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Desafio Cético

É possível conhecer/justificar as nossas crenças?

➢ Sim: Fundacionalismo.

Há crenças básicas – infalíveis, irrefutáveis e indubitáveis – que justificam os diferentes


sistemas de crenças (não básicas) da mesma forma que as fundações ou alicerces suportam
um edifício.

Racionalismo: é uma teoria filosófica que se baseia na afirmação de que a razão é a


fonte do conhecimento humano. O conhecimento é baseado no uso da razão e da
lógica. Indivíduos tem conhecimentos inatos. Acreditam na intuição. – Crenças básicas
“a priori”.

Empirismo: é uma teoria filosófica baseada na ideia de que a experiência é a fonte do


conhecimento. O conhecimento é baseado na experiência e experimentação.
Indivíduos não possuem conhecimentos inatos e não acreditam na intuição. – Crenças
básicas “a posteriori”.

➢ Não: Ceticismo radical.

Posição que defende que o conhecimento proposicional não é possível. Por mais fortes que
sejam as nossas crenças e por melhores que nos pareçam as suas justificações, estas serão
sempre insuficientes.

Não é possível o sujeito apreender o objeto, não sendo possível qualquer conhecimento.

Argumento Cético
1. Se há conhecimento as nossas crenças estão justificadas.
2. As nossas crenças não estão justificadas.
3. Logo, não há conhecimento.

O fundador do ceticismo foi Pirro de Élis. Os princípios da sua obra são expressos pela palavra
acatalepsia que define a impossibilidade de se conhecer a própria natureza das coisas.

O conhecimento humano não passa de probabilidade: nunca chega à certeza. Qualquer


afirmação pode ser contraditada por argumentos igualmente válidos.

O cético radical suspende o juízo : conduz à ataraxia, isto é, a ausência de inquietude,


preocupação de ânimo; estado de neutralidade em que nada se afirma nem nada se nega.

Na teoria da CVJ, todas as crenças são justificadas através de outras e o cético baseia-se nisso,
por tal dá-se o ceticismo.
Ceticismo Critico/Filosófico
É aquele que apresenta argumentos para justificar que o conhecimento não é possível.

Tem a ver com a cadeia de Tese


justificações: C1 -> C2-> C3-> C4->…

Dilema Moral: valorizar algo prescindindo de algo

Falacia: falsos dilemas “Amas ou odeias”, argumentos que parecem verdades e não são.

Face a este problema os céticos apresentam 3 hipóteses, um trilema:

➢ Trilema destrutivo: baseia-se na apresentação de 3 hipóteses, sendo que basta


que uma se verifique para que o conhecimento não seja possível:
1. Terminar numa crença arbitraria, isto é injustificada

Vai recuando na cadeia das causas/justificações até uma crença que seja injustificada

C1 -> C2-> C3-> C4->… (Big Bang; Deus) são crenças arbitrárias/injustificáveis

2. Cair num circulo vicioso ou argumento circular

Deus existe porque a bíblia assim o afirma. A bíblia assim afirma porque se baseia em
Deus.

A B

3. Regressão infinita

Arranja-se sempre crenças que justificam a anterior

A -> B-> C-> D -> E->…..

Concluindo o ceticismo, se as nossas crenças não são justificadas então o conhecimento não é
possível.

O ceticismo no sentido pratico tornaria a nossa vida muito difícil.

É autodestrutivo, contraditório, porque nem o cético sabe que o conhecimento é impossível.

Sócrates disse: “Só sei que nada sei”, o que acaba por ser cético uma vez que já sabe alguma
coisa.

O que é a dúvida?
A dúvida é uma arma cética usada por Descartes, é metódica, método, é um caminho,
estratégia, meio, instrumento para alcançar um objetivo, fim e de certa forma afastar tudo
aquilo que não é verdadeiro.
Esta é pode ser:

• Metódica: para afastar tudo aquilo que não é verdadeiro.


• Provisória: não projeta duvidar para sempre, duvida a prazo, logo termina
quando encontrada a verdade.
• Universal: nada escapa ao domínio/âmbito da dúvida, aplica-se a tudo.
• Hiperbólico: rejeita como se fosse falso tudo aquilo em que se note a mínima
suspeita de incerteza, por outras palavras, leva ao extremo/excesso
/exagero, leva ao limite total.

Se houver uma crença que sobreviva a isto então podemos construir um saber sólido.

Descartes
Se o edifício do conhecimento parece estar assente em falsidades devemos “deitar
abaixo” e filtrar o que é verdade ou não.

