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I - FISIOLOGIA ÓSSEA-LIGAMENTAR

1 - TECIDOS CONJUNTIVOS

Os tecidos conjuntivos são presentes em todos os órgãos, apresentando funções


importantes na formação de osso, tecidos cartilaginosos, tendões e órgãos em geral. Certos
tecidos conjuntivos desempenham um papel de defesa imunológica, de armazenamento de
energia e água, além de transporte entre as células, formação dos vasos sangüíneos e de
cicatrização.
Os tecidos conjuntivos podem ser classificados em:
 Tecido conjuntivo propriamente dito
 Frouxo
 Denso. Sendo modelado ou não modelado

 Tecidos conjuntivos especiais


 adiposo
 cartilaginoso
 ósseo
 hematopoiético
 sanguíneo

O tecido conjuntivo propriamente dito é formado por uma substância de aspecto


amorfo e homogêneo, chamada matriz e por uma rede de fibras de propriedades e
estruturas variadas. As células do tecido conjuntivo podem ser classificadas em células
fixas e células livres. As células fixas, ou fibrócitos, são presas no local dando origem aos
elementos que formam as fibras do tecido conjuntivo, assim como às substâncias
intercelulares amorfas que formam a matriz. Resumindo, as células fixas do tecido
conjuntivo produzem tanto a substância matriz como as fibras, em distribuição e quantidade
de acordo com as necessidades funcionais. As células livres do tecido conjuntivo não
participam da produção da substância matriz. Elas fazem parte do sistema imunológico de
defesa. Como exemplo, temos os glóbulos brancos do sangue, macrófagos, mastócitos,
plasmócitos etc.
A matriz do tecido conjuntivo é composta principalmente de polissacarídeos e de
proteínas. Ela apresenta as fibras embutidas dentro de sua substância, e ainda, em função
de sua grande viscosidade impede a propagação de partículas estranhas dentro do tecido. A
quantidade da substância matriz diminui com a idade, gerando desidratação do espaço
extracelular e a diminuição do turgor dos tecidos, e, por conseguinte, a tendência à
formação de rugas. O tipo do tecido conjuntivo é determinado pelo tipo e pela estrutura
dos seus elementos fibrosos. Já a estrutura das fibras depende da solicitação mecânica e
das respectivas linhas de força. Podemos listar como fibras, as fibras colágenas, as fibras
elásticas e as fibras de reticulina.
As fibras colágenas são encontradas em todas as partes do corpo representando a
maior porcentagem das fibras do tecido conjuntivo (Figura 1). Apresentam como principal
função resistir às forças de tração. Por isso apresentam um elevado grau de resistência à
distensão--chegando a força de tração de 6000 lb/mm2 (26,7 N/m2).

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Figura 1 – Estrutura das fibras colágenas.

O diâmetro das fibrilas aumenta com a solicitação e diminui com a idade. Já o


comprimento diminui com a imobilização prolongada.
As fibras elásticas apresentam estruturas e propriedades diferentes das colágenas.
Elas são muito mais tênues e se ramificam tridimensionalmente caracterizando-se pela
elevada capacidade de distensão, chegando até a 150% do seu comprimento original. As
fibras elásticas são encontradas em maior número nos órgãos submetidos à distensão
(pulmões), no tecido subcutâneo e em certos ligamentos dotados de elasticidade especial
(ligamentos amarelos da coluna). A elasticidade das fibras diminui com a idade e com a
falta de solicitação.
As fibras de reticulina são as fibras mais delicadas no organismo. Apresentam
elasticidade à tração e podem ser distendidas em caráter reversível. A sua disposição em
rede é determinada pelas forças de tração e de pressão. São encontradas nas células
hepáticas, glandulares, musculares, tecido adiposo e até mesmo na medula óssea.
O tecido conjuntivo propriamente dito pode ser classificado como tecido conjuntivo
frouxo ou fibroso. O tecido conjuntivo frouxo localiza-se entre os órgãos, vasos e nervos,
preenchendo os espaços vazios e ligando os órgãos entre si. É chamado de tecido
intersticial, e se caracteriza pela presença de espaços intercelulares amplos, ricos em matriz
e em células livres do tecido conjuntivo. É formado por um retículo tridimensional de
fibras de reticulina, de fibras elásticas e, sobretudo, de fibras colágenas. Essa estrutura
favorece o deslizamento entre órgãos e elementos tissulares vizinhos, ao mesmo tempo que
assegura a estabilidade necessária para a volta à posição inicial. Os fibrócitos (células
fixas) se encontram isolados ente as fibras. Quando ocorre lesão traumática, os fibrócitos
emigram dos respectivos tecidos e revestem a superfície da ferida, formando uma cicatriz,
isto é, substituindo o tecido desaparecido por tecido conjuntivo. Podemos concluir que o
tecido conjuntivo frouxo é dotado de grande capacidade de regeneração, fato que o
predispõe para os processos de cicatrização das feridas.
O tecido conjuntivo fibroso é pobre em substância de matriz e em células livres do
tecido conjuntivo, porém, é rico em fibras e relativamente pobre em elementos celulares.
Suas trocas metabólicas são insignificantes. Este tecido é composto principalmente de
feixes de fibras colágenas, propiciando uma enorme resistência a solicitações mecânicas. É
muito encontrado em ligamentos, aponevroses e dos envoltórios de músculos e tendões.
Dentre os tecidos conjuntivos fibrosos apontaremos o tecido tendinoso, cartilaginoso,
tecido ósseo e muscular.

1.1 - TECIDO ADIPOSO

O tecido adiposo corresponde em média de 10 a 20% do peso corporal,


apresentando importantes funções como:

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 Proteção mecânica
 Preenchimento de lacunas entre órgãos
 Modelagem de contornos corporais
 Isolamento térmico
 Armazenamento de energia e água.

1.2 - TECIDO TENDINOSO

As três estruturas principais que envolvem, conectam e estabilizam as articulações


são os tendões, ligamentos e cápsulas articulares. O papel destas estruturas é aumentar a
estabilidade mecânica das articulações, guiar movimentos e prevenir movimentos
excessivos. Os ligamentos e cápsulas agem como restrições estáticas e os tendões geram
tensões através da contração muscular.
Os tendões e ligamentos são tecidos conjuntivos densos conhecidos como tecidos
colagênicos fibro-paralelos, sendo escassamente vascularizados e ricos em colágeno, mas
ainda são formados por substância de base (fazem da matriz um material mais estruturado
agindo como uma substância de cimentação) e uma quantidade pequena de elastina. A
quantidade de colágeno representa 18% do total sendo mais abundante em tendões do que
ligamentos. O substrato mais encontrado nos tendões é a água que totaliza
aproximadamente 56%.
A molécula de colágeno (Figura 2) é sintetizada pelo fibroblasto. Os tendões e
ligamentos são compostos de moléculas mais comuns, a colágeno tipo I. Esta molécula
consiste em três cadeias de polipeptídeos (cadeia α) cada uma em forma de hélice.

Figura 2 – Molécula de colágeno.

Duas destas cadeias são idênticas entre si (cadeia α-1) e a outra diferente
ligeiramente (cadeia α-2), dando a forma de bastonete à molécula de colágeno, como pode
ser visto na Figura 3. Estas três cadeias são fortemente ligadas formando uma fibrila, uma
fibra e um feixe. As ligações entre os colágenos recém-formados são prejudicadas por
soluções ácidas, e calor. Com o envelhecimento estas ligações reduzem sua eficiência.

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Figura 3 – Representação de fibrilas, fibras e feixes de colágeno.
As fibras que compõem os tendões têm um arranjo ordenadamente paralelo, porém
levemente de forma ondular. Entre os ligamentos, a orientação específica dos feixes de
fibra varia até certo ponto e é dependente da sua função.

Figura 4 – Diferenças estruturais entre tendões e ligamentos.

Este tecido conjuntivo apresenta disposição especial assegurando resistência às


forças de tração que se fazem necessárias para essa função. Com o avançar da idade, a
capacidade de distensão e a resistência às forças de tração diminuem em cerca de 20%.
Ainda, ocorre a diminuição das células do tecido tendinoso e da substância matriz,
acompanhada de aumento relativo das fibras e da formação de depósitos de lipídeos. O
tecido tendinoso disposto em lençol recebe o nome de aponevrose. As fibras colágenas se
dispõem paralelamente no interior dos tendões, apresentando trajeto ligeiramente ondulado
em repouso. As células dos tendões ficam dispostas em fileiras, entre as fibras colágenas,
também chamadas de células aladas (Figura 5).

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Figura 5 – Esquema da parte de um tendão.

O tendão é composto dos seguintes elementos: fibra tendinosa, feixe primário, feixe
secundário e tendão. Tanto os feixes primários e secundários como o próprio tendão
encontram-se revestidos por envoltórios de tecido conjuntivo que são as camadas
peritondinosas internas e externas como podemos verificar na Figura 6. Estes envoltórios
de tecido conjuntivo contêm os nervos e vasos do tendão.

Figura 6 – Representação esquemática de corte (a) longitudinal e (b) transversal do tendão.

O ciclo metabólico de colágeno em animais maduros é muito longo. As mesmas


moléculas de colágeno podem existir ao longo da vida adulta do animal. Porém em animais
jovens e em tecidos feridos ou imobilizados, o ciclo metabólico é acelerado. Em estudos

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com coelhos verificou-se que o ciclo metabólico dos ligamentos é um pouco maior do que
dos tendões.
Tendões e ligamentos têm uma vascularização limitada que afeta diretamente sua
regeneração. Tendões revestidos por paratendão têm sido chamado de tendões vasculares,
e aqueles revestidos por bainha de tendão, como tendões avasculares. O paratendão é um
tecido conjuntivo areolar frouxo que circunda alguns tendões e ligamentos. Apresenta como
função proteger o tendão. Em locais onde os tendões são submetidos a particularmente alta
força de fricção uma camada parietal sinovial é achada justo embaixo do paratendão.
Os tendões servem de transição entre os músculos e os ossos. A junção entre as
fibras musculares e as fibras do tendão é formada pelos prolongamentos do tendão que se
introduzem profundamente ente as fibras musculares, respectivamente, nas membranas
basais das mesmas (Figura 7).

Figura 7 – fixação do tendão na fibra muscular.

Nesta junção tendão-osso as fibras de colágeno continuam no osso como fibras


perfurantes e se tornam contínuas com o osso, como na Figura 8. A estrutura de inserções
em osso é semelhante em ligamento e tendões e consiste em quatro zonas.
1 – final do tendão;
2 – fibras de colágeno se entrelaçando com fibrocartilagens;
3 – fibrocartilagens se tornando gradativamente fibrocartilagens
mineralizadas;
4 – fibras imergindo no osso cortical.

