram dez reuniões de cúpula, com a presença de todos os líde-
res do mecanismo:
• I – Cúpula: Ecaterimburgo, Rússia, junho de 2009;
• II – Cúpula: Brasília, Brasil, abril de 2010;
• III – Cúpula: Sanya, China, abril de 2011;
• IV – Cúpula: Nova Délhi, Índia, março de 2012;
• V – Cúpula: Durban, África do Sul, março de 2013;
• VI – Cúpula: Fortaleza, Brasil, julho de 2014;
• VII – Cúpula: Ufá, Rússia, julho de 2015;
• VIII – Cúpula: Benaulim (Goa), Índia, outubro de 2016;
• IX – Cúpula: Xiamen, China, setembro de 2017;
• X – Cúpula: Joanesburgo, África do Sul, julho de 2018; e
• XI – Cúpula: Brasília, Brasil, novembro de 2019.

Desde a primeira cúpula, em 2009, os BRICS têm expandido significativamente suas ati-
vidades em diversos campos, mas foi o campo financeiro que garantiu, desde o início, maior
visibilidade ao agrupamento. Os então quatro países-membros passaram a atuar de forma
concertada, a partir da crise de 2008, no âmbito do G20, FMI e Banco Mundial, com propostas
concretas de reforma das estruturas de governança financeira global, em linha com o aumento
do peso relativo dos países emergentes na economia mundial. O papel desempenhado pelo
BRICS foi fundamental para a reforma das quotas do FMI, aprovada em Seul, em 2010.
No mesmo campo, a cooperação BRICS levou ao lançamento das duas primeiras insti-
tuições do mecanismo: o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Arranjo Contingente de
Reservas (ACR). A criação do banco visou a responder ao problema global da escassez de
recursos para o financiamento de projetos de infraestrutura.
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ATUALIDADES
Atualidades Mundo
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A partir de 2015, o BRICS passou a buscar novas áreas de cooperação, sempre tendo pre-
sente a necessidade de obter benefícios palpáveis para os cinco países. Para o Brasil, as áreas
de saúde, ciência, tecnologia e inovação, economia digital e cooperação no combate ao crime
transnacional são prioritárias nesse esforço de avançar novas áreas de atuação.
A XI Cúpula foi realizada em Brasília, em 13 e 14 de novembro de 2019, no Palácio Ita-
maraty, sob o lema “BRICS: crescimento econômico para um futuro inovador”. Antecedendo
o encontro de líderes, a Presidência brasileira organizou dezenas de encontros que tiveram
como prioridades (i) o fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação; (ii) o
reforço da cooperação em economia digital; (iii) o adensamento da cooperação no combate
aos ilícitos transnacionais, em especial ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e ao tráfico
de entorpecentes; e (iv) o incentivo à aproximação entre o Novo Banco de Desenvolvimento e
o Conselho Empresarial.

TEXTO COMPLEMENTAR
DIREITOS HUMANOS E ATUALIDADES
O conceito de direitos humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar
de seus direitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Superado o nazismo e o fascismo pela força de uma ampla aliança, indo dos capita-
listas dos Estados Unidos aos socialistas soviéticos, as nações sentaram-se para definir
regras mínimas de convívio que evitassem novos conflitos bárbaros e editaram a Decla-
ração dos Direitos Humanos, em 1948. Este documento se utiliza da expressão “direitos
essenciais do homem” como sinônimo de direitos humanos e lista os seguintes direitos do
homem: o direito à vida, à liberdade e à segurança (artigo 3º), ao reconhecimento como
pessoa (artigo 6º), à igualdade (artigo 7º), à nacionalidade (artigo 15), entre outros. A
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), de
1969, também utiliza a expressão “direitos essenciais da pessoa humana” para se refe-
rir aos direitos humanos e, entre esses, lista o direito à vida (artigo 4º), à integridade
pessoal (artigo 5º), à liberdade pessoal (artigo 7º) e o direito de reunião (artigo 15), por
exemplo. Em suma, é bastante passível de inclusão na agenda dos direitos humanos
vários tópicos. Contudo, com sua vagueza e generalidade, é importante e saudável,
inclusive, reconhecermos – embora, em princípio, vise a fortalecer e disseminar a pro-
teção dos direitos humanos, colocando-os à disposição de todos –, suscita um grande
desafio: a determinação do alcance desses direitos.
A declaração reúne as chamadas três dimensões dos direitos. A primeira contempla
as liberdades de escolha, de voz e de voto, que tanto marcaram a luta contra as monar-
quias e, mais recentemente, contra as ditaduras militares.
Na segunda dimensão, estão os direitos que dependem de uma ação do Estado
para garantir o bem-estar do indivíduo, como saúde e educação.