Por tal Descartes, começa por duvidar do mais banal.


Âmbito da dúvida de Descartes: são os domínios sobre os quais a dúvida vai assentar.

1. Tudo o que aprendeu ao longo do seu processo educativo,


isto é, põe em questão tudo aquilo que lhe foi apresentado
como verdadeiro na educação recebida.

2. Poem em dúvida todas as informações provenientes dos


sentidos.

Coloca em dúvida os sentidos, uma vez que os considera enganadores (argumento utilizado).

Tal como os sentidos proporcionam frequentemente ilusões.

O argumento usado é a Indistinção entre Vigília (acordado)-sono(dormir): se


durante o sono observo sonhos (ilusões), quem me garante então que a vigília
é verdade ou apenas uma ilusão? Não temos como distinguir estar acordado
ou a dormir.

É um aprofundamento do argumento de que os sentidos são enganadores.

3. Erros de raciocínio: é possível errarmos ao pensar.

Coloca em causa as próprias demonstrações da matemática e da geometria (ciências baseadas


no cálculo). Se nos enganamos a fazer um cálculo, quem nos garante que o que nos parece
certo estar realmente certo? E quem nos garante que não nos escapou algo??

O momento hiperbólico (exagero/extremo) da dúvida cartesiana, é quando Descartes cria a


4ª hipótese do Génio Maligno (argumento).
4. O Génio Maligno põe todas as suas capacidades ao seu
dispor para me enganar.

Este argumento serve para equacionar a hipótese de que todo o conhecimento a meu dispor é
um cenário que este Génio Maligno coloca a meu dispor.

Coloca em causa a existência de toda a realidade. E agora para ser mais incisivo coloca ainda
em causa o próprio corpo.
Percebemos que esta a levar
isto ao expoente máximo.

Descartes colocou tudo em dúvida, ou seja, ficou sem nada, e por tal afirma que na verdade
nada é certo.

É um racionalista que autorreconhece como indubitavelmente.

Critério para descobrir a verdade: é a clareza e a distinção.

Ao afirmar “Penso, logo existo”, supera o facto de nada saber, de duvidar de tudo uma vez que
diz que pensa e por sabe que existe.

Com a dúvida destruiu tudo, mas surgiu a fase construtiva:

✓ 1ª crença básica: Cogito “Penso, logo existo”

A primeira verdade/evidencia para o conhecimento é do “(eu)Penso”. É necessário


para duvidar, pensar e é igualmente necessário existir para pensar.

O cogito sobrevive ao Génio Maligno, pois a partir do momento em que questiono,


estou a pensar, por tal não posso fingir que existo.

Porem, existo enquanto um ser que pensa porque, pode dar-se o caso de, deixando de
pensar, deixe de existir.

Logo, a única coisa de que está seguro é de ele próprio

Mas não está seguro do Res extensa. Res cogitous – coisa pensante
substância que pensa.

Coisa extensa, substância material

É por esta distinção, que percebemos o alvo da critica: Dualismo Cartesiano.

É a distinção que Descartes faz entre a mente (cogito/alma) e o corpo.

É absolutamente possível ter a certeza que se é uma mente sem ter a certeza que se é
um corpo. (A mente não precisa de estar em nenhum bem material.) Com isto
presume como consegue pensar na existência de mente sem pensar no corpo, então
são completamente distintas que podem existir independentes.

A alma é imortal, pois esta pode continuar mesmo que o corpo padeça.
No entanto, não conseguimos pensar sem cérebro.

Como é que o cogito pode progredir, sendo que se descobriu a si próprio?

Eu duvido, logo penso, logo existo.

Sei sobre mim próprio, porem se duvido sou


Porém, só me posso reconhecer como
imperfeito porque parece claro que saber, é mais
imperfeito porque tenho em mim a ideia de
perfeito do que duvidar, isto é, ter dúvidas não é
perfeição.
tao perfeito como não ter duvidas.

Eu ser imperfeito, não posso ser o autor da ideia de perfeição que reconheço em mim,
uma vez que não tenho capacidade de criar o padrão de perfeição. Por outras palavras, o
Homem não pode dar origem à perfeição.

Quem pode o mais difícil, pode o menos difícil, isto é, os efeitos não podem ser
superiores as causas. No cartesiano o nada não pode dar a realidade.

Assim, a ideia de perfeição só pode ter sido colocada na minha mente por um ser
absolutamente perfeito que aí a deixou tal como um artista deixa a sua própria marca na sua
obra, esse ser é Deus, para tudo dizer numa palavra.