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Figura 8 – Imagem da transição do tendão se inserindo em um osso.

A estrutura específica da zona de inserção revela a posição funcional do tendão


entre os elementos ativo e passivo do sistema de locomoção. Por um lado, é preciso que o
tendão resista à tração, sem se desprender do osso. Isso se torna possível graças à ligação
íntima entre as fibras colágenas e as fibras musculares, bem como à forma ligeiramente
ondulada das fibrilas em estado de repouso e à interposição de fibras elásticas. Esta
resistência elástica precisa, primeiro ser vencida, evitando que as forças de tração atuem de
forma abrupta. Esta elasticidade se for em excesso constitui um problema para a
transmissão da força. Para controlar a elasticidade ocorre a presença de uma zona de tecido
cartilaginoso, intercalado no ponto de inserção do tendão, que representa um sistema
tampão para as forças físicas. O aumento progressivo da quantidade de células
cartilaginosas direcionadas ao ponto de inserção garante a adaptação paulatina das
propriedades elásticas do tendão àquelas do osso. Do ponto de vista mecânico, a zona de
inserção tem por função compensar o desequilíbrio entre dois sistemas dotados de graus
diferentes de elasticidade (Figura 9).

Figura 9 – Representação da zona de inserção do tendão: (a) em estado de repouso e (b) em


tração.

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1.3 – TECIDO CARTILAGINOSO

O tecido cartilaginoso consta de células, chamadas condrócitos, e de substâncias


intercelular (substância matriz). Como pode ser visto na Figura 10, a combinação destes
dois elementos formam três tipos de cartilagens, a cartilagem fibrosa, a cartilagem
hialina e a cartilagem elástica. Como podemos ver na Figura 06, o elemento típico é a
unidade cartilaginosa, a qual consiste de várias células cartilaginosas formando um
território, cercado por uma cápsula cartilaginosa e por uma auréola, rica em substâncias
mucóides.

Cartilagem fibrosa Cartilagem hialina Cartilagem elástica

Figura 10 – Representação dos três tipos de cartilagem.

A cartilagem fibrosa é formada por tecido conjuntivo colágeno denso, com grande
número de fibras dispostas paralelamente, pouca substância matriz e poucos condrócitos.
Em função dessa estrutura a cartilagem fibrosa é altamente resistente às forças. O aumento
da solicitação leva ao aumento da porcentagem de fibras colágenas. Como exemplos
podemos citar os anéis fibrosos dos discos intervertebrais e os meniscos.
A cartilagem hialina apresenta uma grande quantidade de fibras colágenas,
embutidas na substância matriz, mascarando o aparecimento das fibras. É comum a
presença de grande número de lacunas cartilaginosas multicelulares. A notável capacidade
de resistência dessa cartilagem é devida à presença e à estrutura do grande número de
unidades cartilaginosas. Articulações do tipo diartrose são cobertas por cartilagem articular
hialina que se caracteriza por um fino (1 a 6 mm), denso, branco e translúcido tecido
conectivo. É um tecido isolado destituído de vasos sanguíneos, canais linfáticos e
inervação neurológica. Apresenta como funções distribuir carga, e permitir um movimento
relativo das superfícies das articulações com um mínimo de fricção e desgaste. A
cartilagem é gerada através de condrócitos, células escassamente distribuídas na cartilagem.
Eles são responsáveis pela manufatura, secreção, organização e manutenção do componente
orgânico da matriz. São encontradas principalmente fibras de colágeno tipo II e em menor
quantidade fibras do tipo V, VI. IX e XI) que representam 15 a 22% do peso total.
O colágeno na cartilagem articular não é homogeneamente distribuído, dando ao
tecido uma característica de camadas. Na zona superficial tangencial, a densidade é em
torno de 10 a 20% da densidade total, onde são observadas camadas de fibras finas,
densamente compactadas, randomicamente entrelaçadas em planos paralelos à superfície
articular. Na zona central a densidade é maior, em torno de 40 a 60% , e as fibras são

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randomicamente orientadas e homogeneamente dispersas. Na zona profunda a densidade é
em torno de 30% e as fibras se juntam formando bandas de fibras mais largas e radialmente
orientadas.

Figura 11 – Distribuição das fibras de colágeno em uma cartilagem hialina.

Essas camadas compostas parecem prover uma importante função biomecânica pela
distribuição de estresse mais uniforme.
Ainda, deve ser considerada a disposição das fibrilas colágenas no interior da
cartilagem (Figura 12). O treino esportivo resulta em hipertrofia da cartilagem hialina das
articulações, melhorando a reação elástica da mesma às forças de pressão. Uma das
funções do aquecimento é preparar a cartilagem hialina para um trabalho mais intenso,
aumentando sua oxigenação e espessura.

Figura 12 – Disposição das fibras colágenas da cartilagem hialina.

A bibliografia disponível considera como espessura crítica um valor em torno de


3 mm. Como exemplo podemos citar a cartilagem hialina da patela que pode alcançar
espessura de 6 mm. Um dos motivos da relativa freqüência da condropatia da patela, ou

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seja alterações degenerativas da cartilagem hialina da patela se deve a grande distância a ser
vencida nos transportes metabólicos pelo processo de difusão.
A cartilagem elástica é formada por substancia de matriz, dentro da qual se
encontram fibras colágenas e fibras elásticas dispostas em rede. Como apresentam grande
quantidade de fibras elásticas apresenta grande facilidade de deformação. Temos como
exemplo a cartilagem do pavilhão auricular. Verifique a Figura 13 com exemplos de
cartilagens no corpo humano.
Em geral os três tipos de cartilagens apresentam as seguintes características:
 O tecido cartilaginoso é destituído de vasos sanguíneos e de nervos.
A sua nutrição se processa por difusão a partir de capilares das zonas
limítrofes. Já a cartilagem hialina é nutrida através do líquido
sinovial;
 O teor de água na cartilagem diminui à medida que o organismo
envelhece, promovendo a diminuição de sua elasticidade;
 O tecido cartilaginoso é um tecido de baixo metabolismo e de
reduzida capacidade de regeneração;

Figura 13 – Exemplos de cartilagens no corpo humano.

1.4 - TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo apresenta a inclusão de sais inorgânicos na matriz orgânica da


substância óssea. Valores comumente encontrados são: 85% de fosfato de cálcio, 10% de

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carbonato de cálcio e 5% de sais de magnésio e de outros metalóides. Por esse motivo, a
sua resistência é dez vezes maior que a da cartilagem, sendo considerado o tecido mais duro
do organismo humano. Os elementos orgânicos do osso compreendem cerca de 95% de
fibras colágenas e 5% de substância matriz. Além dessas substâncias são encontrados os
osteócitos, células ósseas responsáveis pelos processos de formação, reabsorção e
reestruturação do tecido ósseo.
Podemos classificar os ossos em lamelares e reticulares. Nos adultos raramente
encontramos os ossos reticulares, por outro lado os ossos lamelares são comuns, por
exemplo, os ossos longos dos membros.
O osso longo pode ser dividido em duas estruturas, a diáfise e a epífise. A diáfise
consiste na estrutura alongada do osso. Essa estrutura nada mais é que um tubo de
substância óssea de consistência rígida cujo interior apresenta medula óssea. As epífises
representam as extremidades articulares do osso longo. Possuem o revestimento da
cartilagem hialina e internamente é formado por um arcabouço esponjoso de trabéculas
ósseas. Nos primeiros anos de vida de um ser humano, uma camada de cartilagem hialina
entre a diáfise e a epífise, chamada linha ou disco epifisário, permite o crescimento ósseo.
Esse crescimento ocorre longitudinalmente e intracartilaginosamente. Com o avançar da
idade a linha epifisária acaba calcificando-se encerrando o crescimento longitudinal.
Como estruturas ósseas podemos listar, de fora para dentro: o periósteo, a
substância óssea e a medula óssea. O periósteo consiste na superfície do osso, exceto nas
superfícies articulares onde encontramos a cartilagem hialina e dos pontos de inserção de
tendões e ligamentos. O periósteo apresenta uma camada interna ou camada osteogênica
(regenerativa) e uma camada externa, ou camada fibrosa. As fibras colágenas do periósteo
emitem fibras chamadas de Sharpey, as quais penetram na substância óssea, fixando o
periósteo. O periósteo é rico em nervos e vasos sanguíneos e apresentam as seguintes
funções:
 Nutrição do osso através dos vasos sangüíneos;
 Proteção do osso, formando em torno do mesmo uma membrana ao
mesmo tempo firme e elástica. Graças à sua riqueza em nervos, o
periósteo alerta contra a sobrecarga mecânica;
 Regeneração, os osteócitos do periósteo participam da formação do
tecido ósseo e da neoformação de substância óssea em decorrência às
fraturas.
Abaixo do periósteo encontramos uma camada dura, denominada de substância
óssea compacta. A porção mais interna é composta de um trabeculado fino com o aspecto
de esponja, sendo chamada de substância óssea esponjosa. A substância óssea compacta é
formada pelas lamelas primárias e secundárias. As lamelas secundárias formam os sistemas
haversianos (Figura 14).

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Figura 14 – Vista transversal do osso lamelar.

As lamelas apresentam espessura de 3 a 7 micra e fibras colágenas paralelas entre si


em uma mesma lamela, porém essa direção varia de uma lamela para outra, geralmente em
ângulo reto. Os osteócitos se apresentam dispostos ao longo dos contornos das lamelas.
Possuem numerosos prolongamentos finos, embutidos nos canalículos que atravessam a
sustância óssea, através dos quais os osteócitos se comunicam entre si.
As lamelas primárias se dispõem em torno do osso. Fazem contato externamente
com o periósteo e internamente aderindo ao canal medular do osso, formando várias
camadas. O sistema haversiano (Figura 15) apresenta um canalículo central chamado de
canal de Havers (Figura 14), associado a lamelas ósseas dispostas em camadas
concêntricas, denominadas de lamelas secundárias (Figura 15). A função do canal de
Havers é de nutrir o osso, uma vez que é abundante a presença de vasos sangüíneos.
Perpendicularmente aos canais haversianos existem canais transversos, chamados de canais
de Volkmann (Figura 14).

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Figura 15 – Sistema Haversiano.

A substância óssea esponjosa é formada por um retículo de delicadas trabéculas


ósseas, dispostas mediante as disposições das principais linhas de força. Internamente
apresenta medula óssea vermelha, responsável pela gênese dos glóbulos vermelhos (Figura
16).

Figura 16 – Representação da substância esponjosa.

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A medula óssea apresenta a importante função hematopoiética no corpo humano. A
medula vermelha é a responsável por tal função. A substância esponjosa apresenta também
medula amarela, formada de 96% de gordura. É encontrada nos canais medulares dos ossos
longos dos membros, apresentando finalidade de preencher os espaços vazios destes canais.

