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A. G.

LIMA

ft0~~C8 BC H18TÓHIB DO HHR81L


NU]IEROSAS GRAVURAS
JJAP AS EXPLICATIVOS
QUADROS DE RECAPITULAÇÃO
QUADROS DE DESENVOLVIl\IENTO
L.~DUSTRIAL, ARTISTICO E LITERARIO

6.a EDIÇÃO
(80. • 111 I L H E I R O)

N. • 442
AO LEITOR

Este livro, abrange duas partes: a pre-história


Jo Brasil, onde se expõe a vida do selvagem, os seus
usos e costumes na paz e na guerra; os tempos his-
toricos, desde o descobrimento até nossos dias.
Na sua composição seguimos um processo intei-
ramente novo entre nós e, assim, cada lição contem

Na pagina par:
0
1. ) Um ponto h1'storico exposto em linguagem
ao alcance das crianças, sendo o essencial em carac-
téres maiores e, em tipo menor, as notas e explicações.

Na pagina impar:
0
2. Um resumo cronologico da lição.
)
0
3. Uma lehura !iteraria sôbre o ponto dado.
)

No fim de cada periodo vem um quadro de reca•


pitulação das lições, assim como a demonstração do
progresso do pais por me1'o de quadros de sua civili-
zação.
E' o livro amplamente ilustrado com mapas e fi-
guras.
Aos senhores professores rogamos que nos ad-
virtam as lacunas e erros encontrados, afim de que,
em edições subsequentes, possamos melhorar este
tlespretencioso trabalho.
Porto Alegre - 1933.

Afonso Guerreiro Lima.


1." PARTE

TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO

a) A terra e os habitantes.
b) A vida selva.g·em.
c) Costumes na. g·uerra.
TEMPOS ANTEillOHES AO DESCOBRIME NTO ' 7
6 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIME NTO
- Influência da vegetação nas denominaç ões
A terra e os habitantes locais
Uma vastíssima região cortada de rios
caudalosos, semeada de matas, guardando Numa regmo como o Brasil, onde a vegetação exubera, variada e
em seu seio virgem opulentas riquezas mi- intensa em vastíssimas zonas, a denominação dos lugares de proce-
nerais - tal se nos afigura o Brasil sel- dencia indígena deve, ele contínuo, traduzir a feição local sob o ponto
vagem. de vista da sua vestimenta vegetal, ou pelas espécies característica s.
A variada abundancia de palmeiras da
flora do país serviu para a sua denomina- A geografia aqui reflete nas denomina ções dos lugares a. ca-
ção primitiva. racterística vegetal de cada urna.
Pindormun, isto é, região das palmeiras, Não é, pois, de estranhar-se o frequente emprêgo de nomes de
- era o nome consagrado entre os seus sel- plantas, árvores, para indicar um rio, um banhado, um vale, um
vagens habitantes. povoado, urna serra, um acidente topografico qualquer. Couto de
Estes procediam talvez de povos emi- Magalhães refere ter ouvido entre os indivíduos de uma tribu tu]}l
grados da Asia, em épocas remotas, e di- do interior o nome Pin<lorama ou Pido-Retana, região das palmeiras,
vidiam-se em dous grandes grupos: tuJdS como indicativo das terras do litoral brasileiro, e podendo-se apli-
e t:qm ia!'. car ao pais todo. As palmas são, de fato, um tipo vegetal tão dis-
" ... A' hora do toqu e das buzinas tinto, tão característico e tão comum na nossa terr a , que a sua
passavan1 diante li as casas elos guer-
r eiros, dizendo-lh es este famoso gri- beleza e frequencia em certa parte do pais, não podia deixar de
to de gu erra para a conquista do Bra- influir para o nome que o devia designar. Daí vem encontrarem- se
s il: amiudadas vezes no nosso mapa geografico as denominações tupis
- Yá só Pind orama J:oti, itama-
r:ina poanhantin, yarar an1a ae rece. das diversas espécies de palmeiras. O nome Caruanba, corruptela
- March emos para a r egião das de Caranú-Hihn, da magnífica palmeira de folhas flabelHormes
Um tipo inrlig <' na palmeiras (Pindorama ), com a acha (Copernieht Cl'l·ifera), cle que se extra i urn a cêra resinosa muito
d ' armas na ponta da mão, seremos
senhor es do B1·asil. ., (('. de Magalhães usada no norte do Brasil, com a sua copa esferica, formando um
- Anchieta. as raças <' lingua:s inrli- ornamento de notavel efeito na paisagem, abundante no sertão, á
g ena s). margem dos lagos e dos grandes rio s corno o S. Francisco, aparece
Entre as tribus designando grande número de localidades e traduzindo-lh e o aspecto
da raça tupi, que característico , sob as fórmas corruptas de Caruaíha Camuleúbtt ou
vieram a desempe-
('rundeúlm e até ('rimleúba.
nhar papel na his-
tória, notaremos os o nome {'araudú-Hi, rio das carnaubas, é frequente na região
'.famoios central.
Carijós Assim tambem
•ruJI huunluí ~ o buritl ou muriti,
'l'upiniquins a Maurilbt Vinifera
Cnetés dos botanicos, com
Tnbajara s as suas belas fo-
Pitag·oares lhas espalmadas
Entre os da ra- em leque, aparece
ça tapuia, os
dando o seu nome a
Aimorés grande número de
Goitn.caze10 localidades nas re-
Gualanazes giões dos campos
Gunlcurí1~
elevados, onde ela
Os t-n)lis eram cresce formando
senhores do vasto capões cerrados
litoral, irradiando nas baixadas das
em alguns pontos cabeceiras dos rios.
para o interior.
Os ta}mlltS ha- A Macauba ou Ma pa hip ote ti C'o das c mi g r a<: õ t> ~ 11ara :1
bacaiba, de que Am t> ri ca
bitavam as zonas ni st ri bu ic:iio das oi vE- rsas l rihu;; nelo pa!s
centrais do país. procedem por corruptela os llomes bocaiuva e macaiba, empresta
Crê-se, geralmente, que foram os tapuias os primeiros a se esta- o seu nome a não poucas localidades do Norte e Centro do Brasil.
belecerem no litoral.
Vieram depois os tupis e assenhoreara m-se dessas posições, re-
pelinrlo os inimigos para o interior.
TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO 9
8

A vida selvagem Leitura - Lendas indlgenas

A habitação do selvagem chamava-se oca. Era uma espécie de Origem do rio Solimões. - Ha muitos anos, a lua era noiva
cabana de palhas, de maior comprimento que largura, sem divisões .eo eol.
internas, onde viviam em comum muitas familias.
A reunião de algumas ocas, dispostas em círculo, formava uma Si chegassem a casar-se, porém, o mundo seria destruido: o
taba, a qual era de- amor ardente do sol abrasaria o mundo, e a lua com. suas lagrlmas,
fendida por meio inundaria toda a terra.
de uma cêrca de
paus ou caí~anl. A lua apagaria o fogo; o fogo faria evaporar a agua. Não
A taba tinha puderam casar-se, pois.
uma espécie de go-
vêrno rudimentar: Separaram-se, então, a lua para um lado; o sol para outro.
obedecia a um che-
fe, tirado em geral Separaram-se. A lua chorou todo o dia e toda noite; e foi
dentre os mais ve- então que as lagrimas da lua correram por cima da terra até
lhos e experimen- o mar.
tados.
O mar embraveceu e por isso não poude a lua misturar as suas
A reunião das
tabas constituía a lagrimas com as
tribu e uma re- agua!l do mar
- a11 quais meio
Dansa dos Tupinambás umao de tribus ano correm pa-
formava a nn~ão.
As diversas na- ra cima, meio
para baixo. Fo-
ções tupis falavam uma língua geral, mantinham os mesmos usos, ram as lagri-
castumes e tradições. mas da lua que
Os indígenas n ão conheciam vestimentas; usavam, porém, certos deram origem
enfeites; na cabeça um cocar de penas de vistosas cores, o acan- ao rlo Solimões.
gnapc; um cinto de plumas, endna}Je. Outros pintavam o corpo de
cores vivas; qua- O dfluvfo-
si todos furavam Oonta-se tam-
os beiços, as ore- bem que antiga-
lhas, o nariz, mente foi as-
donde pendiam 111m que o mun-
batoques. do 11e acabou.
Eram dados á Uma Tez ouviu- Refeição elos indios
dansa e á musi- 11e um grande
ca; tinham ins- rufdo nos ares e
trumentos, espé- no interior da terra. Dizem que muitos agouros apareceram. O sol
cies de gaitas, e a lua ficaram vermelhos, azues e amarelos. A caça misturou-se com
flautas, tambo- as gentes, sem ter medo, isto é, as onças e todos os animais ferozes.
res, como o mem- Um mês depois, ouviu-se um estrondo ainda maior. Viu-se então
bf, o uapi, o toré •. que as trevas enchiam o espaço, da terra ao céu, e que desabava
A caça, a pes- grande chuva, com trovoada, extinguindo o dia. Perderam-se uns,
ca, ai g um as outros morreram sem saber porque.
plantações de
mandioca e mi- Tudo estava muito feio. As aguas cresceram tanto que suh-
lho, constituíam mergiram a terra, ficando sp de fóra os g-~tlhos das grandes ár-
os seus meios de Fan1ilia s elvagem Toree. Nessas árvores procurou o povo salvar-se, mas choveu
vida. todo o tempo da escuridão e o povo pereceu de fome e de frio.
Os indígenas reconheciam a existencia de Deus, que chamavam E11caparam apenas Uassú e a sua mulher. Estes, quando desce-
Tupan, além de outros deuses secundarias, como: Coaracf, o sol; ram da árvore, não encontraram na terra nem os ossos dos mor-
Jaci, a lua; Ruda, deus do amor. Acreditavam na sobrevivencia da toe. O casal teve muitos filhos. Contam, então, que Uassú ima-
alma, tinham seus sacerdotes, ou }Jagés, que viviam misteriosamente clnou: Convém que façamos de hoje em diante as nossas casas em
e exerciam grande poderio. lugares bem altos para que as aguas, quando crescerem, não nos
aleaneem.
A virtude por excelencia no selvagem era a hospitalidade. (Dt·. Barbosa Rodrigues).
10 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO

TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO 11


Costumes na guerra
Resolvida a guerra, reunia-se a grande assembléa dos guerreiros
Leitura - Perí
de todas as tribus. Escolhia-se o chefe supremo, sempre dentre os
de maior bravura e mais altos feitos e começavam os preparatll'os. Era o tempo das árvores de ouro.
A terra cobriu o corpo de Araré, e as suas armas; menos o seu
arco de guerra.
Perf chamou os guerreiros da sua nação e disse:
"Pai morreu; aquele que fôr o mais forte entre todos, terá o
arco de Araré. Guerra!"
Assim falou Perí; os guerreiros responderam: Guerra! .
Einquanto o sol alumiou a terra, caminhamos; quando a lua
subiu ao céu, chegamos. Combat.emos como goitacazes. Toda a noute
foi uma guerra. Houve sangue, houve fogo.
Quando Perí baixou o arco de Araré não havia na taba dos
C omba t e sin g ular entr !' dois Aimor és
branc"os uma cabana em pé, um homem vivo; tudo era cinza.
Seguiam mensageiros para as tabas amigas. Os pagés acend~am o · Veiu o dia alumiou o campo; veiu o vento e levou a cinza.
animos, pregando de antemão a vitória.
Nas vesperas do dia fixado, reunia-se o exército, celebravam- Sua mãe chorou e disse: Peri, chefe dos goitacazes, filho de
se festas. Araré, tu és grande, tu és forte como teu pai; tua mãe te ama.
Por fim punham-se todos em marcha, acompanhados da Inultl-
dão -de velhos, mulheres e crianças. Os guerreiros chegaram e disseram: Perí, chefe dos goitacazes,
As armas eram: o tacape, as Hexas e lanças de IJaU. ruho de Araré, tn és o mais valente da tribu, e o mais temido do
Aproximavam-se da taba inimiga e nela davam de surpresa, inimigo; os guerreiros te obedecem.
quasi sempre de madrugada, no meio de grande alarido e ao som
1 As mulheres chegaram e disseram: Perí, primeiro de todos, tu és
da inubia, espécie de buzina.
belo como o sol e flexível como a cana selvagem que te deu o nome;
Se o inimigo era vencido, saqueavam a taba e arrasavam-n•a.
Entre os tupis constituía um titulo de gloria fazer o maior número as mulheres são tuas e&eravas.
~ .Perf ouviu e não respondeu; nem a voz de sua mãe, nem o canto
~os guerreiros, nem o amor das mulheres, o fez sorrir.
j Na casa da cruz, no meio do fogo, Peri tinha visto a senhora dos
brancos: era alva como a filha da lua; era bela como a garça
do rio.
Tinha a côr do céu nos olhos; a côr do sol nos cabelos; estava
vestida de nuvens, com um cinto de estrelas e uma pluma ele luz.
1
O fogo passou; a casa da cruz caiu.
De noute Per[ teve um sonho; a senhora apareceu; estava triste
•.\ ta.( tU ~ el os inrli og gu a i c urú s e falou assim: Perí, guerreiro livre, tu és meu escravo; tu me se"
gulrâs por toda parte, como a estrela grande acompanha o dia.
de prisioneiros, os quais eram conservados em liberdade e go?Javam
de certas regalias até o dia de sua morte. • •••••••••••••••••••••••••••••••••• •• ••••••••• • • •• •• •••••• • • • • • • o ••

Neste dia reunia-se toda a tribu em horrível festim. A Titima


estava amarrada no meio da ocara (praça) e aí era morta por um Guerreiro branco, Perf, primeiro de sua tribu, filho ele Araré
golpe da: tanga))ema. O corpo ficava entregue ás velhas que o espos-
tejavam e assavam no moquem ou grelha. A cabeça do inimigo ficaTa. pa nação goitacaz, forte na guerra, te oferece o seu arco; tu és
espetada na -entrada da taba como um troféu de vitória. amigo.

(José de Alencar).
11 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO

RECAPITULAÇÃO

'.rempos anteriores ao descobrimento

/
A Pindorama - era o nome selvagem do Brasil
Os indígenas dividiam-se em tupis e tapulas.
I
terra Tribus tupis: tamoios, carijós, tupinambás,
tupiniquins, caetês, tabajaras, pitagoares.
e os Tribus tapuias: aimorés, goitacazes, goiana- I 2." PARTE
zes, guaicurús.
habitantes Distribuição: tupis - no litoral; tap11iaa
no interior.
-I
I
I

TEMPOS HISTOR.ICOS

1500-1822 Colonia portuguesa

Uma reunião de ocas constituía a taba, eataa 1580-1640 Colonia e~panhoht


VIda formavam trfbus e estas nações.
Os indígenas andavam nús, gostavam da. dan- 1815-1822 Reino
selvagem sa e da musica, viviam da caça e da pesca.
Tinham idêa de Deus. Eram hospitalelroe. 1822-1889 Imperio
1889- o o o o Republica

'
Costumes A assembléa dos guerreiros decidia da perra
e escolhia o chefe.
na As armas eram : tacape, flexas e lanças de pAu.
Ataque de surpresa; arrasamento da taba,
i guerra Matança dos prinsioneiros. ~
i
I

!=I ==~====~ -~-~ ]


RECONHECIMENTO DA TEHRA 15
RECONHECIMENTO DA TERRA
14 Resumo cronologico da 1." lição
:L499 22 tle nbril - Avista-se a or-
Descobrimento do Brasil 1111 de Junho - Alonso de Ro- la da terra e um monte.
1: Jlçiio 1600 jeda avista uma terra que se 2:1 ole nhrll - Os navios apro-
BUPÕe ser o Tiio Grande do ximam-se de terra,
Norte. 2:i de nbril - Ancoran'l OR na-
Vasco da Gama achara o caminho das In- 1500 vios no Porto Seguro.
dias. Era preciso, portanto, que Portugal fir- 218 de janeiro - Vicente Ya- :m de "hrll - Frei Henrique
masse o seu domínio naquela terra de riquezas ftez Plnson descobre um cabo de Coimbra celeb ra a 1". missa,
prodigiosas. na costa do Brasil. no ilhéo da Corôa Vermelha.
9 de mnrço - Parte de Lisboa f de nHtio- Frei H~nriquc dt•
O rei D. 1Ianoel - o Afortunado - mandou a expedição de Pedro Alvares Coilnbra celebra a 2.n rnissa {'
Cabral. Cabral toma posse da terra.
logo aprestar urna poderosa armada de 10 naus 21 de abril - Começam a
e 3 navios redondos e escolheu para coman- aparecer inesperados sinais d 2 de nt:tio - Continua a via-
terra proxima. gem para as Inclias.
dá-la o fidalgo Pe<lro Alvares Cabral. ===----
A partida foi solene. Celebraram-se festas Leitura - O descobrimento do Brasil teria ~ido efeito do acaso!
extraordinarias. Quasi toda Lisbôa assistiu das ... Cabral afastou-se
Pedro Alvare" praias á saída das naus. da costa africana acossa-
Cabral do por forte temporal,
Em poucos dias estava a expedição nas
ilhas do Cabo Verde. Daí seguiu cada vez mais segundo alguns c roni stas.
em rumo de oéste, para afastar-se o quanto possível das costas d'A- A suceder assim, a ma-
frica e evitar as calmarias que alí são frequentes. ravilhosa descoberta le-
ria sido obra do acaso.
Quasi um mês andaram as na us perdidas na Essa opinião, que por
imensidade do oceano. Um dia, porém, nota- muito tempo prevaleceu,
ram surpresos os marujos sinais evidentes de foi, recentemente, posta
terra proxima: as aguas eram mais verdes que de parte por eruditos in-
azues, apareciam aves marinhas... Com efei- vestigadores, entre os
to, no outro dia, mostrava-se no horizonte a quais citaremos o ilustra-
orla da terra, na qual sob ressaia o cabeço de do oficial da armada Lo-
um monte. Era o tempo da Pascoa e, por isso, pes de Mendonça, que
Cabral denominou-o - 1Ionte Pnscoal. numa douta conferência
Aproximaram-se os navios. Saíu Afonso demonstrou <Iue a um
LotJes a procura ele um ancoradouro. Achou-o plano bem amadurecido
D. Manoel, o
um pouco para o Norte e pela sua excelencia Afortunado Lug·ar clonrlp CaiJral avistou lel'l'a se ·deve a descobe rta do
deu-lhe o nome ele - Porto Seguro. Aí anco- Brasil, e que Cabral não
raram os navios e saíram á terra alguns marinheiros, que foram errou ao acaso pelos mares em furia, antes seguiu a rota que mais
bem acolhidos pelos selvagens. segura lhe pareceu para chegar á realização de seu sonho de g lo ria.
Alguns dias passados, desembarcou toda a expedição. Em terra Se é certo que a ciencia ela cosmografia e a arte de navegar não vi-
havia sido armado um rustico viam em grande familiaridade com o ousado navegador, ha a notar
altar. Nêle o capelão da ar- que da guarnição das naus faziam parte homens experimentados,
mada, frei Henrique de Coim- corno Pero de Escobar e João de Sá, além de vários cosmografos
bra, celebrou urna missa. De- abalizados, entre os quais contava-se o bacharel mestre João, espa-
pois Pedro Alvares Cabral de- nhol de origem, físico ele cl. Manoel e autor elo primeiro estudo que
clarou solenemente incorpo- apareceu sôbre a grande constelação austral. E não t eria mestre
rada aos domínios portugueses João, que em tanta privança vivia com el-rei, fornecido ao seu mo-
a nova terra, á qual deu o no- narca quaisquer indicações que, por seu turno, cl. Manoel trans-
me de - lUta dtL Vera Cruz. mitiria a Pedro Alvares? Depois é necessario ainda atentar em que
Para perpetuar a posse deixou da armada fazia parte Duarte Pacheco Pereira, que, na expedição,
plantada urna grande cruz de representava até certo ponto, no dizer ele Lopes de Mendonça, um
madeira, com as armas de Por- como poder oculto, um inspirador espiritual de Pedro Alvares. A
tugal. êle fôra, sem dúvida, confiada parte das instruções particulares
.A Yiagem de Call!'al Em seguida regressou para d'el-rei, e êle •devia ter dito ao famoso capitão que, a partir de São
o Reino o navio de André Gon- Tomé, deveriam as naus ir sempre na volta elo mar, sempre qui-
rnh es a levar a nova do descobrimento e, deixando em terra dous nando sôbre a banda do sudoéste até meterem o Cabo ela Bôa Espe-
degredados, prosseguiu Cabral sua derrota para as Indias. rança em léste franco. A crítica historica corrigiu, pois, este ponto
importantíssimo, cercando de mais viva e luminosa auréola o nome
Antes de Cabral oulros nav egado res tinham já visitado a costa do famoso capitão e dos homens doutos e esforçados que el. Manoel
do Brasil Os prim eiros foram o es panhol Alonso de Hojedn, lhe deu por companheiros ele fadiga e de glorias.
em 27 de· junho e Dlogo tle LeJ>C, tudo em 1499. Outro Vie .. nte (Maximiliano d<> Lf>mos).
Yníiez Pinson. em 26 de janeiro de 1500.
RECONHECr.MEN TO DA TERRA RECONHECIMEN TO DA TERRA 17
16

Primeira exploração Resumo cronologico da 2.a lição


2: 1601
lfção 1501 1502
Logo depois da volta de André Gonçalve~
14 ele mnlo - Parte de Lisboa 1 tle j:meiro - Ancora no Rio
com a noticia do des cobrimento inesperado, uJDa esquadrilha para exp lorar de Janeiro.
d. Manoel r esolveu mandar uma flotilha de 0 Brasil. 6 tle janeiro - Angra dos
três caravelas proceder ao reconhecimento da 2G ele ngo11to - Avista o cabo Reis .
nova terra. s. Roque. 20 <le janeiro - Ilha d e S. Se-
bastião.
28 de agosto - Reconhece e
Esta expedição, sôbre que ainda ha dúvidas, dA nome ao cabo de S. Agos - 22 tle j:meiro - Ilha de S. Vi-
não se sabe bem por quem foi comandada, tlnho. . _ c e nte .
4 de outubro - R10 dP Sao 2:> de mnr<:o - Cabo d e Santa
parece, porém, certo que nela tomou parte o :rrancisco. Maria.
navegador florentino Americo Vespucio. :1 tle dezemb ro - Cabo de 7 tl e se tembro - A esquadrl-
SAo Tomé.~======·~~====~==~~~lh~a==c~h=e~g~a==á==L~i~s~b~o~a~.==~~-=~
Uns afirmam t e r s ido André Gonçalves
ou d. Nuno Manoel o comandante da pri-
Americo Vespuclo m e ira exped ição expl o rador a, o utr os dão Leitura - Beleza do Brasil
Gonçalo Coelho ou Americo Vespucio.

Tendo saído de Lisbôa em 14 de maio de 1501, encontrou-se nas Não h a no mundo país mais belo do que o Brasil. Quantos ~
ilhas de Cabo Verde com a expedição de Cabral, já de regresso das -..lsitam atestam e proclamam essa incomparavel beleza.
In dias. Dentro do enorme perímetro brasileiro encontra-se tudo o que
A esq uadrilha exploradora veiu ter á Vera Cruz na a ltura do
atual Estado do Rio Grande do Norte e percorreu a costa para de pitoresco e gr andioso oferece a terra. Ainda mais: encontra-se,
o sul, dando n ome ás terras que visitava, confo rme o santo do dia, em materia de panorama, tudo o que ardente imaginação possa fan-
tais qomo: tasiar. E os espetáculos são tão variados quanto magníficos.
Cabo de S. Roque Obse1 va João Francisco Lisbôa, no jornal de Timon, que os sen-
timentos experimentados pelos primeiros exploradores do Brasil, ao
tlnl10
cabo de Sto. Agos·~-;~;=~-==::~,;-~i-iii darem vista das nossas costas, eram de intensa surpresa e admiração.
A t al ponto os maravilhava o aspecto pomposo da terra inculta
rio S. Mibvnel ~: e ~elvagem, - continua o exímio literato maranhense - que a
!',.,.~ - .J todos êles acudia espontaneo o pensamento de que, sem dúvida,
rio S. Jeronimo
nesta abençoada região estivera outrora situado o paraíso terreal.
rio de S. Francisco Tal conjetura foi debatida, com incrível gravidade, durante bom
....... . _.~ número de anos .
rio das Virgens
\ Americo Vespucio, numa carta publicada em 150-!, opina que, a
l'io Sta. Luzia haver aquele par aíso, não devia ser longe das nossas plagas.

·~ Mais tarde e por longo tempo, acreditou-se que no Brasil perma-

l_ _ _ _ _ _ _ _ ::~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
cabo de S. Tomé
necia o fabuloso Eldorado.
No documento mais venerando da nossa história colonial, segun-
do Porto Seguro, a epístola de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Ma-
angra dos :Reis noel, noticia ndo o descobrimento de Cabral, diz o insigne cronista
rio de Janeiro
ftha de S. Sebastião que a praia é muito form osa, com arvoredo tanto, tamanho e tão
buto e de tantas plumagens que não póde homem dar conta.
llha de S. Vicente Pontos da costa e m que tocou a primeira
exped ição ex ploradora Entre os escritores dos tempos coloniais, o padre jesuíta Simão
cabo de Sta. :&faria. de Vasconcelos, nas Notícias Curiosas, declara que capitães e cos-
mografos não viam causa igual no univers.o todo, á perspectiva
Daqui voltou para Lisbôa levando as informações que pudera da, nova terra que é um espanto da n atureza e faz vantagem aos
colher nos diversos pontos em que tocara e tendo já a certeza de
campoR ellsios, hortos pênsiles e ilha de Atla nta.
que não era uma ilha.
Por isso a primeira denominação de Illta, da Vera Cruz foi subs-
(,\fonso Celso).
tituída pela de - Terra da Santa Cruz.
18 RECON HECIM .I<JN'l' O DA 'l'EHR A

Segu nda explo ração RECO NHEC IMENT O DA TERR A 19


:J.• IJção Resu mo crono logic o da 3." lição
,Dois anos depois d. Manoe l 1·esolveu manda r outra
sob as ordens de Gon<:alo Coelho , acomp anhad o esquad rilha, 1503 152 6
de Ameri co Vespu eio , . de junho - A expedi ção
e Fernan do de No ronha, talvez com o fim de fundar de . Gon çal o Coe lh o <;hega Vem ao Brasil a expedi ção de
rias em pontos favora veis da costa. alguma R feito- 11mas Ilhas que denom ma de S.a C ri stóviio Jaques .
Partiu a expedi ção do porto de Lisbôa e, dias ,JblO,
a umas ilhas que denom inou de S. João (hoje passad os, chegou 1506 1527
ronha) . Veiu, depois , ancora r na baía de 'l'odos Fernan do de No- c;;onçal o Co e lh o r egr essa para Cristó vão J aques aprisio na
sofreu hostili dades dos selvag ens. Contin uou os Santos , onde Portug al. três navios france ses na Bala.
e entrou em Porto Seg·uro . Aí fundou Gonça a percor rer a costa
lo Coelho a feitori a
de Santa Cr uz, manda ndo levant ar a lguma s rustica Leitu ra -
um fortim , no qual deixou peque na guarni ção. s edifica c:ões e Brasi l I
Prosse guiu sua derrot a e foi levant ando marco
s e padrõe s em Conde corou Cabra l es ta nova te rra com o belo
divers os sítios. cruz, princi palme nte em memo ria da seman a santa, nome de Vera
Veiu ao Rio de Janeir o e demor ou-se algum tempo. passar , porque tomou posse erguen do o símbo que acabav a de
bido pelo selvag em e lanço u os fundam entos da Foi bem rece-
chegan do até a iniciar a cultur a da cana de assuca
feitori a de f'arioc.a, Çio, e acaso tambê m, porque estava a chega r olo da nossa reden-
r. dia 3 de maio em
que se celebr a a festa da Invenç ão da Cruz.
Contin uou a explor ar o litoral até ao Cabo das
Gon çalo Coelho levou para a Europ a, como já Virgen s. Mudou , dentro em breve, o rei este nome ele Ver:t
Cruz, para o
amost ras de certa madei ra verme lha, cô1· de bra~a, o fizera Cabra l, de Santa Cruz.
lente tinta. que dava exce- Começou a Terra de Santa Cruz a ser oficial mente
Brasil desde 1504 em conseq uencia da grande quanti denom inada
Daí veiu a denom inação - 'l'erra s do Rmsil - dade de madei ra
- JlJ•a:;il, - nome que preval eceu.
ou simple srnent e cOr de brasa que nela se encon trou, e dentro
um ramo impor ta n te de comér cio. em breve consti tuiu
Segun do Murat ori a palavr a brasil fo i pela prime
Do ano de 1128 em um tratad o entre os
ira vez usada
povos de Bolon ha e de
Terc eira explo ração Ferrar a ; pois em uma resenh a de merca dorias
dêsse tratad o figura
a_gm.na de bras ile.
Chega ra a Portug al a notícia de que armad ores A madei ra era, todavi a, conhec ida na E uropa,
parava m um a expedi ção destin ada ao Brasil . rran('e ses pre- IX, como observ a o ilustre J. Mende s ele Alm eida, desd E' o seculo
e . Albufe da, e dizend o que dela se tirava a cõr citand o Renau dt
n. Jofío lJ I - sucess or de d. Manoe l, - man- late para as vestim entas regias e as capas dos
verme lha ou escar-
dou ('ristó l fío .Jaq nes com uma armad a de cin- cavale iros.
co carave las e uma nau, afim ele guard ar as cos- Provin ha essa madei ra das ilhas Malaia s e forma
tigos do comér cio do mar Verme lho. va um dos ar-
tas e imped ir o trafico com os indíge nas .
Cristó vão J aques veiu ancora r entre a ilha Os tupis chama vam a árvore Arabo utan, e com
de ltama mc;í e o contin ente. Aí, num ponto fa- elDza sabiam dar uma côr verme lha muito durave lavadu ra da sua
vorave l do litoral , creou uma fe itoria para t·egu- rêm, denom inava- se il)irn-p itanga , pnn verme iJw. l; a ma:deira, po-
lar o comér cio do brasil. Quem se dedica va ao trafico do pau-br asil começ
se brasJie iro, como se ape lidava m n egreiro s, ou a chama r-
Deixan do uma carave la para garant ia do novo
estabe lecime nto, seguiu com as outras para o su ros, livreir os os que se entreg avam ao comér cioJ)imen teiros, baleei-
dos negros , da pi-
l menta , das baleia s, dos livros, etc.
a percor rer as costas . /
n. João Tl[ Nada achou que lhe tolhes se o passo. Aplico u-se, portan to, o epíteto de brasile iros a
Dos dêste pafs em geral, porque muitos dêles
todos os colo-
Na volta entrou na Baia de 'J'odos os Santos , pratica vam o comér cio
onde encont t·ou três navios france ses. Travo u 4o pau-br asil.
durant e um dia inteiro e venceu -os. A maior comba te com êles O nome brasiJi ense, que seria propri ament e o
caiu prision eira e foi condu zida para Europ a.
parte da tripu lação Brasil , ficou para indica r os indíge nas. A denom patron ímico do
introd uzida pelos jesuíta s, a<\Íu em desuso , suplan inação de brasis ,
Daqui por diante nad a mais se sabe da expedi tada pela mais
ção de Cristó vão seguid a, posto que inexat a, de ÍJ1dios .
Jaques .
Esse último nome deve a sua origem ao engan
> lH'oced i nl ento ele Cristóv ão Jaque~ co nlra
rinho>i ros france ses origino u uma r clamaç n avios c nut- br1ncfpio se supôs que o pafs descob erto por Colom o pelo qual no
p a rte da França . cujo govêrn o, n ada etendo ão diplom atica d to 'tlenta l da India. Quan do, mais tarde, se conhec bo fôsse a costa
m eio, procur ou (>mbar açar a ação do Portug conseg uido por este IW Novo Mundo o nome de lllllill Ociden tal, e acresc eu o êrro, deu-se
ta~ d f' eorso a cl i vPrso~ artna(lO
al, co nc PclPn do cf\r- entou- se á ver-
t't:>R f r a ncfl'Rt-R . ~elra lndla o qualifi cativo de Orient al.

• (Padr< ' Gal anti).
RECONHECIMENTO DA TERRA 21
RECONHECIMENTO DA TERRA
20
Resumo cronologico da 4.a lição
Primeira tentativa de colonização Partida do
1630 1.• de agosto -
Rio de Janeiro em direção a Ca-
a lle deaembro - Partida de nanéa.
4.• llçíio liSt J(11rtlm Afonso do porto de 12 de agosto - Chegada â Ca-
Usboa. nanéa.
16 3' 1 1632
Em fins de 1530, partia do porto de Lisbôa a grande expedição · Jl de Janeiro - A armada 22 de Inarço - Ancóra a expe-
colonizadora de Martlm Afonso de Souza, com a ardua incumbencta. ell'ega a vista de terras do Bra- dição em S. Vicente.
de implantar a civilização e promover o povoamento do Brasil. •11 e aprisiona um navio fran- Fundação das duas primeiras
eêtl. povoações: S. Vicente e S. An-
Para tanto vinha aquele fidalgo português invel:ltido de ampl01> ;t• de teverelro - Reune-se d•·é da Borda do Campo.
tOda a armada em Pernambuco.
poderes: devia tomar posse de toda a terra, organizar o govêrno, 18 de mar~:o - Chega Martim
administrar a justiça; podia conceder terras e até sentenciar á .Afonso á Bata e se lhe apresen- 1633
morte. ta <0 Caramurü. Martim Afonso segue para
8 de abril - Ch e ga a expedi- Lisboa. (
Em princípio de 1531 estava a armada nas ilhas Canurlas e dali 1:&0 ao Rio de Jan e iro
veiu em direção ao cabo de S. Agostinho, onde encontrou navio~
franceses, que aprisionou. Leitura O Carnmurú
Pouco depois chegou a Pernambuco e restaurou a feitoria q11e
ali fundara Cristóvão Jaques. Dlogo Alvares, natural de Viana do Minha, em PoTtugal, foi
Destacando o navio de Diogo Leite, a explorar a costa do norte, arrojado ás praias do Brasil vítima do naufragio de uma caravela
prosseguiu Martim Afonso para o sul e entrou na Baía de Todos os qúe se presume ter-se perdido sôbre os parcéis de Mairapé, o cami-
Santos, onde se lhe apresentou Caramurú. ftho do estranjeiro, na linguagem poetica de seus antigos habitantes.
AI, ainda com os vestidos úmidos e pesados, curvou-se sôbre as
No Rio de Janeiro demorou-se a expedição alguns dias. praias encantadoras; seus olhos se alçaram para os céus; e a in-
Da ilha de CanaD.éa vocação de Salvador, que dirigiu a Divindade, deu nome á magnífica
saiu l'ero LO})() para o baia que se desdobrava a seus olhares.
Segundo o costume dos barbaros era o naufrago seu prisioneiro,
,......... ' interior, a explorar o
sertão. e devia servir-lhe de pasto nos seus festins antropofagicos; goza-
\
f

i .... ;•"'
..... ..
-'\.•·

·'"'' va; porém, o mísero cativo de certas homenagens até a aproxima-
Esta expedição per- !AO do dia fatal. Quis, porém, a bôa fortuna de Diogo Alvares que
deu-se totalmente. eoxn êle fossem regeitadas pelo mar armas e polvora, que recolheu
Seguindo a armada euidadosamente; era o céu que lhe confiava no seu terrível mosque-
para o sul, uma grande te o ralo que devia subjugar os seus senhores e dar-lhe um predo-
tempestade lhe arreba- minio absoluto sôbre os seus animas. Explica-lhes a serventia de
tou dous navios. seu instrumento belico, e prova-o com o exemplo que tem nas suas
mãos a punição de
R e s o 1 v e u Martim seus inimigos que
Afonso retroceder, afim lhe ousem fazer o
de cumprir a parte mais mais pequeno da-
importante de sua co- no; e o tiro dis-
missão, que era iniciar parado do mos-
a fundação de colonias quete, cujos pro-
S.ANORÉ agr!colas. jéteis vão abater
e ,S.VICENTE~
E assim chegou a
instalar, á beira-mar, a
a ave que paira
nos ares, enche de
povoação de Síio Vicen- assombro os sel-
te, a primeira que se er- vagens, que fo-
guia no sólo brasileiro, gem espavoridos
·~.. "'-: e mais tarde no interior, bradando na sua
a de S. André da Borda língua: Caramurú!
do Campo, cujo govêrno Episodio d e Ca r a murú Caramurú!
confiou ao português Desde então
As çluas prim e iras povoaçõ e s tornou-se D i o g o
João Ramalho, que ali vi-
via ha muitos anos. Alvares o verdadeiro Caramurú, o ente sobrenatural, que devia
Martim Afonso fez prosperar rapidamente a colonia de S. Vi- C111i-los á vitória nas guerras que pelejavam.
(Joaquim Norberto).
cente e, quando mais tarde voltou para a Eeropa, confiou o seu go- •
vêrno a João Ramalho e Gonçalo Monteiro.
22 RECONHECIMENTO DA TERRA

RECONHECIMENTO DA TERRA :!3


Ensaio de divisã o administrativa
ó." lição
Res umo cronologico da 5." lição

Segundo o sistema empregado já em outras dependencias de 163 4 1535


Portugal, resolveu d. João 111 distribuir as terras do Brasil a pes- t•. de janeiro - Capitania elo
Jjle.PirJto Santo. f'apitania de Itamaracá.
sOas que se tivessem distinguido no serviço do Reino, e que, além ~ té de m arço - Capitania de
. de tudo, estivessem no caso de promover o seu povoamento, a sua Pernambuco.
defesa, o seu cultivo.
G d e abril - Capi!ill&ia da 1 53 6
Bala.
118 de J u nho - Cap itani a de :!1< d e agosto - Capitania da
A costa seria dividida em partes mais ou menos iguais, com Dhêos. Para!ba d o Sul
fundo indeterminado. ~ -- --=- =-=' ~~

'
Cada do.natario tinha o titulo de capitão e governador e daqui o Leitura - As cnpitanias
nome de ca}Jitania dado a cada porção de territorio.
As capitanias não podiam ser vendidas pelos donatarios; eram, Foi então que d. João I li resolveu dividir as suas novas terras
porém, hereditarias, isto é, passavam, como herança, de pais a em capitanias hereditarias.
filhos. Começou dêsse modo a colonização do Brasil.
Os donatarios gozavam de eertas prerrogativas concedidas pela Os donatarios, que tinham direito de transmitir aos filhos as
corôa; cobravam impostos, podiam escravizar os índios e vendê-los, terras havidas da munificencia real, receberam o titulo de capitães
em número limitado, nos mercados de Lisbôa; nomeavam os empre- generais, e ficaram sendo os. senhores absolutos das capitanias.
gados necessarios, julgavam os criminosos, podendo até, em casos ' Deviam apenas ao rei a obediencia de subditos e parte dos lu-
especiais, aplicar a pena de morte a determinadas pessôas; crea-
cros que auferissem .
vam vilas, concediam sesmarias, podiam comerciar livremente.
Assim foi retalhada a nossa costa, já então toda conhecida pelas
Reservava a corôa o monopolio do pau brasil, drogas e espe-
ciarias, o dizimo das colheitas e .
exp1orações que a ousadia dos navegantes realizara.
meçou a constituir-se o país de onde tinha de saír mais tarde
da pesca, o quinto de todos os me-
tais e pedras preciosas.
Os colonos tinham tambem
para com o capitão certas obri- -··"'-..··~···-r··
G. la Brasileira.
sólo virgem, principiaram a caí r as sementes do · cereais;
os machados entraram a violar as matas espêssas, que até então só
gações, entre as quais avultava ..· a,n~als e índios bravios tinham cruzado; os troncos seculares des-
a de servirem com êle, como sol- t;fcJ pedaçados, exportados para a Europa, iam lá mostrar a excelencia
dados, em caso de guerra.
Ha ainda dúvidas sôbre o nú- MARANHÃ O
~ das nossas madeiras; e, no fundo da terra e do leito dos rios, onde
dormiam havia seculos ljem conta, começaram a saír o ouro e as
mero de capitanias creadas por
d. João III. Conhecem-se as se-
">
~ CEARA "
:::!~MA RA C'A '
! pedras preciosas, que de tanta desgraça e de tanta luta iam ser
guintes pela ordem cronologica eausa.
~ PERNA M BUCO ~
das doações: ~ BA HIA .v=== Infelizmente, os colonizadores não eram apenas donos da te rra
Espírito Santo - 1.• de ja- '.;, ILHEiJS ~ e da agua, dos peixes e das féras que as habitavam , eram donos
neiro de 1534. ~ POR TO 3EGIIRO ~
:t ESPIRtTD SR/f TO 1==: = também dos homens primitivos, que, rudes e independentes, altivos
S. Vicente - 153 4. ·:..,
§ PARRHY BA e barbaros, tinham visto p erturbada a sua liberdade e atacado o seu
Pernambuco - 10 de março dominio absoluto, logo á chegada dos primeiros navegadores.
de 1534. S. VIC ENTE
·..··.....~ As cartas de fora! que investi am os rlonatarios da autoridade de
Baía - 5 de abril de 1534.
Ilhéos - 26 de junho de 1534. ·-,.... capitães generais, davam-lhes o dir eito de cativar o gentio, para o
IW!rviço dos seus navios e das su as lavouras, podendo mandá-los a
Porto Seguro - 7 de outubro
de 1534. . / Lisbôa, afim de alí serem vendidos.
Itamaracá - 1535. < ."'-.
11 .. Como sempre, a terra tinha de progredir á custa das lagrimas
de seus filhos.
Paraíba do Sul - 28 de agos-
to de 1536. ' < Amarrados e domados, sem compreender a violencia de que eram
Maranhão. 'ffttmas, os índios, reduzidos á escravidão, eram arrancados á fôrça /
Primeira divisão territorial do
Ceará. · Brasil tias brenhas que os tinham visto nascer ...
• (0. Rilac e Coelho N e to).
RECONHECIMENTO DA TERRA RECONHECIMENTO DA TERRA 25

As capitanias do norte Leitura- Os primeiros colonos


6." Ução Podem-se calcular em mais de 2.000 os colonos estabelecidos nos
diferentes nucleos marítimos, o...me12r uúmero dêles cuidando de
Partindo do norte para o sul, temos a notar no mapa geral das Javou~d~ algu~s industrias do país. Não se inCfúe aí natura1-
capitanias, pela sua ordem de situação, as seguintes: mente uma já ~onside~av~l. porção de indígenas agregados e em
algumas povoaçoes os md1v1duos do novo tipo que vai aparecendo
I destinado a ser o vinculo das duas raças, porque de ambas descende.
Maranhão Em muitos nucleos estes elementos - o indígena convertido ou
1111bjugado e o mameluco - já eram importantes, pois em número
Ceará excediam ~s adventícios e pelo seu valor fazem prevêr de que van-
tagem serao na obra que se tem de construir. Não estamos ainda
em pleno regimen colonial, é claro; em tão poucos anos nada se
Itamaracá fixa na vida e menos na índole de colono. Hoje mal se ilnagina o
QUe devia ser a existencia naqueles tempos.
Pernambuco O europeu tinha aqui, no dia seguinte ao da chegada, de renun-
c!ar aos seus usos, seus costumes, seus processos de trabalho seu
Baía regimen alimentar, mesmo ás suas relações sociais até os 'seus
sentimentos·, suas idéas, sua propria língua. '
Maranhão - 100 leguas de costa - a mais setentrional do país, Passava a viver num meio, onde tudo era inteiramente estranho,
era situada nas proximidades da embocadura do Amazonas, então desde o aspecto da terra, a natureza, o clima, as estações, até a gente.
chamado Maranhão. Foi doada ao historiador João de Barros, que Tinha de afazer-se ás contingencias a que se via reduzido.
se associou a Fernão Alvares e Aires da Cunha para colonizá-la. Não havia por enquanto propriamente comércio interno, nem
A tentativa, porém, malogrou-se, em virtude de se ter perdido com- mesmo, o pequeno varejo local.
pletamente a expedição organizada pelo donatario. O unico meio de vida era a lavoura.
Os mais abastados fundavam engenhos, e faziam, em grande es-
Ceará - 40 leguas de costa - ao sul do Maranhão, coube a cala, a cultura de alguns produtos de mais valor.
Antonio Cardoso de Barros, que nunca tratou da sua colonização.
Esse. trabalho dos campos era feito a custa do braço indígena, e
Itamaracá abrangia três territorios muito distanciados entre si: em segmda tambem do braço africano, cuja introdu çà.o começou
1) Itamaracá, ao norte; 2 e 3) Santo Amaro e Terra de Santa a fazer-se já no tempo das donatarias.
Ana, ao Sul. As fazendas, por mais cuidado que se tivesse em evitar o afasta-
Seu donatario foi Pero Lopes de Souza, que nunca veiu ao mento e dispersão, não podiam ficar muito proximas dos nucleos;
Brasil. e tinham necessidade, portanto, de provêr á propria defesa, como
O nucleo de Itamaracá desenvolveu-se enquanto dirigido por faziam os povoados.
João Gonçahes, o qual fundou a vila da Conceição de Itamaracá.
animou a agricultura e soube captar a amizade do selvagem. Um engenho era um verdadeiro castelo ou uma praça forte.
Santo Amaro, sob a direção de Gonçalo l!lonteit·o, teve tambem Os mesmos moradores que se lhe agregavam incumbiam-se de
a sua povoação - Santo Amaro, - mas decaiu depois pela agres- guarnecê-lo e de o defender nos momentos de perigo.
são dos tamoios.
Terra de Santa Ana nunca foi colonizada. Para isso deviam todos armar-se, apercebidos, dia e noite, para
resistir a assaltos de índios bravios.
PemanlJmco - 60 leguas de costa - foi doada a Duarte Coelhe Não se viajava entre um e outro povoado, não se ia para a roça,
Pererra. nem mesmo se trabalhava sinão de caravana e todos armados. E'
Trabalhador, energico e perseverante, o donatario elevou a sua.
capitania a um alto grau de prosperidade. Aliou-se aos tabajáras,
venceu os caetés, desenvolveu a lavoura e a criação, creou a vila
de Olinda, destinada a ser a séde do govêrno da capitania.

Baía - 50 leguas de costa - a parte mais conhecida do li-


afmples fazer idéa das virtudes novas que semelhante genero de vida
Unha de crear.
A tudo isso acrescente-se ainda que no meio daquela ordem tão
Yaga e lnstavel, em formação tão lenta e indecisa, cada qual tem
de garantir a propria liberdade, de defender os seus direitos fazendo
l
toral, por ser o ponto onde assistia Diogo Ahares, o Caramurú, cou- justiça por si mesmo e que, portanto, tudo isso depende da fôrça e
be a Francisco Pereú·a Coutinllo. Este estabeleceu-se na Vila Velha 4a. coragem de cada um.
e viveu em harmonia com o selvagem. Violencias praticadas pelos Não era assim a vida, no tempo das donatarias, uma quasi per-
I
colonos, provocaram a inimizade dos tupinambás e Coutinho viu-se Nta renoração da antiga vida heroica? I
obrigado a fugir. Voltando depois, naufragou e foi devorado pelolil
selvagens. (Rocha Pombo).
RECONHE CIMENTO DA TERRA 27

--~====== ===== '~=~


RECONHE CIMENTO DA TERRA
RECAP ITULA ÇÃO
As capitan ias do sul
P~dro Alvares Cabral, navegand o para as
Descobrim ento Ind1as, avisto u uma terra desconhec ida (22
7." JJção do Brasil de abril) , que, s upondo ser uma ilha de-
Para o sul da Baía era o territorio dividido também em cinco nominou de ilha da Vera Cruz. Dese~bar-
1500 ' cou e apoderou- se dela em nome do rei de
capitania s, a saber: gal
0

1-.;..... .-------- ~Portu ( 1. de maio).


llltéos Percorreu a costa e descobriu o cabo de
Primeira explo- S. Agostinho , rio de S. Francisco cabo
Porto Seguro ração de. S .. Tom é, rio de Janeiro, ang;a dos
Reis, Ilhas de S. Sebastião e de S. Vicente,
Espirito Santo 1501 cabo de_ Santa Maria. Reconhec eu que a
terra nao era uma ilha; dai o nome de
Paraíba Terra de Santa Cruz.
S. Vicente Gonçalo Coelho descobriu as ilhas de S.
·segunda explo- João, visitou a lgun s pontos da costa; fun-
llhéos - 50 leguas de costa - doada a Jorge de Figueired o ração dou a feitoria de Santa Cruz, em Porto Se-
Correia. guro, a da Carioca, no Rio de Janeiro. Ve-
O donatario confiou sua capitania a Francisco Roméro. Este fun- 1503 rifi?ou a existencia do pau brasil, donde se
dou a povoação de S. Jorge do s llhéos (1535), mas malquisto u-se com denvou o nome de Terras do Brasil.
os colonos e os aimorés e viu-se obrigado a a bandona r a capitania.
Terceira explo- Cristóvão Jaques veiu guardar as costas
Porto Seguro - 50 leguas - concedida a Pero <le Campos Tou-
ração do país. Fundou uma feitoria combateu e
rinho. 1526 aprisiono u navios franceses. '
Exi s tia a í, no a ntigo ancoradou ro d e Cabral um comêço de
povoado, qu e não a gradou ao d o natario , de man e ira que este foi A grande armada de Martim Afonso de
f ixar a sua r esid e n cia na marge m do rio Buranhen .
Prfmeirn tentativa Souza visitou muitos pontos da costa, res-
Enquanto vivo o donatario , a capitania prosperou com a in- de colonizaç ão taurou a feitoria fundada po r c ~ istóvão
Jaques, fundou as duas primeiras povoa-
dustria da pesca, cultura da cana e fabrico do assucar . ções brasileira s - S. Vicente e S. André da
Depois foi destruída pelos aimorés. 1530
Borda do Campo, iniciou a agr icultura.
ESJlirito Santo - 50 leguas - seu donatario , Vasco Fernande s
A costa foi dividida em lotes, e estes
Coutinho, fundou a vila de N. S. da Vitória. doados a pessoas de merito. O donatario
Foi a nascente colonia prosperan do com a industria do assucar Ens~aiode dh-isão
tin~a o titulo de ca})itão, e o lote de capi-
até que, atacada pelos goitacazes , decaiu e seu donatario veiu a adminis trativa
tanm. Os donatar ios exerciam o govêrno e
morrer em completa miseria. distribuía m a justiça. Os colonos recebiam
1534
Vasco F' e rnand e s Coutinho, CJUe possuia no R e ino grandes cap bens terras do donatario e a êle ficavam sujeitos.
de f o rtuna. d e sf e z-s e d e tudo p a ra vir t o m a 1· conta d edesua i- -----'---
ve z d e t o rnar-s e um pote ntado como e ra seu de-
tani a e, <' fi Maranhão - João de Barros; Ceará
s e j o , t e rmin o u s e us dias v ivendo d e es molas.
Capitania s do Antonio Cardoso de Barros; Itamaracá -
Paraíba do Sul - 21 leguas - doada a Pero Góes <la Sllveirn, norte Pero Lopes de Souza; Pernambu co -
que fundou a vila da Rainha e an imou a plantação da cana de Duarte Coelho Pereira; Baía - Francisco
Pereira Coutinho.
assucar.
Atacado pelos indígenas , o donatario viu-se obrigado a abando-
Ilhéos - Jorge de Figueired o Correia; 11
nar suas' terras. Es pírito Santo - Vasco Fernande s Couti-
S. Vicente - 100 leguas de litoral, em dous lotes - coube a
~lartim Afonso de Souza e foi organizad a por seu represent
Gonçulo ~Ionteiro .
ante

A vila de S. Vicente era o nucleo principal da capitania. A prin-


L_sul
Capitania s do
nho; Paraíba do Sul - Pero Góes da Sil-
veira; S. Vicente -
Souza.
Martim Afonso de
- - - - -=
11

cipio flor esceu com a industria do assucar e mais tárde decaiu.


