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Definição de obra de arte

Primeiramente é bom referir que não existe uma definição certa para obra de arte, então surgiram 6 teorias
para tentar definir esse conceito, o conceito de obra de arte. Quatro dessas teorias são essencialistas e duas
não essencialistas, as teorias essencialistas vão procurar definir a obra de arte de forma a encontrar a essência
da mesma, o que há na obra de arte que a distingue dos outros objetos, no fundo vamos tentar distinguir arte
de não arte, objeto artístico de objeto não artístico. Já as teorias não essencialistas renunciam essa ideia,
consideram que não é possível encontrar a essência da obra de arte e vão tentar definir obra de arte através do
contexto, da articulação entre o público, o artista, a sociedade, a cultura… e da obra de arte. Porém todas
estas teorias fracassaram todas têm contraexemplos e têm objeções que são défices de ultrapassar.
Bom na abordagem na tentativa de definir obra de arte é importante distinguir o sentido classificativo e o
sentido valorativo, no sentido classificativo nos vamos procurar ver aquilo que define a obra enquanto obra
artística, porquê que aquilo objeto é um objeto artístico e não é apenas um objeto não artístico. Já no sentido
valorativo aquilo que nos interessa é valorar as obras, ou seja, vamos avaliar as obras de arte boas e distingui-
las das más, pela sua qualidade, pela sua beleza… Porém destes dois sentidos o único que nos interessa é o
sentido classificativo, nos não vamos distinguir as obras de arte boas das más, não é isso que nos interessa. A
única coisa que nos interessa é saber o quê que torna um objeto artístico, tentar definir tudo aquilo que é
essencial a uma obra de arte, o quê que qualquer obra tem de ter como característica para ser considerada
obra de arte.
Então para isso vamos distinguir também condições necessárias das condições suficientes, as condições
necessárias são aquelas que são necessárias a qualquer obra, para ser considerada artística e as condições
suficientes são as que basta a qualquer obra para ser considerada artística, quer dizer as condições suficientes
permitem distinguir a arte de não arte. As condições necessárias mostram aquilo que é comum a todas as
obras de arte, portanto as condições necessárias acabam por tentar traçar as características que toda a obra de
arte deve de ter.
Por exemplo a teoria representacionista da arte defende que a arte para ser arte tem de ser representação é
representar alguma coisa, ora isto no fundo é uma condição necessária á obra de arte, uma obra para ser
artística tem de ser uma representação, mas não é um a condição suficiente, se fosse condição suficiente
estaríamos a dizer que tudo o que representa alguma coisa era uma obra de arte. E nós sabemos que há
diversas que representam alguma coisa e não uma obra de arte, portanto nem tudo o que representa alguma
coisa é arte, ou seja, esta não é uma condição suficiente é apenas uma condição necessária.
Teoria Mimética
Esta teoria é a primeira teoria que vamos abordar, esta defende a arte como imitação e é uma teoria
essencialista, foi a primeira que surgiu na história e surgiu na Grécia antiga. Ora, esta teoria defende que arte
é imitação, fazer arte é imitar alguma coisa, Platão e Aristóteles defendem esta teoria, ambos defendiam que
alguma coisa para ser considerada arte era necessário ser uma imitação de algo, só que Platão usava esta
definição para criticar a arte e Aristóteles usa esta definição para elogiar a arte, ou seja, tinham visões
completamente diferentes da arte.
A imitação é condição necessária para uma obra de arte ser artística, no entanto não é condição suficiente.
O problema é que se esta definição tivesse correta ia haver obras e objetos artísticos que deixariam de ser
considerados arte só porque não representariam a realidade envolvente, um exemplo disso seria a arte
abstrata, que não imita em nada a realidade envolvente.
Se a teoria da imitação tivesse certa, e se aceitássemos a sua definição de arte várias obras como eu já disse
anteriormente deixariam de der artísticas, outro exemplo disso é a obra “O Grito”, que não imita a realidade
em nada, nem se preocupa em fazê-lo, preocupa-se apenas em representar ou expressar alguma coisa.
Outra coisa que coloca esta teoria em crise é o aparecimento da fotografia, pois esta é uma representação
milimétrica da realidade, mas não é considerada arte.
A teoria expressivista e a teoria representacionista, surgiram em resposta á questão do aparecimento da
fotografia, na medida em que qualquer fotografia vai conseguir imitar melhor a realidade, mesmo que seja
um fotografo de terceira categoria, este vai conseguir imitar melhor a realidade do que o melhor artista, que
fica a quem da fotografia. Então, os artistas começaram a ir por outro caminho, e esse caminho foi um
caminho mais interior e menos exterior, mais subjetivo e menos objetivo, mostrar mais as vivencias do
artistas, as ideias e as emoções do artista e menos aquilo que é uma reprodução exata da realidade, visto que
já existia uma máquina que fazia isso melhor que eles e mais rápido.