Formação do osso

Os ossos são formados graças às células do mesênquima. A osteogênese pode ser


direta (intramembranosa) ou indireta (intracartilaginosa). Na ossificação intramembranosa
o processo direto ocorre, ou seja, primeiro forma-se um arcabouço cartilaginoso, o qual
passa a ser substituído por substância óssea. Contudo, a ossificação intramembranosa
necessita que algumas células mesenquimatosas transformem-se em células geradores de
substâncias ósseas (osteoblastos). Então, cada osteoblasto é cercado por substância matriz,
que por sua vez inclui fibras colágenas. A precipitação de sais de cálcio resulta na
formação de vários centros de calcificação. Os núcleos de ossificação vão dando origem à
formação de trabéculas ósseas. No desenrolar do processo, as trabéculas comunicam-se
entre si, formando o osso esponjoso. Finalmente, as camadas externas e internas do osso
são formadas. Como exemplo desse processo temos a ossificação de parte dos ossos do
crânio. Lembramos que este tipo de ossificação só ocorre no período fetal. As
estruturações dos ossos no decorrer da vida ocorrem graças à ação das células destruidoras
de ossos (osteoclastos) e das células formadores de ossos (osteoblastos).
A ossificação intracartilaginosa ocorre com maior freqüência. Ela é precedida da
formação de cartilagem hialina, sendo seguida da transformação em substância óssea
através da ossificação subperiostal e intracartilaginosa. Na ossificação subperiostal
forma-se uma bainha óssea em torno na diáfise, aumentando a espessura pela oposição de
novas camadas ósseas. Porém, a transformação do interior do módulo cartilaginoso em
substância óssea, ossificação intracartilaginosa, ocorre através da destruição das células
de cartilagem pelos condroclastos, acompanhado da ação dos osteoblastos transforma a
cartilagem primeiro em osso reticular e depois em osso lamelar. Tanto os condroclastos
como os osteoblastos derivam das células do mesênquima, partindo do tecido conjuntivo
fibroso existente na superfície do manguito ósseo, e caminhando ao longo dos vasos
sangüíneos.

Crescimento do osso

O crescimento ósseo ocorre conjuntamente de duas maneiras o crescimento


longitudinal e o crescimento em espessura. A bainha óssea derivada do periósteo impede
a proliferação do osso para os lados exercendo um efeito compressivo impelindo o tecido
cartilaginoso em direção às duas extremidades abertas entre a diáfise e a epífise. Esta zona,
já mencionada, é a linha ou disco epifisário, encontrado em crianças e adolescentes (Figura
17). Assim, forma-se a cavidade medular dos ossos longos. Já o aumento da espessura do
osso ocorre como descrito na ossificação subperiostal e ocorre durante toda a vida.

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Figura 17 – Representação da mineralização de ossos do carpo.

Devemos citar que a ação mecânica dos músculos sobre os ossos além de provocar
adaptação na infra-estrutura, resulta também em modificações dos contornos externos. As
tuberosidades se destacam mais, assim como as cristas ósseas e os tubérculos que servem
de inserção aos músculos e ligamentos. Dessa forma as alavancas corpóreas se tornam
mais eficientes. A solicitação mecânica exagerada e permanente não leva à hipertrofia
acentuada do osso, senão à atrofia e desmineralização do mesmo, produzindo até fraturas
patológicas.

Cargas mecânicas sobre os ossos

Podemos classificar as forças atuantes nos ossos como:


 Força de compressão (Figura 18a) – pode ser entendida como uma
força de aperto. O peso do corpo atua como uma força compressiva
sobre os ossos que o suportam. Cada vértebra na coluna vertebral
sofre uma força de compressão igual ao peso de todo o corpo acima
dela.
 Força de tração (Figura 18b) – é oposta à força compressiva. Ela é
uma força de estiramento que cria tensão no corpo sobre o qual é
aplicada. Força de tensão é exercida sobre o osso quando os
músculos inseridos nele se contraem.
 Força de deslizamento (Figura 18c) – enquanto as forças de
compressão e de tensão são axiais, a força de deslizamento atua
paralela ou tangencialmente a uma superfície.

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Figura 18 – Tipos de forças atuantes nos ossos, (a) força de compressão, (b) força de tração
e (c) força de deslizamento.

Os minerais encontrados nos ossos dão rigidez ao osso e são determinantes na


resistência compressiva. O colágeno é uma proteína que fornece elasticidade, como
mencionado anteriormente, e contribui para a resistência à tensão.
Devemos diferenciar a idéia de pressão e estresse. Pressão representa a distribuição
externa da força sobre o corpo, ao passo que o estresse representa o resultado da
distribuição interna da força, aplicada externamente sobre o corpo. Estresse pode ser
quantificado da mesma forma que a pressão-força por unidade de área sobre a qual ela atua.
Quando um impacto é aplicado ao corpo humano, a probabilidade de lesão de tecidos
corporais está relacionada à magnitude e direção do estresse criado pelo impacto. Podemos
verificar na figura 19 que a quantidade de estresse mecânico depende do tamanho da área
sobre a qual a força atua.

Figura 19 – Efeito de duas forças iguais na geração de estresse compressivo.

O estresse mecânico não é só gerado pelo tipo de forças mencionadas acima, mas
também uma combinação entre elas. Quando uma força excêntrica (não axial) é aplicada à
extremidade do osso, ele se curva, criando um estresse compressivo em um lado do osso e
um estresse de tensão no lado oposto (Figura 20). Chamamos este tipo de força de

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inclinação. Já a força de torção ocorre quando o osso é contorcido ao redor do seu eixo
longitudinal, normalmente quando uma de suas extremidades está fixa.

Figura 20 – Representação das forças de (a) inclinação e (b) torção.

Independente do tipo de força aplicada no osso, ela pode produzir lesão se for
aplicada em baixa intensidade, porém repetitivamente, denominada carga repetitiva ou em
uma única e grande intensidade capaz de danificar estruturas, denominada de traumática.
Como podemos verificar, lesão também pode ser gerada por repetições sustentadas de
forças relativamente pequenas. Um exemplo é a fratura de fadiga ou de estresse.
Uma fratura é uma interrupção da continuidade de um osso. Fraturas traumáticas
podem ser classificadas como:
 Fratura de avulsão – fratura induzida por uma carga de tração na
qual uma parte do osso é puxada para fora por um tendão ou
ligamento inserido nele.
 Fratura impactada – fratura induzida pela compressão de lados
opostos.
 Fratura cominutiva – fratura caracterizada por numerosos pequenos
fragmentos.

1.5 – TECIDO MUSCULAR

O tecido muscular apresenta características próprias, a capacidade de contração. Isso


ocorre graças à presença de elementos protéicos contráteis, chamados miofibrilas. As
células musculares são sempre acompanhadas de tecido conjuntivo, formando elementos
musculares responsáveis pela transmissão da contração muscular. As distribuições das
estruturas musculares e funcionalidades permitem a classificação dos músculos que podem
ser: estriados ou lisos. Na Figura 21 é verificado a representação dos diferentes músculos,
já na Figura 22 a imagem real destes tecidos.
A grande diferença morfológica entre a musculatura estriada e lisa é a presença na
musculatura estriada de estrias, disposição paralela e ordenada das miofibrilas. A
musculatura estriada do sistema locomotor é inervada principalmente pelo sistema nervoso
somático, ao passo que a inervação da musculatura lisa está a cargo do sistema nervoso

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autônomo. Por esse motivo as contrações da musculatura estriada são voluntárias, rápidas e
retilíneas, se diferenciando das contrações da musculatura lisa que são involuntárias, lentas
e vermiformes. Por esses motivos a musculatura lisa é ideal para gerar contrações
prolongadas como as requeridas no sistema vascular, no trato digestivo e na bexiga entre
outros lugares.

Figura 21 – Diferenças morfológicas entre os tipos de músculos estriado e liso.

(a) Músculo Liso

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(b) Músculo cardíaco

(c) Músculo esquelético


Figura 22 – Imagens de músculos (a) liso, (b) cardíaco e (c) esquelético.

Dentre os músculos estriados, o músculo cardíaco requer atenção diferenciada. Esta


musculatura é inervada pelo sistema nervoso autônomo e dotado de atividade autônoma.
Os músculos podem apresentar diferentes disposições de fibras contráteis. Sendo
classificados como fusiforme ou penados como mostrado na Figura 23.

Figura 23 – Representação de músculo fusiforme e penado.

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Considerando a área transversal do músculo como um indicador de força, ou seja,
quanto maior a espessura do músculo maior a sua força, podemos analisar grandes
diferenças entre os dois tipos de músculos apresentados. Calculando a área transversal às
fibras musculares do músculo fusiforme verificamos um valor igual a A representado na
Figura 23. Seguindo a mesma metodologia podemos verificar que é impossível calcular a
área total do músculo penado em questão, com apenas um corte. Assim, o cálculo da área
transversal fisiológica do músculo penado é constituída da soma de duas áreas a A1 e a A2.
Podemos concluir que a área transversal fisiológica do músculo penado é sempre maior que
essa área de um músculo fusiforme, indicando assim uma maior potência dos músculos
penados.
Por outro lado, o músculo penado apresenta uma menor amplitude de movimento
graças à inclinação de suas fibras. Uma fibra muscular é capaz de encurtar-se em torno de
50%, assim, como as fibras de um músculo fusiforme se encontram dispostas
longitudinalmente, este músculo pode se encurtar até 50% (Figura 24). Já o músculo
penado apresenta este encurtamento no sentido oblíquo, sendo o encurtamento no eixo
longitudinal do músculo relativo ao seno do ângulo entre as fibras musculares e o eixo
longitudinal do músculo (Figura 24). Como o seno varia de 0 a 1, o encurtamento no eixo
longitudinal sempre será menor que no músculo fusiforme.

Figura 24 – Encurtamento de fibra muscular e seu respectivo encurtamento muscular em


músculos fusiforme e penado.

Podemos resumir as características dos músculos fusiformes e penados como:


• Fusiforme;
– Gera menor força;
– Maior amplitude de movimento;
• Periforme ou penado;
– Menos sensível ao alongamento.

Para que ocorra uma contração muscular é necessário um estímulo elétrico-químico.


