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TJPA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

14/10/2022

Número: 0801217-85.2022.8.14.0009
Classe: AÇÃO PENAL DE COMPETÊNCIA DO JÚRI
Órgão julgador: Vara Criminal de Bragança
Última distribuição : 19/04/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Homicídio Qualificado, Crimes de Tortura
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LUIZ GUILHERME NEVES DE MELO (AUTOR)
DELEGACIA DE POLÍCIA DE TRACUATEUA (AUTOR)
JORSADAK DA SILVA BARROS (REU) FABIO FALCAO CHAVES (ADVOGADO)
AGOSTINHO FRANCISCO DE BRITO (REU)
WALACE NUNES DA COSTA (REU) WALDER EVERTON COSTA DA SILVA (ADVOGADO)
FRANCISCO VAGNER RODRIGUES MONTEIRO
(ADVOGADO)
ALISSON PEREIRA DAMASCENO (REU)
RAIMUNDO SOUZA DE ARAUJO (VÍTIMA)
SEAP - Diretoria de Execução Criminal - Alvarás
(TERCEIRO INTERESSADO)
MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO PARÁ (FISCAL DA
LEI)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
59931852 11/05/2022 Decisão Decisão
08:21
AUTOS DE REPRESENTAÇÃO DE PRISÃO TEMPORÁRIA E BUSCA E APREENSÃO
DOMICILIAR
INVESTIGADOS: ANTONIO VICTOR DE OLIVEIRA ALMEIDA
TIPIFICAÇÃO PENAL: Art. 121§2º, I, III e IV CPB e art. 1º, I, “a” e § 4º, III da Lei 9.455/97, c/c
art. 69 do CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA - VALE COMO MANDADO e OFÍCIO


Vistos etc.

A Polícia Civil do Estado do Pará, por intermédio do delegado de Polícia Civil lotado na comarca
de Tracuateua - PA, REPRESENTOU PELA DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de;
1) JORSADAK SILVA BARROS, vulgo “ZÉ MARANATA”, natural de Bragança/PA, filho de
Domingas Ferreira da Silva, CPF 825.798.732-87, nascido em 24/12/1982, residente à
avenida Nazeazeno Ferreira 70, Bragança/PA ou Rua Celia Amintas, residencial
Portal do Caeté,BR-316, Bragança/PA.

2) LUCAS RENAN OLIVEIRA SILVA, natural de Bragança/PA, filho de Maria do Socorro


Oliveira Silva, RG n.º 6347980,CPF 005.362.542-06, nascido em 07/09/1993, residente
na rodovia Br-316, residencial Portal do Caeté, quadra 9, lote 24, telefone: 91 98497-
3615.

3) FABIO COSTA GONÇALVES, natural de Bragança/PA, filho de Edna Maria Costa


Gonçalves, CPFn.º651.583.772-00, nascido em 08/07/1979,residente à rua outros R. gal.
Gurjão 462, Bragança/PA.

4) DIVALDO CARDOSO MACHADO, natural de Viseu/PA, filho de Maria de Fatima


Cardoso Machado, CPF 941.318.992-72, nascido em 26/06/1981, residente à
comunidade Taperebateva, S/N, zona rural de Viseu/PA, ou Rua Dom Eliseu, s/n,
rua da invasão do marrocos, 6, casa do lado direito, bairro Alto Paraiso, ao lado da
Luane e Karoline, Bragança/PA.

A Autoridade Policial relata que os representados, supostamente cometeram crime


de homicídio qualificado por motivo torpe, em concurso material com tortura em face das vítimas
RAIMUNDO ARAÚJO, vulgo “TCHELO”, EDSON RONALDO e JOSÉ SOUSA.

Consta do inquérito policial de nº 00197/2022.100024-3 que no Consta dos autos do


inquérito ao norte mencionado que no dia 01/04/2022, por volta de 16h00min, o representado
DIVALDO, acompanhado de outros dois indivíduos ainda não identificados, dirigiram-se ao
Ramal da Areia Branca (comunidade do Caranã), em Tracuateua, e sequestraram as vítimas
JOSÉSOUSA DE ARAUJO e EDSON RONALDORIBEIRO PEREIRA, ocasião em que os
colocaram dentro de um veículo hatch, cor prata, marca Toyota, e saíram com rumo ignorado.