A arte produzida pelos expressivistas e pelos representacionistas deixariam portanto de ser considerada arte
pela teoria mimética, visto que não imitam nada da realidade.
Teoria Representacionista
Esta teoria defende que uma obra para ser considerada uma obra de arte deve representar alguma coisa, tem
de ser capaz de representar alguma coisa do mundo. A imitação também é uma forma de representação, mas
nem toda a representação é imitação, e devido a isto todas as obras que são enquadradas pela teoria mimética
também vão ser enquadradas pela teoria da representação, mas esta vai enquadrar mais algumas.
Mais uma vez estamos aqui a falar de condição necessária e não suficiente, pois há representações que não
são consideradas arte, como por exemplo as fórmulas científicas elas representam algo real, mas não são arte,
portanto há formas de representação que não são artísticas. No entanto esta teoria resolve alguns problemas
da teoria mimética como o da obra “O Grito” que para a teoria da imitação não era considerada obra de arte,
mas para esta teoria já vai ser considerada como arte, pois apesar de não imitar nada da realidade representa
alguma coisa, como a ansiedade, o desespero, a angústia humana… A representação pode ser a representação
de uma ideia, de um sentimento de uma sensação… e neste caso é fácil de ver que isto representa alguma
coisa.
Mas apesar desta teoria enquadrar mais obras de arte do que a teoria mimética continua a não enquadrar obras
que são consideradas arte como por exemplo a arte abstrata e a arquitetura.
Teoria expressivista
Esta teoria tal como a teoria representacionista é uma reação ao aparecimento da fotografia, mas não só
também é uma reação á ciência, isto porque no século 19 e no século 20 muitos artistas e filósofos reagem
contra o espírito científico que se instalou perante o século 18, porque a ciência está em progressão no século
18, e havia uma certa ilusão que a ciência ia resolver todos os problemas do homem. Ora o quê que aconteceu
no século 18, continuou a haver fome, continuou a haver miséria… E, portanto, devido a isto no século 19 há
uma certa desilusão com a ciência e esta teoria vem no fundo de encontro com esta ideia de que é mais
importante o sentimento, as emoções, a subjetividade do que a aparência exterior e a objetividade. E aqui já
vemos que está teoria também vai dar mais valor ao interior e á subjetividade.
Bom como já podemos perceber esta teoria vai considerar arte, aquilo que conseguir expressar alguma coisa,
seja uma emoção, um sentimento… e então é claro que esta teoria considera a obra “O Grito” uma obra de
arte, pois esta expressa claramente um sentimento.
Para esta teoria o artista deve ser autêntico quando está a criar a obra de arte, deve exprimir na obra de arte
aquilo que estava a sentir quando a estava a fazer. A obra tem de sair daquilo que ele sentiu ou sente, depois
nós espectadores da obra quando a estamos a ver temos de sentir aquilo que o artista também sentiu.
Então estabelece-se 3 condições necessárias para haver obra de arte, esta teoria também vai defender que é
possível chegar á condição suficiente e esta acontece quando as 3 condições necessárias estão reunidas. E
essas 3 condições são: (Condição experimentalista) o artista tem de ter autenticidade nos seus sentimentos
(Condição expressivista) e tem de os exprimir assim na obra de arte, e por último (condição identitária) o
público quando vê a obra tem de sentir o mesmo que o artista sentiu quando a estava a produzir.
Objeções:
-Cada uma das condições tem uma objeção, objeção á condição experimentalista: O autor da obra pode não
estar a ser autêntico em relação aos seus sentimentos, por exemplo um artista pode estar a expressar numa
obra um sentimento de tristeza, mas estar feliz ao pinta-la e segundo a teoria expressivista por o artista estar
feliz ao fazer uma obra que representa um sentimento de tristeza essa obra automaticamente já deixa de ser
considerada arte, portanto a ideia de simular/imaginar alguma coisa e depois expressa-la para esta teoria essa
obra onde esses sentimentos foram simulados não será arte. E isto é uma objeção porque á várias obras de
arte onde isso acontece e não é por isso que deixam de ser consideradas obras de arte, como por exemplo a
representação.
Objeção á teoria expressivista, que defende que a obra de arte tem de expressar uma emoção, ora á várias
obras de arte onde isso não acontece como por exemplo os tapetes de arraiolos, a arte abstrata… não passam
nenhuma emoção e não é por isso que deixam de ser arte.
