Marly savioli
Unidade 02
Didática
Aplicada
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora
MARLY SAVIOLI
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
A AUTORA
MARLY SAVIOLI
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do desen- houver necessidade
volvimento de uma de se apresentar
nova competência; um novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações es-
necessários obser- critas tiveram que ser
vações ou comple- priorizadas para você;
mentações para o
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo, se
ou detalhado; forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamento atenção sobre algo
do seu conhecimento; a ser refletido ou
discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoaprendi- volvimento de uma
zagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Tendências pedagógicas na educação..............................11
Tendências Liberais...........................................................12
Tendência liberal-renovada.....................................13
Tendências Liberal-tecnicista..................................14
Tendências progressistas....................................................15
Tendência progressista-libertadora..........................15
Objetivos...........................................................................18
Conteúdos escolares..........................................................21
Metodologia de ensino......................................................22
Relação professor-aluno.....................................................23
Avaliação...........................................................................26
Avaliação diagnóstica.............................................29
Avaliação somativa................................................31
Planejamento de ensino......................................................33
Multidisplinaridade............................................................38
Pluridisciplinaridade..........................................................39
Interdisciplinaridade..........................................................40
Transdisciplinaridade.........................................................41
8 Didática
02
UNIDADE
DIDÁTICA APLICADA
Didática 9
INTRODUÇÃO
São muitas as referências teóricas que temos para elaborar nossas
aulas de forma eficiente e principalmente efetiva.
Conhecendo algumas teorias o professor será capaz de colocá-las
em prática e aperfeiçoá-las.
Para isso, é importante que tenha consciência de tudo que envolve
uma aula, o objetivo de aprendizagem e seu aluno.
Existem vários caminhos que pretendemos explorar nessa unidade,
para que você, futuro professor, seja capaz de assumir sua classe e atingir
seus objetivos de aprendizagem.
Como são organizadas as aulas? Por onde começar um plano de
aula? Como relacionar os conteúdos com a realidade e permitir que o
aluno entenda a aplicabilidade do conhecimento adquirido?
São perguntas como essa que tentaremos responder nessa unidade
e esperamos que contribua para seu desempenho como professor.
Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
10 Didática
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:
Tendências Liberais
As Tendências Pedagógicas Liberais surgiram no século XIX, sob
forte influência das ideias trazidas pela Revolução Francesa (1789), de
“igualdade, liberdade, fraternidade”. Receberam também, contribuições
do liberalismo no mundo ocidental e do sistema capitalista. Para os
liberais, a educação e o saber já produzidos (conteúdo), são mais
importantes que a experiência vivida pelos educandos no processo pelo
qual ele aprende. Dessa forma, os liberais, contribuíram para manter
o saber como instrumento de poder entre dominador e dominado.
As tendências pedagógicas liberais mais importantes são: Liberal
Tradicional e Tendência Liberal Renovada, vamos ver o que defendem
cada uma destas
Surgidas no século XIX e forjadas com o capitalismo, a tendência
Liberal entende o conhecimento como conteúdos fechados, sem
reflexão. A Manutenção do poder se manter com a manutenção de
classes, onde quem tem possibilidade de estudos tem mais poder que
os demais.
As mais importantes tendências são liberais são: Tradicional,
Liberal Renovada, Tecnicista e Renovada não- diretiva.
Fonte: Autora
REFLITA
Um aluno que participa desse tipo de educação sente-
se motivado para aprender e ir à escola? Reflita sobre as
características do povo brasileiro e sua cultura. Como isso
pode ser trabalhado com esse tipo de educação?
Tendência liberal-renovada
Vista como o mais forte movimento renovador, defende a escola
pública para todos, e mesmo assim reforça a divisão classes e garante
mais privilégios aos elitizados.
O objetivo inicial era garantir que um indivíduo livre, social e ativo.