1 dos argumentos para a existência de Deus.

2º argumento: Deus tem de existir, por ser um ser perfeito, logo não pode exibir a
imperfeição de não existir.

Deus deísta: cuja a sua existência é justificada filosoficamente.

Deu jeito a Igreja, pois encontraram um filosofo que justificava a existência de Deus.

O problema de Descartes é que ele confunde a ideia de perfeição com a própria imperfeição.

Deus não sendo um ser enganador não me fará acreditar que tenho um corpo se não tivesse,
por tal acaba de matar a ideia do Génio Maligno.

Argumento da marca, a
causa da ideia de perfeição.
Racionalismo cartesiano
A origem do conhecimento é a razão “a priori”.

Descares considera que existem 3 tipos de ideias e classifica-as:

• Inatas: nascem connosco; fazem parte da estrutura da própria razão,


todo o Homem tem a sua mente mesmo que ignore.

Exemplos de ideias inatas: Cogito; Ideia de perfeição; Deus.

Mesmo que um ser esteja privado do conhecimento apenas com as ideias inatas consegue ter
cogito, ideia de perfeição e acreditar que Deus existe.

Pode-se também designar de Racionalismo Inatismo.

• Adventícias: advém, provém, originam da informação captada pelos


sentidos.

Exemplos: mesa, azul, carro, corpo.

• Factícias: produzidas pela imaginação a partir de ideias adventícias.

Exemplo: peixe + mulher= sereia

Criticas/objeções a Descartes
1. O dualismo cartesiano, ao defender uma divisão/separação radical entre a
mente (alma) e corpo, não está devidamente fundamentada e o modo de
ligação entre ambos defendido por Descartes (glândula pineal) não tem
sentido.
2. Ao cogito como eu penso. No momento em que descobre que pensa, usa a
expressão “eu penso”, mas se coloca tudo em causa não seria possível afirmar
que é um “eu”. Na fase da descoberta do Cogito, Descartes (tendo levado a
dúvida ao máximo limite possível) não estava em condições de assumir a
existência de um “eu”. Um “eu” significa uma separação, individualização de
algo que, nesta fase, Descartes não está em condições de garantir. Por isso,
devia antes ter dito “há pensamento”.
3. Critica às provas cartesianas da existência de Deus. Descartes, argumenta que
um ser imperfeito é por natureza incapaz de gerar algo mais perfeito, o que é
discutível. Por isso, alega que apenas um ser absolutamente perfeito pode ser
o autor da ideia de perfeição, confundido essa mesmo ideia com a perfeição
propriamente dita (se é que tal existe).
4. Ao círculo cartesiano. Descartes encontra no Cogito a sua 1ªcrença básica, a
partir da qual conclui a existência de Deus.
Deus, por sua vez, é fundamental no pensamento cartesiano, na medida em
que é o garante das outras crenças básicas, nomeadamente da confiança na
razão, na descoberta de verdades. Na medida em que justifica Deus a partir do
Cogito e a confiança no cogito a partir de Deus, Descartes incorre num
argumento circular.
Falácia
David Hume
Empirismo humano, vai buscar a sua tese a:
✓ Aristóteles (nada está na mente sem que primeiro tenha passado pelos
sentidos).
✓ Locke (a mente é uma tábua rasa)

As crenças básicas para David são as que provem diretamente da nossa experiência sensível
imediata. (exs. Visuais, auditivas) e é o que funciona como uma crença completamente
“indiscutível”.

Não põe nada em dúvida, porque considera que a mente está vazia.

O caminho do conhecimento, para David, é aquele que vem do exterior, que nos impressiona
de alguma forma através dos sentidos, sendo a porta direta para o conhecimento, mente.

✓ Qual é o conteúdo das mentes (perceções)?

São de 2 tipos:

1. Impressões: dados (informação) da experiência imediata.

Sentidos internos e externos: sentir, desejar, gostar/odiar, saborear, ouvir….

Conteúdos que se caracterizam pelo enorme grau de intensidade e vivacidade.

2. Ideias: cópias enfraquecidas das impressões que lhes deram origem.

Recorrem à memoria ou à imaginação para representar mentalmente impressões anteriores. –


Como se criam. (ex. a memoria de uma dor de dentes é menor do que a dor em si)

É um conteúdo menos vivo e menos vivo.

Conclui-se que é preciso representações mentais para pensar.

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