Este estímulo é transmitido por neurônios, no caso o motoneurônios α que inerva um
determinado número de fibras musculares. Quanto maior a precisão de movimento do
músculo menor será o número de fibras musculares inervadas por cada motoneurônio.
Assim, os músculos oculares apresentam pouquíssimas fibras musculares inervadas por
cada neurônio, o oposto acontece com os músculos das costas que não necessitam de
movimentação com fina coordenação motora. O conjunto de fibras musculares inervados
por um neurônio é chamado de unidade motora (Figura 25), um conceito importante, pois

20
para um músculo aumentar gradativamente a tensão exercida é necessário o recrutamento
de um número crescente de unidades motoras até a tensão máxima quando quase todas as
unidades são estimuladas. Assim, para movimentos lentos com pouca aplicação de força
são estimuladas poucas unidades o oposto acontecendo para movimentos bruscos para
superar grandes resistências.

Figura 25 – Exemplos de unidades motoras.

Um fator importante para a compreensão da contração muscular é a Lei do Tudo ou


Nada. A fibra muscular só responde a duas situações, ou se contraí totalmente ou se relaxa
totalmente. Assim, é necessário fazer uma análise macroscópica onde verificamos tecidos
conjuntivos que envolvem as fibras musculares denominado de endomísio. Ainda, um
grupo de fibras que forma um feixe muscular é envolvido por outro tecido o perimísio. E
por fim um conjunto de feixes que forma o músculo é envolvido pelo epimísio, como visto
na Figura 26. Assim, o músculo se torna uma unidade e não um conjunto de células
desconectadas.

21
Figura 27 – Representação esquemática de estruturas conjuntivas que envolvem o músculo.

Desta maneira mesmo as fibras musculares responderem a Lei do Tudo ou Nada


podemos gerar movimentos lentos ou movimentos rápidos. Como todas as fibras
musculares são conectadas entre si e como a intensidade do movimento depende do número
de unidades motoras estimuladas podemos concluir que, quando poucas unidades motoras
são acionadas o músculo como um todo se movimenta levemente, sendo este movimento
aumentado com o aumento do número de unidades motoras recrutadas.
Podemos agora analisar melhor a contração muscular iniciando com a chegada do
estímulo elétrico à fibra muscular. Quando o motoneurônio α estimula a fibra muscular este
estímulo elétrico é distribuído pela célula muscular através de uma estrutura chamada
túbulos T que se projetam para o interior da célula. Como representado na Figura 27, ao
lado e acompanhando estes túbulos T existe uma estrutura chamada de cisterna terminal.
Nesta cisterna é encontrado o cálcio, elemento importante para a realização da contração
muscular. Com a passagem do estímulo elétrico pelos túbulos T ocorre o aumento da
permeabilidade dessas cisternas permitindo a liberação do Ca++ no sarcoplasma. Na
presença do Ca++ as proteínas contráteis mudam de configuração e permitem a conexão
entre a actina e a miosina. Para entendermos melhor vamos primeiro analisar cada uma das
estruturas das quatro proteínas contráteis a serem mencionas neste estudo, a actina, a
tropomiosina, a troponina a e miosina.

22
Figura 27 – Representação de estruturas dentro da fibra muscular.

A actina é formada por um conjunto de glóbulos, as G-actinas, como visto na


Figura 28. Esta fita de G-actinas é chamada então de F-actina que em duplas enrolam-se
entre si, formando uma estrutura em espiral formando o filamento de actina.
Envolto ao filamento de actina encontramos a tromiosina, uma molécula fibrosa,
delgada e longa, que se localizam nos sulcos dos filamentos de actina. Os filamentos de
tropomiosina não são fixos na F-actina podendo deslizar nos sulcos formados pelas
G-actinas levando a sensíveis modificações na interação entre os filamentos de actina e
miosina.

Figura 28 – Disposição espacial da actina, tropomiosina e troponina.

Ainda nesta estrutura combinada de actina e tropomiosina (Figura 28) podemos


encontrar outra estrutura a troponina. A troponina possui função reguladora na atividade
contrátil. Ela possui uma forma globular e está distribuída ao longo dos filamentos da
F-actina. Cada molécula de troponina é composta de três subunidades polipeptídicas. A
primeira delas é denominada Subunidade Ligadora de Cálcio, TN-C, a segunda,
Subunidade Inibidora, TN-I, e a última a Subunidade Ligadora da Tropomiosina ou TN-T.
A TN-C é carregada negativamente, e apresenta grande atração pela molécula de
Ca++. Quando isso ocorre é gerada uma rápida mudança na conformação espacial da

23
molécula. Já a TN-I apresenta um sítio específico de ligação com a actina, mas não com o
cálcio, sua função é inibir a interação entre os sítios ativos da actina e as pontes transversas
da miosina. A TN-T, por sua vez, apresenta um sítio de ligação com a tropomiosina. Desta
forma, cada molécula de troponina apresenta dois sítios de ligação específicos para
proteínas; um fixo com o filamento de tropomiosina (TN-T), e outro móvel, com a actina
(TN-I), dependentes da ligação dos íons de cálcio com o TN-C. Outra representação da
actina, tropomiosina e troponina com suas três subunidades pode ser observada na Figura
29.

Figura 29 - Disposição espacial da actina, tropomiosina e troponina, incluindo suas


subunidades.

Finalmente vamos analisar a miosina (Figura 30); é uma molécula formada de uma
cadeia polipeptídica longa. O filamento grosso de um sarcômero é formado em média por
200 moléculas de miosinas num arranjo regular. Estas moléculas se unem através de suas
Meromiosinas Leves permitindo que a outra extremidade, a Meromiosina Pesada, também
chamada de Pontes Transversas, fique livre para se interagir com a actina. Na cabeça da
Meromiosina Pesada existem duas regiões com atividade ATPásica denominadas de S1 e
S2.

Figura 30 – Representação da miosina.

Com todas estas informações podemos verificar como ocorre a contração muscular.
Com a gênese de um potencial de ação limiar ou supra-limiar, este estímulo é distribuído
para toda a fibra muscular através dos túbulos T, que aumentando a permeabilidade das
cisternas terminais liberam cálcio para todo o sarcoplasma. O cálcio atraído pela TN-C
altera sua conformação espacial eliminando a ação da TN-I e através da TN-T desloca a
tropomiosina de sua posição original, liberando os sítios ativos da actina. A miosina então,
é atraída pela actina conectando suas pontes transversas (S1) aos glóbulos de actina
realizando um encurtamento do sarcômero. O retorno à posição normal ocorre quando a
outra região da cabeça da miosina (S2) entra em contato com a actina no fim da flexão das

24
pontes cruzadas, possibilitando a repetição de um novo processo de interação entre a
miosina e a actina (Figura 31).

Figura 31 – Esquema de contração muscular tipo cremalheira.

Assim, o sarcômero se encurta através da aproximação e mesmo a sobreposição dos


filamentos de actina como representado na Figura 32.

Figura 31 – Representação do encurtamento do sarcômero durante contração


muscular.

25
II - ARTICULAÇÕES

A grande maioria dos ossos do corpo humano, principalmente nas extremidades,


funciona como alavanca, quando os músculos são tracionados, causando movimento. O
eixo das alavancas são as articulações. As articulações funcionam como conexões entre os
ossos, permitindo específico grau de mobilidade. Existe uma característica marcante nas
articulações, quanto maior a mobilidade menor a estabilidade. Assim, as articulações da
parte inferior do corpo humano, por sofrerem maior força peso, acumulativa dos
segmentos, apresentam menor mobilidade. Podemos comparar a articulação do ombro à do
quadril, por serem do mesmo tipo e apresentarem as mesmas movimentações. A
articulação do ombro possui uma grande mobilidade e conseqüentemente apresenta
freqüentes luxações, ao contrário da articulação do quadril que não possui grande
mobilidade, principalmente em alguns eixos, e conseqüentemente dificilmente apresenta
luxações. Podemos classificar as articulações de acordo com a quantidade de movimento
que possibilitam, como: as sinartroses (imóveis), as anfiartroses (semimóveis) e as
diartroses (móveis).
As sinartroses são articulações fibrosas que são divididas em dois tipos: as suturas,
articulações onde o tecidos fibrosos têm continuidade com o periósteo, mantendo os ossos
em estreita proximidade um com o outro. Como exemplo temos as articulações imóveis
entre os ossos do crânio. A sindesmose e outro tipo de sinartrose e consiste em uma
articulação fibrosa que permite movimento muito limitado. Como exemplo citamos a
articulação distal entre o rádio e a ulna (Figura 33).

Figura 33 – Representação de sutura e sindesmose.

26
As anfiartroses podem ser divididas em sinfibrocondioses. Como exemplo temos a
articulação esterno-costal do tórax e os discos epifisários que separam as epífises das
diáfises durante o período de crescimento ósseo. As sinfibrocondroses, fecham a
classificação das anfiartroses. Normalmente são compostas de discos fibrocartilagíneo
separando duas superfícies ósseas. Como exemplo temos a sínfise pubiana e as articulações
entre os corpos das vértebras.

Figura 34 – Representação de sinfibrocondioses (a e b) e sifibrocondreses (c).

As diartroses possibilitam uma grande variação de movimentos. Por esse motivo


estas articulações apresentam características próprias como a presença de cartilagem hialina
nas superfícies articulares, conectadas através de ligamentos capsulares fibrosos firmes.
Para minimizar o atrito entre as superfícies, a membrana sinovial, que cobre a superfície
profunda do ligamento capsular e a estrutura intraarticular, gera o fluido sinovial. Lesões
provocadas por uma rotação violenta ou choque violento direto na articulação são
geralmente acompanhadas do aumento do fluido sinovial que normalmente resulta em
inchaço.
Como pontos importantes para a análise das articulações diartroses temos a
arquitetura dos ossos envolvidos, os ligamento, fáscias, tendões e músculos que cruzam a
articulação e por fim a existência ou não de anéis fibrocartilaginosos dentro da articulação.
A arquitetura dos ossos retrata a comparação feita anteriormente entre o ombro e o
quadril. A escápula apresenta uma cavidade rasa possibilitando maior instabilidade
enquanto no quadril verificamos uma cavidade bem mais profunda, possibilitando maior
estabilidade. Um fator de estabilidade a ser lembrada é a pressão formada pelo fluido
sinovial na superfície articular dos ossos colabora na conservação da integridade da
articulação.
Os ligamentos e cápsulas articulares são feitos de um tipo de tecido conectivo
composto de fibras brancas, duras e inelásticas. Quando este tecido branco é encontrado
em camadas em torno do músculo, é chamado de fáscia, servindo como protetor das fibras
musculares e divisor de músculos, mantendo a independência de ação muscular. A cápsula

27
articular é um saco de tecido conjuntivo que envolve a articulação, fechando-a
hermeticamente. Ela se prende geralmente ao longo da margem das superfícies
cartilaginosas dos ossos. Sua parte interna é responsável pela produção do líquido sinovial,
importante lubrificante encontrado apenas nas diartroses. Sua parte externa serve de
estrutura ligamentar.
Os anéis fibrocartilaginosos apresentam um papel de aumento da concavidade
articular, absorção de choques e auxiliam na lubrificação. Como exemplos temos as
articulações do ombro, do joelho e a articulação esternoclavicular.
As diartroses variam mediante a mobilidade e o desenho apresentado. Podem ser
classificadas em seis tipos diferentes como:
a) Esferóide ou enartrose (Figura 35), permite grande amplitude de movimento.
Uma superfície esférica de um osso longo se articula com uma cavidade.
Permite movimentos em três eixos: flexão/extensão; adução/abdução e rotação,
além de movimentos combinados como circundução. Como exemplo temos as
articulações do ombro e quadril.

