Você está na página 1de 18

3

UNIDADE 3

Empresas de software de
código aberto

Objetivos de aprendizagem
„„ Compreender como as empresas de software proprietário
funcionam e como se originaram as empresas de software
de código aberto.

„„ Entender como uma empresa de software de código


aberto agrega valor ao seu produto.

„„ Identificar formas de fornecer o software de código aberto.

„„ Reconhecer como a introdução do software de código


aberto afeta o mercado de TI.

Seções de estudo
Seção 1 Software proprietário

Seção 2 Como as empresas começaram a se formar


Seção 3 Instalação e manutenção
Seção 4 Suporte e consultoria
Seção 5 Outros modelos de negócio
Seção 6 Efeitos no mercado de TI

software_livre.indb 61 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


O software de código aberto não pressupõe gratuidade, mas
disponibilidade do código fonte e as implicações que isto traz em
termos de licenças.

Embora a maioria dos produtos software de código aberto esteja


disponível de forma gratuita, existem empresas comerciais que se
mantêm ou conseguem extrair parte de sua receita de atividades
relacionadas ao produto de código aberto. As estratégias de
negócios destas empresas variam, e, com o passar do tempo,
novas são criadas.

É importante entender como elas funcionam, para entender o


quanto seguro e conveniente é adotar uma solução software de
código aberto e verificar que a comercialização fortalece este
modelo de produção.

Seção 1 – Software proprietário


O modelo de negócios do software proprietário opera de uma
forma simples: a companhia vende ao cliente o direito de
usar o software, mas não transfere a propriedade do produto.
As licenças restringem o que pode ser feito com o software,
permitindo o uso por um usuário, um grupo de usuários ou para
um determinado projeto. Adicionalmente, as empresas também
vendem suporte, consultoria e serviços de integração.

O que é Modelo de Negócios?

O modelo de negócios compreende a arquitetura de uma empresa


e a forma como ela extrai resultados financeiro-econômicos,
visando a sua manutenção e lucro.

62

software_livre.indb 62 28/06/11 10:58


Software Livre

Esta lógica cria um mercado para a tecnologia da informação, em


que a força se concentra na mão do fornecedor. Os consumidores
necessitam de soluções para seus problemas, e as necessidades
são relatadas ao fornecedor que em princípio, cria software
para suprir estas demandas. Mas as demandas são complexas,
fragmentadas, mudam constantemente, o que torna difícil que o
fornecedor consiga atender fielmente às necessidades do cliente.

Como o software é feito para atender a muitos clientes, o que


está implementado nele é uma espécie de mínimo denominador
comum, geralmente soluções feitas para os grandes consumidores
(em comparação, é como um canal aberto de TV, bom para
atrair uma grande audiência, mas que não agrada a ninguém
totalmente). (WEBER, 2004).

O cliente é então preso à necessidade de tentar usar o produto e


integrá-lo às suas práticas de negócio. Como o cliente não tem o
código-fonte, não pode adaptar o produto às suas necessidades.
Muitas vezes, o cliente tem de adaptar seu modo de operação
para se encaixar no que o produto pode oferecer.

O processo software de código aberto quebra esta lógica


comercial. O software de código aberto faz mais do que liberar
o controle do código-fonte -- ele estabelece uma situação em
que ninguém controla o código-fonte. Isto causa uma mudança
radical na estrutura de mercado de software -- o poder passa das
mãos do fornecedor para as mãos do consumidor.

Com acesso ao código fonte, o usuário pode escolher as peças


de software que melhor atendem as suas necessidades e pode,
em última instância, modificar o software. O usuário fica
independente de fornecedores específicos. Caso os serviços de um
fornecedor tornem-se caros ou não atendam às necessidades, outros
podem ser contratados ou o usuário pode, ele mesmo, modificar o
sistema ou contratar uma terceira parte para fazer a modificação.

Isto elimina a dependência que o fornecedor tradicional cria em


seus consumidores, comum ao modelo de negócios do software
proprietário, em que o consumidor se vê obrigado a comprar
novas versões e direcionar seu negócio em função das soluções
impostas pelo fornecedor.