Começou então a aumentar -se rapidame nte a vila de Santos, fun-
dada por Braz Cubas e cuja origem fôra um hospital e casa de cari-
dade, a primeira que existiu no Brasil.
OS PRIMEIROS GOVERNADORES
!8 OS PRilUEIROS GOVETINADORES 29
Creação do govêrno geral
Leitura - Reflexões sôlne ns primeiras épocas
L" U~o JM8 da ltistórin do Brnsil

O ensaio de divisão administrativa do Brasil em capitanias não Em 1549, por um dia do mês de março, des.embarcava na Baía
deu o resultado satisfatorio esperado pela metropole, porque Tomé de Souza, governador geral que vinha para a c:olonia do
Brasil.
cad a capi tania vivia como qu e Independente das outra:s e nilo
tinha fôrças para repelir não já as agre;;;sões dos Indios, mas
os possíveis ataq u es d e uma nação estranJelra; O que se tinha passado neste inte r valo? O que dizia a experien-
cia da exploração da terra e da instituição das capitanias? Como
ainda mesmo q u e estivesse muito bem organizada a capitania, é que, 1 ou 19 a nos depo is, o mesmo d. João III, mudava o siste-
o donatario não podi a ex tend e r a sua autoridade a todo o vas~. ma colonial e sujeitava a um govern ador geral todos os capitães-
tissimo t errito rio.
móres que fizera tão poderosos e que tornava agora s ubalternos?
Daí a necessidade de um govêrno geral, cuja autoridade fôsse A experiencia neste período tinha proclamado que os desígnios '!'-
respeitada em todo o país. de Deus se cumprem infalivelmente; que a civilização semeara
Além disto dous fatos graves numa terra fertil, abundante e riquíssima o germen de um grande
tmperio ; que esta semente brotara cheia de viço e de futuro, e que
a) levante dos indígenas da Bafa e morte do donatarlo Cou- já não eram um misterio os tesouros infindos da terra de Santa
tinho;
Cruz, em outro tempo tão funesta e impoliticamente abandonada!
b) tentativa de co nquista d e diversos p ontos pelos franceses. A experiencia, porém, proclamar a também que uma instituição, filha
do t empo, devia acabar com quem lhe dera o nascimento. O homem,
determinaram d. João III a crear o govêrno geral do Brasil. por isso mesmo, que é dotado de razão, é talvez dos entes creados o
O local escolhido para o estabelecimento do novo govêrno era a que carece mais de corretivos.
capitania da Baía, onde
devia ser edificada a ci- A regalia da razão degenera sempre em exorbitancià do que lhe
dade que lhe serviria de foi prescrito pelo seu Creador, isto é, que se chama imperfectibili-
sêde. dade humana. Aqueles a quem s e tinna dado tanto poder e domínio
O govêrno seria exer- que lhes enchesse a t aça da ambição, abusavam de um e outro; en-
cido por três órgãos: o tenderam que conq uistar era assolar, que enriquecer era extorquir
governador geral, o pro- e que possuir era escravizar.
curador mór da real CONCEICÍÍO
fazenda, o ouvidor ge. OL/NOA
A paz com os indígenas do país, diz o veneravel Simão de Vas- \
ral. IGUARASSÚ concelos, só durou enquanto durou a paci:mci:J. dêles, po rque não
O governador geral, houve comércio vil, barbaridade, viole;lcia, extorsão e imorali-
como chefe do govêrno, VILLA VELHA• dade que os portugues Es não praticassem em todas as capitanias
S.JORGE oos ILHEUS com aqueles a quem chamavam selvagens, m as a quem n este ponto
tinha em suas mãos o SANTA CRUZ 1

supremo poder. Todos PORTO SE6URO ~AMARo========:=: ! excediam em selvajaria. A liberdade uatural ate3 ndo as chãmas'\
os donatarios se lhe de- do amor da patria derreteu os ferros da escravidão americana e
VILVICTOR/A'
LA VELHAAj,l!ll;; dêsse dia em diante os interêsses de Portugal não poderam progre-
viam subordinar; cum-
S. ANDRÉ e/Y!LLA OA RAINH~ dir mais debaixo da fórma de aoministração até então adotada.
pria-lhe extender a con-
quista e a colonização, • • PO TO OE SANTOS
promover a defesa das r S. VICENTE Cumpria, pois, modificá-la: essa mesma independencia e ampla
capitanias contra os in- autoridade dos capitães-móres em outra época tão imperios3mente
dígenas e os estranjei- ,.,~· e{S. /111/IRO reclamadas torn avam-se nocivas á bôa marcha do regimen colonial,
ros. ( n e como r.s provas disso r e) etiam-se, cada dia, em breve o mesmo
O provedor mór da ~-,·-, IY= d. João III compreendeu a ne cess idade de cortar as papouhs que
faz enda era encarregado as razões do Estado lhe tinham feito plantar, numa estação mais
favoravel.
de arrecadar os direitos
e dizimas que com petiam Povoaçõ es exist e n tes n a época da
á metropole. Era tempo de r emediar o que só a neces:oiclade exigira. O Brasil
creação do govêrno g e ral ji ni:o era a te rra dos contos exagerados, um cofre de riqu ezas fa-
O ouvidor geral administrava a justiça. bulos s : era, pelo coutrá1 io, uma mina estupenda e inexhauri. e! que
Estas três autoridades, se bem que independentes, deviam agir os povos estranjeiros cubiçavam e que os es;>anhóis e hol.1ndeses
de acôrdo, formando uma como junta, cuja autoridade suprema era tratavam já de comprimir debaixo de s uas garras.
o governador geral.
(Caetano Filgueiras).
OS PRIMEIROS GOVERNADORES
OS PRIMEIROS GOVERNADORES 31
0
O 1. governador geral Resumo cronologico da 2." lição
2.• li(Jiio 1549-loo:t 1548 2ll de nwro:o - Tomé de Sou:<a
ehrg-a >l Bafa.
17 de dezembro - Tomé de 1. 0 tle no'•(.•1nbro - Instala-s e
Em 17 de dezembro de 1548, foi escolhido para governador geral Souza é nom eado governador a cida<le do Salvador e 'l'ornr! de
do Brasil Tomé de Souzn, fidalgo português que, na Asia e na Afri- geral do Brasil. Sou>.a a~sume oficialmento3 o
govC·rno geral.
ca, já puséra em prova o seu tino governativo, valor e prudencia,
1549 1553
Foram ao mesmo tempo nomeados: Antonio Cartloso de Barros Jant'iro- O governador visita
- para provedor-mõr; Pero J,o de feverel - o - Parte de as capitanias do sul.
Borges de Souza - para ouvi- LJsboa a expedição que conduzia 'l'omé de Souza retira-se para
o governador geral. a Europa.
dor geral; Pero Góes da Silvei-
ra - para capitão da costa.
Em 1." de fevereiro de 1549,
safu de Lisboa a expedição, Leitura - A fundação (lU cida<le
trazendo além do governador e
seus auxiliares, empregados e A fundação de uma cidade não era problema novo para os por-
operarios, mais 300 sold~dos , tugueses; muitas viram êles nascer nas ilhas e na A f rica, ao redor
.sOO colonos, 400 degredados e dos fortes ou ao pé das feitorias; aqui na America dar-se-ia o mes-
ti jesuítas, tendo por chefe o pa- mo mais tarde, e as cidades surgiriam umas das missões e aldeias
ure Manoel da Nobrega. dos indios, outras das feiras do sertão, dos pousos de passagem e
Em 29 de março, aportou á travessfa dos grandes rios, e ainda muitos ao pé dos fortes que as-
~;J~[fj~~ Baía, onde foi recebida pelo seguravam as entradas pelo interior.
Caramurú e indígenas seus
aliados. Em todas elas, a primeira consideração intuitiva foi a da defesa
O governador tratou logo contra a ameaça externa.
de escolher o local e começar Tomé de Souza hesitou na escolha entre diferentes ponto::~ e de~
Ch.,b"ada de Tomé de Souza á Bata a edificação da cidade, que foi cidiu-se pelo local que é hoje o da cidade.
solenemente instalada em 1.• de
novembro de 1549. Transferiu o nu cleo de portugueses que já aí estavam e habi-
Nesse dia Tomé de Souza prestou juramento e assumiu oficial- tavam qu asi ao pé da barra, na Vila Velha, mais p;. ra dentro do
mente o cargo de governador geral do Brasil. golfo, e para o alto da montanha que, mgreme ao lado do mar, por
isso mesmo seria facil de defender.
Enq~anto os jesuítas se entregavam á catequese dos selvagens,
prossegma o governador na organização, distribuindo sesmarias aos Na praia, que mais tarde o comércio povoou, havia excelente
colonos, abrindo estradas e caminhos, estabelecendo engenhos e es- aguada para os navios.
taleircs, mandando vir gado das ilhas de Cabo Verde para iniciar E com firmeza meteu mãos á obra.
a criação.
l!'oi aberta urna estrada pela montanha que conduzia ao sitio
Em janeiro de 1553, partiu o governador a inspecionar as capi- escolhido na esplanada; fez logo uma grande cêrca de pau a pique
tanias do sul. a modo de trincheira provisoria, que depois melhorou, fazendo-a de
tai')a para que a sua gente toda e soldados que trabalhavam na
Ali tornou diversas providencias para a defesa das povoações e edificação ficassem ao abrigo de qualquer surpresa do geutio; foram
dos engenhos e fundou a vila de S. André da Borda do Campo no- depois arruadas as casas, que eram cobertas de p'llmas de coqueiro,
meando a João Ramalho para alcaide-mór da mesma. e abertas as praças onde se foram fazenclo as casas maiores do go-
vernador, a da camara, a cadeia, alfandega e casa dos contos do te-
No governo de 'l'omé de Souza tiveram I ugar as primeiras souro, etc.
entr:odns pelo sertiio, a Pl'OCUI a de ouro e pedras p1·eclosas. que
cs indi os di ;· iam c~isti r em ahundancia, principalmente nos ter- No meio da praça, como de costume, elevara-se o pelourinho. ,
r enos adjacentes ao rio S. Franc1sco. Ao mesmo tempo constr uíram-se o Colegio dos padres jesuítas
A Pl i me ira cnt . atht foi comandada por Jorge Dias e nenhum
resultado teve. e outras igrej as.
A Slgunda teve por comandante Sebastião Fernandes Tou- Toda a gente aí trabalh ava e se improvisava de mecanico, afóra
rinho e ch~gou sem res ultado, a uma serra que denominou das os mestres de oficio que tinham vindo.
E:otiUt'"'rn!d:ls,

Os degredados e demais colonos portugueses que estavam na


Em 1552 terminou o período governativo de Tomé de Souza, Vila \'elha. for am transferidos para a nova povoação, agora cheia.
mas este esperou pelo seu sucessor até 1553, ano em que deixou o de vida e movimento.
govêrno e retirou-se para Portugal.
(João Ribeiro).
32 OS PRIMEIROS GOYEJL"ADOHES
OS PRIMEIROS GOVERNADORES 33
Catequese dos selvagens Leitura - Foi proveito ~ a a influência do s padres da
:J.• llc;io Companltia de J esus u ns (lestin os {lo Bra sil, após o
Com o primeiro governador vieram os padres Manoel da Nobre-
ga, Leonardo Nunes, Asp icuelta Navarro, Antonio P ires, Vicente Ro- descoJJrim e nt o1

Sim, como doutr in ado r es de povos ignorantes e barbaros, cujos


costumes conseguiram modificar por meio da religião cristã.
j Só homens vincu lados por uma disciplin a austera, subj ugados
pela obediencia á vontade de seus superiores, inflamados pelo sa-
grado entusiasmo inspirado pela fê, podiam em nosso país traze t·
ao gremio da civilização tribus errantes e indomaveis, agrupá-las
em al deamentos e fazê- las compreender os dever es que ligam os 1
homens entre si, para se constituírem sociedades cultas.
Ser ia de n ossa parte condenavel ingratidão, si deixassemos de
reconhecer, n esta ho-
ra em q ue se apuram
verdades, os impor-
tantes e imorredou-
ros serviços que pela
catequese prestaram
ao nosso progressv ,
sem outra recompeu
ea q ue a satisfação
do dever cumpl'ido
' J::;.a atual da cidarlf' ela Haia, fundaria por 'l'om(> de Sotfza em face da religião
de qu e se constitui-
raro devotados avos-
drigues e Diogo Jacome, com o fim de empreender a catequese e ci- tolos.
vilização ·dos selvagens. Homens de inteli-
Pertenciam todos á Companhia de Jesus, instituída em 1534. e gencia esclarecida, o p.;.d.c "''"'"g" sa ando cnecúme>nos das
ap1 ovarla pelo papa Julio UI, na recente bula de 27 de setembro ao chegar em a esta mãos dos gentios
de 1540. terra, assenhorea r am-
Estabeleceram-se, a princípio, na cidade do Salvador e daí irra- s e utS-e wgo oa lí ngua geral ou tupi-guarani, submeteram-na a
diaram para as diversas capitanias. regras gramat icais; uniformizaram-na em dicionario como si fôra
Os meios de civilização empregados pelos p:tdres eram: um idioma culto, e, tendo apenas por armas a cruz e o breviario, in-
ternar am-se pelas florestas e foram ás tabas indianas pregar o Evan-
Estabelecimento d<• casas e colegios para ministrar educação gelho na imaginosa linguagem dos proprios índios.
c inst1ução á~ t"rianças indí genas, juntamente com os filho~ Cateq uizados e aldeados cs selvagens, eram os jesuítas os ar-
dos colonos;
Forma~ão Oe redu~õt~ s, isto ê, aJdean1entos de indios Pnl di- quitetos dos temp los e dos colegios que levantavam, oferecendo a
versos pontos elo se tão, afim ele. pouco a pouco, os i1· indus- seus a lun os exemp los de contínuo trabalho, tanto de ordem mo ral
trianclo nos uso!< e cost um es da vida civi lizad a. como de ordem física; daí a veneração, a espécie de fanatismo que
os selvico1as lhes consagravam .
O primeiro colegio fundado foi o de S. Vicente, pelos padres
Leonardo Nunes e Diogo Jacome, que tinham a seu cargo aquela
ca pitania.
Mais tarde, em 155lt, Nobrega fundou o de Piratininga.
As reduções foram-se multiplicando pelo sertão e concorrendo O período fl orescente, a época denominada a u rea na h istória
pa r a o desenvolvimento do p:tís, pois, pôde-se afirmar que cada um dos jes uitas no Brasil, foi e<:sa, em que figuravam os Nobre6aS, os
dêsses n uc!E'os foi origem de uma povoação. Aspicueltas e os Anchiet" s - extraordinarios vultos que, esf]uecidos
Em seu trabalho de catequese não se limitavam os jesuítas tão da pro pria personalidade, espalhavam em tôrno de si a maio r s om-
sõmente a converter os índios e a combater os seus vícios, mas en- ma de beneficios que homens de sentimentos podem distribuir, em
sinavam-l hes princípios de lavoura, o maneJo dos instrumentos agra- favo r da felicidade ele s eus semelhantes e da gloria de uma religião.
rtos, e várias artes necessarias á vida.
(Damasceno Vi Pira ).
OS PRIMEIROS GOVERNADORES
L>;:5 PRD! !.!:IHOS GOYE !:1\A I)OH.ES
R.esumo cronolOgiCO
· da 4." e 5 ·" J'•çao-
2. governador ger al
0

15 5 3 o~ franceses
~'? ele Jan ei~·~tabelecem-sc no
l.o d e ntn
c onfederação çado~
nom eado rço - D. Duarte é 1 mar-se a · - Come
B r as il governador ge I tamoios .
8 d.,: maio ra do
O 2. gover nador geral do Brasil foi d. Duarte ela Costa, nomeado
0
13 de julh -
e assume o o
Parte de Lisboa
Aporta á Ba!a·
1 55 6
govêrno. Embarca o 1.
pel a carta régia de 1. de março de 1553.
0
· nancles Sardi~:spo d. Pedro l<'cr
A 13 de julho deste ano, chegava êle á Baia e nesse mesmo dia naufrag ando, ,;la apara L'lsboa c-
1554 ind.
Jgenas, em lG rÍvo.t·ado pelos
F u ndação de S . Paulo. c JUnho
lomou
Emposse
sua do cargo. vieran1 cêrca de 250 pessoas e 16 jesuitas,
companhia
~ 15 57
entre os quais José de Aucltieta, que, mais tarde, se devia cele- 1 5 55 ! Caramurtí

brizar.
Ostosselva
pon da gens atacam diversos
b·D.Duarte
João IÚ.
d ·
Não era Duarte da Costa um homem prudente e habil como To· capitania da Bala. - S<'gue Jla ra a Europa.
eixa o g·ov-
erno ·~
mé de Souza.
Altivo e sõbre si, desprezou o auxílio que lhe podian1 prestar os - - - = = == -
padres e não t r atou de conservar a am1zade dos indígenas. Leit ura_ 0 bispo marUr
Resultaram dai graves males para o seu govêrno.
O primeiro foi a desavença com o bispo 11. Pedro F ernandes Sar·
Perdidas as esper
d.lnlut, o primeiro que teve o Brasil e que viera para cá em 1552. :ver~ador parte de
Deu causa á contenda ter o bispo censurado acremeute a con duta m~lmar-se pelo suas des3.venças á ~?ao,
anças de reconcili· -
deram o bispo
e passar-se com b. ~ndermos á ord
de tl. Ahn ro da Cosbt, filho do governador. Em 1556, fo i o prela do pnm eiro d segundo, se at c I te de Lisboa e o go-
das g • que pareceu
chamado á cõrte, para onde embarcou a 2 de junho. Acompanha- Craves acusações que lheievidade .ao reino :f~ q:e .expediu ao
. onvencido de q . eram feitas. ' m e JUStificar-se
ram-no muitas
Depois de pessoas.
alguns dias tle tormentos:J. viagem, veiu o navio a pt essa o bispo d ue fana triunfar
naufragar nos baixios de 11. Uoilrigo, perto do rio S. Francisco. Sal-
varam-se todos ao furor das ondas e consee!;niram chegar á terra.
ã vela para . e embarcar-se n
da Sé.
c Ltsboa levando con~·náu
a verdade e a · . ·
lgo o.. N. Sra.e da .
cteão a quedeu-se
dava
Aj~t~st;,ça,
mas foram mortos e devorados pelos índios Caetés.
Houve tambem no govêrno de d. ))uarte levantes de índios nas :,.,;;.:,.:;~~f,,'~~~~';~!;'
e encontro a uns
nmmam até foo =" dona oonoga.
. cs, ou a corrent
á
do no Cnrurip
pulação pela ~~!n~~ ~iz~;~rigo, sal~~S:~:~ec~~hecido~ ~el~u doe:~ii~
capitanias ele EsJ)irito Santo, l 'ernambuco e Baía. nação de baix· recifes, que aí e . eza elas aguas lev e, onde
Nesta última, cs tuiJiuambás em aliança com os taiJuias, ata-
caram o engenho de Pira já e IJnseram em grave risco a nascente Cruel sorte é ança da terra passageiros e a t .
cidade, que fo i defendicla por d. Ahar o da Costa, filho do gover-
paragens c • por m, aguardava . ri-

nador.Em S. Vicente, onde os IJ:ldres haviam fundado, em 1549, um co-


enchi
na! d~m B~·~s~~rror
ostumavam faze.
as povo~çg~:sq~orrerias
aos míseros n f
os :e~-~:;sos~
poér essas
aq~elcosta
legio que mais tarue foi origem da cidade de S. Paulo (1554), levan- ondas h . . os quais a e ruargeavam aet s, que
taram-se os índios e atacaram o estabelec1mento, sendo r eiJelidos. com suaasvlfam poupado, ;Jregiepnl.tas preseutiram setentrio-
ortis·im aram-se - 1 es a que
m~~~i:/:! c~:d~s M~rrastaram~~·~·a~~tos
Finalmente em P ernam buco ta1uben1 acendeu-se a guer ra, sendo ma rgens de , as mussurana ( so n·e êles e a m as
contidos os índios IJOl' J eronimo de Alllllllller que. mais cruel hoje apelid:do l•

d~v~ua~en.~s salvaramc~~êspe;soas. ná~e~:~


viam embarc d 10. De mais de . Iguel, onde r· as
~icolau
Assoberbado IJOr todas estas dificuldades, não pôde d. Duarte

q;~~iafdo ~~o:i:i~:rcunst~ncia ~~~a~~l~;_:~a~. po~=


tuguês, que se que na o
Ville~;aiguon,
tla Costa impedir que os franceses, comandados por Durand
tle tomassem conta da baía do lUo (le Janeiro e no o furor de e um
aí se estabelecessem em aliança com os tamoios, cujas tribus ti- oram dev . , segmu-se ~ mgua.
nham formado uma temível confe1leração, sob a chefia de Cunham· hom ens tinham a f~~r~as as vítimas por oesssatanico poracé (festim)
belle o Aimbiré. a qual tinha por fim expulsar os portugueses do Consta IJelo test a. es mo nstros, que só d~
roso tran emunho d• os que sobreviv .
:;~ul si -' se a todu 0 P~I~eiro
quemostro
.~~•~''"""· ·~~·I '•,~:
rln Brasil. . gnaçao •·
bispo do B eJ.am que em tão d I
Qua s i n•> f im el o go v ê rn o cl P ü . Duarte deu-se, na Bala, o ta-
:mia, ob.,çoou o
~
l<>cim e n t o do c éll·hr C cunHII UTfl; e tn Portugal, o do rei .t. Joi\o n i. FootaJoçldo uma oo<agom
h~ que a seus pés s m os sacramentos d
qu e nt s u cP-úeu <1. Sehastifto, ap e nas com 3 anos de idade. Em eus perseguidores
Deut~
t:rr~~:~e;são af~o:e~s
:><l U n o nH' g o ve rno u d . Cn t aTin :l •l'Aush·iu , como r () g e nte, etn es }erou com os I. e, }Jedm<lo a e prostrára, perdo a
con<panhia do v e lho c arde al d. 1{e n rifl n e. gasse o crâneo. o hos no céu que a de seus
angapema lhe esma~
No meio de perturbações exting1u-se o govêrno de d. Duarte
de maneira que, em 1557, nenhum pregresso tinha experimentado (Fernandes p·"' h etro).
.

o pais.
OS PJll?IJEI [{08 GOVERNADORES
u::i PRIMEUWS GOVETINADORES

Fundação de S. Paulo L('itnrn -- José ile Anchieta

1554 A vida de Jos é de Anchieta most ra um lado exterior e público e


uma face mais particular e fntimn.
Ambas foram em l)J'(ll'eito geral da sociedade brasileira, que se
Nobrega veiu ·1 capitania de S. Vicente afim de inspe- começava a formar.
0 pa d re ' ·1 principal e achan-
cionar os trabalhos da catequese. Vi~itou a. ':I a de civiliz~ção até o A parte exterior é mais apreciada geralmente; porém a outra
do tud o em ordem, resol~eu extendei o sei VIÇO face merece mais interêsse para a
interior, onde viviam mmtas tnbus. história social de nossa patria.
F oi r esolvido mudar o colegio de Piratininga. Os fatos gerais e mais exterio-
m. t " de procurar uma paragem conveniente e escolheu_-se res da vi da do grande missio nario
J J a ou--e lu ar elevado entre os riachos Anhangabau e são, - a lém da vinda ao Brasil e
para novats.éde utmo da ';,ila de Sa nto André !la Rorda do Cam}JO. da fixa ção em S. Vicente e Pirati-
Tamaudua e1, per ninga, sua viagem em 1556, á Baía
Lançadcs os fundamentos do colegio, dcom~çod~I stad~b~~bi~iç~r~ e consequente vo lta no mesmo ano,
ação com o concurso os m 10 acompanhando Nol>rega; sua pre-
mar-s~ a n.ova povo li tinham vindo estabelecer as suas tendas. sença em 1565, á tomada e funda-
Caiuh1, caciques que a ção do Rio de Janeiro ; a viagem
á Baía nesse mesmo ano para or-
denar~se e a volta imediata; seu
reitorado em S. Vicente em 1559,
seu provincialato em 1577 a 1588
na Baia, o reitorado, em 1589, na
Vitória; sua catequese no Espírito
Santo, até 1597, data de sua morte.
E!{ta é a vida oficial, por as-
sim dizer, em suas datas principais. Padre Anl'hieta - Quadro de
B. Ca li xto
O que falta aí é lembrar os du-
ros trabalhos e sofrimentos, quan-
do, sem roupas, e quasi sem recursos para a simplp., manutenção
material da existencia, teve de fundar o colegio de Piratiniuga; é
lembrar a energica defesa dessa povoação quando foi atacada pelos
selvagens vizinhos; é lembrar o heroismo do padre quando ficou de
r efem entre os índios de Iperoig s ubl evados, enquanto 1\"obrega ne-
gociava as condições de paz com os colonos de S. Vicente; é lembrar
o esfôrço para a creação elo Colegio e da Misericordia elo Rio de
11 o s campos ele Piratininga Janeiro; é lembra r as penosas viagens pelas alueias de S. Paulo,
O colegio ele S. Pau I o,
Espírito Santo e Baia no serviço obscuro da catequese; é lembrar
t- colonos de diversas o cuidado com que aprendeu a língua dos selvagens para lhes falar
A estes juntaram-se outros índios do ser ao e nela e nela lhes ensinar a doutrina e a leitura; é lembrar os hinos
procedencias. . e comedias q ue em português, espanhol e tupi escreveu para diver-
timento e ensino dos colonos e aborígenes catequizados; ·é, final-
25 de janeiro de 1554, dia em que
A inauguração teve lugar ~m ·são de S Paulo recebendo, por mente, lembrar os estudos que fez das coisas de n osso pais, de suas
a igreja catolica comemora a onve1_ t. • riquezas naturais, dos feitos de seus primitivos organizadores para
isso, a nascente povoação, o nome deste san o. os transmitir á companhia nessas interessantes cartas anuais e in-
. . ·an1 todos os esforços para o progresso .de formações, que ainda hoje são o melhor repositorio para o estnclo
Os padr es empiegar d Jo'io U•uu·Llho desen volvi am a mawr da vida brasileira no seculo XVI.
S P·lulo · os mamelucos o • • ' .
atividade' em pról do aumento de S. A ndre. E ainda aí, m e us meninos, falta recordar-vos o tesouro de bon-
dade, de mansuetucle, ele devotamento, de caridade, que enchia o
E não parou aqui a rivalidade. S. ~aulo .~ofl:~u r epetidos ata- coração do jesuíta cauarim, virtudes que fizeram dêle quasi um
ques a mão armada, dos quais sempre sam-se vltonoso. santo, e o apon tarão sempre a nós como uma espécie ele patriarca
. 1560 tiveram termo essas lutas. Pelo esfôrço dos que presidiu o alvorecer da nossa patria e a quem cobriremos sem-
En f1m, em • d Sá extinguiu a vila de S. Ao- pre de bençãos e veneração.
padres jesuítas o governador Mem e d . . S Paulo (8ihio ltom Pro).
dré e ordenou a transferencia de seus mora ores paia . .
OS l'lU)<lElHOS GOVERNADORES 39
38 OS PRIJ\fl!:lllO,_ GOYERNADORES - -- - - - - -- - - - - -
Leitura - Ori~em (la expedição francesa a n
França Antartica
Uio de ,Janeiro
r..• lição 1006
r O estabeleci111ento <los Espanhóis e Portugueses causou grande
Uma expedição francesa, ao mando de Nlcolau Durand de VIDe- ciume a todas as potencias marítimas da Europa; todas se arre-
guignfln, chegou ao Rio de Janeiro em 10 de novembro de 1555 e penderam ele não terem prestado ouvidos ás proposições do nave-
estabeleceu-se na ilha de Sergipe, levantando o forte de Collgny. sr,ador genovês. A Inglaterra reparou em breve o êrro que co-
. . Foi ali fundada a l''ran~n ,\ utartica, destinada a abrigar os cal- metera apoderando-se da parte mais setentrional do novo conti-
VImstas que então eram perseguidos na Europa. nente, e a França tê-la-ia imitado fundando algum estabelecimento
duradouro nas regiões r ecentemente descobertas, si, como muito
C a l vinistas .são CIJ_amados os que Reguem a religirw propagada bem obser va Cantu, não se mostrasse alheia ás grandes empresas,
p elo refo rmad o r Joao Calvino qu~ v i ve u em FranGa de 1509 a absorvida como estava pelas guerras de religião e intrigas da côrte.
l5G~. O c h efe dos calvinista~ franc e!'es era o a l mirante Co li gny. Todavia alguns aventureiros normandos e bretões, seguindo a trilha
dos Calom bos e elos Cabrais, exploraram, "os mares nunca dantes
Villegaignon soube captar a am iza de dos indígenas, principal- navegados" e, segundo pensa o s r. Ferdina nd Denis, já desde 1508
mente dos tamoios, que se tornatam seus fieis aliados. os marinheiros d'Honfle ur ·visitar am o nosso porto.
Os normandos, assás conhecidos pelo seu espírito audacioso, fo-
ram os que se avantajaram n essas expedições: travaram estreita
aliança com os selvagens. ap r ender am a sua lingua, e muitos dêles
renunciaram á vida civilizada para vagarem pelas florestas, á imi-
tação dos indígenas. Lucrativo comércio faziam êles permutando
o precioso lbira1>itanga por vidrilhos e outros objetos de nenhum
valor. Hans-Stadens, que residiu por muito tempo entre os Tupi-
nambás, nos pinta o estado degenerado de muitos dêsses transfugas
1la civilização, que não escrupuliza.vam, para se tornarem benquis-
tos a seus hóspedes, de tomarem parte nos h orrendos festins de
antropofagia. A's narrações dêsses primeiros viajantes, exage-
radas pelo gõsto romanesco da sua nação, deveu a Europa o conhe-
.. cimento do nosso pais, cuja existen cia o suspeitoso Portugal dese-
java oculta r aos olhos do mundo inteiro.
A princípi o tinham ess:ts expedições caráter particular: eram
os armadores que enviavam os seus navios para negociarem com
os naturais do Brasil; nenhuma idéa de conquista, nenhum pensa-
mento de colonização, on de permanencia existia. Mas quis o go-
verno francês intervir e sustenta r os seus pretendidos direitos sôbre
as costas do Brasil e da Guiné.
Temos a este respeito um precioso documento, citado pelo sr.
lo'erdinand Denis. E' uma comunicação de Marino Cavalli, embai-
xador de Veneza junto á côrtc d'Hcnrique li, que em data de 1546
assim se exprimia:
Fran!:a Antartica "Com Portugal não póde haver boa inteligencia ; pois que ha
uma guerra surda en tre os dous países. Os l<~rances es pretendem
Por outro lado pôde obter Lle Henrique Il, da França, por inter- poder navegar para Guiné e o Brasil, e os Portugueses pens am o
media do almirante Coligny, os recursos e r eforços de que neces-
sitava para o estabelecimento definitivo da colonia. contrário. Si se encontram no mar e, sendo os franceses os maíB
fracos, os outros atacam e metem ao fu nd o os seus navios: o que
Em 1556, recebeu o novo estabelecimento um poderoso auxilio tra- até certo ponto justifica as crneis represalias que se cometem con-
zido por Bois Ie Comte, sobri nho de Villegaignon. Para mais de 400 tra os navios portugueses."
colonos vieram nessa ocasião reforçar os já existentes. Não havia declaração a lguma de guerra; as relações diplomaticas
Os tamoios continuaram aliados aos fra n ceses e a nascente colo- não se tinham interrompido, e um embaixador d'el-rei d. João III
uia se foi extendendo pela ilha dr l'ilranapnam e pela margem oci- não duvidava leva r a sua conclescendencia ao ponto de assistir á
dental da baía de Guanabru·a. uma extravagante festivirlade , em que se simulava nm com bate nava l
Navios franceses cruzavam os mares; o pau brasil e os produ- terminaria pelo incemlio dum navio português.
tos do país eram leva dos para n França, estabelecendo assim o (Varnhag.-n).
comércio.
OS PRIMBU:OS GOYEnNADORES o::; Pl ~L\I.El ll< l::> GOY ERl\ .\ DOHES 41
40

3.o governador geral Resumo cronologico da 7." lição


too7-t1J72 1.)56 ') :{.0 df' no' t-utbro - Chega do
l~E'tno a armada de Hartolomeu
Mem d•' Sá é nomcaclo govet·- "\ aRconcP I OH da Cunha.
Estado do O . ter~eiro g?Vei:na.dor geral do _Brasil foi o energico,
undor ~oral do Brasil.
1560
país cntenoso e JUSttcen·o 1Uem de Sn, que, sendo nomeado 1557 tl~ j:uae-iro -
_lti Sai a 4?Xpedi-
em 1556, aqui chegou em 1557, vindo achar o pais em C.) tu>vo govf>rnadur chcna á ~ao <10 Mem cl <• Sá con l ra ot<
I !:lf'J, *' :1.:-iS lllll e o gnvêrno. n lrance!les.
situação gravíssima. \
De um lado era o relaxamento de costumes dos colonos; de out~ro 1558 ~1 de f e , ·ereir() Ch('ga ao
a rebelião dos indígenas n as capitanias e uma nação estranjeira Expedição contra os i nr1igenas ltiQ d~ Jan ei ro.
estabelecida e forte num ponto importante do litoral. <.lo JoJsplrito Santo ,: mortf' d<·
. 1~ de 11 1 0 -r<•o - Ataque geral
F<>rnilo <l f' >l:l..
a~ f 0rtificações.
Primt eiros nCtoam n deçoo umeMdt.edtans ctleendSeánteos seu proveitosoa govêrno
a normalizar situação to-
in- 1559 14 i h · Jnnr~o - ·vitória dús
11 .os terna do país. Ht~voltu •lP indios nos LI ht'•os " l!ort.u~ueReR e arrasan1cnto <laR
Regulou o exercício da justiça, proibiu rigorosamente o jôgo, na Bafa 1oru Ctca ções.
que se tinha gene r alizado, protegeu a lavoura, procurou aumentar
as rendas do Estado e iniciou diversas obras de utilidade pública.
Ci Jliza ão Com os índios mostrou-se forte e generoso, procurando
do~ h;dfo melhorar as suas .c?':diç~es, proteger a sua liberdade e
s protnover a sua ctvihzaçao. l!:m comp.li<:ada a situação ela colonia
Combinou com os padres a formação de grandes aldeias de indí- !!ava ao Brasil o novo governador. no memento ern que che-
genas nas circunvizinhanças da cidade; proibiu severamente a
antropofagia e as guerras entre as tribus. Para dar mostras de seu Era mesmo necessario que viess
espírito de justiça, considerou a todos, colonos ou indígenas, iguais seguro, de grande prestigio de s b ·~ um 1homem de pulso forte e
perante a lei. Ordenou que se restituíssem á liberdade os índios que fian ça, con' n se desvanecia • o pr~~n~ioo rv~ odr moral e de alta con-
estivessem como escravos em poder dos colonos. Coltl !!feito, Leio seu bom senso ll'. . el e ver um Mem de Sá.
cillação aliado a uma energia r·l atico, pelo seu espírito de con-
Apesar de seu proceder j usticeiro, recebeu o governa- hretudo pelo profundo sentim~n:~m~za qu: nunca vacilaram, e so-
Guerra dor geral n oticia de um leva nte de indígenas na capi- de Sincera piedade e de clemencia el 0e JUS IÇa e ao mesmo tempo
com os tania do Espírito Santo. Expediu seu proprio filho, o ::;eu longo prazo de govêrno _ 'M que deu provas durante todo
indig«>na s l•'ernão tle S:í (1558), com fôrças para batê-los. Grande como um verdadeiro modêlo de d ~n~ toe Sá póde ser considerado
era o número dos indígenas, e pequenas as fôrças de que dispunha ' · a mm1s rador colonial
Fernão de Sá, ele modo que, obrigado a retirar-se para as embarca- A sua fez
grande
çõe>;, perdeu a vida juntamente com cinco de seus companheiros, de Souzà, maisobra
d ' valend
'e re 0 ~o.r um comp lemento da de rromé
fé na autoridade e na~ da t!~~:. ~ar n.a ..::?~ciência .da .colonia a
11 1
salva n do-se os outros a nado. 1
Tambem na capitania dos Ilhéos os indígenas atacaram e saquea- nador in iciou aqui a política po rt po e, POIS se o pnmmro gover-
ram alguns E"ngenhos, cercand o e pondo em grand e perigo a povoa- ilefinitivamente a soberania legT uguedsa, Mem de Sá instituiu-lhe
ção principal. O proprio Mem de Sá fo i em socorro da capitania pela efeth·idade da ocupação kima.n o-a pe~a posse exclusiva e
atacou as aldeias e venceu os índios em terra e no mar, na chamada dlréto ua corôa, foi êle o co~soli,c1asl ~o gover~o.' como delegado
but••llm dos Nndadot·es (1559). ramente adm inistrativa o infl d do i do d?t"?mto, na esfera pu-
.Na capitania da Baia alçaram-se os indígenas de Paraguassú, r ·d uxo o seu esp1nto e a aç- d
apac1 ade de homem público ficara . . ao a sua
qt•'" foram s ub metidos por Yaseo Rodrig ues (le Caldas. lados. Em perto de quinze m aqui perfeitamente assina-
rizar a.~ questões e serviços ~~~s de. tt:ab~lho conseguiu êle regula-
Por este tempo chegou do Reino a armada de Barto- snrte tia colonia. ' mais mtimamente entendiam com a
A:a:tfUe aos lomen Vasconcelos da Cunha (30 de novembro de 1559)
ranceses e Mem de Sá determin ou ir contra os franceses que
Quanto
acõrdo com áos catequese
padres ~ gu - c. et.a. questao
- capital, estabeleceu, de
e::;la•am ocupando a bacia do Rio de J aneiro.
Saiu a expedição da cidade do Salvador, em 16 de janeiro de 1560, ser eficaz, e mediante' ~:~f 0 81 5
, ~ema que a experiencia provou
t'C<:ebeu alguns refôrços em Ilhéos, Porto Seguro e Espírito Santo e selvage ns para 0
interior q ' ~.ti ~melo uns e. rechassando outros
chegou ao Rio de Janei ro em 21 de fevereiro. Aqui ainda foi a umen- grt>ntas as populacões acl' det~o!H Imm de l~tas mterminaveis e san-
0
. ven !Ctas que se fixaram no lito ral.
tada com alguns reforços vindos de S. Vicente.
No dia lfí ele março, começou o ataque pela tarde. No dia ime- Oêgte
dmto continuou encarniçado, mas sem vantagens para os portugue- as relaçõesmodo norm 1·,
cte ~omérc~o~z~~~ ~oudanto :~·a possível, a vida, o trabalho,
sa~. A[inal, em 17, começa o inimigo a ceder e por fim é desbara- do-lbe assim os r a par e povoada do pais, preparan -
riod o que SP va.i '~satanldes recursos para o largo incremento do pe-
tado Celebra
e foge. Mem de Sá as . · , ar com o seculo XVII.
festas da vitória, arrasa as fortificações e
retira-se, deixando em abandono aquelas par agens. (Itocha Pomho).
os PRIMElROS GOVERNADORES 43
OS PRIMEffiOS GOVERNADORES
42 R.esumo cronologico da 7.a lição
3. governador geral
0

t:W7-tá72 1560 1564:


• · ~ :ti morés ataca tn a llafa . Estacio de Sá chega ao Rl'o
(Conclusão) d e .Jan e irO.

EXlledlçiío de Vencidos os franceses, fez-se Mem de Sá de vela para 1662 1565


Estacio de e Sá a edi-
Braz Cubas a capitani a de S. Vicente, fundeando em 31 de mar- .• U~:< ~amoios confed e r ado"' ata- fi car a cidad c] o CO
RIO de uJaneiro.
!f!eço
ço no porto de Santos. Ai, ent re as várias pro- < um :-;. Pa ulo e am e a
.1>' c apitanias do Sul. çam teclas 1667
videncias tomadas, sobresai a de mandar nraz Cubas e Luiz Mar- !!O flt" janeiro O
tins explorar o sertão em busca de ouro e pedras preciosas, de que 1663 são v encidos depo·18 ~ franceses
<;ado combat e e ncarni-
enviou amostras para o Reino. Os padres "'obre ga e AnC'h ' d e Sá p e rd e ue, a e~1d~~e Estac!o
Volta ara V?lta~do o go~e~·nador pa_ra a Baia, esteve na ca- ta consegu e m dos lamo · .
<le Ipero!g.
I C-
tos a paz .. 1672
Baía
11 3 p1tan1a do Espll'ÜO Santo, abandonada pelo donata- Estacio de S>t c h ega á B f - de muro;o - Morte de M enl
rio, e tomou conta dela para a corôa de Portugal. <'úm uma pequ e n a esqua;lra. a a de Sú, na Bala.
Chegou á capital em 29 de agosto e foi recebido entre festas. Dentro
em pouco, porém, teve de marchar contra os ferozes Aimorés, que
tinham atacado P orto Seguro (1560). J.. eitura - Batnlha da s canoas A
Ao sul do pais um sério perigo ameaçava o dominio
Confederação português; aos tamoios haviam-se reunido \num e-
dos tamoios raveis outras tribus, formando uma terrível confe- com Era em julho
denodo.
de 1556,
Aquela
. .
de c d e Sá, firme no seu posto batia-se
alma Estacio
deração. Estes indígenas, chefiados por Jaguanltoro e Araral, ata- nos arraiais da defesa e da leaf<~bdatente
a e. era uma sentinel~ perdida
caram a vila de S. Paulo, defendida valorosamente pelos indios con-
vertidos de Tiberiçá, secundados pelos padres (1562). obser vavam, com as cautelas que inspi
e tamoios ocom
ram Osos franceses
u~ _receio~
Não podendo tomar S. Paulo, retiraram-se os Ini- grandes desastres
migos, foram reunir mais fôrças para um ataque tes azares. Imaginando ardilos que geram os persisten=
Paz de
geral. Então os padres N obrega e Anchieta ofere- de guerra e as ocultam num br~ a;mam eles cento e oitenta canOas
Iperoig do acampam ento inimigo. A' fre~te de mar, legu~ e meia distantes
ceram-se ao governador para tratar da paz. Foram procurar os sel- quarenta reme ir os por banda G I ' .na. m~is agJl e guarnecida de
vagens, no aldeamento de ltHll'Oig, e conseguiram restabelecer a con- de Cabo-Frio, campeava com ' u xaJ a, mdJO antropofago e senhor
cordia entre êles e os portugueses (1563). col~res de dentes de cem tri~usc~~~· ·~dornando-lhe o peito amplos
~ Tambem os franceses não tardaram a se estabelecer ~empapo ~ u:~cú, e o seu cocar é d CJ as. O seu. corvo é listado de
Expulsoo dos de novo na baia do Rio <le Janeiro, fortificando-se E o que Slgmflcava aq uilo? Uma clle flttmas va:rladas e magnificas.
franceses em Uruçumirim, e dai cometendo toda a sorte de qu~tro daquelas ligeiras embarcaçõa a, 0 ~andarem pela madrugada
tropelias contra os colonos portugueses. tuguesea, chamá-los ao lar 0 es ~recer combate aos por-
Aproveitou Mem de Sá a chegada de seu sobrinho Estacio de da r~serva, caindo dest'aJ·t: ~r~si~~a?do eles viessem, afluírem as
Sá, em 1563, trazendo dons galeões bem armados e municiados. Re- provJso acudirem em socorro euo~ o~ mortos os que de im-
uniu mais algumas embarcações e gente de combate e formou uma combinados, eis que recorta as o~~s pn~elros acometidos. Assim
expedição, para ir contra os franceses. Em principio de 1564 esta- mordomo de S. Sebastião que . bas a Jangada de Francisco Velho
va a expedição na baía do Rio de Janeiro, e, sentindo-se fraca para
de ·
i uma lgreJa· consagrada 1a uscar
• ao Sant A mad en· .a para a construção•
atacar com êxito o inimigo, dirigiu-se para S. Vicente em busca de r das canõas dobram de uma to. o percebê-la, três das refe-
Estacio de Sá, descortinando po~ a. de pedra, indo-lhe ao encal o
socorros. Em março de 1565 chegou de novo Estacio de Sá ao Rio
de Janeiro, e, fortificando-se junto ao Pão de Assucar, ali lançou <tuatro canõas com escolhida o g~na~~d~~te,
dá pressa a que solt~~
os fundamentos de uma cidade e deu comêço ás hostilidades. Pro- ~orr~ a salvar o lenhador devoto mçao, e~tra em uma delas e
longando-se a guerra, veiu Mem de Sá em pessõa, trazendo numero- mimlgos fingem retirada, indo . . t ~penas dlspara alguns tiros, os
sos reforços d'armas. e embarcações, que obtivera na capital, em encontro, empenhando-se clesd!u~;·u-se ás out~·as que lhes vêm ao
!1héos, em Porto Seguro e Espírito Santo. Em 20 de janeiro de \ esperada. E uma floresta de r go .uma bnga violenta e des-
1567 realizou-se a batalha decisiva, sendo o inimigo completamente res. .. E uma nuvem de setas ::.~s afunda-se, relampeia nos ma-
derrotado. Estacio de Sá, ferido neste combate por uma flecha en- to compacta, aninha os alarid ' ando no espaço uma asa escura
Ilnteclpar-se a vitória O f os barbaros daquele povo que julgava
venenada, veiu a perder a vida dentro de a lguns dias.
~oad~ras e os golpes . pesad~~o e d~~r:rcabuzes, o sibilo das flexas
Fim do Voltando para a Baía, continuou Mem de Sá a in- mquJetam a superfície do mar < os das massas dos selvagens
sistir com o govêrno da metropole acêrca de sm.1
portbando no esquife ensa ngu eJ;tal;; ::tõa um canto funebre, trans-
g 0 vê r 11 0 pedido de demissão, feito desde 1550. om am... suas vagas os cadaveres que
Havia já quinze anos que era governador do Brasil, quando a t
cõrte de Lisboa nomeou-lhe sucessor em 1570. (Dr. M•' lo Moraes).
Mem de Sá morreu na Baía, em 2 de março de 1572.
OS PRIMJ!:IH.Oi::; GOVr~ RNADOTI. 8S 45
OS l'l:L:\fBlHOS GOVEl!:-lADOH'8:-'

Fundação do Rio de Janeiro


Resumo cronologico da s.a lição
1565 1567
1." uutr~o -
th• l\[cnl de Sft.
S." lh;iio 1.• de uwrço - Estacio de Sá tran:-:rrru :-t sfldC" fla t·icladt: e em -
lan<;a os fundam entos da ciclarlt• lJ<•HRa solt•H<-'nlent~ 0 a l caide-
do Rio d e .J ant>il·o. 111fn· ela 1ne~n1a.
A expedição de };stacio de Sá, que vinha co m o titulo de ca~itão­
m6r, chegou á baia do Rio ele Janeiro em 1. de ~1~rço ele 1>65 e
0

fund eou perto de um morro que, pela sua fôrm a ongmal, recebeu o Leitura - J\lort~ d~ Estacio de Sá
nome de Pão tle ,\ ssucar.
F?i no di?- de S. Sebastião, padroeiro da sua cidade, que o grande
Tratou logo o capitã.o-mór de cuidar da fundação de u~a ~idade EstaCio de Sa r ecebeu, em combate, o ferimento que o devia matar.
fortificada provendo-a ele todos os cargos ele justiça e instltumdo o Os fran ceses e os ín dios seus a liados estavam fortifi cados em dois
conselho de vereadores e, até parece certo, dando-lhe o nome de S. pontos da baía. Um era o forte de Uruf)imtirbn, no fim da praJa
Sebastião {lo Rio de Janeiro. do .l''lamengo, o qual tinh a sido construido por llois-Ie-Comte. O
A area da nascente cidade extendia-se, segundo um historiador, outro era a ilha de Maracaia, que hoje tem o nome de ilJut tlo (~orer­
.. pela varzea entre a colina de S. João, elo lado do mar, e a Urca e aador.
O dia 2() de janeiro amanhecera lindo. O sol r utilava sôbre toda
0
Pão de Assucar, do lado de terra." a baf~. lUem e Estacio atacavam o forte de Uruçúmirbn, que pouco
resistm. Os fr a nceses admiravelmente servidos pelos indios. utili -
zando-se das suas ligeiras. canôas de guerra, passaram-se para a
Ilha, onde se concentraram, esperando o assa lto.

o MOt r o do castelo com o Largo do rac::o e a Praça do Mercado


A morte de Estacio de Sú, quadro ele Antonio Parreiras

Por todo o dia, as ser r as de em tôrno ecoaram o medonho fra -


Vencidos os franceses e morto Estacio de Sá, reconheceu Mem gor da batalha. E s ta l avam as descargas da mosqueteria; os pesados
de Sá a necessidade de mudar a séde da nova cidade para o morro canhões troavam sem cessar; silvavam as fl echas certeiras; e, sôbre
do Castelo (1567). todo este clamor guerreiro, elevava-se mais forte, o clamor das bu-
Proveu os cargos administrativos ainda vagos e empossou com zinas dos índios. O combate, travado por fim á. a rma branca, ter-
todas as formalidades o novo alcaide-m6r Francisco Dias Pinto minou pelo desbar ato completo dos franceses.
Mas, no mais ac êso da refréga, Estacio de Sá, que se batera sem-
(1567). pre com bravura irrefl etida, recebeu no rosto uma s eta.
Gom o zêlo que lhe era característico atraiu muitos colonos, Dera êle por armas á cidade um molho de setas, recordação
tratou de iniciar a criação de gado e desenvolveu a lavou ra. das armas com que fôra martirizado S. Sebastião. Também uma
lleta tinha de mata r o fundador do Rio de Janeiro.
Deixando assim organizados todos os servi!;OS, retirou-se Mem Penou ainda dois dias o herói. No dia 22 cerrou os olhos á luz
de Sá 11a r a a séde do seu govêrno. da vida. E, antes de os cerrar, o seu olhar derradeiro foi dado á
•Piendida bala, teatro da sua g loria e berço da sua fama.
No Rio de Janeiro ficou Salvador Correia de Sá, que o governa- (C. :!'\eto e O. Bilac).
dor nomeara capitão-ru6r da nova cidade.
47

cronologico da 9•a
lição
do us
D iv is ão do pa ís em 1571
a 1t•1·
!fll•• foi
um sc1 go v., rn ad or ge. ral •
1~urenço da Ve iga

ao li 7
4 de ag to _ M or te de d.
:a.. . de Se ba sti ão. na b ata lh a de Al ca -
ad o d. L .. . l'e na <•~>r·J<Iblr
su ce de r a M em de Sá foi no,me
ra O Br as il
Pa
6 de fev ere iro de
1570
eg ar ao BraaD.
Va se on ee los , em qu e o co nd uz ia nã o co ns eg uiu ch ta Jo io CapMdlle, go ve rn os lõ o
A ex pe diç ão do pi ra Po r mo rte d ca rd ea l d. He n -
str oç ad a pe la fro ta . blclualYe o rlq ue , Po rtu gaoJ ca fu m po de r
Em ca mi nh o foi de qu as i tod os os qu e a tri pu lav am ló 7 7 da EsrJRnh a Ju nt am en te co m 0
mb ate
pe rec en do no co or . em 10 de de se m- ah rU - Vo lta o Br a" il Br as il.
pr op rlo go ve rn adme ad o d. Lu iz de Br ito e Almelcla, dlTidlr o
Fo i en tll o no a cOrte de Li sb oa
15 72 . Ao me sm o tem po res olv eu
br o de rn os .
pa fs em do ns go ve ha '
Foi va nt aj os a 11 an ex aç ão á E sp an
pa rtl c I a an ex a-
Qu an to ao Br as il
s qu e s~ r~ U: :f ~: to é dfnesccontehstavel qu e
ec er :
tro ux e va nt ag en on
I lid ad e
colab,· a gu ar da ou
me no s a re sp on sa bi
urn~;.~n:efnpuootuens
pe lo

60VERNO DO como g overnadore~ .


Il -- Te ve s em pr e po rtu gu es es ~.

