Rio de Janeiro
2019
RICARDO LEITE DIAS
Rio de Janeiro
2019
c2019
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270
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trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado,
para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que
seja feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orienta-
dor(es).
FS Flash Sintering
UHPS Ultra High Pressure Sintering (Sinterização por ultra alta pressão)
ρ Densidade geométrica
ρt Densidade teórica
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 Aspectos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 Estrutura cristalina do SiC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Formas para obtenção do SiC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.1 Rota de produção para pó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Rota de produção para fibra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.3 Rota de produção para filmes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4 Compactação do pó de SiC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 Processos de sinterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5.1 Sinterização sem pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5.2 Prensagem a quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.5.3 Sinterização por pressão de gás . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.4 Prensagem isostática a quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.5 Sinterização por ultra alta pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5.6 Sinterização por plasma de centelha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5.7 Sinterização flash . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.6 Sinterização do SiC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1 Sinterização em estado sólido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.6.2 Sinterização em presença de fase líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.6.3 Aditivos de sinterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.1 Materiais e métodos realizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.1.1 Materiais utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.2 Morfologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.3 Densidade aparente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1.4 Fases cristalinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1.5 Produção das misturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.1.6 Adição de ligante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Materiais e métodos em andamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.1 Tamanho de partículas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.2 Prensagem dos corpos verdes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.2.1 Prensagem uniaxial a frio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.2.2 Prensagem isostática a frio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.2.3 Conformação dos corpos verdes cilíndricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.2.4 Conformação das placas hexagonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2.3 Densidade dos corpos verdes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2.4 Sinterização sem pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2.5 Caracterização das propriedades físicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.5.1 Densidade e porosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.5.2 Retração e perda de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.6 Caracterização microestrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.7 Determinação das propriedades mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.7.1 Propriedades elásticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.7.2 Ensaio de dureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.7.3 Tenacidade à fratura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.7.4 Ensaio de flexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2.8 Preparação da blindagem multicamada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.2.9 Ensaio balístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4 RESULTADOS PRELIMINARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1 Fases cristalinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1.1 Tamanho de cristalito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1.2 Densidade por fase cristalina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2 Morfologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.3 Densidade aparente por picnometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4 Curva de compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5 VIABILIDADE DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6 CRONOGRAMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
De acordo com o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), o projeto em
andamento do Exército Brasileiro requer a atualização dos blindados sobre rodas, exigindo
blindagens adicionais que possuam em sua estrutura materiais cerâmicos [26]. O uso de
materiais cerâmicos para blindagem balística em aeronaves, garantiu muitas melhorias,
especialmente relacionada a redução de peso, o que implica no aumento da autonomia,
capacidade de transporte, além de maior capacidade de blindagem [27].
Apesar do ciclo tecnológico de alguns materiais cerâmicos para fins balísticos já ter
sido dominado por empresas estrangeiras atuando no Brasil, é necessário que se desenvolva
uma empresa nacional capaz de dominar o ciclo dos carbetos, dentre eles o carbeto de
silício [26].
Diante de tais aspectos, o desenvolvimento e/ou aprimoramento de uma metodo-
Capítulo 1. Introdução 14
logia de sinterização do SiC que visa resistência ao impacto balístico, associada à baixa
densidade e ao menor custo de produção, se justifica como uma importante contribuição
para o Exército Brasileiro e como incremento tecnológico à indústria nacional, tornando
contraproducente o não aprimoramento das formas de sinterização do SiC, visto que o
Brasil é o sexto maior produtor de carbeto de silício do mundo [28].
1.2 Objetivos
O objetivo principal desse trabalho é investigar e desenvolver a produção de placas
balísticas de carbeto de silício nanométrico nacional, sinterizadas em presença de fase
liquida devido à adição dos pós de óxidos alumínio e de ítria, visando o aprimoramento
e/ou desenvolvimento de um compósito contendo o SiC nanométrico como matriz, que
englobe resistência ao impacto balístico, baixa densidade e menor custo de produção.