Por educação nova entendemos a corrente que trata de mudar o rumo
da educação tradicional, intelectualista e livresca, dando-lhe sentido
vivo e ativo. Por isso se deu também a esse movimento o nome de
`escola ativa´” (LUZURIAGA, 1980, p. 227).
Com essa nova forma de olhar a educação o professor sai do
papel centralizador e o conhecimento passa a ser visto como fruto da
pesquisa e não um conhecimento fechado.
Alimenta-se ideias de proporcionar aos alunos a criatividade,
inventividade, experimentação, curiosidade estimulados por um
professor que deva estimular esses comportamentos.
Desdobra-se assim algumas escolas consideradas construtivistas.
Entendidas de forma arbitrária por alguns educadores, os alunos ficaram
livres demais e muito se perdeu nessa caminhada.
14 Didática
Fonte: Autora
Tendências Liberal-tecnicista
Influenciados pela força do militarismo, a escola sofre um
retrocesso e volta a trabalhar com uma educação tradicional, behaviorista,
que consequentemente ampliam garantias às elites, e assim mantem a
posição dominante na sociedade.
O tecnicismo volta a reafirmar o professor como centralidade
de poder e os conteúdos são trabalhados de forma fechada e sem
reflexões. A ideia é garantir a mão de obra para o mercado de trabalho
e as classes sem possibilidades de movimentação.
A compartimentalização do trabalho é reforçada pela
compartimentalização das disciplinas que são transmitidas com técnicas
de repetição.
O professor passou a ser refém de técnicas exigidas através de
materiais didáticos previamente estabelecidos.
Cabe dizer que esse movimento ainda insiste em acontecer nas
escolas. Professores aprenderam assim e ensinam assim.
Didática 15
Fonte: Autora
Tendências progressistas
Com o período de abertura política surgem as tendências
progressistas. Tendo Paulo Freire como seu maior inspirador, a educação
caracteriza-se pela valorização do sujeito no processo de aprendizagem,
progredindo a partir das experiencias pessoais e o professor volta ao seu
papel de mediador.
Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel
informativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas insiste
que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não
se elabora uma nova teoria do conhecimento e se os oprimidos não
podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que lhes permita
reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se de
outros.
Portanto, nessa concepção de escola, o aluno deve desenvolver
seu senso-crítico e ser capaz de se posicionar na sociedade,
estimulando o questionamento de classes. Por esse motivo é uma
prática que de certa forma influencia o posicionamento político-social.
Tendência progressista-libertadora
Advogando pela ideia de que as discussões e reflexões sobre
temas sociais e políticos deveria ser o foco central da educação, o
professor deve agir como um organizador de problematizações sobre a
realidade e o trabalho.
16 Didática
Fonte: Autora
Fonte: Autora
Didática 17
Fonte: Autora
Objetivos
Iniciaremos pelos objetivos de ensino, que serão citados e
explorados novamente na próxima unidade. Cabe neste momento
entender sua preponderância nesse contexto de aula.
Objetivos, em geral, discriminam aonde queremos chegar. Se vou
viajar, tenho um objetivo que é conhecer um determinado lugar.
Figura 7: Objetivos
Fonte: Autora
Didática 19
VOCÊ SABIA?
Os verbos usados em objetivos devem ter uma coerência
que respeite as características do aluno, suas possibilidades
seus prévios conhecimentos. Por exemplo, não é possível
solicitar um aluno que analise se ele ainda não consegue
identificar.
Didática 21
Conteúdos escolares
Neste ponto, passaremos brevemente sobre o assunto, pois como
já foi explanado, será foco de uma próxima unidade, onde teremos a
oportunidade de explorarmos com mais profundidade. Devemos, no
entanto, deixar claro algumas questões.
Os conteúdos devem ser gerados a partir dos objetivos e não o
contrário.
É muito comum que os professores tenham prontos os conteúdos
de cada série e, se forem obrigados, irão pensar em objetivos.