-Por último a objeção á condição identitária, que passa pelo facto de todas as pessoas terem de sentir o
mesmo que o artista sentiu quando estava a fazer uma determinada obra, por exemplo estão duas pessoas num
museu a observar uma obra, estão os dois a sentir emoções, mas um está a sentir uma mesma emoção que o
artista sentiu e o outro não, ora para este a obra já não seria uma obra de arte, mas a obra é a mesma, ou seja,
isto não tem muito sentido.
Teoria Formalista
Esta teoria também vem em reação á teoria mimética tal como a teoria expressivista, esta teoria a teoria
formalista é das teorias essencialistas, a que tem menos contraexemplos. Quando esta teoria surge os artistas
deixam de pintar para imitarem alguma coisa do mundo, e consideram que a própria pintura é que é um fim
em si mesmo, que a própria pintura é que era o mundo, não representa nada do mundo porque ele é que era o
mundo, é a pintura pela pintura não é pintura como a imitação/representação de algo, ou seja, as formas as
linhas, as cores, os movimentos… é que compõe a pintura e este tipo de arte em que o importante é a forma e
a organização visual do quadro e não a sua capacidade de representar o mundo ou de exprimir as emoções do
artista teve um grande impacto no critico Tolstoi que em 1914 apresentou a teoria formalista da arte.
Esta teoria vai então considerar que aquilo que interessa a uma obra de arte, ou seja, todo o que é comum a
uma obra é ter uma forma significante (1º aspeto), e isto é ter um conjunto de linhas, de traços, de cores, de
movimentos… que acabam por constituir a própria obra. Para além da obra de arte ter uma forma
significante, essa tem de provocar no espectador uma emoção estética (2º aspeto). Toda a obra de arte deverá
conseguir então ou ter o intuito (3º aspeto) de provocar esta emoção nas pessoas que estão a contemplar a
obra, por último (4º aspeto) as obras para serem consideradas arte devem ser um artefacto humano, ou seja,
belezas naturais não consideradas arte, pois estas não foram criadas pelo homem, não foram manipuladas
pelo homem
Bom referidos então estes 4 aspetos temos a nossa condição suficiente, sendo que cada um deles é uma
condição suficiente.
Objeções:
A maior parte dos contraexemplos que são apresentados a esta teoria, são facilmente respondidos. Por
exemplo pintura abstrata que é um contraexemplo claro para as outras teorias, para esta é facilmente
respondido, visto que pode ter sido criada com a intenção de ter forma significante, tem cores, traços,
pontos… que podem formar uma forma significante e consequentemente podem passar uma emoção estética,
porque qualquer pessoa pode avaliar se gosta ou não daquela obra se a acha bonita ou não. E, portanto, quase
todo o tipo de obras que não encaixavam nas outras teorias encaixam na teoria formalista. No entanto peças
como “A Fonte” ou “Antecipação de um braço partido” não são criadas com a intenção requerida, porque são
objetos comuns criados com um intuito prático. Se, por exemplo, o urinol da primeira obra referida fosse
criado com o fim de exibir uma forma significante, que não foi, então todos os outros urinóis que são iguais e
fabricados em série juntamente com este também seriam obras de arte. Esta teoria considera apenas o intuito
com que algo é criado, descartando o conteúdo, e isso dá origem a outra objeção, pois segundo esta critica é
muito difícil nós distinguirmos forma de conteúdo, uma vez que a obra é composta por um todo que também
engloba o conteúdo. A objeção ainda assim poderá ser ultrapassada se considerarmos que esta critica está a
confundir o sentido classificativo com o sentido valorativo, pois o conteúdo é útil apenas para julgar algo no
sentido avaliativo e não classificativo, isto é para julgar a qualidade de uma obra de arte. E isso não nos
interessa aqui o que nos interessa é o que é comum a toda a obra de arte e a forma significante é aquilo que é
comum a toda e qualquer obra de arte o conteúdo não e, portanto, esta critica não deve ser considerada uma
grande objeção.
A próxima objeção considera que há conceitos muito difíceis de definir nesta teoria, e aponta dois conceitos o
de forma significante e o de emoção estética. No que toca ao da forma significante não é muito difícil de
definir, ao contrário do conceito de emoção estética, que não se consegue explicar o que é e esta é a grande
falha desta teoria. Como é que nós sabemos que alguém está a sentir uma emoção estética, é só a pessoa
gostar ou não gostar da obra, ou tem de haver mais alguma coisa? Essa pergunta não consegue ser
respondida, pois não é possível definir emoção estética.