Além do aspecto de desenvolvimento tecnológico da presente proposta, visto que o
Instituto Militar de Engenharia (IME) já desenvolve estudos em torno do aprimoramento
do processo de sinterização do compósito contendo SiC como matriz, pretende-se analisar
outros parâmetros importantes para evolução destas pesquisas. Estas análises podem
caracterizar os objetivos específicos deste trabalho:
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
têm arranjo espacial exatamente idêntico, mas são giradas por π [33]. Por exemplo, o
politipo de SiC de alta temperatura, comumente tem uma célula unitária hexagonal e uma
repetição de seis camadas na direção c (escolhida perpendicularmente às camadas) e pode
ser descrita como C’ABCB’A’C’. Como pode ser visto, a sequência de empilhamento deste
politipo resulta numa estrutura que pode ser derivada do politipo cúbico pela inserção de
limites gêmeos de rotação de [111] a cada três camadas (Figura 2) [1].
Uma descrição alternativa desta estrutura de seis camadas de acordo com a notação
proposta por Ramsdell [34] é 6H, e especifica tanto o número de camadas como a repetição
ao longo da direção de empilhamento, juntamente com o tipo de treliça Bravais da estrutura
resultante (isto é, hexagonal (H), cúbico (C) ou romboédrico (R)).
A sequência de camadas tetraédricas pode ser visualizada em modelos, os chama-
dos diagramas de estrutura "tramline", considerando a seqüência em zig-zag de planos
tetraédricos não-basais (Figura 2). Para representar as camadas em zig-zag, Zhadanov[35]
propôs ainda outra notação que especifica o número de camadas consecutivas sem rotação.
Assim, a estrutura 6H é descrita pelo símbolo de Zhadanov como (33), indicando que a
sequência cúbica é interrompida pela rotação a cada três camadas. Similarmente, todos os
outros polipos podem ser descritos utilizando esta notação, o politipo hexagonal 2H, que
tem duas camadas na coluna unitária, tem uma estrutura descrita como (11), isto é, cada
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 18
Na síntese por fase gasosa, as condições do processo devem garantir que a mistura
da fase gasosa seja termodinamicamente instável em relação a formação do material sólido
[43].
É interessante ressaltar que o processo de crescimento é preferencial quando com-
parado a nucleação, portanto, no caso da preparação de partículas em escala nanométrica,
cria-se uma intensidade de saturação satisfatória induzindo a uma alta nucleação e imedi-
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 21
atamente encerra-se o processo [43]. O SiC pode ser produzido por precursores na fase
vapor, geralmente metano e tetraclorosilano ou metiltriclorosilano [37].
O SHS, por sua vez, é um método que aproveita o calor liberado pela reação
química exotérmica e se auto propaga espontaneamente através de reagentes sedimentados
após a ignição [44]. Esta síntese aproveita o mérito auto-sustentado de reações altamente
exotérmicas e tem o potencial de economia de energia e tempo [45]. Para que seja auto-
sustentável, o processo SHS deve ser associado a reações de alta temperatura, que associadas
à onda de combustão, elevam a pureza dos produtos [45].
A técnica SHS foi reconhecida como uma alternativa atraente aos métodos con-
vencionais de preparação de materiais avançados, incluindo carbonetos, boretos, nitretos,
silicietos, intermetálicos, carbonitretos, compósitos e óxidos complexos [44].
• Mecanismo II: Redução do volume e tamanho dos espaços intergranulares por de-
formação plástica e/ou destruição dos grânulos, dependendo das características
mecânicas do grânulo (dureza, deformabilidade, resistência mecânica). Neste meca-
nismo se inclui o esmagamento de grânulos ocos, geralmente presentes nas massas
cerâmicas.
Segundo Albaro[7], com base nas mudanças estruturais (volume e tamanho dos
poros) a que é submetido o corpo com o aumento da pressão, levando-se em conta
os intervalos de pressão em que predominam cada um dos mecanismos descritos, a
compactação de um material granulado pode ser idealmente dividida em três estágios de
compactação (Figura 9).
• Estágio I ou inicial
• Estágio II ou intermediário
o grau máximo de empacotamento sem que ocorra sua deformação ou destruição, que
coincide na prática com a chamada pressão aparente de fluência do grânulo, P f , que se
refere ao valor de pressão em que se inicia a deformação e/ou destruição dos grânulos
(Mecanismo I).