Figura 35 – Exemplo da articulação enartrose.

b) Elipsóide ou condilar (Figura 36), muito parecida com a anterior, porém com a
limitação de ação de apenas dois eixos. São geradas flexão/extensão e
adução/abdução, porém não permitindo rotação. Como exemplos temos as
articulações metacarpofalângicas 2 a 5 e o punho.

28
Figura 36 – Exemplo da articulação elipsóide.

c) Planas ou artrôdias (Figura 37), apresentam movimento deslizante. Como


exemplo temos a articulação entre os ossos do tarso e carpo, entre as vértebras
cervicais e escapuloclavicular.

Figura 37 – Exemplo de articulação plana.

29
d) Gínglimo ou trocleartrose (Figura 38), é uma articulação que produz movimento
em apenas um eixo: flexão/extensão. Como exemplo temos o cotovelo,
tornozelo e articulações interfalângicas.

Figura 38 – Exemplo de articulação de gínglimo.

e) Pivô ou troclóide (Figura 39), apresenta movimento em apenas um eixo, porém


no plano transverso sobre o eixo longitudinal. Como exemplos podemos citar a
articulação do Atlas e a radioulnar.

Figura 39 – Exemplo de articulação de pivô.

30
f) Selar ou encaixe recíproco (Figura 40), apresentam superfícies de encaixe
recíproco, permitindo flexão/extensão e adução/abdução somente. A única
articulação selar verdadeira é a carpometacárpica do polegar.

Figura 40 – Exemplo de articulação selar.

31
II - ALAVANCAS

Podemos descrever uma alavanca como uma barra rígida, que apresenta um ponto de
apoio onde pode ocorrer rotação. Este ponto é chamado de eixo da alavanca (E). A
alavanca sofre a ação de uma resistência (R), a ser superada através da aplicação de uma
força (F), como podemos verificar a seguir

A distância entre a força aplicada e o eixo é chamada de braço de força (BF) e a


distância entre a resistência a ser superada e o eixo é chamada de braço de resistência (BR).
Como se pode notar, o cálculo dos braços está sempre relacionado com o eixo da alavanca.
A distribuição ou combinação do comprimento dos braços é muito importante para
caracterizar uma alavanca que pode propiciar duas situações uma, modificação na
velocidade, e a outra, na força.
Podemos analisar a situação em que uma extremidade da alavanca se movimenta com
uma determinada velocidade, enquanto a outra se movimenta com outra velocidade.
Podemos explicar melhor este fato mostrando o movimento no seguinte exemplo

Com a aplicação da força F a alavanca passou da posição AB para a posição A'B'.


Se prestarmos atenção, o deslocamento da posição A para a A' (dAA') foi muito
menor que o deslocamento da posição B para a B' (dBB'). Como o tempo dos
deslocamentos foi o mesmo, uma vez que a alavanca é formada por uma barra rígida, e
ainda, como a velocidade é igual ao deslocamento, dividido pelo tempo, podemos concluir
que a velocidade no deslocamento dBB' é maior que a velocidade no deslocamento dAA'.
Desta maneira podemos concluir que, se aplicarmos uma força F na extremidade A, a
extremidade B se deslocará com maior velocidade. Da mesma maneira, se aplicarmos a
mesma força F na extremidade B, a extremidade A se deslocará com menor velocidade.
O que determina o ganho ou perda de velocidade é a relação do BF com o BR.
Vamos analisar o exemplo acima. Se aplicarmos uma força F na extremidade A, o BF< BR
o que gera o aumento da velocidade na extremidade B. Porém, se aplicarmos a mesma
força F na extremidade B, o BF > BR o que gera a diminuição da velocidade na
extremidade A.
No corpo humano encontramos um número muito maior de alavancas com BF<BR ,
o que significa que a maioria das alavancas do corpo humano propiciam um aumento da
velocidade.

32
A outra situação que envolve alavancas é a variação da força. Podemos entender
melhor o citado através da análise da situação em que, ao aplicarmos uma força em uma
extremidade da alavanca, poderemos superar resistências muito maiores a esta força. Como
sugestão, vamos identificar os momentos atuantes no sistema

Como o sistema está estático, a somatória dos momentos em relação ao eixo é igual a
zero. Assim, teremos

M e  0  F  BF   ( R  BR)
Desenvolvendo a equação, podemos dizer

F x BF = R x BR

Vamos analisar duas posições diferentes do eixo, onde uma força F = 100N deve
manter a resistência R a ser calculada.
Exemplo 1

Temos: BF = 5 m
BR = 10 m
Para calcularmos a resistência temos
R = F x BF . logo R = 100 x 5 = 50N
BR 10

Exemplo 2

Temos: BF = 10 m
BR = 5 m

Como R' = F x BF , logo R' = 100 x 10 = 200 N


BR 5

Podemos observar que, no exemplo 1, ao aplicarmos uma força de 100 N, poderemos


sustentar uma resistência de 50 N (ocorreu uma diminuição da força no final da aplicação
da alavanca). Já no exemplo 2, ao aplicarmos esta mesma força, poderemos sustentar uma

33
resistência de 200 N (ocorreu um aumento da força no final da aplicação da alavanca). No
primeiro exemplo o BF < BR (diminuição da força), ao passo que no segundo
exemplo o BF > BR (aumento da força).
Associando as duas situações discutidas podemos resumir alavancas que apresentem
BF > BR geram diminuição da velocidade e aumento da força o oposto acontece,
alavancas que apresentem BF < BR geram aumento da velocidade e diminuição de
força.
Como se pode observar é impossível a uma alavanca gerar aumento de velocidade e
força ao mesmo tempo.
Como vimos, a posição do eixo pode alterar a característica da alavanca. Analisando
mais profundamente, podemos observar que a relação da posição entre os três elementos da
alavanca, força, resistência e eixo, geram classes diferenciadas como

1a Classe ou Inter-fixa:

O eixo se encontra entre a força e a resistência. Como exemplos no nosso dia a dia
temos alicate, tesoura, pé de cabra, etc. No corpo humano são encontradas como na
extensão do cotovelo. O tríceps braquial (inserção no olécrano) gera a força que faz o
cotovelo se estender indo de encontro a uma determinada resistência.
Nesta classe de alavancas podemos obter BF > BR / BF < BR / BF = BR,
podendo gerar aumento de força ou aumento de velocidade ou ficar em uma posição neutra.

2a Classe ou Inter-resistente:

A resistência se encontra entre a força e o eixo. Como exemplo no nosso dia a dia
temos o carrinho de mão. No corpo humano não são comuns. Sempre se apresentam em
situações especiais. Um bom exemplo seria a mastigação.
Nesta classe de alavancas só obtemos BF > BR. Assim, esta classe só pode gerar
aumento da força.

3a Classe ou Inter-potente:

34
A força se encontra entre a resistência e o eixo. Como exemplos no dia a dia temos
sistema hidráulico para manter a porta fechada, e guincho. No corpo humano são as mais
encontradas como na extensão do joelho ou flexão do cotovelo.
Nesta classe de alavancas só obtemos BF < BR. Assim, esta classe só pode gerar
aumento da velocidade.

35
III - ANÁLISE MUSCULAR DE MEMBROS SUPERIORES, INFERIORES E
TRONCO

CINTURA ESCAPULAR

CLAVÍCULA: É CURVA COMO UM f ITÁLICO.


EXTREMIDADE ESTERNAL: ART. SELAR (MÓVEL)
EXTREMIDADE ACROMIAL: ART. DESLIZANTE (MÓVEL)

ESCÁPULA: OSSO TRIANGULAR, PLANO, COM 2 FACES (COSTAL E DORSAL).


3 BORDAS (MEDIAL, LATERAL E SUPERIOR)
ESPINHA ESCAPULAR (TERMINA NO ACRÔMIO)
PROCESSO CORACÓIDE
CAVIDADE GLENÓIDE

MOVIMENTOS

ELEVAÇÃO / DEPRESSÃO ROTAÇÃO SUPERIOR / INFERIOR

PROTRUSÃO / RETRAÇÃO INCLINAÇÃO ANTERIOR / POSTERIOR

MÚSCULOS

TRAPÉZIO O: BASE DO CRÂNIO, PROCESSOS ESPINHOSOS DAS VERT.

I: CLAVÍCULA, ACRÔMIO, ESPINHA ESCAPULAR

ELEVADOR O: PROCESSO TRANSVERSO DAS 4/5 VÉRTEBRAS


ESCÁPULA I: BORDA MEDIAL DA ESCÁPULA

ROMBÓIDE O: PROCESSO ESPINHOSO DAS VÉRTEBRAS

I: BORDA MEDIAL DA ESCÁPULA

36
SERRÁTIL O: COSTELAS

ANTERIOR I: SUP. ANT. DA BORDA MEDIAL DA ESCÁPULA

PEITORAL O: COSTELAS

MENOR I: PROCESSO CORACÓIDE

AÇÃO MUSCULAR

ROTAÇÃO ROTAÇÃO
MÚSCULOS ELEVAÇÃO DEPRESSÃO PROTRUSÃO RETRAÇÃO
SUPERIOR INFERIOR

TRAPÉZIO MP MP
ASCENDENTE
TRAPÉZIO
TRANSVERSO MP

TRAPÉZIO
DESCENDENTE MP MP

ROMBÓIDE MP MP MP
ELAVADOR DA
ESCÁPULA MP MP

SER.
ANTERIOR MP MP

PEIT. MENOR MP MP MP

MÚSCULOS SINERGISTAS

Quando dois ou mais músculos em contração simultânea realizam pelo menos uma
ação, enquanto neutralizam pelo menos outra ação restante.

EXEMPLOS: TRAP. II e TRAP. IV: REALIZAM ROT. SUP. (ELEV x DEPR)


TRAP. III e SER. ANT.: REALIZAM ROT. SUP. (ADU x ABD)

37
OMBRO

É A ART. MAIS MÓVEL. POSSUI UM DISCO (LABRO GLENÓIDE).


