Você está na página 1de 7

INTRODUÇÃO À PESQUISA:

EDUCAÇÃO MOTORA E A VIVÊNCIA


EDUCATIVA NA INCLUSÃO
Ana Karoline dos Santos Siqueira¹
Mosa Amélia de Albuquerque Loureto
Carla Eckel²

RESUMO

A educação é um tema sensível na sociedade brasileira e, desde 2020, quando se instalou a


pandemia do Coronavírus, a pauta ganhou ainda mais relevância. Um cenário que já se mostrava
extremamente desigual e com diferentes realidades em um Brasil de proporções continentais, foi
marcado por desafios ainda maiores relacionados à aprendizagem de jovens e adolescentes.
Lidar com dificuldades de aprendizagem é um desafio a ser trabalhado e, atrelado a isso, é
necessário transformar certas crenças ultrapassadas ou preconceitos. Educadores e gestores
devem criar práticas inclusivas e transformadoras em sala de aula.
A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na educação infantil é um
processo que tem enfrentado inúmeros obstáculos, os quais carecem de intervenção urgente em
prol de uma verdadeira e efetiva educação inclusiva.

Palavras-chave: Educação Infantil. Educação Inclusiva. Instituição.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Hubner (2020, p. 28), “as expressões “educação inclusiva” e “educação para todos”
tornam-se insuficientes quando restritas a um único recorte, é importante sempre partir de um
conceito amplo de diversidade para planejar nossas atividades. Além da deficiência, nossas
discussões e ações buscam contemplar aspectos socioeconômicos, raciais, de gênero, culturais e
demais atributos integrantes da heterogeneidade humana”.

Ao longo da história, pessoas com deficiência sofreram vários processos de discriminação,


falta de oportunidades e inúmeras dificuldades para sua inclusão social e educacional. Na sociedade
espartana, por exemplo, o indivíduo que nascesse com alguma deficiência física deveria ser
executado pelo ato conhecido como eugenia. Muitos paradigmas foram quebrados durante as
transformações de valores sociais e atualmente já é possível falar de inclusão. No Brasil, existe a
Lei Brasileira da Pessoa com Deficiência que confere direito ao acesso à educação, porém
negligências como a falta de infraestrutura adequada e de processos educativos inclusivos geram
grandes entraves para uma inclusão educacional.

É inegável que a falta de adaptações para pessoas com deficiência nas escolas brasileiras,
limita seu livre acesso. Essa realidade pode ser observada por meio da falta de rampas, corrimãos,
adaptações dos banheiros e salas de aula, problemas encontrados tanto nas escolas públicas quanto
nas escolas privadas. Com isso, o indivíduo encontra dificuldades para frequentar o âmbito escolar,
o que pode acabar afastando-o do mesmo.

Logo, tais limitações podem comprometer o desenvolvimento educacional e social das


pessoas com deficiência.  Vale ressaltar, também, que o processo de aprendizagem implantado nas
1 Ana Karoline dos Santos Siqueira, Mosa Amélia de Albuquerque Loureto
2 Carla Eckel
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagógia (FLC3876) – Prática do Módulo IV – 27/09/2022
2

escolas não direciona e dinamiza de forma eficaz o ensino aos portadores de deficiências especiais.
Atividades interativas, aulas vídeo-visuais e jogos educativos são recursos inclusivos, mas com
baixas aplicações nas escolas. Assim, o sistema educacional permanece no padrão tradicional, não
sofrendo mudanças para se conquistar a inclusão.

A modalidade de Educação Especial está definida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


(Lei nº 9.394/1996) e tem como público-alvo educando com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, sendo transversal a todos os níveis, etapas e
modalidades de ensino. Portanto, está presente em toda a Educação Básica. Hoje, no Brasil, a
Educação Especial assume uma perspectiva inclusiva, ou seja, pressupõe que todos os estudantes
devem conviver e compartilhar o mesmo ambiente de ensino e aprendizagem, livres de
discriminação injustas de qualquer natureza, participando e aprendendo junto dos demais. Nesse
sentido, a escola inclusiva valoriza as potencialidades de cada sujeito e dá condições para que todos
aprendam e se desenvolvam integralmente.

Independente do gênero, classe social ou outras características individuais ou sociais, a


inclusão é um direito fundamental de todas as crianças. Enquanto direito fundamental, o direito à
inclusão não pode ser negado a nenhum grupo social nem a nenhuma faixa etária. A inclusão
garante que todas as crianças, independentes das suas características e diferenças, acedam a uma
educação de qualidade e vivam experiências significativas.