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ATUALIDADES
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Já na terceira dimensão estão os direitos difusos, a que toda a sociedade tem direi-
to de usufruto, e não só cada indivíduo. É o caso do direito à comunicação ampla e
plural, ao meio ambiente e à preservação do patrimônio cultural.
Os direitos humanos consistem no direito que todo homem deve ter em todos os
lugares e todos tempos. É basicamente, também, ilustrador do “direito a ter direito”, ou
seja, os processos e dinâmicas para se obter direitos. Padecem, contudo, de circuns-
tâncias, o que faz deles vagos e genéricos, ao serem carregados de idealismo. Falar em
generalidade acerca dos direitos humanos ocorre também à medida que não é um sis-
tema estanque e que, portanto, se desenvolveu com base em um arcabouço de normas
e mecanismos cada vez mais abrangentes e complexos.
Outra questão atualmente enfrentada acerca dos direitos humanos tem a ver com
a globalização tal qual conhecemos (e atualidades) e diz respeito ao fato de que os
Estados têm perdido o controle sobre os fluxos de capital e bens e se tornado incapa-
zes de proteger os membros mais débeis ou vulneráveis da sociedade, a exemplo dos
trabalhadores migrantes, dos refugiados e dos deslocados, entre outros. Importa-nos
saber como o discurso dos direitos humanos tem enfrentado essas questões? O que
os que carregam a bandeira de defesa da prevalência dos direitos humanos fazem para
minimizar ou solucionar problemas como o desenvolvimento, a redução da pobreza e
a proteção dos migrantes? O problema aqui vai além do reducionismo ou da insuficiên-
cia; trata-se, portanto, da seletividade e da rejeição dos deveres positivos dos Estados.
Tudo isso faz parte dos chamados “direitos humanos sociais e econômicos”, cuja
existência, apesar de essencial, ainda é possível de controvérsia. O problema aqui vai
além do reducionismo ou da insuficiência; trata-se da seletividade e da rejeição dos
deveres positivos dos Estados.
Há também uma seletividade muito bem marcada, à medida que seis dos dezoito
governos mais repressivos – quais sejam China, Cuba, Eritreia, Arábia Saudita, Sudão
e Zimbábue – já foram membros de algum tipo de Comissão de Direitos Humanos da
ONU. Ao saírem (os direitos do homem) do âmbito de direitos fundamentais e se tor-
narem direitos que possuem relação a interesses políticos, econômicos ou de seguran-
ça dos Estados, ou seja, usados como moeda de troca, acabam perdendo sua função
precípua ao desampararem as pessoas do mundo que vivem sob regimes repressivos.
Em contraposição a esse cenário, é fato que vivemos, contudo, além da prolifera-
ção das normas, tanto no Direito Internacional dos Direitos Humanos quanto no Direito
Internacional Geral, concomitantemente uma proliferação de organismos protetivos. É
muito importante que se destaque que os Estados já não são os únicos componentes
do novo espaço internacional dos direitos humanos. Organizações Não Governamen-
tais (ONGs) se formam em nível transnacional, travando com os Estados relações de
conflito e cooperação. O que se constata é haver a disseminação não apenas de Cortes,
mas de ONGs que se intitulam defensoras dos direitos humanos, sendo a pressão por

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ATUALIDADES
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elas exercida um instrumento decisivo para mover governos a adotarem políticas de


defesa dos direitos humanos, resultando crescer ainda mais a consciência de que tais
direitos envolvem responsabilidades compartilhadas entre instituições públicas e priva-
das. Por outro lado, não há como negar que o crescimento desordenado dessas orga-
nizações revela uma banalização do discurso. Sob o argumento da proteção de direitos
fundamentais, as ONGs, muitas vezes, se utilizam de uma retórica vazia para fazer valer
interesses que chegam a ser contrapostos aos ideais do discurso dos direitos huma-
nos.