III
- Co ns tit uiu -se
~: ~ ~um e
0 ref u .
tao gd~ ~b~ ,?a
1 8
n i~n~:~~~a: ::i~• ~anladupra n te
an:: !: e: :~ ~~ ~~ as as alm
z
.
as a c on clê nc la da
en1n-
ve lh a
pa trl a, ca da ve
GOVERNO DO m ai s ino lvi da ve-
l
no s se us in fo rtn
e
nlo s. E ist o é que-
co nv em nã o es qu
ce r ~o no sso po nto b-
d~ VISta: si a su -
mi ss ão áq ue le de no
slg nl o do de sti ga l
er a, pa ra Po rtu
o ún ico ex pe di en te'
.JOr ma is doloros~ n-
Di vis ão ad mi ni
str ati va .Jue fôsse, na cose
da Bala ao JU ntu ra em qu e il
rte , co mp ree nd en do as ca pi tan ias
a ca rg o de d. viu, pa ra o Br as
O go vê rn o do No na cid ad e do Sa ha do r, fic ar ia l-
foi In co nte sta ve -
M ara nh ão , co m sê de
po r me nt e de um en or
pa ra o su l, te ria me alc an ce .
Lu iz de Br ito .ab ra ng ia as ca pitan ias de Dltéo ton io Sa lem a. F(> Jip o n
O do Su l or o dr . An Pr im eir o, au -
iro e po r go ve rn ad de ab ril de im l-
Néde o JUo de Ja ne , es ta se pa ra çã o, pois, em 12io s o go vê rn o 14 d me nt ou aq uf a
gu ês n B . se nt ia- e ma is na I!Ua pa -
po rém m o rei no . O po rtu o ~qu[asJI
Po uco du ro u, de novo em su as -
da Veiga re un iu Po r es te tem po de qu e Ist po rtu gu es a
1577, d. Lounm~ocom sé de na cid ad e do Sa lv ad or . s po llt lco s. Com a qu e Já. Se nt ia- se ma jes tad e tu t er a tam be m te rra am ma is de s-
to lo ng e da pa ss av
ge ra l do Br as il, ga l Im po rta nt es ac on tec im en , na ba tal ha de AI· mllfs nã o tin h ela r, aq11uies pe ra n" a d
ra m- se em Po rtuSe ba sti ão , a 4 de ag os to de 1578lo ca rd ea l d. Be ar f· as alm as em qu e a mo rrf do " a re ss ur -
mo rte do re i d.ss ou o re in o a se r go ve rn ad o pe
e& ee r• lb lr, pa ec eu em 1580. O! oc ha Po mb o)
.
lto ad ian tad o em an os e qu e fal as du as co r& .s, pa ss an do
qa e, já. mu pa nh a, re un iu en
tão
D. Fe Up e 11, de Esco lon ia es pa nh ol a.
a se r
as sim o Br as il
OS PRI:\IEil-WS GOVEHNADORES 49
OS l'lUMEIHOS GOVF;RXADOHES
-!8

RECAPITULAÇÃO
(I QUADRO DE CIVILIZAÇÃO
1500 n 15SO
li
~~=- -- ---- - '- - Enl. - viSta- da- hostiH(fa!:fe- dos selvagensd e l:Xr>AMUO GlWGUAJ<'lCA
. . t por parte • os
\t 1 das tentativas de couqms as
I Creação tlo go· ; estraujeiros, d. João III cr~ou 0 gov~r~~ : Uma extensa faixa do litoral, desde o rio Po-
I vêrno geral 1 gera l do Brasil. Os t r ês 6rgaos do gover ôr \
I \ eram 0 governador geral, o procurador-m tengí até á baía de Paranaguá, achava-se, a bem
154 8 dizer, colonizada . As duas cidades Baía e Rio de
1 e o ouvidor geral.
J aneiro iam em flanco progresso, desenvolviam-se
goyemador
as vilas e povoações do litoral e novos nucleos se
} .0

geral formavam. A população eurooéa e mestiça andava


li já por uns J 00.000 habitantes.
li 1549-1553
I IXDUS'l'Ul A_
I
Catequese dos Tinha-se desenvolvido em todo o país a industria
selvagens
\ de assucar; existiam cêrca de 200 engenhos e a pro-
dução era de 3 milhões de arrobas. Tomava incre-
2.0 governador mento a lavoura do algodão, do tabaco e dos ce-
\\ geral reais. A industria pastoril progredia, p-rincipal-
1553-1557 mente ao sul.
i\
li s.
lt l'undação de
Paulo
I: 1554 Os principais artigos de exportação eram o pau
1\ I. Nicolau Durand Villegaignon estll;belece brasil, assucar, algodão, tabaco, cereais, artefatoc:
I França Antar· no Rio de Janeiro a França Antartica. - \1 indigeuas, etc.
tlca \ Funda o forte Coli~ny - recebe reforços I A importação consistia em instrumentos para as
1555 alía-se aos tamows . ~ artes e industrias, tecidos, quinquilharias, etc.
"' _ Moralização dos costumes 11
1\ \ Mem d e S a. . . Medidas de I
_ Regularização da JUStiÇa - R _
3." governador \proteção e civilização dos se~vag_ens- Ee- Os colegios fundados pelos jesuitas foram os pri-
gernl - t ás capitaniaS - x
\pressao dos a aques ' ~ d Rio
I ulsão dos franceses - Fundaçao ~ meiros passos na vida !iteraria do Brasil.
1557-1572 ~ ~e Janeiro - Confederação elos tamoiOS. As mais remotas manifestações !iterarias no país
eabem aos padres:
\ Estacio de Sá vem combater os 1'~ance~s AspicuE>lta Nawnro - com os seus sermões na
l'undação do ltio
de Janeiro
I
I e funda a cidade - 1\'Iem de Sá, maiS tar e,
transfere-a para o morro elo Castelo.
língua indígena;
.rosé Anchieta - com os seus autos em portu-

\I
1565
I

Govern 0
elo Norte
Salvador - governador . mz
\ Almeida. ·
capital cidade do
d L · de Brito e

•t Rio de Janeiro
Govêr no do Sul - capl a 1
I guês e tupí, a sua gramatica e o seu poema á Vir-
gem, em latim.
O primeiro escritor bra:sileiro, parece ter sido o
pernambucano Bernanlo Teixeii·a Pinto, nascido tal-
';\ nhisão em dons overnador dr. Antonio Salema.
L5
::J\ em 1540 ou 1545, autor da rrosopopéa e do Dia·
g
- Meclidas
1
- aos 1·ndios - exter- u
1\ governos de twoteçao
1572 minio dos. aimorés.
Volta ao govêrno geral - D. Lourenço
go das Gramlezas_·_fl_o_B_ra_s_·i_J. _--=-=- ~-- _
1
ela Veiga. _ =---
---- PIRATAS E CO NQUISTADORES 51
PlRATAS E CONllUISTADORES
50 R.esumo cronolo g'ICO
. da 1." Jição
Govêrno geral de Teles Barreto

As ju11hts governativas 1586


'
de . junho - .:.
Lourenço da Yeiga' Governarlor rlel\larlim
N S d L cao
- funda o povoado
Y• rnativa. - .Junta go- · '· as Neves.

1." Uçíío Ui87


Tendo se dado o falecimento de Loltrem;o da Velgll, em 4 d•
1582 • ·j· 'l'eie'< Rarrf'lo _
"<'rnativa. Junta go-
junho de 1581, sem sucessor previsto por lei, assumiu o govêrno l.lll1" Cheg
:.10 <lc mnlo -
-rl o novo ou ao Bra-
Junta composta da camara, o bispo e o ouvidor geral. Tcl B gov!'rnador Mano el I
,.,. arreto. 1589
Lavrava já a discordia entre seus men1bros, quando a metropoJt:
resolveu nomear o governador geral Manoel Teles Barreto, que aqui
I L• Conquis ta
·~PrgipP. ,., col onização tle

,~a~!l
chegou a 20 de maio de 1582, restabelecendo desde logo a concordiu
..Ir na colonia e mandando reconhecer em todas as capitanias a autori-
dade de d. Felipe, como rei. •lt'
Diogo P lot: só
Moura tcntan1 ez o lo'e lip<·
I
11
1690
oln. Pnralba. n conqui'<l>t l~unda·:--
1 '"'ií.o. < f;<W
.
rla c rdarle de S. Cl'is-
Achava-se na baía do S alvadol' a armada de Diogo Flores Vo.l-
dez (1584), a quem o gove1·nador mandon tornar efetiva a conquista
da Paraiba, já por vezes ten-
tada, sem resultado imedia-
to, desde o govêrno de Luiz Leitnra __ As conquistas porttJg uesas
de Brito. A esquadra seria
auxiliada lJor fôrças de ter-
ra ao mando de d. Frli11e de
:Moura. Nas mais lunginquas
Jler~gos · .. do universo • s empre os
,... ., .linh am vencido com glor· paragens t
Esta expedição encon- assustadores . Ia mfmitm; trabalhos f . por ugue-
trou ali franceses em alian- <lo as cóleras dos 1 ' subJugando nações htttn'lh' 1 a<hgas "'-"l conta,
ça com os indígenas e afi- · wmens • ando r · d
heroicaH [a<;anhas .. . e <os 1 elementos adq . . ominan-
. ' - mms memoraveis que ' .· ' ~n~mdo pelo preço de
eiS,
nal conseguiu tornat·-se se- ral (jlle não. a
nhora do territorio, onde < pagara a carreira lonO'a <lo t Cl n eiS ' uma gloria imor-

]lartim Leibío, lançou os ''i\ " empo.


fundamentos elo povoado de ![aR estes mesmos l
N. S . das NeYeS (1586). ~uas prosperidades e t' IOrnens dominantes, no pont .
!<lJbre a face da t g andezas, para que os 11- o vertical das
Por este tempo (1587) conquista. tla Paraiha erra v- ·
haixo tle .Jug-o alh . ' ao VIver durante sessenta
ao exalte
. a.
·
J~ctancia
faleceu Teles Barreto, fi- thla, e em figura e~o, com a sua coragem pasmada anos SUJeitos, de-
cando outra
entregue vez oJunta.
a uma govêrno
fonnad a 11elo bispo. o onvi<lor-mór ~ '' e outros homens que n· ' a sua gloria aba-
r~m menos de
.,., ao parecem
~an•
_ portugueses ..
provedor-mór.
IH aPeo, ~ue tanta despesa e cancel'l:ta acrqllltetura imperialista de D
1 um seculo ruía . . ·
Valiosos serviços prestou esta Junta á colonia, e entre êle:> "
conquista e colonização de Sergipe, levada a efeito por Cristóvão dt a.l · rem ' n a b anda austral do N ' liStara a sustentar '1 D J - ·
, guus milhares d
o1~
Barros (1589), o qual, depois de uma guerra tenaz, conseguiu repe- " ovo 1\Iundo volt l ' . oao
lir os indígenas e os franceses, seus aliados, e fundar a cidarle 08 alicerces f;O lidi e yortugueses perdidos en;re asac a para a Africa,

S. Crlstó-fão, na foz do rio Sergipe, em 1590. breviveria aos séc:~~:os de um novo e imperecível ~~~::.fundavam
'fambêm na Baía conseguiu Alraro JtodJ:igues dom~nar os fero -
tado com os ar ' e para onde os desterrado . lO, que ao-
zes Aimot·és e fixá-los na margem do rio, funrlando alí a cirlade ilr
batalhador~ e ados e as lanças aquela robusta s havtam transpor-
rural qu té . concepção d
htta. e vivaz .' e a a aventura do 0 .· · e patria
' energlCa e insuplantavel llente mantivera, reso-
Cachoeira. - f'. MALHEIRO DIAS. ' a pequena nação da peninRula
Foi por este tempo que começaram os piratas in!!:lese. " ataCai
aR povoações do litoral.
PIRATAS E CONQUISTADORES 53
Pli'.A'l'.U; E CONQU ISTADORES
52
R.esumo cronologico da 2.a lição
Os Ingleses no Brasil
1583 1591
Edwards Fenton tenta atara r di~ expedi<_:ão d e Tomaz C:ave n-
" port<• de Santos. . saq'!-eia a vila dE> Santos
e Incendeia a de S. Yicen tE>. •
1587 1595
}~(hvards Fen- Contra as uesprotegidas colonias da ~me~l~a . co- t e rA eexped
Ven içã d e J ames Lancas- °
tou meçaram desde logo os ataques das naçoe& Jnlffilgas Roberto >Vithrington ataca de
cife e e nt~:gr a~apoadera -s e de Re-
~ln·presa a Bata.
de Espanha.
Em 1583, teve lugar a primeira tentativa. O corsario inglês Ed·
===============~~,:= ' • o Raq ue .
war(lS Fenton, com dous galeões bem armados e guarnecidos, arri-
bou a Santos com o pretexto ele abastecer-se de viveres. Procurava JJeiturn - Os corsarios
assim captar a amizade dos habitantes para mais facilmente assal-
tar a povoação. Disso se convenceram os colonos e trataram desde ~ida errai~te e arriscada, pelas aguas do mar
sses navws que partiam sem desti ...
logo ele reunir elementos para a resistencia. em busca de prêsas não tinh' 1 . no certo, confiando n o acaso
Preparava Fenton o des embarque de sua gente, quando chegou na terra. O corsa/io. dentroa~ el, nem reconh:ciam nenhum poder
inesperadamen te a armada luso-espanhola de Diogo Flores Valdez poderoso do que um rei dentroa dsu a emba_rcaçao veleira, era mais
(24. de janeiro de 1583), que o obrigou a retirar-se. paço, aquela em barcação aq uel ~ se~ r emo. Aquele pequeno es-
Uoberto ,v·. Poucos anos depois repetia-se de novo o ataque. um rlominio, que além ~lo pode doca o de taboas e panos, eram
th.rington1 Outro corsario ing~ês, Roberto Witltring!ou, atacou mandava, sô temi~o poder d· Nert o ousado marinheiro que o co~
de surpresa a Bala, apresando os naviOs que se que cavam no seio das agua: a ureza, senhora das tempestades
=