Unidade 3 63

software_livre.indb 63 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 2 – Como as empresas começaram a se formar


As empresas que trabalham com software de código aberto
o fazem há muito pouco tempo. As primeiras atividades de
distribuição de software de código aberto eram feitas por meio de
conexões à internet via linha telefônica, o que era prático para os
pequenos programas, comuns naquela época.
O aumento da complexidade dos programas fez com que seus
tamanhos também aumentassem em bytes. Com o passar
do tempo, a transferência via conexão telefônica se tornou
extremamente lenta e cara. Até a popularização da banda larga,
as conexões tinham no máximo 56Kbps, o que era impraticável,
por exemplo, para baixar um sistema operacional completo.
Isto abriu oportunidade para que surgissem algumas pequenas
empresas, as quais começaram a juntar tudo em CD e vender
por anúncios na internet e também como encarte de revistas de
informática. Assim aconteceu com as primeiras distribuições Linux.
Eram comuns, por volta de 1997, distribuições vendidas por 5
dólares o CD mais o custo de envio. Estas vendas de CDs ajudavam
os amantes do Linux a serem remunerados pelo que faziam.

Venda de CDs pela Internet


No endereço <http://linuxcentral.com> podem ser vistas
as dezenas de distribuições disponíveis. Para facilitar,
muitas também podem ser compradas em DVD.

Figura 3.1 - Exemplo de CD distribuído pela Linux Central


Fonte: Elaboração do autor

64

software_livre.indb 64 28/06/11 10:58


Software Livre

Eram empresas realmente pequenas, com poucos indivíduos.


Estes entusiastas tinham como objetivo compartilhar seus
conhecimentos e difundir o software de código aberto,
principalmente o Linux, o que realimentava o interesse de mais
participantes no desenvolvimento do sistema.

Figura 3.2 - Exemplo de CD distribuído pela Revista do Linux


Fonte: Elaboração do autor

Seção 3 – Instalação e Manutenção


Não demorou muito e algumas organizações começaram a se
interessar por produtos software de código aberto, o que levou ao
próximo estágio de desenvolvimento. Os desenvolvedores iniciais
do software de código aberto tinham como “consumidores” seus
pares, ou seja, indivíduos com grande conhecimento técnico. Isto
não atraía a atenção do pessoal de TI das organizações, onde
não existe geralmente pessoal com um domínio tão grande de
detalhes técnicos e de desenvolvimento. Os produtos eram muito
difíceis de instalar e usar, não possuíam documentação e nem
uma forma de atualização simples. Embora fossem tecnicamente
bons, não eram práticos.

Unidade 3 65

software_livre.indb 65 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

A distribuição RedHat foi uma das pioneiras a agregar valor a


uma distribuição. Juntar e compilar as centenas de partes que
compõem um sistema GNU/Linux é uma tarefa enorme. Esta
facilitação era um valor agregado que compensava encomendar
um CD e a documentação que o acompanhava. Logo outras
distribuições apareceram, como por exemplo, a Conectiva Linux
no Brasil, que era baseada na distribuição RedHat.

Com o passar do tempo, a velocidade de acesso à


internet tornou possível dispensar o pedido de um CD.
Praticamente todas as grandes distribuições contam
com um download mínimo, suficiente para se conectar
à internet e baixar o restante da distribuição, e também
imagens de discos que permitem executar o sistema
sem que este precise ser instalado no hard disk da
máquina, permitindo, por sua vez, testes com o sistema.

As distribuidoras do Linux deixaram de ser simples


empacotadoras de diferentes pedaços dos sistemas para realmente
desenvolver mecanismos que facilitam a instalação e a manutenção
do software. Com isto, instalar o Linux deixou de ser uma tarefa
que necessita de muito conhecimento: ele aproxima o sistema dos
usuários comuns e é também muito mais prático para empresas.

Um dos avanços desenvolvidos para RedHat foi a criação do


mecanismo de gerenciamento de programas RPM (Red Hat
Package Manager). Antes dele, para instalar um programa em
uma distribuição Linux era preciso baixar no formato de código
fonte e compilar na máquina local, um processo que necessitava
de algum conhecimento e das ferramentas de compilação
previamente instaladas, sem contar que era preciso instalar
todos os programas e bibliotecas de apoio (dependências). Com
o gerenciador RPM, basta baixar um pacote com a extensão
.rpm que contém o programa que se quer instalar. O processo
se sofisticou bastante com a manutenção de repositórios de
programas neste formato. O gerenciador é ajustado para
este endereço e indica o que há instalado na máquina, o
que há disponível para baixar e também permite atualizar
automaticamente o que já está em nova versão. Assim como a
instalação, a desinstalação é feita facilmente.