TEXTO COMPLEMENTAR
2 ANOS DE COVID-19:
OMS, SEGUNDA, TERCEIRA CEPA E QUARTA CEPA, VACINAS + DESAFIOS E CON-
TEXTOS.
Por: Professor Luis Felipe - 01/01/2022
O coronavírus, ou COVID-19, é uma infecção respiratória. Síndrome viral, transmitida
por gotículas principalmente, pela tosse ou contato, foi oficialmente batizada como Sar-
s-Cov-2. A COVID-19, é interessante destacar, não é a primeira pandemia deste século
tendo em vista que entre 2009-2010, houve a desagradável presença entre nós da H1N1,
popularmente conhecida como gripe suína, a qual ceifou algo em torno de 200.000
vidas em mais de 100 países ao redor do globo. Contudo, o que se percebe é que esta
primeira moléstia foi muito menos agressiva se compararmos à atual pandemia de
COVID-19. Em termos numéricos, tal qual vimos acima, no máximo 200.000 mortes (em
pouco mais de 14 meses de pandemia de H1N1) foram atribuídas a este primeiro vírus.
Todavia, na entrada de junho de 2021, com 1 ano e seis meses, praticamente, de ação
da COVID-19, morreram em torno de 3,3 milhões pessoas, com mais de 160 milhões de
registros de pessoas infectadas oficialmente em todo o Planeta (o que equivale a algo
em torno de 2% da população global), segundo dados da OMS.
A COVID-19 é uma doença causada por um vírus originário da China que, até onde
a ciência já prospectou, teve sua origem a partir do mercado de peixes de Wuhan, uma
cidade-polo tecnológico e de atividades industriais com mais 12 milhões de habitantes.
Embora circulem fake news dizendo ter sido este um vírus elaborado propositalmente
em laboratórios na China, afirmo aqui não haver absolutamente comprovação acerca
de qualquer ocorrência de intencionalidade dirigida até a presente data (01/06/2021)
que confirme tal proposição. E, por favor, NÃO CAIA EM QUESTÕES DE PROVAS DE
ATUALIDADES (e este tema deve ser cobrado) QUE AFIRMEM O CONTRÁRIO! O atual
coronavírus possui origem em morcegos selvagens, bichos estes que, ao contrário
também de mais algumas infundadas fake news, NÃO COMPÕEM QUALQUER NÍVEL
DA CADEIA ALIMENTAR DA POPULAÇÃO HUMANA, NEM CHINESA, NEM DE NENHUM
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OUTRO LUGAR DO GLOBO. Retomando, então: até onde fora constatado com base nas
mais importantes e renomadas instituições de pesquisa que se debruçam em torno
deste e de outros tipos de assuntos científicos/sanitários, foram morcegos que pica-
ram um animal hospedeiro, provavelmente o pangolim, considerado este o animal mais
traficado no mundo – um bicho tipo “pet”, ou seja, domesticado e que bomba na China
e em outros países da Ásia, para, aí sim, via o contato deste tipo de animal (doméstico
e não comestível) ter-se realizado a contaminação para humanos. A ciência já sabe,
por exemplo, que o genoma dos coronavírus tem cerca de 30 mil bases em tamanho.
É como um texto com 30 mil palavras, que devem ser escritas em mesma sequência,
sendo praticamente impossível fabricá-lo, por assim dizer. Fato é: a enorme capacidade
de adaptação do novo coronavírus ao corpo humano se uniu à força econômica estron-
dosa da China e ao padrão atávico que envolve as múltiplas esferas que a globalização,
tal qual como conhecemos, estampou. Se no ano 2000 a China representava apenas
3% do PIB global, em 2019 o gigante oriental possuiu uma fatia de absurdos de 16%
da produção econômica total, atrás apenas dos EUA. Há pelo menos 6 anos o país é
líder inconteste na produção industrial global e também no total de exportações. Isso
tudo, em umbilical associação, não devemos esquecer, a um padrão de capilaridade
de chineses pelo globo (sendo a China a maior potência demográfica do mundo) onde,
por exemplo, estima-se ter havido, somente no ano de 2019, um contingente superior a
160 milhões de chineses circulando como turistas. Espero ter deixado claro que, além
do componente natural e genético do vírus, fatores econômicos e demográficos são
aspectos fundamentais para que a COVID-19 conseguisse se espalhar por todos os
continentes habitados do planeta (e aí exclui-se apenas a Antártida) com tamanha rapi-
dez.
A nova epidemia, poucos dias após ser conhecida, fora classificada pela OMS (veja
abaixo sobre o funcionamento e características da agência) como sendo de “emergên-
cia global”. E a agência da ONU para a saúde até tentou (ao menos no início) não pro-
mover nível de alarde extremado, com vistas, ao que tudo indicava, não ver prejudicadas
as escalas de comércio global. Porém, devido à dimensão da capacidade de expansão
do vírus, não teve jeito. Logo a ONU sucumbe à gravidade de uma epidemia, que virou,
em poucas semanas, uma pandemia. Na entrada de março de 2020, a OMS declarava
ser fundamental a realização, entre outras medidas, de um pacto coletivo global com
vistas ao isolamento social – ou seja, o distanciamento entre pessoas com medidas
radicais como fechamento de comércios, escritórios e áreas públicas, possuindo, em
fins do mesmo mês, a adesão de mais de 1/3 da população global. Esse é o embrião do
chamado “lockdown”, uma medida controversa compreendida dentro do ambiente de
isolamento horizontal; bem mais radical que o isolamento vertical.