Acrescenta-se que o veículo em questão, nos dias anteriores, já tinha


trafegado por diversas vezes na comunidade, sempre com ocupantes dentro, os quais paravam
nas residências dos familiares dos supracitados e indagavam à respeito de movimentação
estranha dentro do terreno que fica há cerca de 350 metros da casa deles, no qual

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RAIMUNDO SOUZA DE ARAUJO, vulgo “TCHELO”, irmão de JOSÉ e cunhado RONALDO,
prestava serviços. Faziam perguntas tais como se alguém estranho tinha entrado ali, ou se algum
morador apresentou comportamento estranho na comunidade, como mudar-se repentinamente.

Também dias antes, foram procurados, acompanhados por alguns homens,


pelo proprietário do lote, o senhor identificado como “ZÉ”, o qual perguntava no mesmo sentido,
ou seja, se viram alguma movimentação incomum no local do seu terreno, além de
outras perguntas pouco convencionais, como se alguém havia saído sem se despedir da
comunidade.

Com a subtração forçada de JOSÉ e RONALDO no dia 01/04/2022 e em vista o


modo de agir violento e ameaçador dos homens, aliado ao fato de vários dias o veículo estar
rondando à casa da família, a irmã de JOSÉ de nome ADRIANA, anotou a placa do carro, sendo
Mercosul OSH7E97.

Vale dizer que durante o percurso em cárcere, por algumas vezes os


sequestradores foram à casa dos familiares para indagar à respeito de “TCHELO”, ocasião em
que um dos momentos, o motorista saiu do veículo e anotou o telefone no chão para que
ligassem caso aquele aparecesse. O número deixado foi (91) 98495-4749.

Depois de alguns horas sob muita pressão, pois a todo momento os meliantes
diziam que iriam matá-los para descobrir o destino do “bagulho”, já por volta de 18h00min, JOSÉ
resolveu confessar que tinha conhecimento que seu irmão “TCHELO”, junto com a
companheira dele, prenome “ELZA”, teriam subtraído a droga, cerca de 70 (setenta) quilogramas
(kg) de crack/óxido terreno do patrão dele, prenome “ZÉ”, porém JOSÉ revelou que não
sabia o destino dos entorpecentes, tampouco onde estaria o irmão.

Pois bem, depois que JOSÉ confessou, novamente os sequestradores retornaram


na casa dos familiares e com tom de ameaça reforçaram sobre o paradeiro de “TCHELO”. Diante
do fato de RONALDO já estar algumas horas em cárcere e sob tortura psicológica, sem nada
saber sobre os fatos, foi liberado pelos criminosos, que ficaram apenas na posse de JOSÉ.

Passaram então a procurar “TCHELO”, conseguindo encontrá-lo no caminho, ainda


na comunidade do Caranã, por volta de 18h30min, fazendo sua detenção, colocando-o dentro do
veículo, o que foi inclusive visto por muitos populares.

Em seguida, os criminosos se dirigiram com JOSÉ e “TCHELO” até um


cativeiro ainda não identificado, acredita-se que no ramal do Montenegro, km 15,entre
Bragança e Tracuateua, momento em que ali passaram a torturar sob fortes agressões o
primeiro e o segundo, ocasião em que finalmente este veio a confessar a subtração dos
entorpecentes e o destino dele, falando ter o passado a um indivíduo de prenome
“GERALDINHO”, residente próximo à câmara municipal da cidade. Assim, pararam de agredir
JOSÉ e só ficaram agredindo “TCHELO”.

Neste instante, depois da confissão, um dos criminosos saiu para buscar o

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mandante, no entanto, nesse interstício RAIMUNDO DE SOUZA ARAUJO, vulgo TCHELO, foi
morto pois continuaram a bater nele. Quando “ZÉ”, o patrão, chegou, já por volta de 21h00min,
em vista que “TCHELO” já estava morto, passou a indagar JOSÉ, vindo a este a ratificar o que foi
dito pelo irmão sobre o paradeiro da droga.

Assim, “ZÉ” e um dos executores seguiram em um veículo hatch, cor preta, ao


passo que os outros dois criminosos colocaram o corpo de “TCHELO” no porta-malas do
veículo Ethios, cor prata, placa Mercosul OSH7E97, e junto com JOSÉ deixaram-nos numa
curva próximo da residência deles, mas não sem antes o ameaçar, dizendo que se
envolvesse a polícia, matariam todos, motivo pelo qual nada contaram para as autoridades.

Somente na manhã do dia 02/04/2022, mesmo sem nada dizerem, foi que a polícia
compareceu à casa dos envolvidos e constatou sobre o homicídio e tortura praticada pela
quadrilha em questão, requisitando a remoção e necropsia e passando a diligenciar para
apuração do caso.

É o relatório da autoridade policial!