LIGAMENTOS: CORACOACROMIAL, CORACUMERAL,
TRANSVERSOUMERAL e GLENOUMERAL

MOVIMENTOS

FLEXÃO / EXTENSÃO ABDUÇÃO / ADUÇÃO


ROTAÇÃO MEDIAL / LATERAL CIRCUNDUÇÃO
ADUÇÃO / ABDUÇÃO
HORIZONTAL

MÚSCULOS

O: CLAVÍCULA, ACRÔMIO E ESCÁPULA


DELTÓIDE
I: TUBEROSIDADE DO ÚMERO

SUPRA O: FOSSA SUPRA ESPINHAL

ESPINHAL I: TUBÉRCULO MAIOR DO ÚMERO

PEITORAL O: CLAVÍCULA, ESTERNO E COSTELAS

MAIOR I: GOTEIRA BICIPITAL DO ÚMERO

CORACO- O: PROCESSO CORACÓIDE DA ESCÁPULA

BRAQUIAL I: SUPERFÍCIE ANTERO-MEDIAL DO ÚMERO

SUB- O: SUPERFÍCIE COSTAL DA ESCÁPULA

ESCAPULAR I: TUBÉRCULO MENOR DO ÚMERO

38
LATÍSSIMO O: VÉRTEBRAS, SACRO, CRISTA ILÍACA, 3 COSTELAS INF.

DO DORSO I: ÚMERO

REDONDO O: SUP. DORSAL DA ESCÁPULA E BORDA LATERAL

MAIOR I: GOTEIRA BICIPITAL DO ÚMERO

INFRA- O: FOSSA INFRA ESPINHAL

ESPINHAL I: TUBÉRCULO MAIOR DO ÚMERO

REDONDO O: BORDA LATERAL DA ESCÁPULA

MENOR I: TUBÉRCULO MAIOR DO ÚMERO

MOVIMENTOS DO OMBRO E DA CINTURA ESCAPULAR

OMBRO CINT. ESCAPULAR


FLEXÃO ROTAÇÃO SUPERIOR E PROTRUSÃO
EXTENSÃO ROTAÇÃO INFERIOR E RETRAÇÃO
ROTAÇÃO MEDIAL PROTRUSÃO
ROTAÇÃO LATERAL RETRAÇÃO
ADUÇÃO HORIZONTAL PROTRUSÃO
ABDUÇÃO HORIZONTAL RETRAÇÃO
ABDUÇÃO ROTAÇÃO SUPERIOR
ADUÇÃO ROTAÇÃO INFERIOR

39
AÇÃO MUSCULAR

ROT ROT ADU ABD


FLEX EXT ABD AD
MED LAT HOR HOR
DELT. CLAVICULAR MP MP MP MP

DELT. ACROMIAL MP

DELT. ESPINHAL MP MP MP MP

SUPRA-ESPINHAL MP

PEIT. M. CLAVICULAR MP MP MP MP
PEIT. M.
MP MP MP MP
ESTERNOCOSTAL
LATÍSSIMO DO DORSO MP MP MP

REDONDO MAIOR MP MP MP

SUBESCAPULAR MP

CORACOBRAQUIAL MP

INFRA-ESPINHAL MP MP

REDONDO MENOR MP MP

COTOVELO E RADIOULNAR

COTOVELO: ART. EM DOBRADIÇA DUPLA, FORMADA PELA INCISURA


TROCLEAR E ÚMERO, ALÉM DA CABEÇA DO RÁDIO.

RADIOULNAR: PROXIMAL: EM PIVÔ (CABEÇA DO RÁDIO E INCISURA


RADIAL DA ULNA –- LIGAMENTO ANULAR)
MEDIAL: LIGAMENTOSA (MEMBRANA INTERÓSSEA)
DISTAL: PIVÔ

40
MÚSCULOS

O: PL: PARTE SUPERIOR DA CAVID. GLENÓIDE


BÍCEPS
PC: APÓFISE CORACÓIDE
BRAQUIAL
I: TUBEROSIDADE DO RÁDIO

O: ÚMERO
BRAQUIAL
I: TUBÉRCULO DA ULNA

BRÁQUIOR- O: ÚMERO
RADIAL I: PROCESSO ESTILÓIDE DO RÁDIO

PRONADOR O: ULNA (DISTAL)


QUADRADO I: RÁDIO (DISTAL)

O: PL: ESCÁPULA
TRÍCEPS P.LAT.: PARTE POSTERIOR DO ÚMERO ATÉ TUB. MAIOR
BRAQUIAL P.MED.: SUPERF. INF. DO ÚMERO
I: OLÉCRANO

O: ÚMERO E ULNA
SUPINADOR
I: RÁDIO

41
AÇÃO MUSCULAR

MÚSCULOS FLEX EXT PRON SUP

BRAQUIAL MP

BÍCEPS BRAQUIAL MP MP

BRAQUIORRADIAL MP

TRÍCEPS BRAQUIAL MP

PRON. REDONDO MP

PRON. QUADRADO MP

SUPINADOR MP

PUNHO

MÚSCULOS : INTRÍNSECOS
EXTRÍNSECOS

AÇÃO MUSCULAR

MÚSCULOS FLEX EXT ABD ADU

FLEXOR ULNAR DO CARPO MP MP

FLEXOR RADIAL DO CARPO MP MP

EXT. RADIAL LONGO DO


MP MP
CARPO
EXT. RADIAL CURTO DO
MP MP
CARPO

EXT. ULNAR DO CARPO MP MP

42
CINTURA PÉLVICA E QUADRIL

ÍLIO, PÚBIS E ÍSQUIO


A cintura pélvica é fechada posteriormente pelo sacro e anteriormente pela
sínfise púbica.

MOVIMENTOS

PELVE: OCORRE MAIS A NÍVEL DA ART. LOMBOSSACRAL.


ROTAÇÃO OU INCL. PARA FRENTE / TRÁS
INCLINAÇÃO LATERAL
ROTAÇÃO

QUADRIL:

FLEXÃO / EXTENSÃO CIRCUNDUÇÃO


ADUÇÃO / ABDUÇÃO ROTAÇÃO MEDIAL / LATERAL

MÚSCULOS

PSOAS O: ÚLT. VÉRT. TORÁCICAS E TODAS LOMBARES

I: TROCÂNTER MENOR DO FÊMUR

ILÍACO O: ÍLIO

I: UNE-SE AO PSOAS (TROCÂNTER MENOR DO FÊMUR)

RETO O: ESPINHA ILÍACA E ACIMA DA BORDA DO ACETÁBLO

FEMORAL I: PATELA

43
PECTÍNEO O: PÚBIS

I: TROCÂNTER MENOR À LINHA ÁSPERA DO FÊMUR

GLÚTEO O: ÍLIO, SACRO, CÓCCIX E FÁCIA DA REGIÃO LOMBAR

MÁXIMO I: FACE POSTERIOR DO FÊMUR

BÍCEPS O: TUBEROSIDADE ISQUIÁTICA

FEMORAL I: CÔNDILO LATERAL DA TÍBIA E A CABEÇA DA FÍBULA

SEMITEN- O: TUBEROSIDADE ISQUIÁTICA JUNTO C/ O BÍCEPS FEM.

DÍNEO I: PARTE SUPERIOR DA SUPERFÍCIE MEDIAL DA TÍBIA

SEMIMEM- O: TUBEROSIDADE ISQUIÁTICA

BRANÁCEO I: CÔNDILO MEDIAL DA TÍBIA

GLÚTEO O: ÍLIO

MÉDIO I: TROCÂNTER MAIOR DO FÊMUR

GRÁCIL O: SÍNFISE PÚBICA E ARCO PÚBICO

I: SUPERFÍCIE MEDIAL DA TÍBIA

ADUTOR O: PÚBIS

LONGO I: LINHA ÁSPERA

44
ADUTOR O: PÚBIS

BREVE I: LINHA ÁSPERA

ADUTOR O: PÚBIS, TUBEROSIDADE ISQUIÁTICA

MAGNO I: LINHA ÁSPERA E CÔNDILO MEDIAL DO FÊMUR

SEIS ROT. O: PORÇÕES POSTERIORES DA PELVE

EXTERNOS I: TROCÂNTER MAIOR DO FÊMUR

AÇÃO MUSCULAR
ROT. ROT.
MÚSCULOS FLEX EXT ABD AD
MED. LAT.

PSOAS MP

ILÍACO MP

RETO FEMORAL MP

PECTÍNEO MP MP

ADUTOR LONGO,
MP
CURTO E MÁGNO

GRÁCIL MP

GLÚTEO MÁXIMO MP MP

GLÚTEO MÉDIO MP

GLÚTEO MÍNIMO MP MP

SEMITENDÍNEO MP

SEMIMEMBRANÁCEO MP

45
BÍCEPS FEMORAL MP
TENSOR DA FÁSCIA
MP MP
LATA
ROTADORES
MP
LATERAIS

JOELHO

É A MAIOR E MAIS COMPLEXA ART. DO CORPO HUMANO.

FÊMUR: CÔNDILOS
PATELA: OSSO TRIANGULAR; PROTEGE E SERVE COMO POLIA
TÍBIA: MENISCO LATERAL É, EM CIRCUNFERÊNCIA, MENOR QUE O
MEDIAL
MENISCO MEDIAL SE INSERE NO LIGAMENTO COLATERAL TIBIAL

MOVIMENTOS

FLEXÃO / EXTENSÃO LIGEIRA ROTAÇÃO

MOVIMENTO DE ENCAIXE DE PARAFUSO

AS ESTRUTURAS MEDIAIS SÃO MAIORES QUE AS LATERAIS.


GERAM ROTAÇÃO INTERNA.

MÚSCULOS

SEMITENDÍNEO
SEMIMEMBRANÁCEO
BÍCEPS FEMORAL
RETO FEMORAL

VASTO O: ABAIXO DO TROCÂNTER MAIOR E DA ½ DA LINHA ÁSP.

LATERAL I: BORDA SUPERIOR E LATERAL DA PATELA

46
VASTO IN- O: FACE ANTERIOR E LATERAL DO FÊMUR

TERMÉDIO I: BORDA SUPERIOR DA PATELA

VASTO O: LINHA ÁSPERA E LINHA SUPRA CONDILAR MEDIAL

MEDIAL I: BORDA SUPERIOR E MEDIAL DA PATELA

POPLÍTEO O: CÔNDILO LATERAL DO FÊMUR

I: LADO MEDIAL POSTERIOR DA FÍBULA

AÇÃO MUSCULAR
ROT. ROT.
MÚSCULOS FLEX EXT
MED. LAT.
Reto femoral, vasto lateral,
vasto medial e vasto MP
intermédio

Semitendíneo MP MP

Semimembranáceo MP MP

Bíceps femoral MP MP

Poplíteo MP MP

Gastrocnêmio MP

47
TORNOZELO E PÉ

MOVIMENTOS

FLEXÃO / EXTENSÃO INVERSÃO / EVERSÃO

MÚSCULOS

TIBIAL O: 2/3 SUPERIOR DA SUPERF. LATERAL DA TÍBIA

ANTERIOR I: CUNEIFORME

PLANTAR O: PARTE POST. DO CÔNDILO LAT DO FÊMUR

I: PARTE POST. DO CALCÂNEO

SÓLEO O: TÍBIA E FÍBULA

I: CALCÂNEO

GASTROC- O: 2 TENDÕES PARTINDO DA FACE POST. DOS COND. FEM.