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Isolamento Vertical e Horizontal


Isolamento vertical: é aquele no qual somente a parcela da população com maior
risco de desenvolver a doença ou complicações é isolada. Isso significaria isolar somen-
te as pessoas que pertencem aos grupos de risco para a COVID-19, como os idosos,
os imunocomprometidos, os obesos, os diabéticos e os portadores de doenças pul-
monares (como a asma), cardiovasculares, hepáticas ou aqueles com doenças renais
crônicas. Assim, durante o isolamento vertical, pessoas que não pertencem ao grupo
de risco continuam exercendo suas atividades de vida normalmente. Esse modelo é
menos eficiente do que o isolamento horizontal, segundo a OMS, quanto à capacida-
de de conter a velocidade de transmissão doença. Além disso, vale ressaltar que a
identificação dos grupos de risco é um desafio bastante complexo no cumprimento
desta forma de isolamento. O Isolamento vertical foi defendido por Donald Trump e Jair
Bolsonaro, entre outros mandatários globais, mas, no caso brasileiro e norte-america-
no, uma série de medidas de cunho local emanadas por prefeitos e governadores, em
ambos os países, não perseguiram a cartilha emanada pelos Presidentes, havendo, em
várias cidades, fechamentos de comércio e proibições à circulação de pessoas.
Isolamento Horizontal: É aquele no qual o maior número possível de pessoas deve
permanecer dentro de casa, independentemente de apresentarem fatores de risco ou
não para a doença. O distanciamento horizontal pode ser feito em diferentes níveis de
rigidez. O mais rígido é chamado de lockdown, em que somente as atividades conside-
radas essenciais (como farmácias e supermercados) são mantidas em funcionamento
normal. Pode, inclusive, haver um monitoramento das ruas pela polícia. Ao longo dos
meses de junho e julho de 2020, contudo, vários países distenderam suas medidas de
isolamento horizontal, estando incluído nessa leva o Brasil.
Controle severo tal qual descrito acima (isolamento horizontal) aconteceu na Ocea-
nia, onde Austrália e Nova Zelândia se confinaram cedo e estão entre os países capazes
de sossegar o vírus de forma mais eficaz; o primeiro tem menos de 1.000 mortos, e o
segundo, menos de 50.
E se, para alguns, os esforços empreendidos pela China, país epicentro desta atual
pandemia, ante a contenção da expansão do vírus são vistos como consideráveis (ao
terem tomado medidas sanitárias e de isolamento contundentes e, assim, reduzido de
forma drástica a ação do vírus em seu território, ao menos ao que parece), critica-se
enormemente na outra ponta e, dentre vários pontos, a forma como o regime comunista
impediu a entrada de agências internacionais e também a prospecção de dados sobre
o vírus por parte da comunidade científica internacional.
Já dentro do âmbito das chamadas “teorias da conspiração”, o governo norte-ameri-
cano (sob os auspícios do ex-presidente Donald Trump), mesmo sem evidências claras,
declarou em meados de 2020 acreditar piamente que a China havia criado o vírus em
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laboratório – e, pior, de forma maquiavélica haveria espalhado tal moléstia