dos furacões que, com um úni~o s:g~~tura dos naufragios, e senhora


achavam no porto. noz, as mais arrogantes naus. P o, despedaçam, como cascas de
Os habitantes fu giram, mas o bispo Antonio Uarreiros e o jesuíta
Cris1ó ,·fto (le narro. , organizaram a resistencia, de modo que os in- Levantar ancora, soltar panos e
soprasse o vento' o r esto ' pai·t·Ir· · · Para onde? para onde
gleses não conseguil·am tomar a cidade.
Seguiram para outros pontos do litoral e por mais de um mês longos e noites e~pêssas á' e~ !~?:so o faria. Navegavam por dias
saquearam os engenhos desprevenidos. encontro de a lgum a eln'barca~ão dde que _a ~orte os conduzisse ao
souros. Qua nd o a avistavam . . e co~ ercw, que contivesse te-
Tomaz Ca- Em 1591, era de novo atacado o Brasil por piratas começava, sôbre as ondas de~e~~~~~a: sobre ela a ~odo o pano. E
' 'endlsll ingleses, ao mando de Tomaz Caveudisll, Este viera pre, as naus procuravam fuo-· ' caçada fantastica. Qu:tsl sem-
á America com uma esquadrilha de 5 velas e apri- A . - - olr .. •
sua tnpulaçao uao queria nu .
sionala em Cabo Frio um navio mercante português. Da altura de sarios, gente sem fé nem l ei que n· n~a ~~eltar o combate dos cor-
S. Sebastião destacou duas embarcações com 100 marinheiros para a vida, porque a vida sem a 'riquezaafh uvi av_a arriscar pela fortuna
saquear a vila de Santos. Os piratas chegaram ele surpresa na ma- Mas, ligeiros e prontos, constn~idose p~reclll: um fardo intoleravel.
drugada ele 25 de dezembro e en contraram todos os moradores sustentar essas carreiras vet·t· . P opositalmente para poder
na igreja ouvindo a missa de Natal e impediram-lhes a saida, en- f - ' lgmosas os navios d
vam aci mente as cobiçadas prê •E _ e corso alcança-
quanto outros saqueaYam as casas. No dia seguinte chegou Ca- batalha. 1 sas. ntao, era forçoso aceitar a
vendish com o resto da expedição e foi logo incendiando os navios
Os canhões, de um e outro bordo, vomitavam fumo
:{ge0~tec~iana;~~r~o~~:~i~0 !1r~·e~x!.ss:1~~-se,. agi~ e veloz, ;ô~~~:·o~ ~~~
portugueses surtos no porto e algumas casas da vila. Conserva-
ram-se ali os piratas l)Or espaço de clous meses, recolhendo os des-
pojos e depois fizeram-se de vela, tendo antes incendiado a v ila va-o, lançava sôbre a sua amurad hafi e sobre a vítima, arpoa-
de 8. Vicente. Acossados por uma tempestade arribaram de novo despejava de ntro as ondas ávid 1a as pranchas de abordagem, "
a Santos e desembarcaram cêrca de 20 homens, qu e foram mortos machadinhas e as . espadas I'evasl cta sua gente destemida. Então, as
pela população. Dirigiram-se para o Espírito Santo, mas tambétn "d o u eavam no ar sem .
e c1 os eram sem piedade . . . d
V n • I e po uso. Os
foram repelidos, perdendo o capitão i'llorgan. Desanimado, Cav<.'n- tábuas cobertas de sangue q~~~~~a f os._ao ma~·; ali mesmo, sôbre as
dish afastou-se do Brasil, vindo a morrer em alto mar. conquistadas; e a nau saq ueada ~raazi.1-~e o rn~entario das riquezas
Em 1593, n ova expedição armou-se em Londrt..""l-. á m~rcê das ondas, ficava. desarvora:ehda a ~Ique, ou, abandonada
L::~~:~er com desUno ao Brasil. Em Cabo Yerde encontrou- tensao do mar... a e sem rumo, vagando na ex-
se esta expedição com a de Venuer e fazendo junção
com ela, zarpou para Pernambuco, onde tivera notícia de existirem -drões'l'oda a costa do
do Oceano E Brasil
as , era f.r equen t emeute visitada por esses. la-
carregadas de o.u ro as!~~~~es caravelas, que voltavam a Portugal
e_ pau brasil, m al viam aparecer n~
as riquezas salvas de um galeão que naufragara. Pela a lta noite
os piratas atacaram Recife, de que se apoderaram apesar da des- horizonte vulto d
esperada resistencia dos habitantes. Estiveram ali qu asi um m ês
0
fuga, e deitavam a ~o~I~r ns~~~e s uspeito, aparelhavam-se para a
saqueando, sempre acossados pelos colonos. O capitão Uarker, com grandes vel as branca s c . a agua, batendo e abrgan do as
300 homens, seguiu para Olinda, mas perdeu a vida, de modo que de um perigo. . . omo aves espantadas com a aproximação
a expedição fracassou. Em vista de tais desastres, resolveu Teti- (Olavo Bi lacl.
rar-se pa ra a Europa.
PIRATAS E UONQUISTADOP..ES 55
CONQUISTADORES
PIRATAS E
54
Conquista e colonização do norte Resumo cronologico da 3." lição
1591 1607
15~1-161() ('hegada do n.ovo go\"(~rnador Chega o govern>t<lor 1> . lliogo
•1. Francisco de Souza. dl! Me nezes.
s: lição
1599 1611
. d . d l''rancisco de Souza. Jeronimo de AlbuquerQue ConQuista do Cea1·á e funda-
O novo govet na .01 . 1591 tornou-se logo •:onQu ista o P..io Grande do Nor- ção do povoado de N. Sra. do
Go-vêmo de d. Fran- chegado ao Brastl, em. ser' de ânimo gene- t<' e funda a cida<1e de Natal. Amparo, hoje Forta leza.
cisco de Souza benquisto de todos, por . da conquista e 1613
·mportante servtço 1602
roso e bom, e veiu a _Prestar o 1 do Norte. As glórias dest~ D. Dlogo Botelho assume o go- Assume o go,·êrno d. Gaspu.r
colonização do territono d~ Riod Gr~~~querque, que, sofreu hostl- vêrno. de Souza, que mandou colonizar
o Maranhão.
di ão cabem a Jerommo e uiu fundar um forte e
~~~~ei de indígenas e frll:nceses, mas i~~:r~!dio do chefe Poti, con- 1603 1615
fazer as pazes com. os po~tgu;r~~op~r cidade de Natal, em 25 de de- Fundação de No,·a Lisboa no
territorio do Ceará.
Conquista do teiTitorlo do Pa-
solidando a conqms.ta e un a rá por Francisco Caldeira.

zembro de 1599. f tos visitava 0 governador


Enquanto ao nor te se davam S estes a
Vicente • empregou to da a dili -
geral as capitanias do sul. E_m s .e nomeou Diogo Gonçalves capi· Leitum - As }Iinus de Prata
gencia para a descoberta ~e ~~a Ali aprisionou também uma nau
tão das que iôssem desco er • Pelos fins do seculo XVI vivia na cidade do Salvador da Baía de
holandesa. F 1" u, nomeou o novo Todos os Santos um abastado fazendeiro chamado Roberio Dias, que
E 1602 d. Felipe UI, sucessor de dl. d e tpe no número dos seus avós contava a formosa Paraguas 311. Proverbial
m • governador gera · er a a sua opulencia, e a vóz püblica apregoava que de finíssima
Govêrno de d. Dlogo Diogo Botelho. Ql! <:l prata era a sua baixela, assim como todo o serviço das capelas que
Botelllo arribou a Pern !l.l!l- tinha em s uas faze ndas, em uma das quais encontrara êle o pre-
demorou-se cêrca de um ano, cioso metal. Receando ser constrangido pela autoridade a designar
buco e ali . . a a arrecadação daa o sitio onde reconditos existiam tão poderosos tesouros, resolveu
dando provtdenctads par de uma gravíssima Rob erio ser êle o proprio quem os revelas3e. Neste designio tomou
rendas e ocupan ?-se ' s ue punham em passagem em um navio que estava a partir para Lisboa, e aí che-
insurreição do_s a~morde 'B~ía e de Uhêos. gando, apressou-se em trilhar a estrada de Madrid, esplend . a cOrte
· as capltamas a J
pengo
Por este tempo
(1603) Pero LopNl i!
con~uista e coloni-
;·.· '.:~ \ I de d. Felippe II, que reinava então sôbre Portugal e Brasil. Beni-
• . C! " gnamente acolhido pelo ambicicso filho de Carlos V, expôs-lhe o fim
I!
Souza enlpre~nd~u da Ceará Na expedição
I .
~ • dj
:f_ f. . .• l'!!
I
da sua viagem, prometendo-lhe, em troca do titulo de Marquês das
zação do terntono 0 t' ~ór do Estado ' R, \. •
Minas, mostrar um sitio mais a bundan te em prata do que a Bis-
arte o s~rgen o-
tomou P C JUoreno que viera com o caia em ferro. Folgou el-rei católico com semelhante notícia;
Diogo de nmllOS uindo a paz com o in- Felipe 111 não julgando porém convenien te conferir a Roberio o elevado titulo
governador· Co~eg de Souza uma povoa- que ambicionava, nomeou-o apenas administrador das minas, como
digena, fundou ~~v·~o Lisboa e que pouca aditam ento de algumas graças realizaveis depois de prestado o ser-
ção que chamou '
duração teve. viço a que se propunha. Talvez que com isso contente regressasse
. Menezes novo governador, a seus lares o neto de Paraguassú, se não lhe houvesse d. Felipe 11
D. Dwgo d~607 exten'deu a conquista até ferido os brios promet endo a d. Francisco de Souza, que na cõrte
Govêmo de d. Dlogo chega do em • . d empres~ a Mar-
de Menezes ao Maranhão, conhan ° Ca r á onde aliado se ach;wa, provido no emprêgo de governador-geral do Brasil, a
ó õde chegar até o ea ' ' posse do titu lo que lhe recusara. Dissimulou Roberio, e, em com-
tim Soares Moreno. Este s dp ovoação de N. Sra. do Amparo panhia do novo gove rnador, voltou á Baía, onde apo rtando, pediu
. b Jacaüna fun ou a P venia para visitar as suas terras, e dispôr tudo para a cubiçada em-
ao morublxa a. ' . aleza {1611).
que é hoje a ctdade de FOl t S homem de reconhecida presa. Nenhum embaraço opôs d. Francis ::o a semelhante desejo,
D. Gaspar de . .ouza,militar que sucedeu a que sumamente justo lhe pareceu. Com arte aproveitando-se do
GoTêrno de d. Gaspar capacidade ctvll e ' efeito a con- pouco tem po de que ainda podia dispôr, empregou-o o astuto fazen-
de Souza d. Diogo Menezes, lde;opuel~s franceses em deiro em apagar todos os vestígios que poderiam servir de norte aos
- stava sendo ocupa exploradores, e quando se convenceu de havê-los inteiramente ex-
quista do ~turanhuo que e
tinto, volveu á cidade para servir de guia ao seu poderoso rival. Por
aliança com os indigenas. F nclsco Caldeira fundou em lmpervias veredas e alcan tilados montes transitou o gove rnador com
Também por este. tempo (16~5),Pr!:epio, origem da cidade de a sua comitiva sem que o menor indicio }mdesse descobrir das alme-
frente da ilha ~larajáo o l~~~~e o ~erritorio do Pará. Jadas minas.
Belém, incorporando co (F. Pinh eiro).
E CO NQ rn-
PIR AT AS ~.-..lAD OR BS

Os Fr an ce se s no Maran
hãe TULAÇÃO
__ ~ECAPI- -
-- -= =- -

4.• U~o Su ced e a um a j ;:ta gov ern atJ va e Pro mo ve


Ge vêm o a con cor dla da col on'e . c- Fa z rec on hec er a ao -
de Te les tor ida de de d. Fe lip omo ref. - Tor~~a ele
-
a do mo rub txa ba Uva a conQuista d a tar a;f ba. - Co mb ate os
159 4, Jat tue s RU fau lt ace ita ra a ali anç depofs, seg uin do
Ba rre to
De sde
est abe lec era -se na Ilh a Gr and e. Ao
arl e de& Vaax. pir ata s que ata cam ito raL - Me rre sem
sa-
Ov lra plr é e ont a a Ch
ara o gov êrn o da colIV, qae ma nd ou Da ale l de lG 8! -lõ 89 ces sor , fic and o o o; o ent reg ue a um a Junta
pa ra Fra nça , ent regcom ue que con qui sta o s:r gf êrn s.
Es te com uni cou -se
o rei H~n riq
ar as con diç õe do paf
s, pe e dom ma os aim oré
La Ra Ta rdl ére , est ud
la To ueb e, sen ho r deum a col on! a fra nce sa.
afi m de ser fun dad a pel a no va ter ra e
á Eu rop a ent usi asm ado de
La Ra var dlé re vol tou ção par a tor nar efe tiv a a con qu ist a (8
edi
de lá tro ux e um a exp Edwarcf Fe nto n I- Te nta a alt ar Sa nto s
agost«? de 161 2). do sen do Impedido poJr Dogo Flo res Valdez. '
S. Lu iz e começou me a ediftca.r a pov oaç ãoanç a Ro ber to Wf thr .a
Fu nd ou o for te de pro spe ran do rap ida nte , gra ças A ali ~~n d-
Ba ía e, sen do repe~i • eva
Astataca de sur pre sa
os eng enh os da
me sm o nom e que foi Os Ing les es cos ta.
dos ind íge nas . no Br asn To ma z Cavt>ndJ h - Saq uei a a vil a de Sa nto s
Inc end eia a de S Vi t~.d Volta a Sa nto s e a~ ,.
lõ8 3- lõ8 õ Es pír ito Sa nto e. ê ~:npe 0 • - Mp rre em alt o 1
ma r. I
Jan1t>s La nea ste r - T om a á viva fôr ça e sa-l'
QUeia o Recife. - Nã 0 con seg ue apo der ar- se de ,
Olinda.
'
r - - - . ; - -_ _
Go,·t>mador Fra nef seo e So axa - Co nqu ista ~
d
do Rio Gr and e do N ort e Po r Jer onf mo de Alb u-
que rqu e.
fel
Go vem ado r Dlogo B o c ho - Pe ro Lo pes de jl'I
So uza int ent a col oni zar o ear á
dos l<'r anc eli'e s lG81-16Iõ
G .
. Ol ern ado r Dfo go Meneze . Efe tua -se a con -
e come -
f
I
E>< tau e l eci m(' nto QUista do Ce arár Ga .
s ar ça a do Ma ran hão ista do /i
Go vem ado So aza - Co nqu
de
con qu ist ar o Ma ran hão e do Pa rf
to, em Es pan ha, tra tar a-s e tam bém de uza já tro ux era
En tre tan de So
o gov ern ado r Ga pa r
Ma ran hão par a o qu eOlinda, afi m de fic ar ma is per to.
ord em de res idi r em pre sa, em 1613, '
uqu erq ue, enc arr ega do des ta em c
Jer on lm o de Alb Jaq ues Rlf fau lt J:: eç ou o est abe lec im ent o '.
me ira ten tat iva . na Ilh a Gr and e. _ La
nad a con seg uiu na pri Dlo go de Campo vu dlé re tor no u efe tiv a
foi pre par ada sob as ord ens de êxito. a con qui sta .
exp edi ção
Nova
rque, a qu al obt eve com
ple to Jer onf ruo de Albu ~ue:que - En car reg ado de
e Jer on lm o de AlbUClue exp uls 1r os inv aso res ' a a con seg ue na pri me ira
bat alh a decisiva, em
poi s de alg un s ata qu es par cia is, fer iu- a os fra nce ses .
se expedição.
De jad os
19 de nov em bro , sen
do a mu ito cus to des alo Na seg un da exp edi s.ã o vence o ini mi go e ob ri-
a 3 de nov em bro de 161 o
6, ga- o a aba nd on ar o paf
só se rea liz ou
A con qu ist a def ini tiv ae seu s ofi cia is par a a Eu rop a e fic and
seg uin do La Ra var diê
re ita nia , que , em
de Alb uqu erq ue com o go ver nad or da capjun tam ent e com
Jer on im o ran hão ,
tui r o Est ado do Ma
1621, pas sou a con sti
o CearA e Pa rá.
OS HOLANDESES NO BRASIL
uS HOLANDE SE L'
. ""' NO llRASIL ----69
Resumo cronologico da 1." lição
1." invasão dos Holandeses
1624-162á
1609 grande <'X t>edi çii.o para atacar (\
Comêço da tregua de 12 anos Brasil.
t.• ll!:ÍÍ.O entr e a Espanha e a Holanda.
1621 1624
aberta principal- Ataqu,• e tomada da c! dad<> el a
Andava a Espanha em lutt t -ra e' a Holanda, Fim da tregu a. - Creaçii.o rla Bala.
Com]Jílnllia mente com a França, a Ing _a e Ida Europa. Com Companhia das lndias Ociden-
d'lS In d i as então as mais poderosas naçoes a tregna de 12 tais. 1625
'ocidentais esta últim a estabelecer~-s; umcreação da Com· 1623 Restaura<;ão da c idad e pel a
expedição ao mando do d. Fa -
Prepara-se na Holand a umn
1 ?l) finda a qual, fôra auto nza a a nas possessões dl'ittu c rlc Tolcdo Osorio.
:~no~ 1(l~~.;~
pan 1 a ' .
~;tdi~s Oci<lentais, destindacl~ ~Pai:~~: já existente, que
erica á semelhança e o
espanholas da Am ~m Africa e Asia.
o erava com sucesso . conquista da Ba1a . . Leitura - Entrada da esquadra ltÕhtndesa na Baía
P Ficou desde logo r.esolv!da a 1623 uma poderosa
A grande expe- Para tal fim org~mzou-se 5~~ bocas de fogo, da Com a luz do dia seguinte apareceu a armada inimiga que, re-
dição frota de 26 navws com J b Willekens, guar- partida em esquadras, ia entrando. Tocavam-se em todas as naus
h fe o almirante aco sob o trombetas bastardas ao som ele guerra, que com o vermelho dos
q ual era comandante em c e
.000 homens, dos qual
·s 1 700 de desembarque,
necida de 3 . paveses vinham ao longe publicando sangue, divisavam-se as bandei-
ras holandesas, flamul as e estandartes, os quais, ondeando das a n-
tenas e mastaréos mais altos, desciam até varrer o mar com tanta
majestade e graça que a quem não se temera podiam fazer uma ale-

Cidad e <la Bala

gre e formo sa vista. Nesta ordem se vieram chegando muito a seu


salvo, sem lho impedirem os fortes. porque, como o porto é mui
largo, tinham lugar para se li vrar dos tiros. Tanto que emparelhou
com a cidade, a almirante salvou sem bala, e despediu um batel com
bandeira de paz: mas á S'l.lva e ás indicações pacíficas responderam
Reacão dos os nossos com pelom·os. O que vendo os inimigos, puseram-se todos
cÓlonos a ponto de combater; viraram logo as suas naus enfiadas aôbre a
terra e. perpassando, descarregavam os costados na cidade, forte e
navios que estavam abicados na praia. Continuaram nesta lida se-
gunda e terceira vez. até que, depois do meio dia, puseram, todas as
prOas em terra, e as três dianteiras com determinação de abalroar
a fortaleza , mas , impedidas dos baixios, lançaram ferro e, a árvore
lêca, como si o foram to das de fogo e ferro, começaram a se desfa-
zer nêle, que parecia pelejava nelas o inferno.
(Padre A. Vieira).
OS HOLANDESES NO BRASIL 61
~GO~·------------~<'~~~·-r~I~C:)L~~~~-·1_>_T,_s_J·_'~----~_(_,__B_P_.,_,_s_rr_,_____________ __
Resumo cronologico da 2.a lição
2."" invasão dos Holandeses
162 6 Fernanuo Koronha. - Prepara-
se na Holanda uma fort e ex-
1626-16.'~0 A•s um e o govêrno d. Dlogo
Luiz de Oliveira. pedição contra o Brasil.


16 27 16 3 0
0 novo governador, D10go ·L u. l·z (le· Oliveira,r re-
08
Pietc r H eyn aprision a a frola
Prlm eiJ:os ceoso de nlgum assalto, tratou ele a_umenta nela <1P prata. Ataque e tomada ele Olinda e
atM1UeS meios da defesa. Achava-se nesta fama qua ' do Recife. - Estabelecimento
16 2 9 do govêrno holandês em Per-
inesperadamente o C'or nelio Jol apode ra-se de nambuco.
holandês _P 1 e te r
H e y n atacou a ci-
dade e aprisionou
alguns navios que J)eitura - Episodios memoraveis da guerra h olandesa
estavam no porto.
Entre as embarcações com que o inimigo safa pelo Recôncavo,
Pouco depois o a melhor em ligeireza de remos e concertos ele fa lcões era um ber-
mesmo Pieter Heyn gantim que fôra do sr. governador Diogo Furtado de Mendonça; por
aprisionava, em ser tal se determinou um novo capitão a lhe tirar das mãos; e, tendo
aguas elo Atlantico
a rrota de ])r:IÍ!t
que se dirigia do
Mexico para a Es- HPndrik C. 1-o nck
Pieter Pieterszoon panha, com incal-
Heyn culaveis riquezas
(1627).
. cdi~ões que anualmente Je~a­
A:-; fTotn"' tl~ J•.rnt;a e.ram .a~de~~P rHt~ezas das suas possessoes
vnm para a Esp<tnha <lS gial l eõPs carregados ele barras de
. Compunham -se l e ga
amertcanas. t' 'elos por navios de guerra.
ouro c de prata c pro cgt
d Pau apoderou-se das ilhas de
Fert~~~é:or~~~:::~~~6~~~·, ~:de:~~eg~u
Pernambuco e Ollnda em 1G 30
a 'lançar os fundamentos de
uma povoação. já de dia marcado o lugar em que entre as naus estava, no meio do
Tais sucessos despertaram na Companhia da~ In= silêncio da noite toma a espada na boca, vai nadando a êle, e não
Expediçã_o di" s Oddentais o projéto da conqUlst~ de Pel nam sen tindo gente, volta a chamar quatro soldados de esfôrço que para o
contra b u. Para tal fim preparou-se, durante toc~o o ano ofi cio trouxera. Começaram, então, todos a levá-lo a sirga, e, depois
P ernambuco deuco. 1 629, uma formidavel expe 1çao
d' - de ma1s de 50 qu e se viram apartados, saltam dentro com as espadas empunhadas ;
. 1100 canhões e perto de 8.000 homens. mas, faltando em que as empregar em lugar delas empunham os re-
naviOS, com · mos, e trazem o bergantim a um porto nosso.
. k C l's• oon Lonck tinha o comando em
O general llendnc . o~ne I ~iederick ,·an Waer(len bu rch, co-
che[e; ás suas ordensd VI~ an~barq~e e P ieter Adriaanzoon I ta,
mandante elas tropas e ese rativo~ não s e limitaram a arma-
almirante da armada .. _os preP~. R e arti"'OS de todos os generos e Depois da cidade tomada, ao quarto dia vieram doze ou treze
mento: trazia a expedlçao oper~ 1 10 ' b todos os pontos de vista a indios, parentes de alguns que na bateria do forte foram mortos,
vinha preparada para clesenvo ver so deliberados a tomar vingança de suas mortes nas vidas dos holan-
terra de que se apoderasse. deses; e assim o fizeram em alguns que, andavam desgarrados por
. de 1630 rece beu-se aviso da aproxi- fóra. Um dêstes, porém, em cujo peito vivia a memoria do pai
Em f evere1ro · ' quadra á m orto, e o amor do mesmo, o obrigava a mais; vai-se com seu arco
Perda mação dcs holandeses, a 14 estava a es d' t do e flechas á porta da cidade, com ânimo avantajado ao elo outro
de OUnda e vista ele Pernambuco e a 15 mo ~ t:_ava-se 1an e P lutão Penense na guena da Italia, porque si este rompeu por meio
do Recil'e Recife, gerando o terror na populaçao. dos inimigos para livrar a vida ao pai cativo, o nosso para vingar
• Matias de Albuquerque desesperada resisteucia. a do pai morto, acomete a cidade, desafiando a todos, e depois de ter
Emba ld e opos ·• . enseada elo Pau Amnrelo e, em bem vendida a sua vida, e melhor vingada a morte do pai, acompa-
O inimigo . desembarcou :orça; natomou Recife, em 15 de fevereiro, nhou-o com a sua, caindo, traspassado de uma bala.
ação combmada com a e,qua ra,
e Olinda, no dia seguinte.
3 - H. B.
OS HOLANDlcSES );0 BRASIL 63
OS :HOLANDESBS NO BRASIL
62 Resumo cronologico da 3." lição
2."' invasão dos Holandeses
16 30 16 312
Deser<;ií.o de Ca lallar. - To-
:1: ll<:iiO (continuação) 1\latia~< t1e Albuquerque funda ~~~~r!~. rle IguarasHú pelaR h olan-
'(I Arr;:lia.l rlo Bozn J e~uR.
Arraial Escolheu Matias de Albuquerque um magnífico 1 6 33
ponto estrategico entre os rios Beberibe e Capibe· 16 31 'J'omada do forl<> do Rio For-
~~lo~o. - Assalto ao .Arraial. -
do B om J esus ribe e fundou ali uma verdadeira praça de guerra, Iomada de Itamaracá e de diver-
_ l':hc:;a no Brasil o co nclt> de
H~gnuolo.
sos. 1:ontos d e Alagõas. _ Des-
a que deu o nome de Arraial do Bom J esu s. - Batalha naval en- trUlçao da armada de Francisco
Pensaram os holandeses que lhes fôsse facil tomar este Arraial tre a armada de Oquendo e a Vasconcelos 1la Cunha.
llolande8a. - Incendio de Olinda.
e o tentaram em vão.
Matias de Albuquerque, sempre ativo e vigilante, dividiu •t sua
gente em comJlan hias tle emboscadas. Ficaram assim de tal ma- IJeiturn - :Erdsod ios Jn('mornveis da guerra hola ndesa
neira cercados os holandeses que só com grandes perdas podiam sair Cox:1n os holandeses supusessem que os socorros vindos n a ar-
de suas vosições a fazer aguada e faxina. mada fossem muito mais importantes do q ue realmente eram r esol-
Apesar destas vantagens, ia-se já tornando difícil a veram co~ce~trar-se no Recife abandonan do Olinda, á que d~itaram
Armadad '-\- posição dos patriotas pernambucanos, pela falta de rogo no cha vmte e quatro de novembro ele 1631.
e quen
d 0
° víveres e munições, quando a Espanha deliberou
mandar ao Brasil uma armada comandada por d. Anton io de
Oquen do (5 de maio de 1631), com boiando 12 navios com fôrças de
desembarque, ao mando de M.arcos 1lc S. l'elice, conde de Bagnuoli.
Em 13 de julho chegou a expedição á Baía, e desembarcou parte
da guarnição. Levantou feiTOS a 3 de setembro, conseguindo dosem-
harcar fôrças no Cabo de S. Agostinho e na Paraíl>a. Entretanto
de Recife saíra a esquadra holandesa de Adrian l'ater, a 31 de
agosto. Em 12 de setembro encontraram-se as duas esquadras,
travando renhida batalha naval, cujo resultado ficou indeciso pela
morte do almirante Pater.
DesâJrlmo dos Apesar disto,. os h olandeses, julgando formid aveis
h de os recursos vmdos de Espanha, tomaram-se de pa-
01an se. nico, incendiaram Olintla (24 de novembro de 1631)
e concentraram-se no Recife.
Resolvem-se os invasores a conquistar outros pontos; o coronel Cêrco do Hecife pelas fôrças luso-brasileiras
Cnllenlls atacou, com insucesso, a Paraiba (5 de dezembro); o
mesmo aconteceu no Rio Grande do Norte (27 de dezembro), en1 Mandaram antes disto dizer a Matias de Albuquerque que a res-
Rio Formoso e Pontal do Nazaré. Estes revezes desanimaram os
gatasse, do contrário a entregariam ás chamas.
holandeses. "Si não a podeis conservar, respondeu Matias, abandonai-a m uito
Estavam as coisas neste ponto, quando a deserção em~or3;. ao fogo, porque nós depois sabemos construir outra mais
Deserção de de Doming-os Fernandes Calabar (20 de abril de bomta.
Calabar 1632) vem mudar completamente a face da guerra.
Conhecedor do terreno, hallil na emboscada, Calabar guiou os ho- Sendo no tempo do assedio impossivel introduzir socorros no
landeses vitoriosos a Ignara!ilSÍl (11 de maio de 1632), ao forte de forte yor. t~rr_a, era mistêr levá-los pelo rio passando por baixo das
Rio Formoso, comovente episodio em ctue aquele baluarte só é to- bate~ms m1m1gas. Aproveitavam para isso os portugueses a n oite,
mado deuois de toda a guarnição morta (7 de fevereiro de 1633). O;; cobrmdo-se com couros o melhor que podiam . Aconteceu n uma
holandeses ganhavam terreno palmo a palmo; apoderaram-se da dessas viagens que uma bala partiu o braço direito a An tonio Pires
varzea do Capiberibe, levantam o {orte Willem, que põe em perigo Calhá~, que governava uma lancha, a qual ia atravessan do de Santo
o Arraial, ao qual logo de seguida levam terrível assalto (24 de Ant~mo para o Cabeclelo. Apresentou-se-lhe, imediatamente o
março de 1633). O resultado foi-lhes, desta vez, desfavoravel, pois seu Irmão, Francisco Pires, afim de tomar o lême; mas êle, most;an-
perderam o governador Rl'mlmch, assumindo Segismundo vau d_o o braço esquerdo, disse-lhe que para suceder-lhe no posto, a inda
ScllkOIJile o supremo mando. t mha outro parente mais chegado. 'fendo-lhe uma bala de mos-
Em junho de 1633 apoderaram-se da ilha de It.mnaracit e pouco q~ete varado o peito, acudiu Francisco Calbáo ao lême, porém ,
depois atacaram diversos pontos de Alagôas e em novembro destruí- nao se demorou em ter a mesma sorte nos dois braços e no peito.
ram a armada de Francisco Vnsconcelos da Cunha, que trazia re- A la n cha, todav ia, forçou a passagem e ambos os irmãos restabele-
forços para os pernambucanos. En1 1634 receberam os invasores ceram-se dos seus ferimentos.
novas fôrças e conseguiram extender a conquista até a Paraíba.
OR HOLAN DESES NO BRAS il .
65
OS HOLAN DESES NO BI:ASH ,
64

2." invasã o dos Holan deses


163;;-1& !6
4." lição (continu ação)

Ca})ltulaçíio do Os hola~lleses tinham avançad o de tal modo


que,
Bom J esus em começo de 1635, restav3;m em poder dos per-i-
nambuc an os apenas o Arraml do Bom J esus, Xa- CEARA .
de 1636,
zaré e P orto ('alYo. Perdido este ú ltimo ponto, em mar ço que
a falta de víveres tornou insuste ntavel a posição do Arraial
uma he-
veiu a cair em poder dos inimigo s (8 de junho) depois de
.
roica resisten cia de 5 anos. A 2 de julho, os inimigo s apodera
ram-

+
se tam bem de Nazar é.

Retirad a de Ma- Começa então a famosa retirada de }latia~>


de •
.\Jbu quer qne para Alagôas (3 de junho de 1635 ), RIO GRANDE 00 NORTE N ATA L • f REIS MAGOS
tias de Albu-
protegid o pelo Camarã o, com seus índios, e Jlen-
querquc riqu e Dia s, com seus negros.
......... J B.da. Traição
Em l'orto Cnlvo, por onde devia passar Matias de Albuqu erque, . ....·
h avia uma guarniç ão holande sa, comand ada por l' iccai'd. ' ···
er- e \ PARAH Y BA
Achava -se também alí o traidor Calabar. 1\Iatias de Albuqu
iva guarniç ão

.
que consegu iu apodera r-se desta praça com a respect • (f:ABEOEL LO
(19 de julho de 1635), sendo Calabar enforca do (22 de jul ho). De- PARAHYBA
pois contin uou a sua marcha para o sul, chegand o a Alagôas
. ·········E
Estavam os holande ses senhore s absolut os de toda a costa, desde • ..-""ci.ÓYAN NA
..
~~(1~'/F"~J.~l~ta~rn.a.g~r~ac~a~·~~~@
o Rio Grande do Norte até Pernam buco. .... .·

. • A princ1p10 em Portuga l e na Espanh a não se


·· ,./~ -,.. NAZAR-:T H ej_OL INOA
.-.. T abocs5 .>'..
Bo m J~s u s P. ~)
fiando 6u~ r arapo.s .(f RE C IFE .
D. Lruz de Ro)aS ligara importa ncia á perda do Recife, con C S.AgosiJ nh o =
Y Borja nos esforço s dos pernam bucanos . Depois com a:; do Ta bo r da

vantage ns que os holande ses forarn auferind o, começo u a


desper- PERNAMBUCO . SERINHA EM
-=
tar-se o zêlo das duas metropo l es. . ••••..•.•.... .~}RIO FORMOSO

Os invasor es, a seu turno, tinham tratado de acumul ar fôrça~ ··pT~C AL V O


e element os de defesa, de modo a tornar inexpug navel a
sua po- ..·
.·········· .. ....·... ·····
sição.
A r etirada dos pernam bucano s, em 1635, produzi u o alarme
em
...··
.···'

almente na Espanh a que via sêriame nte amea-
Por tugal e princip
çados os seus ricos domínio s do }[exieo e do Perú.
ar ~ L AGÔAS
O ministr o espanho l, d urtne de Olivares, tratou de organizde
uma expediç ão ao mando de d. Luiz <le Roja s y Bo t·ja, duque
Lerma.
Este desprez ou desdenh osamen te os conselh os de !\latias de
.\.1-
na bata-
buquerq ue e Soares Moreno , tomou a ofensiv a e foi morto
lha da :nata-R do nda (18 de janeiro de 1636).

0 co de de B • Assumi ndo o conde de PortoBaguuo li o comand o em


11 n a chefe, fortifico u-se em Cal vo, onde estabt>-
g uo11 leceu o seu centro de operaçõ es, formand o com-
Re-
panhias de embosc adas ao mando de Camarã o, Henriqu e Dias,
belinho e outros que hostiliz avam com vantage m o inimigo .
.lu- Teatro da guerra holande sa
Apesar de haver ainda alguma reação de parte dos pernaml
FaltaYa
canos, podia-se dizer firmado o poder holandê s no Brasil. o contle
apenas um homem capaz de consoli dar a conquis ta. Esse foi
Maurici o de N:~ssnu .
O S HOLA NDESES NO BRASIL 67
OS HOLANDESES ::\0 DnASIL
66
---- R.esumo cronologico da 4.a e da 5." lição
2." invasão dos Holandeses
16HG-1640 1 63 5 1638
O .. \ rraial cai (' tn ntã.CJS dos O Cvnde i\J'as~au atac;.t, ~e nl
:;: llc;áo (continuação) hol andeses. - Re ti rad a clP ~Ia­ resultado. a Bala.
tias d e A lbu q u erq u e p a r a A l a- I
A COJil l>anltia tla s lndia s Ocidentais encarregou g-õ as. - Tomada tl e P o r to Ca!Yo 1639
Govêrno a J oã o Mauricio, con de de Nas sau-Slegen, de go- " m or te <l e Cal a ba r . CIH:ga ao Brasil ~· a r mwla rl o
de Mauricio de vernar a colonia e consolidar 0 poder holandês conde da T o rre.
Na ssau no Brasil (23 de agosto ele 1636). Nest e mesmo 1636
De1r o t a e m o rt P de <1. L uiY. de 164:0
ano deixava o conde a Holanda e chegava a Pernambuco em 23 de ltojas y B o r j a.
janeiro de 1637. 1 63 7
"o n llo d e Nassau assume o
r Grande. hatal ha na\' a l se nclo
cl,er r otada a a rm aria d o coucl e ela
'forre. - D . .J orgp rl P ~ra~care­
nha~. ass unu• o g·oy~ rn o g;t->ral do
o seu primeiro cuidado foi assegurar a tranqu ilidade aos hola:l- 'l
g·o\'í•rno <l o B r as il h ola n dês. Brasil.
.'"1- cleses, livrando-os das hostilidades dos pernambu can os. Conse?u~u
em breve o seu intento e, apoder an do-se de P orto Cah'o, que r~s1stm
heroicamente (5 de março de 1637), obrigou Bagnuoli a r etirar-se
par a a Baia. Nassau perseguiu o inimigo atê Ala gôas e . fu~dou, Leitura - O ('omle 1Uauricio <le X a SKltu
na margem esquerda elo S. F ran cisco, o ior te tle llanrielo, destm ado
a assinalar a fronteira sul elas posições holandesas.
Dest'arte s~ viu, como por encanto, clur ante o gov êrno de Nassau,
Voltando 11ara o Recife, refo r çou Nassan as for- le.....antar -se na Jlha de San to Antonio um novo bai rro, tendo pessoal-
Au ge do podel'ÍO tificações ela ilha de Santo Antonio e uniu-a ao men te o mesmo N~ssau o cuida do de traçar e alinhar a~ ru as.
Holandês continente. Edificou suntuoso palacio para sua Por t odo o Brasil não houvera anteriormente obras tão conside-
ele administr ar o pais com a maior liberdade po- raveis, e tão ha!Jil!nen te executadas ; n em po-
moradia e tratou diam encontrar-se para as obr as melho r es en-
lit ica e religiosa. genheir os do qu e na H olanda, qu e á ciência
hidrauli.ca deve a existen cia rle a lgumas de
Creou em todas as vila s as camaras municipais encarregadas da suas províncias. As obras públicas em preen-
administração , protegeu as letras, ciências e ar tes e cercou-se ele didas levavam em si mesmas o cunh o da bôa
a r tistas e sábios. administração; e essas páginfls do livro da ci-
vilização de um país que pr imeiro lê o foras -
, Orga n izada a administração, preparou -se Nassau teiro, eram em Pernambuco, todas rm abono
Ataque á Bma para atacar a Baia. Em 8 de abril de 1638, saiu ao chefe hola n dês.
do Recife a grande expedição. O ataque, começado a 20 dêsse mês, E não só a ar quitetura fo i protegida por
I póde-se dizer que só terminou a 25 de maio, quan do os holancles~s, Nassau, como também a pintura; e de seu tem-
desbaratados, embarcar am-se na esquadra. As suas consequ~nClf!:S po são talvez os pr imeiros quadros a ol eo, que
pri ncipais foram indispôr o conde ele Nassau com a Companhla das do natural se fi zeram acêrca de assu ntos do
I ndias Ocidentais e deliberar a Espanha a vir em soco r ro elo Mauricio ele Nassau Brasil, e talvez da America.
Brasil . _ Da literatu ra era cultor F ran cisco Plante
ca pelao de ::-.lassau, e au tor de um poema em latim a este dedicado'
Preparou-se para tal fim uma grande expedição . CJne depois se publicou. '
A eXl'lCdi!;ãO do comandada pelo cond e da Torre, d. F ernando de F oi porém nas ciências que se fize r am mais recomendaveis os
conde tla Ton ·e Jllascnrenlms, nomeado tambêm governador geral serviços prestados pela influência de Mauricio de Nassau no Brasil.
do Br asil. Esta expedição saiu de Lisboa em 7 de outubro de ? seu sábio !J1édieo WiHem Piso angariara para o acom;auhar dois
1638 e chegou á vista ele Pernambuco em 23 de janeiro de 1639 . JOvens alemaes: um matematico H. Cralitz, e outro botan ico G.
Depois de delongas , o conde da Torre deixou-se atacar pela .esq~a­ llarcgora v. Infelizmen te Cm litz faleceu, pouco depois de chegar a
clra de Willelm Cornellisscn L oos, em Pau Amarel o (12 de Jan eno Perna~ buco, e a geografia ficou pr ivada de seus auxílios. E' certo
ele 1640) e depois de seis dias de combate, foi desbaratado. Algu~s q?-e nao pouccs r ecebêra antes do cosmografo lluite r s, de quem
navios que se tinham dis persado da esquadra es panhola, consegul- Vlmos cartas hidrograficas originais em Amsterdam.
ram desembarcar no Rio Grande do Norte as tropas de Luiz Rar- E m lugar das n ossas camaras municipais, com seus juizes e ve-
balho, as quais em posição critica , cercadas de in~migo~, t iver am de rea do res, se instalaram, desde 1636, em todas as vilas com ana-
operar a famosa r etirada de 400 leguas pelo sertao, aflm de se r e- logia . ao que tinha lugar na província de Holanda, ~amaras de
colherem á Baia. escabmos.
o desas tre elo conde da Torre fortal eceu o poderio holandês e O esculteto era a autoridade executiva ou delegado da a dminis-
lançou os colonos no ma is completo desânimo. Foi neste estado de tr ação e promotor público do lugar; e ao mesmo tempo exator da
cousas que chegou o novo governador d. Jorge de Jllascnrenhas, ~om fazenda .
o titulo de vice-rei e capitão-general de mar e guerra e da conqmst~ (S t!~ UJHln o Yi~l·onth~ de Porto Segu r o).
e restauração elo Brasil (5 de junho de 1640) .
O BR AS IL 69
O HOLANDESES
O HOLANDESES NO B
tição
Resumo cro nologico da 6:
z.n inv asão dos Ho lan de ses 18 4:1
1640-1&.11 16 4:0
; Por tu- ~)cia-se
._. Jl(ã o (co ntin uaç ão) R e vol uçã o em Lis boa
epe nde nci a Em 12 d e Jun ho negs ntr e
gal rec upe ra a d. lnd um a treg ua de 10
ano
um a esp éci e de tre gua sob o cet ro de Joã IV (l.o
o a.
Aca bav a de ser neg oci ada Por tug al e Hol and
r e o inim igo , qua ndo che -0 de d eze mb ro).
R~tauração ent re o nov o gov ern ado raç ão de Por tug al, em 1.
dt' Por tug al gou a not icia da res tau
de dt>z em bro de 164 0. con tra o dom inio
Lis boa , um a rev olu ção de Bra gan ça, que
:-.:esse dia rom peu , em
rei de Por tug al o duq ue Le itu ra - Ep iso dfo s me mo rav efs
esp anh ol Foi acl am adoo IV.
tom ou o titu lo de d. Joã do Cab ede lo,
re os mu ros da for tale za
emb ro de 1C4 0 os con spi rad ore s, quem se Con ser vav a-s e em )lé sôb itão Ma noe l Go din ho, hom em de
·• . 'o dia 1.• de dezpal aci o de d. Ant Ao d' Alm ada , sol tara rltlo- s, o cap
ata cad a pel os hol and esecar nes ; faz ia fog o ao inim igo , ma s, por vêr
h a ,·ia m r e uni do no, a que o pov o se ass oci ou com lndde esc
··
·· gri to da r e v olu ção etic am ent e a cla ma do rei
Por - est atu ra me l. e sêc o de ava , dis ser am -lh e lgUDs dos nos sos que se
o per igo em que se ach , poi s não p6d e
fren
.. v t· l .:,nt u siao;< mo. sen do
gan ça. !Jels ver des trez a tão gra nde
.. tug al o daq ae de Bra u-s e pel o R e ino, e, ten do dec orroidodaq ae reti ras se. "Nã o é pre cisopeq uen a", res pon deu Ma noe l Go din ho gra -
" A re,· olu ção ala stro Esp anh a a suf oca sse
m,
dia s ~ .. m que as f ô r ças de
Lla boa . ace itan do a que ace rte pon tari a tãolog o apó s cai u viti ma de um a bal a inim iga .
de Vll n ' ' Iço n par a
d.. Rrn can çn. saiuc ust ara gan har ." cej and o. Inf eliz me nte
··
·· ror ôa <tU<· lh e não (Dr . M . dt• Aze ved
ol.
o,
Cnn clld o de Fig uei red

buc ano s, pen - te sol dad os, no


com jub ilo pel os per nam ass isti a com ape nas vin
Est a not icia foi rec ebi da o aba ndo nar iam o Bra sil, vis to com o Ped ro de Alb uqu erq ue
s log
san do que os hol and ese tili dad es. for te de Rio For mo so. do dia 7 de fe-
o red uto na ma dru gad a s, for am rep e-
ces Rar a o mo tivo das hos rqa ê de :Montalvio, che gou a dir igir -se Ag red iram os bât avo s ero de sei sce nto
que em mlm
O pro pri o vic e-re i, Ma ver eiro de 1633. Pos to enh ore and o-s e fin alm ent e do red uto , vir am
lido s qua tro vezes. Ass ve sol dad os jaz iam mo rto s ; um . par ent e do
com esp ant o que dez eno com trê s feri das , e o com ant tan te, com
cap itão , fug ira a nad o Fiz era m-n o pris ion eiro , ma s, adm ira ndo o
dua s, gem ia no chã o. cur ara m-I h a feri -
-no com mu ito res pei to, tilh as, don de o nosso ~
seu her ois mo , tra tar amenv iara m-n o par a as An
das , e, dep ois de são , Eur opa .
her ói reg res sou par a a O!e la<; iio An ual 1.

·da por um a
do no colo da mã o esque1
He nri que Dia s, sen do feri , vis to com o cor rer a o boa to de que
ven eno
bal a, e rec ean do- se do com bal as her vad as, ma ndo u cor tar a mã o,
os hol and ese s atir ava m do a mã o esq uer da,
hol and ese s lhe hav iam tira
diz en do - "qu e, si os eita par a se vin gar ."
ain da lhe fica va a dir (l<'t·. Ca lath •l.

Rec ife em 1640


o pla no de inc en-
rio tas che gou a con ceb er Rec ife. Do us des -
a e faz end o vot os
uni can do- lhe a bôa nov er que não pre - ~A tem erid ade dos pat va o por to do
que gua rda
ao ron de tle Nas sa u, com deu -lh e dan do a com pre end dia r a fro ta hol and esa apr ove itan do- se da noi te, for am num a jan-
pel a paz. Nas sau res ponqui sta. tem ido s per nam buc ano s,s nau s inim iga s. Um a des tas ard eu tão de-
ten dia aba ndo nar a con gov ern ado r, trat and o de con cili ar- se com o gad a, pôr fogo em dua iu pan ico geJ" al na
Est e pro ced ime nto do a sua dep osiç ão, sen do o gov êrn o ent re- a das lab are das pro duz
ou pre ssa que a vee me nci ula ção , apa vor ada , COITia par a a cid ade
con<lto de Nas sau , pro voc ta do bis po Sam pai o, Lui z Bar bal ho e Lou · cid ade . Enq uan to a pop ma rin hei ros , com gra nde
esf ôrç o, ata lha vam
gue a um a jun ta com pos Ma uric ia, os sol dad os e afr ont ado s her óis reti rar am -se com tod a
rt'DC:(' de Bri to Co rre ia. ou par a reh ave r a sua
opu len ta col o- o inc end io. Os dou s des Istm o jun to ao for te do
Bru m, con duz ind o
Tam bém Por tug al trab alhram e o ma is que se con seg uiu foi um a cal ma , atra ves san do o ven cen do o Beb erib e até che gar ao p ime iro
ive rsa âs cos tas a jan gad a, e
nia : os hol and ese s terg jun ho de 164 1).
de 10 ano s (12 de da a con qui sta pos to dos nos sos . (Ho cha Pom bol .
tre gua ou me ios de ext end er ain
Ap esa r dis to, Na ssa u ach
.
até erg ipe e Ma ran hão
OS HOLANDBSES NO BRASIL 71

70
Resumo cronologico da 7." lição
2." invasão dos Holandeses
nhão vence1n a~ p;uarniçõ~s ho-
164:0 landesa~.

7.'' Jlf;íio (continuação) 1&40-16-H Yidal <lc Negreiros segue para 164:!
n Europa afim ele expõr a d.
João JV o estado elo Brasil. En1. janei.t'o oH patl'iotaB n1a-
ranhenses têm já ~;m sou poder
Insurreição <lo Entretanto, nas capitanias, acendia-se o espírito 1 64:2 toda a ilha. - En1 6 de nu-tio, o
cond e de Nassau retira-se do
Maranhão patriotico contra os invasores. E' o sentimento Brasil e deixa o govêrno e ntre-
patrio, em comêço de formação, que vai produzir Vol ta Vida! ele Kegt·eiros em
~ompanh ia do novo governador g·ue ao Supremo Conselh o. o qual
a célebre insurreição contra o domínio estranjeiro, a qual, com o Teles da Silva. - Em 30 de se- inicia un1a politi<"'a d(· intole-
exemplo da metropole, começara a se preparar desde 1640. tcn1b1·o, os insurgentes do ~I ara- rancia.

A revo lta começou no Maranhão. Os conjurados, 50 mais ou me-


nos, sob o comando de Antonio )[nniz Jlarreiros, foram vencendo, L('itura - Os heróis <ht g·ucrra hra ~meu
uma a uma, as guarnições holandesas (30 de setembro de 1642) e
tomar[lm o forte do Calvario na margem esquerda do Itapicurú.
Os patriotas, agora já em maior número, investiram contra a cidade As lutas com os holandeses, sem falar na primeira invasão da
de S. L uiz. M01·to Muniz Barreiros. Teixeira de Melo, com auxílio Baia, em 1624, extenderam-se por vinte e quatro anos desde a tomada
de gente elo Pará, conseguiu tomar a cidade. Em princípio de 1644 de Olinda e do Recife, em 1630, até a ca-
estava já toda a ilha em poder dos patriotas. Os holan!leses sem pitulação da Campina do Taborda, em
meioR ele resistencia . haviam-se retirado para o Recife. 1654. E' o período épico da história do
Brasil. Os atuais Estados de Pet·nam-
buco, Paraíba, Rio Grande, Ceará, Mara-
Prct~<trativos pa- Este lleroico exemplo dado pelo :.\1aranbão, muito nhão, para o norte do Recife, que o ini-
ra insurreição atuou no espírito dos pernambucanos, fazendo
a, migo tomoít para sua capital e centro de
em Pernambuco germinar a idéa de nma revolução geral contra s uas operações, e os de Alagôas, Sergipe
o domínio estranjeiro. A ocasião parecia mais
é Baía, para o sul, foram sucessivamente
do que nunca propícia. O conde de Nassau resolvera retirar-se para
invadidos e ocupados com maiores ou me-
a Europa e deixara o govêrno entregue ao Supremo Conselho, que nores vantagens para os nossos adver-
não soube continuar a política de tolerancia ini ciada e mantida pelo sarios. Muitos foram nesse tempo os
conde (6 de maio ele 1644 l. nossos feitos de valor em ten·a e no
mar. No céu de nossa histórh deverão
Por outro lad o estava o govêrno geral, desde 1642, entregue
sempre brilhar os nomes de )latias de
a .\ ntonio Teles tla foi ih a, homem de extraordinario tino político e .\lbuquerttue, Vidal de Negreiros, :t'er·
como qu e de proposito escolhido para o momento . Em tôrno de
H<'nriquP T)i a ~ nan<les Vieii·a, ()um:trão e Uenrictne Dias,
Andrí' Yilla 1 !le -:s Pt:Teiros, natural da Paraíba, concentrara-se todo os incomparaveis heróis das lutas e da
o movimento, que no Recife encontrava apôio em homens ele alta
co nsid eração social ecmo João "FrrnalHles Vieira. Amador dr Araujo. restauração pel·nambucana.
O maior titulo, porém, dessa memoraYel campanha, cheia dos ~·
e outros.
mais duros sacrifícios, consiste nll afirmação nítida e rouciente
Jú em 1640 seg uir a Vida! de Negreiros para a Europa a ~o ndar Llo patriotismo brasileiro.
o ânimo de d. João IV. De lá voltara, em 1642, em companhia do Enquanto a metropole, depois da elevação dos Braganças ao
governador Teles da Silva. Por mandado clêste segtúra logo para trono, pensavrt em abandonar Pernambuco aos conc1uistadores es-
o Recife, aparentemente em missão junto ao conde Mauricio, mas tranjeiros fazendo pazes com a Holanda, os colonos sentiram crescer-
com o [im de entender-se com os chefes da insurreição. Sobre- lhes n'alma o sentimento da patria, que os estimulou á resístencia
vindo t'mbara~os imprevistos. ia o rompimento cada vez mais de- e os levou á vitória. ])]' a primeira afirmação ele nossa autonomia
morado. De novo seguiu Vida! para Pernambuco e Paraíba, e que se ergue iniludivel das páginas da história.
achou meios de, iludindo a vigilancia dos inimigos, entregar armas
e muni ções ao,; patriotaR e concertar com êles o plano da revo- Abençoados heróis, meus jovens compatriotas, dignos de ser por ~
nós eternamente imitados!
lu ção.
Bem diferente deve ser o nosso sentimento para com o traidor
Começara já a faina de aliciar ge nte, quando André Vida! foi ('alahar, alma de bandido, posta ao serviço do estranjeiro contra
nom eado comandante da fronteira elo norte. Dali despachou êle sua patria. Esse infeliz põe-se ás ordens dos holandeses e foi o
primeiramente Dia s ('nrdo ~o, com alguma fôrça, depois Uenrique verdugo elos seus compatriotas.
])ias. e mais tarde o Camarão. Estas são as fôrças que, reunidas' Esqueçamo-lo e vejamos passar a turma dos heróis.
aos patriotas do Recife, vão iniciar a grande campanha libertadora,
a primeira em que se vai pôr em prova o heroismo dos filhos do
Brasil.
NO 1:! P.AS IL 73
OS HOLA NDE~ fó:H
OS HOL AND ESES NO BRA SIL
72
R.esumo cron olog ico da 8." liçã o
2." inva são dos Hol and eses
164 ;) 161 6
o
J•1m l.o de janei ro é fund ado
1644-1647 , pro-
o A t'r nin -1 Novo de Do1u Je~us
!"." li<;iio (cont inu ação ) Em 24 tl P junho <levia ser ximo de Recif e. - Em 5 d e
ela in sut-re i ção elos per-
lnlt'ic 1
a os holan de- agost o, o gene ral ~egismuntdo
nambucano~ contr oppe tenta em vão o -
E1n 3 de agos to o exér- van Schk
o seu quar tel ~t:~. -
mar Olinr la aos pat ri otas.
.Toão Fern ande s Vieir a estab elece ra cito <lo~ indep e nden tes obtev e a
em
In s urrei ção co em Cnm uragi be. As suas fôrça s, ao princ ípio di- \'itúr ia. elo 1non te elas Ta.bo cas.
-
.1· 6 4 7
Penu mtbu te e inspi - Em 10 el e A.gos to incor pora ram-
minu tas, foram aume ntan do rapid amen ><e-llH• nR fôrça s de H e nriqu e l·;m 18 el e fe,·er eiro van
ito aos inim igos que se não anim avam a afas- Em 17 de Sehk oppe ataca a l3a!a . - oppc Em
rava m já certo respe .
Dia" •' Cam arão. - Forte . 14 llf' cleze mhro . Ynn Schk
tar-s e pa ra long e de seus povo ados a>?<'"to· toma da ela Casa ndi aban dona a Bala para virpelos d e-
24 de junh o de 1645, mas, -- Em ~ de st•lem bro. r esC>ten ção
O romp imen to estav a marc ado para s dêsse dia os solda dos ch~ ~azaré. - E:n 1 i ele l- fende •· o Recif <' atnca do
-se ante insu r gente s.
por efeit o de uma rixa, insur giramnho de Taba tinga, que foram os l•r ... t..tom ada elE' Por lo Cal ,.o.
.' de .\m11 den Arau jo, senh or do enge
dade .
-t - prim eiros a solta r o grito de liber
exerc ito liber tado r
Reun idas toda s a s fôrça s, foi ochefe
o coma ndo em de João Fer- J"<' itn•· n - Os l1erói" da gue rra lJrns ilica
Vitó ria llos pn· acam par, sob
Vieh ·a, no mon te das Tabo cas, onde ob-
trlot as mmd es fôrça s , , idnl tle ~ egre lros
agos to de 1645, cont ra as
teve a mem orav el vitór ia de 3 de nto em 10 de agos to, no dia Ferm mdes Yielr n
de Haus . Leva ntand o o acam pame
ão com as fôrça s de Cam arão Cunw rão
segu inte o exérc ito liber tado r fez junçde Sant o Anto nio e foi enco n- 1I enrlq ue ])im:
e Henr i(1ue Din s, tomo u a forta leza
e Soar es More no, que tinha m
trar -8e com A utlré Vldn l de Nl1b>Telrosos revo lucio nario s e que a êles de poem a da guer ra
vind o com o falso prete xto de bate r siin o~mais afam ados batal hado res do gran
o.
se unira m em defes a do terri torio patri do exér c ito liber tado r. O
holan desa.
car a histó ria do Bras il tem
~ Com eçou então a marc ha vitor iosa rma prete ncio sa man eira de expli paral elos entre estes ho-
su rpree ndid o e batid o comp letam ente no enge nho de inten tado fazer distin ções e esta belec er
inim igo foi to). a que segu iu-se a rend ição
Amt l'ae~ ou tas a l'ort e (17 de agos m ens ilust res.
Vieir a, a Cam arão sôbr e
de \azn ri' (3 de setem bro). rns dão a prefe renc ia a Vida l sôbre , meus joven s patrí cios.
A seu turno . revo ltam -se as povo
açõe s do s ul e retom am Port o Henr ique Dias. C\Tão deve mos enten der assim
norte estal a a revó lta em Para íba e e a certa altur a, to rna-s e inco mpa ra"' l, im -
Cahu (17 de Bete mbro ); ao O mt>rito, quan do ating estar sujei to a medi das mais ou
põe-i"e á vene ração gera l e não eleve
R io Gran de.
O exérc ito liber tado r veiu acam
par perto do Reci fe, e alí fund ou meno s caprichoE<as.
de janei ro de 1646 ), desta cand o adian tado aq uela ag itaçã o
o .\rra ial No1o do Bom Jesu s (1." Sem Vida ! de C\Tegreiros não se teria
rro das capit anias do norte . ritos elos colon os brasi leiro s que os levou á suble vaçã o,
logo refn r ços em soco dos espí a, até então amig o dos ho-
atrai ndo ao seu se io o prop rio Vieir
perío do di-
~ist~ncin do s Os revo lucio nario s atrav essav am um er com os lande ses. s á sua frent e um home m de
holn ndes es fiei!. D. João IV, não pode ndo romp
or Tele s da Sem Vieir a não teria m os revo ltoso suas relaç ões parti cula res.
holan dese s, orde nara ao gove rnad e norm e pre!; tígio pela sua fortu na e por
resis tiram ás orde ns não have riam os nacio nais ·!"
Siha que sufoc asse a revo lução . Os patri otas Sun Cam arüo e sem. Henr ique Dias
1646, todo o Bras il hola ndês em que os dois cabo s de guer ra
do rei e co ntinu aram a guer ra. Em obtid o a vitór ia naqu elas pelej as
a tinha caído em mão s dos insu rgen tes de tenac idad e e valor .
estav a revo lucio nado . Olind pra ti ca ram prod ígios das. O que não deve mos es-
cêrco quan do cheg aram os coro neis Deix emos as prefe renc ias injus tifica
e o Reci fe estav a em aper tado , com refor ços de mais de de se acha rem repre senta das ness a lu ta 1..
e Himl erson quec er é a ci rcun stanc ia
Se~i~mnndo 11111 SchkOJlJ>e as class es da popu lação ,
ns. O plano de l '!lll SchkO I>I>e e ra vir ataca ndo os revo - ,.;agr ada pela indep ende ncia da patri a todas
2.000 home
come çar da Para íba. Os chefe s chefe s; os bran cos filho s da me-
lucio nario s do norte para o s ul, a tendo á s ua frent e os respe ctivo s a, os branc os, oriun dos elo
reen dera m, porém , o perig o e orde nara m a tropo le repre senta dos em Fern ande s Vieir
da insur reiçã o comp o tento u Scltk oppe retom ar eiros ; os índio s Lendo á sua
retir ada gera l para Pern ambu co. Entã )laís, repre senta dos em Vida l de Negr os por Henr ique Dias .
1646. Repe lido pelos patri otas nesta e arão; os negr os guiad
Olind a. em 5 de agos to de a e foi atacar a Baia ,
frent e Felip e Cam s ilust res brasi leiro s, que
u de tátic
em outra s tenta tivas , Sch:kop]le mudo Silm . apes ar de desp reven ido, Como sepa rar as biog rafia s dêsse fim, sofre ram as mesm as
da o mesm o
em 1::' de fever eiro de 16 47. Tele s traba lhara m em comu m para
da da cidad e. iasm os. ganh aram os mesm os
resis tiu hero icam ente e impe diu a toma o Reci fe, com tal furia que dôre s. tiver am os mesm os entus o plano e têm a mesm a
Os patri otas, a seu turno , ataca ram niun fos? Êles apar ecem no mesm
pedi r o a uxili o de 1'1111 Sch:koppe..
os holan dese s viram -se obrig ados a corri a o Reci fe, aban dono u a
altur a. (Segu ndo Silvi o nom éro).
Este. diant e do perig o imin ente que
Baía 1H de deze mbro de 1647 ) .
74 ul:l HOL ASD Ei::iES NU B RASIL

OS H OLAND ESES NO BHASIL


2.n invasão dos Holandeses 75

9.• Hr ã o (conclusão) R.esumo cronologico da 9.a lição

Entreta nto p reparava-se na Holanda um forte


1 648 16i»O
L • vitória dos }.} m 23 ele j a n e iro, o gene r al
Gnar ar a pes auxíli o de navios e gente, sob o coma ndo de 1·'ra ndsco Barreto co n seg u e fu- Creação d a Companhia d e Co -
Witte ConJeli!<zoon de With, que chegou ao Re- gir do acamp a m e nto hol a nd ês, mêrcio p a r a o trafico e defes a
cife em 18 de ma r ço de 1648. ond e e-sta va p risi o n e iro, c ass u· do B ra.~ il.
me <J comand o d os in s urgentes.
- Em 18 de ma r ço, os h o la n de-
1662
G u err a e ntre Inglat e rra c H o -
Satisfei tos com este poder oso auxílio. os holandeses ma ndaram Res r•' <'ebe m g r a n des r eforços. l anda.
oferecer anis tia aos pa tri ota s, o que foi altivamente recusad o. - Em 17 de ab ril , vão en1 n1ar-
16 6 3
C'ha cont ra os in su r ge nt es. -
Em vista da rec usa. Schkoppe mo veu-se do R ecife, em 14 de Em 19 são de rro t ados n a grande Ch egad a d a es qu a dra d e Pedro
abril de 1648, em pr eende ndo um mov imen to destinado a en1·o!ver l•at n lh a dos G u a r a r apes . J aque~ el e Magalh ães .
os patriotas.
Estes, a seu 16 49 1664
turno, tinham Em H• ele fevcre it•o. os ins u•·- E m 23 d e j a n e iro, tomada d e
g.,... nt t.~ s obte n1 a segunfla vitó r ia R ecife. - Em 26 , assina-s e a
t a m b é m mar- (l o ~ Guararapeg, p a z e o e x é r c i to e ntra tri u n-
chado e tomado fa n te n o I: ec ife.
posiçã o, n u m ~=~===== ===========·==~-- = · ~--
desfiladeiro dos
montes Gnara-
rapes (18 d e Leitura - Bent>ficios da guerra Jwlandesn
abril de 1648).
No dia seguinte
I
A gue rra estranha produziu resultados beneficos . O perigo
foi esta posição comum fez a proximar-se ma is elo es cravo o senhor, e o soldado
atacada pelos europeu elo brasileiro, ou do indio amigo. Com as h onras e conde.J
holandeses e fe- corações concedid as, mediante o beneplacito da curia romana, a o