Justamente por esse motivo que as avaliações e as metodologias
usadas muitas vezes não estão alinhadas aos objetivos.
Objetivo
AULA
Avaliação Procedimentos
Fonte: Autora
Metodologia de ensino
A metodologia de ensino consiste na aplicação de diferentes
métodos no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo o dicionário Aurélio, metodologia consiste na arte de
dirigir o espírito na investigação da verdade. Aplicação do método no
ensino.
Método vem do latim “methodus” cujo significado é caminho
ou via para realização de algo. Meta (objetivo, finalidade) somado a
Hodos (caminho, intermediação).
Em nosso contexto, a metodologia vem complementar as ideias
iniciais apresentadas nessa unidade.
Se eu tenho um objetivo, já defini os conteúdos a serem
trabalhados, de que forma vou fazer isso, para garantir a aprendizagem
dos alunos?
Metodologia de ensino são os estudos das diferentes trajetórias
seguidas para se atingir os objetivos de ensino.
Quando um professor tem um objetivo a ser atingido ele precisa
pensar: quem são meus alunos? O que os atrairia para trabalhar esses
conceitos? Qual a aplicabilidade desses conceitos que eles poderiam
considerar relevantes? O que é significativo para eles? Quais estudos
já existem e fundamental essa aprendizagem? Posso usá-los nesse
contexto?
Se o professor de matemática tem por objetivo que os alunos
tenham decorado a tabuada, ele precisará de recursos de repetição. O
que ele pode fazer para que os alunos repitam as tabuadas? Antigamente
nós copiávamos várias vezes a mesma tabuada até decorá-las.
Hoje, antes da ação de decorar devemos garantir o entendimento
do que é multiplicação. Isso resolvido, o professor pode proporcionar
diversos exercícios em que o aluno consulta a tabuada para resolver.
Isso pode ajudar na decoração, porém existem muitos outros caminhos
como jogos, desafios, etc. O professor deve verificar o que mais atrai o
interesse do aluno.
Cabe ainda ressaltar que um método não é uma solução geral
para todos os alunos. Em uma determinada classe um método pode
ser eficiente, porém em outra, o professor precisará procurar outro
Didática 23
Relação professor-aluno
Para muitos esse é um aspecto que não tem valor. Professores
que aprenderam nas décadas de 1970, 1980, 1990, ainda têm em si o
registro do que eram como alunos. Respeitosos, e os professores sendo
a autoridade máxima de uma sala de aula.
Com a evolução humana as relações mudaram, e não se pretende
aqui estender os vários aspectos que levaram essas relações em sala
de aula a mudar tanto, mas aceitá-las e verificar de que forma tudo isso
influencia no cotidiano escolar e principalmente na aprendizagem.
O que se constata é que nas salas dos professores e que se ouve
muito sobre a irreverência e deboche dos alunos, a falta de interesse,
as consequentes notas baixas e muitas vezes o medo de se enfrentar
algumas classes, por terem alunos agressivos e que chegaram até a
agredir seus professores. É possível ensinar ou aprender nesse contexto?
24 Didática
Avaliação
O que é avaliar? Para que avaliamos? O que fazemos com os
resultados obtidos?
Essas são perguntas fundamentais para serem realizadas com os
professores. Será que pensam da mesma forma?
Normalmente a avaliação é vista como uma forma de repressão,
onde o aluno que não atinge a nota estabelecida como “boa” será
rotulado como ineficiente, preguiçoso, desinteressado e que não estuda.
Essa visão de avaliação é consequência da educação tradicional.
Lembram como Skinner condicionava os ratos? Por recompensa e
Didática 27
punição. Assim, fomos condicionados que ter uma nota baixa é uma
punição e ter uma nota alta é uma recompensa.
