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Steel frame - fechamento (parte 3)

Hotel Villa Rossa, fechamento em steel frame

No segundo artigo desta série sobre steel frame, abordamos a estrutura da edificação. Nela
são aplicadas as placas e os isolantes, formando as vedações verticais. Chamamos de
fechamento os componentes posicionados externa e internamente à estrutura para a
formação da vedação.

Podemos dividir o sistema de vedação vertical em três partes: a primeira corresponde aos
fechamentos externos que delimitam as áreas molháveis; a segunda refere-se aos isolantes
térmicos e acústicos, que são colocados entre as placas e entre os montantes e, por último,
os fechamentos internos, instalados nas áreas secas ou úmidas, mas não molháveis.

Alguns critérios devem ser levados em conta na escolha dos componentes que farão parte do
sistema de fechamento, entre eles, a compatibilidade com o sistema steel frame, seu peso,
dimensões e facilidade de aplicação.

A segurança estrutural, a segurança ao fogo, a estanqueidade, o conforto termoacústico,


tátil e visual também são importantes condições para a aplicação de um sistema de
fechamento, além, é claro, da durabilidade e economia.

Para os fechamentos externos, que estão sujeitos às ações das intempéries, sem dúvida,
uma das maiores preocupações é quanto às propriedades em relação à estaqueidade e à
durabilidade, seguida da condição de ser estética.

Como componentes dos fechamentos


externos, podemos citar as placas
cimentícias e a placa OSB (Oriented

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Strand Board). Esta última é um tipo


de painel de madeira fabricado com
três a cinco camadas de tiras de
madeira reflorestada, cruzadas
perpendicularmente, prensadas e
unidas com resinas.

Pode-se utilizar também o siding


cimentício, que são tiras de placas
cimentícias sobrepostas, conforme
mostra a figura 1.
Figura 1 - Siding cimentício
Interação com o sistema
estrutural
O fechamento com placa cimentícia possui grande compatibilidade com o sistema, pois as
placas são leves, de pequena espessura, mas adequadas a esse sistema, impermeáveis,
incombustíveis e, ainda, possuem compatibilidade modular, resistência aos impactos, baixa
condutividade térmica, resistem a cupins e microorganismos, elevada durabilidade e
permitem inúmeros acabamentos.

No Brasil, há vários fabricantes de placas cimentícias que se diferenciam em sua composição


e acabamento. Algumas placas têm fios sintéticos incorporados a uma matriz de cimento e
outras são compostas de microconcreto e reforçadas com telas.

A escolha da placa pode ser feita com base na NBR 15498 - Placa Cimentícia sem Amianto:
Requisitos e Métodos de Ensaio.

A ISO 8336 é outra norma utilizada para balizar as aplicações das placas cimentícias.

Na utilização das placas cimentícias deve-se seguir algumas recomendações, como


armazená-las na obra em locais secos, evitar coincidir as juntas das placas internas com as
juntas externas (figura 2), evitar a ocorrência de quatro vértices no mesmo ponto nas juntas
verticais das chapas (figura 3) e, no vão de porta e janelas, as juntas verticais junto aos
batentes não devem seguir até o teto (figura 4) sendo ideal também que as juntas de placas
não coincidam com as juntas dos painéis (figura 5).

Figura 2 - As juntas internas e externas não Figura 3 - Deve-se evitar a ocorrência de


devem ser coincidentes todos os vértices no mesmo ponto das
juntas verticais

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Figura 4 - As juntas verticais nos batentes e portas não devem seguir até o teto

É importante utilizar o tratamento de juntas materiais recomendado pelos fabricantes da


placa a ser instalada.

A fixação das placas cimentícias é feita com parafusos ponta-broca, cabeça auto-escariante e
aletas de expansão que evitam que o parafuso faça rosca na placa, facilitando a instalação
(figura 6).

Figura 6 -
Parafuso de
ponta-broca
para fixação
Figura 5 - Juntas de placas e de painéis não devem ser das chapas
coincidentes cimentícias

O siding cimentício também oferece as mesmas características da placa e é uma ótima opção
de acabamento, dispensando o uso de uma placa inferior.

Com aspecto visual interessante, o siding vinílico é outra opção de acabamento e pode ser
aplicado sobre as placas cimentícias.

Pode-se aplicar, também, o painel de OSB, já mencionado anteriormente, cuja maior


vantagem é ser estrutural e, assim, auxilia no contraventamento das paredes, resistindo por
até dez anos contra cupins.

Esse tipo de painel é instalado diretamente na estrutura e sobre ele deve-se colocar uma
manta ou membrana para formar uma barreira contra umidade e vapor. A fixação da manta
ao painel é feita por grampos e, no caso de revestimento com siding vinílico, pode ser
aplicado diretamente sobre a manta.