riu-se a gr an- Camarão e a Henrique Dias, libertos, aqu ele da ba rba ria, est e da
de batalha, cu- escravidão, se honraram to dos os índios e todos os afri canos, n a
jo resultado foi icléa ele que certo desfavor, em qu e se jul gavam, nã o provinha de
favor avel aos pernambucano ~ . Este acontecimento fez crd.;cer suas cõres, mas sim da falta de meritos para serem m ellw r atendi-
ainda mais o entusiasmo no exército libertador. Apesar <la per- dos. Por outr o la do ta mbém o perigo comum aumentou muito a
da de Olinda e de .\ sseca e da morte de Camar ã o, dur os go_lpes so- tolerancia dos povos de umas capitanias para as outra s e estabele-
frid os pelos patriotas. es taYam estes cada vez mais confiantes na ceu maior frate r nid ade, de m odo que quas i se pócle assegurar que
vitór ia . desta guen-a data o espírito público mais generalizado por todo o
Brasil. Pelo que respeita á toleran cia religiosa, cumpre dizer que
2.• vitória dos Os holandeses tomaram, a seu tur n o, medidas desde a invasão hola ndesa er a muito menor, como sucede sempre
Guararapes energicas e autorizar am o corso contra o:s uavios que a an tiga r eligião é posta em contacto com outra nova, sobretudo
portug ueses. t razida por co nquistadores. O vicio ele certa indiferença religiosa
E m desespêro de causa, resolveram dar um golpe deci&ivo _no converteu-se em fa natismo contr a os protest antes e judeus. Infe-
.Arraial do Bom J esus, para o que tomaram a ofensiva. Um exéretto lizmente. por ém, a civilização h umana assem elha-se em tudo ao ho-
forte de 4.000 homens, coma n darlo por Brincke, foi acampa r nos m em: nasce chorando, e ch or ando e sofrendo passa a g rande parte
Guararap~>s, sendo ali completamente destroçado pelos patriotas (19 da infancia a té qu e se edu ca e se r obustece. Se, p ois, nos confor-
de fevereiro de 1649) . marmos com esta lei incleclinavel, r econheceremos que o Brasil pa-
gava então gr an de par te do seu tributo... Não ha dúvida que pas-
Se esta vitória veiu produzir o mais cu!llpleto sados esses choros e esses sofrimen tos, se apresentou mais crescido
Fim da guerra desalento nas fileiras inimigas. a CI·eação da Com- e mais respeitavel, havendo para isso con corrido poderoamen te o
liOlandesa llanltia de Comér cio (1650) , e a guerra com a grandes e con tinuados reforços de colonos ativos e vigorosos de
Inglate rra (1652) cor taram-lhes to dos os recursos. . vários terços ou r egim en tos que vier am da E uropa, e cujos indiví-
Compreender am os pa t r iotas que estavam con tados os cita:~ do duos pela maior pa rte ficaram no Brasil, o que perfez um número
pod er holandês no Bras il e reso lveran~ apressar. o seu term.o, dando s u perior ao dos m or tos nos campos de batalha . Por outro lado, o
o golpe decisivo sôbre a praça de R ecife. P ar a _;sso aproveitaram a genio do padre Vieira, desenvolvido j á no meio dos embates desta
chegada da esquadra de Pedro JafJUCS de lUagaUmes (1653). ""nerra recomenda r a á Europa o Brasil, ap r esenta ndo-se até na
Foi tal o êxito do a taque, qu e a 23 de ja neiro de 1654 entrega- H olanda feit o ofi ciosamente agente diplomatico, e os ho landeses
vam-se os holandeses pela capitulação da CnDillina do Taborda, a levava m aos ma r es do norte da Europa os nossos produtos, e os
26 de janeiro a ssinava-se a paz e o exér cito dos independente;;; en- iaziam aí conhecidos e desejados. O assucar, a aguardente de
trava solenemente no Recife. cana, até a tapioca, deveram ao consumo por êles promovido os
aumen tos de seu fabrico no Brasil.
(Segund o P orlo S eguro) .
76 OS HOJ,AKDESES KU BUA>'IL

RECAPITULAÇÃO
A Espanha estaYa em guerra com a Hola nda.
1.• invasão Pas!>ando o Brasil a ser colonia espanh o la, yiu-s.:
holandesa Ilogo atacado pelos holand eses. Uma grande expe-

1624-1626
1tlição ao mando de Jaeob " ' lllekes apoderou-H: da
Baia. - No ano seguinte uma armada lu so-~s­
panho la ao mando de d. Fndriqne d e •rotedo reto-
mou a cidade e exp ulsou os invasor es.
'\
-
A Companhia das Indias Ocidentais mandou
uma gra nd e expedição comandada por He11drlek Cor-
nelloozon Lonek, que se apoderou de Recife e Olinda '\.
(1630) apesar da desesperada resistencia opo.-ta
por Matins de Albuquerque. - Este fundara o _-\r- I
raiul do Dom Je s us e Iniciara já. a guerra de em-
boscadas contra os holandeses, quando veiu da
~
Espanha uma esquadra comandada por d. _\.u to-
nlo Oquendo (1631) e fôrças ao mando do conde de
JJagnuolf. Feriu-se uma grande batalha naval, na
qual morr e u o almirante holandês Pater. Ia )fa-
tias de Albuquerque colhendo a lguns resultados,
quando a deserção de Domingos Fernandes Cnlubnr
1 (1632) trouxe toda a vantagem para o lad o dos
I holand eses. - rerdidos todos os pontos, Matia!'
de Albuquérqur teve de retirar-se para Alag·Oas.
Bandeira portugueza nos domlnios
Em vista dêstes desastres Yeiu <1P Espanha uma
noYa expedição ao mando de <1. Luiz d e Jtojns y Bor- ultra-marinos
jn. que se deixou logo derrotar (1636). - Estando No Brasil de 1500-1649
co nsolidado o poderio holandês, assumiu o govêrno
o coutle d e Nassau (1637 -1644) que fez um brilhante
2.• invasão govêrno e tentou tomar a Bata. Em vista dt>sta
holandesa tentatiYa a Espanha mandou uma grande esqua-
dra te ndo por chefe o co•ule tln 'l'orre, a qual roill
1630-1664 completamente derrotada (163 9). - A restauração
Id e Portulil'al (1640) parecia vir pôr termo ú. con-
. quista, mas apesar disso os holandeses continua-
vam a extcnder os seus domínios. - Vendo que se
tratava ele uma conquista definitiva os patri otas
brasileiros resolYcram insurgir-se contra os ho -
deses. Foi Aurlré Yhlnl de Neg·reiros a alma tlO
1
I

I
movimléntó. l!:st e rompeu no )faranhào (1642) e em
segu id a em Pernambuco (1645). O exército lib.-r-
tador, comandado por Joüo Fernnndes Vieira. fez
junção com as fôrças de Cnmarilo e Henriqlle

·1/_
Dias, e foi de vitória em vitória até fundar o
Arrninl Novo do JJon t Jes u s (1646). Embald e ten-
tou o rei ele Portugal, d. João n-, sufocar a re -
volução. Os patriotas continuavam sempre YiLo-
riosos apesar dos grandes reforços rece bidos pulo~
holandeses. - As duas gTandes vitórias dos n um -
tes Guarnratoes, a primeira em 164 8 e a segunda t> m I Bandeira particular do Brasil
1649, :Coram os últimos episodios da grande luta.
.I
O Recife foi tomado e os holandeses obrigaram-~ e
a abandonar· o Brasil pela capitulação da Cnmi•in~<
llo '.rnbortlu, cn1 1654.
I ~
1649-1808

I
O DESPO NTAR DA XACIONALI DADE 77

E n gfi' nh o ele . \ ssucar n o sec ul o X VII

Como se fa7.ia o comérPiO elo algodão


O JlEi"l'ONTAH DA :\'ACIONALID.\11E O DESPONTAR DA "· .\.CIOKALIDADE 79
78

Entradas e bandeiras Resumo cronologico da l.a licão


1531-17<'2 1531 descobrt.> ouro nas futuras n1i-
nas Kerais. Francisco Pedro~ >
lJrirneira r•ntrada no Sl'rtão a
O sertão, cercado de misterios, desafiou, desde os primeiros tem- mandado de Martim Afonso ele Xavier clest,·fii as reduções en-
Souza. tl'(• o Paran(t e o Uruguai.
pos tia descoberta, o espír ito aven tureiro. Assim é que, a segui r
daquela primeira entr:Hla de 4 h omens, em 1531, por ordem de 16 23 16 8 2
Bartolomeu Bueno dcSCOIJre
Martim Afonso, outras se vão suceden do, sempre com pou co r es ul- .'\. grande bandeira d e Antonio
ouro em Goiaz.
~laposo ataca " ilcstrói as mis-
tado, em busca de r iquezas entrevistas ou para descer ín dios. süc>< de Guafra. 171 S
A's entradas, que foram, por ass im dizer, des bravan do o sertão, lJascoal Mor(\i l'a t,abr~1l acha
seguiram -se as peq uen as bmulelras, isto é, peq uenas ex pedições ex- 1674 onro en1 Cuiabá.
plor adoras, sob o comando de um ch efe. F'(·rnão Dias Paes Lt..~nH" che-
ga á ~erra das Er:nneraldas. 1 7 '(.2
De 1623 até 1750, pouco mais ou menos, tor nou-se um verdadeir o 1 67 5 :Uarlolom•'u Bu!'nn. filho ele
desva iramento esta exploração. Tomar parte n ela er a a maior p ro- Louren~o Castanho Taqu e~
A_nhangot'ra. funrla. •• ürraial clt~
va de heroismo que se podia dar. fToiaz.
As bandeiras, agora já grandes e fortes, cr uzavam o país para
o norte, oéste e su l, desvendavam riq uezas, iam a pouco e pouco
prom oven<lo o seu povoamento. Leito ra - Os ba n deirantes
Os índios aprisionados, muitas vezes fugiam e iam asi lar-se nas
Ha poesia e grandeza imensas, indomavel energia, tenacidade
incomparavel, nesses bandos de aventureiros, que, sem itinerario,
sem bussola, sem abrigo, guiando-se pelo curso dos r ios, pelas altas
montanhas ou á lei elo acaso, alimentando-se elos prod utos da caça
e da pesca, dormindo ao relento, navegando em jangadas, trans-
pondo cachoeiras. paúes, abismos, florestas invias, sitiofi quasi in-
acessíveis, arrostando féras, reptis, selvagens antropofagos, as-
tutos e vingativos, debelando perigos mil vezes mais formidaveis que
os do oceano desconhecido, atra1•és febres . naufragios, desastres.
ferimentos, guenas, sacrifícios constantes, Já se iam á conquista do
remoto sertão !!J isterioso!
Não os detem ou amedrontam barreiras e contratempos huYas,
sêcas, frios. Si não encontravam para comer, roiam raJt.es que
não raro, toxicas, os matavam no meio de sofrimentos atrozes. Dispu-
tavam o terreno palmo a palmo. ::\iascavam hervas, sug-avam o san-
gue de animais mortos, quando a agua faltava.
Uma ou outra vez acampam; semeam cereais; fazem a c·ollleita,
TI:lrtolotnl"'u Burnr_, fla Silva. o "Anllang·oPrn", t>ntrC' OH e prosseguem na aspera jornada, sem destino certo. E' uma cidade
RlllYagC'ns dP floiaz que viaja, observa um escritor.
E, obstinados, sem desanimar ante inumeras catastrofes, per-
.t•e du ~õe-.
dos je uitas. Daí o ataque e a destruição das missões (]I' correm o interior do Brasil, durante um século inteiro, descortinam
Guaíra, em 1623, pelo paulista Antonio Rapo ~ o, e a guerra que lhe regiões enormes, realizam excursões, difíceis ainda hoje, com to-
declararam os bandeirantes. dos os recursos da civilização, fazem vêr a face dos brancos onde
Em 1674, a grande bandeira de F ernã o Dias Paes L em e chega á ela jamais aparecera e nunca mais apareceu. Atravessam o con-
famosa serra (la s E 'meraldas. No ano seguinte, Louren ~ o Casta- tinente, chegam aos Andes, ao norte do Paraguai, ás cordilheiras
nho T:Htne~ descobre o primeiro ouro das futuras núnns gerais e do Perú, quebrando extraordinarias resistencias, reduzindo os in-
f 1 Frnnci co l'l'dro- X a' ier destrói os povos jes uítas entre o P ar aná e dígenas á escravidão, expulsando os espanhóis do territorio portu-
o Ur uguai. "'I guês, sustentando longas e sanguinolentas campanhas, descohrinclo o
Bartol omeu Buen o dn Silva, o célebre Anltangoera, explora o ouro e os diamantes.
territorio de Goiaz, em 1682, e descobre minas de ouro. Minas Gerais, Goiaz, Mato Grosso, o oéste de S. Paulo foram
Antonio Pjrcs !le Cam)I OS percorre o Mato Grosso em busca de ex plor ados, sem intervenção do govêrno, graças á audaz iniciativa
minas. dêles.
Alinnl. em 1718, P a scoal Mor eh·a Cabral, acha ouro em Cuiabá. Quantos uteis roteiros não organizaram! A quantos lugares,
Bartolomeu Bueno da SilYa, filho de A.nhang·oern, com uma ban- montes, rios, não deram nome! Que de formosas lendas, provenien-
I
., ••
,. - deira, em 1772, completou a exploração iniciada por seu pai e fund ou
um arraial, que é hoje a cidade de Goinz.
t es das suas façanhas, não ataviam a imaginação popular!
Os bandeirantes - eis a nota galharda e rubra dos nossos
Assim, pelo esfôrço dos bandeirantes, estavam dilatados os nos- a nais.
sos limites de o~ste até onde atualmente se acham . (.\fonsu t\·lso,,
80 O DESPONTAH DA NACIONALIDADE
·---------------------------------------------- -- O DESPONTAR DA NACIONALIDADE
81
R.evólta no Maranhão
R.esumo cronologico da 2." lição
~." 1ic::io 1684·1685 1673 C'O_JnPrein C'O rn o priYilegio tl o
.. Tra nsfere n c ia da s•c.d e flo go- trél ft.. . g-o no ~'far nnh:lo .
>• ·rno elo Maranhão de R. Luiz
l'<lr <t Be lém. 1684
De muito se vinha acentuando o desgôsto no Maranhão pelas
medidas tomadas pela metropole. Em 1673, fez-se a transferencia 1680 Ka noit!• ele 2~-2 1 el e faver<·il·o
cstaln, a rev6 Il a no Maranhão .
da séde do govêrno para Bel ém; em 1680, a lei declarando livres os E. •l•·clarada. a li berclarle dos
índios e dando aos j esuítas amplos poderes sôbre as missões, com iml i o~ ~ dadas ao~ jesuítas as 1685
n1b~ü r R eon1 excl u são das outr as
excluf'ão das outras ordens; e, em 1682, além de tudo, a c reação de t1nlt'n~. En1 J:J dt. . n1ai o, Gomes Fr e iJ't•
um a t.:om}Janhia para o Maranhão e Grão-Pará, com o privilegio assume o govêrno do Maranhão.
exclusivo do comércio, que não mais poderia ser exercido por um 1682 - E tn 2 clf:' nov (•m bro morre u n a
particular. · C'r· ação ele uma companhi a de fôrca Mano<• I R•·<' i< mann. chefP
ela r e ,·ólta.
As ordens religiosas não viam com bons olhos as regalias dos
jesuítas e faziam causa comum com o povo no seu desgôsto.
A ausencia do governador e o descas o Leitura - }Ianoel Beekmann
do capitão-mór Balbtsar Fernandes ani-
mavam cada vez mais os descontentes,
que se reuniam no convento dos Capu- ~o mes~no in stante ~m que, como verdadeiro cristão, . pedia do
chinhos e tramavam a revólta, com o
auxílio dêstes padres.
~ !to do pattbulo o perdao de todas as ofensas feitas ao próximo,
ue?larou qu~ pelo povo do 1\'laranhão monia contente. Grito derra-
Havia um homem que, pelas suas detro e subluu e de um co ração altivo e gene roso, admiravel com-
qualidades e posição, impunh a-se para tudo n!lqueles tempos, em que as revoluções, simples fato mate-
chefe: era Manoel Beckmann. n a!, na~ co~stituiam doutrina n em direito e em que os condena-
Na noite de 24 de fevereiro de 1684, do~. onhnanamente humilhados diante ela justi ça, morriam protes-
os sediciosos prenderam o capitão-mór tando o seu a rrependimento e beijando a mão que o~ punia.
e, ao amanhecer , estavam senhores de
t udo. _Assim terminaram , fer idas do mesmo golpe, esta singular revo-
Reuniu-se então na casa da Camara Iuçao. e a nobre existencia que fôra ao mesmo tempo a sua fô rça e
t:r•mts Freire ele Andrade, uma junta composta do clero, nobreza o se~1 lustre. A história, imparcial e severa, mas não dnr.;. e in-
Conde de Bobadela e povo e resolveu expulsar os jesuítas, sensJ\'el, apraz-se em record a r tantos atos de desinterêsse Ieal-
abolir a Companhia de Comércio, depôr clarl e e abnegação. a s ua eloquencia persuasiva e forte, e ~quela
o gove rn a dor. coragem serena e firm e que sem nun ca abandon~t-lo durante a vida
Cons tituiu-se um novo govêrno composto de i'\Innoel Beckmann e brilhou com ~1ais vivo fu lgor em face ela morte ; raro conjunto d ~
Eu!!'cnlo Maranltão, com o titulo tle procuradores do povo. grandes qualtdacles que, acareando e subjugando o amor e o odio
dos contemporan eos, imp rim iu á revolu ção um caráter ele honesti-
Celebraram-se festas. Seguiu para o Pará um emissario e To- dade e mode r ação, que far ia a glória dos melhores tempos, e qu e
maz Beckmann foi mandado a expôr ao govêrno ele Lisboa o que se me;;m~ en tã?.. lhe permitiu atravessa r as suas fases mais perigo-
11assara. sas, tao pactftCamente como pôde sê-lo um a comoção popular pura
Apenas ali chegado, esse emissario dos revoltosos foi encarce- e extreme de quatsquer excessos, e tão respeitaclora da vida e da
rado numa pt·isão. e a côrte resolveu tomar severas medidas. No- fazenda. como de todos os outros interêsses e direitos elos seus ad-
meou o tenente-general Gomes Freire <le An<lt•ade para governar o Yet ·arios. :\.ias o co ra ção não póde deixar de contristar-se quando
Ma ranhão e reprimir a revólta. vemos este homem n otavel dissipar em vãos esfôrços tod o aquele
Xesse intento deixou Gomes Freire o porto de Lis boa em 25 de t esouro ele virtudes e altas faculdades, numa época de ignorancia
egoism o e corTu pção, que não era a sua, e ab isma r-se por fim num~
março ele 1685 e a 15 ele maio seguinte des embarcou em S. Luiz.
Encontrou já quas i terminada a revólta e assumiu o govêrno sem a empresa temeraria e insensata, sem êxito provavel, iníqua em al-
menor oposição. guns dos seus fundamentos, e tão efemera que da sua passagem
n em deixaria vestígios si infelizmente não tivesse se rvido para con-
Apesar disto iniciou-se um processo sumaríssimo, cujo re- soliclar a mesma influ ência que se propunha destruir.
s ul tado foi a condenação de Manoel Beckmann e outros á pena
última. :\!as, pois, na noite dos tempos, brilham tão raros os caractéres
desta têmpera, que, mesmo condenando os erros, e las timando o
O chefe ela revólta, que se tinha refugiado no interior do Mara- extemporaneo e inutil elo sacrifício, não deve a história recusar-
nhão, atraiçoado por um seu afilhado chamado J,azaro de :illelo, dei- lhes. quando acaso os encontra, a expressão ardente das suas
xou-se prender. No dia 2 ele novembro de 1685 foi êle enforcado, simpatias e o tt·ibuto ele admiração e ele piedade, que sob retudo lhes
tend o a ntes declarado, do alto do patíbulo, que morria co ntente por {' 1le"ic1o si um grande in fortunio vem no fi m coroar e co nsagrar um
se ter sacrificado pela liberdade de seu país. grande merecimento.
(J. F. Lisboa).
u DESPONTAR DA ;-.;_.\CION .\.LiUADE O DESPON'l'AR DA NACIONALID.\.DE 83
82
" Os Palmares R.esumo cronologico da 3!· lição
16\l.) 1630 1678
:J." lição ( •(f!Jl a tlPsorde m cau~ada pela
in: a~it" elos holancles<:>s. comcç::o O governallor Pedro tl' Almeida
a formar-"~ o quilombo <lo~ Pal- celelJra um trata elo <le paz com
Entre todos os ({uilomhos que exis tiram em cliversos ponto~ do mttre." os negroR.
Brasil, tornaram-se sobremaneira notaveis os dos Plmnare'l. c_uJO 1675 1687
nome se derivou do gr ande número de pal meiras que n<'les O ~ c .. rg,'""nto-mór Ma nocl Lnpe~ Expedição ele Domingos Jo•·ge
existiam. Galv-~ o atxC'a os Paln1ar· P~. V elho co ntra os ratmares.
1677 1695
Situados desde o 1·io São I<'raucisco até o sertão de Pernambuco. 1-Jx:r.,-~.\jr· ão dP F Prniio c·arrilhn. Dío:strui<;:to rlo quilomLo.
começara m a se form ar. talvez, no tempo da invasão do s llolantleses
(1630) e foram se a\·olumando
e fortalecendo de tal maneira
que os pro prios holaudeset- ti- Leitul'u - n estrui-:ão <lo" Pnhnares
veram de empreender ~ rnltra
êles diversa!'\ ex pedições. Hola,·a o s ol, abria-se a noite, e sempre o inimigo a tentar a es-
Em 167i>, constavam os Pal- calada, a persistir sem descanço! Mas, êles deviam ir-se porque
mares de vúrios nucleo.,, o>utre ta~bém faziam alcatéa á caça, buscavam o alimento. Um dia, em
os quais: o do l!Iucuco. o dü • u- ma JO .•.
rupira, o das 'ralwra. , o de As .-huvas tinham cessado, as pereiras revestiam-se de folhagem
llaml1ia g·o n~a e alguUE< outros, nova , _quanrlo da atalaia llos Palmar es se avistou a chegada de outro
aldeias fortificadas, qui" . reuni- ex~rc1to. As matas encheram-se da rutilação de espadas, da ale-
das, abrigavam mll't p'lp"laçiio gna de seus Yestuarios coloridos. Chegavam boiadas mugidoras car-
de 30.0110 almaf;. g-ueiro-< lestos com munições. . . '
O Znmbi parou a olhar no horizonte, rilhando os dentes com
Gover11ava os Palht.lre::;, n o de<:espí:•ro 1la sua impotencia.
(-lanc:azmna. uma espéd" de U!C- E a~ mulheres, lá. por baixo, no circulo do povoado, em tôrno do
nare:a eleito para toda vid<l. A {:1 uzdro tôsco, p:ueciam escuras panteras famintas, numa arena
este suborfliua\·am-se os chefe, deserta. farejando os canto:;, esfra ngalhaclas e ansiantes. ~a fres-
das diversas aldeias. Reinava e:ura ,J., ar. so b o céu tranquilo rlo Equador, nesse tempo t.. alento,
em todos o~ nudeo~ .1 mais l•E> ··- pairava. um cheiro nauseante de decomposição. O olfato assava.
feita ordem. Unw lri:>teza nostalgica erepusculaYa as a lm as, e o olhar pressentia
na terra fôfa a putrefação tlas vítimas.
Terminada a guerra holal~­ Enfim , chegou a hora da •lecisão. Soam co metas, r ufam tam-
desa, os goverJJadore;: voltar•illl bor ~!'. As matas retumbam o clangor dos sons.
as sua c; l' istas par a esses qui- O inimigo reune a gente, forma os pelotões, desenvolve as filei-
lombos. que conslituiam uru se- ras. arremete contra o quilombo. O assalto é desesperado. As
Don1ingos Jorg·p ,~~ lhn 1 .'-,·tt aju- rio perigo par<t o comérdo e o;;
d~ nic• rle C'<:U11 I Hl ~\nton i o li'ernan-
{;oortes brancas anmçam ; a gente dos Palmares repele-as com os
dc·~ r'h• _\ hn•u.-quaclrn f h· I~. ( ~:1lixtu engenhos das circunvizinhan- ulti mo::; recursos.
ças . Num erosa~ ex[lediçõe,; fu- O dardo zimbra e abate, a flecha zune e crava-se; os braseiros
ram organizadas, ruas nenhuma. e<;padanam rlas estacada!; como um enxame diabolico de rubins fu-
obteve resultado ~atisfatorio. Apenas o sargento-mór )lanoel LOIH!~ meganres. :.\Ias os grandes troncos das entradas rangem, desli-
(~a.lvão (1675) e }'eruão ('arrilhn (1677) obtiveram alguma vantagem. gam-se, Yoam em estilhaços, desabam como colu nas.
Tentou o governador Pedro 1lr .\ lmei{la, por m eios pacific:os. cha - No alto da atalaia o ?;umbi, com os seus chefes, olha petrificado
mar os negros á ob~r!ie.w:-ia e <·heg;ou até a celebrar com êle;; um tra- pan·•• ~ devastação da taba que o branco pisa, domina, massacra e
tado neEse sentido (167 Sl . desharata.
J o meio da confusão !los assa ltantes um grito parte: - O Zumbi!
Dentro em puueo , porém. foi preciso mandar ou tra expedição Cem, duzentos homens forcejam por vencer o outeiro para a con-
contra os Palmares (1679), a qual s ofreu tremenda denota. qui ~ta dessa cabeça que os fita com desprêzo.
E. antes que os brancos galguem o pinaculo, antes que as suas
Afinal , em 1687. organizou-se uma nova expedição sob co- mã os ele odio toquem os ombros herculeos dêsses homens negros
mando de Domin l.l·o~ Jorg·e Velho. com o a pedra esculpida ele um obscuro século de ince ndios, a heroi-
cidalle rasga-lhes um a crispação sardonica na dentuça branca e
Após uma luta de 8 anos . os Palmares foram ven cido '. em seu!' <'Orpos rolam para o abismo do despenhadeiro que os acolhe
1695, precipitando-se o r ei de cima de um alto rochedo. afim tl" não nu mc. informe massa ensanguentada.
cair prisioneiro. (Gonzaga nuqu p>.
O l)ESPONTAlt DA XACIONALIDADE O DESPONTAR DA NACIO);'A L I.D A nE 8.)

Guerra dos Emboabas R.esumo cronologico da 4.n lição


1706 1709
17tl'--l709 Cúmeça a acentuar-se a riva- Chegada r1o no,·o governador
lirl~ d e f'X istente e ntre pauli s tas
e Pmboa has . Coelh o d e Can·a lho. C r eação ela
capitania de S. Paulo e M in as. -
A n otícia de r iquezas prodigiosas atraíra pa ra as mina s gt>rais 170 8 Anistia aos dous bandos e f i m
gente de t odas as pr ocedencias. Manoel Nune s Viana assume a da guerra civil.
Os pau listas. q ue tin ham s ido os seus des cob r idores, mantinha m chefia dos emboabas e dão-s e
as mi nas em seu pode r , a despeito da co nco rr encia dos naturais de diversos recontros desfav o rave i s 1720
anr< paulistas. l\Iartirio ele Felip e dos Santos.
outras capitanias e dos emb oabn s.

J ~ m b o:oiJ a - Eis o que diz T "odoro Sampaio a •·es pei to clt;ste


tt>rmo: '· S eria o vocalJulo primitivo e mpregado p e los gentios para Leitura - Felip~ dos Santolii
d esign ar o e urop e u qu e se fixl:tva e ntre ê l e s, s e aliava c om êle"
e m familia como aco n t ('ceu co m João Ramalho, com o Caramurú
c outros ? Se rá :> imples corrupte la d e amonbu que se traduz: -
o de fó r a. o d e longe, o forasteiro, o es tra njeiro?'' Outi· os upi- Era a tarde de 16 de julho de 1720, em Vila R ica, opulenta ca-
nam qu e •' mhoabas qu e r <liz c r - pernas calça das. IJital de Minas. Todo o trabalho, por ordem do gover nador , fôr a s us-
].Jenso.
Desde 1706 começara a aceutuar-se a rivalidade ent r e os natu- Toda a população correra, a vêr o espetácul o terrível que se
rais do país e os reinóis, en tre os quais era Mnnoel Nunes ' ' hum O· preparava. Tinham vindo os fidalg os com os seus vestuarios de gala,
principa l. - coletes de setim, casacas de veludo, camisas de r en das, cabe-
A luta, q ue já por vezes estivera imi nente en tr e as duas fa- leiras de · rabicho; tinham vindo as fi dalgas, cober tas de sedas e
cções, achou no assassinato de José Pardo, paulista muito estimado, joias; tinham vin do os homens abastados da vila; tinham vindo
um pretexto para rom per. os trabalhadores livres das minas e os negociantes; tinham vin do
Espalha n do-se o boato de que os paulistas premeditavam o mas- os escravos, quasi nús, ainda carregando os martelos de q uebrar o
s acr e dos contrários, estes re uniram-se e investiram Manoel ~u n e.-: cascalho aurífero e as bateias de sacu dir o ouro . ..
' ' iuna das funções de ditado r . Não era uma festa que se esparava. A tarde era de terr or. O
Os paulistas, a seu turno, armaram-se e esperaram o inimigo. <.:on de de Assumar, dom Pedro de Almeida Portugal, cercado do seu
O primeiro encontro foi em Sabará, cabendo a vitória ao em- regimento de Dragões d'El-Rei, ia presidir a execução de Felipe dos
boabas (1708). Santos, réu de rebelião, que tivera a ou sadia de incitar o povo de
O segundo encontro desta lamentave l guerra civil, no arraial Yila Rica á desobediencia e ao motim.
de Cachoeira do Campo, mais sangrento ainda do que o primeiro, O conde de Assumar queria dar ao povo uma lição tremenda.
trouxe nova vitór ia aos emboabas. Para isso, era n ecessario aniquilar, torturar e deshonrar á sua vista
Não desanimaram os paulistas. Sob o comando de Y alont im o mais simpatico, o mais popular dos chefes da revólta. O esco-
l'e1lros o de Bn r ro s e de P edro Paes tle Burros intentaram t omar a lhido foi Felipe dos Santos. A dorava-o o povo, que a s ua palavr a
desforra. Coube ain da a vitó ria aos r einóis de Bento do Amaral eloquente fascinava. Homem justo, meigo e caridoso; a lma fei ta
Contlnllo, homem sanguinario, q ue fez um enorme mortic-iuio nos para o amor da liberdade e da justiça, F elipe dos Santos, n um tem-
inim igos. po em que a inda não tinha explodido o vulcão da Revolução france-
A vinda do nol'o goveruador .\n t onio Allnuruerti ne de l'an alho. s a, já sonhava a Rep ublica. E foi por isso a Felipe dos Santos que
m ndou a face dos acontecimentos. o conde de Assumar escolheu para vítima da sua sêde de vingança.
Nunes Viana retirou-se e os paulistas ma is uma vez for am mal Era a tarde de 16 de julho de 1720. Felipe dos Santos, calmo e
ti Ucedidos na revindita que intentaram sob o comando de .\.m ndor helo n a. sua r esignação, foi á vista de todo o povo, amarrado vivo
Bueno da Yeiga . á cauda de um fogoso cavalo. Nem uma voz se levantou par a in-
A creação de uma nova capitania, a de São Paulo e Minas, inde- terceder pelo herói. A multidão apavorada e trêmula, s ubjuga da
pendente da do Rio de Janeiro e a anistia aos dous banrlos. termi- pela tirania do governador, assistiu em silêncio áquele hedion do
naram aq nela nefasta' 1u ta civil (1709). crime. Açoutado, o animal partiu a galope. E, pelas pedras a speras
e ponteagudas das ruas, ensanguentado, ensopando com o s eu san-
-:..rais tardt~ . Pll1 L718, o govêrno da n1 etro polf:-' d ecret,_,u CLu e gue precioso o pó da sua a mada cidade, via-se o herói, saltando e
f ôsse r ecl uzi<lu a bal'l'a todo o o uro ex traiclo das minas . E man- r ef'saltando, ao trote vivo do cavalo, sem um gemido ...
uou estalH>Iec<'r ca~as de fundição para co hrança rJ os rtuintnl':.
J;:sta medida prejudicial aos inte r êsses dos min <' rad oro·.-. pro- A noite descia, Felipe dos Santos expirava. Mas, ainda por
\'Oeou du as sed ições, em 1720. largo tempo, á l uz viva que tingia o céu avermelhado pel o pôr do
l inHl tt.:ve por teatro a vila de J>ifang u i u fo i Jogo :--u ~ v c afla
t·m sangur~. sol. a. multidão, apinhada nas colinas que rodeavam a ci dade, viu
~\ segu nrl a foi t)n1 \ '" ila ltic a e tev~.,::. por c h t fe I" t~ litu... d o~ 'S au - passar, arrastado de ladeira em ladeira, espatifado e sangrento, aque-
tos. Os l'l·\'O it osos, qu e c hegaram a <l ec larar a ind ependencia le corpo sagrado, que estava santificando o chão de Vila Rica ...
fla capitania, r e nd e ranl -S t-- a falsas prOJn essa s do <!ond e d e ~\.ss u ­
m a r c Felipe el os Santos foi conde n arlo a ser atar1o vivo ti cauda
fle 11111 ca ,·a lo bravo. (Coelho N eto) .
86 O DESPONTAR DA NACIONALID ADE
O DESPONTAR DA NACIONALIDAD E
87
Guerra dos Mascates
RECAPITU LAÇÃO
6." Urão 1710··1711
,\ ]lrimeira ••n t •·:ula ou pequena exp loração do ser-
li
Depois que os naturais de Pernambuco obtiveram a mernoravel tão, <lo que se t<'m notfcin, foi em 1531. por ordem
vitória contra os holandeses, acentuou-se cada vez mais a riva- de ]l[artim Afonso. Outras se foram sucedendo.
lidade já de antes existente, entre os brasileiros de Olinda, já então Entradas e Yeiu depois a época das lumtleiras, isto é, bandos
elevada á vila, e os portugueses estabelecidos no Recife e, por des- ltandPira s ils ordens de um chefe para exp lorar 0 sert ão e m
busca de indios e riquezas.
prêzo, chamados de 1631 -1772 Bandeirãs lWincipais: a de Antonio Raposo; a de
- mascates. .Fernão Dias Paes L e me; a de Lourenço Castanho
Estes iam em- Jaqut's; a de Fran c isco Pehro Xavier; a elo Anbnn-
pregando todos os g;oe J•: t.
seus esfórços para Os bandeirantes" tornaram conheci do o pafs.
elevar também o
Recife á vila e
torná-lo indepen- Causas: transfer e ncia do govêrno para Be lém; l ei
dente de Olinda e dando libe rdade aos lndios e fixando o predomlnlo
já tinham conse- dos jesuitas sõbre as missões; creação el e uma com-
Jtevólta do
panhia de comércio.
guido, em 1703. Maranhão
concorrer á elei- Chefe: J\Iano<>l Beckmann. Os reyoJtosos assenho-
ção do abnotacé e rearam-se elo govi'rno, expulsaram os jesuitas, abo-~
Ji6t-14 -1685 liram a companhia de comércio.
da cama r a de
Olinda. O novo governador Gomes Freire de Andrade ven-
Almotacéio;; ceu facilmente a rev6lta. Manoel Beckmann con-
Acentuar-a- se
denado á morte.
cada vez mais e
mais esta rivalidade, quando, em 1707, chegou o novo governador
da capitania, Sebastião de Castro Caldas que, manifestando desde Entre todo!'! os <tuHomllos que se formaram no
logo a sua simpatia pelos ma~cntes, conseguiu a elevação do Re- Brasil, o mais c·élebre foi o de Palmares, em Ala-
cife á vila. gõas.-Consta\'a de várias aldeias fortificadas, for-
A instalação solene deu-se no ano seguinte (1710) com ,, pro- mando urna espécie de confederação governada por
0~< P:~lma re s
testo d0 senado e povo de Olinda. um chefe eleito por toda a vida.
Castro Caldas foi vítima ele uma emboscada que quasi lhe rou- Diversas expedições foram mandadas COI"tra os
bou a vida e, em represalia, tomou medidas severas que provocaram ] 6 95 Palmares, desde 1630 até 1695. - A última foi co-
a guerra civil. mandada por Domingos Jorge Velho, que conseguiu
As fôrças de Olinrla tomaram Recife, pondo em fuga o governa- destruir o quilombo.
dor. Reunida a camara, um dos chefes olindenses, Bernardo Vieira
de Melo, propôs a independencia da capitania, estabelecendo-se alí As minas descobertas pelos paulistas atrairam
o govêrno republicano. Vencendo afinal a opinião dos mais mode- grande concorr encia, principalmente de portugue-
rados, assumiu o govêrno da capitania o bispo Manoel Alves da Guerra dos
seR, apelidados de e mboabas, cujo chefe era ltln-
Costa, que era o sucessor legal do governador. Emhoalms not•l N"unc,. Vlml<l. - Começou a luta e m Sabarío,
Este tentou, em vão, restabelecer a harmonia, mas o" ânimos sendo os paulistas derrotados. Seguiram-se outros
estavam por demais exaltados para o conseguir. 170,..-1709 comhat<' S ~~ ngrentos, sendo a vitória dos emboa-
Os elo Recife, animados e protegidos, pelo governador da Paraí- ba><. - O novo governador Coelho ele Car\'alho, pôs
ba, João da ~[aia da Gama, reuniram tropas sob o comando do ca- termo á luta em 1709.
pitão João da Mota.
O bispo resignou o govêrno nas mãos do mestre de campo Cris- - - - -- - - -- -- - - - -:
tól·ão de lUendon~a Anae~, que se colocou á frente das fôrças de CauRas: a rivalidade que existia entre os brasi-
leiros de Olinda e os portugueses do Recife (mas-
Olinda, marchou contra o Recife e o cercou.
cates).
Neste ínterim chegou o novo governador Felix José Machado de (<u~rra. <los Sr>nao o Recife elevado á vila, rompeu a guerra:
Mendonça, que captou a amizade dos dous partidos e pôde declarar Jf;1 ('.ates
terminada a luta civil (1711). os do J~t>cifc t>ram comandados pelo capitão João
da l\Iota P os de Olinda, p e lo mestre de campo
Apesar da anistia concedida pelo governador em nome do rei, 1710-1711
abriu-se logo devassa afim de apurar os responsaveis pelas desor-
dens havidas. Toda a culpa recaiu sôbre Bernanlo Vieira de Melu ·'
C'rist\1\·ão de Mendonça Arraes.
luta civil tt'lrminou em 1711, com a chegada do
que foi posto a ferros e remetido para a cadeia de Lisboa onde ter-
minou seus dias (1712). l-==== ===== ====== - -
novo governador Machado de Mendonça,
8 CO:-<SEQUENCIAS DA GUERHA DE SUCESSÃO
CO:-<SEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO
89
Fundação da Colonia do Sacramento
R.esumo cronologico da 1." lição
1: Jiçiío 1680 1676
A can1ara do fUo de Janeiro
170 4:
Portugueses e espanhóis, a porfia, tratavam de aumentar o nropõe que seja o Rio da Prata n ...\ lonso ValdP2 toma a Co -
o limite sul do Brasil. ](Jflia .
seu patrimonio.
1680
Neste intento a camara do Rio de Janeiro dir igiu, em 1676, uma Fundação da Colonia do Sa- 1715
representação á metropole no cramentó por d. 1\fanoel Lobo. - Tratado ele Utrecht r estituin -
Tomada da Co lonia por d. José do a Colonia aos portugu l'~es.
sentido de fixar-se no R io da Gar r·o.
TERRAS
Prata o limite sul elo Brasil e 1681 1735
levantar-se alí uma fortaleza. Tratado entregando aoR por-
Atend ida a solicitação, o tugueses a Colonia. D. Migu<'l Salcedo ataca a Gn-
lonia, que resist í' até 1737.
governador d. Manoel Lobo fun-
= =-=::;.. _ _ _ _ _- -
dou, em janeiro ele 1680, no pon- ~-

to indicado a Colonfa (}O S:lCra .


meu to. Leitura - As fronteiras
Este ato não agraciou a d.
J osé Garro, govern ador de Bue-
nos Aires, que investiu e tomou ~o século. XVII! tornou-se inevitavel definir a configuração
o estabelecimento, no mesmo exata elo Brasil. Quao longe estavamos já do tratado de Tordesi-
' ano de sua fundação . lhas! ü_s brasi.lei:os paulistas e os jesuitas haviam, pela ocupação
O tratado de 7 de maio de e conqmstas tnphcado a area da antiga colonia. Todo o oéste meri-
1681, restituiu a Colonia aos dional até os confins elo Paraguai e da Bolívia e o oéste setentrio-
I portugueses, que restau raram nal, por quasi todo o curso do Amazonas, formavam o imenso sertão
""-.,__"--..;:::;;:::...--=::,___.::::,._-==--=::~.....::::..J as suas fortificações. Outro tra- contme~tal, aume~taclo ao patrimonio do meridiano da demarcação.
tado, em 1701, confirmou o rn·i- Alé~ disto o Brasil, do seu extremo em Santa Catarina levou a ocu-
meiro, de modo que os portugueses se conservaram na posse da mar- paçao a centenares ele milhas até o estuario do Prata.
gem esquerda do Rio da Prata. . Com essa extraordinaria expansão, veiu o país a entrar em con-
A Colonia ia em franca prosperidade, devido principalmente aos flito~ de duas origens: - uns, com a Espanha, que cernava ele
esforços de d. Francisco :\"a}Jier de Lencastro. quasi todos os lados terrestres a Colonia com o seu dom w sul-
americano; outros, com a Guiana, a região do menospréz '· onde
A guerra ele Sucessão da Espanha veiu alterar este estado ele repousavam afinal as garras dos europeus, contendores e iuimigos
coisas. do imperio colonial iberico.
A guerra ele' Sucessão ela F.spanha (1700-1714) teve por causa E' curioso que onde Colombo colocara a Estrada do Pnra.io;o e
a disputa da corôa deste pais pelo arquiduc1ue Carlos, apoiado onde mais ou menos colocou a lenda o El-Dorado, maior aí fôsse
pela Au<'<tria, Inglate rra, Holanda e Prussia, contra F eliJl,... , -,
sustentado pela I•'ranç:a, Baviera e Espanha. o abandono elos dous altos senhores da America Meridional.
Portugal tomou o partido do primeiro e daí a" hostilidad!'s
de esr•an hóis e franc<el'les contra o Brasil. Espanhóis e Portugueses pouco se ocupavam da região: os pri-
meiros nem sequer dela tomaram posse efetiva e, vindos do Pacífico,
lançaram os ultimos padrões no Orinoco. A região abandonada tor-
Estavam quasi despercebidos os portugueses, quando foram ata- nou-se a compensação para os ingleses, franceses e holandeses que
cados por um forte exército ao mando de d...Uonso Yahlez (170-t). não conseguiram fixar-se no Brasil.
A Colonia resistiu heroicamente e caíu em poder do inimigo só- As questões ele limites ao oéste e sul, podiam então resolver-se
mente quando o comandante Veiga Cabral recebeu elo governador só com tratar com a Espanha.
ordem de abandoná-la e recolher-se ao Rio de Janeiro.
Também nesse tempo o domínio espanhol limítrofe estava di-
Pelo tratado de Utrecht (1715) voltou aos portugueses a Colonia vidido em três vice-reinados: Buenos Aires, Lima e Santa Fé de Bo-
com as terras adjacentes até a distância de um tiro de canhão, con- gotá eram os seus nomes e abrangiam respectivamente os Estados
forme interpretação dada pelos espanhóis áquele tratado. do Prata, sul e sudoéste, os Estados do Perú e os Estados da Co-
Com o fim de conter os portugueses nessa posse d. Bruno de lombia. Esta divisão, todavia, não prejudicara a unidade da questão
Zabala, fundou o presídio ele Montevicléo (1723). diplomatica naquele tempo.
Apesar disto subsistiu a harmonia até que cl. Miguel Salcedo to- Hoje, com a independencia das republicas sul-americanas, ressur-
mou conta do govêrno ele Buenos Aires e combateu a Colonia clous giu e complicou-se a questão dividida entre reclamações da Argen-
anos (1735 e 1737) sem poder tomá-la em vista dos reforços trazidos tina, Paraguai, Bolívia, Perú, Colombia e mesmo do Equador.
por d. Aharo de Brito.
(Joiio HillE:iroJ

, -
90 CQKf;BQ!"E ,·lJL\ S lJ.\. Gl: ERTIA DE S UCE::;S .\.0 CONSEQUENCIAS DA GUER R A D E SUCESS ÃO
91

Os corsarios franceses R.esumo cronologico da 2. a lição


1710-1711 1 71 o assassinaLlo. - J:;e g undo ataq u e
.\ ll~'i me ira e xp e dição fra n ces a
a t~~a o Hi o de Jan ~ i r o e ca i dos f r a n ce s c N. T omada do Hio
PrisiOn e ira.
..Ex pedição de 1ln Desr!e os primeiros tempos da colonia, os fr an-
fll' .Janéi r o, v e rgonhosaznen te
Cle1·c ceses vinham t entando apoderar-se de a lgum 1 7 11 l'<'sgata <lo !> PIo g0Y <> rnado r Cas -
Ilorto da costa. Du C! e rc é m istc ri osame n Lc tro 1\[0J·a is .
Afinal, ainda a Guerra de Sucessão da Es pa nha for n eceu pre-
t exto para novos a ta ques . - -= =-====== =
A princípio foi o corso contra os n avios portugu eses. Por fim Leitu ra - Ra sgo de he l'oi smo
armou-se em Brest uma forte expedição, que, ao mando de Jean
F rnnçois du Clerc forçou a barra do Rio de J aneiro e veiu ancorar . No ataque do trapiche deu-se uma ocorren cia que poderia ter
no porto da ilha Gr ande. T entado o desembarque em diversos pon- h do funestas consequencia s: r efiro-me ao incendio dos armazens da
tos, sempre repelidos pelas fôrças de terra, afinal o conseguiram os a llfa t:dega e o da contígua casa dos gove rnadores motivado pela ex-
fr a nceses, na Guaratiba. O governado r ger al F r ancisco de Castro P osao de a lguns barris de polvora. '
l\Ioraes, apesar de ter re cursos suficientes, n ão tratou de im pedir Ouvindo do ~ampo do R osar io a medonha detonação e avaliando
a marcha. por ela da gravidade do peri go, expediu o governador o seu irmão
Du Clerc atacou a cidade, mas os estudantes, ao mando de Bento mestre de campo Gregorio de Castro Mora es a fr ente de sen regi'
mento. ' -
do Amaral Coutinho, e as fôrças do padre Fr:mcisco de Menezes
obrigaram-no a r etroce.cle r e refugiar-se no trapiche da cida de, onde . Reforçando a sua tropa com a dos estudantes acometeu 0 re-
se rendeu a discr ição. fendo mes tre ~e cam po os fr anceses que quet·iam assenhorear-se
Du Clerc, que tivera a cidad e por menage, fo i misteri osam ente do tes~uro, ent~o chamado - Casa dos contos - ; e qua ndo mais
a ssassinado no seu proprio leito (1711) . ~ces a Ia a peleJa um a bala dispara da por mão certeira pôs termo
<t sua honrada existencia.
E . di ~ d
D xpe ç~o r Não tanto, talvez, para vingar a derr ot a dos pa-
tricios, senão pelo intento de lucros fabulosos,
uguay. rou n preparou-se em Fran ça nova e mais forte esqua-
En c ontrall(l~ uma resistencia com que por certo não contava
co_nheceu po~· fim, du Clerc o êrro que cometera vin do com tã~
~mguada~ fot:ças .atacar uma cidade, que, apesar de m a l g uar dada,
dra, com 70 canhões e 5.764 marinheiros e soldados, ao mando do amd~ ass1n: tao VIgorosa defesa lhe apresentava. Em reiterados e
a lmirante Duguay-Tronin. quas1 qu e m cessantes coml>ates, hav ia perdido quasi que a me ta de
Esta ex pedição partiu do porto de R och ela, em 1711, e em pouco de S~I~ _gen te, sem que n enhuma vantagem real lh e compen '!Se t a l
estava á vista do Rio de J an eiro. sacn ficw .
Era ainda o Br asil governado por F ran cisco de Castro Moraes, P arece que a consid era çã'o do mau passo em que se colocara
turv? u-lhe o en te.n dimento; porqu anto adotou o mais deses perado
o qual r ecebendo por um patacho inglês a notícia do plan eja do ata-
P=:rttdo qu e podena abraçar, encerra n do-se no trapiche e fazendo-se
que, tr atou de tornar algumas m edidas.
n ele . f~r te co~ a ~ u~ i.nfanta ri a e seis peças de a rtilharia que con-
Aproveitando-se do cerr a do n evoeir o, Duguay-Trouin forçou a segutr.a t ornai ao m mu go . f!'o lgo u Francisco de Castro com o ê rro
entra da da barra, debaixo do fogo das forta lezas, apoderou-se da com e tl~o pelo coman dan te fr a ncês, e, prevalecendo-se logo dêle, man-
ilha da s Cobras e aí fortif icou se. Desembar cou a sua g ente, de- dou-o mtlma~' q u ~ se. ren desse á discrição do ven cedor ! R ecusou
pois de desbar atar os poucos h omens de Amaral Coutinho, que mor- clu ~~erc fa~ e-lo, Ilu(!Jdo por un s r epiq ues de sin os que na mesma
reu heroicamente, sem encon tr ar mais r esist encia, pois Ca stro Mo- ?cas1ao ouvm , e que pensou serem tangid os pelos seus comt)atriotas
raes, que tinh a fôrças superiores as do invaso r, não se m overa do Já senhores da cidade.
seu acampamento. E tem endo a chegada das fôrças el o interior , Não tar do u em desenganar-se, maxiUlé quando se viu cercado
Duguay-Trouin in timou o governado r , debaixo da ameaça de incen- por fôrças muito superior es ás s uas, e bombardeado pela artilharia
dia r a cidade, a resgatá-la por 600 .000 cruzados, 100 caixas de as- m~n dada vir da ilha das Cobras. O qu e porém mais que tudo deter-
sucar e 200 bois. mmou-o a pedir capitulação foi a ameaça do governador de mandar
Apenas assina do o vergon hoso convenio (10 de outubro de 1711 ), lançar fogo a o trapiche onde impr udentemente se havia fortificado.
chegou Antonio de Albuquerque com quasi 6.000 homen s. Nada m ais _ P.or essa ocasião deu-se um rasgo de h eroismo dign o el e passa r
pôde fazer . a ~a1 s r e m~ta p_os teri dade. Pratico u-o um alferes de ordenan ça s,
CUJO nome smto Ignora r, q ue ha bitando a casa próxima a o t rapiche
Demoraram-se os franceses até 4 de dezembro, dia em q ue r ece-
beram a última prestação. con: sua mulher, filh os, mãe e ir mãs, ofereceu-se para ser o pri-
m eiro que lhe la n çasse fogo, embora, sucumbisse com tu do o que na
Duguay-Trouin animado pelo fa cil triunfo, resolveu i r atacar terra possuía de mais precioso!
a Baía, mas desistiu de seu intento em vista dos tem por ais que o Como os gregos e romanos, também os antigos portu gues es nos-
assaltaram n o mar. sos glo r iosos antepassados, imolavam á patria as mais santas e
O gove r nador Castro Morais fo i punido de sua criminosa desí- pura s afeições de familia.
dia com o degredo perpétu o para a India. (lC de ;n , nezt•s) .
COXREQl"EKCL\S JlA Gt;ETIRA DE SUCESSÃO CONSEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO

Tratado de Madrid Resumo cronologico da a.a lição


li 50 1750 17531
Tratado de Madrid determi-
nando os limites entre Portugal Os indlos das missões atacam
e Espanha, de modo que a Colo- a comissão demarcadora.
E m 13 de ja neiro de 1750, de novo reuniram-se embaixadores nia do Sacramento ficava para 1756
e s pa nhóis e portugueses (entre estes o brasileiro Alexandre de Gus- Espanha e o territorio das Mis- Rompem as hostilidades entre
mã.o ), e fizeram o tratado de sões para Portugal. o exército dos demarcadores e os
Madrid, fixando definitiva- indigenas. - Ação do outeiro de
1752 Caibaté.
mente a linha divisaria en- Os demarcadores portugueses
tre os domínios das duas e espanhóis assentam o primei- 1759
nações. ro marco da linha divisaria, em O ma rquês de Pombal promo-
-castilhos Grandes. ve a expulsão dos jesultas de
Esta linha começava ao todos os dominios portugueses.
sul, da fóz do arroio Chuí
até sua s nascentes no mon-
te CastilJtos Grnndes, seguia Leitura - O linrquê de Pombal e o Brasil
pelas serras até as cabecei-
ras do rio Negro e do lbi- . Na instruçã~ e obras públicas, no comércio, lavoura e indua-
cui, indo por este até o tna, na navegaçao_, nll:, arre?adação da Fazenda e na governação do
Uruguai e pelo ·Uruguai até Estado, na orgamzaçao m1litar, em uteis reformas judiciais em
o Pe})irí, donde continuava _ .. providencias beneficas e caritativas o 'dedo
para o norte. giganteo de Pombal ficou assinalado nest&
Os jesuítas tinham fun- imperio.
dado, entre o lbletú e o
Uruguai sete povoados cc.m Beneficios legitimas do reinado de José
I experimentou também o Brasil na Instru-
a designação de missões,
onde viviam para mais de ção pública, em primeiro lugar pela admi-
30.000 índios mansos, sujei-
ravel reforma da Universidade de Coimbra,
que levou a cabo, pondo-a, como se vê dos
tos ao seu domínio.
Estes s e t e povoados seus Estatutos, especialmente nas faculda-
eram: S. Borja, S. Nicolan, des de direito, filosofia e m tematlca~
S. Miguel, S. Luiz Gonzag~ a par das primeiras do seu teru po. A esta
Limites de 17 50 S. Lourenço, S. João Batista reforma, em que trabalharam multo doia
e Santo Angelo. benemeritos brasileiros, o bispo conde re-
formador d. l'rancisco de Lemos e seu lr-
Pelo novo tratado, Portugal abandonaria a Colonia do Sacra- lfarquês de Pombal mão João Pereira Ramos, deveram depola
mento, recebendo em troca o territorio das missões. . outros brasileiros a ilustração, com que
Foram encarregados da demarcação o espanhol Marquês de Vnl- .serv1ram co~ tanta distinção nesse reinado, que multo os protegia,
deUrios e o português Gomes Freire de Andrade. e com qu~ amda nos ultimas tempos poderam bem servir o seu pal11.
Para reahzá-la, o ministro Pombal não hesitou, como patriota su-
Em 29 de outubro de 1752 ficou assentado o primeiro marco em perior a prevenções, de fazer vir até de fóra capitais de lntellgen-
CastilJtos Grandes e os trabalhos foram continuando em ordem. Ao -cla e de atividade nas pessoas dos Vandelis, Franzlnfs, Dallabel-
chegar ás missões, porém, em Santa Tecla, os índios começaram a las, Blascos, e outros. Não foi menor o beneficio que resultou da
hostilizar os demarcadores, de modo que estes se retiraram e resol- refor:r_na dos estudos das escolas menores, o restabelecimento do
veram empregar a fôrça para chamá-los á obediencia (1753). c~legw dos Nobres, tudo debaixo da inspeção da Mesa Censor!~
Após muitas delongas, em 1756, romperam a s hostilidades. Ape- tnbunal encarregado da censura dos livros, que ficaram Isentos de
sa r da excelente posição dos índios no outeiro de Calbaté, foram passar pelas três censuras, da inquisição, do desembargo do paço
debandados logo aos primeiros tiros. Seguiram-se outras refregas e do ordinario.
até que os demarca dores separaram-se sem nada ter conseguido, o Os edifícios monumentais da cidade do Pará, levantados desde
que equivalia a uma verdadeira vitória dos jesuítas. que ideou, em 1761, prepa rar aí um refugio, em caso de necessi-
dade, ao trono da casa de Bragan ça, recomendam a sua previsão.
Em Lisboa estas notícias causaram funda impressão e o minis- Pela maior parte foram delineados pelo arquiteto Antonio José
tro Sebastião lle Car,·alJIO, marquês de Pombal, resolveu tomar se- Lande, que para Esse fim despach ou. O palacio, hoje ocupado pela
veras medidas, ao que o aconselhavam ainda outros acontecimentos pre~idencia da provincia, com quinze janehs de frente, três das
em Lisboa. qua1s no corpo do m eio, é um dos mais esplendidos do Brasil. A
Foi assim que se deu a expulsão dos jesuítas de todos os domí- sé e as igrejas de S. J oã o e Santana são identicos testemunhos do
nios de Portugal (1759). favor real que presidiu á sua ação.
(Varnhagen).
-4 -H. B.
94 CONSEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO
CONSE QUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO 95
Novas lutas ao sul
Resumo cronologico da 4." lição
4.• Uçiio 1761-1763
Conven ção de 12 A oposição dos indígenas vier a ao encontr o dos 1761 Zeballo~ põe em cêrco a Col o ni a
elo Sacramento.
de fever eiro desejos dos espanhóis que, de pr onunciada má. Em 12 d e fevere i ro assina-se
von tade, estavam dando cumprimento ás clausu- 30 " "" outubro - Re nd ição da
uma convenção declarando nulo Colonia.
las do T ratado de Madrid. o tratad o ele Madrid.
Tómando como pretexto os fatos ocor r idos, decla r a r am nulo Em 15 de agosto, realiza-s e o
aq uele tratado, ;voltando as Missões para o poder da Espanha e J)a e to de fumi Un que acende de 1763
a Colonia ao domínio de Portugal (Convenção de 12 de fevereiro no\·o a guerra.
de 1761). · Im·asão do Cont inente de S .
Pedro <' tomada da vila do R io
Dentro em pouco, por efeito do célebre pacto tle famili:l (15 de · 1762 Grande.
agosto de 1761), romperam de novo as hostilidades. :> de ou t u bro Terminação <hL guerra pel a·
D . Pedro d e paz de Paris.
O t><t c to d e f<un ili:t foi uma aliança estabelecida contra a In-
glaterra pelos soberanos da França, Espanha, Duas Si c ili as e
Parma, os f1Uais e ram da famil ia dos Bourbons.
Portugal, sendo aliado da Inglaterra, teve de tomar part e na
Juta. que repercutiu também no Brasil.
Leitura - Rafael Pinto Bandeira
Perda da Quebrada a paz na Europa, d. Petlro de Zeballos,
lonia Co- governador de Buenos Aires, aviso u ao vice-rei do
Brasil, Gomes Freire de Amlrade, conde de Boba- Nasceu em 1738, nas imediações da Capela Gra n de de Via-
dela, que ia romper as hostilidades. mão. Seu pai, Francisco Pinto Bandeira, fôra dos primeiros po-
E logo safu, com uma forte expedição de terra e mar, a pôr em voadores do Continente de S. Pedro, como en-
cêrco a Colonia do Sacramento (5 de outubro de 1762). tão se chamava o Rio Grande do Sul, ainda
Bem provida de viveres e recebendo reforços que Gomes Freire em comêço de organização.
não cançava de lhe mandar, parecia que a Colonia resistiria por Era o período das guerras provocadas pela
largo tempo, quando, com surpresa geral, o comandante Vicente da fundação da Colonia do Sacramento.
s;h ·a Fo n ~eca a entregou ao inimigo (30 de outubro). Vivia-se então no Con ti nente a vida aven-
Este fato produ,ziu tão grande abalo no conde de Bobadela que tureira dos combates e assim a juven t ude de
qcasionou a sua morte. · Rafael passou-se no meio dos ac>ampamentos,
recebendo de seu valente pai os mais frisantes
Satisfeito com o bom êxito da sua empresa, Ze- exemplos de temeraria bravura.
lnt a siio do Con~ ball os invadiu o territorio do Continente de São
A in vasão de Zeballos veiu encontrá-lo já
, tinen te Pedro, onde o coronel 'ele dragões 'l'oma z Luiz moço e tro uxe-lhe o posto de tene n te de dra-
Osorio entregou-lhe sem resistencia o forte. de Santa Teresa, e em se- . gões. Daí por diante a s ua vida é um lindo
guida o de S. !figueJ. em 19 de abril de 1763. poema de bravura e de a ltos feitos.
· Daquí seguiu o coronel José Molina com alguma fôrça para ata- As suas temíveis arrindas tal terror infun-
car a ' 'ila de S. Pedro do Rio Grande do Sul, a qual, ab1.ndonada. diam aos espanhóis que o herói apenas com
);1recipitadamen'te pelo governador In acio Eloi de lU:ulureim e por' um punhado de aventureiros, 100 ao muito, de-
tpda a população, caiu-lhe nas mãos seta a menor resistencia, em pois de destroçar por completo Vertiz y Sal-
