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O Amor
Composições poéticas representativas: “o conjunto dos seus poemas líricos constitui, por assim dizer, um diário,
uma longa série de confidências, queixas e meditações. Mas, como a
Sete anos de pastor Jacob servia própria vida que flui, como o próprio amor que nos domina, esse é
contraditório, vário e paradoxal.” JPC
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Amor é fogo que arde e sem se ver reciprocidade, e a inacessibilidade da amada.
Trata-se de um soneto que ilustra a complexidade do sentimento amoroso A ilha dos Amores é um prémio pelos valorosos feitos lusitanos, é
visível na série de definições paradoxais que o sujeito poético tenta o lugar da perfeição – lembrando-nos o Mundo das Ideias de
atribuir-lhe e que constituem a primeira parte: Platão ou o Paraíso cristão. Camões emprega o erotismo nos
versos do canto (a perseguição às ninfas é descrita com grande
sensualidade) – “Nuas por entre o mato, aos olhos dando/ O que
às mãos cobiçosas vão negando” (Os Lusíadas, canto IX, 72, vv.
fogo que arde sem se ver; 7-8) – mas para demonstrar, assim como em outros poemas
ferida que dói e não se sente; líricos, que o amor do corpo é ponto de partida para o Amor
contentamento descontente; divino.
dor que desatina sem doer;
não querer mais que bem-querer;
andar solitário entre a gente;
nunca contentar-se de contente;
cuidar que ganha em se perder;
querer estar preso por vontade;
servir a quem vence o vencedor;
ter com quem nos mata lealdade.