66

software_livre.indb 66 28/06/11 10:58


Software Livre

Saiba mais

Biblioteca
Para não ter de incluir o mesmo código em vários programas que
necessitam dele, uma possibilidade é incluí-lo em um arquivo
que pode ser chamado por qualquer aplicativo que necessite de
sua funcionalidade. Por exemplo, se vários programas necessitam
desenhar um polígono, este código pode ser incluído em uma
biblioteca X. Qualquer programa que precisar, consulta X e pede
para que o código seja executado.

Em Windows, estes arquivos possuem a terminação .DLL.

Outras distribuições adotaram o formato RPM, como por


exemplo, Fedora Project, SuSE Linux Enterprise, openSuSE,
CentOS, Mandriva Linux. Na figura 3.3, temos o exemplo do
gerenciador de instalação e atualização de pacotes YAST da
distribuição SuSE.

- Analise a figura, a seguir, que apresenta um Gerenciador de pacotes


RPM da distribuição SuSE.

Figura 3.3 - Gerenciador de pacotes RPM da distribuição SuSE


Fonte: Captura de tela do programa em execução.

Unidade 3 67

software_livre.indb 67 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 4 – Suporte e Consultoria


Um dos requisitos mais importantes para as organizações que
adotam um produto de software é o fornecimento de suporte.

Para que uma solução possa atender a uma empresa, no que


chamamos “missão crítica”, é necessário haver confiança no
produto adotado e também um canal de comunicação com a
empresa que desenvolve o produto a fim de sanar dúvidas e obter
ajuda na solução de problemas, tais como adaptação às condições
de funcionamento do produto, dimensionamento da base de
hardware, treinamento de pessoal etc.

Algumas empresas estendem um produto software de código


aberto, melhorando-o de alguma forma para que possa atender
aos critérios rígidos do ambiente corporativo.

Missão crítica
Para que um sistema computacional seja utilizado
por uma empresa, é fundamental que ele não sofra
com paradas ou outras situações que possam resultar
em perda de dados. Não pode haver, por exemplo,
sobrecarga do sistema caso muitos clientes o acessem
ao mesmo tempo. Qualquer parada significa perda
de receita ou prejuízos ao negócio. Outros aspectos
importantes são segurança (contra invasões, perda de
dados etc), escalabilidade (capacidade de expandir um
sistema para que ele atenda a um número maior de
usuários, por exemplo), alta disponibilidade (um sistema
que consegue se manter funcionando 99,9% do tempo),
tolerância a falhas (contém um sistema auxiliar que entra
em ação, caso o principal falhe). Quando um sistema
atinge este nível de confiabilidade, dizemos que ele
atende à missão crítica da empresa.

Oferecendo treinamento e consultoria, muitas empresas de


software de código aberto passaram a oferecer um pacote
completo, diminuindo o risco de adoção das soluções. (Entende-
se como risco a possibilidade de, em caso de problemas, não se
ter a quem recorrer. Aproveitando-se deste fato, as empresas de
software de código aberto cresceram em profissionalismo para
atender a esta demanda).

68

software_livre.indb 68 28/06/11 10:58


Software Livre

Analise o estudo de caso a seguir.

A MySQL AB é um dos casos em que uma empresa de software


de código aberto agrega valor ao seu produto, oferecendo serviços
a empresas que pretendem utilizar seu sistema em missão crítica.

Um dos aplicativos mais importantes no mundo do software


de código aberto é, sem dúvida, o banco de dados relacional
MySQL: é utilizado em sistemas de missão crítica de empresas
como Yahoo!, Alcatel-Lucent, Google, Nokia, YouTube, Adobe
e Flickr; roda em mais de 20 plataformas, incluindo Linux,
Windows, OS/X, HP-UX, AIX, Netware e Mac OS X; junto
com Linux ou Windows, o servidor Apache e as linguagens de
programação PHP, Perl e Python, compõe as ferramentas mais
utilizadas na web atualmente.

Para poder atender ao mercado corporativo, são oferecidos 4


produtos:

„„ MySQL Enterprise Basic - US$599;

„„ MySQL Enterprise Silver - US$1999;

„„ MySQL Enterprise Gold - US$2999;

„„ MySQL Enterprise Platinum - US$4999.

Estes pacotes compreendem assinaturas de um ano por servidor.