2;4 do mesmo mês. cedo, atreveu-se a ir contra o grosso do mes-
, Uma vez senho~' dêstes pontos, guarneceu-os Zeballos convenien- · mo exército e tomar-lhe valiosa prêsa.
temente e tratou de continuar a conquista.
, Atravessou o canal que im propriamente é chamado Rio Grande, "O chefe rio-grandense, tinha a fib r a do
desembarcou na estreita faixa de ter ra fronteira. apoderou-se da guerr eiro; não era um caudilho vulgar ou um
Guarda do Norte · (hoje S. José do Norte) e foi avançando para o guerrilheiro simplesmente audaz e afortuna-
ipterior. do", diz um escritor que temos á vista.
General Rafael Pinto E ass im Camaquam e Tabatingaí, S. Mar -
Bandeira
Paz de Par is Por este tempo cessou a guerra na Europa, assi- tinha e Santa Tecla são os élos dessa cadeia,
n :mdo-se a paz em Paris pel:t qual fi co u at;;sen- ne glórias que o levaram, primeiro entre os .
tado que se deviam r estituir as conquistas de guerra. rio-grandenses, a conquistar os bor dados de '
·, Zeballos, entretanto, ap enas entregou aos portugueses a Colonla, gene ral e o govêrno de sua terra natal e que fizeram o se u n ome
ficando com os territorios ocupados no Continente de S. Pedro. ··~ s ubir tão a lto que ultrapassou os limites do país para ser ad mirado ·
• O g;ovêrno portuguê3 tratou então de r ei vindicar pelas armas o na propria Lisboa.
que não conseg~ti,ra por meio da diplomacia·.
(A. G. Lima).
96 CONSEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO
CONSEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO 97
Paz de Santo lldefonso
R.esumo cronologico da 5. a lição
õ.• lição
1777.

Medidas dos A côrte de Lisboa transferiu para o IUo de Ja. 1768 forte de Santa Tecla (26 d e mar-
nefro a séde do govêrno geral (1763), nomeou Mudan ça da capital parn. o Río ço). - Os portugu eses r e tomam
portugueses de J anei ro. - D. Juan Vertiz a vila do Rio Grande.
vice-rei o conde da Cunha, o qual providencioQ inVad e o Rio Grande, funda o
imediatame nte para que os espanhóis não extendessem a con- fort e de Santa T ecla e chega 1777
quis ta. até Rio Pardo. - Os portugu e-
ses concentr am - se em S. Jo sé A grande invasão d<> Zcballo.s.
Tendo Zeballos deixado o govêrno de Buenos Aires, o governador do Nort e . -Perda e destruição da Coloma
do Rio Grande, José Custodio de Sá e Faria, aproveitou os reforços do Sacramento. - Tratado d e S .
trazidos por José Marcelino de Figueiredo e conseguiu retomar 1776 Ildefonso restabelcc<' ndo a paz e
fixando os limites e ntrt> os ter-
S. José do Norte. Rafae l Pinto Bandeira. toma o ritorios espanhol c português.

Invasão O novo governador de Buenos Aires, d. Jnan José


Vertlz de Vertiz, invadiu o Rio Grande, fundando o
fort e de Santa Tecla, nas cabeceiras do Rio Ca- :Leitura - Tratado de Santo Ildefonso
maquam (novembro de 1763), e marchando sôbre Rio Pardo e Via-
m ão. Abate u-se, porém, a sua soberba diante do forte do Rio P ardo, Os teoristas democraticos, que se revo ltam contra a suprema-
donde viu-se obrigado a contramarchar para Buenos Aires. cia fatal dos grandes homens e pregam que a marcha dos aconteci-
mentos dispensa o concurso de agentes geniais, verificariam aquf
Concentração de Irritada com este insucesso de suas tropas deli- o desacerto do peregrino princípio, e quanto se paralisa o curso
tropas berou a Espanha a conquista de todo .Continen- dos publicas negocios dum país se lhe vem a faltar o impulso do
Jio Continente te de S. Pedro. estadista que até então os norteara. Pombal afastado, tudo decai
Era então vice-rei do Brasil o marquês de La- no reino; nesta fronteira do Rio Grande a ação decisiva da guerra
vradio que, sem perda de tempo, tomou as providencias que o caso ú ltima é anulada pela fraq 11eza da corôa, que cede, pelo tratado de
exigia. Reuniu sob o comando do coronel Sebastião Xa1•ier da 0
1. de outubro de 1777, o que o braço dos nacionais reconquistara.
Veiga Cabral da Camara todas as tropas disponíveis e concentrou- Nunca o orgulho castelhano, nos conflitos com o vizinho reino,
se em S. José do Norte juntamente com as que tinham vindo da me- obtivera tão assinalado triunfo; corridas e varejadas as suas hostes
tropole ás ordens do tenente-genera l J oão Jlenriqne Bolun. dos campos rio-grandenses, voltavam a êles pela fôrça do novo pacto,
Em 1775, estavam os inimigos em frente um do outro: os por- mais conseguindo ainda do que em 1750. Para isso bastou Jesapa-
tugueses nas suas posições, os espanhóis no Rio Grande. recimento dum homem. E nega-se a influência destas culminantes
individualidades na vida dos povos!
Portugal consumou a ruína do seu dominio nas terras do Con-
Gr~tnd: ~n~asão g:~~~~ df~i v~~i~~at;~ta;!~~= ~:r~~~st~~saes~ C2 R~~ tinente largando mão de territorios de ha muito ocupados por sua
e e a os abril de 1776). 1
) gente. ' Pelo ato diplomatico de 1750, ~os fi~ava to.da a bacia da
Dias antes (26 de março) o heroico continentino Rafael Pinto lagôa Mirim (inclusive os rios dela tnbutanos, hoJe entranhados
Bandeira apoderara-se também do forte de Santa Tecla. da Republica Oriental ), e trocavamos a Colonia do Sacrame~to pelas
Missões Orientais: o tratado de Santo Ildefonso nos reduZia o país
Estes desastres apressaram a vinda da grande expedição espa- ao norte de uma linha indo do mar ao Taim, e ás regiões ao n?rte
nhola comandada pelo marquês de Casa-Tilly, e que trazia o vice- do rio Piratinf e das cabeceiras do rio Negro, e á léste da coxtlha
r ei d. Pedro de Zeballos. Grande. .
Tomada facilmente a ilha de Santa Catarina, Zeballos mandou Ainda, por cima de tudo, desistimos graciosamente. da Col~ma.
logo a Yertiz ordem de invadir o Rio Grande, o que este fez, esta- Felizmente, dezessete anos de disputas não lograram por de aco.rdo
belecendo o seu quartel-general em Santa Teresa. os demarcadores. No primeiro ensejo foi anulado o celebernmo
pacto, que n os imolava ás ambições. de Castela. .· .
Enquanto isto, Zeballos acometia a Colonia do Sacramento Q.ue, Malogravam-se as espera nças no-grandenses, sacttflca ndo-se o
não se podendo defender, entregava-se sem condições . solo, sagrado pelo sangue desta valida geração apenas ado le sc~ nt~;
Arrasadas as fortificações da colonia, Zeballos empreendeu a n ão foram em pura perda, todavia, tantos esforços. c:?s ~uernll.tei­
marcha pela costa de Maldonado, afim de vir apoderar-se de novo da r os voltavam conhecendo melhor o terreno, que aman~a di_sp utanam
vila de S. Pedro. de novo até á libertação definitiva; os estudos, determma~oes geode-
sicas levantamentos de plantas, aperfeiçoavam a geografta do país.;
Já perto de seu destino recebeu, porém, a notícia do T ratado de
0
0 flu'xo e refluxo dos movime ntos militares deixava, ~ôb~·e o ter ;I-
San to Ildefonso (1. de outubro de 1777) restabe lecendo a paz e- torio habitantes espalhados por todas as zonas, coutnbumdo asstm
fix ando a nossa linha divisaria entre as possessões espanhnlas e para' o seu regular povoamento; o dinheiro dis)endldo nas guerras,
portuguesas n a America, de modo que a Colonia e as Missões fira- enriquecera o comércio, multiplicando os negocios.
a·am em poder da Espanha.
(Al frl'!lo VarE'Ia).
COX~EQlJENCIAS DA GUEHHA DE SUCESSÃO
98 ----------~----------------------------------- CONSEQUEXC TAS DA GUERRA DE SUCESSÃO
99
Integ ração do territorio ao sul
R.esumo cronologico da 6." lição
6." Jf~iio 1801
1801
Ateou-se d e n ovo a g u erra n a
O novo tratado de limites era muito desvan tajoso Europa, r eperc utind o n o Brasil. Jos(• Borges do <'anto ,. Ma-
Nol·a g uernt para Portugal que perdia não só a Col onia do Sa- - Tomada do Cerro Largo pelos no<o>J dos Santos f'edroso, con-
portugueses. - o~ espa nhóis quistanl P i ncorporan1 ao Ur asil
cramento como as missões do Uruguai e quasi t oda a lagôa Mirim. o tenitorio das Missii<es . - Paz
Estavam já nomeadas as comissões demar cador as e iam começar abandonaram a~ suas JlO s içõ <?s
no Rio Grande .do Sul. de Baclajoz. [i <'a n<lo os portu-
seus trabalhos, quando de novo estalou a g uer ra na E uropa (1801) . gueses co n1 aR suas con'Juistas.
O tenente-general Sebastião X1nier (la Yeiga. Cabral da Camara, go- -- ==~~
vernador do Contin ente de S. Pedro, organizou dous corpos de exér-
cito, um sob o comando do co r onel :Manoel }!arq ues 1Ie Souza, outro Leitura - As )fissões
sob o do coronel PaJ:ricio José CotTeia da Camura, e por toda a parte
acenderam-se os ânimos contra os espanhóis. Alargando os domínios espanhóis, os jesuítas vieram fundar, na
Mantiveram-se estas fôrças em constantes ataq ues contra o ini- margem esquerda do Uruguai e pela maior parte entre Piratiní e
migo que por fim se tinha fortificado em Cerr o Largo, última posi- Ijuí Grande, as Missões a~ noroéste da região rio-grandense, com-
ção que lhe foi tomada em 1801. postas dos povos de S. Bol'Ja, S. Nicolau, S. Miguel, S. Luiz Gonzaga,
S. J_:.ourenço, S. João,. Ba tista e Sa~to Angelo. Destes povos, o mais
antigo era o de S. N1colau, que foi fundado em 1627, e o mais moc
Com esta vitória os espanhóis abandonaram
E xpulsão definitivamente as guardas de Ba toví e Ta fJ Uil· derno o de Santo Angelo, cuja fundação data de 1707. As Missões pas-
dos espanhóis l'em bó, fronteiras a Rio Pardo, e a fortaleza de saram logo, por e:igencia dos jesuítas e concessão da Espanha, a ser
Su.nta 'l'eela, que haviam reconstruido, deixando assim livre de ini- governadas de acordo com as determinações da Companhia. Entre-
migos todo o territorio do sul. gue~ a si pr~prios, os jesuítas começaram a cimentar um vasto po-
deno, subtramdo pouco a pouc:o as Missões ao domínio espanhol.
Havia apenas um territorio espanhol entre o Ibicuí e o Uru- Em 1631, êles contavam vinte povoações, com mais de, cem mil ai-
guai; era o das Missões, a cuja entrada estava postada a guarda
de São iUartiu ho.

llfnn oel dos Santos P edr oso e J osé B or ges do


Con quistas das Canto, dous valentes continentinos, tomaram a si
Missões a empresa de incorporá-lo ao domín io português.
Com uma pequena fôrça de 40 homens avançaram contra o posto de
São Martinho e
tomaram-no de
surpresa. A
mesma sorte t i-
veram os povos
de S. Inacio e S•
.João llllr im.
Posto cêrco
a São Miguel,
considerado co- Ruina~ m i s~ion e iras
mo capital das
Missões, por ser mas, falando todas um só idioma, o guarani. Nos Sete Povos de Mis-
a residencia do sões foi r eu nida a maior parte das populações indígenas do Rio
governador de- Gra nd e do Sul , formando um efetivo de cêrca de trinta mil almas.
las, rendeu-se Não havia leis civis nas Missões. O direito de propriedade era quasi
este ponto no imper ceptível. Os índios, eutregu es aos labores da agricultura e da
fim de dias. indus tria, eram obrigados a trabalhar para os padres, levando á risca
Os outros aos depositas publicos os produtos que colhiam, vivendo em com um.
Ruinas mission e iras povos missio- As precisões de cada um eram providas pelos Religiosos Diretores
neiros f o r a m com os Magistrados do Povo. A fôrça da industria e do comércio
sendo tambem, pouco a pouco, incorporados ao domínio português. consistia no preparo e na exportação da herva-mate; mas os índios
Dêste modo pelo esfôrço dos filhos do país, foi conquistado todo empregavam tambem a sua atividade em plantações de cana de assu-
o territorio que forma atualmente o Rio Grande do Sul. car, milho, fe ijão, etc., que se vendiam nas praças de Buenos Aires e
Estabelecida a paz de Badajoz (6 de junho de 1801), debalde in- Assunção, produzindo avultados cabe dais; estes eram absorvidos
tentaram os espanhóis reivindicar aqueles territorios, que ficaram pela cõrte espan hola, a titulo de pagamento de impostos de capi-
definitivamente constituindo patrimonio do Brasil. tação e dízimos.
(João :\laia).
CONSEQUEN CIAS DA GUERR A DE SUCESSÃO 101
CONSEQUJ;;N CIAS DA GUERRA DE SUCESSÃO
100

RECAPIT ULAÇÃO QUADkO DE CIVILIZA ÇÃO


Fins do século XVITI
D. 1\Ianoel Lobo fundou na margem esq u erda do EXPANSÃO GEOGRAFICA
Rio da Prata a Colonia elo Sacramento. - D. José
Fundação da Garro apoderou-se logo d e la. - Por um t r atado a ERtava _já conhe.c ida toda a costa, clestle-;;-O iapoque até 0 Prata.
Colonia foi r es tituicla aos portugu eses e prospero u . Os bandeu·an tes tmha!" explorado o int e rior do pa!s e desco b e r to
Colonla do - D. Alvaro Vald e z, depois d e muita res istencia., as su:'-s opu l e nta~ mma~ . o que co ncorrera para atrair grande
Sacram ent~ tomou-a d e novo e ele novo veiu ela para o dominio n úm~e 1 o d e for~ste 1ros á v1.t1 os de riquezas. - A popu lação e r a o r c:ada
português pe lo tratado d o Utrecht. - Por este t em- em " a 4 n11 lh oes de habnantes. Os principais cen t r os eram : Bata,
16 8 0 po o brigadeiro Paes fundou ao sul da barr a do com 100.000 h abitant~s; IUo ih• Ja n e iro, com 50.000 habita ntes;
Rio Grande o forte d e Jesus, Maria, José. R e cife , com 30.0~0 habitantes: Bt>l~m. co m 15.000 habitantes; s. Luiz.
com 12.000 habttantes; S. P nnl o e outros.
---------
- - --- - -j ADMINISTRA ÇÃO
Exi>etlição d e du C le r c - Forçou a barra do R i o
de Jan e iro, d esembarcou tropas na Guaritiba. Ven- O Br';ls il dividia- se e ntão e m 10 capitanias gerais: Pará (com
cido no ataque á cidade, r e ndeu-se. - Du Cle r c foi a do RIO. N e gro); ~lurnnl1il o (com a ele Piauf); Pernnmboco (com
Os corsarios 1nist e rio~ am e nt e assassin a do. Cear á, Rto G r ande do Norte e Paraiba): Bala ; Rio dt> .Janeiro;
franceses Ex r> c dlção •l c D ong nay - T rouJ n - Muito ma is fo r te S. P a ulo ;. Ri~ G rande d o Su l ; Min as Gerai s ; Golaz ; Muto Grosso.
do que a primeira. - Fortificou-se na ilha das Co- Cada capttama era administrada por um Governador e Capltllo-
I.Jras. - Dese mbarco u e apoderou-se da c i dade sem Gen e rnl. nom eado p e lo r ei e todos éles obedeciam ao Vi ce -Rei
l'H0-1711 r es isto ncia . O governador Castro Morais capitul o u Capitão-Gene ral el e M ar e T e rra, governador do P.io ele J anei r o. ~
ve rgonhosam e nte, r es gatando a cidade. Chegan do A j usti<:a e ra distribuida pelos j ui zes e p e los !lous t ribunais d e r e -
r e for ços num e r osos, nada pud e ram fazer. lação, <la Baia e Rio d e Janeiro.
PROGRESSO MATERIAL
Este tratado esta b e leceu nova linha de l imi tes, Ex istia u:na linha d e navegac;ão entre a m e tropole e o Brasil,
ficando a Co lonia elo Sac ram e nto para a Espanh a com uma v1age m m ensal para o Rio d e Janeiro e Baia, e outra
Tratado de e as Mi ssões orientais para Portugal. - Os indios para o rará.
Madrid tnissio n e iros opuseram-se, guerrearam os demar - No pais e ram Insuficientes os meios d e tran !<po rte, o tráfego se
cadores e imp e dira m o trabal ho da comissão. - fazia. e m !l111111a1R. cl•• ~arga, por es trada s muitas vezes q u asi in-
Co nsicl c 1·ando que os inclios tin h am s ido i n fluência - tran:HtaveiR. N o mt ~ r10r, a navegação d os rios j:í. prestava bons
1750 elos pelos jes uitas, o marqu ês ele Pombal promoveu serv1ços.
a sua ex pulsão dos clominios portugu eses. O movime nto comercial elo pais e ra orçado e m 20.000:000$000
anu a lm e nt e, se ndo o~ principais g e n e ros d e comércio: assucar,
algodão, .café, xa rqn e, a rroz, cacau, tabaco. anil, goma Plastica,
A convenção d e 12 d e f evereiro anulou o T ra- salsapar!'llha, _P.au brasil, m ade iras, etc. - Iniciara-se a c · ~trução
tado d e Maclrid. - Ao m es mo tempo d e clarou-se a de nav to s no H1 o ch· Janeiro e Maranhão . - Esta,·a já r P!-""Iu.tr izado
~o vaslutas gu e n-a provocada pel o Jmcto d e fnmlllu. - D. Pe- o serviço dos cotTt>ios, com eçado e m 1663.
ao sul dro do Z e bal los tomou a Colonia do Sacr amen to,
invadiu o Rio Grande elo Su l, apoder ou-se dos fortes I Cl~NCIAS. LETRAS E ARTES =-:
ele Santa Te r esa e S. M igu e l e da povoação de São A instru ção elo povo rr a dada nas escolas e lem e ntares, se bem
1761-1763 Pedro. - A paz el e Paris terminou a guerra, r esti- qu e e m núm e ro insignificante . Nas cidades " vilas mais i mpor-
tuindo os es panhói s apenas a Colonia. tan t e s ex istiam cadei r as de lati m, de filosofia, ll e gramatica,
de aritm e ti ca, de desenho, etc. N ão havia bibliotecas, pois era
v e dado intr od u zir li vros n a Col onia, não exis ti a impr e nsa ne m
O Rio de J a n e iro foi e l evado á capital do B&as il teatro s. Se lo pm que de vida efemera, ex isti am diversas Asso -
e o vice-rei co nde <la C unha tomou providencias ciações co m o u omo d e Academias, tais co m o: a D ra od llcn dos E s -
para r e hav e r p e las armas o t e rritorio co n q u ist a d o qu ecidos , a tlos Felizes, a d os Se l ectos, a dos R e nu ~cldos, a A c ade-
Paz de p e los espanhói s . - D . .Tuan Vertiz, governador d e mia Cfe n tiflc n , a Soeictlnde J,iternria. Havia. e ntre tanto, b r as i-
S. lldefonso Bu e nos Aires, invadiu o Hio Grande chegan do atê leiros notav eis, n a metropole ou n a Coionia, tais como: na lllst6rla
Rio Pardo o da! contramarcho u. Os po r t u g u eses - Vlce ntc d e Salvad o r (1564-1631); Rocha Pita (1660-1738). N a
concentraram -se em S . .J osé elo Norte. - D. Pedro ornto r l n - Euzebio de M a t os (1629-1692); Antonio el e Sá ( 1 62 0 -
ele Z e ba.llos c om uma grande e xped ição tomo u a Greg·orio ele Matos (1633-1696); Manoe l B ote -
1777 Jlha de Santa Catarina, arrasou a Colonia e vinh a
167 8 ). Na )>O esl u -
lho d'Oliv e ira (16 3 6-1711 ); F r ei Mano e l el e Santa Maria (1700) ;
sôbre o Hio Gran d e, quando s e negoc iou na E u ropa Claud io Mano e l da Costa (1729-1789); Santa Rita Durão (17 -.. - -
a paz <le Santo Ild ~fo n so. 1754); Basilio da Gam a (1741- 1795); Tomaz Antonio Go nzaga
(1744 - 1805); Calda s Barbosa (1740-1800); Al\•arenga Peixoto (1 744-
- - - - - - - --- - - ----- - 1793) ; d. Angela do Amaral. Nas eicn c ln s: Bartolomeu de Gus-
Os portugu eses tratar a 1n d e r e ivindi car p e l as ar- m ão, inv e ntor do n eróst:uto, (1685-1724); Conceição Veloso (1742-
R e p e liram os espa- 1811); Azeredo Cou tinh o (1743-1821) ; Arruela ela Camara ( 1752 -
ma~ os se u s territorios. -
Integração do nh ó is até Cerro Largo o tomaram es ta posição. - 1810); R o drigu es Ferreira (17 ~6-1815); Silva Lis lJOa (1756-1835);
José Bonifacio d e Andrade e Silva (176 3 -1838) ; Vilela Ba r bos a
t erritorio no Borges do Canto e San tos r e clroso, clous rio-gran-
d e ns es, e mp r ee nd e ram e levaram a e feito a con- (17 69- 1 846). Na <lii>I o m neln: Alexandre d e Gusmão (1695-1753) . No
sul quista elas ~li .. s õ e ... - raz de Badajóz pôs termo t e ntro : Antonio J osé da Silva (1705- 1739). 1'\a filo lo gln; An t on io
de Moraes e Silva (1755-1824). Na pi n t u ra: Yalenlim da Fo n seca
á guerra, mas os portu g u eses não r estitulram asll e Silv a ; .Jos é d'Oliveira ; Manoel da Ce nna (1757); Leandro J oa-
1 8 01 co nquis t as f e itas.
quim (1768).
102
TE:\H'OS A?-ITJ<~RIORES A INDEPENDENCIA 1()3
I nconfidencia Mineira
Resumo cronologico da 1." lição
1.• H~::io
1789 1788 1789
N es t e a no d e vi êl. o gov ê 1·no Em 10 rl e maio foi préso o Ti-
A Inconfidencia Mineira foi talvez uma resultante das idéas de mandar anecadar a divida atra- ra cl í' nt r·~ -

liberrlade que agitavam a França e que, penetrando na America, já sa it.a d os 111i n eradol' éS.
ria então a r evolt a para pro-
.nonlpe- 1792
tinham produzido a independeucia dos Es- Fui lavrarla a r-.;pnten~a final
claJnar a ind ep pncl n ncia ela c a- (19 fl t> abril). Execução de Ti-
tados Unidos. Parece que no Brasil os pri- pitania ~ob a fórm a republi ca na. radent es (:l1 <i<· abril).
meiros a propagá-las foram os poetas Clau-
<Ho :nranoel da Costa, Toma1. Antonio Gon-
lr.ll l(:t e Jnacio Jost> d'Jlharengu Pelxolo, que J~eitnm - O martirio de Tirndeutes
viviam na ca pitania de Minas.
Eram onze horas de um dia primaveril, brilhante de sol e de um
Iniciou-se as,;;im a conspiração, que já azu l intens o. quando os tambores rufaram anunciando o safmento
comava com valioso auxilio e na qua l se do supliciado.
foi destacando, pelo seu entusiasmo e de-
A multidão a pertou-se fazendo alas. Soaram matra_cas. E a
votamento, o alferes de cavalaria .Joaquim marcha começon numa lentidão processional. A' frente vmha arvo-
José da Silva Xavier. alcunhado - o Tira- rado o pendão do Senado rla Camara, vinham os ouvidores em suas
dentes. A revolução devia r omper quando
o govêrno mandasse cobrar os impostos togas, o clero com o palio abe rto, as
.Joaquim José da Silva atrasados (1789), o que tornaria a inda mais
,,=,.-==----==,..---:;• irmandades com seus guiões e dis-
Xavier. o Tirarl ente" desesperadora a situação do povo. tintivos ... Depois passaram as opar-
landas escuras dos franciscanos, os
. Formar-se-ia então um govêrno provi- habites negros dos beneditinos , os
sono que proclamaria a republica, cuja capital devia ser S. ,João bureis côr de barro elos carmelitas.
d'E I-Hei. As capitanias vizinhas, seriam com·idada!'l a aderir, per- Esmoléres estendiam as sacólas ao
doat·-se-iam as dividas do povo e li-
bertar-se-iam todos os escravos. A povo, para missas por alma do su-
pliciado ... e as sacólas pesavam, re-
bandeira do novo Estado seria toda
branca com um triangulo verde no pletas de óbulos, cheias de dobras de
centro e a legenda J, iherta s qnae sera ouro. Populares acampa• 'tavam a
tamen (Liberdade ainda que tardia). passo o funebre desfilar rl n prestito.
Entretanto, o vi s conde de .B arbacena Após um enxame tle ciganos maltra-
já es tava informado de todo o segrêdo pilhos apareceu a alta figura da ví-
pelo traidor .Toa(Ju hu Siherio do s tima, em alva, custodiada por baio-
netas . Caminhava firme. olhos postos
Rei ·, e de tudo informara o vice-rei no crucifixo que trazia nas mãos al-
Luiz de Vasconcelos. Tiradentes, cada
gema das ; seus labias, por vezes, tre-
vez mais abrasado no seu ideal pa-
miam no fervor elas orações; de seu
triotico partira para o Rio, e ali foi Ha nd <' ira rla lnconl'iden cia pescoço pendia o baraço infamante
}Jrêso com grande aparato de fôrças
euja extremidad e o canasco negro
(10 de maio de 1789). Em Minas en- Martíri o ele Tit'<HlPnt.-.s segurava; rlois frades de Santo Anto-
cheram-se os calabouços. Iniciou-se logo a devassa, mas a sentença nio ladeavam-o. A espaços as ma-
final só foi lavra da em 19 de abril de 1792. tracas ba tiam e, de quando por quando, o prestilo parava, um mei-
rinho lia com voz rouquenha a sentença ; mas, tambores rufavam e
,..rirude nte f'. C'Ons id pra clo eh l'ft-", f oi co nd e n a clo {t f ot·c·a: t Pria. a a marcha continuava lenta. seguida de poYo, num sussurro arrasta-
calJ<:Ga co rtada ,. o <·orpo <lividi<l o em quat ro pprl aços ; s eria a •·- do de passos.
t·asada a c asa Pnt CfUC' morava e d e ita do sal sô hn• o t e rr e no:
teri a os s 0u s b e ns c o n f i sc ados e os se us fi l ho~ ., tll'to s rlf'clarados Em algumas janelas mulh eres persigna.vam-s~, de ou~r::s
infanl t: f;. 1\'fai s 10 rPus ntotTe ri a nl na for c·a. tf-'rianl a cabeGa caiam moedas para as missas. A' passagem do paho a multtdao
c ortad a . c o nfis c ad o s o s b e n s e i n rarnadoA os <i t~ s<' f' JHh.·n l f' ~. Os dobrava os joelhos ; um gemido chorava no ar; era o Bendito que
r e~ tant es fo t·am condena dos a degn;clo.
os genuflexos entoavam. O martir, alçando o olhar para a Capela
da Lampadosa, manifestou o desejo de orar diante d~ s~us. alt~res.
Esta sentença foi comutada em degredo para todos os réus, me- Cons entiram-no. Depois, r e tornou a o caminho. A ~roctssao se_gutu-_o.
nos para o Tiradentes.
Quando o carrasco passou o laço ao poste, o herót da Iuconftclencta
A sua execução teve lugar no dia 21 de abril de 1792, no Cam)w quís falar á multidão, mas a corda o estrangulou ao pêso do algoz;
dlt lAtlll)llldosa. Para disfarçar a funda impressão que estes acon- por momentos os estrebu chas sacudiram seu corpo. . . e, no espaço,
tecimentos causaram no povo, ordenaram-se festas públicas , sendo á vista elo povo, ficou oscilando lentissimo o cadaY~r desse grande
os moradores obrigados a iluminar as frentes. de suas casas. bra!'l il eiro que a História glorificou POI' toda a etermdade.
(C:onz:1g::t Duq u.,) .
104 TEMPOS ANTERIORES A INDEPENDE::-\CI A 'i'EMPOS ANTERIORE S A INDEPENDENCI A 105

Vinda da familia real Resumo cronologico da 2.a lição


2: lição 1808 1807 amigas (2 8 de julho). - D. João
c hega ao ltio de JanE>irO (8 de
A famili a r eal portugu e sa em - março). - Organiza-se o govêr-
Sem meios de resistencia contra os franceses, que haviam inva- ba n •a para o Brasil (27 d e n o- no e di versas corporações (10
dido Portugal, d. João Vl, então regente daquele reino, viu-se obri- ve mbro). de março).- E' declarada livre
gado a buscar abrigo no Brasil, transferindo para cá a séde da a industri'" (1.• de abril).
monarquia portuguesa. 1 808
D . João d es e mbarca na Bata
1815
Napol<'àO I, imp e r a dor da França, par:t imp(•dir o comérc io (22 de jan e iro}. - Decreto d e- E' decr<>tada a elevação do
com a Ingl a t e rra c priv á -la d e todos os r~:cu•·sos, decretou o clarando os portos do Brasil Bras il a r e ino unido com Portu-
bloqueio colltiucn1:~1, is to é, o f e chamento de todos os portos da a b e rtos ao comércio das naçõ es gal e Algarves.
Europa ao co mérc io inglês. Portugal, entretanto, recusara-se
a cumprir e s ta o rde m , pelo qu e Napoleão celebrou com a Es-
panha o trnt:ulo •le Fontnincblcnu (27 d <' outubro rl e 1807), pelo
qual era o R eino dividido e ntre as du as nações e ao mesmo Leitura - Abertura dos portos
te mpo ord e nou ao ge n e r a l Junot que s <' a poderass e clê l e p e las
armas.
Facil é compreender o alcance daquela carta régia nos desti-
Em 29 de novembro de 1807 embarcou-se com toda a côrte, em nos do Brasil. Não era só o fato de vir estimular-se toda a e_co~o~
número de 15.000 pessoas, mais ou menos, em demando das terras lnia interna com a vasta expansão que se assegurou ao co~ercw _.
do Brasil. o que deu ao decreto as proporçoes. de
Ao passar pela esquadra inglesa que fazia o cruzeiro das costas alta medida política foram os seus efeitos
portuguesas, destacaram-se dela três na- sôbre a vida geral do pais. Em contacto
vios que acompanharam a frota real. agora com o mundo é que a Colonia. v:aí
Uma forte tempestade dispersou os na- sair daquele tolhimento em que vivia.
vios em alto mar. Alguns arribaram ao A reforma foi uma verdadeira revolução
Rio de Janeiro e outros á Baía. Num operada em todas as esferas e mais fe-
dêstes vinha o príncipe regente d. João (22 cunda naquele instante do que tudo que
de janeiro de 1808). se fizesse diretamente na ordem política e
administrativa. Com a entrada da nova
Recebido com as maiores demonstrações gente, vieram novas idéas; e a socieda?e
de alegria, logo nos primeiros dias praticou
o príncipe certos atos que foram de gran- colonial, saindo do seu isolamento, sentm
de alcance para o futuro do país. Entre que respirava outros ares e conJt ÇOU a ter
Visc ond e d e Cairü uma concepção mais exata e mais larga
êles destaca-se a abertura dos portos do
Brasil ao comércio das nações amigas (28 do seu destino. Aquela sábia providencia
D. J o ã o VI ioi um como gesto amplo e heroico do Príncipe dizendo tudo que o
de janeiro), medida aconselhada por José futuro em breve iria definir. Não ha, de que as relações com outros
da\ Siha Lisboa, mais tarde 1·isconde de Cairi.
D. João demorou-se um mês na Baía. No dia 8 de março povos, processo mais prático e seguro ~e pôr um povo no_ camini:o
aportava êle ao Rio de Janeiro, e era ali recebido com grandes de sua história. Não foi menos do que ISso o que fez d. Joao no dia
festas. em que se encontrou com os seus sub?itos da_ America. ~em se aper-
ceber com aquele simples ato de admmistraçao que lhe Impôs a pro-
Tratou-se logo da organização do govêrno. Em 11 de março d. pria ~onjuntura em que se viu, pôde-se dizer que êle vinha com-
João organizou o seu ministerio, no qual veiu a tornar-se notavel a
figura de Rodrigo de Souza Coutinho, conde de Linhares. pletar o esfôrço da raça em três seculos aqui fechada, ens~na~do ~
Colonia a ser nação. - Franquear os nossos portos ao comerciO fOI,
Creou-se também o Conselho de Estado e diversas outras corpo- portanto, o mesmo que despertar a l arva do povo que .vivia aqui,
rações. Instituíram-se escolas superiores, a imprensa régia, acade -
mia de belas-artes, biblioteca pública, um jardim botanico, etc. rasgando-lhe horizontes, abrindo-lhe mais vastos cenanos, e ch~­
Em 1.• de abril declarou-se a liberdade de industria, assim como mando-o á função que lhe destinara. Para apanhar t~d~ a extensa.o
já se havia declarado a do comércio. da r~forma, não se ha de restringir o exame ás estatlstlCas, ao m~­
vimento dos portos, ao cálculo das receitas, ao ~crescimo da ri-
Tratou-se de melhorar os meios de comunicação para o interior queza: ha de estudar-se a propria sociedade em CUJO seio se oper_ou
e de desenvolver a colonização. a revolução. E' sôbre o povo da Colonia em geral que se fez pnn-
Em 1.• de maio d. João publicou um manifesto declarando guer- -cipalmente sentir aquela providencia. Mudaram-se os costumes, os
ra á França e tropas portuguesas apoderaram-se da Guiana Fran- habitas, os usos; transformou-se- lhe a vi_da, o proprio espirito s o-
cesa. cial 0 sentimento de convívio e comunhao, pelo influxo das rela-
Dentro em pouco vieram para o Rio de Janeiro os diplomatas ·çõe~ que geram novas tendencias e aspirações ma~s nobres e elev~­
das nações amigas, os quais deram a esta cidade a feição de uma clas. De tudo isso tinham de decorrer consequencJas sociais e poh-
verdadeira côrte, de modo que, em 16 de dezembro ele 1815, d. João ticas que seguramente naquele instante nem o Principe, nem mes-
decretou a elevação do Brasil a reino unido com o de Portugal e mo os seus conselheiros poderiam prevêr.
Algarves. (:Pereira da Silva).
106 TEMPOS ANTEHIOHES A INDEPENDENCIA
TEMPOS AN'l'ERIOHES A INDEPENDENCIA 107
R.evolução republicana em Pernambuco
R.esumo cronologico da 3." liçã o
:1.· Jfção
1817 1 8 17 gov<; rno PJ'Ov isorio que p r ocla-
mou a re)luiJlica !lf'l'IHlmbueana
6 •h• tn:tr-:o - O governador independ~n t~.
Com o estabelecimento da côrte portuguesa no Brasil, Pernam- Miranda Montt'n eg-ro tendo de- 29 d <· nulrl:O - ' Fu z ilamento
buco progredira notavelmente. O sentimento patrio desenvolvia-se núncia de qu e alguns patriotas do padre l:nma, na Baia.
cada vez mais e a independencia era a as- conspiravam para a ind e pe nd en- !: d e nbrU Sai do R io ~c :ra,
cia. da capitania mandou pren- neiro a <•squadra tlo alm trante
piração geral. der os principais. Ao dar exe- Rodrigue" l~obo.
Dous patriotas - Domingos J osé M.ar. cução á ordem, o brigadeiro 20 d e nuai u - O H.t..~cife vo l ta
Barbosa de Castro foi morto
t lu ~ e D oming·os 'l'eotonlo ,Jorge - consti- pelo capitão Barros Lima e a ao poder ela~ tropa" monar -
quistas.
tuíram-se arautos dessas idéas, que, em revolução exp lodiu.
12 il e j t m bu - Fuzilamento do
1817, estavam de tal modo adiantadas que a 7 tle m nr~ o - Instituiu-se o patriota Domingos Jos(• Martins.
r evolução parecia inevitavel.
O governador da capitania, Caeta no Pin -
to de .Uirmula ~Jon te n egro, tendo denúncia
de tudo, reuniu em palacio um conselho dos Leitura - Epi~odio como,'ente
oficiais superiores, no qual resolveu-se
efetuar a prisão dos principais patriotas. Entre os que foram presos e lançados em carce re, sujeitos á
'• O brigadeiro Barbosa de Castro conse- fome , e á sêde, meses e meses, menciona-se Joaq uim José do Rego
guiu prender o capitão Do min gos T eotonio,. Barros, coronel do regimento miliciano de infantari a ela cidade do
mas ao dar voz de prisão ao capitão J ol'é Natal do Rio Grande do Norte, cavaleiro professo na or dem de Cristo
Domingos :ro~é Martinx de B:nTos Lima. o Leiio Corôado, este ma- e c:asado com d. Maria Angelina da Conceição e Vasconcelos.
tou-o a es tocadas (6 de março de 1817). Vivia esse cidadão na sua fazenda denominada Ferreir o To r to.
Declarou-se francamente a revo lução e o governador fugiu para o ciuco leguas distante ela capital da província, na margem do Rio
Rio de Janeiro. Instituiu-se um govêrno provisorio · de q11e faziam Grande, quando, acusado elo crime da revolução, foi perseguido e
parte o padre Joiio Uibeiro, Uomingos Teotonio Jorge, dr. Jos é prêso.
Luiz de Mendonça. Manoel Correia de Araujo e Domingos José Mar- Era Rego Barros estremecido por uma filha chamada cl . Antonia
.tins. Este proclamou a inclependencia ela capitania, que passou a Maria do Rego Barros .
constituir uma republica. O govêrno provisorio conseguiu a ade- Consagrara essa menina ao pai seu coração juven i:, e se o via
são da Paraíba e do Rio Grande do . To rte. No Ceará o emissario ausentar-se de casa, sentava-se na porta da rua, e ai quedava-se
dos revoltosos foi prêso, sem nada ter conseguido. Na Baía o padre lwras e horas até Rego Barros voltar; então dava-se uma cena de
Roma tambem nada conseguiu, sendo prêso e fuzilado. afagos e carinhos: beijava o pai, radiante de alegria, á filha estre-
No Rio de Janeiro tomaram-se logo medidas para combater a mecida, abraçava-a e entregava-lhe um mimo, urna fruta, um doce,
nascente r epub lica. Saiu sem perda de tempo uma expedição naval uma flôr. e a me nina alegre, vivaz, corria, saltava, sorrindo e fa-
ao mando elo chefe ele divisão Rollr ig·o J osé l<'er reira Lobo e nume- lando com a garridice propria ela idade.
rosas tropas ás ordens do tenente-general Lmz <lo Jt ego narreto. Se lhe perguntavam se amava sua mãe tanto como a seu pai
respondia ela ingenuamente:
Enquanto no Rio Grande do Norte e Alagôas se fazia a restau- -Não.
ração monarqt1ica, foram as tropas republicanas derrotadas pelo - Porque? redarguiam-lhe.
general Cog·ominlw de Lncer da CJtte viera com as fôrças da Baía. - Por crêr que Nossa Senhora me aconselha que ame mais a
Domingos Martin~ caiu prisioneiro e foi remetido para um navio da meu pai, pois não o terei muito tempo comigo; e a m.~nina ~cava
esquadra bloqueadora (13 de ma io).
p ensativa e triete, silenciosa e recolhida como parece flcar tnste a
Diante clêsses revezes, Domingos Teotonio foi aclamado dita- flôr quando fecha as suas petalas.
dor e resolveu abandonar o Recife e concentrar as suas fôrças em Penetraria no peito dessa .menina algum raio de luz que lhe es-
Olincla (18 de maio) . Restaurou-se a monarquia no Recife (20• de clarecesse o futuro? Levantaria Deus a ponta do véu que e ncobre os
'maio) e dentro em pouco em toda a capitania, pois os patriotas, acontecimentos para que avistassem os olhos desse anjin ho o q ue
sem meios ele res istencia, tinham caído nas mãos elos realistas (21 outros não via;1? Ou o intenso amor que ela dedicava ao pai tr a -
ele maio) . zia-lhe rece io, susto em perdê-lo ? Logo que Rego Barros foi des-
Uma comissão militar encarregada de julgá-los, condenou á coberto e conduzido prêso, sua filhinha, que ainda não contava doze
morte Domingos Martins, José Luiz de Mendonça e outros. Outra anos, desmaiou e, ao voltar em s i estava tão abatida e passada de
comissão man dou enforcar Domingos Teotonio, José ele Barros Lima dôr, que se não levantou mais elo leito.
e a lgu ns mais. Finalmente, o tribunal da alçada condenou ainda á Pendera a Horinha na haste fragil que a sustentava, e emur-
pena última mais a lgu ns patriotas, até que em 1821 se deu fim ao. checida, sem cô r , sem viço, e sem perfume e sem vida, desfo-
interminavel e cruel processo. lhou-se e caiu .
(Dr. :uort"ir:> (]e AzE:vedo).
108 TEMPOS ANTERIORES Á INDEPENDENCIA TEMPOS ANTERIORES Á INDEPENDENCIA 109

Incorporação da Cisplatina R.esumo cronologico da 4.a lição


4.• Ução 1821 1 8 16 1 820
Em 19 de novembro, o exército Batalha d e '.raquarE> mb6 (22
D• •Toiio VI, aproveitando-se da fraqueza a que os repetidos ata- de LeC'ór, que invadira a Banda ele jane iro). ficando o exército
Oriental, derrota Rivera em In- senhor clP toda a Banda Oriental.
ques dos ingleses tinham reduzido os Estados do Prata, tentou, sem dia Muerta.
resultado, reunf-los ao Brasil, ou formar com êles uma monarquia 1 82 1
sob o cetro de d. Carlota Joa(tufna. 1 8 17 O congresso elo povo uruguaio
decide incorporar a B a nda Oiren-
Ocupação d e Montevicléo pelo tal ao Brasil co m o nome de
Buenos Aires PI'Oclamou a s ua ind epencl e ncia em 25 d e mai o exército d e Lecór, em 20 de ja- Provincia Cisplatina (21 d e ju-
d~ 1810. MonL ev id ~o ficou, poré m, fi e l á J;Jspanha sob o go- neiro.
vêrno ele Elio. Ao passo que Vieira e Bennvld ez levantavam o lho).
"Grito de Asencio", José Ger,rusio Artigos arvorava o estandarte
da 1·evolução lib e rtadora. Ello, ce rcado e sem recursos, p editL
a uxflio ao gov êrno do Brasil.

Leitura - Ultimos esforços de Artigas


Vendo a ocasião oportuna para realizar seus desejos, o prín-
cipe regente ordenou ao capitão-general d. Diogo de Souza que in-
vadisse a Ba nda Oriental e marchasse sôbre :MontevJdéo (1811). O · A guerra feroz, as operações bem combinadas do exército inva-
embaixador inglês l ord Stran gford conseguiu a retirada destas fôr- sor, acabaram por abalar a confiança dos cabecilhas da resistencia:
ças. D. Diogo veiu acampar na fronteira do Rio Grande ao passo. Ramirez foi o primeiro a trair. Artigas, que fizera frente aos espa-
que Artigas permanecia em Entre Rios (1812). Caindo Montevidéo nhóis, aos portenhos e aos portugueses, sem desanimar - não fra-
de novo em poder do partido dos independentes argentinos (1814). . queou diante do golpe que recebia pelas costas,
Artigas soube habilmente extender o seu domínio, ameaçando tanto vibrado pelo seu maior prestígio. Voou a En-
Buenos Aires como o Brasil. Com o fim de resguardar as nossas. tre Rios, para castigar o infiel, mas a sorte
fronteiras, o tenente-general Carlos Frederico de Lecór teve ordem das armas lhe foi adversa. O mau-fado o per-
de invadir a Banda Oriental e tomar Montevidéo. O exército in- seguia. Verdun e Lavalle haviam caído pri-
vasor, forte de 5.000 homens, dividiu-se em colunas, apoderou-se sioneiros; Rivera, Lapido e outros, soltavam
sem resistencia do forte de Santa Teresa, derrotou as fôrças de as armas, eram já sob o jugo odiado do lusi-
Uivem em India Muerta (19 de novembro de 1816) e entrou triun- tano... O desalento generalizara-se; poucos
fante em Montevidéo (20 de janeiro de 1817). restavam sob as bandeiras! O heroif-o Artigas
ainda tentou um esfôrço supremo em favor
dêsse povo que o abandonara. Mudou o teatro
da luta, invadindo o Rio Grande, á frente de
Artigas 3.000 bravos. Latorre foi enviado sObre Abreu,
logrando derrotá-lo no Ibirapuitãchico e ati-
rá-lo do outro lado do Santa Maria; mas, dias depois, o comandante
rio-grandense, reforçado por gente ao mando do brigadeiro Camara,
levou de vencida o oriental até quasi o campo de Artigas. Est e ca u-
dilho compreendeu que lhe era preciso dar combate aos de Abreu,
antes que se lhe viesse incorporar o capitão-general, conde da Fi-
gueira, que com fôrças avançava direito ao passo de Samborja, no
referido Rio Santa Maria. Para isto, simulou marcha sôbre Santana,
na esperança de se vêr seguido pelo inimigo, sôbre o qual voltaria
com celeridade, esmagando-o de surpresa. Não se deixou colher
Monte vicléo em 1 810 no laço o experimentado Abreu; só avançou quando reunido ao con-
de. O novo general portugu ês seguiu nas pegadas do republicano;
Animado pelos conselhos da Inglaterra, d. João VI resolveu in- t opando com êle, em Taquarembó, onde Artigas deu sua ú ltima ba-
corporar a Banda Oriental ao Brasil. Para tal fim expediu ordens talha; 40 oficiais e 795 soldados seus morreram ali, com a fnde pen-
ao tenente-general Lecór e ao conde de F igueira, então capitão- dencia da terra natal, porque se batiam sem armas quasi, e despro-
general do Rio Grande do Sul. Neste ínterim Artlgas perde a bata- vidos de tudo havia perto de dez anos!
lha de 'l'aqua rembó (22 de janeiro de 1820) e RJvera batido em Trê~ Não houve mais resistencia, tudo abaixou a cerviz; não Artigas :
A.rboles (21 de março), submete-se aos portugueses, que ficaram O indomavel lidador preferiu passar a solo estranho, onde lhe não
senhores de toda a Banda Oriental. Artlgas, desalentado, recolhe- fôsse dado a miseria dos seus patricios: vêr tranquilo e submisso
ra-se ao Paraguai, onde o ditador Francia o internou em Curuguati. o povo a quem ensinara o primeiro dos deveres, que manda preferir
Pouco depois um congresso de representantes do povo uruguaio, re- mil mortes, a suportar que a Patria gema no cativeiro!
solveu a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, com o nome de
Provincla CiSJllatina (31 de julho de 1821). (_\lfredo Varel•t).
110 rEl\11'0~ _\:«TF: ttiO!lBS .\ IXDEPg :'\ PEKCIA TEMPOS ANTERIORB S A I::'i!DEPENDENCIA 111

Volta da côrte para Lisboa


RECAPITU LAÇÃO
;;: li <:iio 1821

No dia 12 de outubro de 1820, recebeu d. João V l a notícia de As idéas de lib e rdade <tU<' ~e espal havam no m u n-
do, o <!xe mpl o da indep c nd<>ncia rios gstados U n idos
uma revolu ção em Portugal, com o fim de orga nizar o govêrno con- e ainda a~ condições precarias da capitania de Mi -
stitucional. nas -- foram as causas da inconfidencia mineira.
InconfidencJu - A principio alguns estudante em Coimbra e de -
Mineira poi s um grupo dE' patriotas naquela capitania pro -
As novaR i<lt'as de liiJ erdad .. ]lrovagada 5 por toda n parte alia- j e t aram a inclPpenclencia p o estabelecimento <la
<lHH a causas int~rnas tais con1o o pn~clon1info dos i ng-l ese s, ]Jro- r('lluhlica. Entre es t es disting·u ia,-se pe lo seu devo -
d uzira nl e n1 Portugal un1a re\0 lu çftu, CJUP co nlE:: ~o u no Porto
e extPnueu - se vitoriosa por todo o pa!s. t~m Lisboa. rormou-sp
17 8 9 tam ento o ai Cercs Siln1. Xavier - o Tiradentes. -
Estando tud o preparatlo, o traidor Silv<'rio do~ }{pis
uma junta. gove rnativa qup !lrOC'lamou um r·pgim c n <.~onstitucio­ descobriu o segrêrlo. 0>< conjurados foram l•resos .
nal analogo ao d e ];;~punha. O Tiradentes sofreu pena de morte e os outro~
foram clegredadns.
Esta noticia, divul gada no Pará e na Baía, causou a lvoroço.
O pronunciamento destas capitanias obrigou d. J oão VI a agir.
'rendo os franceses.: invadido Portugal. d . .João V.. I
No dia 24 de fevereiro, determinou êle que o príncipe d. Pedro, seu emhaJ cou-sP ~om toda a cõrte para o Brasil. Arri-
filho. seguisse para Portugal, afim de assumir o govêr no, e ao m es- Vinda bando á Bafa, <lecr<'tou a abertura dos portos do
da familia pais a todas as nações amigas . Em s eg uida, trans-
mo tempo con vocou uma real fe riu-si' a cõrte para o Rio ele Janeiro, onde orga-
.Junta de cõrtes, n o Rio nizou-H e o ministerio . fundaraJn-l:W tribun a is, rP -
de Janeiro, para estu dar partiçi•es <' esco las, decreto u-s e a lib e nlarle d e in-
as reformas q ue deviam 180 8 rlustria e instituiu-se a impJ'Pnsa rég·ia. Em 1815,
o BrasiJ, já ~ntão ~ n1 alto gra.u c.1P llrosperidade~
ser fe itas. foi t> levaclo á categoria de Reino.
A tropa e o povo in-
su rgiram-se, po r ém, obr i-
gando o rei a demitir o J~n1 P er nan1buco preclotninavanl as idéas dP inde-
ministerio e jurar a fu- IH·n d<•Jwia. propagadas principalm<.' nte por Domin-
go~ Jos(· ~1artins e norning·os T e otonio J o•·gc . -
tura Constituição (26 de t> ~-ov._.rnaclor MiraJI(Ja Montenegro. para e,·itar a
fevereiro). Jtevolução rPvolu<;iio, rnanclou p n·ncler a lgun s patriotas. :-i<'ssa
Decidiu-se em re- republicana oca :-: iao () br igadeiro B a rhnsa foi tnorto p e lt' c.· .. tn i-
união m inisterial a volta lão Barros Li1nn, a tropa f' o po,·o insurgi r~nl-"ie e
tomara m conta da capita nia. A r e )>ub lica f >i pro-
da côrte para Lisboa. O 1 8 17 clamada .- a reYn lução extendeu - sP pela<' <:apitanias
decreto de 7 do mesmo \lizin iHtR . Pô r çaH monarquistas dt.-. tE:'rra e tn a r, co-
manrlt~!las pelo tc•nt>nle-general !.l e go :Carre to e
mês resolveu definitiva-
ehf'f(' Cl C' 1lh·isão LnlJo. :-:ufoc ara1n a r evoluçfLO, so -
mente o caso, devendo o f, endo os chefes a " ''IHt cl<· morte.
prínci pe d. Pedro ficar
como regente do Brasil.
Convocou-se também um a D. Cartola Joaquina. con><o rt e ck cl. J oão YI. pla-
assem bléa de r epresen - Incorporação nejara r eunir sob s0u cetro os Estados do .Prata.
tantes do povo, afim de - A ]>ro veitanclo - sP ria clcsorclPm que ali lav rava,
'1:1:,06 oo
eleger os deputados ás
da aque le r e i fez cl. Diogo invadir a Banda Oripnfal,
Cisplatina. n1as ctn hr·eyf" este voltou para a fronteira. U1na
côrtes de Lisboa. outra e xp~di<;ão ao mando elo g~ncral L ecór apode-
No dia a prazado (20 rou-se de Montevidéo, <' um congr esso ali reunido
de abril) re uniram-se os 1 8 21 decrPLOu a incorporação d esse pafs ao Brasil, ('Om
o notnP clr"' Provincia Cisplatina.
eleitores e, exorbitan do
DiYis·lo tPJT i tori a l d o B1·asil em 1 08 de suas funções, exigi- 1-
ram que o rei adotasse T <> n<lo romJ)i<lo •' 111 l'ortugal uma re\·otuc;iio fa-
a constituição espanhola e ordenaram que as fortalezas da barra não voravel ao g<)\·êrno C'O nstituciona1. rt·pe rcutiu no
deixassem sair os navios que deviam conduzir a fam ilia real . Volta tia Bra~il <:ausanclo granel<· agitação no Pará, n;c Bala
Este procedimento provocou medidas violentas da parte do go- côrte para e en1 outras capitani as. No Rio ele Jan e iro. convo-
vêrno: a assembléa foi dispersada á fôrça de armas. Lisboa caram-R•· ele it o r e~ para eleger os represe ntantes ás
côrtes de Lisboa; mas. tomando êles outras medi-
No dja 26, o rei embarcou-se com sua famí lia na nau "D. João da s vioJpntas, foram disper$ados a fõrc;a d'armas.
rv·· e as demais pessoas, em núme r o de quasi 4.000, seguiram em 1 8 21 D. J oão YI r egresso u com a cúrt(' para f'ortug·at,
fkan<lo o principe :1. PP<lro C'Omo •·pgcnte do Bra>"il.
outros navios, deixando para sempre o Brasil,
Em terra ficara o prí ncipe d. Pedro, na quali dade de regente do
Teino.
112 REGENCIA DE D. PEDRO REGENCIA DE D. PEDilO

Regencia de d. Pedro Resumo cronologico da 1." lição


1.• Uçií.o 1821-182'2
D. Pedro teve de lutar, no principio de seu govêrno, com as
maiores dificuldades, entre as quais a revolta das tropas portugue- 1821 ::·• tll~ (P~· ert•lro - ]f(l'creto d e -
c l a ran rlo quf' nenhuma orde1n
:i de .inuho - A.s t rop as p or-
sas (5 de junho de 1821), que o obrigaram a jurar a futura consti- t u g u e s as obrigam <1. P e dro a
das crrt('s ~, . ,.;, c umprida sem o
tuição e tomar outras medidas. jurar a futura c on s titu ição de visto flo principE' .
Além de tudo as côrtes de Lisboa abriram em decidida hostili- Por tugal. 1:--l ele nudo - n. Pedro aceita
dade contra o Brasil. Primeiro ordenaram que se instituíssem jun- o titulo d P - J) ('[e nR<H' perpétuo
tas governativas nas províncias com obediencia direta ás mesmas
1822 rlo Brasil.
9 de janeiro - O prin c ip e de-
-côrtes, extinguiram os tribunais e repartições do Rio de Janeiro, clara qu " f ica n o Bras il. 4 de juuho - Convocação de
determinaram que d. Pedro fôsse viajar pela Europa. 16 <lt> janeiro - J osf B on i facio
uma cnn~tituintP.
O partido da independencia, á frente do qual se achavam os pa- e ntra para o minb;te r io. 1..o •l~ ugost.o - Proclamação
triotas Joaquim Gonçalves Lédo, .Tosé Joaquim da Rocha, Januario :t:> de fen,relro - Os hata- a c o ns e lhando uniã o ao s lJrasilei-
da Cunha Barbosa, frei lhõ es pro tugues•·s e mba r cam ros afim dt' eon ~r- guir e m a sua
para E u ro p a. incl ~ p 0 nd c nci a.
José Clemente Pereira,
Francisco
Luiz Pereiradeda Sampaio,
Nobrega, f:-~-=:;\:~~~-,:l!ll!llllllllll!lll!j
~:.... "''
>
Domingos Alves Branco
Muniz Barreto e alguns ....,, Leitura- l'm homem da independencia
outros, já bastante forta- AMAzoNAs
PARA'
lecido, tratou de tomar
medidas profiquas e nes- Gr avado ficou nas páginas da história do Brasil o nome de José
{--,
ge sentido o senado da ...... ' ·...................,;·
..)
Clemente Pereira.
camara, com toda soleni- Teve subido alcance a adesão por êle prestada á. causa do
dade, representou ao MATTO Brasil, porque fez simpatizar por ela outros nascidos na Europa,
príncipe por intermedio GROSSO dando valor, e fôrça ao partido da independencia nacional; como pre-
.~·
de José Clemente Pereira s idente do senado da camara, foi José Clemente o vulto proeminente
para que se não retirasse ··~
cto dia do Fico, dia radiante e fatídico que anunciou a época do nasci-
do Brasil, D. Pedro res- mento de um povo; foi êle quem iniciou o sistema parlamentar no
pondeu: Como é })ara
';.. país, pedindo ao príncipe d. Pedro a convocação de uma a ssembléa
······..
bem de todos e felicidade geral das províncias do Brasil.
:..t~ARANA'\.
da nação, diga ao povo \ ........... . . . . Dera o primeiro passo para a liberdade e procurara com o se-
que fico (9 de janeiro de ...-··..... gundo firmar as garantias sociais. Está seu nome escrito entre os
1822). ./~10 G~>· de Joaquim Gonçalves Lédo, Januario da Cunha Barbosa, Joaquim
.-;_ oo SUL
As tropas portugue- da Rocha, Luiz Pereira da Nobrega, frei Francisco de Sampaio e
.sas, porém, saíram de J"os é Bonifacio que com êle foram as colunas que ergueram o im-
seus quarteis, ocuparam perio americano.
o morro do Castelo e in- Foi José Clemente autor de um projeto de codigo criminal que,
timaram d. Pedro a obe- refundido com outro de Bernardo Pereira de Vasconcelos, produziu
decer á côrte. O prínci- a promulgação do codigo criminal que está em execução; foi obra
pe, apoiado pelos bata- sua o codigo comercial e foi êle o primeiro que se sentou na ca-
lhões brasileiros e pelo d eira de presidente do tribunal de comércio ; três províncias o ele-
povo, obrigou o general Avilez, comandante das tropas portuguesas, g eram deputado e outras três senador.
a embarcar-se com elas, para a Europa (15 de fevereiro}.
Desde 16 de janeiro, fôra nomeado ministro do Reino José Boni- Como provedor da Santa Casa de Misericordia levanta-se seu
iacio de Andrada e Silva, ao qual se devem os decretos ordenando vulto e ntre os dos apostolos da humanidade.
que as províncias ·elegessem um conselho de procuradores (16 de Em recompensa de tão caridosos serviços mereceu, três dias de-
fevereiro), que nenhuma ordem das côrtes portuguesas fôsse cum- pois de sua morte, a honra que ainda não coube a outro homem no
prida no Brasil sem o visto do príncipe regente (21 de fevereiro). Brasil: mandou o imperador d. Pedro 11 erigir-lhe uma esta tua de
Entretanto, em algumas províncias, como a de Minas, havia ele- marmore á custa do seu bolsinho e concedeu á viuva dêsse homem
mentos perturbadores. O príncipe lá foi em pessôa e serenou os âni- o titulo de Condessa da Piedade.
mos. De volta para o Rio, recebeu o titulo de - Defensor Jlerpétuo do Essa corôa colocada na cabeça de uma mulher pelas virtudes
Brasil (13 de maio). Em 4 de junho, deliberou convocar uma. assem- de um morto, não foi sõ uma distinção honorífica, mas uma glori-
bléa constituinte. Pouco depois organizou a marinha de guerra brasi- ficação; foi o primeiro diploma que assinaram os vivos sancionando
leira sob o comando de lord Cochrane, publicou também a célebre pro- a. imortalidade de José Clemente Pereira.
-clamação redigida por Gonçalves Lédo, concitando os brasileiros a se
unirem para conseguirem a sua independencia (1." de agosto). (Dr. )lore ir::t el e .~zevedo) .
r-
114 REGE N C I~\ Dl~ ll. PEDRO

A independencia ~ -- - - - - - J ---

1822 Vultos ôa Inóepenôencia


Os paulis tas haviam solicitado ao prínci pe a honra ele uma vi-
s ita. E, como ai nda houvesse divergencias naq uela província, d.
Pedro a pressou-se a satisfazer o pedido.
A sua viagem foi uma verd adeira marcha triun fa l e com a sua
presen ça cessaram todas as des harmonias.
Por este tempo chegaram ao R io de Ja neiro os ultimas decretos
das côrtes ele L isboa l'ecluzi ndo o Brasil ao primitivo estado de
colonia.
O m in istro José Uouifae io escreveu imediatamen te a d . Pedro
comunicando-lhe estas notícias e supli cando-lhe q ue pusesse ter-
mo ás angústias elos brasileiros e proc lamasse ali mes m o a se-
paração.
Os me nsageiros foram encontrar o príncipe e a su a comith·a
n as margens elo l piramra, em viagem <l e Santos para S. Paulo ( 7 de
setembro de 1822). Joaquim Gon -