O estágio intermediário, por sua vez, compreende o intervalo de pressões que se
estende desde a pressão de fluência P f até o valor de pressão na qual a compactação do
corpo coincide com a do grânulo. A maior parte da compactação que ocorre no corpo
durante a etapa de prensagem se dá neste estágio, através da deformação e/ou destruição
dos aglomerados (mecanismo II).
Por último, o estágio final se inicia quando o grau de compactação do corpo se
iguala ao do grânulo. Teoricamente, neste ponto desaparece toda a porosidade intergranular
e a distribuição de tamanho dos poros é monomodal. Como consequência, neste estágio
o aumento da compactação do corpo só pode decorrer da eliminação da porosidade
intragranular, através do deslizamento e reordenação das partículas (mecanismo III). De
uma maneira geral, a maior parte da carga aplicada neste estágio provoca uma compressão
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 25
elástica do material, que se armazena sob forma de energia elástica, vindo a ser liberada
com a retirada da carga, conforme demonstrado na Figura 9.
pressão a 1800, 1900 e 1950 ◦ C. Sendo este também, o processo de sinterização aplicado
neste estudo.
Para ampla aplicação de cerâmicas de SiC, a sinterização por fase líquida sem
pressão é um caminho promissor [55].
ocorre quando uma fase líquida está presente no pó compacto durante a sinterização. A
figura 15 ilustra os dois casos em um diagrama de fase esquemático. Na temperatura T1 , a
sinterização em estado sólido ocorre em um pó A – B compacto com a composição X1 ,
enquanto na temperatura T3 , a sinterização da fase líquida ocorre no mesmo pó compacto.
de modo que a densificação total do compacto pode ser obtida por um fluxo viscoso da
mistura grão-líquido sem ter qualquer alteração na forma do grão durante a densificação. Já
a sinterização de fase líquida transitória, é uma combinação de sinterização em fase líquida
e sinterização em estado sólido. Nesta técnica, uma fase líquida se forma no compacto em
um estágio inicial de sinterização, mas o líquido desaparece à medida que a sinterização
prossegue e a densificação é completada no estado sólido. Um exemplo de sinterização
transitória na fase líquida também pode ser encontrado no diagrama de fases esquemático
na Figura 15, quando um pó A – B compacto com a composição X1 é sinterizado acima da
temperatura eutética, mas abaixo da linha de estado sólido, por exemplo, à temperatura
T2 . Como a temperatura de sinterização está acima da temperatura eutética A – B, uma
fase líquida é formada através de uma reação entre os pós A e B durante o aquecimento
do compacto. Durante a sinterização, no entanto, a fase líquida desaparece e apenas uma
fase sólida permanece porque a fase de equilíbrio sob a condição de sinterização dada é
uma fase sólida [13].
Segundo Kang[13], a força motriz da sinterização é a redução da energia interfacial
total. A energia interfacial total de um pó compacto é expressa como γA , onde γ é a
energia da superfície específica (interface) e A a área da superfície total (interface) do
compacto. A redução da energia total pode ser expressa como Equação 2.2
A situação comum é que o líquido molhe o sólido e assim, o líquido recém-formado penetra
entre os grãos sólidos, dissolve as ligações de sinterização, o que induz o rearranjo dos
grãos.
Figura 19 – Esquema do contato entre duas partículas esféricas com uma película líquida
intermediária. [16].
Figura 20 – Esquema do contato entre duas partículas esféricas com uma película líquida
intermediária [16].
em composição eutética [65]. O uso de Al2 O3 junto com Y2 O3 , gera uma fase fundida que
melhora a sinterabilidade e reduz a temperatura de sinterização. Além do aumento da
densidade relativa, a formação da fase Y AG (Al5 Y3 O1 2) melhora as propriedades mecânicas
através de mecanismos como deflexão de trinca, ponte de trinca, transformação de fase,
fortalecimento do limite de grão e alteração do modo de fratura de intergranular para
transgranular [65]. Em 1975, Prochazka usou boro e carbono como aditivos, obtendo alta
densificação do SiC a temperaturas acima de 2000 ◦ C. Coppola et al. relataram os mesmos
resultados com SiC e, mais recentemente, vários trabalhos (OMARI, 1982; CUTLER,
1989; MULLA, 1991; SIGL, 1993; PADTURE, 1994; LEE, 1994) descobriram que os pós
de SiC podem ser sinterizados a temperaturas inferiores a 2000 ◦ C com auxílio de fase
líquida como Al2 O3 -Y2 O3 e oxinitratos [67]. A Figura 21 apresenta o diagrama de fases
do sistema Al2 O3 -Y2 O3 . As linhas pontilhadas mostram formação eutética metaestável
quando a temperatura de fusão das composições na faixa de aproximadamente 10-45 mol%
de Y2 O3 , excede o dado pela linha pontilhada na fase líquida marcada "L" [68] e [69].