O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem
é reduzida a provas e notas; os alunos passam a estudar
para se dar bem na prova e para isso têm de memorizar
as respostas consideradas certas pelo professor ou
professora. Desaparecem o debate, a polêmica, as
diferentes leituras do mesmo texto, o exercício da dúvida e
do pensamento divergente, a pluralidade. A sala de aula se
torna um pobre espaço de repetição, sem possibilidade de
criação e circulação de novas ideias. (GARCIA, 1999, p. 41)
Mas o que é e para avaliar? No dicionário “Aurélio” encontramos
as seguintes definições: determinar o valor de; compreender; apreciar,
prezar; reputar-se; conhecer o seu valor.
Avaliar é investigar a qualidade do desempenho dos estudantes,
tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos
resultados, caso seja necessária. (Luckesi, 2005)
Na educação esperamos que a palavra avaliar venha ao encontro
de refletir sobre um resultado. Eu avalio, tabulo os resultados, analiso
no individual e no grupo, e depois penso em como corrigir algumas
rotas realizadas e assim possibilitando aos alunos que não atingiram o
objetivo, que por outros meios se apropriem desse conhecimento.
Refletir
Avaliar sobre os Agir
resultados
Fonte: Avaliar
Fonte: Autora
Didática 29
Avaliação diagnóstica
Essa forma de avaliação normalmente é usada no início do ano,
onde os professores conseguem identificar os pré- conhecimentos dos
alunos. A partir dessa análise o professor dever delinear os conteúdos e
níveis de aprofundamento que realizará.
A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe uma
forma solta isolada. É condição de sua existência e
30 Didática
Avaliação somativa
A avaliação somativa é aquela aplicada ao final de um determinado
ciclo ou período. Nas escolas normalmente ocorrem ao final de um
bimestre, trimestre ou semestre.
A avaliação somativa visa um balanço somatório dos resultados
dos trabalhos realizados.
Normalmente são resultados classificatórios que indicam o
prosseguimento ou retenção dos estudos dos alunos.
Apesar de ser importante é preciso ter cuidado para que a
avaliação não seja muito longa, pois muitas vezes o aluno tem todo o
conhecimento necessário, mas não encontra tempo para realizar todos
os processos solicitados no tempo oferecido para a avaliação.
Uma avaliação pontual, que geralmente ocorre no final
do curso, de uma disciplina, ou de uma unidade de ensino,
visando determinar o alcance dos objetivos previamente
estabelecidos. Visa elaborar um balanço somatório de
uma ou várias sequências de um trabalho de formação
e pode ser realizada num processo cumulativo, quando
esse balanço final leva em consideração vários balanços
parciais. (GIL, 2006,p. 248).
Fonte: Pixabay
Planejamento de ensino
Conforme dicionário Aurélio a palavra ensinar é definida como:
instruir, dar lições a; dar lições de; indicar; adestrar.; castigar; educar.
Ensino pressupõe uma ação deliberada, planejada pelo professor,
para que ao final garanta-se a aprendizagem.
Planejar o ensino é fundamental para garantir a qualidade da aula,
o bom aproveitamento do tempo, e para se atingir os objetivos.
Planejamos para tudo. Vamos verificar no caso de uma viagem.
Se quero conhecer a América do Sul e moro na Europa, vou planejar
a compra das passagens, a reserva nos hotéis, as roupas que devo
levar para suportar o clima local, o tipo de alimentação que me será
proporcionada, etc..
No caso do planejamento de ensino, existem algumas
recomendações importantes e vou citar algumas indicadas por Doug
Lemov em seu Livro “Aula nota 10”, que vem ao encontro do que
consideramos importante nesse momento.
Para iniciar, Lemov cita a importância de se iniciar pelo fim, ou
seja, como mencionamos anteriormente, o professor precisa ter claro o
que quer que seu aluno saiba ao final de cada aula. Nesse momento ele
inclui a ideia de que prever como avaliará, ajudará no alinhamento entre
objetivo, procedimentos e avaliação, não causando ao aluno distorções
entre o que aprendeu e o que foi avaliado.
