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Oceanos de Vinho - O Vinho da Madeira e a Organização do

Mundo Atlântico (1640-1815) de David Hancock

O comércio dos vinhos da Madeira nunca foi de fácil distribuição, por conta das
taxas de transporte, o difícil armazenamento ou a não adaptação das preferências dos
consumidores.
Na segunda metade do século XVIII começaram a surgir diversas inovações na
produção do vinho que persistem até os dias de hoje. Do outro lado do oceano, Randle e
Jonh Mitchell, conceberam uma versão básica de cadeia de lojas, um pouco antes da
Revolução Americana, no entanto, este sistema não durou e a forma de organização em
cadeia seria reinventada mais tarde.
A descentralização poe em causa a visão tradicional dos Estados, no entanto no
comércio de vinho da Madeira não existia influência do Estado, embora existisse uma
Aliança entre Portugal e Grã-Bretanha, a transação do vinho não era afetava, pois estava
sujeito a interpretações locais.
As redes foram se criando através de relações informais, facilitando a ligação das
pessoas, objetos e de ideias, cruzando as terras e os mares do início do período moderno,
servindo de suporte a economia interimperial em evolução. Este processo desenvolveu-
se de maneira “natural”, ninguém estava ciente da sua real extensão, os indivíduos fora
dos grandes centros procuravam resolver os problemas locais através das suas redes, este
processo foi designado de auto-organização, ou seja, “organização interna de um sistema,
normalmente um sistema aberto, aumenta automaticamente sem ser guiada ou gerida por
uma fonte externa”.
No final do século XVIII, no Atlântico, o vinho da Madeira era considerado
multinacional e interimperial. Na Carolina do Sul, no interior da Virgínia, nas Índias
Orientais e Ocidentais, Londres adquiriu significados semelhantes, com toque de luxo e
cosmopolitismo.
O vinho da Madeira se tornou um caso de estudo, pois o modo que era produzido,
distribuído, consumido e utilizado para os projetos económicos, sociais e políticos
tornaram-no num exemplo transimperial. O vinho da Madeira liderou as importações de
vinho para a América anglófona entre 1640 e 1815.
A gestão dos negócios era realizada por correspondência com os clientes e
fornecedores na Grã-Bretanha, na Europa, em Africa e nas Américas. Os importadores e
revendedores realizaram relações com os exportadores de vinho da Madeira, para
conseguirem obter vinho por seu intermedio. Os riscos eram elevados, a carga poderia ser
perdida para corsários ou piratas, ou ainda devido a Natureza.
A forma mais comum do comercio do vinho da Madeira era a consignação a um
exportador pelo importador-revendedor, ou seja, o exportador suportava o risco e
financiava a viagem e o mercador era responsável por vender o vinho.
Os interesses dos madeirenses e americanos estavam interligados pelas iniciativas
conjuntas, pois quando os navios se dirigiam para a Madeira transportavam cereal e
farinha e voltavam com o vinho. Existia agressividade empresarial, no entanto as relações
de fornecedores tinham por base a confiança, por consequência dos atrasos e das
distâncias a honestidade dos correspondentes tinha de ser estabelecida previamente.
As redes de vinho da Madeira são importantes pois apresentam três traços de
grande relevo, existia relações pessoais, os laços não eram hierárquicos e a participação
era voluntaria. O objetivo central era conseguir o êxito e evitar o fracasso.

Aluna: Joana Mendes nº2101010

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