Teorias não essencialistas
Morriz Weitz defende que o fracasso das teorias essencialistas deve-se por todas elas acreditarem que existe
um conjunto de condições necessárias e suficientes para haver arte. Weitz considera que a arte tem um
caracter aberto e não se pode delimitar isso dentro de uma definição, e é por essa razão que todas as teorias
essencialistas fracassaram, pois todas elas procuravam eternamente a essência de uma obra de arte, que a
distinguisse das outras obras, coisa que não é possível encontrar, visto que não há uma definição que seja
igual para todas as obras. Procura-se agora uma teoria que permita a subjetividade na arte e em que a obra de
arte ser arte ou não, dependa mais do seu contexto e relações com a mesma do que a obra em si.
Teoria institucional
Formada por George Dickie, esta teoria impõe duas condições para uma obra ser considerada obra de arte.
1º: Ser um artefacto, ser algo criado pelo homem.
2º: Para que um artefacto seja considerado obra de arte é necessário que alguém do mundo da arte, o tenha
considerado obra de arte. Ou seja, o mundo artístico composto por pessoas ligadas á arte considerarem que
aquele objeto é artístico, e aqui podemos ver o porque desta teoria não ser essencialista, pois o que vai definir
se um determinado artefacto é arte ou não, é algo que as pessoas veem nele, e não algo que ele tenha em si. É
a relação que se estabelece entre ele e as pessoas ligadas á arte que vai definir se o artefacto é arte ou não.
E o que é uma pessoa ligada á arte?
Estas pessoas englobam críticos de arte, visitantes de museus, artistas e etc…
Objeções
-Dar este poder a estes indivíduos é arriscado, pois visto que a arte é subjetiva, como haverão eles de saber
julgar corretamente? Se alguém do mundo da arte declara que tudo é arte seríamos obrigados a assim o
considerar, mas isto impossibilita a existência de definição de arte, pois tudo o é e não há necessidade de
distinguir, já que por sua vez a arte deixará de existir.
-Por outro lado, determinar quem realmente é do mundo da arte e deverá ter este poder é complicado e surge
a pergunta, porque eles? O facto de estes terem sido educados sobre este tema ou apreciarem obras de arte
não significa que saibam o que é arte e o que não o é.
-Outra objeção recorre à arte primitiva, pois esta aparece mesmo antes do “mundo da arte” e, portanto, não
havia quem julgasse estas obras.
-O mesmo se diz do artista isolado que não tem as suas obras “aprovadas”. está presenta um ciclo vicioso em
que, para sabermos o que é arte, temos de saber o que é o mundo da arte e vice-versa, acabando por ficar
ambas as noções desconhecidas.
Teoria historicista
Esta teoria é diferente da teoria institucional da arte, e é diferente porque aqui não se vai estar dependente da
“instituição do mundo da arte”, para definir se um determinado artefacto é artístico ou não. Aqui essa
avaliação vai depender apenas da intencionalidade do artista, quer dizer para que uma obra seja considerada
arte basta que o artista que a está a produzir tenha a intenção de ao produzir essa obra de arte, se relacionar
com a história da arte, estabelecer uma relação entre esse objeto e a história da arte.
E qualquer artista consegue fazer isto sempre, porque qualquer objeto que o artista produza ele vai conseguir,
se quiser relacioná-lo com a história da arte seja pela concordância ou pela oposição. Uma referência á
história da arte não é só concordar com uma corrente, pode ser discordar de uma corrente, mas, portanto, há
sempre uma relação com a história da arte.
No fundo esta teoria não tem contraexemplos, porque todo pode ser arte, todo depende da intenção do artista,
o que não ajuda a resolver problema nenhum.
Objeções
-A noção de intencionalidade, a noção de história da arte são noções muito arbitrárias e subjetivas, pois eu
posso sempre estabelecer uma relação seja essa de continuidade ou de rotura.
- E se pensarmos assim a primeira obra de arte nunca tinha sido feita, pois não havia história da arte para ela
se relacionar e sendo que é preciso essa relação existir para um artefacto ser considerado obra de arte, não era
possível haver a primeira obra de arte. E se houve a criação do primeiro objeto artístico sem existir história da
arte é sinal que não é preciso se relacionar com a história da arte para ser artístico.
- Esta teoria considera que obras falsificadas, (que não são arte, pois são imitação da outra) são arte.
Para concluir a arte, temos de concluir como o filosofo Morriz Weitz que não conseguimos definir arte.
Temos de nos limitar apenas em identificar objetos artísticos e não encontrar algo em comum em todos eles.
Pois é impossível para nós encontrar isto, já que arte é um conceito aberto, o que define arte não é sempre o
mesmo, a definição está em constante mudança. As teorias essencialistas falharam pois eram demasiado
restritivas e deixaram uma grande variedade de obras de fora, pois não as consideravam arte. E as teorias não
essencialistas eram tão amplas e como englobavam qualquer tipo de artefacto humano, não permitiam
distinguir arte de não arte.

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