Diante dos elementos de informação colhidos no procedimento investigativo, a


autoridade policial representou pela PRISÃO TEMPORÁRIA dos representados.

O Ministério Público instado a se manifestar, pronunciou-se pelo DEFERIMENTO da


representação formulada pela autoridade policial.

Relatado! Decido.

A prisão temporária como o nome está a indicar implica na detenção do indivíduo pelo prazo
previamente demarcado na lei que a instituiu.
Consoante pode ser observado na Exposição de Motivos do projeto de lei que deu nascimento
àquela forma de prisão no direito brasileiro, seu escopo é o combate à violência e ao mesmo
tempo uma forma de cooperar com as investigações, visando, dessa forma, "a permitir que a
autoridade policial, diante da prática de um crime, não possuindo ainda elementos de prova que
permitiriam a prisão em flagrante, e na ausência do flagrante permaneça com o investigado sob
sua proteção e disposição, com o fim de proceder à coleta de elementos demonstrativos de
autoria e materialidade."
Ainda, na trilha daquela Exposição de Motivos, como causa justificadora da adoção dessa
modalidade de prisão, "com isso (não existindo a prisão), muitas vezes o criminoso, em liberdade,
coage a vítima, as testemunhas ou os agentes policiais, forja e adultera provas, perturba ou
tumultua a investigação, prejudicando o esclarecimento da verdade real. Não raro, suborna quem
poderia provar o fato, deixando o delegado de polícia de mãos atadas."
A prisão temporária tem finalidade precipuamente investigativa, uma vez que sua decretação
objetiva permitir à autoridade policial a coleta de elementos incidentes sobre as infrações penais e
da sua autoria (artigo 4º, Código de Processo Penal). Aliás, o legislador ao tratar dos

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pressupostos dessa prisão, deixa claro no inciso I, do artigo 1º, da Lei nº 7.960/1989, que terá ela
cabimento "quando imprescindível para as investigações do inquérito policial."
De fato, da reunião dos elementos de informação carreados aos autos, verificam-se presentes os
requisitos necessários à concessão da prisão temporária, subsumidos no art. 1º, I e III “c” da Lei
nº 7.960/89, abaixo transcrito:
“Art. 1º - Caberá prisão temporária:

I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;

II - quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos


necessários ao esclarecimento de sua identidade;

III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova


admitida na legislação penal, de autoria ou participação o indiciado
nos seguintes crimes:

a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);

(...)

Em subsunção ao disposto legal acima elencado, destaco que a investigação se


refere ao delito de homicídio qualificado, com materialidade comprovada, e indícios de autoria
que recaem sob os investigados diante dos elementos de informação até então coletados e
acostados à presente representação, assim como se trata de fato decorrente de possível
comércio e abastecimento de drogas dentro do município tendo em vista que o motivo do crime
supostamente se deu em virtude do desaparecimento de vultosa quantidade de drogas.

A medida mostra-se imprescindível já que colaborará sobremaneira com o avanço


das investigações, permitindo a identificação e qualificação completa do investigado, como
também a elucidação da prática delitiva, que por consequência garantirá de modo efetivo a
deflagração da persecução penal contra os responsáveis do crime sob apuração.

Por todo o exposto, com fundamento no Art. 1º, I e III da Lei nº 7.960/89 c/c art. 2º, §
4º, da Lei 8.072/90 e Art. 240, §1º, alínea b, d e h do CPP:

1) DECRETO A PRISÃO TEMPORÁRIA PELO PRAZO DE 30 (trinta) dias dos


representados;

1) JORSADAK SILVA BARROS, vulgo “ZÉ MARANATA”, natural de Bragança/PA, filho de


Domingas Ferreira da Silva, CPF 825.798.732-87, nascido em 24/12/1982, residente à
avenida Nazeazeno Ferreira 70, Bragança/PA ou Rua Celia Amintas, residencial
Portal do Caeté,BR-316, Bragança/PA.

2) LUCAS RENAN OLIVEIRA SILVA, natural de Bragança/PA, filho de Maria do Socorro


Oliveira Silva, RG n.º 6347980,CPF 005.362.542-06, nascido em 07/09/1993, residente

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na rodovia Br-316, residencial Portal do Caeté, quadra 9, lote 24, telefone: 91 98497-
3615.

3) FABIO COSTA GONÇALVES, natural de Bragança/PA, filho de Edna Maria Costa


Gonçalves, CPFn.º651.583.772-00, nascido em 08/07/1979,residente à rua outros R. gal.
Gurjão 462, Bragança/PA.