NÊMIO I: CALCÂNEO

FIBULAR LONGO
TIBIAL POSTERIOR
FIBULAR CURTO

48
AÇÃO MUSCULAR

DORSO- FLEXÃO
MÚSCULOS INVERSÃO EVERSÃO
FLEXÃO PLANTAR
TIBIAL
MP MP
ANTERIOR

PLANTAR MP MP

SÓLEO MP

GASTROCNÊMIO MP

FIBULAR
MP
LONGO
TIBIAL
MP
POSTERIOR
FIBULAR
MP
CURTO

DEFEITOS DO PÉ

PÉ CALCÂNEO: APRESENTA A PARTE ANTERIOR ELEVADA


PÉ EQUINO: APRESENTA CALCANHAR ELEVADO
PÉ VARO: APRESENTA PLANTA DO PÉ VOLTADA PARA DENTRO
PÉ VALGO: APRESENTA PLANTA DO PÉ VOLTADA PARA FORA
PÉ CAVO: APRESENTA ARCO MUITO ACENTUADO
PÉ PLANO: APRESENTA ARCO POUCO ACENTUADO

49
TRONCO

VÉRTEBRAS
DISCOS
CURVAS: CERVICAL, TORÁCICA, LOMBAR E SACRAL

MOVIMENTOS

EXTENSÃO / FLEXÃO
FLEXÃO LATERAL
ROTAÇÃO

PROBLEMAS DE COLUNA

CIFOSE
ESCOLIOSE
HIPERLORDOSE

50
IV - CENTRO DE GRAVIDADE

Os corpos em geral são formados por infinitas partículas. Cada uma destas
partículas sofre a ação de uma força constante e ininterrupta, dirigida verticalmente para
baixo (centro da Terra). Esta força é chamada de força gravitacional. A resultante de todas
essas forças que atuam nas partículas é o peso do corpo. O ponto em que poderíamos
considerar concentrado este peso é chamado centro de gravidade.
Se um corpo for rígido, simétrico e de densidade uniforme, o seu centro de
gravidade coincidirá com o seu centro geométrico. Mas como poderíamos determinar o
centro de gravidade de um remo? Vamos apresentar alguns destes métodos:

Método de Equilíbrio
Este método consiste em equilibrar o remo numa borda pontiaguda (prisma),
movendo-o para frente e para trás. Este procedimento deve ser repetido para as três
dimensões do remo (altura, largura e profundidade). A interseção dos planos gerados é o
centro de gravidade. Podemos ainda utilizar outro método para calcular o centro de
gravidade de um remo, como.

Método da Suspensão
Este método consiste em suspender o corpo por um ponto. Após sua estabilização,
e utilizando um prumo, determinamos o plano por onde passa o centro de gravidade.
Repetir este procedimento para as três dimensões (altura, largura e profundidade). A
interseção dos planos gerados é o centro de gravidade. Em determinados objetos podemos
verificar que o centro de gravidade não se encontra no corpo físico do objeto, como em um
aro de ginástica olímpica e em uma bola cheia de ar.
Estes dois métodos citados acima não são muito usados para o corpo humano,
porém são úteis para outras situações. O método mais utilizado para se calcular o centro de
gravidade no corpo humano é o método da segmentação corpórea.

Método de Segmentação Corpórea


Este método consiste em, através de uma fotografia definir a posição dos centros de
gravidades dos segmentos corpóreos separadamente. Depois pondera-se a relação entre eles
utilizando a massa destes segmentos para calcular o centro de gravidade do sistema
estudado. Para simplificarmos, vamos considera um sistema com dois blocos, A e B,
dispostos como no desenho abaixo.
O primeiro passo é a inclusão dos eixos cartesianos em um ponto qualquer.

O segundo passo é indicar o centro de gravidade dos blocos. Como o centro de


gravidade dos blocos é o próprio centro geométrico, não necessitamos de fazer nenhum
cálculo especial. Porém, para segmentos corpóreos humanos aprenderemos em seguida
como calcular o centro de gravidade de cada um deles.

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O terceiro passo é medir as distâncias dos centros de gravidade em relação aos
eixos, ou seja, com uma régua vamos medir as distâncias horizontal (XA e XB), e as
distâncias verticais (YA e YB) do centro de gravidade em relação aos eixos.

Assim, temos XA = 1 cm; XB = 1,7 cm; YA = 0,9 cm; YB = 1,9 cm.


O quarto e último passo é utilizar as seguintes equações que determinam o centro de
gravidade do sistema:
XA( ma) XB ( mb)
X equação 1
ma mb

YA( ma)YB ( mb)


Y equação 2
ma mb

1( 2) 1,7(5) 10,5
X  1,75cm
15 6
0,9( 2) 1,9(5) 11,3
Y  1,89cm
15 6

Assim teremos as coordenadas X e Y:

Os cálculos anteriores partem do ponto em que se sabe o centro de gravidade dos


segmentos envolvidos. Porém, os segmentos corpóreos não são constantes quanto a
densidade. Então, devemos calcular o centro de gravidade de um sistema através de

52
proporções dos comprimentos destes membros. A massa de cada segmento é obtida através
de percentagens da massa total do corpo. Estes valores são demonstrando na tabela abaixo.

TABELA 3 – posição do centro de gravidade e percentual de massa de segmentos


corpóreos.

TODOS OS PONTOS MENCIONADOS NA TABELA SÃO PROXIMAIS.


Segmento Posição do CG (% da dist. Total) Massa (% da massa total)
Cabeça 53,6 da interseção do queixo/pescoço 7,3
Tronco 38,0 da Inc. Jugular 50,7
Braço 51,3 do Ombro 2,6
Antebraço 39,0 do Cotovelo 1,6
Mão 82,0 do Punho 0,7
Coxa 37,2 do Quadril 10,3
Pernas 37,1 do Joelho 4,3
Pé 44,9 do Calcanhar 1,5

Vamos delimitar cada um dos segmentos cintados:


CABEÇA: do vertex a interseção queixo pescoço;
TRONCO: da incisura Jugular ao ponto médio entre os quadris;
BRAÇO: do ombro ao cotovelo;
ANTEBRAÇO: do cotovelo ao punho;
MÃO: do punho à terceira art. Metacarpofalângica;
COXA: do quadril ao joelho;
PERNA: do joelho ao tornozelo;
PÉ: do calcanhar à ponta do pé.

Para calcular o centro de gravidade de um sistema composto por segmentos


corpóreos é necessário primeiro calcular o centro de gravidade de cada um dos segmentos
envolvidos. E só depois verificar a relação entre eles como nas equações 1 e 2. Agora
vamos ver como calcular o centro de gravidade dos segmentos corpóreos.
A equação a seguir serve tanto para o cálculo da coordenada x como a y do centro
de gravidade de segmentos corpóreos. É obrigatório o uso separado das coordenadas x das
coordenadas y. A equação é:

CG = [(DISTAL-PROXIMAL)*% + PROXIMAL equação 3

Onde: CG é a coordenada x ou y do centro de gravidade do segmento analisado.


DISTAL é a coordenada x ou y da referência distal do segmento. PROXIMAL é a
coordenada x ou y da referência proximal do segmento. Essas referências estão citadas na
Tabela 3.

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Vamos exemplificar calculando o centro de gravidade do braço e do antebraço na
figura a seguir.

Coordenadas x e y do ombro, cotovelo e punho são:

O = (0,458; 0,511) metros

C = (0,398; 0,227) metros

P = (0,239; 0,432) metros

O primeiro número de cada par ordenado representa a


coordenada x e o segundo a coordenada y do referido
segmento.

Observamos que o ombro é o ponto articular proximal para o braço. O cotovelo é o


ponto articular distal para o braço e proximal para o antebraço. Por fim o punho é o ponto
articular distal para o antebraço.
Para calcular a coordenada x do CG do braço temos que usar somente as
coordenadas x dos pontos articulares ombro e cotovelo.

CGxb= [(0,398-0,458)* 51,3/100] + 0,458;

Onde 0,398 é a coordenada x do ponto articular distal (cotovelo); 0,458 é a


coordenada x do ponto articular proximal (ombro). Esses dois pontos articulares são os que
limitam o braço. Já o valor de 51,3/100 corresponde ao valor obtido da Tabela 3 para a
posição do centro de gravidade do braço, 51,3 porcento. Ou seja, dividido por cem.
Já para calcular a coordenada y do CG do braço temos que usar somente as
coordenadas y dos pontos articulares ombro e cotovelo.

CGyb= [(0,227-0,511)* 51,3/100] + 0,511;

Assim ficamos com os resultados:


CGxb=0,427 m e CGyb = 0,365 m, ou CGb = (0,427; 0,365) m
Como são medidas de distâncias utilizamos os valores em metro.

Agora, para calcular a coordenada x do CG do antebraço temos que usar somente as


coordenadas x dos pontos articulares cotovelo e punho.

CGxab= [(0,239-0,398)* 39,0/100] + 0,398;

Observe que o valor da posição do centro de gravidade do antebraço obtido na


Tabela 3 mudou.

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Já para calcular a coordenada y do CG do antebraço temos que usar somente as
coordenadas y dos pontos articulares cotovelo e punho.

CGyab= [(0,432-0,227)* 39,0/100] + 0,227;

Assim ficamos com os resultados:


CGxab=0,336 m e CGyab = 0,307 m, ou CGab = (0,336; 0,307) m

Finalmente, para calcular o centro de gravidade do sistema braço, antebraço temos


que recorrer às equações 1 e 2 tanto para o eixo x como o y. Ainda utilizando os dados da
Tabela 3 observamos que um braço possui a massa proporcional 2,6% da massa total do
corpo e o antebraço 1,6%. Assim, montamos as derradeiras equações.