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Para revestimento com argamassa, deve-se grampear uma tela sobre a manta para projeção
da argamassa, permitindo também inúmeros acabamentos.

A desvantagem desse tipo de painel são suas dimensões (1,22 m x 2,44 m), pois são
incompatíveis com as outras placas quando utilizadas internamente como as de gesso
acartonado, por exemplo.

O uso de argamassa na obra vai contra o princípio da construção seca, porém, não deixa de
ser uma solução viável.

Para proporcionar o isolamento termoacústico


desejado entre os fechamentos externo e interno da
parede, pode-se utilizar lã de rocha, lã de vidro ou
painéis de EPS (figura 7).

A espessura do isolante bem como sua densidade


dependerão do nível de isolamento desejado.

A própria concepção do sistema, formado por duas


placas, internamente preenchidas com lã mineral
(sistema massa-mola-massa), proporciona redução
acústica pela descontinuidade do meio.

Nos fechamentos internos, podem-se utilizar as


mesmas placas usadas nos fechamentos externos e,
ainda, as placas de gesso acartonado.

As placas de gesso Standard ST são recomendadas


para áreas secas. Nas áreas molháveis é
recomendado o uso de placa cimentícia.
Figura 7 - Colocação das mantas isolantes no
interior das paredes
Quando o local estiver sujeito somente à umidade por
tempo limitado de forma intermitente, podem-se utilizar as placas de gesso tipo RU
resistente à umidade.

Para a instalação das placas de gesso acartonado no sistema steel frame deve-se seguir as
mesmas recomendações de instalação das placas no sistema drywall, levando-se em
consideração a diferença dos elementos da estrutura.

Independente do tipo de placa para os fechamentos externos


ou internos, as placas ou painéis não devem ficar em contato
com o solo ou fundação (figura 8).

Os projetos devem prever juntas entre as placas devido à


variação dimensional ocasionada por variação de umidade e,
portanto, convém obter informações com os fabricantes
quanto às dimensões da juntas.

Deve-se dar atenção especial à colocação das placas


externas e suas respectivas juntas. Se a execução for
concomitantemente com as instalações das placas internas,

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invariavelmente, ocorrem movimentações durante a fixação. Figura 8 - Para evitar umidade, as


placas não podem ficar em contato
Esses efeitos das placas internas podem prejudicar as juntas com o solo ou fundação
nas placas externas já executadas, mas que ainda não
atingiram a condição necessária de absorver tais movimentos ou impactos. O projeto de
paginação das placas ainda deve prever juntas de movimentação, sendo que as distâncias
dessas juntas também dependem do tipo de placa e do tipo de revestimento a ser aplicado.

Hoje, já possuímos vários componentes de fechamento no mercado e outros certamente irão


surgir.

Figura 9 - Detalhe de colocação da janela para facear a


placa

Caixilhos e outros sistemas


É muito importante que, antes da aplicação das placas de
fechamento, definam-se as fixações e acabamentos de
caixilhos. Dependendo dessas definições, as placas são
colocadas antes ou depois. As portas e janelas, dependendo
da fixação, podem ser aparafusadas diretamente na
estrutura, por grapas, ou fixadas com espuma de
poliuretano. Por exemplo, um caixilho que será instalado
rente à face externa da parede, deve ser colocado antes
dessas placas, para que na colagem das placas se possa
Figura 10 - Fixação da janela com
fazer o perfeito ajuste e vedação (figuras 9 e 10). espuma de poliuretano

As paredes que receberão os dutos das instalações elétricas,


tubulações hidráulicas, de telefonia etc. são montadas
inicialmente colocando-se a placa em uma de suas faces (se
for na parede externa, coloca-se a placa externa em primeiro
lugar) e, após executadas as instalações e colocação dos
isolantes, monta-se a placa na outra face da parede.

As perfurações para pontos de hidráulica e elétrica são


facilmente executadas com o uso de serra-copo.

Figura 11 - Manta de não-tecido para


É importante lembrar que, independente do componente formar barreira contra umidade e
utilizado, as vedações devem atender aos requisitos da NBR vapor
15575-4 - Edifícios Habitacionais de até Cinco Pavimentos - Desempenho - Parte 4: Sistemas
de Vedações Verticais Externas e Internas.

Antonio Wanderley Terni, professor-doutor do Departamento de Engenharia Civil da Unesp do Campus de

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Guaratingüetá-SP

Alexandre Kokke Santiago, arquiteto, mestre em Engenharia Civil, Construção Metálica Ufop (Universidade
Federal de Ouro Preto)

José Pianheri, engenheiro civil, consultor, sócio-diretor da Pienge Engenharia e Construção Ltda.
pienge.engenheria@uol.com.br

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