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“Dislexia: Compreensão e

intervenção"

Formadoras:
Carla Dias
Maria Magalhães
Critérios de diagnóstico
É fundamental a avaliação precoce de sinais de dificuldades na aprendizagem da leitura e
da escrita. Todas as crianças têm o seu ritmo de aprendizagem mas havendo um padrão
persistente destas dificuldades torna-se fundamental uma avaliação especializada.

Avaliação essa que poderá ser feita pelo Terapeuta da Fala, este tem um papel
preponderante na avaliação, diagnóstico diferencial e intervenção destas perturbações.

Desenvolvendo a sua intervenção em colaboração com os educadores e professores,


outros profissionais de saúde e as famílias.
Continuação: critérios de diagnóstico
 Deverá ter-se em conta o histórico familiar, elementos escolares, desenvolvimento e média e avaliação clinica.
 Principais manifestações na leitura e na escrita:
 Atraso na aquisição da leitura e escrita;
 Dificuldades no processamento fonológico;
 Correção e velocidade na leitura;
 Dificuldades na descodificação e reconhecimento de palavras;
 Dificuldade na memorização;
 Leitura silábica;
 Trocas fonológicas e lexicais;
 Omissão ou adição de letras;
 Confusão de letras similares;
 Dificuldade da compreensão de textos;
 Muitos erros ortográficos;
 Caligrafia deficitária.

Não precisa apresentar todos as manifestações; poderá presentar só algumas.


A avaliação clinica terá em conta o manual DSM 5.
Continuação: critérios de diagnóstico
Atualmente é definido o diagnóstico de Perturbação Específica da Aprendizagem com
défice na leitura e/ou na expressão escrita, ao que se classificava como:

 Perturbação da Leitura e da Escrita consequente de atraso/dificuldades em


diferentes componentes da linguagem ou perturbação específica da linguagem;

 Disortografia – perturbação que envolve a organização e codificação da escrita,


apresentando-se os textos mal estruturados e verificando-se inúmeros erros
ortográficos;
 Dislexia - perturbação do neurodesenvolvimento multifatorial caracterizada por um
défice no processamento fonológico e na memória de trabalho verbal
(componentes da linguagem) apesar do nível cognitivo adequado e
da condição educativa;

 Disgrafia – alteração funcional no ato motor da escrita, que afeta a qualidade da


escrita, sendo a caligrafia bastante irregular no traçado e na forma das letras.
Diferenciação: disortografia, discalculia
e disgrafia
Disortografia
Define-se como disortografia, os erros na transformação do som no símbolo gráfico que lhe corresponde.
Nem sempre a disortografia faz parte da dislexia e pode surgir nos transtornos ligados á má
alfabetização, na dificuldade de atenção sustentada aos sons, na memória auditiva de curto prazo
(Deficit de Atenção) e também nas dificuldades visuais que podem interferir na escrita.
Sinais :
 Uma criança com disortografia demostra, geralmente falta de vontade para escrever os textos são pequenos, com uma
organização pobre e pontuação inadequada. A escrita evidencia muitos erros ortográficos de natureza diversa são eles:
 Erros de caráter linguístico-percetivo:
 omissões, adições e inversões de letra, de silabas ou de palavras;
 troca de símbolos e linguísticos que se parecem sonoramente;
 Erros de caráter viso espacial:
 substitui letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (“d””b”);
 Erros de caráter viso analítico:
 não faz sínteses e associações entre fonemas trocando letras sem qualquer sentido;
 Erros relativos ao conteúdo:
 não separa sequencias gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras ex:(ocarro em vez de o carro)junta silabas
pertencentes a duas palavras ou separam incorretamente.
 Erros referentes as regras de ortografia:
 não coloca “m” antes de “b” ou “p”;
 ignora as regras de pontuação;
 esquece de iniciar as palavras com letras maiúsculas.