Algumas propriedades das composições do sistema Al2 O3 e Y2 O3 estão apresentadas na
Tabela 2 [22].
Capítulo 2. Revisão bibliográfica 37
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.2 Morfologia
A morfologia dos pós de SiC, Al2 O3 e Y2 O3 como recebidos foi observada em
Microscópio Eletrônico de Varredura de emissão de campo (Scanning Electron Microscope,
SEM), modelo JMS 7100F JOEL (Figura 23), pertencente ao laboratório de microscopia
eletrônica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Utilizou-se 15 e 30 kV de
tensão de aceleração, distância de trabalho variando de 2,0 a 4,0 mm, tempo de varredura
de 30 µs e aumentos de 10.000 a 60.000 X.
Os pós foram preparados para analise em SEM com o auxílio de fitas de carbono
dupla face, palitos de madeira livres de partículas (Wooden Picks, 65mm) e spray com gás
limpo, inerte e sem umidade (Gust Easy Anyway 360◦ Duster), produzidos pela Ted Pella,
Inc. Primeiramente a fita de carbono foi colada no porta amostras (stubs) do SEM e em
seguida, com auxílio do palito de madeira, foi coletado uma pequena quantidade de pó
para ser depositado sobre a fita. Após deposição dos pós utilizou-se o spray para dispersar
as partículas destes sobre a fita.
A verificação das fases cristalinas presentes nos pós de SiC, Al2O3 e Y 2O3 como
recebidos, foi realizada de forma qualitativa e quantitativa por difração de raios-X (X-ray
Diffraction, XRD). Utilizou-se o difratômetro da Companhia de Pesquisas de Recurso
Minerais (CPRM), modelo X’Pert PRO, Panalytical, com radiação de CuKα, tensão de
aceleração de 40 kV e corrente de 40 mA (Figura 25). A varredura ocorreu com 2θ entre
10 e 100◦ , passo de 0,03◦ e tempo de coleta de 100s. A quantificação das fases encontradas
foi realizada pelo método Rietveld, utilizando o software TOPAS Academic v5 da UERJ.
O tamanho de cristalito pode ser observado por analise das fases cristalinas e por
aplicação do método de Rietveld, cuja análise é feita pelo software TOPAS Academic v5,
que utiliza o clássico método de Scherrer (Equação 3.1) e parâmetros fundamentais para
determinação do tamanho de cristalito [74] [75].
Kλ
D= (3.1)
βcosθ
onde:
D é o tamanho do cristalito;
Capítulo 3. Materiais e métodos 42
A densidade teórica (ρt) das misturas foi calculada por meio da regra das misturas
(Equação 3.2), onde i é a i-ésima fase e W i, o percentual em peso da fase i. Como os pós
possuem pureza acima de 99,72%, foi utilizada a densidade teórica de cada fase de acordo
com o Banco de Dados de Estrutura Cristalinas Inorgânicas (Inorganic Crystal Structure
Database, ICSD) [20].
1
ρt = P wi (3.2)
i ρi
medição dimensional, bem como devido à geometria e espessura das placas moldadas [77],
além de também viabilizar no processo de prensagem dos corpos de prova [20].
Em estudo recente, optou-se por adicionar 10% de uma solução contendo 4% de
álcool polivinílico da Vetec
R
como ligante nas misturas. As misturas com à adição do
ligante ficaram 48 h na estufa a 100 ◦ C e, logo após, constatou-se que a incorporação de
PVA foi efetivamente de 1,5% [20].
A solução foi preparada utilizando álcool isopropílico até a completa solubilização
de 0,75g de PVA em pó e o liquido viscoso resultante deste processo foi adicionado a etapa
de mistura dos compostos, o que corresponde a 1,5% de incorporação efetiva de PVA nas
misturas.