calves Lêdo .Tos(· Clemente
D. Pedro leu as car tas e exclamou arrebatadamen te, tirando da Pereira

Frei Jos~ Bon.f:lcio


Francisco Domingoe .\lve-s
de Andrade B ranco l\Iunlz
Sampaio f' Sllva Barreto

O g-rito <lo lpiranga

espada: lnlle pe ndeucia ou mor te ! E depo is, mais calmo, dirigiu-se


aos da com itiva e disse: Ctuuara da s ! as eôrtes de Lisboa (JUer em
mesmo Ps<·ral'iz;n· o Brasil ; CIIIIIJII'P, ltOrlant o, declar ar jít a nossa
9 I
lnde ]lell denda: estamos llefiuitinuueute seJ: n.rados de Portugal.
1><> ora t•m diante h·aremos 11111 outro la~o de fitas ve rd es e. uma-
reJas, que serão as côre~ do Bra sil!
A es tas pa lavras todos a r ran cam o tope port ug uês e o arro-
r
jam á terra.
Toda a comi tiva seg uiu para S. Paul o, onde, na mesma noite,
no t eatro, no meio do de lirio pop ul a r , foi cantado o hino da inde-
pendencia e d. P edro sau dado com o g ri to de: Vivtt o rei do Bra.•dl!
José JoaQo.~(,n
Logo vo ltou para o R io, on de chegou a 14. recebirlo com rlelir an- da Rocha
tes aclam ações.
~--------- ----

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1
Bandeira do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves 1816-1822

Ban deira e armas do lmperio


1822-1889
I
L
Hl_i;GEN('IA DE D. PEDRO
115

Resumo cronologico da 2. ~ lição


1 822
J .J tlt~ :t.gostu - n. P e dr o JHU· t t~
:) d t'" s~tt-tnhro - ]). Pf'dro
pa r n S . P a ulo.
par t e para Santcm.
:!:l tlt!- :.1J,t'os~o - Chega a S .
7 de- IIH"tt"Juhru -- O pri n ci tll'
P aul o e é r c c c i>i<l o e ntn• fe~< tas.
volta 11ara S. Paulo. Em cami-
],o dt" st.·te-Jnl•ro - P a rt 0 n1 O !-; nho f! n co ntra o~ 1nen~ageiros e
lll t:·nsa g e iro s d o 1U o cl t· .J a n (•iro so lta o Gri to de lpirnngu.
l ce\·an d o a s carta>< d p .JoH: Honi-
1-! <Je setetuhro Volta para
f acio p a r a o J•rin c i]J e.
o nio <t e Jan e iro.

No Jpira nga fo ram os emissarios encontrar a g uarda de honra


e a comitiva, descansa ndo debaixo ele um arvoredo; e sabendo que o
Príncipe não podia es ta r longe, vão ao seu encontt·o. Seriam quatro
a quatr o e meia horas da tarde do belíssimo s a bado 7 de setembro,
quando a meia legua do Ipiranga, Bregaro e Cordeiro se encon-
traram com o P ríncipe, a quem fizeram entrega da corresponden-
cia. Montava S. A. um cavalo zaino ; e vestia pequeno unHonne,
fa r da a zul, bolas de verniz justas e altas, chapéu armado com top e
a zul e bra nco. Lê o Príncipe ali mesmo os despachos ( lém d e
outros papeis. cartas da Princesa e de .Jos é Bonifacio ). :::.ente-se
qu e êle experimenta subita e estranha emoção. Depois, calm amente,
como qnem medita em angustia, entrega as cartas ao seu ajudante
ele ordens, major Canto e Melo, e diz a meia voz, como si quisess e
r eprimir a forte agitação: 'l'anto ~acrificio feito JlOr mim e pelo
H.ra);il inteiro . . . c não ces~ am de <::na.r a no~sa. t•nina! .. . E num
largo movimento de alma: E' ]H'eciso acabar com isto! ... Ananca
da espada e grita: IJHlC]Jendenciu ou mor te ! - como se gritasse ali
para o Brasil inteiro. Esporeia o anima l, e, a grande galope, avança
par a o l ugar em que o sequito se achava. A sen ti nela brada ás
armas, forma a guarda precipitadamente; faz as continencias, e
ninguem pôde dissimu lar o espanto qu e causa a atitude do Príncipe
e elos que o s.e guem todos de espadas desemb a inhadas e annuncian -
do, nas alteradas feições e no fulgor elos olhares, a g ravidade do que
se eHtava passando.
E para toda - aquela gente, que tem n êle os olhos em pasmo,
exclama à. Pedro: Cmnar:Hlas ! as cf,rtes de Lisboa lfUCrem me;: mo
escr.lVizur o Brasn; culllJH'e, Jlortnnto, dedarar j:í a n o~<sa Jndepen-
dencia; estnmos (Jefinitlvnmentc sepat·ados de Portu!l'al! E exten-
dendo a . espada, repete com toda a fôr c;a dos seus robustos pulmões:
lndetlendencia ou morte! Este g rito, como num acesso de delírio.
é por tod os muitas vezes repetido, e rebôa naquelas tranq uilas
paragens, dêste então sagradas por aqu ela voz. Em seguida or-
dena o Príncipe: Laços fóra! E a rran ca rlo chapéu o tope portu-
guês que arroja ao chão, se ndo por todos imitado com indiziveb
u ·ansportes de alegt·ia.

(I :<><'ha l'ombo).
PRIM EIRO IMPE RIO 117
PRIM EIRO Il\fPE RIO
116
Resu mo cron olog ico da 1." lição
Orga niza ção do lmpe rio
182 2 182 3
1822-1823' Em 12 de outub ro, d. Pedro Em 2 de julho, expuls ão das
t.• U~ão
aceita o titu lo de imper ador- tropas portug uesas da Bala. -
consti tucion al que a camar a mu e 3 de maio, abre-s e a assem bléa
povo do Rio de
D. Pedro foi entus iastic amen te recebi do pelo se aprese ntou.
nicipa l lhe oferec eu em nom
do povo. - Em 30 de outub ro, co nstitu inte. - Em 12 de no-
ado quand o, á noite, vembr o, dissol ução violen ta da
Janei ro e delira nteme nte aclam la - Indep enden cia ou foram presos e dester rados al-
no teatro , tendo no braço esque rdo a legené guns politic os influe ntes. - Ema consti tui nte, prisão e depor ta-
ção ele algun s deputa dos. - 23
mor te!- 1.• de d ezemb ro, realiz ou-se
sagraç ão e coroaç ão do imper a- de novem bro, as última s tropas
ador consti tucion al eciam a
A 12 de outub ro aceito u o titulo de Imper do povo, lhe ofe- dor. - Em 8 de novem bro, com- portug uesas, que guarn
nome bate de Pirajá , entr e portug ue- Ci~p latina, segue m para Europ
a.
do Brasi l que José Cleme nte Perei ra, em
ses e brasil eiros, na Bala.
receu com toda a soleni dade. Entre tanto
a luta dos partid os ia cada vez mais ace-
sa. José Bonif acio saíra do minis terio e, Leitu ra - A prim eira cons tituin te
a êle voltan do de novo por vonta de do
povo, desen volve ra treme nda reação con- O ano de 1823 é o períod o mais impor tante
da nossa histór ia
tra os adver sarios , a maior parte dos quais consti tucion al. E' a prime ira palav ra do sistem a repres entati vo en-
foram preso s e dester rados (30 de ou- idade, como 1831 é a
tre nós. 1825 ê a crenç a pura da prime ira osten tou
o brasil eiro
tubro ). idade heroic a da nossa histór ia. Aqui o civism de uma fé robus ta, um
A sagra ção e coroa ção do imper ador toda a sua poten te virilid ade. Alf a purez a da !noce ncia das pri-
realiz ou-se com toda a pomp a no dia 1.• de patrio tismo cheio de grand eza, algum a coisa eterna os trabal hos
dezem bro de 1822. meira s impre ssões, selara m com uma gloria
da consti tuinte .
Apesa r de tudo, a auto ridade de d. Pedro - Entre tanto, períod o nenhu m da histór ia do
Brasil tem Jlido tão
ainda não era recon hecid a em algum as tão desap iedad ament e caluni ado, como o da const ituint e
desfig urado ,
D . Pedro provín cias, nas quais domin avam as tro- de 1823.
pas portug uesas .
-se reunid o no seio
guira subm eter o-
O gener al Labat ut, ao serviç o do Brasil , conse ueses estava m O que havia de mais ilustra do no país achou
e impor tantes da socie-
portug
Sergip e e march ava sõbre a Baía, onde os Melo. O comb ate de da consti tuinte . Todas as classe s elevad as o clero, a alta magis -
de dade estava m aí digna mente repres entad as:
fortes sob o coman do do gener al Made ira mais o exérci to da inde- os jurisc on, ultos, li-
tratur a, a admin istraç ão super ior do Estad o, em uma eleiçã o livre
Pirajá (8 de novem bró), encor ajou ainda e SJiva e auxi- res havia m sido conte mplad os
pende ncia, o qual, com o novo coman dante Lima terato s e milita
roc1•r ane, pôde expul sar os portug ueses , e expon tanea.
liado pela esqua dra de loril Inteli genci as vigoro sas, home ns de estudo s
feitos, algun s ver-
em 2 de julho de 1823. : entre estes podem os
prepo sto Pasco al sados na admin is tração , apare ceram então
Dalf seguiu Cochr ane para o Maran hão e seusubm etidas ao go- com segur ança citar os três irmão s Andra das,
os douto res José da
sendo as duas provín cias José Joaqu im Carne iro
Green fell para o Paní, Silva Lisbo a, Luiz José de Carva lho e Melo,
Anton io Carlo s, sobre -
vêrno imper ial. de Camp os, Anton io Luiz Perei ra da Cunha , entar consu mado, e foi
il1t Costa não tar- um parlam
Tamb em as tropas portu guesa s de d. Alvar o tudo, mostr ou-se na. consti tuinte
daram a aband onar a Cispla tina. decid idame nte o prime iro vulto da assem bléa.joven s faziam -se notar
Recon hecida de 11orte a sul a indep enden cia,
tratou -se de con- Ao lado dêstes , algun s deput ados mais
ções aos novos prin-
stitui r o novo imper io. por seu talent o nas discus sões, por suas dedica ; entre estes Monte -
e mesm o pelo ardor de uma causa santa
mente a assem bléa clpios iro da Cunha , Rodri -
No dia 3 de maio de 1823, instal ou-se solene zuma, Vergu eiro, Alenc ar, Arauj o Lima, Carne Todos os deput ados
consti tuinte . lho, Moniz Tavar es e outros .
na tribun a e na ques de Carva desejo s de promo ver o
Não demor ou, porém, a luta dos partid os, que mostr avam- se anima dos dos mais sincer os
impre nsa rudem ente se deglad iavam .
bem estar da patria . Armit age, que a
O esp:m camen to de David Pnnl)) lona por oficiabléa, o que de-
is portu guese s E' um êrro supôr , como le viana mente o diz de intel!g encias
assem e só se comp unha de medio cridad es e
exalto u os ânimo s princi palme nte no seio da de novem bro de 1823, const ituint
termi nou o imper ador a dissol vê-la no dia 12 ados que, ao depois , acanh adas. testem unho desta
prend endo os Andra das e vários outros deput As discus sões da nossa consti tuinte dão pleno a soma de luzes
rantem ente que havia nela
foram depor tados. verda de, e prova m exube Algum as mater ias fo-
provín cias, cau- sufici entes para a confec ção da consti tuição .outras a liberd ade relt-
Este ato violen to do imper ador reperc utiu nas ram af tratad as com grand e erudiç ão, entre
as, como a de Perna m-
sando desord ens e dando lugar a que algum , procla masse m a sua giosa e a institu ição do Juri. (Barão H. !lé Melo) .
buco, Alagô as, Paraí ba e Rio Grand e do Norte .
indep enden cia, adotan do o govêr no repub licano
118 PRIMEIRO IMPERIO PRll\1EIIt0 Il\IPERlO 119

Confederação do Equador R.esumo cronologico da 2." lição


2.• IJçiio 182-t. 1823 proclama a Con(t·tle raçilo do
Equarlot· cornpo~ta (\(' PernaJn-
As idéas !i beraiR começam a buC(I, <.'hu·:-\. .Pa.rat11a l' lti o
A dissolução da Constituinte provocou protestos e desordens em drcular em Pernambuco. produ- GranrlP do No rt t•. - Em 14 de
algumas províncias do norte. zinuo exalta m ento de ânimos. setembro, o Recife cai e m poder
A de Pernambuco, principalmente, que nunca se mostrara sa- 1824 dos im[)erialistas.
tisfeita com d. Pedro, desde 1823 apresentava grande exaltação de Paes d e AndradC' é e le ito P t'e- 1825
ânimos. siàente da junta governativa. - ]i;m l:i dP janeiro, execuçrt..o d e
Neste ano a junta govemativa presidida por l<'rRncisco Pltes Em 2 ele julho, Paes de A nclrade f r ei do . \m or Divino Caneca.
Bnr1·eto, que se tornara impopular, resignou o seu ma ndato e foi
eleita uma nova junta presidida por lllanoel de Cannlho Paes de An-
drade (8 de janeiro de 1824). Leitura José Bonifacio de Andrada e Silva
Logo, em meiados de fevereiro, Paes Barreto fo i nomeado pre-
sidente da provín cia de Pernambuco. Não pôde, porém, tomar conta
José Bonifacio é o mais notavel agente de nossa emancipação,
do cargo, porque um congresso das
municipalidades resolveu manter como individualidade, como tipo representativo das asp irações na-
Paes de Andrade no govêrno. cionais. A independeucia foi a elaboração do trabalho e do vigor
Contra essa decisão revolta- de muitas gerações; foi uma ob r a popular; teve porém seus cori-
ram-se alguns batalhões. Paes de feus; e Andrada foi o maior dêles. Os fatos historicos não brotam do
Andrade chegou a ser prêso e en-
cerrado na fortaleza do Brum. Po- chão corno a erva dos campos; não descem também elas nuvens Ct'lr..o
r ém a guarnição desta insurgiu-se as deidades da poesia. :Flles são antes o vai-vem das paixões, o fluxo
e soltou-o. Paes de Andrade resol- € o refluxo das icléas; estas rompem dos cérebros, e põem-se ao
veu então vir para Alagôas com as serviço do braço dos que lutam e trabalham.
fôrças com que contava.
Não foi só nos dias da Independencia e ela Constituinte que Jos é
A bandeira do novo
Por este tempo, chegou ao Re-
estado cife uma esquadrilha comandada. Bonifacio teve de a rcar com a chicana e a in triga dos partidos; mais
por J. Taylor, incumbida de sus- tarde o od io de seus adversarios, não saciados com os seis a nos de
tentat· o presidente Paes Barreto. destêrro do velho paulista, atingiu proporções maio1·es n os tempc ;,
Depois de várias tentativas de reconciliação, Paes de Andrade da Regencia. Daí, a série de escritos contra o antigo ministro ele Pe-
publicou um manifesto explicando os motivos que levavam Pernam-
buco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba a insurgirem-se con- dro I, oriundos de inimigos. Os Andradas eram inteligentes, altivos e
tra o govêrno imperial, formando uma republica com o nome de ousados. Antonio Carlos tinha sido parte poderosa na revolução de
Con fcdet·a çiío do E:_uador (2 de julho de 1824). 1817 em Perna mbu co e mais tarde valente deputado brasileiro ás côr-
Organizou-se o novo Estado, adotando provisoriamente a con- tes de Lisboa; punha José Bonifacio a par dos acontecimentos d;~
stituição da Colombia, creando a s ua bandeira, arregimentando fôr-
ças de terra e mar. metropole e o estimulava a ajudar a ind ependencia patria. Andrada
entrou oportunamente na ação e foi o espírito organ izador da forma-
A bandeira do nO YO Estarlo indep end<' nte era azul branca e ção do novo imperio, desde que d. Pedro declaro u ficar no Brasil até
encarnada. No C<'ntro tinha um quadrado com dois cit:culos con-
çpntricos inAcritOR e no nH io à o n1 e nor tuna cruz. O quadrado que foi corôado imperador, desde janeiro a dezembro de 1822. A 17
tinha aos lndoH ramos ele algocli1o e <l <' cana. No ci cuJo maior
a l egen da: Reli;.dão. ilul~peudt"nc..'in , unifio t• UhcJ.•thul e . de julho do ano seguinte, desceu do poder para não mais voltar a
êle. Dissolvida a Constituinte a 13 de r.ovembro dêste a no, foi de-
O go,·êrno imperial não perdeu tempo: organizou logo uma divi-
são naval ao mando de lord Cochrane e tropas ele terra sob o co- portado para a França. As idéas capitais dêste homem de Estado
mando do coronel Lima e Silva. eram: preparada a emancipação, organizar o país quasi federalmen-
Em Maceió reuniram-se estas fôrças ás de Paes Barreto e avan- te, e aplicar-se logo á solução dos ma1s magnos problemas, que por
çaram sôbre o Recife, já bloqueado pela esquadra. A 14 de setem- muito tempo de pois dêle ficaram aguardando uma r esposta. Quero
bro, depois de renhido combate, os re mblicanos viram-se obrigados
fa lar da colonização, aproveitan do o elemento indígena, e da eman-
a retirar-se para Olinda, e daí para o interior do Estado, onde conti-
nuou a guerra até que, baldas de recursos, tiveram de capitular. cipação dos escravos.
Ins talaram-se comiEsões militares para o julgamento dos revo- São dois pequenos escritos de ínestimavel valor; revelam o
lucionarias. genio prático do homem e sua opinião sôbre o lado sombrio da vida
No Rio foram logo executaclos Joiío Guilherme Ratcliff e outros;
em Pernambuco morreram enforcados oito revolucionarias e foi fu- social brasileira.
zilado ft•ei do Amor Dhino Caneca; no Ceará subiram ao cadafalso Não foram aquilatados devidamen te.
mais oito réus. (Si lv io noméro).
PRIMEff iO IMPERIO 121
PRIMEIR O IMPERIO
120
Resum o cronolo gico da 3.a lição
Guerra platina
182!) 182 6
18U-182S Em 24 de nov e mbro, d. P edro-
s.· IJção Em 19 de abril, Lavallej a com parte para o Rio Grande.
32 companh eiros invad e a Cis- 18 27
Em 2fl d e f eve r e iro, batalha
O govêrno de Buenos Aires dirigira uma nota ao do Brasil re- p l atina. - Em 25 d e agosto, pro -
de Ituzaingo .
clamand o a restituiç ão do territori o da Cisplatin a e, vendo burlados clama a indep e nd e n cia. - Em
1 828
os seus desejos, rompera as relações oficiais com o govêrno brasi- 10 d e dezembro , a Republic a Ar-
O Brasil r t'co nh ece a indcpen-
leiro (5 de fevereiro de 1824). g e ntina declara guerra ao Brasil. dencia da Cisplatin a.
Entretan to Lavallej a e um grupo de trinta e dois patriotas
de
orientais (os célebres trinta e três), invadira m a Cisplatin a (19
o
abril de 1825). l'ructuos o Rivera, despacha do a embarga r-lhesseu
passo, faz causa comum com os patriotas , que estabelec em o Leitura - A batalha de Ituzain go
quartel- general em F lorida e proclam am a indepen dencia da Cispla-
tina (25 de agosto). Esta batalha, travada a 20 de fevereiro de 1827, entre os argen-
As fôrças de Rivera obtem a vitória do Rincão da s Galinhas tinos, comanda dos pelo general Carlos d'Alvear , e os brasileir os,
(24 de setembro ) e Lavallej a vence o general Bento R fbf'Jro n o com- chefiado s pelo Marquês de Barbace na, não foi uma vitória para
os
bate de Saran dí (12 de outubro) . primeiro s, como têm assoalha do escritore s mal informad os ou inte-
Animada por estes triunfos, a Republic a Argentin a anexou resseiros em ambos os países.
de
a Cisplatin a a seus territori os e declarou guerra ao Brasil (10 O exército argentin o penetra o solo do Brasil e ocupa exce-
,
dezembr o de 1825). lentes posições ; Ba rbacena, com fôrças muito inferiore s, famintas
A esquadra brasil eira, ao mando de Rodrigo Lobo e ao depois de cansada s de longa marcha, topa com esse exército e aceita combate
.
di-
P btto Guedes, estabelec eu o bloqueio de Buenos Aires e travou Pelejam durante 11 horas 5.000 brasileir os, naquelas condiçõe s, tendo
argentin a, que era comanda da pelo
versos combate s com a esquadra 12 bocas de fogo, contra 10.500 inimigos repousad os, num terreno
irlandês Brown. adrede escolhid o e armados de 26 canhões.
A guerra terrestre não apresent ava vantagem para os brasilei- Os argentin os perderam mais de 1.000 homens e os nossos pouco
-
ros; quasi todo o territorio oriental estava em poder dos revolucio além de 200. Já cantavam os a vitória.
o
narias. Além de tudo, por causa do bloqueio de Buenos Aires, Mas o inimigo, do lugar alto onde estava, avista o comboio dos
imperio via-se em sérios embaraç os principa lmente com a França transpor tes e bagagen s que vinha na retagua rda do exército brasi-
e os Estados Unidos. leiro, a grande distãncia .
Todos estes fatos determin aram a vinda de d. Pedro I ao tea- Dispond o de cavalari a superior , destaca forte coluna para a t a-
tro da guerra, tendo chegado a Porto Alegre nos fins de 1826. Viu- car o comboio indefeso . Sem dar um tiro, apreende u-o, figur a q ue
do
se, porém, obrigado a voltar logo para o Rio de Janeiro, por ter re- entre os despojos duas velhas bandeira s inserviv eis. Sabendo
cebido a notícia da morte da imperatr iz. perdera as bagagen s, quasi exhausta s as muniçõe s, havendo os ar-
Seguiu-s e a batalha naval de Corales entre os navios do almi- gentinos incendia do a macêga sêca do campo, para envolver os brasi-
rante Brown e a esquadri lha brasileir a de l'rancisc o Roque (9 de fe- leiros num círculo de fogo, resolve Barbace na retirar-s e. Retira-s
e
vereiro de 1827). na melhor ordem, levando todos os seus feridos e toda a sua artilha-
Por este tempo foi o general Marquês de Barbace na nomeado ria, a exceção de uma peça cujo reparo se quebrara e que deixa en-
comanda nte em chefe do exército brasileir o em operaçõe s e veiu cravada. Si não se retirasse , permane ceria sem agua, sem roupa,
achá-lo nas mais deplorav eis condiçõe s, de tudo carecend o. Ainda sem cartucho s, com o inimigo em frente e uma trincheir a de chamas
assim viu-se obrigado a travar a batalha campal de Ituzaing o (20 atrás. O exército a rgentino não dispersa , não aprisiona , não aniquila
de fevereiro de 1827), e a efetuar um a retirada que lançou o exér- o brasileir o. Manda pedir-lhe licen ça para recolher o cadaver de um
cito no mais deplorav el desânimo . coronel. Longe de persegui r os retirante s, retira-se tamb ém, primeiro
formado p e las do campo da luta, depois do territori o brasileir o, desistind o de con-
Jtuza i ng·o ê o nome de um pequeno arroio Grand e. tinuar na invasão que encetara . Eis a batalha. Con stituiu vitória
aguas de um banhado c tributar·i o do rio Ibi cu f ele .
O campo d e batalha E·ra muit o yasto, cercado coxilhas, cor- para os argentin os? Evidente mente não. Foi uma batalha indecisa
sanga e coberto de macega tã.o alta qu • encobria Barbace na acampou onde bem qufs. Notavel a sua retirada do campo
tado por uma
,
os soldados. incendia do! R ecuou, mas o inimigo não sustento u as suas posições
-
também recuou . Os pretenso s trofeus, - as duas bandeira s impresta
Al ém de tudo o desastre da expediçã o mandada á Patagon ía, sob veis, - não as tomou em combate . Barbace na preenche u o fim que
o comando de Pinto Guedes, trouxe ainda maior desânimo aos se propunh a: r epelir a invasão. O invasor, em conseque ncia do Ttu-.
brasileir os, de nada valendo a derrota de Brown pelo capitão zaingo, perde as suas vantagen s, abandon a o territorio invadido
a
Norton. Logo, consider ando os resultado s, Ituzaing o equivale u para nós
mudaram
Este estado de coisas levou o govêrno imperial a reconhec er uma vitória. Os argentin os fugiram; os brasileir os, não;
a independ encia da Cisplatin a, que, sob a presiden cia do general apenas de lugar no solo da patria. (Afonso Celsn).
Rondeau , constitu íra a Re}mblic a. Oiiental do Uruguai (25 de agosto
de 1828).
122 PRJl\1gJ RO DfrERIO PRIMEIRO l :MPERIO 123

Abdicação de d. Pedro I
RECAPITULAÇÃO
4." Ução 1831
J ). P ed r o fo i acla1nat1o i mp, · rwlur con .s li.tucional
Dissolvida a Constituinte, d. Pedro rnodifi<;ou o seu ministerio e e ('0 111 0 t a l sag r ado 0 cor('iatl o . - O gen ~ ral Labatut,
a o s ervi ço do B r asi l. su h n1t·ll'U as províncias de
nomeou um conselho de Estado, ao qual incumbiu de organizar o Orgltnização SC'rg i]1 (' P F~a ia, ai n da t.:>ln pn rl c: r . da~ ll.'OPa;S porlu-
projeto de constituição. A 11 de dezembro de 1823 terminou o do g· u t"" ~aR. l.Jo rrl Coc h rane <'lla n1ou a uh e dit'' nCia.. o .1\fa-
conselho o seu trabalho e, como o projeto tivesse o apóio das ca- lmperlo r a nh ã o <' P as<'oa l G r eenfell . a elo Parit. -- As ulttmas
trop as p o rtu g u esas ft U ~ deixa ram o Hr<lS!l for~l.ln
maras municipais e do povo, foi convertida em leis solenemente ju- as ela g u ar nição da Cisplat ina. lle•·on~·"" ""la a !n-
rado no dia 25 de março de 1824. 1822-1824 de p pn d(' n C' i a d o Bras il pn r a l g urrtas IHH.; o e > r e u~11u~
su a 1\ ~ s <> m blt'a Const i t uin tf'. , \ luta dos )1art!rlo~
Apesar de já estar reconhe cida a independencia por Portugal e ]) r ovoco u a rlisso l udlo v io1P ll l:l tlt•sH a A~H Pinhlr•a t
outros países, nas províncias ainda não reinava a ordem. No Ma- a p r i sáo th• a l g·un:-- fleputadn~. o qu " <'<-lu sou a ll a loR
ranhão, lord Cochrane conseguira restabelecer o imperio da lei, mas nas p r ovíncias .
na Baía dava-se a revolta dos Periquitos, da qual foi vítima o co-
ronel Gomes Caldeira (25 de outubro de 1824), e no Pará lavrava
a guerra civil.
De toda a parte levantavam-se queixas contra o imperador,
ao qual se acusava de querer reunir a corôa do Brasil á de
Portugal. Confederaçfw
110
Por este tempo morreu em Portugal o rei d. João VI, cabendo a Equador
d. Pedro a corôa do Reino. Porém, este príncipe, expontaneamente
e sem vacilar, abdicou em sua filha d. Maria da Gloria e nomeou 1824
seu i1·mão d. Miguel regente de Portug-al (1. 0 de maio de 1826). Este.
procedimento, unido ao fato do nascimento do príncipe herdeiro d.
Pedro de Alcantara (2 de dezembro de 1825), grangeou alguma sim-
patia ao imperador.
Havendo o govêrno contratado muitos estranjeiros para o ser-
viço militar, revoltaram-se êles, tomaram conta da cidade e só a
muito custo foram subjugados (9 de junho de 1828).
Logo em seguida apresentou-se no porto do Rio o vice-almi-
rante francês Roussin, com uma esquadra e, de morrões acesos, Guerra
exigiU a indenização de prejuízos causados pela esquadra brasilei- Jllatina
ra no bloqueio do Rio da Prata (6 de julho de 1828). O go-
vêrno, sem meios de resistencia, teve de ceder a esta violenta 1824-1827
intimação.
Estes fatos, unidos á luta dos partidos, indispuseram de novo
os ânimos contra o imperador. Em tôrno do jornalista Evarlsto
Ferreirn da Veig:t, concentrou-se toda a oposição. Na província de
Minas, sobretudo, era grande a agitação, de modo que o imperador
resolveu ir em pessôa acalmar os ânimos. Alí chegado, publicou 1 Hsso l Yifla a cOIIRtituintr, o i tnperadot· no1n~·ou
uma proclamação (22 de fevereiro de 1831), que deu ainda peor re- 0 co~~elho de Estado, o qual or_ga n izou u_m proJ':.to
rle cons ti tu ição que foi eon,·<'rtJelo <'111 I<'J. . A l !<'~ar
sultado. Desanimado e desgostoso, voltou d. Pedro para o Rio. cli 5 t o. l 'UYrava a desordent t·nl algt11.11a~ p.rnYl.ncl~~n~
ll\vant'l\'aln - He 'tueixas eontr:J o llTIIH·r~tclot. . 1l
Os portugueses recelJeram-no com festas , que degeneraram nos IJal<le 'eHte aiJrlicou a corôa ~" l'o r t_u,.,;al_. '1 1 ~ "~~
conflitos chamados noite das ~:mrrafattas (14 de março). A guerra
Abdicação coub<;ra por morto clt' s u JJ<LJ d. J oao \L ' · 0
civil estava iminente. Diante da gravidade da situação, d. Pedro f atos vie r •tm agravar a situação: a r~vólt~ elos
batal hões ~cst ranjeiros, a recl~1:1 açflu elo a ln1 1 ra~t.e
nomeou novo ministerio, o qual foi logo substituído por outro (6 de fra n cês Ro n ~ si u .
A opos i ção to t C'l'P8C't•n<l<;' t• n1 tt l-
abril de 1831). 1831 n o el e E varisto Ftn-relra da Veiga t• J)rocl u zl ll .a~ ~~":~­
o r dens eonhP cidas pelo nome t~t.·. no•t.t" das gar r.:f--•-
O povo revoltou-se e fazendo causa comum com a tropa, inti- 1 1) l .. e drn notn eo u no' o nunt.ste J·to. o povo t as
mou d. Pedro a reintegrar os ministros. ~t~"vas ·rcvoltaram-~ e. o imper:.tdor n ão .. q u ~H. eetle r
e abdicou em . seu filho <1. l'Pelro <1<' .\ lc..wt,u a.
O imperador não qufs ceder e abdicou a corôa no príncipe d.
Pedro de Alcantara (7 de abril de 1831) , nomeou José Bonifacio de
Andrada e Silva tutor de seus filhos e seguiu para a Europa.
124 GOVERNUS REGENCIAIS GOVERNOS REG ENCIAIS 125

t.• IJ~ão Regencia trina 1831-183é


Resumo cronologico da 1." lição
Ficando o país sem govêrno, reuniram-se os deputados e sena-
dores que estavam na Cõrte e elegeram uma Regencla ProTisorla, 1831 1832
composta do brigadeiro Francisco de Lima e Silva, Em 7 de abril, deputados c
Regencla pro- senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e o senadores elegeram um a regen- E m 15 de abril, revolta dos
Tisorfa marquês de Caravelas, José Joaquim Cru:»elro de cia trina para governar a na- exallados no Rio. - 15 de de-
ção em nome do imperador ain- ze mbr o, ,José Boni facio prêso e
Campos, para governar o país em nome de d. Pedro 11, que tmha ape- da menino. - Em 1 8 de junho, dpp ortado para a ilha de Pa-
nas 6 anos de idade (7 de abril). foi el eita a regencia efetiva qu etá.
Em Í8 de junho foi eleita a Regencla Pennanente, de que fiz~­ também de 3 membr os. - Em
ram parte o brigadeiro Lima e Silva, José da Costa Carvalho e Joao 14, 15 e 16 de set embro a Se-
tembrizada em Pe rna mbuco. -
1835
Braullo Muniz, entrando tam- Em 7 de outu bro, insurr eição da E m 20 de set embro, revolução
Regencfa : r · bém para o ministerio o padre fortaleza da Ilha das Cob ras. - no Rio Grande do Sul. - Em 7
manen Diogo Feljó, a cuja energia se Em 14 de dezem br o, revo lta no de abril, eleição da regencia una
Cearã. - padre F eijó.
deYe a repressão da grave revólta das tropas
em 12, 13 e 14 de julho, e a creação da Guarda
~acionai (18 de agosto), para evitar novas
Leitura - .Evaristo e }'eijó
sedições. Adivinhando a missão h istorica do imperio, Evaristo da Veiga
Por toda a parte lavrava a salva o princípio monarquico, identificado, então, com a unidade da
A.glta~ão nas desordem: no Pará, a tropa de- patria; prevendo a anarquia que esfacelaria o país, Feijó restaurou,
provincfas põe 0 presidente Visconde de por milagre de energia incomparavel, a autoridade civil. Completam-
Golunn (7 de agosto de 1831); no Maranhão, se. São dois indices de uma época inteira. Ambos apareciam sem
tropa e povo depõem as autoridades (13 de se- linhagens no meio de n omes já tradicionais. O primeiro, vindo do
tembro); em Pernambuco rompe a sangrenta J . J. Carneiro de fundo de uma tipografia modesta, constituiria
Setembrlzada (14, 15 e 16 de se~embro); no Rio, CaJ~~ 0ê;.,r~~~~uês o nosso primeiro modêlo de um jornalista poli-
instigada por Barata Ribeiro, ms.urge-se a for- tico, inflexivel e cortês, nunca abdicando a ati-
. · taleza da ilha das Cobras (7 de outubro); tude do pensar e do dizer no meio das mais tu-
no Maranhão declara-se um motim popular multuarias controversias. O segundo, vindo de
que se alastra pelo interior (19 de novem- uma paroquia de S. Paulo, dilataria em pouco
bro); no Ceará, Pinto Madeira revolta-se tempo a sua individualidade sôbre a amplitude
(14 de dezembro) e luta com as fôrças le-
indefinida da patria que se construía. Domina
gais do general Labatut; no Rio de Janeiro, inteiramente o quadro. Recorda o herói provi-
o partido exaltado revolta-se e é vencido dencial, de Tomaz Carlile. Ministro da Justiça
(5 de abril de 1832); no Pará, a comarca 1a primeira Regencia Permanente Trina, sofreu
Rio Negro declara-se independente (23 ijamente todo o ímpeto da torrente revolucio-
junho de 1832); no Recife lavra a la- naria: O seu primeiro golpe foi contra os com-
mentavel guerra civil dos Cabanos, de 1832 Eva risto Ferreira panheiros da vespera, suplantando (14 e 15 de
a 1835. Na côrte, o povo invadiu a sêde da da Veiga julho) fortes levantamentos militares que esta-
Sociedade Militar formada pelo partido res- laram no Rio. Foi um golpe fulminante. Re-
José da Costa Car- taurador. O conselheiro José Bonffaclo de primiu a s desordens ; dissolveu alguns batalhões indisciplinados, fra-
valho, Marquês de Andrada e Silva, um dos chefes do partido, gmentou os demais, destacando-os para as províncias. Nunca se
Monte-Al egre deposto do cargo de tutor do imperador, foi vira autoridade dêste tope. ~le golpeou de espanto o proprio govêrno,
prêso e enviado para a ilha do Paquetá determinando a s:tída de alguns ministros assombrados e a entrada
(15 de dezembro). de Bernardo de Vasconcelos e Lino Coutinho. Diogo Feijó prosseguiu,
Nas províncias continua- inflexivel, tendo-se apenas a percebido de estoicismo raro, que o le-
Novas va a agitação: na capital vava intremulo ás decisões mais arriscadas, creou a Guarda Nacional
desordens de Mato Grosso deu-se e com ela, logo depois (7 de outubro ), reprimiu novo levante do corpo
sangrenta luta (30 de maio a 5 de julho de infantaria de marinha, que foi por s ua vez extinto, depois de se-
de 1834); no Pará lavrava a guerra civil veramente corrigido, sendo entregues os negocios da marinha a um
chefiada por Malcher e VInagre (7 de ja- lente da academia militar destinado a longa carreira, Rodrigues Tor-
neiro de 1835); no Rio Grande do Sul res (visconde de Itaboral). Dês te geito, em poucos meses a anarquia
rompera a Revolu~ão dos Farrapos (20 emergente da indisciplina milita r , dobrava-se jugulada, sob mãos
de setembro de 1835). inermes de um padre. E o govêrno pôde devotar-se á organização ad-
Ainda assim o govêrno ministrativa, creando o tesouro n ac ional e tesourarias provinciais;
Um só regente conseguira pelo Ato Adf· sancionando e procurando a plica r , a inda que inutilmente, a primeira.
Pedro dP Araujo Lima,
clonal fazer algumas reformas na Marquês de Ollnda lei repressiva do tráfico e reorganizando as Escolas.
Constituição. Entre elas estava a crea- Edificava sôbre o solo vibrante da revolução.
ção das assembléas provinciais, e a eleição de um só regente, a qual (.i;;uclides da Cunha).
teve lugar em 7 de abril de 1835, recaindo a maioria de votos no
padre Diogo Antonio Feijó.
5 - H. B.
llOVERNO S H.EGENCil\.IS GOVERNOS REGENCIAIS 127
126

R.egencia una R.esumo cronologico da 2.a lição


2." lição 183;}-1840 1835 1838
E m 12 de outubro, o padre 16, 17c 18 de março, ultimos
Prestando juramento como r egente do iruperio em 12 de outu- Dlogo Feljó assume a r egencia combates da revolução baiana
bro de 1835, o padre Diogo Antonio F eijõ teve de lutar com gra n des do Imperio, encontrando logo chamada a Sabl nada.
0 regente dificuldades. Além da revo-
grande oposição na camara. 1839
1836 Em 13 de dezembro, começa
Feljó lução ao sul e das desor- no Maran hão a revólta dos Ba-
dens do Pará, Sergipe e O general Soares Andréa pa- laios.
c ifica a provlncia do Pa rá.
Baia, foi grande a oposição que encontrou 1840
na Assembléa. Restabelecida a ordem no 1837 Em 4 de fevere>iro, o coronel
Pará, por mtermedio do general Soa res An- Em 19 de setembro, F eijó en- AI\ es de Lima pacifica o Mara-
tregou a regencia ao senador nh ão. - Em 23 de julho, ê pro-
dréa (1836), não conseguiu Feijõ vencer a Araujo Lima, a qu em na ves pe ra cla mada a maioridade de d. Pe-
animosidade da Assembl éa e t eve de deixar nomeara ministro do impcrio. dro U , qu f' sóbe ao trono.
o govêrno. Nomeou minis tro do imperio o
senador Pedro de Araujo Lima (18 de se-
tembro de 1837) e no dia seguinte en-
tregou-lhe a regencia.
O regente Organizando logo ministerio, Padre Diogo Antonio
Leitura - Serviços (la Regencia
Arnujo Lima tom~u o novo regente outras F eijó
medidas para ass egurar o
seu govêrno, que se tornou efetivo com a eleição de 22 de a bril Abdicando d. Pedro I a corôa do Brasil, e sendo menor o her-
de 1838. Tudo isto, porém. não bastou para restabelecer a or- deiro do trono, passou o leme do Estado, ás mãos de uma regencia,
dem nas províncias. que teve de superar graves dificuldades. Em 7 de abril a nação que-
brou os ultimos aneis da corrente que parecia trazê-la ainda prêsa
A Sablnada No Rio Grande do Sul a revolu ção continuava mais ao reino europeu; a monarquia nacionalizou-se, os estadistas bra-
forte. Na Baía, repercutiam também as idéas revolu- sileiros começaram a trabalhar, tendo só em vista os negocios do
cionarias e produziram o motim chamado a Sabinada, do nome de seu novo imperio; despertou-se o espírito público, a nação entrou em
chefe o dr. Sabino Vieh·a. Este movimento, cujo fim foi proclamar nova fase de organização, constituíram-se os partidos politicos,
a republica bafense até a maioridade do jovem monarca, teve o seu que vieram substituir os partidos liberal e abso lutista, separados
último episodio em 16, 17 e 18 de março de 1838. pelo antagonismo das nacionalidades ; houve efervescencia de idéas,
Be ólta d 0 s Tamb ém no Maranhão romperam sérias desor- de sent imentos, choque de partidos, luta de vencedores e vencidos,
~nlnlos dens. Em 13 de dezembro de 1839, UJtimundo Go· do govêrno e da oposição, e dos partiàarios do novo regimen con-
mes soltou o grito de revólta na vila da Manga. tra os do que findara. A imprensa desenvolveu-se e procurou repetir
A este reuniu-se logo outro mestiço, chamado Jianoel Francisco do~> ao povo os axiomas da liberdade, o patriotismo ins;Jirou mellidas
Anjos Ferreira, e alcunhado de Balaio, e o negro Cosme, com mais salutares; engrandeceram-se as virtudes cívicas, e um partido forte
três mil escravos. Os revoltosos espalharam-se pelo interior do e poderoso cercou o trono do jovem Imperador, que ainda dormia
Estado, tomaram a cidade de Caxias e praticaram os maiores ho r- em berço dourado. O ato adicional, o codigo do processo, a ordem
rores. judlciaria e finan ceira, a creação da guarda nacional, a organização
Por este tempo o govêrno nomeou o coronel Luiz Ah·es de Lima das províncias e a conservação da Integridade do Imperio, para só
e Silva para presidentE: e comandante das armas da província do notar os mais Sl.lientes, foram os serviços que atestam os atos e
Maranhão ( 4 de fevereiro de 1840). A's s uas acertada s providen- conduta daqueles que regeram a nação durante o período que se-
cias se deve a derrota final dos revoltosos e a pacificação da pro- parou o primeiro do segundo reinado. O partido moderado, que ga-
víncia. nhara o poder no dia da revolução de 7 de abril, soube conservá-I:>
A maioridade Como continuasse ainda a luta no sul, onde havia durante quatro anos; em sua marcha procurara manter a paz, a se-
siuo proclamada a Ue1mblica de Piratiní, r.lgun s de- guran ça, a felicidade e integridade da nação, e chegara ao termo
putados e senadores pensa ram na urgente necessidade de pacificar da viag em com prestigio e gloria; tivera uma carreira semeada de
o país entregando o govêrno a d. Pedro li, antes de completar os 18 perigos, mas ao carro do Estado dera sábia direção. Se a ordem
anos exlgidcs pela lei e nesse sentido apresentaram um projeto de- pública estremecera em todo o Imperio, o govêrno nãa vacilara e
clarando-o maior e apto para assumir o govêrno. plantara a paz, firmando as bases do futuro desenvolvimento da na-
ção. Se um partido prete nd eu restaurar o antigo regimen foi pronta-
Deha lde se opôs a regencia e o ministro de .imperio Bernardi) mente esmagado ; assim ao mesmo tempo que mantinha a liberdade,
de Vasconcelos de cretou o adiamento das camaras. combatendo os restaurador es, mantinha o partido moderado a ordem,
Os deputados pa rtidarios da maioridade reuniram-se, mandaram combatendo os anarquista s. Mas , vencidos os perigos, fatigado do
uma comissão consultar o jovem mona rca, o qual anuiu. mando, começou esse pa rtido a fracionar-se.
Foi então convocada de novo a assembléa e proclama da a maio-
ridade de d. Pedro II (23 de julho de 1840) . (Dr. Moreira de Azevedo) .
GOVERNOS REGENCIAIS GOVERNOS REGENCIAIS 129
128

R.evolução no R.io Grande do Sul


R.ECAPITU LAÇÃO
a.• lição
Deputados e senadores r eu niram-s e e elegeram
A revolução que ensanguentou o solo do "Rio Grande do Sul por uma regencia para governar em nome do imperador
espaço de dez anos, foi em seu comêço apenas um levante contra o ainda menino. - A regencia teve de reprimir a re-
Regenem vólta das tropas na cô rte e diversos movimentos
presidente dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga, o qual era acu- nas províncias, dos quais o mais longo foi a Gnerrn
sado pelos liberais de prestar apóio ao partido restaurador e á So- trina <los Cubanos. - O partido restaurador ta mbém con-
ciedade Militar. correu para a deso rdem, o que deu lugar á prisão
1831-1835 do conse lh eiro .José Bonifacio na ilha tio Paquetá..
- Apesar destas desordens o govérno conseguiu
A Sociedad e Militar procurava restaurar o trono de d. Pedro I. fazer algumas r eformas liberais, passando a admi-
A de Porto Aleg·re .fõra f undada 1>elo conde do Rio rardo, em 1833. nistrp,r o pais um só r egen te. - Entrutanto, a des-
ordem continuava nas províncias e no Rio Grande
No dia 20 de setembro de 1835, pela manhã, os chefes revolucio- do Sul rompera a revolução.
narias José Gomes de Vnsconcelos Jnrdhn e o coronel Onofre Pires
do Canto, aos quais logo se reuniu o coronel Bento Gonçalves da
Silva, tomaram conta de Porto Alegre. O presidente Braga, sem
meios de resistencia, fugiu para o Rio Grande (29 de setembro) e
alf estabeleceu o govêrno. Dentro em pouco, porém, teve de aban- P assando o goYêrno ás mãos de um só regente, foi
donar esta vila e fugir para o Rio, fica ndo toda a província em po- eleito o padre Diogo Antonio Feijó. Apesar de
der dos revolucionarios. energico A audaz, não conseguiu Feijó ~acifi car as
provi nelas, nem vencer a grand!l opos1ção. da as-
Em Porto Alegre, a camara municipal empossara o vice-presi- sembléa legislativa e t eve de de1xar o governo. -
dente dr. lllarclnno IUbeiro e tudo parecia terminado. Regenela O no vo r egente, senador Pedro ele Araujo Lima, teve
A nomeação do presidente Arnujo Ribeiro acendeu de novo a una também de lutar com muitos embaraços. Na Bala,
deu-se a Snbinndn; no Maranhão, houv e a revólta
luta. O chefe revolucionario Corte Ueal foi batido no Rosario, ao dos Balalcs debeladá pelo co• onel Luiz Alves de
passo que Lima e SII1·a derrotava e prendia em Pelotas o major Mar- 1835-1840 Lima e Silv'a; no Rio Grande do Sul, os revolucio-
ques de Somr.a e o remetia para Porto Alegre (7 de abril). Este narios haviam fundado a fif'IJUhlicn <le Plrntlnl. -
Diante da gravidade dêstes fatos, alguns depu-
chefe legalista soube tramar uma habil coi1spiração que restituiu tados e senadores procuram entregar o gOvérno a d.
es~ praça aos legalistas (15 de junho). Bento Gonçalves, que an- Pedro li. - Reunida a assemb léa, esta proclamou
dava na campanha, correu em SQCOITO de Porto Alegre, mas teve de a maioridade do imperador e entregou-lhe o go-
estacionar em Vimnão. vê rno.
Procurando reanimar o espírito das tropas, o coronel Antonio de
Souza 1\"eto após a vitória do Seival proclamou a Re1mbHca Rio-
Grandense (12 de setembro de 1836), tendo por sêde a vila de Pira-
tlní e por chefe supremo o coronel Bento Gonçalves da Silva.
Entretanto, a posição dêste em Viamão, tornara-se insustentavel A principio foi apenas um levante contra o pre-
side nte Antonio Rodrigues Fernandes Braga, acu-
e fõra necessario seguir em rumo da campanha. Ao atravessar o sado ele restaurador.- Os revoluC'ionarios, ao man-
Jacuí, na ilha do Fanfa, teve de aceitar batalha com as fôrças do do de .José Gomes de Vasco ncelos Jardim, Onofre
imperialista Bento Manoel e caiu prisioneiro dês te ( 4 de outubro Pires do Canto e Bento Gonçalves da Silva, toma-
de 1836). •·am Porto Alegre. - Braga fugiu para o Rio Gran-
de e dai! para o Rio de Jan eiro, quando toda a
Logo, porP.m, voltou-se a sorte das armas para a nascente re - Revolução provincia ca!u e m poder dos r evo luclonarios. - O
publica. Bento lUanoel reuniu-se ás fôrças republicanas, aprisionou no Rio no vo presidente Araujo Uiheiro r eacendeu a luta
Grande do - Na campanha houve a lguns combates c Porto
o novo presidente Antero }'erreira, colheu a vitória de Caçapava (8 Alegre Yoll ou ao pod er dos lega listas, ao passo que
de abril), estabeleceu o sitio de Porto Alegre, venceu o combate do Sul os r evo lucionarios tstabeleciam o seu quartel-ge-
Triunfo (12 de agosto). neral em Viamào. - O coronel Antonio ele Souza
Também Bento Gonçalves conseguira evadir-se do Forte do Mar, 1835 Neto proc lamou a republica, tendo por chefe su-
premo o genera! Bento l~on ça l ves. - Entretanto,
na Bafa, onde se achava prêso (11 de setembro de 1837) e viera assu- este foi pouco de>po is aprlslon:Jdo na llhn <lo Funfn
mir o comando das fôrças que sitiavam Porto Alegre. e remetido para a Bala. - Com o aux!Jio do im-
Depois da grande vitória republicana de Rio Pardo (30 de abril perialista Bento Manoel, os r epub licanos colheram
nlgum as vitúrias. - Também Bento Gonçalves
de 1838), Bento Gonçalves assumiu a presidencia em Plratlní e conseguiu fugi•· e assumiu o govêrno da Republlca,
transferiu a capital para Caça)tava; e os republicanos de David Ca- ao passo que David Canabarro e Jos.é Garillaldi ln-
nnba~ro, auxiliados do patriota italiano José Garlbaldi, invadiram ,·adlam a pro, incia de Santa Catarma.
Santa Catarina (12 de junho de 1839).
Pouco depois foi proclamada a maioridade de d. Pedro li, que
assumiu o govêrno do lmperio e nomeou o general Soares Andréa
para presidir a província e promover a sua pacificação.
130 SBGUNDO IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 131

Reinado de d. Pedro I I R.esumo cronologico da l.n lição


1: ll~iio 1840-184D 1840 listas foram batidos pelo barão
Em 23 de julho d. Pedro II de Caxias na Venda Grande. -
presta juramento perante o se- Em 10 de junho revól ta de Mi-
No mesmo dia em que [oi declarado maior, prestou d. Pedro II nado e sóbe ao trono. Em 22 de nas. - Em 20 de agosto, os re-
jur ame nto perante o senado (23 de julho de 1840). No dia ime- agosto anistia a todos os cri- voltosos min ei ros são batidos em
. diato nomeou o seu primeiro minosos politicos. Santa Luzia. - Em 29 de outu-
bro, o barão de Caxias foi no-
Prfmteiros ministerio, escolhido dentre os
" 1841 meado general em ch<'fe da>~ tro-
a 08 que mais se distinguiram na Em 18 de julho, sagração e pas do Rio Grande do Sul.
maioridade, e mandou proclamar a anistia para coroação do imperador. - Em
23 de novembro, creação do 1844
todos os crimes politicos (29 de agosto), o que Conselho de Estado. Em 14 de março, anistia a to-
produziu logo a pacificação no Maranhão. No 1842 dos os revoltosos.
sul, porém, esta medida não deu resultado sa- Em 13 de maio, rompe a re- 1845
tisfatorio, pois os revolucionarios recusaram- vólta em S. Paulo. - Em 7 ele Em outubro, grande agitação
se a aceitá-la . junho, os r evol ucionarios pau- contra o bill Aber<leen.
Conforme o antigo uso das côrtes portu-
guesas, foi d. Pedro li coroado e sagrado com Leitum - Duque de Caxias
toda a solenidade, no dia 18 de julho de 1841.
Neste mesmo ano foi apresentado á assem- Nas mais div ers as aplicações da sua inteligencia, soube êle
bléa o projeto de creação do Conselho d'Esta- n. Pedl'o n aos permanecer sempre o mesmo. Por mais alto que subisse, em cada
do e logo convertido em lei apesar da grande 14 ano~; degráu da sua esplendida vida, nunca foi visto vacilar. Soube ad-
oposição que encontrou (23 de novembro). Da- ministrar, combater, governar, · tudo em máxima escala, fica ndo sem-
qui originou-se perturbação da ordem pública em São Paulo e Minas. pre simples e modesto. Distinguiu-o invariavelmente a austera sim-
A revólta de S. Paulo, auxiliada pelo padre Feijó, plicidade de um Cincinato, mas a quem
Revólta pau· começou em Sorocaba, onde o brigadeiro Rafael nunca o Estado permitiu voltar do tri-
Usta. Tobins de AguJnr foi aclamado presidente da pro- unfo para a charrú::t, pois não tem sido
vincia (13 de maio de 1842). dadas férias a tão constante lidar.
O govêrno imperial expediu logo tropas sob o comando do ba· Por mais que barafuste a inveja, a
riio de CnX-ins, os r e\'oltosos foram batidos em Venda Grande (17 de história não aceitará que o nome de
junho) e a província pacificada. outro algum dos nossos cidadãos se
Também em Minas, na cidade de BaTbacena, estalou sobreponha ao dêste; e ao nos. com-
Revólta mi· uma revolta com os mesmos intuitos da paulista lJatriota pas sa rá também o cognome
nelra (10· de junho), send o aclamado presidente José Fe- de Duque de Ferro, com que outro ge-
llciano Bnrreto Coelho. Coube ainda ao barão de Caxias a pacifica- neral foi saudado. - Já lhe conheceis
ção da provincia , depois de vencidos os revoltosos em Santa Luzia as qualidades morais e físicas. Du-
(20 de agosto). ma sobriedade exemplar, suporta as
A anistia concedida em 14 de março de 1844, concorreu para o Duque de Caxias maiores fadigas, sem demonstrar c1.n-
completo esquecimento destas revo ltas. saço. Nunca foi visto desmentir-se-lhe
o vigor do ânimo ou a placidez do espi-
Entretanto, no sul, continuava a guerra civil, o que rito, nem nos mais criticos momentos, que a res;JOnsabilidade de
Revolução no levar a o govêrno a nomear o barão de Caxias para
Rio Grande ·comandante em chefe do exército imperial no Rio um comando em chefe devia converter em seculos de ansiedade.
do Sul Sempre achou tempo para Deus, para a Patria, para os amigos, para
Grande (29 de outubro de 1842). Depois de vários a humanidade. Essa estrela que lhe atribuem, acredita nela não
episodios, cessou a renhida luta que durava quasi dez anos. como os fatalistas, mas sim como o predominio da iuteligencia so-
Satisfeito por este fato, que restabeleceu a paz em todo o lm- bre as ações, caso esse em que a s3rte, como diz Vieira, não está
perio, d. Pedro 11, já então casado, partiu com a imperatriz em visita nas mãos dos fados, senão nas nossas. Se o acaso venturoso entra
ás províncias do sul, onde esteve de 1845 a 1846. por um decimo nos grandes resu ltados obtidos, nove decimos são
Em outubro de 1845 o go vêrno publicou um pro- devidos ao cálcu lo, á inteligcncia, á perspicacia, á prontidão. Sim,
BUI testo contra o bill Aberdeeu votado pela camara de homens dêstes não deviam morrer. São esteios da Patril, farol seu,
Aberdeen Inglaterra. Esse blll atentatorio da soberania bra- sua gloria, sua es;Jerança. Se um Caxias, durante meio seculo tem
sileira, era uma lei sujeitando ao julgamento dos tribunais ingleses prestado toda a casta de serviçcs a este país na su:t separação, no
navios e subditos brasileiros que se empregassem no tráfico de es-- seu organizar-se, na sua pacificação, na sua segurança interna e ex-
cravos africanos. terna, quem sabe se d'ora avante, mais que nunca, ess1 coadjuvação
Apesar do energico protesto do govêrno, manifestou-se de sul a possante não virá a ser-nos necess:uia e urgente? Nf:o se tem a Pa-
norte uma grande agitação contra a Inglaterra, a qual perdurou tria costumado, em todos os seus transes angustiosos, a apontar para
por algum tempo. este homem , invocando-o com o brado: 1'u és ille vld
(Pinto de Campos)
IMPE RIO 133
SEGU NDO
SEGU NDO I MPE RIO
Res umo cron olog ico da 2."" liçã o
132
do exérc ito imperial. - Em
Pac ific ação do Rio Gra nde do Sul
1.•
184 :0 de dezem bro, inaug uraçã o da
Em 30 de outu bro, assum e a em Pi -
Asse mbl <'a Cons tituin te
pr eside ncia da prov íncia o de- r a tinL
pu ta do Alves Mach ado que viera 184 3
como emis sario do g·ovê rn o pro-
~." Hc;ão
move r a paz. - Em 27 de no- Em :lG de mai o, bn.t alh a d<>
vemb ro, Bento Gonç alves e Ca- Ponc he Verd e.
rina e tento u emba lde naba rro aban do nam as p osi~;õ es 184 4
Soar es Andr éa r ecup erou Sant a Cata de Via mão. at e uo
Em l G ele mai o, combnove
eguiu , entre tanto retir ar Bent o Man oel 184 2 Can dio ta. - Em 14 doe dos m-
pa cific ar a pr ovínc ia. Cons qu e caus ou' gran de preju ízo á re- bro, surp resa do Serr Po-
das fil eiras r epub lican as, com o
E m 17 de abril , ass umedr.o go-
Sa- rongos.
voluç ão. vérno o novo presi -dente 18! 5
l, por meio s bran dos , a sub- t urnln o de Souza. adoEm 28 de
. :!_?e novo t entou o govê rno im peria lhes, com eQ;Jissario, o depu ta- set embr o, é nome o barão E tn 28 •le fe v e r e iro, trata do
repu blica nos, envia ndo- de paz.
miss ao dos ou presi dent e da prov íncia de Cax ias co mandante em chefe
do Ahe s )Iacl lado, a o
(3
qual
0 de
depo
outu
is
bro
nome
de 1840 ). Lei tur a- Hom enag em aos herÓ isde
s5
resol -
Nada cons eguin do, Alve s Mach adonome ou r anco res, desa parec idos os
veu pros segu ir as oper açõe s belic as e Diss i pada s a s paixõ es, desfe itos os s, form avam uma espé cie
odios que, t odos junto
o gene ral Sant os Barr eto para coma
ndan te a trito s, apag a dos os a obra dos lutad ores de 35, en-
das fô r ças impe riais , a gora refor do gene -
çada s com de n évoa dens a em tôrno da giga ntesc lhe os conto rnos , velan do-lh e
ndo-
volv endo-lhe a estru t ura, conf undigraç as ao labo r tenaz e inces sante
uma colun a de pauli stas ao mand o
ral Laba tut. as linha s gera is - pode mos hoje, a obra altam ente meri toria da
Bent o Gon çalves. e Davi d Cana barro Via-
tive- da vang uard a bene meri ta qu e inici ou vigo rosa das glori as inde stru-
r as s uas posiç ões em reivi ndica ção conte m-
ram de a band ona
urar sai- tívei s da hom erica gera ção extin ta,
mão (27 de nove mbro de 1840) e proc , sem- plar o alter oso monu ment o nas suas
pro-
da para a camp anha atrav és da Serra porçõ es admi ravei s.
pre perse guid os pelas fôrça s de los. Sant os Bar-
~cn to Go nGalves u batê- E i-lo, mocida de do meu tem po, espe ran-
cons egui quer ida,
da Sil va reto, que nunc a
de ça sorri d ente desta Pat ria noss a ntes do
Um novo presi dent e, o dr. Satu rninomais des perta da sob a s impu lsões vibra forte s
Rio Pard o não foram
Souz a e um novo gene ral , o cond e de
de 1841 ). ' civis mo r edivi vo de uma geraç ão de ente
feliz es que os prece dent es (17 de abril conf iar o coma ndo de suas para o cump rime nto de uma trans cend do
Afin al resol veu o govê rno impe rial rimo
miss ã o n o seio deslu mbra nte e liber
ao Barã o de Caxi as, já venc edor em p1a-o em
arma s e a presi denc ia da prov íncia de 1842 ), o qual cheg ou a Port o conti n ente sul-a meri cano . Cont
pide dia-
de outra s revol uçõe s (28 de setem bro reve re ncia, da base gran ítica á cus