globalmente. Tudo dentro de um plano bem ajambrado pelo poderoso Partido Comu-
nista. Tal tese, propalada aos quatro ventos por Donald Trump, vem sendo, contudo,
cada dia mais desacreditada, residindo, portanto, no âmbito das chamadas fake news
tal qual já falamos acima.
Os números globais e drásticos: até 1º de janeiro de 2022, quando se completam
mais de 24 meses, ou 2 anos de epidemia desde o primeiro caso oficialmente divulga-
do pela China, e estes dados ainda aumentarão bastante – há mais de 180 países com
casos de COVID-19 já confirmados em todos os continentes habitados. São em torno
de 305 milhões de pessoas que já se infectaram desde janeiro de 2020, ou se encon-
tram infectadas ao redor do Planeta, levando-se em conta apenas os casos realmente
identificados (devendo ser muito maior este número, à medida que há, logicamente,
um número bem maior de pessoas que se encontra, ou se encontrou, infectada e não
sabe ou não soube), com mais de 5.500.000 mortes segundo a OMS até 1º de janeiro
de 2022. Os EUA dispararam à frente em números totais de infectados desde feverei-
ro de 2020, com mais de 60 milhões de casos registrados (ou quase 15% da popula-
ção local) e também de mortes (mais de 830.000). No caso do gigante da América do
Norte, é evidente ter havido por parte de Donald Trump um absoluto erro estratégico em
torno de suas políticas sanitaristas, com subestimação (e negação, de forma radical)
acerca da força do vírus, fazendo assim com que o mandatário não tenha promovido
as medidas necessárias (e em contraposição ao que fora recomendado pela OMS) com
vistas a resguardar o seu povo. Tal virada de costas por parte de Donald Trump frente
à gravidade da COVID-19 foi, sem sombra de dúvidas, elemento determinante para sua
derrota na eleição presidencial para o senador democrata Joe Biden nas eleições de
novembro de 2020. Em segundo lugar em número total de casos de COVID vem a Índia.
Por lá, a miséria e as péssimas condições sanitárias são aliadas fortes na expansão do
vírus. A Índia, diga-se de passagem, com 23 milhões de infectados, vem sendo “acusa-
da” de ser o berço de uma terceira cepa de COVID, esta ainda mais agressiva. O Brasil
vem em terceiro lugar em números globais de pessoas que estão ou foram infectadas,
com mais de 22 milhões de infectados desde o início da epidemia e mais de 620.000
mortes (neste quesito estamos em segundo lugar em termos globais). A Índia, apesar
de informar 32 milhões de infectados até aqui, declara haver 480.000 mortos – ou seja,
bem menos que o Brasil.
Na Europa, também devastada pela pandemia, França, Rússia, Reino Unido (primei-
ro país a vacinar no mundo) e Itália lideram os casos. Na Itália, o Papa Francisco esteve
com suspeita (não confirmada) de ter contraído o vírus e reza as missas no Vaticano
sem a presença de fiéis, tendo sido a Páscoa de 2021 a segunda sem fiéis na mais
tradicional missa do Vaticano, juntamente à do Natal, ao respeitarem as medidas de

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isolamento social. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, um refratário em


primeira fase à promoção de medidas de isolamento social (num processo de evidente
negacionismo, tal qual promovido pelo Presidente Jair Bolsonaro e também por Donald
Trump), ironicamente se infectou, perecendo, inclusive, em um quarto de UTI por uma
semana na entrada do mês de abril de 2020.
Destaca-se, contudo, que principalmente nos países europeus citados acima, com
exceção da Rússia, vinha ocorrendo um real estancamento no número de mortes e
também de novos casos de COVID-19 – uma ótima notícia, sem dúvidas. Contudo,
desde outubro de 2020, o cenário mudou. Havia, no fim de ano de 2020 e se esten-
dendo ao longo dos primeiros meses de 2021, uma segunda onda de COVID em curso
a assolar as nações. Após esta segunda, onda veio também uma terceira onda entre
Ago e Out 2021, sendo que uma quarta onda chegou ao velho continente e já assola o
planeta em dezembro de 2021 com a variante Omicron. Nesta entrada de 2022, vários
países da Europa enfrentam um surto inédito de novos casos. Única notícia boa nesse
cenário é que em vários destes países ocorreu uma vacinação que atingiu mais de 70
por cento da população, fazendo assim, contudo, que ocorram muitos casos, porém
menos mortes.
Além do dramático cenário relativo à saúde e às perdas humanas que avassalam
o globo desde os primeiros dias do ano de 2020 e que se segui nestes meses iniciais
de 2021, outra catarse devasta o Planeta: as perdas no campo econômico. Instala-se,
exclusivamente em função desta pandemia, uma crise global em nível apenas compa-
rado ao que fora percebido na Crise de 1929. As escalas, aliás, são piores hoje em dia
que há 90 anos atrás, visto o peso demográfico atual. Há uma população no globo 4
vezes maior e uma complexa e imbricada rede de relações multidimensionais, que a
globalização promoveu e de cujo dimensionamento a Crise de 1929 não passou nem
perto. Prejudica, portanto, todas as economias... sem exceção.
Estimava-se uma queda no PIB global de no mínimo 5% (acabou sendo de 4,1%) e
recessão econômica em TODAS AS GRANDES ECONOMIAS GLOBAIS, com exceção
da China (que cresceu 2% a.a.), com recuperação do cenário econômico pré-COVID, na
melhor das hipóteses, segundo o Banco Mundial (e em uníssono a previsões de outras
grandes e respeitáveis instituições), somente por volta de 2026. Como resultado real,
vemos, além das perdas nos PIBs em 2020 divulgados entre fevereiro e março pelos
respectivos bancos centrais dos países, também um endividamento imenso dos países.
Em matéria abaixo, retirada do site da CNN Brasil, de 24/11/2021, vê-se ilustrada a
real dimensão do endividamento dos países por causa da pandemia:
Pandemia irá deixar outra herança ruim: o alto nível de endividamento dos países
A dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de 2019,
estima o Fórum Econômico Mundial