A prensagem isostática a frio (Cold Isostatic Pressing, CIP) é uma das técnicas de
conformação mais conhecidas para produzir produtos cerâmicos com diversas proporções,
visto que durante a prensagem isostática a frio, de acordo com o processo do saco úmido,
os pós ou grânulos são introduzidos num molde elástico, o qual é mais tarde vedado a
vácuo [79]. O molde elástico preenchido é então colocado em um fluido e aplicando uma
alta pressão no fluido, uma compactação muito homogênea do corpo cerâmico pode ser
alcançada [80]. Com a aplicação da pressão em todas as direções da peça se consegue
alcançar uma grande uniformidade na compacidade das peças, independentemente de sua
forma [7].
Pretende-se realizar a CIP após a compactação uniaxial feita por matriz cilíndrica,
objetivando o aumento da uniformidade e compacidade das peças e consequentemente
diminuição de defeitos.
A carga utilizada para cada grupo de amostra deverá ser definida de acordo com
os resultados obtidos após laboração da curva de compactação (Figura 46, 47 e 48).
A realização da compactação das placas hexagonais deverá ser feita por uma prensa
hidráulica manual com auxílio de matriz e punções de aço temperado de dupla ação,
hexagonal, com 37mm de lado (30) e com 1 min de aplicação de carga em todas as
condições de mistura.
modelo AD3300, com resolução de 0,01 g (Figura 31). Foram realizadas cinco medidas de
cada uma das dimensões, altura e diâmetro.
realizar a sinterização em três faixas de temperaturas, sendo estas 1850, 1900 e 1950 ◦ C,
em atmosfera inerte de argônio. O resfriamento até a temperatura ambiente ocorrerá
dentro do próprio forno.
Figura 35 – Sistemas de fissuras típicas no teste de fratura por indentação Vickers, (a)
Fenda radial mediana e (b) Fenda palmqvista [18]
KI Cφ
( 1/2
)(H/Eφ)0,4 α = (c/a)(c/18a)−1,51) (3.5)
Ha
onde:
4v − 0, 5
α = 14[1 − 8( )] (3.6)
1+5
calibres até 0.50", no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), com o amparo normativo
da NIJ0101.06 [88], que estabelece critérios de aprovação do respectivo ensaio.
55
4 RESULTADOS PRELIMINARES
57
Capítulo 4. Resultados preliminares
Figura 40 – Difratograma do Y2 O3 micro refinado pelo método de Rietveld.
58
Capítulo 4. Resultados preliminares 59
4.2 Morfologia
Ao observar a micrografia do pó de SiC sob aumento de 40.000 X, pôde-se perceber
uma certa homogeneidade no formato das partículas. Em um aumento de 100.000 X, foi
possível identificar partículas de ordem nanométrica (Figura 42).
A micrografia da Figura 43 mostra o pó de Al2 O3 sob aumento de 16.000 e 30.000
X, observando-se no primeiro um aspecto regular no formato equiaxial das partículas e
no segundo, assim como para o pó de SiC, foi possível identificar partículas de ordem
nanométrica.
Devido a sua escala micrométrica, a micrografia do pó de Y2 O3 micrométrico
revelou melhor os aspectos morfológicos das partículas, apresentando formatos irregulares
e tamanho de ordem micrométrica (Figura 44).
Ao contrário da ítria micrométrica, a micrografia do pó de Y2 O3 nanométrico não
foi capaz de revelar aspectos morfológicos com tanta clareza, embora tenha permitido
identificar partículas de ordem nanométrica (Figura 45).
em contado com o gás He durante a leitura, visto que este aumento fica mais evidente
nas leituras dos Y2 O3 (micrométrico e nanométrico), onde percebe-se uma tendência de
diminuição da diferença entre ρp e ρt com aumento granulométrico das partículas, além
disso, as medições realizadas no picnômetro apresentaram um pequeno desvio padrão.
5 VIABILIDADE DO TRABALHO
6 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
13 KANG, S.-J. L. 1 - sintering processes. In: KANG, S.-J. L. (Ed.). Sintering. Oxford:
Butterworth-Heinemann, 2005. p. 3 – 8. ISBN 978-0-7506-6385-4. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/B978-075066385-4/50001-7>. 4, 29, 30, 31, 32
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