APRESENTAÇÃO
A Portaria GM nº 793/2012, que institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD), se
apresenta como um novo marco na atenção integral a essa população no Sistema Único de Saúde. A
RCPD é composta por pontos de atenção situados em três componentes: I – Atenção Básica; II –
Atenção Especializada em Reabilitação; III – Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência.
Os diversos pontos de atenção da RCPD serão articulados entre si, de forma a garantir a
integralidade do cuidado e o acesso regulado a cada ponto de atenção e/ou aos serviços de apoio,
observadas as especificidades inerentes e indispensáveis à garantia da equidade na atenção a estes
usuários, quais sejam:
I – acessibilidade;
II – comunicação;
III – manejo clínico;
IV – medidas de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional e/ou da
melhora ou recuperação da função; e
V – medidas da compensação da função perdida e da manutenção da função atual.
No que se refere ao Componente II – Atenção Especializada em Reabilitação, a legislação sinaliza a
importância do estabelecimento de fluxos e práticas de cuidado à saúde de forma contínua,
coordenada e articulada entre os diferentes pontos de atenção da rede em cada território, com a
realização de ações de apoio matricial na Atenção Básica, no âmbito da Região de Saúde de seus
usuários, compartilhando a responsabilidade com os demais pontos da Rede de Atenção à Saúde.
Dessa forma, os Centros Especializados em Reabilitação (CER) e Centros de Especialidades
Odontológicas (CEO) devem incorporar nos seus processos de trabalho ações de apoio matricial
que se destinem a ampliar a comunicação e integração entre os serviços, assim como
instrumentalizar os profissionais para a ampliação da resolutividade da Atenção Básica no cuidado
às pessoas com deficiência neste âmbito de atenção.
• Nos casos em que a equipe de referência sente necessidade de apoio para abordar e conduzir um
caso que exige, por exemplo, esclarecimento diagnóstico, estruturação de um plano de tratamento,
entre outros;
• Para integração do nível especializado com a atenção primária no tratamento de pacientes, por
exemplo atualização de protocolos já instituídos;
• Quando a equipe de referência sente necessidade de apoio para resolver problemas relativos ao
desempenho de suas tarefas, como, por exemplo, dificuldades na abordagem de pacientes com
necessidades especiais, manejo de crianças e adolescentes ou qualquer situação cotidiana
considerada difícil pelo profissional.
• Qualquer outra situação definida pelas equipes da rede de atenção, nos seus protocolos locais
institucionalizados.
Observação: A operacionalização do apoio matricial envolve fatores que interferem na rotina dos
serviços, dentre eles: o deslocamento de profissionais para outras instituições e bloqueio de agendas
de atendimento à população. Portanto, quando houver a solicitação do apoio matricial, recomenda-
se seu registro em instrumentos institucionais passíveis de arquivamento, pois em caso de
auditorias, as equipes envolvidas terão a possibilidade de resguardar-se de possíveis sanções quanto
à questões trabalhistas. Além disso, para que a execução do apoio matricial seja efetiva, orienta-se o
diálogo entre gestão municipal e equipes envolvidas, com seus respectivos gestores, incluindo
também os pacientes e seus responsáveis, no caso em que estes estiverem diretamente implicados
no processo.
DISCUSSÃO DE CASO
... ...
RELATO DO CASO
Informações sobre o paciente. Sugere-se descrever aspectos sociais como condições de vida,
moradia, situação econômica, nível de escolaridade, relação com a família, rede de apoio,
principalmente quando forem pacientes com necessidades especiais, hábitos, fatores biológicos,
dentre outros.
DISCUSSÃO
Estratégias e ações já desenvolvidas pelo usuário e pelo solicitante do apoio matricial na oferta
de cuidado. Quais os avanços obtidos na terapêutica?
PLANO TERAPÊUTICO
Definição do plano terapêutico de maneira conjunta entre equipe do CEO, eSF, NASF, CER,
sempre que possível, integrado com o paciente ou quaisquer outros indivíduos que possam
contribuir para o cuidado, como exemplo: familiares, assistente social, professores. Importante
ainda, que no plano de tratamento estejam claros os pontos de atenção pelos quais o paciente
percorrerá, estimativa de tempo para finalização do tratamento e os profissionais envolvidos no
processo.
ENCAMINHAMENTOS
RELATOR(A) COORDENADOR(A)
CONSULTA COMPARTILHADA
O atendimento compartilhado pode ser executado em qualquer Ponto de Atenção da Rede, tanto
entre profissionais da mesma área de conhecimento, como exemplo: cirurgião – dentista da AB e
periodontista do CEO ou por profissionais de áreas de conhecimento distintas, como cirurgião-
dentista e enfermeiro, pois cada um pode ofertar a sua conduta dentro de cada núcleo do saber,
de forma a complementar um objetivo comum. No entanto, para utilizar esta ferramenta faz-se
necessário um planejamento prévio, no intuito de evitar que mesmo a consulta ocorrendo no mesmo
espaço haja fragmentação das práticas de cuidado.
Além de atuar na resolução direta do problema para o qual foi solicitada, a consulta compartilhada
promove capacitação da equipe de saúde para que os próprios profissionais consigam lidar com os
diferentes aspectos de pacientes que procuram a atenção especializada e a atenção primária.
Observação: É importante lembrar que casos clínicos escolhidos pela equipe para publicação em
revistas, eventos científicos ou para compartilhamento com fins de qualificação técnico-pedagógico,
precisam da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelo paciente ou seus
responsáveis.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva. Guia prático de
matriciamento em saúde mental / Dulce Helena Chiaverini (Organizadora) [et al.]. [Brasília, DF]:,
2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo de
Apoio à Saúde da Família. 2009. 164 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada e Temática. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Saúde
da Família. Guia de Atenção à Saúde Bucal da Pessoa com Deficiência. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2019.
CAMPOS, G.W.S.; DOMITTI, A.C. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para
gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, 2007.
Edição 2020
Fernanda Reis – Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência – SESAB/SAIS/DGC/CPT/ATSPD
Julie Eloy Kruschewsky – Área Técnica de Saúde Bucal – SESAB/SAIS/DGC/CPT/ATSB
* Contribuição de:
Naiara Sales de Souza – Cirurgiã Dentista, Residente em Saúde da Família da Fundação Estatal Saúde da Família/
Fundação Oswaldo Cruz;