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A vacina contra a COVID-19 deve ajudar os países a superarem, pouco a pouco, a


crise sanitária. Por outro lado, há uma herança da pandemia que deve continuar assom-
brando os países pelos próximos anos. O endividamento global ganhou uma nova pro-
porção por causa da pandemia. A dívida dos países cresceu de maneira acelerada como
em poucos momentos na história.
Entre os motivos, por um lado, receitas menores: muitos países, por exemplo, tive-
ram que abrir mão de impostos, além do recuo natural da arrecadação causado pelos
lockdowns. Somou-se a isso, por outro lado, a implantação de medidas de alto custo
para tentar aliviar os danos da pandemia, com a criação de benefícios como o auxílio
emergencial. Resultado: a dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro
trimestre de 2019, estima o Fórum Econômico Mundial.
Especialistas costumam usar a métrica dívida em relação ao PIB, que compara a
dívida de um país com sua produção econômica.

País Dívida/ PIB (%)

Japão 263,97

Grécia 200,53

Itália 158,31

EUA 133,64

Espanha 121,31

França 118,57

Canadá 114,97

Reino Unido 111,52

Brasil 102,76

Índia 89,86

África do Sul 82,76

China 66,53

México 65,6

Chile 37,51
Fonte: Fundo Monetário Internacional

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Ter uma relação dívida versus PIB baixa sugere que um país deve ter poucos problemas
para pagar suas dívidas (e que, inclusive, pode pegar mais dinheiro no mercado para custear
investimentos ou gastos). Já uma relação alta pode ser interpretada como um sinal de maior
risco de calote.
O que seria uma dívida alta ou baixa? O Banco Mundial admite que não existe uma defini-
ção exata para essa proporção, mas aponta que um limite “saudável” seria de 77% do PIB.
Mas há exceções. Países mais ricos, por exemplo, conseguem ter um maior endividamen-
to pela sua credibilidade junto aos investidores internacionais. O Japão, por exemplo, tem
uma dívida fiscal equivalente a mais de 200% do seu PIB, segundo o Instituto de Finanças
Internacionais.
O que pode ser feito
Com tantos países endividados uma crise econômica global parece inevitável, mesmo que
não seja para agora. No entanto, especialistas do Brookings Institution acreditam que essa cri-
se pode não ser tão catastrófica como em outros momentos. Afinal, a experiência já ensinou
ao mundo (ou deveria ter ensinado) que ações proativas dos governos podem evitar proble-
mas pendentes de dívida em grande escala. Reformas, por exemplo, são essenciais para todos
os países –o Brasil, inclusive.
Embora existam alguns países em sério risco de insolvência, caso eles recebam apoio, po-
dem crescer até alcançar a sustentabilidade da dívida. O Fundo Monetário Internacional (FMI)
acredita que mercados emergentes e países em desenvolvimento vão precisar de trilhões de
dólares para conseguirem superar a crise da COVID-19. Mais precisamente, de US$ 2,5 trilhões.
A dúvida, agora, é de onde toda essa dinheirama vai sair. Daí a importância da atuação mais
forte do FMI e de bancos de desenvolvimento. A conferir.

A OMS

Caro (a) aluno(a), vamos agora conhecer melhor o trabalho e o funcionamento da OMS?

A Organização Mundial da Saúde foi fundada em 1948 (World Health Organization – WHO),
sendo uma agência especializada em saúde subordinada à Organização das Nações Unidas,
com sede em Genebra, na Suíça sendo seu diretor-geral, desde julho de 2017, o etíope Te-
dros Adhanom.
Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível
de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida no documento base de sua formação
como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da
ausência de uma doença ou enfermidade”. Além de coordenar os esforços internacionais para
controlar surtos de doenças, como a malária, a tuberculose, a OMS também patrocina progra-
mas para prevenir e tratar tais doenças e uma gama de outras moléstias.

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A OMS assegura o desenvolvimento e a distribuição de vacinas seguras e eficazes, diag-