A inclusão obriga a repensar a diferença, pois cada criança tem características, interesses,
capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias. Segundo a perspectiva inclusiva
aceitar a diferença implica respeitar as características, os interesses, as motivações e os projetos de
vida de cada criança, o seu desenvolvimento global.

É muito importante que a inclusão no sistema educacional se inicie na educação infantil.


Este é o local no qual as questões suscitadas a respeito da diversidade e o encontro com o diferente
acontecem em situações corriqueiras, diferente do que ocorre em outros níveis educacionais. A
primeira infância é um lócus excepcional, este é o começo da escolarização, a partir do qual
devemos discorrer e praticar uma verdadeira educação emancipatória.

A educação inclusiva pode ser entendida como uma concepção de ensino contemporânea
que tem como objetivo garantir o direito de todos à educação. Ela pressupõe a igualdade de
oportunidades e a valorização das diferenças humanas, contemplando, assim, as diversidades
étnicas, sociais, culturais, intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres humanos. Implica a
transformação da cultura, das práticas e das políticas vigentes na escola e nos sistemas de ensino, de
modo a garantir o acesso, a participação e a aprendizagem de todos, sem exceção.

A educação inclusiva prevê o uso de diferentes materiais pedagógicos para alcançar um


mesmo objetivo de ensino. Nesse caso, a referência para a escolha ou desenvolvimento de
atividades deve ser o próprio estudante, suas necessidades (baseadas em características físicas,
sensoriais ou outras), seus interesses e habilidades, visando sempre a equiparação de oportunidades.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A política de educação inclusiva diz respeito à responsabilidade dos governos e dos sistemas
escolares de cada país com a qualificação de todas as crianças e jovens no que se refere aos
conteúdos, conceitos, valores e experiências materializados no processo de ensino aprendizagem
escolar, tendo como pressuposto o reconhecimento das diferenças individuais de qualquer origem.
3

“Surge, dessa forma, uma política nacional de educação, ancorada na Lei n° 4.024/61 (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB), com a recomendação de integrar, no
sistema geral de ensino, a educação de excepcionais, como eram chamadas na época as
pessoas com deficiências.” (BRUNO, 2006, p.10).

“Por isso, a inclusão assume que a convivência e a aprendizagem em grupo é a melhor forma de
beneficiar a todos, não somente às crianças rotuladas como diferentes” (Forest & Pearpoint, 1992).
“O termo necessidades educacionais especiais refere-se a todas aquelas crianças ou jovens
cujas necessidades se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem.
As escolas têm de encontrar maneira de educar com êxito todas as crianças, inclusive as
que têm deficiências graves.” (BRASIL, 1994, p.17-18).

“Um amplo excesso de representação das minorias na educação especial sugere um aspecto racista
da continuidade de programas separados” (Villa e Thousand 1995, p.33).

“A necessidade de mais conhecimento sobre como efetivamente educar crianças e jovens


com diferentes habilidades nunca foi maior. Governos pelo mundo reconheceram que
alcançar o direito à educação para todos requer que todos signifiquem todos, e isso inclui
alunos com deficiência. No entanto, para que as aspirações refletidas nas leis e
regulamentos se tornem realidade, é essencial que práticas didáticas e a própria cultura da
educação se transformem. Leis não se auto implementem pessoas implementam”. (Rodrigo
Hübner Mendes, 2020, P. 11)

“é uma forma de vida, uma maneira de viver juntos, baseado na crença de que cada indivíduo é
valorizado e pertence ao grupo. Uma escola inclusiva será aquela em que todos os alunos sintam-se
incluídos” (Patterson 1995, p. 5).

“Para se tornar inclusiva, a escola precisa formar seus professores e equipe de gestão, e
rever as formas de interação vigentes entre todos os segmentos que a compõem e que nela
interferem. Precisa realimentar sua estrutura, organização, seu projeto político-pedagógico,
seus recursos didáticos, metodologias e estratégias de ensino, bem como suas práticas
avaliativas”. (GLAT, 2009, p. 16)

“Incluir não tem segredo. Basta receber um aluno, seja ele quem for. Acolher com amor, ter a
sensibilidade de perceber e pesquisar o que ele realmente precisa de apoio para se desenvolver em
todos os sentidos”. (Emílio Figueira, 2019, P. 11)

“o governo brasileiro não oferece apoio suficiente para que famílias com crianças deficientes que
criem seus filhos em casa e que adultos com deficiência vivam de forma independente, resultando na
escolha pela institucionalização” (HUMAN RIGHTS WATCH, 2018, p.2).