Detalhes do que é oferecido em cada um deles estão disponíveis
no endereço <https://shop.mysql.com/enterprise/?rz=s2>.
Recentemente, a Sun Microsystem adquiriu a MySQL por um
bilhão de dólares, o que deve ampliar seu uso corporativo. Segundo
alguns, a Sun tem por objetivo competir com empresas como a
Microsoft e IBM, que possuem um conjunto completo de soluções,
o que não ocorria com a Sun, pois lhe faltava um banco de dados.

Unidade 3 69

software_livre.indb 69 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 5 – Outros modelos de negócio


A cada ano, novas formas de sustentar empresas baseadas em
software de código aberto são criadas.

Isca
Algumas empresas de software de código aberto fornecem
gratuitamente um produto e vendem produtos adicionais que se
integram a ele.

Neste modelo, um produto software de código aberto pode ser


usado para criar uma reputação para o vendedor, aumentando
sua base de clientes. Um exemplo é o Plone, uma ferramenta
de criação e manutenção de sítios na web. Entrando no sítio do
projeto, vemos ofertas de módulos e consultoria que são vendidos
de forma proprietária por outras empresas.

O interessante é que esta estratégia é igual àquela de um


supermercado, em que produtos como água mineral, pão e
outros são vendidos muitas vezes sem lucro, apenas para atrair
consumidores, que têm de passar por muitas prateleiras até
chegar ao local onde estão estes produtos. Nesse caminho, a
tentação de comprar algo não planejado é grande, e o cliente
acaba levando mais produtos por impulso.

Acessórios
Nesta modalidade, a ideia é vender um acessório físico que torna
o produto mais atraente ou mais fácil de usar. Exemplos são
livros e manuais de uso que ajudam a instalar, configurar e tirar o
melhor proveito de um software.

70

software_livre.indb 70 28/06/11 10:58


Software Livre

Um exemplo é a ferramenta de colaboração eGroupWare


<http://www.egroupware.org>. O eGroupWare é instalado
em um servidor e suas funções são acessadas pela rede. Ele
contém várias ferramentas, tais como calendários, que podem
ser compartilhados, ferramenta de gerenciamento de projetos
e outras que fazem parte do que se usa em uma empresa hoje
em dia. Para que se possa tirar o máximo de proveito, os
desenvolvedores deste software de código aberto vendem o
manual do usuário pelo seu portal.

Extensão
Algumas empresas estendem um produto software de código
aberto. Elas passam a vender sua versão software de código
aberto, mas também a disponibilizam gratuitamente. Um
exemplo comum é a criação de versões embarcadas de Linux.

Você sabe o que é um Software embarcado?

Embarcar um software significa criar uma versão para trabalhar


em um hardware específico, como um forno de microondas, um
controlador de ferramenta industrial etc.

Uma empresa que opera neste modelo é a Montavista <http://


www.mvista.com>. Ela produz uma versão adaptada do
Linux para telefones celulares. Entre as companhias atendidas
estão a Motorola, Nec e Panasonic. São modificados vários
aspectos do Linux, como sua alteração para resposta em tempo
real, necessária para trabalhar com hardware. A empresa
fornece manutenção e suporte de alta qualidade para que
possa ser atraente a clientes deste porte, o que inclui upgrade
e consertos rápidos e constantes. Seguindo a licença GPL,
todo desenvolvimento alcançado é doado à comunidade que
desenvolve o Linux.

Unidade 3 71

software_livre.indb 71 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Seção 6 – Efeitos no mercado de TI


O software de código aberto é um fenômeno tão importante que
empresas como a Dell, IBM e a própria Microsoft, de uma forma
ou de outra, têm se juntado ao movimento ou tomado precauções.
Há ainda grandes empresas que abriram o código fonte de seus
produtos, como a Netscape, com seu navegador web, que deu
origem ao Firefox; e a Sun, com o sistema operacional Solaris. Há
ainda aquelas que têm utilizado uma base de código aberto para
seus produtos, como a Apple, com seu sistema operacional OS X.

Detalhes de alguns destes exemplos você vê na sequência.

„„ Dell - tradicional fabricante de computadores e uma


das empresas mais inovadoras que existem, tem vendido
computadores com a opção de Linux ou FreeDos
em lugar do MS Windows. Estes computadores são
destinados a empresas e consumidores que desejam
experimentar o Linux e outros sistemas operacionais
software de código aberto. Muitas empresas grandes
que compram licenças em volume têm de apagar todo
o software que vem instalado de fábrica e instalar suas
cópias de licenças corporativas. Adquirir um PC sem
o sistema operacional MS Windows elimina o custo
adicional com licenças OEM. A Dell também apoia o
Linux, tendo investido quase 100 milhões de dólares no
desenvolvedor Red Hat.