nósticos farmacêuticos e medicamentos, como por meio do Programa Ampliado de Imuniza-
ção. Através de sua ação, a OMS declarou em 1980 que a varíola havia sido erradicada, cons-
tando este esforço simplesmente como a primeira doença na história a ser erradicada pelo
esforço humano.
A OMS supervisiona a implementação do Regulamento Sanitário Internacional e publica
uma série de classificações médicas, incluindo a Classificação Estatística Internacional de
Doenças (CID), a Classificação Internacional de Funcionalidade, a Incapacidade e Saúde (CIF)
e a Classificação Internacional de Intervenções em Saúde (ICHI). A OMS publica regularmente
um Relatório Mundial da Saúde, incluindo uma avaliação de especialistas sobre a saúde glo-
bal. Além disso, a OMS realiza diversas campanhas de saúde – por exemplo, para aumentar o
consumo de frutas e vegetais em todo o mundo, e desencoraja o uso do tabaco. A cada ano, a
organização escolhe o Dia Mundial da Saúde.
A OMS realiza pesquisas em áreas sobre doenças transmissíveis, doenças não transmissí-
veis, doenças tropicais e outras áreas, bem como para melhorar o acesso à pesquisa em saúde
e à literatura em países em desenvolvimento, como através da rede HINARI.
A organização conta com a experiência de muitos cientistas de renome mundial, como
o Comitê de Especialistas da OMS sobre Padronização Biológica, o Comitê de Especialistas
da OMS para a Hanseníase e o Grupo de Estudos sobre Educação Interprofissional & Práti-
ca Colaborativa. A OMS também trabalhou em iniciativas globais como o Global Initiative for
Emergency and Essential Surgical Care: A Guideline for Essential Trauma Care, focado no aces-
so das pessoas às cirurgias, e o Safe Surgery Saves Lives, sobre a segurança do paciente em
tratamento cirúrgico.
A OMS é composta por 193 Estados-membros, incluídos todos os Estados-membros da
ONU, exceto Liechtenstein e os Estados Unidos, e inclui dois não membros da ONU, Niue e as
Ilhas Cook. Os territórios que não são Estados-membros da ONU podem tornar-se Membros
Associados (com acesso total à informação, mas com participação e direito de voto limitados)
se assim for aprovado em assembleia: Porto Rico e Tokelau são Membros Associados.
Existe também o estatuto de Observador; alguns exemplos incluem a Palestina (um Obser-
vador da ONU), a Santa Sé, a Ordem Soberana e Militar de Malta, o Vaticano (um observador
não membro da ONU), a Taipé Chinesa (uma delegação convidada) e Taiwan. Os Estados-
-membros da OMS nomeiam delegações para a Assembleia Geral da Saúde Mundial, que é o
corpo decisor supremo. Todos os Estados-membros da ONU são elegíveis para pertencer à
OMS. A Assembleia Geral da OMS reúne-se anualmente em maio. Para além da nomeação do
Diretor-Geral a cada cinco anos, a Assembleia analisa as políticas de financiamento da Organi-
zação e revê e aprova o orçamento proposto. A Assembleia elege 34 membros, tecnicamente
qualificados na área da saúde, para a Direção Executiva, durante um mandato de três anos. As
principais funções desta direção serão as de levar a cabo as decisões e as regras da Assem-
bleia, aconselhá-la e, de uma forma geral, auxiliar e facilitar a sua missão.

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A OMS é financiada por contribuições dos Estados-membros e doadores vários. Nos últi-
mos anos, o trabalho da OMS tem envolvido de forma crescente a colaboração com entidades
externas; existem atualmente cerca de 80 parcerias com organizações não governamentais
e indústria farmacêutica, bem como com fundações como a Fundação Bill e Melinda Gates
e a Fundação Rockefeller. Com efeito, as contribuições voluntárias para a OMS por governos
locais e nacionais, fundações e ONGs, outras organizações da ONU e o próprio setor privado
excedem atualmente as contribuições estabelecidas (quotas) pelos 193 Estados-membros.
Além dos Estados Observadores e das entidades listadas acima, os observadores de organiza-
ções a Cruz Vermelha e da Federação Internacional da Cruz Vermelha entraram em “relações
oficiais” com a OMS e são convidados como observadores. Na Assembleia Mundial da Saúde,
eles atuam como representantes, igual aos de outros países.

A COVID-19 e as Vacinas

Nunca antes na história da humanidade uma ação com vistas à criação de um imunizante
fora empreendida em tempo tão curto.
Desde o primeiro caso de coronavírus, identificado em dezembro de 2019, até a oficializa-
ção das primeiras vacinas (testes), em fins de outubro de 2020, ao longo de dez meses dia-
riamente, 24 horas por dia, praticamente toda a comunidade científica relacionada à saúde no
planeta se debruçou com vistas a que um elixir de expurgo deste vírus pandêmico ganhasse
forma. E o êxito aconteceu. No dia 11 de dezembro, na Inglaterra, uma senhora de 90 anos, de
nome Margaret Keenan, foi vacinada com a primeira dose da vacina da Pfizer. Após quase 1,5
milhão de mortes pelo globo, as vacinas se tornaram realidade, sendo, inclusive, uma tábua de
salvação já em meio à segunda onda de pandemia de COVID-19 de 2021 em várias partes do
Mundo. Até maio de 2021, segundo a OMS, havia 14 vacinas existentes e mais de 90 em fase
de testes em humanos.
Uma vacina só pode ser disseminada após passar por, no mínimo, 3 fases, as quais com-
preendem, via de regra:
• 1ª: um pequeno grupo de pessoas se candidata voluntariamente e recebe as doses;
• 2ª: um número maior de pessoas é imunizado, após ter-se eficácia a Fase 1;
• 3ª: número bem grande de testes após êxito com a Fase 2.