“Na inclusão, a diferenciação curricular que se procura é aquela na qual não se separam os
alunos com base em determinadas categorias, mas em que se educam os alunos em
conjunto, procurando aproveitar o potencial educativo das suas diferenças, em suma, uma
diferenciação na classe assumida como grupo heterogêneo”. (RODRIGUES, 2003, p. 92)

“Um amplo excesso de representação das minorias na educação especial sugere um aspecto
racista da continuidade de programas separados” (Villa e Thousand 1995, p.33).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A prática pedagógica inclusiva deverá se constituir pela junção do conhecimento adquirido


pelo professor ao longo de sua trajetória e da disponibilidade em buscar novas formas de fazer
considerando a diversidade dos alunos e as suas características individuais.
4

Além da percepção do aluno como capaz, o professor que quer fazer de seu trabalho uma
ação inclusiva terá que pensar na modificação de sua prática pedagógica. Nos dizeres de Sacristán
(1995, p.76):

A mudança em educação não depende diretamente do conhecimento, porque a prática


educativa é uma prática histórica e social que não se constrói a partir de um conhecimento
científico, como se se tratasse de uma aplicação tecnológica. A dialética entre
conhecimento e ação tem lugar em todos os contextos onde a prática acontece.

Anteriormente nos referimos ao fato de que não sabemos ser inclusivos. Isso decorre das
experiências culturais e sociais as quais fomos submetidos. Há menos de duas décadas, cursos de
formação de professores sequer referiam à existência das diferenças educacionais advindas das
deficiências, o que resultou em uma formação e, consequente prática, desvinculada de tal realidade.
A formação inicial e continuada dos professores da educação infantil com vistas à superação de tal
modelo é imprescindível. Essa formação deve abranger a reflexão sobre o papel do professor na
formação de todos os seus alunos.

A presença do aluno com deficiência na escola comum tem se intensificado nos últimos
anos, porém essa presença nem sempre é bem vinda em decorrência da falta de experiências
anteriores com tal clientela. A escola inclusiva terá que construir uma história de interação com
esses alunos de modo que se percebam indivíduos capazes de aprender. Percepção envolve contato
direto. Sem o estabelecimento de uma relação de ver, ouvir, tocar etc. não é possível conhecer o
outro.

A escola, com todos os seus atores, deve se abrir para essa experiência do conhecer. Muitas
vezes considera-se a necessidade de preparo da escola para receber o aluno com deficiência,
incluindo nesse preparo cursos de formação para todos os envolvidos no processo educacional.
Embora sejam ações importantes e necessárias, por si só não modificam práticas. Há que se permitir
que a convivência estabeleça relações de percepção capazes de levar às mudanças conceituais
necessárias.

Aos pares, a convivência desde a educação infantil em um modelo inclusivo pressupõe a


formação de novas gerações com concepções sem preconceitos sobre o outro. Se não categorizamos
algo ou alguém como superior ou inferior, esse traço não fará parte de sua constituição. Conforme
Arroyo (1998, p. 41),

[...] nada justifica, nos processos educativos, reter, separar crianças, adolescentes ou jovens
de seus pares de ciclo de formação, entre outras razões, porque eles aprendem não apenas
na interação com os professores-adultos, mas nas interações entre si. Os aprendizes se
ajudam uns aos outros a aprender, trocando saberes, vivências, significados e culturas.
5

FONTE: Müller (2013)

A Figura 1 tem a finalidade de ilustrar a forma que o aluno poderá utilizar para apresentar o seu
registro fotográfico. Observe que ela está devidamente referenciada e contém o seu título de acordo
com o estabelecido pela Norma NBR-6023. Esta norma estabelece os elementos a serem incluídos
nas referências, fixa a ordem dos elementos das referências e destina-se a orientar a preparação e
compilação de referências de material utilizado para a produção de documentos (ABNT, 2002).

Foto: Wavebreakmedia. Fonte: iStock.