De uma forma geral a característica mais comum nas crianças com disortografia é erros ortográficos.
Intervenção da disortografia
Para a intervenção o professor deverá avaliar questões como a perceção auditiva e
visual, ou seja, é importante que o aluno tenha mais tempo para refletir.
 Estimular a escrita; mostrar interesse pelos trabalhos escritos e elogiá-la.
 Incitar a elaborar os seus próprios postais e convites, a escrever o seu diário no
final do dia como rotina;
 Chamar a atenção para situações diárias em que é necessária a utilização da
escrita;
 Estimular na elaboração de uma carta;
 Não valorizar demasiado os erros ortográficos uma vez que estes já são motivo de
repreensão e frustração;
 Não corrigir simplesmente os erros, mas tentar procurar a solução com o aluno
(ex.: "qual a outra letra que podemos usar para fazer esse som?");
 Recorrer para trabalhar vários casos de ortografia;
 Não sobrecarregue com trabalhos e fichas.
Discalculia
A discalculia é uma dificuldade em aprender matemática, com
falhas para adquirir a adequada competência neste domínio
cognitivo. Não é causada por nenhuma deficiência mental, deficits
auditivos e nem pela má escolarização.
As crianças que apresentam esse tipo de dificuldade não conseguem
entender o que é pedido nos problemas propostos pelo
professor/pais.
Não conseguem descobrir a operação pedida no problema: somar,
subtrair, multiplicar ou dividir. Além disso, é muito difícil para a
criança perceber as relações de quantidade, ordem, espaço,
distância e tamanho.
De um modo geral, o prognóstico das crianças com discalculia é
melhor do que as crianças com dislexia, ou pelo menos, elas tem
sucesso em outras atividades que não dependam desta área de
cálculo numérico.
Subtipos de discalculia
 Kosc descreveu seis subtipos de discalculia:
 Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;
 Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, números,
termos e símbolos;
 Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;
 Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos
numéricos;
 Discalculia pratognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e comparação
de objetos reais ou em imagens;
 Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de
conceitos matemáticos.
Sinais:
 Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva);
 Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objetos e associar um
numeral a cada um);
 Escassa habilidade para contar;
 Dificuldade na compreensão de conjuntos;
 Dificuldade na compreensão de quantidade;
 Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de um número;
 Dificuldades nos cálculos;
 Dificuldades na compreensão do conceito de medida;
 Dificuldade para aprender a dizer a hora;
 Dificuldade na compreensão do valor das moedas;
 Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos;
 Dificuldade em resolver problemas orais.
 Problemas associados:
 Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não conseguem
distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e
comprimentos;
 Dificuldade em observar grupos de objetos e dizer qual deles contém uma maior
quantidade de elementos, em calcular distâncias;
 Distúrbio ao nível da imagem corporal;
 Distúrbios de integração visuo-motora;
 Desorientação: dificuldade na distinção esquerda-direita;
 Dificuldades na perceção social e na realização de julgamentos: maturidade social
reduzida;
 Desempenhos em testes de inteligência, superiores nas funções verbais
comparativamente às funções não verbais.
Intervenção da discalculia
 Usar cartas de jogar em jogos de cartas simples como o "peixinho": mostrar como se poderá atribuir
valores às cartas pela contagem dos símbolos. Para evitar confusões retirar as cartas de figuras,
utilizando apenas as de 2 a 10;
 Jogos de tabuleiro são excelentes para aprender os números, solicitando a contagem dos espaços a
mover em cada volta. Podem ser introduzidas algumas referências à adição ou à subtração no
decorrer do jogo;
 Utilizar ou inventar "cantigas e lengalengas com números". Muitas crianças podem aprender
conceitos matemáticos mais rapidamente (e recordarem por mais tempo) quando a música, rima e
ritmo são utilizados para os ensinar;
 Encorajar a criança a utilizar os números diariamente;
 Exemplos:
 Contar os produtos no supermercado;
 Contar por ordem decrescente.
 Quantas rodas tem o teu carrinho de brincar?
 Quantas rodas tem a tua bicicleta? Qual dos dois tem mais rodas?
 Que idade tens? Que idade tem o teu irmão ou irmã? qual é o mais velho? Qual é a diferença de idade entre os
dois?
 Quantos amigos vais convidar para a tua festa de aniversário? Quantas fatias de bolo devem ser cortadas? E se
cada menino ficar com duas fatias?
Disgrafia