Tendo objetivo e avaliação alinhadas é preciso pensar nos
procedimentos que levarão a atingir esse objetivo.
Para isso o professor deve se perguntar: o que farei, em cada
momento para que meus alunos atinjam o objetivo de aprendizagem?
Detalhando mais, o professor precisa saber o local, como disporá
as cadeiras em cada atividade, que materiais usará e providenciará
previamente, o que ele fará e o que os alunos farão enquanto ele faz
sua parte e os tempos de cada atividade.
O que o professor fará?
O que o aluno fará? Como a sala deverá ser arrumada para essa
atividade? Material necessário para a atividade? Tempo disponível para
a atividade?
34 Didática
Fonte:Autora
Fonte: Pixabay
Interdisciplinaridade, multidisciplina-
ridade, transdisciplinaridade e
pluridisciplinaridade
Ainda explorando a práxis pedagógica podemos citar algumas
condições que a influenciam, como a forma que a escola deseja que as
disciplinas se articulem.
É preciso ficar claro, que essa forma de articular o conhecimento
pode depender da política escolar e mesmo da ação de alguns
professores que querem avançar em sua práxis.
Temas como: interdisciplinaridade, multidisciplinaridade,
transdisciplinaridade e pluridisciplinaridade são ainda um tabu para
os educadores, que mesmo sendo muito engajados em suas práticas
profissionais, encontram obstáculos diversos para o aprimoramento.
Vamos conversar sobre cada uma das possibilidades de
organização disciplinar, cabe iniciar refletindo sobre a disciplinaridade,
que na verdade é a forma mais presente nas escolas até hoje.
A ideia inicial da disciplinaridade é de partir das partes para o todo,
ou seja, subdivido o todo em partes, estudamos cada parte, esperando
que ao final, seja possível uni-las novamente.
38 Didática
Ciências
Fonte: Autora
Multidisplinaridade
A multidisciplinaridade é identificada quando um determinado
assunto é abordado por mais de uma disciplina, porém sem que se
estabeleça relacionamento entre elas.
Podemos ver um exemplo de uma aula de história que desenvolve
a leitura de um determinado texto para embase teórico de um período
a ser estudado. A professora de inglês, por sua vez, usa o texto para
trabalhar algumas questões gramaticais, enquanto isso, a professora de
Língua Portuguesa pratica a leitura fluente dos alunos com o mesmo
texto.
Apesar de ampliar o contato com o texto e possibilitar maior
entendimento dele, ainda não existe conexão entre os saberes
desenvolvidos. Cada professor fará sua parte sem relacionar com os
demais. Dessa forma, cada professor trabalhará seu conteúdo pelo seu
próprio ponto de vista.
Didática 39
Ciências
Fonte: Autora
Pluridisciplinaridade
Na tentativa de estabelecer ligação entre as disciplinas, a
pluridisciplinaridade trará a possibilidade de as disciplinas explorarem
o mesmo tema, com uma maior cooperação que a multidisciplinaridade
oferece.
Assim, Menezes (2010) explica que o termo pluridisciplinaridade
se refere à justaposição de diversas disciplinas situadas geralmente
ao mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a fazer aparecer às
relações existentes entre elas.
Você deve estar se perguntando qual a diferença entre
pluridisciplinaridade e multidisciplinaridade. Apesar de serem
confundidas por muitos, elas têm uma leve diferença, que é tentativa
de relacionar os conhecimentos. Apesar disso, ainda temos um trabalho
individualizado do professor, que fará sozinho a tentativa de relacionar os
conhecimentos, mas trabalhando apenas a sua área do conhecimento.
40 Didática
Ciências
Fonte:Autora
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade pretende garantir a articulação entre os
saberes, rompendo com a disciplinaridade e permitindo a interrelação
entre as disciplinas.