„„ IBM - a IBM tem fornecido apoio ao software de código


aberto em várias áreas. Dois exemplos são o ambiente de
desenvolvimento de programação Eclipse e seu suporte
ao Linux. O projeto Eclipse nasceu da necessidade
da IBM de integrar suas várias ferramentas de
desenvolvimento, bem como as de terceiros, em um único
ambiente de desenvolvimento. Em 2001, a IBM, junto
com MERANT, QNX Software Systems, Rational
Software, Red Hat, SuSE, TogetherSoft e Webgain, deu
início a um consórcio que tinha como objetivo manter
o projeto Eclipse. Este número passou para mais de 80
membros ao fim de 2003. Mas havia relatos da relutância
da comunidade em um comprometimento sério com o
projeto, que, mesmo sendo em código aberto, parecia
ter um controle muito grande da IBM. Em fevereiro de

72

software_livre.indb 72 28/06/11 10:58


Software Livre

2004, foi anunciada uma reorganização do consórcio em


direção à criação de uma entidade sem fins lucrativos,
denominada Fundação Eclipse, que é mantida por verbas
oriundas do consórcio. O Eclipse é uma ferramenta
de desenvolvimento que se adapta e expande com a
inclusão de plugins. Ela é principalmente utilizada
para o desenvolvimento no ambiente Java, mas pode
também ser empregada para utilizar outras linguagens de
programação e ferramentas de projeto. A IBM começou
sua participação no desenvolvimento do Linux em 1999.
Atualmente oferece suporte para Linux em todos os
servidores, armazenamento e middleware IBM. Possui
mais de 600 desenvolvedores no Centro de Tecnologia
Linux da IBM trabalhando em mais de 100 projetos de
software de código aberto.

„„ Apple - em 1997, Steve Jobs, fundador da Apple, volta


a comandar a companhia. No seu retorno, traz vários
dos engenheiros que trabalhavam com ele na extinta
NeXT, a qual produzia um sistema operacional com
este mesmo nome. Naquela época, o sistema operacional
que rodava nos computadores da Apple, o OS 9, estava
tecnologicamente defasado e precisava dar lugar a algo
melhor. Para o desenvolvimento do kernel para o novo
sistema operacional para os computadores Apple, foi
utilizado o sistema de código aberto Mach e FreeBSD.
Após modificações no código, a Apple devolveu-o para
a comunidade na forma de outro projeto código aberto,
denominado Darwin. Este código é hoje a base para o
sistema operacional OS X, que roda nos computadores e
outros dispositivos da Apple.

O que é Middleware?

São aplicativos que compõem uma camada em um sistema os


quais dão suporte a outros aplicativos. Um banco de dados, um
servidor web como Apache e um software de comunicação de
redes são exemplos de middleware.

Unidade 3 73

software_livre.indb 73 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

O que é OEM?

Original Equipment Manufacturer – refere-se a uma prática


de venda, em que um produto contém outro produto de outro
fabricante.

Veja dois exemplos:

„„ no caso de computadores, quando dizemos que o MS


Windows o acompanha, esta venda é denominada
OEM. O custo da licença é embutida no preço de venda
do computador;

„„ quando compramos um computador, o seu disco rígido


(HD) é geralmente fabricado por outra empresa, que
vende para esta na forma OEM. Neste caso, o nome do
fabricante do HD não aparece.

Estudo de Caso

Novell e Linux
Tem surgido no mercado distribuições Linux com duas versões:
uma comercial e outra aberta. A distribuição comercial dá
suporte financeiro para a existência da distribuição aberta
que, em contrapartida, por meio de sua comunidade, ajuda no
desenvolvimento da comercial. A distribuição SuSE e OpenSuSE
são exemplos deste arranjo.