4) DIVALDO CARDOSO MACHADO, natural de Viseu/PA, filho de Maria de


Fatima Cardoso Machado, CPF 941.318.992-72, nascido em 26/06/1981,
residente à comunidade Taperebateva, S/N, zona rural de Viseu/PA, ou
Rua Dom Eliseu, s/n, rua da invasão do marrocos, 6, casa do lado direito,
bairro Alto Paraiso, ao lado da Luane e Karoline, Bragança/PA.

DA EXTRAÇÃO DE DADOS DOS APARELHOS TELEFÔNICOS:

Entendo pelo deferimento do requerimento de quebra de dados telemáticos e


informações de dados de usuários armazenados pelos aparelhos celulares a serem apreendidos
em poder dos representados pelos motivos que passo a expor.

O inciso XII do artigo 5º da Constituição da República pontua o sigilo das


comunicações, descrevendo que é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal. Detalhando este dispositivo, a Lei nº 9.296/96, que regulamenta o inciso XII,
parte final, do art. 5° da Constituição Federal.

O artigo 3º da Lei em comento logo cataloga as hipóteses de afastamento do sigilo


das comunicações, segundo o qual a interceptação das comunicações telefônicas poderá ser
determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da autoridade policial, na investigação criminal
ou ainda do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução
processual penal.

Importante aqui ressaltar que a Lei nº 9.296/96 não é aplicável ao caso, já que a
citada lei abordou apenas os aspectos atinentes à interceptação das comunicações telefônicas e
o fluxo de sistemas em comunicações em sistemas de informática e telemática. A proteção
constitucional é exclusiva da comunicação e não dos dados em si.

Entendo, que o fundamento legal para obtenção dessa quebra de sigilo telemático
está no art. 22 do Marco Civil da Internet. Não importa, no entanto, que o delito seja apenado com
detenção ou reclusão, bastando apenas ser demonstrado: fundados indícios de ocorrência do
ilícito; justificativa motivada da solicitação para fins de investigação criminal; e período ao qual se
referem os registros.

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Ademais, relevante frisar que o STJ tem precedentes recentes na linha de que o
acesso a dados de aparelho celular, notadamente a conversas mantidas no WhatsApp (ou
similares), depende de prévia autorização judicial.

Nesse diapasão, confira-se:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS


CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. NULIDADE DA PROVA. AUSÊNCIA
DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA A PERÍCIA NO CELULAR.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.

1. Ilícita é a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp,


obtidas diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem
prévia autorização judicial.

2. Recurso ordinário em habeas corpus provido, para declarar a nulidade


das provas obtidas no celular do paciente sem autorização judicial, cujo
produto deve ser desentranhado dos autos.

(RHC 51.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado


em 19/04/2016, DJe 09/05/2016)

No RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 75.800 - PR (2016/0239483-8), no


Superior Tribunal de Justiça, tendo como relator o Ministro FELIX FISCHER, assim se assentou
posição:

I - A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens armazenadas em


aparelho de telefone celular ou smartphones não se subordina aos ditames
da Lei 9296/96.

II - O acesso ao conteúdo armazenado em telefone celular ou smartphone,


quando determinada judicialmente a busca e apreensão destes aparelhos,
não ofende o art. 5º, inciso XII, da Constituição da República, porquanto o
sigilo a que se refere o aludido preceito constitucional é em relação à
interceptação telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, é da
comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos.

III - Não há nulidade quando a decisão que determina a busca e apreensão


está suficientemente fundamentada, como ocorre na espécie.

IV - Na pressuposição da ordem de apreensão de aparelho celular ou


smartphone está o acesso aos dados que neles estejam armazenados, sob
pena de a busca e apreensão resultar em medida írrita, dado que o aparelho
desprovido de conteúdo simplesmente não ostenta virtualidade de ser
utilizado como prova criminal.

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V - Hipótese em que, demais disso, a decisão judicial expressamente
determinou o acesso aos

Ante o exposto, DEFIRO a Representação da Autoridade Policial para a quebra


de dados telemáticos e informações de dados de usuários armazenados nos aparelhos
celulares abaixo apreendidos com os investigados.

Comunique-se esta decisão à DEPOL, imediatamente, a qual também lhe serve


de ofício

SIRVA A PRESENTE DECISÃO COMO MANDADO DE PRISÃO.

Ciência ao Ministério Público.

Cumpra-se.

Expedientes necessários.

Bragança, 03 de maio de 2022.

RAFAELA DE JESUS MENDES MORAIS

Juíza de Direito da Vara Criminal de Bragança

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