Após concluída a 3ª fase, as vacinas podem, assim, ser certificadas por agências regula-
doras dos países.
E três desafios se mostram bastante latentes nessa entrada de 2022 envolvendo as vaci-
nas e Atualidades.
Vamos a eles:
O primeiro é, sem dúvidas, o mais sério e reside em se convencer a população a se va-
cinar. Simples assim. Há uma onda negacionista, e não estou aqui imprimindo juízo de valor

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algum, mas, de fato, existe pessoas que não acreditam na eficácia da vacina, ou por alguma
outra razão e que assim optaram por não tomar as doses de vacinas para Covid. No Brasil, o
próprio Presidente Jair Bolsonaro é partidário deste modo de pensar (…) mas é interessante
que mesmo assim atingimos bons níveis de vacinação com duas doses. Ultrapassamos, por
exemplo, em dezembro os EUA, um dos redutos globais de pessoas que se negam a tomar a
vacina (e de novo, destaco não estar aqui fazendo nenhum juízo de valor sobre este tema, ape-
nas relatando como é minha função de Professor de Atualidades), com mais de 60 por cento
de toda a população vacinada com as duas doses.
O segundo desafio consiste em se vacinar as crianças. Há muita negação em relação a
este ponto também, visto que elas são o menor grupo de risco. No Brasil uma luta vem sendo
travada entre o Presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores e os órgãos institucionais como
Ministério da Saúde (onde a política do órgão mesmo contra o Ministro Pazuello vem se
demonstrando a favor de se vacinar as crianças) e a Anvisa, instituições as quais preconizam
essa “infantilização” na aplicação da vacina. No exterior segue, bem verdade, quase do mes-
mo jeito que aqui, com alguns países avançados nesta questão já outros ainda em fase de
discussão.
E por último, temos o desafio de acertamos entra a comunidade global e também local
como/onde e quando será(ao) usado(s) os tais passaportes de vacina. Ou seja, como fazer
funcionar este novo instrumento de checagem para que as pessoas possam ter acessos os
mais variados, seja em alfândegas ou até restaurantes e cinemas. Será uma realidade, disso
não há dúvida. Muita gente é contra, e você?

TEXTO COMPLEMENTAR
Covid: as boas Notícias
Em: 06/10/2022
Segundo a OMS, de fato, a vida em muitos países voltou a parecer com o período
anterior à pandemia de Covid-19. Também pudera, depois de mais de 2 anos de pande-
mia, com o êxito nas vacinas, o que se viu foi uma considerável diminuição nos casos
ao redor do globo. Em fins de Agosto de 2022, mais de 1 ano e meio após a primeira
vacina ser aplicada, comemorou-se um número pequeno de mortes, na casa dos 10.000
registrados no mundo por semana em fins de agosto de 2022. Esse indicador responde
por algo em torno de 10 por cento do pico registrado em Janeiro de 2021.
Contudo, a OMS, como não podia deixar de ser, alerta que não se deve esmore-
cer. Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom
Ghebreyesus, 10.000 mortes pode parecer pouco se comparado ao cenário drástico
ocorrido pouco tempo atrás, e é, mas é muito ainda. A vacinação atingiu quase 2/3 da
população global e essa taxa de imunização tem efeitos, sem dúvidas, positivo,

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contudo ainda existem grandes lacunas de imunização, especialmente em países de


baixa e média renda, contribuindo para a disseminação do coronavírus. A transmissão
em comunidades com baixos níveis de imunização também contribui para o surgimen-
to de novas variantes do vírus, lembra Ghebreyesus.

 Obs.: Os exercícios se encontram em nossa aula de Atualidades Brasil.

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Luis Felipe Ziriba
Formado em Geografia pela Universidade de Brasília, leciona desde 2001 em cursos e plataformas variadas
pelo Distrito Federal, tendo começado em pré-vestibulares, seguindo para preparatórios para o concurso
de admissão à carreira diplomática, escolas de ingresso na carreira militar (ESPCEX) além de lecionar para
os mais concorridos concurso do Brasil, tais quais Câmara dos Deputados, Senado Federal, BC, PF, PCDF,
entre outros, promovendo nestes últimos, principalmente, aulas na frente de Atualidades e de Realidade
do DF

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