A magnitude interativa dos fenômenos sociais e naturais
do mundo atual escapa ao âmbito de análise e interpretação
das áreas de conhecimento setorializadas e exige mais
e mais uma interação produtiva entre os especialistas.
Assim é que a complexidade das condições existenciais
do homem de hoje demanda uma real colaboração
das ciências naturais e sociais para uma leitura global e
interpretativa do meio ambiente (Arizpe, 1991, p.641-6).
Partindo de um contexto significativo para os alunos, os
professores podem desenvolver seus conteúdos, demonstrando sua
aplicabilidade.
Essa forma de trabalhar exige um apoio incondicional da escola
e sua estruturação curricular. Por esse motivo, entre outros, a grande
dificuldade em adotá-lo, mesmo assim já existem algumas poucas
escolas tentando viabilizar esse trabalho, que já vem sendo discutido
por pesquisadores desde a década de 1970.
A LDB 9394/96 é uma legislação que apoia e estimula o uso da
interdisciplinaridade.
Existem diferentes linhas de ações interdisciplinares. Mas,
de um modo geral, como afirmam Pátaro e Bovo (2012, p.
45): “São vários os significados atribuídos ao conceito
de interdisciplinaridade e, apesar da grande variedade de
definições, seu sentido geral pode ser definido como a
necessidade de interligação entre as diferentes áreas do
Didática 41
conhecimento”.
Não se deve desprezar a necessidade de aproximar pesquisa e
ensino que darão maior consistência a essa forma de trabalhar.
Fonte:Autora
Transdisciplinaridade
A transdisciplinaridade enfoca a pluralidade de conhecimentos
articulados com objetivo de alcançar a unificação do saber, em um
exercício de ampliação do cognitivo. Esta forma curricular rompe com
a ideia de individualidade e busca a interação e cooperação entre
disciplinas na construção de um conhecimento.
Na transdisciplinaridade, os conhecimentos atualmente
fragmentados, são articulados com objetivo de entender os fenômenos
como parte de um todo. Dessa forma, várias disciplinas se unem para
um exercício amplo de cognição.
Segundo Moacir Gadotti, “a transdisciplinaridade na educação é
entendida como a coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas
do sistema de ensino inovado sobre a base de uma axiomática geral,
ética, política e antropológica”.
O conceito de transdisciplinaridade é complexo e vem sendo
muito discutido em todo o meio acadêmico.
Há de se cuidar para que essa forma de elaboração curricular
não ultrapasse o momento histórico, social e político. Ainda é substancial
42 Didática
Ciências Artes
Matemática
Lingua
Portuguesa História
Didática 43
RESUMINDO
Várias tendências influenciaram a prática nas escolas e
conhecemos nesta unidade as tendências Liberais e as
Progressistas.
Exploramos os conteúdos operacionais da didática
que abordam como organizar a aula, como planejá-la
para garantir a aprendizagem e para que avaliar essa
aprendizagem.
Iniciamos uma reflexão sobre como a práxis-pedagógica
influenciará no processo de ensino e aprendizagem.
Por fim, mergulhamos nas diferentes formas de organização
do ensino que influenciará diretamente o trabalho do
professor, a concepção de ensino de cada escola e as
formas de aprendizagem.
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso
à seguinte livro de consulta e aprofundamento:
Metodologias Ativas e Personalizadas de Aprendizagem
(Português). Por Angelo Luiz Cortelazzo (Autor), Diane
Andreia de Souza Fiala (Autor), Dilermando Piva Junior
(Autor), Luciane Panisson (Autor), Maria Rafaela Junqueira
Bruno Rodrigues (Autor). Alta Books editora.
44 Didática
BIBLIOGRAFIA
ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagem e autoimagem. São Paulo:
Vozes, 2004
FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não. São Paulo: Olho D’água, 1997. . Pedagogia
da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1996. Educação como prática da liberdade. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1989. Pedagogia do oprimido. 26.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
46 Didática
Didática
Marly Savioli