(DIS=DIFICULDADE E GRAFIA=GRAFAR/ESCREVER)

Não se pode comparar a disgrafia com disortografia, pois a disgrafia têm


características próprias.
A criança com disgrafia apresenta uma escrita ilegível decorrente de dificuldades
no ato motor de escrever, alterações na coordenação motora fina, ritmo, e
velocidade do movimento, sugerindo um transtorno motor (psicomotricidade fina
e visual alteradas).
É um transtorno da escrita resultante de um distúrbio de integração visual-
motora, que afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e
números. Trata-se de um transtorno funcional e apresenta-se em crianças com
capacidade intelectual normal, sem transtornos neurológicos, sensoriais, motores
e/ou afetivos que justifiquem tal dificuldade.
 Na escrita pode observar-se :

 traços pouco precisos e incontrolados;


 desorganização das letras, letras retocadas e
“feias”;
 espaço entre as linhas, palavras e letras são
irregulares;
 desorganização do espaço ocupado na folha e
pode-se referir a problemas de orientação
espacial;
 falta de pressão com debilidade dos traços, ou
traços demasiadamente forte o que causa
cansaço e lentidão na hora da escrita.;
 devido a letra ilegível há dificuldades de
entendimento na hora da leitura por parte dos
alunos e professores.
Intervenções na disgrafia

 Estímulo de diferentes formas de expressão plástica:


 recortes e colagens;
 pinturas dentro de limites e grafias pela ligação de pontos e seguir trajetos;
 fomentar a escrita de pequenos recados;
 treino de motricidade, equilíbrio e organização.
 Postura gráfica correta, forma de segurar lápis ou caneta, a pressão, e ritmo da
escrita e diferentes ligações entre letras distorcidas.
 Para o grafismo psicomotor, deverá treinar aspetos relacionados com:
 postura;
 controle corporal;
 dissociação de movimentos;
 representação mental do gesto necessário para o traço;
 perceção espaço temporal, lateralização e coordenação Visio motora.

 Quanto aos aspetos relacionados com o grafismo, deve preocupar-se com o aperfeiçoamento das
habilidades relacionadas com a :
 escrita, distinguindo atividades PICTOGRÁFICAS ( pintura, desenho, modelagem) e ESCRIPTOGRÁFICAS (
utilização de lápis e papel – melhorar os movimentos e posição gráfica);
 corrigir erros específicos do grafismo: como a forma / manutenção das margens / linhas.
Possiveis causas de :
 Segundo Citoler(1996,cit.por cruz,2009) Há três tipos de justificativa para essas
dificuldades disortográficas que são:
 Problemas na automatização dos procedimentos da escrita;
 Estratégias de ensino imaturas ou ineficazes, com a consequente ignorância das regras
de composição escrita;
 Desconhecimento ou dificuldade em recordar os processos e subprocessos implicados na
escrita;
 Para Torres e Fernàndez(2011), as causas estão associadas á cinco aspetos,
nomeadamente:
 Percetivos: estão associadas a deficiências na perceção, na memoria visual e auditiva ou
a nível espácio-temporal, o que traz consequências na correta orientação das letras e na
descriminação de grafemas com traços semelhante;
 Intelectuais: associa-se a um défice ou imaturidade intelectual;
 Linguísticos: relaciona a pronuncia/articulação deficiente conhecimento e utilização do
vocabulário(código restrito) são apontados como causas de tipo linguístico;
 Afetivo-emocional : aponta entre baixos níveis de motivação e atenção, que poderão
fazer com que a criança cometa erros ortográficos;
 Pedagógicos: remetem para métodos de ensino desadequados.

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