A Figura 2 garante o direito à educação de qualidade para pessoas com deficiência envolvendo uma
série de ações que devem estar articuladas entre si. A ideia do documento é contribuir para a
construção de uma agenda prioritária, levantando os principais pontos que devem ser observados
dentro da Educação Especial a partir das próximas gestões.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Falar em inclusão nos remete às discussões sobre o direito à igualdade e o direito à


diferença. As sociedades são, por mais homogêneas que tentem aparentar, multiculturais em sua
essência. Não há país ou grupo social no qual todos os indivíduos sejam ou hajam da mesma forma,
ou que professem a mesma fé, ou tenham as mesmas aspirações. Tanto nas suas ações cotidianas em
busca da sobrevivência, como nas interpretações simbólicas da existência, os seres humanos são
absolutamente únicos. Um grupo se constrói por uma necessidade histórica de estar junto aos
outros.
A educação brasileira tem discutido de forma mais efetiva, a pouco mais de uma década, um
novo paradigma em que a escola, segmento social fundamental na formação humana, deverá
oferecer a todos os indivíduos condições plenas de desenvolvimento. Esse paradigma recebe o
adjetivo de novo porque historicamente a escola não se constituiu como espaço aberto de educação
6

para toda população brasileira. O movimento denominado de inclusão escolar é relativamente novo
se considerarmos o grande período de exclusão escolar que muitas minorias historicamente
marginalizadas viveram, sendo estas impedidas de usufruírem das oportunidades educacionais
disponibilizadas aos que tinham acesso à educação. A educação inclusiva pressupõe uma
reorganização no sistema educacional de forma a garantir acesso, permanência e condições de
aprendizagem a toda população em idade escolar. Embora “toda” seja abrangente e englobe uma
variedade de segmentos, nesta reflexão vamos nos ater a um segmento populacional específico,
alunos com deficiência, que, por características distintas, muitas vezes requerem da escola ações
diferenciadas.

5. CONCLUSÃO

 Diante do que foi exposto acima, é imprescindível uma intervenção contínua e universal do
Governo. A capacitação, o treinamento dos pedagogos e investimentos em novas e adequadas
estruturas são essenciais para reduzir as dificuldades atuais. Além disso, o apoio das mídias sociais
auxilia na conscientização social sobre a importância da inclusão de toda e qualquer pessoa com
deficiência nas escolas do Brasil.

Tendo em vista que os anos na escola fazem parte da formação não apenas acadêmica, mas
também do caráter dos indivíduos, uma educação inclusiva se torna essencial para que desde a
infância os estudantes aprendam a conhecer, a interagir, a compreender, reconhecer e a valorizar as
diferenças dentre a diversidade de possibilidades do ser humano. Para o ambiente escolar, é
extremamente importante pois cria um ambiente inclusivo, acolhedor e participativo a todos,
enriquecendo ainda mais a vida acadêmica. Uma tal formação proporcionada pela educação
inclusiva se reflete também na vida adulta, para além das escolas, e na gradativa mudança de
culturas sociais esteriotipadas para com os deficientes ou diferentes.

Se incluir é um processo, valorizemos cada atitude, expressão e conquista como elo para
quebrar ações excludentes, sobretudo aquelas bem sutis as quais jamais pensamos. Logo, a
educação transforma humanos, e nesse caminhar devemos estar sempre prontos para nos modificar,
criar, brincar e imaginar.

REFERÊNCIAS

- AMARAL, Míriam Matos. A Inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na


educação infantil: uma análise do currículo moldado pelas práticas pedagógicas de professoras da
rede municipal de ensino de Belém. 2006. 140 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do
Pará, Centro de Educação, Belém, 2006

- FIGUEIRA, Emilio. “Introdução Geral à Educação Inclusiva”, “Equipe e Figueira Digital” São
Paulo (2019).

- MENDES, Rodrigo Hübner; CAVALHERO, José; GITAHY, Ana Maria.


Artes visuais na educação inclusiva: metodologias e práticas do
Instituto Rodrigo Mendes. São Paulo: Petrópolis, 2010.
7

- RODRIGUES, D. (2003) “Educação Inclusiva: as boas e as más notícias”, in: David Rodrigues
(Org.) “Perspectivas sobre a Inclusão; da Educação à Sociedade”, Porto Editora, Porto.

- ROPOLI, Edilene Aparecida. et al. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a


escola comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial,
Fortaleza. Universidade Federal do Ceará, 2010.

- SANTILLA, Fundação “ Educação Inclusiva Pratica” São Paulo (2020).

- SILVA, Sônia Venâncio de Araújo; SILVA, Maria Santana Silva. O Paradigma da Inclusão na
Educação Infantil. Disponível em;< http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/o-paradigma-da-
inclusao-na-educacaoinfantil>. Acesso em: 15 out. 2017.

- ZANATTA, E. M. Práticas pedagógicas inclusivas para alunos surdos numa perspectiva


colaborativa. 2004. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de São Carlos. 2004.

Você também pode gostar