CGb = (0,427; 0,365) m e CGab = (0,336; 0,307) m

0,427( 2,6)  0,336 (1,6)


X  0,392 m
2,61,6
0,365( 2,6)  0,307(1,6)
Y  0,343 m
2,61,6

Representado por par ordenado temos CGb+ab = (0,392; 0,343) m

55
VI - POSTURA: ALINHAMENTO E EQUILÍBRIO MUSCULAR

A análise e descrição do alinhamento postural requer um conhecimento básico sobre


posições anatômicas, eixos, planos, movimento das articulações e testes de comprimento
muscular. A postura pode ser descrita, também, em termos de equilíbrio muscular,
associado com posições posturais estáticas. Existem alguns princípios básicos relacionados
ao alinhamento, articulações e músculos, que são:

 Um alinhamento defeituoso resulta em sobrecarga e tensão indevida


sobre ossos, articulações e músculos.
 Uma avaliação das posições articulares indica quais músculos estão
em posição alongada e quais estão em posição encurtada.
 Existe uma correlação entre alinhamento e achados de testes
musculares se a postura for habitual.
 A fraqueza muscular permite separação das partes onde o músculo
está inserido.
 O encurtamento muscular mantém bem próximas as partes onde o
músculo está inserido.
 Pode desenvolver-se alongamento adaptativo em músculos
uniarticulares que permaneçam em condição alongada.
 Pode desenvolver-se encurtamento adaptativo em músculos que
permaneçam em condição encurtada.

O alinhamento esquelético ideal usado como padrão é consistente com princípios


científicos válidos, envolve uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga, e conduz à
eficiência máxima do corpo. Esta posição implica em uma distribuição equilibrada de peso
e em uma posição estável de cada articulação.
Para avaliar se determinados pontos de referência de uma pessoa estão no mesmo
alinhamento que os pontos correspondentes na postura padrão, realizamos um teste
chamado Teste do Fio de Prumo. O fio de prumo representa uma linha de referência,
suspenso em um ponto fixo padronizado. Como o único ponto fixo na postura em pé é na
base onde os pés estão em contato com o solo, o ponto de referência deve ser a base. Os
desvios a partir do alinhamento do prumo são descritos como leves, moderados ou
acentuados, sendo que a postura padrão é considerada como o alinhamento composto de um
indivíduo a partir de quatro vistas: de frente, de trás, do lado direito e lado esquerdo.
Na vista lateral, o ponto de referência fixo é levemente anterior ao maléolo externo
e representa o ponto básico do plano médio-coronal do corpo em alinhamento ideal. Na
vista posterior, o ponto fica no meio do caminho entre os calcanhares e representa o ponto
básico do plano médio sagital do corpo em alinhamento ideal.
Na vista posterior, a linha de referência representa uma projeção da linha da
gravidade no plano sagital médio. Começando no meio do caminho entre os calcanhares,
ela estende-se para cima meio caminho entre os membros inferiores, através da linha média
da pelve, coluna, esterno e crânio.
Na vista lateral, a linha de referência representa uma projeção da linha da gravidade
no plano médio coronal. Esse plano hipoteticamente divide o corpo em uma secção frontal
e outra dorsal, de igual peso. Essas secções não são simétricas e não há uma linha óbvia de

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divisão com base em estruturas anatômicas. Os pontos que coincidem com a linha de
referência do alinhamento ideal na vista lateral são os seguintes:

 Levemente anterior ao maléolo lateral;


 Levemente anterior ao eixo da articulação do joelho;
 Levemente posterior ao eixo da articulação do quadril;
 Corpos das vértebras lombares;
 Articulação do ombro;
 Corpos da maioria das vértebras cervicais;
 Meato auditivo externo;
 Levemente posterior ao ápice da sutura coronal.

Pelve e Coluna Lombar

A linha da vista lateral de referência representa o plano que passa levemente


posterior ao eixo das articulações do quadril, determinando a intersecção da pelve nos
acetábulos. Mas esses pontos de referência não são suficientes para estabelecer a posição
da pelve, porque a mesma pode inclinar-se anteriormente ou posteriormente sobre os eixos
através das articulações dos quadris. Torna-se, portanto, necessário definir a posição neutra
da pelve na postura padrão, sendo aquela onde as espinhas anteriores superiores ficam no
mesmo plano horizontal, e as espinhas anteriores superiores e a sínfise pública ficam no
mesmo plano vertical. Apesar de variações estruturais na pelve, as espinhas anteriores
superiores e as espinhas posteriores superiores estão aproximadamente no mesmo plano.
Na posição neutra da pelve, existe uma curvatura anterior normal na coluna lombar;
na inclinação anterior, uma lordose; na inclinação posterior, um dorso plano. A posição da
pelve é a chave para o alinhamento postural bom ou defeituoso. Os músculos que mantêm
bom alinhamento da pelve, tanto ântero-posteriormente quanto lateralmente, são de
importância vital na manutenção de um bom alinhamento geral.

Articulações do Quadril e Joelho

A linha de referência da vista lateral através dos membros inferiores passa


levemente posterior ao centro da articulação do quadril e levemente anterior ao eixo da
articulação do joelho, representando uma posição estável dessas articulações.
Se o centro de sustentação de peso da articulação coincide com a linha da gravidade
ocorre uma tendência igual para a articulação fletir ou estender. Essa posição no centro da
articulação não é uma posição estável para a sustentação de peso. A menor força exercida
em qualquer direção fará com que se mova para fora do centro a menos que seja
estabilizada por esforço muscular constante.
Se a articulação do quadril e a do joelho se movem livremente em extensão assim
como em flexão, não há estabilidade e é necessário um esforço constante para resistir ao
movimento nas duas direções. Uma posição estável fora do centro para uma articulação
depende da limitação do movimento articular em uma dada direção. Para o quadril e joelho
a extensão é limitada.

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A influência restritiva normal dos ligamentos e músculos ajuda a manter bom
alinhamento postural com um mínimo de esforço muscular.

Tornozelo

A dorsiflexão no tornozelo com o joelho estendido é normalmente cerca de 10º. Isso


significa que ao ficar em pé sem calçados com os pés em uma posição com os pés
apontando levemente para fora e com joelhos estendidos, a parte inferior da perna não
poderá inclinar-se para frente sobre o pé mais que cerca de 10º.

Pés

Na postura padrão, a posição dos pés é aquela onde os calcanhares estão separados
cerca de 7,5cm, e a parte posterior de cada pé está abduzida cerca de 8º a 10º da linha
mediana.
Diferente da articulação do joelho, a articulação do tornozelo não está no plano
frontal. De acordo com os anatomistas, ela se encontra em um plano levemente oblíquo,
sugerindo que o pé esteja normalmente em uma posição de leve abdução.
Os movimentos das articulações subtalar e transversa do tarso permitem pronação e
supinação do pé e abdução e adução do antepé.

Cabeça e Pescoço

Na vista lateral, a linha de referência coincide com o lobo da orelha e o pescoço


apresenta a curvatura anterior normal.

As curvas normais da coluna podem ser descritas como uma leve extensão do
pescoço (região cervical), leve flexão da coluna superior (região torácica) e leve extensão
da coluna inferior (região lombar) – Figura 41A. Nesta posição a pelve encontra-se em
posição neutra.
Já em uma posição postural defeituosa, a pelve pode estar em inclinação anterior,
posterior ou lateral e, qualquer inclinação da pelve envolve movimentos simultâneos da
coluna inferior e articulações do quadril.
Em uma inclinação pélvica anterior (Figura 41B) a pelve inclina-se para frente,
criando um aumento na curvatura da coluna inferior para frente (lordose). Na inclinação
pélvica posterior (Figuras 41C e 41D) a pelve inclina-se para trás, as articulações do quadril
se estendem e a coluna lombar se retifica. Por fim, em uma inclinação lateral, um quadril
fica mais alto que o outro.

58
Figura 41 – Análise lateral da postura.

Considerando o alinhamento corporal em relação à linha de prumo, a Figura 42A


mostra acentuado desvio anterior do corpo, com peso corporal levado para frente sobre as
bolas dos pés. As pessoas que ficam em pé habitualmente deste modo podem exibir
sobrecarga na parte anterior do pé com calos debaixo do grande artelho, a articulação do
tornozelo fica em leve dorsiflexão e os músculos posteriores do tronco e membros
inferiores tendem a permanecer em constante contração.
Na figura 42B temos um desvio posterior acentuado do tronco superior e da cabeça,
onde os joelhos e a pelve são deslocados anteriormente para contrabalançar o equilíbrio do
corpo.
A Figura 42C mostra rotação anti-horária do corpo a partir dos tornozelos até a
região cervical.

59
Figura 42 – Análise lateral da postura.

Outros casos:
A Figura 43A mostra acentuada inclinação pélvica anterior e uma curvatura que é
agudamente convexa para a frente na região lombossacra, caracterizando, ainda, acentuado
encurtamento dos músculos ilíaco e psoas (flexores do quadril).
A Figura 43B mostra lordose alta e bastante acentuada, aproximadamente ao nível
da segunda vértebra lombar, tipo de postura que sugere fraqueza dos músculos abdominais
anteriores e encurtamento dos flexores dos quadris.
A Figura 43C mostra um desvio anterior em relação à linha de prumo, com
acentuada inclinação pélvica anterior e lordose. Esse desvio agrava o problema de
desequilíbrio muscular associado com os defeitos de alinhamento segmentar e impõe
sobrecarga ao antepé.

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Figura 43 – Análise lateral da postura.

No que concerne a padrões típicos de postura quanto à dominância, temos os


seguintes exemplos: na Figura 44A, o ombro direito é mais baixo, a pelve está desviada
ligeiramente para a direita e o quadril direito mostra-se levemente mais alto do que o
esquerdo. Esse padrão é típico de pessoas destras. Há leve desvio da coluna para a
esquerda e o pé esquerdo é mais pronado do que o direito.
Na maioria dos casos, o ombro baixo é menos importante do que o quadril alto.
Geralmente a correção do ombro tende a seguir-se à correção da inclinação pélvica lateral,
porém o contrário não ocorre necessariamente.
A Figura 44B mostra o padrão oposto, típico dos indivíduos canhotos.

61
Figura 44 – Análise posterior da postura.

A exemplo de posturas defeituosas comparadas em vistas laterais e posteriores, a


Figura 45A ilustra uma postura que parece boa, vista de trás, porém é muito defeituosa em
vista lateral. O alinhamento de prumo é bastante bom em virtude das compensações dos
desvios anteriores e posteriores. Podemos observar que o contorno da parede abdominal
quase reproduz a curvatura da região lombar.
Na Figura 45B temos, em vista posterior, um acentuado desvio do corpo para a
direita, quadril alto à direita e ombro baixo à direita. E, na vista lateral, os joelhos são
posteriores a pelve, tronco e cabeça são acentuadamente anteriores. As curvaturas ântero-
posteriores da coluna são apenas ligeiramente exageradas. Os joelhos, entretanto, estão
bastante hiperestendidos.

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Figura 45 - Análise posterior e lateral da postura.

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