74

software_livre.indb 74 28/06/11 10:58


Software Livre

A SuSE foi criada na Alemanha em 1992, inicialmente como uma


empresa de consultoria em sistemas operacionais padrão Unix.
Em paralelo, a empresa contribuía com o desenvolvimento da
distribuição Slackware, escrevendo pacotes de software para esta.
Em 1994, a empresa lançou sua primeira distribuição, que tinha
como base o próprio Slackware. Em 2001, consolidando sua marca
junto a empresas, é lançado o SuSE Linux Enterprise Server.
Em setembro de 2003, a empresa mudou o seu nome para SuSE
Linux. Em 2004, a Novell, fornecedora de um ambiente de redes
muito utilizado no passado, comprou a SuSE Linux. Embora o
SuSE fosse código aberto, o desenvolvimento era realmente feito
internamente à empresa. Para atingir uma maior base de usuários/
desenvolvedores, no processo colaborativo próprio dos projetos de
código aberto, a Novell criou a distribuição OpenSuSE, mantendo
todos os recursos que o sustentam. Como parte do processo, a
ferramenta de gerenciamento Yast, que era propriedade da SuSE,
foi liberada sob a licença GPL.

A Novell comercializa duas linhas de produtos, mesa (desktop)


e servidor. São soluções completas que vão de ponto de vendas
até centro de dados. Há toda uma gama de suporte, como
consultoria, treinamento e acesso a várias ferramentas de ajuda.

- A seguir, leia a síntese da unidade, dedique-se à resolução das


questões, cujo comentário está no final do livro e consulte as indicações
para aprofundar conhecimentos sobre o assunto estudado.

Unidade 3 75

software_livre.indb 75 28/06/11 10:58


Universidade do Sul de Santa Catarina

Síntese

As potencialidades do software de código aberto são tão grandes


que novos modelos de negócios são criados a cada ano. Algumas
empresas não conseguem sobreviver, mas muitas têm tanto sucesso
que acabam sendo compradas por grandes empresas, como a recente
aquisição do banco de dados MySQL pela Sun MicroSystems.

Há várias formas de obter lucro com o software de código


aberto, mesmo que este em si seja gratuito - a isto chamamos
modelo de negócios para software de código aberto. Empresas
como a RedHat, SuSE, Mandriva e outras se constituíram ao
redor do sistema operacional Linux e hoje são fornecedoras de
soluções para empresas de grande porte, nos chamados processos
de missão crítica. Outro exemplo é o banco de dados MySQL,
recentemente comprado para a Sun Microsystems.

É importante observar que, na maioria das vezes, a aquisição de


um produto software de código aberto não restringe ou torna
o projeto proprietário, mas sim fortalece o produto. Como nos
casos das distribuições Red Hat e SuSE, paralelamente foram
mantidas distribuições de código aberto que se beneficiam do
desenvolvimento da comunidade bem como de mão de obra
fornecida pelas empresas.

76

software_livre.indb 76 28/06/11 10:58


Software Livre

Atividades de autoavaliação

1.) O aumento da taxa de transferência na conexão à internet é um dos


fatores que auxiliaram na difusão do software de código aberto. Até
uns 10 anos atrás ou menos, as conexões via linha telefônica de no
máximo 56Kbps eram a regra para a maioria das pessoas em suas
casas. O que significa Kbps? Quanto tempo demoraria, teoricamente,
para baixar uma distribuição de um CD com 700MB com uma conexão
destas? Como isto influenciou o surgimento das primeiras empresas de
software de código aberto?

2.) Consulte a Internet e levante os endereços de duas distribuições


gratuitas de Linux.

Unidade 3 77

software_livre.indb 77 28/06/11 10:58


Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos:

Visite os sítios das distribuições RedHat <http://www.redhat.


com.br/>, SuSE <http://www.suse.com> e Mandriva <www.
mandriva.com>. Observe como estas empresas construíram
ofertas de produtos e serviços ao redor de produtos de código
aberto.

Visite os portais de algumas empresas que atuam com serviços


direcionados ao produto de código aberto. Veja como é um
campo em pleno desenvolvimento e como estas empresas
oferecem serviços ao redor de produtos de código aberto:

<www.utah.com.br>
<www.megawork.com.br>
<www.lm2.com.br>
<www.lnx-it.inf.br>
<www.go-global.com.br>
<www.async.com.br>
<www.visuelles.com.br>
<www.konsultex.com.br>

Leia este artigo sobre as mudanças ocorridas no modelo de


negócios da IBM, com a adoção, que empreendeu, de soluções
de código aberto: <http://wharton.universia.net/index.cfm?fa=vie
wArticle&id=828&language=portuguese&specialId=78>.

software_livre.indb 78 28/06/11 10:58

Você também pode gostar