ano. é que
Aleg re a 9 de nove mbro do mesm o iram em seus traba lhos de ma ntina - pois que só á distâ ncia tos
Entr etan to, os r epub lican os pros segu mbro de 1842 reun ia-se a póde m ser cont empla dos os mon umen e peito
o1·ganização do govê rno. Em 1.• de deze Ge neral N Ho ciclo picos - e senti rás como, nesscora ção
dens e, pera nte a qual o presi - var onil, puls a com mais fôrça o teu since ro
Cons tituin te da Repu blica Rio- Gran . Infel izme nte surg iram logo
dent e Bent o Gonç alves lia a sua Faln. estra nha qu e o evoc ar
e Bent o Gonç alves viu-s e rio-g r ande nse, vibra nd na emoç ão
o
s érias diver genc ias entre os depu tadosRepu blica , que pass ou a ser das tradi ções da P atria caus a nos s eus filho s estre meci dos.
a presi denc ia da s reivi ndica dore s do nos-
obrig~do a r esign ar
los Jnrd lm. Graç as á obra meri tor ia dos abne gado que
exer cida por José Gom es de Vasc once ento pa ssado histó rico, já não ha, hoje, rio-g rand ense
ar, orga nizou o exér cito e so opul do seu civis mo e de incu l-
as, com o seu gran de tino milit a de fazê- lo pean ha solid a
Caxi
os repu blica nos em diver sos se cons tranj aliás , cont inua dor da jorna da
distr ibuiu -o de tal fôrm a que bateu car -se, n em semp re com legit imid ade,
entre ta nto, cons egui ram aind a com vant agem tra- hado res de 35. Já não são um band o de caud i-
comb ates . Este s, el, de novo ao servi ço impe rial, gran diosa dos batal ideal e sem valor , os farra pos
var renh ida batal ha com Bent o Mano lhos a corre rias, s em fortu na, sem
de 1843 ). teme raria men te dura nte um largo de-
em Ponc he ' 'erde (26 de maio legen da r ios que se bat eram bem estar da fami lla,
no tinha perd ido toda s as cenio , sacri fican do have res opul entos , vida,
No fim dêst e ano o exér cito repu blica para nos legar em a tradi ção
suas posições. afro ntan do prov ações de to da espé cie, que a histó ria da nos-
A alian ça do govê rno impe rial
com Mano el Oribe, do Esta do mais brilh antem ente repu blica na e orga nica
edifi cante s e sobe rbas. Não
Orie ntal, veiu corta r-1he o últim o recur so. sa patria assin ala nas suas pági nas fazem ques tão de meio s para
aind a algu ns comb ates, como o do arrol o Cand lota eram home ns vulg ar es, dêsse s que não
Ferir am-s e
os impe rialis tas, e a sur- s inqu ebra ntav eis que desp re-
(16 de maio de 1844 ), desv anta joso para ating ir os fins que visam , os luta dore tores com que lhes acen aram
dos Poro ngos , com gran des perd as para as repu - zava m a lt ivam ente os ben eficio s sedu
pres a do Serro Rosa s, para pros segu ir intem e-
blica nos (14 de nove mbro ). caud ilhos orien tais e o sang uina rio rio.
a paz, em cond ições hon-
Em 28 de fever eiro de 1845 firmo u-se amp la anist ia, tiver am os ratam ente na camp anha cont ra o impe (João Maia ).
repu blica nos, que, além de
rosa s para os impe riál.
seus posto s recon hecid os pelo govê rno
134 SEGUNDO IMPERIO SEGUNDO IMPERlO 135

Revolução praieira em P erna mbuco Resumo cronologico da 3."' lição


:J.• Jlçiio 1848
praieiro~.
-- Em 14 ele novem-
1848 bro, combate d e Mussupinho.
. O partido liberal tinha em Pernambuco a denominação de prai-
erro ~ dai vem o nome dado á revolução por êle promovida em 1848 Em lf.i d e outubro, foi noJnea- 184 9
e CUJa causa principal foi o sentimento nativista principalment~ do pr sidente de Pernambuco En1 1. de fevereiro, ataque ao
1
'

contra os protugueses. Herculano Feneira Pena, con- nccife t"' morte de Nunes Ma-
tra o qual r voltaram-se os chad o.
Os pr!--lif".h·o~ chc•gava1n ao excesso de fiUel'cl· a nacionaliza~ão
d o com .. rcw d e varejo <' prega\ am a e:q)ulsiio de todos os por-
tugueses que não co nstituissem família 110 Brasil.
Leitura- SôJne a crise (le 184S
. O presidente .Cllichorro da Gnma (1845-1848), praieiro exaltado,
fortaleceu o partido com o seu apóio, forne cendo-lhe até armas e
munições.
~s motins contra os portugueses, ao grito de mat:t madnbeiro O que os liberais pleiteam hoje nas margens do Beberibe, de-
repetiram-se tanto na capital como no interior. baixo do fogo da metralha, não é um interêsse local ; é a causa do
direito geral e do interêsse comum; as libe r dades do Brasil in-
Sendo os liberais substituídos no govêrno pelos conservadores teiro estão lançadas na mesma balança, em que or a pesam os des-
estes norr:earam um novo presidente. Herculano Ferreira Pena (Ui tinos de Pernambuco. :ll::le foi a primeira vítima arrastada ao altar
de outubro de 1848), contra o qual os praieiros revoltaram-se sem do sacrifício; e, se sucumbir em sua resistencia magnanima, igual
~emora. Sub.levaram os guardas-nacionais de Olinda e Pau Ama-
sorte aguarda as demais províncias, onde ninguem se reputará se-
Ielo, os quars foram acampar em Nazaré ao passo que 0 chefe guro contra o furor da proscrição. O país o sabe e é por isso que
Abreu Rom.a entrincheirara-se com a sua g~nte em Ca a Forte. a fermentação e o alarma derramam-se po1· todas as classes da
O pres~dente: sem. perda de tempo. tratou de organizar fôrças população; é por isso que os cidadãos perguntam uns aos outros,
para a resrstencra, CUJO comando confiou ao coronel Amorim Be- cheios de ansiedade, quando e como terminará esta lide horrível
zer ra. Os revoltosos viram-se obrigados a abandonar Nazaré e fo- entre o poder e a massa do povo? Onde estão as portas da saída
r~m concentrar-se no engenho de Musso}Jlnlw. Ai os atacou Amo-
desta desgraçada situação? A imensidade da crise que nos ameaça
nm Bezerra, com reforços que vieram das províncias vizinhas des- confunde a imaginação e não deixa aberta a mesma esperança, que
baratando-os após encarniçado combate (14 de novembro de Í848). em épocas do excesso dos males renascia. O despo"tismo da tríplice
. A chegada do deputado Nunes ltlaclmdo, chefe praieiro muito aliança, embargando o curso das reformas e dilacerandu o pais,
estrmado, deu novo alento á revolução. acabou com todas as soluções regulares do problema social e privou
Da c~rte chegar~m reforços militares comandados pelo briga- até do remédio ordinario sofrimentos para que são precisos meios
deiro ~ose Joaquim Coelho. Feriram-se combates em Aplpucos, em heroicos e radicais. Considere-se a lamentavel posição de nossa
Naz_nre, no .sltlo de MarJcota, todos desastrosos para os revolucio- Patria! Uma constituição nominal, direitos sem satisfação, liber-
uan~s. Afmal, estes conseguiram apoderar-se de Goian a, e dali dade sem garantias, ministerio sem dogma, e sem nacionalidade, um
segmram para Cruangl, donde foram obrigados a retirar depois de senado vitalício e faccioso em plena revõlta contra o princípio de
sangrenta batalha. govérno, pretendendo-o transformar em oligarquia á veneziana; o
Viera, entretanto, para o Recife o novo presidente Ma noel Vieira direito de propriedade sem segurança, porque a justiça civil é distri-
To_stes, que tomou medidas severas contra a revolução. O briga- buída por magistrados políticos, que sacrificam ás paixões de
deiro Coelho marchou com suas fôrças contra Agun Preta onde os partido a imparcialidade do julgamento; a justiça criminal, a inu-
revolucionarios se achavam fortes de 4.00(} homens. roias estes meraveis harpias de uma policia que atropela, des poja e escraviza
aband~mand~ o seu a_campamento, vieram atacar inesperadament~ o cidadão pacifico; a industria nacional monopolizada pelo querido
o Rec1fe (1. de fevererro de 1849). A peleja foi sangrenta e desfavo- português, enquanto o povo, eugeitado, geme sob a carga dos tri-
ravel aos r~voltosos que perderam o seu chefe Nu nes :il[achndo e ti- butos que exige a dívida de 400· milhões, despendidos na bela em-
veram de dispersar-se. presa de afogar em sangue seus clamores e de enriquecer seus int-
O valoroso cabo revolucionario Pedro Ivo conseguira escapar migos; a nação envilecida, desprezada, conculcada por uma cllrte
com parte de sua gente e continuou a luta por longo tempo. que sonha com o direito divino e sõ respira a aura corrompida da
baixeza, da adu lação e do estraujeirismo; nada de generoso, de na-
. Pedro. I v? :;alvou-se com trezentos compa nh e iros apc,ws, ope- cional e de grande; nada para a gloria, para a liberdade, para a
rou habil t eti r ada, mte rnou-se nos matos c t· e,. i~<tiu tenazmente.
prosperidade material; o entusiasmo extinto; o torpor elo egolsmc.
percorrendo gradualmente, como a frialdade do veneno, do coração
Afinal, ve~do escas~earem-l~e os meios de resistencia, apresen- ás extremidades e amortecendo as carnes morbidas de uma socie-
tou-se ao governo e for reco lhido á fortaleza da ilha das Cobras dade que supura e dissolve-se ... tal o estado do Brasil!
dond~ fugiu, segundo uns, embarcando para a Europa e morrend~
em v1agem. ('rnrrf'~ Homem) .
136 SEGUNDO IMPETIIO SEGUNDO IMPERI O 137

Guerra contra R.osas R.esumo cronologico da 4.a lição


1835 1 8 51
t .• lição ISil Orlbe na presidencia da R e- O exército brasileiro obriga
publica Oriental. Oribe a levantar o sitio e a en-
1 83 9 tregar-se: a <?squadrilha b r asi-
leira fórça a passagem de To-
:Manoel Oribe, sendo eleito presidente da Republica Oriental, em Rivera eleito preRidcntc da n e l e ro .
1835, contra êle sublevou-se }'t·uctuoso Rhera, que o venceu e se mesma Hepublica.
fez eleger presidente t1839). 1 843 1 8 52
Como os partidarios de Oribe usavam Oribe, aliado de nosas, sitia Em 3 <le fevereiro, batalha
Montevidéu.
divisas brancas e os ele Rivera traziam di- decisiva d e Monte Caceros.
visas encarnadas, dai nasceram os dons
partidos: blanco e colora do.
Entretanto, ;roão Manoel Rosas, ditador Leitura - Passagem de T one1ero
de Bnenos Aires, cujo plano era incorporar
a seus domínios a Republica Oriental e a Principiou desde então o movimen to de tropas, e a marinha a
província do Rio Grande do Sul, forneceu prestar os melhores serviços.
tropas e munições a Oribe, e este estabele- Duas divisões da esquadra, composta a primeira dos vapores
ceu o sitio de Montevidéu (1843), ao passo ''Afonso", "Pedro li", "Recife" e "D. Pedro" corvetas "D. Fran-
que na campanha continuava a luta amea- cisca" e "União" e brigue "Caliope"; e a segu~da dos vapores " Im-
C d d çando as fronteiras brasileiraf.. perad?r", ."Paraense", "Uruguai " e a corveta "D. Januaria", segui-
on e e Porto Alegre Em vista dêste estado de coisaR, o Bra- ram 1medmtamente para a Colonia do Sacramento e alí recebe-
sil resolveu apoiar os coloraclos, na defesa ram a seu bord.o, para ser transportada ao territorio argentino, uma
de Montevidéu, aliar-se a UrquJza, governador ele Entre-Rios que era parte do exérCito brasileiro ao mando do general Manoel Marques
contrário a Rosas e declarar guerra a este. ' de Souza, conde ele Porto Alegre.
Singrava a 1.• Divisão, dirigida pelo proprio Greenfell em de-
nosas, (Jue em seu primeiro goYêrno (l S?fl l tomara o titulo dt· man~a. do Dia~ante, no dia 17 de dezembro, lugar onde ~s fôrças
Restuu r :ulor tle Jus Lf•yes - , conseguira fazPr-}; l' }n·oclamar di- bras1le1ras deviam. desembarcar e fazer junção com as de Urquiza,
tador de Buenos Aires, em 1835. quando se descobriU que no Passo de Tonelero existiam 16 peças de
A sua divisa e r a: - VJ , -u la Con fede1.·u eion .\.. t'gt""nt iu u% :Wuerun
los snh·uje.s u n itnrios! - len1a que devia encahf'<:ar todos os artilharia! colocadas na barranca do Acevedo, guarnecidas por nu-
documentos oficiais. merosa força e parecendo querer impedir por alí a passagem dos
Depo is d e crear a l\fasorca , sociedade el e bandidos (Jue dego- navio~ brasileiros. Era meio-dia, pouco mais ou menos, quando da
lavam os ad\·ersarios, o tirano tOinou para Ri o titu lo de De-
fensor d e lu lndepcu deuela Americana - (Da Hist. Arg·entina. batena de Acevedo romperam fogo contra os primeiros navios que
de Canepa). se aproximavam. O chefe Greenfell não se fez esperar com a respos-
ta. E esses foram os primeiros tiros que como inimigos trocavam
Um exército, sob o comando do conde de Ua."\:jas, 11assou a fron- brasileiros e argentinos, depois de 24 anos de perfeita paz entre os
teira e marchou sõbre Montevidéu, ao passo que a esquadra do vice- dois países. Os navios, entretanto, foram seguindo caminho e, embora
almirante Greeniell seguia para o Rio da vagarosamente pudessem os vapores romper a correnteza das aguas,
Prata (6 de setembro de 1861). porque levavam a reboque os navios de vela, em pouco mais de uma
Oribe viu-se constrangido a levantar o hora conseguiu a 1." Divisão pôr-se longe da artilharia do inimigo. Du-
cêrco de Montevidéu, que resistira quasi dez rante a passagem, uma nuvem de fumo envolvia todos os navios; tal
anos, e a entregar-se prisioneiro com os era a presteza com que os tiros se seguiam. Passado assim o Tonele-
seus (8 de outubro). Ao passo que a esqua- ro, dirigiu-se a 1." Divisão ao lugar do Ramalho e ai desembarcou a
drilha forçava a passagem de Ton eler o (17 fôrça que estava a bordo ás ordens do general Marques de Souza.
de dezembro de 1851) , destacou-se então Fazendo imediatamente volta, com o fim de prestar socorros
uma coluna de 4.000 homens ao mando do á 2.• Divisão em sua passagem pelas baterias do Tonelero, Green-
conde de P orto Alegre, a quem se juntaram fell aproximou-se da barranca do Acevedo; e as fôrças inimigas ai
a·s fôrças ele Urquiza. existentes, acreditando um desembarque, abandonaram precipitada-
Os aliados avançaram sõbre Buenos Ai- mente a posição que ocupavam e a artilharia que estavam guar -
res e chegaram ao Monte Caceros, on de to- necendo, e fugiram, deixando passar incólume toda a fôrça do exér-
maram posição nas proximidades do Arroio cito brasileiro que vinha embarcada nos navios da 2." Divisão da
D. Manuel Rosas
Moron. esquadra; o que tudo ficou efetuado no dia 18.
A passagem ele Tonelero custou a vida de 6 homens e o feri-
A 3 de fevereiro de 1852, travou-se a batalha decisiva que pôs mento grave de outros tantos, além de algumas avarias importantes
fim á tirania de Rosas. Este, ao ver-se perdido, fugiu disfarçado no aparelho e no cano de diversos navios.
em marinheir o e embarcou em um navio inglês que o conduziu para
Europa. (:\IPircl <?s da Silva).
SEGUND O IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 139
138

Questão inglesa R.esumo cronologico da 5." lição


1861 1861 1866
. ·au(ragio da barca ingl esa
~Prin<"A of Wales" .
Laudo <la B e lgi ca favoravel
Em junho de 1861, naufragou na costa do Albaudiío, ao sul da ao Brasil. - Reatamento das re-
província do Rio Grande do Sul , a barca mercante inglesa "Prince 1862 lações, mediante a inte rv enção
of Wales", em viagem de Buenos Aires para a Europa. Grande parte Prisão dos oficiais inglese s . de Portugal.
da carga veiu ter á praia e foi r oubada por pessoas desconhecidas
que se internaram logo no Estado Oriental.

Circulando o boato do desastre, as autoridades do Rio Grande Leitura - A questão inglesa


tomaram todas as providencias e o consul inglês em Porto Alegre
apressou-se a dar conhecimento do fato ao ministro inglês residente Ao mesmo tempo que se manifestava cheio de cordura no to-
no Rio de Janeiro, sir William Douglas Chrfstfe. cante aos pequenos povos, portojl-se sempre o Brasil com suprema
hombridade e energia ante a imposição dos fortes.
Este, sem demora, enviou nota ao ministro elos estranjei- Em 1862, porque não atendera o nosso govêrno a descabidas
ros (25 de outubro) reclamando providencias e, em outra nota (17 reclamações inglesas, ordenou o ministro britanico no Rio de Ja-
de março de 1862 ), exigiu uma avultada indenização por danos neiro, Christie, que a esquadra da sua nação apresasse navios mer-
e perdas. cantes brasileiros nas aguas territoriais do imperio. Respondeu o
Brasil a essa ofensa contra a sua soberania, expedindo passaporte
l're t e ndi a o ministro ing·l ês que se p er mitisse a um age nte· d< ao insolente diplomata e rompendo as relações com a Inglaterra.
se u país bll0rvir n os processos in :::;taul'a.cl os aos criminosos, A questão foi subm etida a arbitragem do rei dos belgas, tio da
ao '}ue r e plicou e n e rgi camente o nosso ministro que a l egisla- rainha Vitória, o qual decidiu favoravelmente ao Brasil. As relações
ção brasileira não consent ia es tran_i e iros a dirigir processos n o
B r asil. só se 1·eataram em 1865, por mediação oficial de Portugal.
Partiu da Inglaterra a iniciativa da reconciliação. Revestiram-
Ainda não estava resolvida esta questão, quando alguns ofi- se de fina gentileza a ocasião e a fôrma em que o efetuou. O Im-
ciais ingleses da fragata ·• Ford ··, ancorada no porto do Rio de Ja- perador achava-se em Uruguaiana, que as armas brasileiras reto-
neiro, desembarcaram á paisana e, um ta nto embriagados, promo- maram aos paraguaios invasores do Rio Grande do Sul. O embai-
veram grand e desordem, insultando a sentinela de um posto poli- xador inglês lá foi, fazendo longa e penosa viagem. Recebeu-o '
cial. Presos e recolhidos ao xadrez, só na manhã seguinte, quando d. Pedro 11 em sua barraca de campanha. Eis o significativo dis-
requisitados pelo vice-consul inglês, é que foram reconhecidos e curso alí proferido por Mr. Thornton, a 23 de setembro de 1865 :
postos em liberdade (18 de junho de 1862). "Senhor, tenho a honra de depositar nas mãos de V. M. I. a carta
pela qua l S. M. a Rainha se dignou acreditar-me como seu enviado
O ministro Christie reclamou logo (19 de junho) contra o que em missão especial junto de V. M. I. e suplico a V. M. I. se digne
êle chamava uma violencia e exigiu descabidas satisfações. Respon- acolher com a sua reconhecida benevolencia as seguranças de sin-
deu-lhe o ministro dos estranjeiros e ao cabo de uma longa troca cera amizade e as expressões que fui encarregado de transmitir
de correspondencias, Clu·istie mandou um ultlmatum (5 de dezem- por S. M. a Rainha e pelo meu govêrno. Estou incumbido de expri-
bro) ao govêrno brasileiro, reunindo as duas questões em uma só mir a V. M. I. o pesar com que S. M. a Rainha viu as circunstancias
e exigindo resposta até 20 de dezembro. que acompanharam a suspensão de relações de amizade entre as
côrtes do Brasil e da Gran Bretanha, e de declarar que o govêrno de
No dia 18, o ministro dos estranj eiros replicou que a chancela- S. M. nega, da maneira mais solene, qualquer intenção de ofen-
ria brasileira de Londres estava encarregada de resolver o assun- der a dignidade do Imperio do Brasil, e que S. M. aceita completa-
to diretamente com o govêrno inglês. Porém, Christie não se deu mente e sem reserva a decisão de S. M. o rei dos Belgas, e será feliz
por satisfeito e ordenou ao vice-almirante lVarren que praticasse em nomear um ministro para o Brasil logo que V. M. I. estiver
represalias contra o Brasil. Este, com efeito, apoderou-se de al- pronto para renovar as relações diplomaticas. Creio ter fielmente
guns navios mercantes brasileiros (30 de dezembro) . interpretado os sentimentos de S. M. e do seu govêrno, e estou con-
Este ato de hostilidade provocou, de norte a sul, os mais calo- vencido de que S. M. I. terá a bondade ele aceitá-los com o mesmo
rosos protestos e uma guerra parecia iminente. espírito de conciliação que os ditou."
Respondeu nobremente o Imperador:
Afinal, os dons governos resolveram submeter a questão á ar- "Vejo com satisfação renovadas as relações diplomaticas entre
bitragem do Rei da Belgica, que deu l audo a favor do Brasil (18 de o govêrno do Brasil e o da Grau Bretanha. A circunstancia de tão
janeiro de 1865) . feliz acontecimento se realizar onde o Brasil e seus leais e valentes
Aliados acabam de mostrar que sabem unir a moderação á defesa
Em vista disto, o govêrno brasileiro pediu satisfação á Ingla- do direito, aumenta o meu prazer, e prova que a politica do Brasil
tena e não a tendo obtido, rompeu as relações diplomat!cas, as quais continua a ser inspirada pelo espírito de harmonia justa e digna
foram depois reatadas, mediante os bons oficios de Portugal, dando com todas as outras nações ."
(Afonso Celso) .
a Inglaterra as satisfações pedidas (23 de setembro de 1865).
140 SEGUNDO IMPERIO
SEGUNDO IMPERIO 141
E xpedição cont ra a R.epublica Oriental
R.esumo cronologico da 6." lição
6." lição
186-i
18 6 4 18 6 5
"!"or dive.rsas vezes o govêrno brasileiro reclamara acêrca de vio- O conselheiro S a raiva vai em
lenCias praticadas contra subditos seus pelos partidos em luta no 'l'omadn d •· Paisandfi, em 12 d e
missão especial á R e pul.llica janeiro - Sitio de Montevidéu f..:O
Estado Oriental. E, nada tendo conseguido, re- Oriental. - Ultimatum e rompi- entrada nt"sta <"idade . - Venan-
sol v eu envia r o conselllelro José Antonio Sa- mento de hostilidades. - Toma- cio 1-'lort•s HH~urniu o g-ov ê rno
da de Salto, em 22 de nove mbro. interino.
rnh·a em missão especial junto ao govêrno de
Montev!déu (abril de 1864). então exercido por
Abu~:rs1o Cruz Aguirre.
Saraiva, vendo que eram baldados os seus
esforços, apresentou o nl tlmatum de 4 de agos- Leitura - Tomada fle Pa isamlú
to, o qual, devolvido pelo govêrno uruguaio deu
lugar ao rompimento das hostilidades. '
Entretanto, na Republica Oriental lavrava Rôtas as relações diplomaticas entre o Brasil e a Republica do
a guerra civil, entre bl:m cos e color ados, es- Uruguai em agosto de 1864, e declarada a guerra entre os dous
tando estes ao mando de Vena nclo F lores, se- países, tiveram ordem o almirante barão de Tamandaré e o co-
nhores de todo o país e tendo aqueles em seu mandante dos corpos do exército no Rio Grande do Sul para iniciar
1\.I . _poder só ltio ntevidéu, Salto e P afsa ndú. as operações. Ao mesmo tempo aceitou o Brasil o concurso do
· mirante 'l'amandare As fôrças brasileiras uniram-se ás de Ve- general d. Venancio Flores, chefe do partido colorado, que capita-
- nancio Flores (20 de outubro) e o almirante neava alí a revolução contra o govêrno blanco de Montevidéu, e
Tamandare bloqueou os portos de Salto e Paisandú. Salto foi to- que se comprometeu a oferecer-nos reparação condigna logo que
mado a. 22 de ~ovembro de 1864, mas Paisandú resistiu heroicamente, triunfasse a sua causa. A 12 de outubro, entraram as fôrças bra-
e só :--em a C~Jr em poder dos aliados em 12 de janeiro de 1865, com sileiras no territorio Oriental; pouco depois rendeu-se a Vila de
auxího das forças do general Mena Barreto. Melo (capital do departamento de Serro Largo). A 22 de novembro,
Dali partimm as fôrças sõbre Montevidéu, cujo assedio estabe- duas canhoneiras brasileiras bloquearam o porto do Salto. Leandro
Gomez, comandante da vila, vendo que não 110dia resistir e sa-
bendo da aproximação das tropas do general Flores. retirou-se
para Paisandü.. No dia 28 a praça capitulou. Paisandú. importante
cidade da Republica Oriental, foi então o objetivo do exército bra-
sileiro; defendiam-na 15 bocas de fogo colocadas em boas posi-
ções, e cêrca de 1.3 00 praças de tropa de linha comandadas por
Leandro Gomez. No dia 6 de dezembro o almirante Tamandaré
mandou atacar a cidade, por mar e por terra; mas esta investida
não surtiu o desejado efeito pela escassez do número dos nossos.
Foi mistér aguardar a chegada de reforços, limitando-se o exército
brasileiro a manter o cêrco precavendo-se contra possíveis sortidas
do inimigo intrepido.
A 15, chegou o general Antonio de Souza Neto com 1.500 volun-
tarios da cavalaria rio-grandense, e na tarde de 29 o marechal João
Propicio Mena Barreto á frente de uma divisão composta de cêrca
de 1.500 homens, com 12 peças de campanha, resolveu então dar o
A taqu e a Paisandfi assal to decisivo a 31 de dezembro. ~aquela madrugada rompeu o
vivíssimo bombardeio da esquadra e das baterias assestadas na
coxilha fronteira a Paisandú. Quando cessou o fogo de artilharia,
leceram. Depois de alguns dias Tamandaré anunciou que ia come- Mena Barreto mandou carregar e as duas brigadas brasileiras com
çar o bomb~rdeamen~o da praça. O presidente Aguirre, desamparado ímpeto extraordinario atacaram, uma pelo Norte, outra pelo lado de
dos seus, vm-se obngado a renunciar o cargo (15 de fevereiro d Léste da cidade. A luta foi tremenda; conquistou-se o terreno
1865) . e palmo a palmo, porque o inimigo o disputou com grande bravura.
Batalhou-se todo o dia, toda a noite, todo o dia 1.• de janeiro de
reraAssumindo
y Ob
o govêrno o senador 'l'omnz Vilafba
· , nomeou H er- 1865, tomando os nossos bravos sucessivamente trincheiras, r uas,
Jos • -u- esdpa ra tratar da paz juntamente com o enviado brasileiro
. e lu a.r1a a ,8 1lva Pa.rauJws. barricadas, pontes, soteias e casas transformadas em redutos. No
Reunir~:n-se os negociadores no quartel general dos aliados, na dia 2, rendeu-se a praça de Paisandtí, sendo aprisionado Leandro
vi la de Uma.:_o, e resolvera'? entregar provisoriamente ao general Gomez. Logo em seguida foi posto sitio á cidade de Montevidéu, a
F 1ores o governo da Repubhca. qual no dia 20 de fevereiro capitulou, terminando assim de modo
h onroso para as armas do Brasil esta breve campanha.
142 SEGUND O I l\IPERIO

Guerra do Paraguai
Theatro da guerra do Paragu&'l

Miranda
7." ll~iio ]86:).]870

Em 3(). de agosto de 1864, o presidente do Paraguai Francisco


Sola.no LO]lez, protestara contra a intervenção do Brasil na Jlepubll-
ca OrientaL Pouco depois, sem prévia declaração de guerra, aprisio-
nara no porto de Assunção, o vapor brasileiro Marquês de Olindu
que conduzia o presidente do Mato Grosso, co-
r onel Carneiro de Campos, e confiscara toda
a s ua carga . Logo uma coluna paraguaia ao
mando de Barrios e Resquin invadiu a provín-
cia brasileira de Mato Grosso (27 de dezem-
bro de 1864 ) , e outra, ás ordens de RobJes, in-
ternou-se pela R epublica Argentina (14 de

r
abril de 1865 ) .
Estes fatos levaram o Brasil, a Argentina
e o Uruguai a estabelecerem o 'l'ratado da Tri·
})lice Allan~ contra o Paraguai (1." de maio
A
de 1865 ) . As operações belicas começaram em
seguida, com a batalha naval de Riachuelo (11
de junho) , em que se cobriu de glórias o chefe
da divisão }'rancisco Manoel Barros o, e com as
Almira nte Barroso passagens de Jiercedes (18 de junho) e Cuevll8
/"
( 12 de agosto). 'PAR .!'R.A
Enquanto a nossa esquadra colhia estes louros, o exército de
Estigarribia, invadia o Rio Grande, saqueava São Borja (12 de julho)
e Itaqw e entrava em Urugaiana (5 de agosto) .
Invadido o Rio Grande, d. Pedro li veiu em pessôa ao teatro
da luta e ali assistiu á rendi ção e aprisionamento de todo exército
invasor (18 de setembro).
Dalf voltou o imperador para o Rio de Janeiro e os aliados
atravessaram o Uruguai para invadir o territorio paraguaio, e to-
mar a ofensiva, pois Lopez ordenara a retirada de todas as suas
fôrças.
Protegidos pela esquadra, foram os brasileiros, com o general
Osorio á frente, os primeiros a for çar o Passo da P1ttrla e ficar em
terra inimiga (16 de abril de 1866).
Depois da vitória de Estero Bellaco (2 de maio), os aliados acam-
param perto de Tuintí onde, em 24 de maio, feriu-se a grande batalha,
cujos louros pertencem ao general Osorio, o qual , entretanto, adoe-
ceu e demitiu-se do comando (15 de julho).
Na posição de Tuiutf, tendo pela frente as formidaveis linhas de
Sauce, chave do famoso quadriJotero, permaneceram por longo tem- RIO G.BO SUL
po os aliados. Com a junção do corpo de exército do conde de Porto
Alegre apoderaram-se do fórte de Curuzú. (3 de setembro), uma das
sentinelas avançadas das grandes fortificações de Humaitá, e expe-
R 'E p. ('y
rimentaram depois o tremendo revez de Cnrupaití, que nos custou
mais de 4.000 homens fóra de combate e causou a retirada ele Bar-
tolomeu Mitre, general em chefe dos aliados.

Yatar
142 SEGUNDO IMPERIO 143

Resumo cronologico da 7."' lição


1864: de setembro, rendição do exér-
cito paraguaio em Urug uaiana.
Em 27 de dezembro. os para-
guaios invadiram Mato Grosso. 1866
1865 Em 16 de ab ril , invasão do
Paraguai pelo Passo da Patria.
Em 1.• de maio, tratado da - Em 24 de maio, hatalha de
tríplice a li ança. - Em 11 de TuiuU. -- Em 15 de julho, o
junho, batalh a naval do Ria- gcne1al Oso r io deixa '' comando
chuelo. - Em 5 de agosto, to- do exó'rcito brasileiro. - Em 3
mada de Uruaguaiana. - Em lS de setembro, tomada do Curuzú.

Leitura - O general Osorio


Os bata lhões avançavam; a artilharia rugia rapida, iufatigavel,
a revólver; era um contínuo trovejar. Parecia uma tempestade. Cor-
netas soavam a carga ; lanças se enrista-
vam, cruzavam-se as. baionetas; rasgavam-
se os corpos sadios dos heróis ; espadas
brandidas a duas mãos, como os montantes
dos pares de Carlos Magno, abriam crânios,
cortavam braços, decepavam cabeças. Qua-
drados formavam-se aqui; al êm, ouvia-se
o toque de assembléa e as linhas de atira-
dores se reuniam, ora em círculo, ora for-
mando os quatro camaradas de combate, de
baioneta cruzada contra a cavalaria que vi-
nha a galope: era uma con[usão imensa e
cheia de fortes impressões. A batalha atin-
General Osorio gia o momento decisivo. De quem !'leria a
vitória ?
Surge, no seu belo cavalo de combate, o general Osorio, com o
largo chapéu de feltro n egro, o ponche flutuante deixando vêr a góla
bordada, a lança de ébano in crustada de prata na mão larga e ro-
busta, e o olhar fascinante dominando aquele cenario tragico da
glória e da morte. Ouviu-se um viva retumbante. De todos aqueles
labios sêcos, daquelas gargantas ro ucas saiu imenso, entusiastico,
um viva ao general Osorio! Tudo se transformou ao tremular
magico da bandeirola da lança legendaria. A noss a infantaria
avançou galvanizada por aq uele homem, imensamente amado, e
levou de vencida, até ás profundezas densas da mata, os guerrei-
ros inimigos, que sobreviveram á horrot·osa hecatombe. A batalha
estava ganha.
A derrota foi co mpleta. O campo de batalha ficou, literalmente,
juncado de inimigos mortos. Lopez empenhara, ness e dia, quasi
todo o seu exército, e atirou-se contra nós por todos os lados. O
ataque foi fulminante. As fôrças eram quasi iguais. Tínham os,
felizmente, á nossa frente, o grande Osorio, que surgia como um
s emi-Deus, nos momentos mais críticos, levando consigo a vitó-
ria. Vi, e narro com ufania: soldados feridos, estorcendo-se nas
vascas da agonia, levantaram-se a meio, com a auréola da morte
doirando-lhes os cabelos empastados de sangue, murmurarem em
voz desfalecida, quando êle passava : Viva o general Osorio! viva
Osorio!
(Dioni'lio Cerqueira).
144 SEGUNDO IMPERIO
SEGUNDO IMPERIO 145

Guerra do Paraguai R.esumo cronologico da 7." lição


'i." Jl~o (continuação)

O marquês de Caxias, nomeado comandan te em chefe em 28 1866 1868


de novembro de 1866, veiu achar o exército em condições desanima- Em 28 de novemb•·o, o marquês Bm 19 de fevereiro, pnHHngem
(1•· Caxias ass u1niu o contando de Humnltft. - r, de dezembro.
doras, dizimado pelo coleru-niOrlml'. em <"hefe do exército aliado. batalha de ltororó. -- 11 de de-
Com a c hegada do general 1887 zembro, batalha <"ampal dE> AvaL
Osorio, á fren te do 3." corpo do Em 22 de julho, marcha de - 21 a 26 de dezembro, batalha
flanco. - Em 28 de julho, ocu- de r..omas ValentinaH. - 30 dl'
exército, o efetivo das fôrças dezemhro. tomada tlc Angostura.
elevou-se a 40.000 homens, sen- pação de Tuiú-Cué. - Em 15
de agosto, passagem de Curu- 1889
do 3.000 argentinos e 1.000 paiU. - Em 3 de novembro, 2.• Em 1." d<" jan<'iro, entrada <lO
orientais, e iniciou-se a famosa batalha de TuiutL exército e 1n ABSUnGãO.
marclta de flanco, planejada pe-
lo general em chefe (22 de
julho). Leitum- A passagem de Humaitá
Esta mar<"ll:.l. através ue Um tiro de peça partido da esquadra foi o sinal de que seis en-
terrf'nos desconh ecidos é
um <los feitos militarE>>< couracados brasileiros iam tentar a passagem julgada irrealizavel
. ··.·.'"'
01air-; Jl1Cl110 r aVPÍS . pelos a lmirantes e generais europeus.
De repente... Uma chuva de granadas incendiadas cortou o
Ocuparam os aliados o Ior- espaço descrevendo curvas de fogo, indo cair no bojo colossal da
te de Tuiú-Cué (28 de julho), a tremenda cidadela. O estampido foi medonho. A terra tremeu sob
Posição da fortaleza de Humaltá esquadra forçou a passagem de as plantas dos homens; os écos quebraram o silêncio da noite e
Curupaití (15 de agosto) e começou o bombardeamento de Hnmaitá. ouviu-se repetido por muitos segundos o estrondo dos canhões, que
Em terra era repelido o vigoroso ataque dos paraguaios ás posições repercutiam nos vales e na espessura dos bosques vizinhos. Sen-
de Tuiuti (2 de novembro). timos o calefrio das grandes sensações; como se a mão do desconhe-
A passagem do famoso baluarte de Hmnaltá realizou-se a 19 cido viesse tapar a boca daquela multidão armada, ou se enorme
de fevereiro de 1868, sob o comando do almirante ;roaquJm José pêso compçimisse o coração. O espírito de todos murmurava em um
Inacio e no mesmo dia o exército ocupava o reduto do Estabele- pensamento: Que será da esquadra? Foi pronta, admiravelmente
mento, cortando todos os recursos de Humaitá, qu e veiu a render- pronta, a resposta do inimigo! A fêra, tomada do mesmo calefrio,
se em 25 de julho. sacudia os membros experimentando tambem as fôrças. Quando
Achava-se agora o exército diante das fonuidaveis linhas de caiu dentro do recinto de Humaitá a chuvn ele granadas al posta
PiquirJ. Reco- pelas baterias aliadas. igual chuva de ferro fundido, cortando os
nhecidas á viva ares, veiu arrancar do torpor os sitiantes! Cerrou-se o bombardea-
fôrça e achando mento. Era medonho, horrível, e belo ao mesmo tempo ! As bom-
impossível to- b:ts, cortando o espaço, assohiavam, como se chiasse uma multidão
má-las de assal- de monstruosos apitos; r iscavam a escuridão da noite, como se cada
to, contornou-as uma fôsse um fosforo riscado na atmosfera, deixando atrás de si
e, vencendo di- o sulco lnminoso dos fogachos das espoletas. O fogo dos aliados
ficuldades jul- 11artindo da circunferencia para o centr o; o do inimigo, do centro
gadas insupera- para a ci rcunferencia! O bombardeio representava o ribombar con-
veis, conseguiu tínuo de milhares de trovões sem intervalo, sem treguas e sem
passar o exérci- descanço. A' crepitação da fuz ilaria dos infantes que atacaram o
to através do primeiro reduto avan çado á direita, o forte Estabelecimento desapa-
Chaco, sempre receu sob o troar incessante, ininterrupto dos can hões de ambos os
protegido pela lados. Que haverá? perguntava-nos o coração entre a esperança e
esquadra. Batalha elE> Avat a dúvida entre a confiança e o mêdo! O horror e a morte ! respon-
O objetivo de dia-nos ~ éco medonho de 600 canhões, multiplicados por outros 600
Caxias era Assunção e para lá chegar teve de colher a sangrenta vi- estrondos das granadas e bombas que atordoavam o espaço. O ce-
tória da ponte de ltororó (6 de dezembro), vencer a porfiada batalha nario ostentava-se lugubre e pavoroso; e assim corria o tempo, até
campal de Al·ai (11 de dezem bro ) e pelejar 6 dias seguidos em Lomas que cortou o horizonte, subindo, em linha réta, atravessando os ares,
V11Jentlnas (21, 22, 23, 24, 25 e 26 de dezembro), residencia de Lopez, <:orno procurando romper o céu, o primeiro foguete de lagrimas ver-
que se viu obrigado a fugir para Serro-Leon. Afinal a tomada de des. Era a côr da esperança. Um grito unisono, ingente, só com-
Angostura (3(} de dezembro) abriu-lhe as portas da capital para- paravel á quéda do raio rasgando as entranhas de form idavel pro-
g uaia (1." de janeiro de 1869). cela, atroou os ares:
O marquês de Caxias deixou então o comando do exército .e, A esquadra passou! Viva a Nação Brasileira!
recolhendo-se ao Brasil, foi agraciado com o titulo de duque.
(S. l'imentel) .

,
I

SEGUNDO IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 147


146

Guerra do Paraguai R.esumo cronolo()'ico da 7." lição


i.• lição (conclusão) 1869 1870
Em 16 de abril, assum<" o co-
mando em chefe dn exé r c ito o bm 1. '• dt· mar<;o, mortf' de
Tomada Assunção e entregue o pais ao govêrno Jlrovisorio q u e conde d?Eu. - l~n1 12 d e agosto, Prancisco So lano Lope7., no
o enviado brasileiro Siha J>nrauh.os conseguiu formar pela livre es- tomada de Peribebuf. ~ Em 16,
combate de CamJ)O Granel<' . - - combai P rl<· C rl·o Corá, e tcr-
colha da nação paraguaia , parecia terminada a guerra. l'Jm 18, coml)atP <l<• Caraguatf. nlinação da guerra.
Entretanto assim não aconteceu. Lopez recolhera-se á cordi-
lheira das .\ scu.rras, on-
de tratava de reorgani-
zar as suas fôrças, que l.eihma - As ('onlilhf'irn~
co ntavam ainda cêrca de
16.000 homen s com mais O marechal Lopez, como se fôra uma féra acossada po r caça-
de 100 bocas de fogo. dores infatigaveis, galga os píncaros das Cordilheiras e, cercado
Foi então nomeado de seus dedicados e fanaticos companheiros, espera os adversarios
general em chefe do exér- naquelas alturas quasi inacessíveis.
cito brasileiro o conde Aqueles maciços enormes de granito, as Cordilheiras, er-
(l'Eu, casado com a prin- • guem-se como baluartes inexpugnaveis, construidos pela natureza,
ceza imperial d. Izabel, i· e as fôrmas sinuosas de alguus assemelham-se aos dorsos de uma
o qual assumiu o co- fileira de gigantescos dromedarios, condenados ao repouso eterno.
mando em 16 de abril de O azul, ora claro, ora escuro. com que parecem tintas aquelas
1869. Logo Peril.leblú, a serranias colosaais, couforme o gráu de limpidez do firmamento.
nnston de Or l eans nova capital de Lopez, J•'rancisco Solanv atrai os olhos dos homens contemplativos e não raras vezes, com
(Conde d'Eu) caiu em poder dos brasi- J.opf'z
o auxilio de um ocu lo, lobrigam-se bandos de sentinelas inimigas
leiros depois de formida- que observam o nosso campo, postadas nas mais altas eminencias.
vel resistencia (12 de agosto), e feriu-se o por nado com bate de Campo
Grande (16 de agosto). sendo derrotados os paraguaios do general Quando o céu está isento de nuvens e o sol inunda as cumiadas
Calmllero que se bateram como leões, e se fortificaram mais adiante, da serra ou ilumina as suas encostas, notam-se cintilações metali-
cas, como e houvesse ouro incrustado no gran ito.
E' o bronze polido dos canhões; o bronze que, na febr e das ba-
talhas, toma todas as côres do espetro solar, passa por t rlas as
temperaturas e sôbre cuja superficie, muitas vezes, voltejam verti-
~ i nosamente inumeras gotas de sangue dos combatentes, como su-
cede á agua lançada em chapa de metal candente.
Pirajú. vila fronteira ás Cordilheiras, e que devera ter tido
outróra a lguma importancia, está ocupada pelos aliados, como já
vimos. Entre a vila e as Cordilheiras exten de-se o grande vale, a
vasta planície de que já tratamos, que vai morrer na base daquela
serrania, onde o inimigo teve fôrças acampadas.
Desfiladeiros escarpados comunicam a planície os vales aos
alcantis e píncaros, ocultos nas nuvens nos dias úmidos e som-
brios.
Por esse 1·ale, no sentido longitudinal, serpenteia o arrolo Pi-
rajú, bastante profundo e qu e nas en chentes apresenta sérias difi-
A hatalha d<' C'ampo Granel(' culdades a quem intenta vadeá-lo.
Escalar as Cordilheiras, aq uelas posições quasi inacessíveis, é
em Caraguatí, onde foram de novo vencidos (18 de agosto). Com a empresa impossível, tanto mais que os obstaculos naturais que apre-
tomada do arsenal de CmlCIIJiê, estavam aniquilados os meios de re- sentam os desfiladeiros, especialmente o de Ascurra e Cerro Leon,
sistencia dos inimigos, que se internavam cada vez mais pela COI'di- são secundados pelas baterias e fortificações inimigas.
lhei ra e iniciavam um sistema feroz de guerrilhas. Organizaram os Quem se arrojasse a pretender realiza1· tão difícil tarefa, teria
nossos um a s é:lrie de expedições em perseguição de Lopez, e uma de- de algum modo imitado os gigantes filhos ele Titan que, procurando
las, comandada pelo general Correia da Camnra, o foi encontrar na recuperar o!." seus direitos, acumularam montanhas sôbre montanhas
margem do Aouidul.lan, no sitio de Cerro Corá. Intimado a render- para escalarem o céu e expulsarem dalí o sen hor do raio.
se, Lopez resistiu e foi morto (1." de março de 1870 ), terminando
assim a guerra.
SEGUND O IMPERI O 149
SEGUND O IMPERI O
---
------------------------~~~-------------
148

Declinio da mona rquia R.esum o crono logico da 8." liçã o


187 0 1 872
• 1870-1889 Inicio da questão religiosa .
s.• Ifção Fundaç ão do partido republi-
cano. 1874
Revól ta dos mucker s no Hio
manifes tando 1871 Grande do Sul.
ldéas republi - As idéas republi canas que se vinham 1 8·7 5
canas isoladam ente no pafs desde Felipe dos Santos, en- Em 7 de março. é chamad o ao
Os bispos que estavam reco-
poder o minister io Rio Branco,
contrar am éco em um grupo de patriota s, Saldanh a ao qual se deve: a paz com o lhidos ás fortalez as foram anis-
m,
)[nrinh o, Aristide s Lobo, Cristian o OtonJ e outros que fundara Paragua i (27 de março); a l ei tiados e soltos. - Fim da ques-
no Rio de Janeiro , o Club Re)mbli cnno (3 do ventre livre (28 de setembr o). tão reli"ios a.
de novemb ro de 1870) e publica ram um
jornal com o titulo de Re)mbll ca, no qual
dirigira m um energic o manifes to á nação Leitur a - A ' 'erdad e <lemo cratica
(3 de dezemb ro). Estas idéas logo encon-
Posto de parte o vício insanav el de origem da carta de veja-
1824,
traram apôio na côrte e nas provinc ias, de
modo que, no ano seguinte , realizou -se em imposta pelo príncipe ao Brasil constitu ído sem constitu inte, cio-
S. Paulo o primeir o congres so republic ano. mos o que vale a monarq uia tempera da, ou monarq uia constitu
nal represe ntativa. de
MJniste rlo A creação do novo partido Este sistema mixto é uma utopia, porque é utopia ligar
vel dous element os heterog eneos, dons pode-
Rio Branco trouxe natural mente a ne- modo solido e perdura
- a
cessidad e de alguma s refor- res diverso s em sua origem, antinom icos e lrreconc iliaveis pela graça.
a soberam a naciona l, o poder
mas e para realizá- las, foi chamad o a or- monarq uia heredit aria e
de todos
ganizar gabinet e o viscond e de Rio Bratnco Dr ..L Saldanh a
Marinh n de Deus e o poder pela vontade coletiva , livre e soberan a
(7 de março de 1871). Os fatos mais notavei s os cidadão s. nte
ai (27
da sua adminis tração foram: a paz definitiv a com o Paraguficando O consorc io dos dous princípi os é tão absurdo quanto repugna
de março) ; a viagem do imperad or á Europa (25 de maio), o seu equilíbr io. tem-
como regente do Imperio a princes a d. Izabel; e a lei declara
ndo li- Ainda quando, como sonhara m os doutore s da monarq uia que
erasse sôbre o outro, para
vres os filhos de mulher escrava (28 ele setembr o). perada, nenhum dos poderes prepono
as-
caminh ando paralela mente, mutuam ente se auxilias sem e fiscaliz
Esta última lei deu, indireta mente, lugar a uma sem, a consequ encia a tirar é que senam iguais. im-
Questão reli- importa nte questão . Tendo a Ora, admitir a igualda de do poder divino ao humano é de
gi?sa maçona ria do Rio de Janeiro possíve l compre ensão.
celebra do uma festa em homena gem ao vis- A questão é clara e simples .
pela
conde do Rio Branco, que era o seu Grão- Ou o príncipe , instrum ento e órgão das leis provide nciais, ,
deve govern ar os demais homens
Mestre, o padre Almeid a MarHn~ pronunc iou sua só origem e predesti nação,
sabili-
um entusia stlco discurso (1872). Isto foi cau- com os predica dos essencia is da inviolab ilidade, da Irrespon
porque o
sa de ser o mesmo suspens o !las ordens pelo dade, da heredita riedade , sem contras te e sem fiscaliza ção, ou a
bispo do Rio de Janeiro . O povo manifes tou- seu poder emana da Onipote ncia infinita mente justa e bôa; comu-
se a favor do padre, deram-s e Ré rias desor- Divinda de nada tem que vêr na vida do Estado, que é uma a von-
dens, a questão extende u-se a outras provín- nhão á parte; estranh a á todo interêss e espiritu al, e então arbítrio
cias e agravou -se de modo tal que o bispo de tade dos governa dos é o unico poder suprem o e o suprem o
Pernam buco, e o de Pará, que tinham desobe- dos governo s. , en-
decido á lei, foram condena dos á prisão e re- A transaç ão entre a verdade triunfan te e o êrro vencido
é
colhido s a uma fortalez a, donde saíram, em \~ is<'ondP d o ] "!.in tre as conquis tas da civiliza ção e os frutos do obscura ntismo,
1875, indultad os pelo imperad or. Branco inadmis sível. para
Atar ao carro do Estado dons locomo tores que se dirigem pro-
o, se uem r - ou a imobilid ade, si as fôrças
Os Mueker s Uma outra. questão de fanatism o religios sentido s opostos é procura
lhe é
que de carater local, teve lugar em S. Leopold o, na pulsora s são iguais, ou a destruiç ão de uma delas, si a outra
do
provínc ia do Rio Grande do Sul, em 1874. Viviam ali no morro superio r.
m o sistema
Ferrabr az os falsos profetas João Jorge Maurer e .Jacobin a Maurer' E' assim que as teorias dos sonhado res, que defende
. consegU.iram cercar-s e de grande número de fanatico s, tra-
os quais mixto, cabem na prática. de-
zendo em constan te sobress alto os morado res pacífico s. Para
dis- Para que um govêrno seja represe ntativo, todos os poderescon-
persá-lo s, seguiu uma fôrça ás ordens do coronel Genuino
Sampai o. vem ser delegaç ões da nação, e não podfndo haver um direito uia tem-
vencido s
Os mu ckers! que assim se chamav am os fanatico s, foram ente fe- tra outro direito, segundo a express ão de Bousset , a monarq
depois de diverso s combate s, num dos quais ficou mortalm perada é uma ficção sem realidad e.
(Saldan ha :Marinho ) .
rido o coronel Genuíno (20 de julho de 1874).
150 SEGUNDO IMPEIUO SEGUNDO IMPERIO 151

Declinio da monarquia R.esumo cronologico da 8." lição


s.• Ução (continuação) 1875 1883
Jlistu rbios provocados pelos Tnfcio rla qu es tão militar.
Os Quebra- Outro motim houve ainda em algumas províncias Qu ebra-quilos em algumas pro-
quilos do norte, em dezembro de 1875. Tendo o govêrno vinc!as. 1 884
. . adotado o ~;;istema metrico decimal e declarado Amazonas, Ceará e alguns
municipios do Rio Grande do
obn~at~no o seu uso em todo o Imperio o povo de Pernambuco e 1 880 Sul libertam todos os escravo><.
provmc1as circunvizinhas, julgou-o prejudicial aos seus interêsses 1 88á
a~acou as casas de negócio e destruiu todos os novos lJesos e me~ Desordens no Rio de Janei-
ro, provocadas pelo imposto do Lei Sara.iya libertandü os ~s·
d1das. Estes motins cessaram logo com as energicas providencias vintem. cravos scxagenarios.
tomadas pelo govêrno.
Imposto do Outra alteração da ordem, e esta na capital do Im-
VJntem perio, foi provocada pelo imposto de vinte réis em Leitura - Silva Jardim
cada passagem ae bonde, lei votada pela Camara
em 1879. ~o ser ela. po~ta em execução (1.• de janeiro de 1880), 0 Os seus discursos estrelejavam chamas, como um ferro em tem-
PO':o amotmo?-se e, msbgado por tribunos populares, entre os quais peratura branda. Parecia uma maré de fogo avançando contra o tro-
mUito se sahe.ntou Lo)les Trovão, levantou barricadas nas ruas, no. Tendo começado o incendio em Santos; extendeu-se á província
travou ve~da~e1ros combates com a policia e resistiu firmemente até de São Paulo inteira ; á capital do lmperio, ás províncias do Rio e Mi-
que a lei foi revogada. nas Gerais. Falava eni três e quatro cidades no mesmo dia, com o
relogio na mão, para obedecer ao horario das estradas de ferro.
Questiio ml· P~r. este tempo. (1883), surgiu a chamada Questão Após o &eu discurso, aparecia no lugar um centro republicano.
IJtar Militar, que mais tarde devia ser de sérias conse- O imperio, mole e bonacheirão, encolheu, a princípio, os ombros.
quencias e, produzir a quéda da monarquia. A propaganda de Silva Jardim tomou, en-
. Naquele ano, o M~rques de Paranaguá apresentou o projeto de tretanto, tamanhas proporções, era tão evi-
l~1 creando . o ~qontep10 obrigatorio para os militares. Estes não
dente a sua eficacia, os seus resultados
ficaram. satisfeito~ e delegaram poderes ao tenente-coronel Sena
Madu_rmra, para discutir o projeto pela impren sa, o que foi levado eram tão imediatos, que a monarquia tomou
a efeito. a deliberação de resistir-lhe.
O projeto Paranaguá não foi adotado, mas o ministro da guerra Cada vez que o orador republicano asso-
publicou um aviso lembrando aos militares que mava á tribuna, corria iminente perigo de
lhes era vedado discutir pela imprensa sem licen- vida; pedradas, tiros de revólver, tumultos,
ça sua. Este foi o inicio da célebre questão lutas a mão armada interrompiam-lhe o dis-
militar. curso e êle calmo, de pé na tribuna, com os
braços cruzados, o sorriso nos labios, espe-
AboUclonJsmo O movimento a favor da liberdade rava que a tormenta passasse e continuava.
dos escravos generalizara-se de
norte a sul e a propaganda abolicionista era cada Quando era de todo impossível dominar o
vez maior. Nas cidades, nas vilas, nos povoados, tumulto, e se disso lvia a reunião, Silva ,lar ..
por. toda parte, existiam sociedades abolicionistas. Dr. Silva Jardim dim se retirava, arriscando tanto a vida
Na Imprensa e na tribuna tinham-se tornado arau- como o mats humilde dos seus co-religiona-
tos invencíveis José do Patrocinlo e Joaquim rios. Para os que acreditam, na Europa, que o advento da Republica
Nabuco. foi exclusivamente devido ao pronunciamento militar dêsse dia, sirva
O ano de 1884 foi, sobretudo, notavel, por ter este rapido bosquejo da vida de Silva Jardim para dissuadi-los. A Re-
sido a escravatura extinta nas províncias do Senador Saraha publica estava feita nas conciencias, precisava apenas de ser con-
C~ará:, e Amazonas, e nos municípios de S. Borja, sagrada na lei.
V1amao, Uruguaiana e Conceição do Arroio, na província do Rio Morreu tão tragicamente como tinha vivido e ainda no último mo-
Grande do Sul. mento afirmou a sua extraordinaria fôrça de vontade, muitas vezes
temeraria. Queria vêr de perto o Vesuvio. Estava em erupção; tanto
Tornando-se a questão de caráter nacional, era necessario que o
melhor, assim era mais belo. Em vão o seu companheiro e amigo re-
govêrno viesse em auxfllo do povo e, por isso, o gabinete presidido
clama; em vão o guia aconselha; em vão o solo, queimando já as
pelo conselheiro José AntonJo Saraha, fez a lei de 28 de setembro
plantas dos caminheiros, lhe Caz mu da advertencia. O homem das
de 1885, libertando os escravos sexagenarios e tomando outras me- grandes audacias caminha sempre, a té que uma garganta, subita-
didas relativas ao elemento servil.
mente aberta, vomitando fumo, engole-o. Ainda neste momento su-
Em 1884, o ga?inete presidido por Souza Dantas apresentara premo, o herói não se trai por um grito, limita-se a levar as mãos á
u~ proJeto de lei clcsenvol vendo o fundo ele emancipação, pro!- cabeça, como unico testemunho da sua agonia silenciosa.
bm?o a venda de escravos dentro do pafs e fixando o limite Bela sepultura o vulcão; extraordinario destino do grande bra-
de Idade para escravi?ão. Caindo este gabinete, (oi substiutido
~e~o do s_enador ~ara1va q':'e apresentou novo projeto, 0 qual sileiro; até para morrer converteu-se em lava!
vew a ser convertido em le1 pelo Barão de Cotegipe. (José do Pat rocinio) .
152 SEGUND O IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 153

8." Uçiio
Declinio da monarquia
(conclusão)
R.esumo cronologico da s.a lição
Outros fatos vieram ainda dar mais vigor á questão 1886 1888
A quellfiio mi- militar. Em 1886, o coronel Cunha Matos e o tenen- O t e n e nte - coron el Se na M adu- E m 13 d e m a io, a bolição d a e:s -
lltar te-coronel Sena Madureira, defenderam-se pela im-
re!ra e o corone l C unh a Matos c r a v at u r a. - H.e grcsso do im-
são r e pr ee ndi dos p o r s e te r em perad o r .
prensa de ataques que lhes foram dirigidos por um deputado e um d e fendid o p e la. impre n sa sem
senador. Foram ambos repreendidos pelo mi- prévia lice n ça. 1889
nistro da guerra, conselheiro Alfredo Chaves. Em ja n e iro, <'xpe di ção de D eo-
1887 do r o ao Mato Grosso. - O vis-
A favor dêstes militares declararam-se o Manife sto d o M a r echal Deo- co nde d e Ouro P r e t o organiza
marechal Deodoro da Fonseca e o tenente-ge- doro e tene nte - ge n e r a l visconde u1n 1nini s t e ri o. e tn 7 d e junho .
neral visconde de Pelotas, que publicaram um de Pelota s. - Vi agem do i m- - Em 1 1 d e n ov e mbro es pa-
p e ,·ador e rege n cia de d. Izab el. lh ou - s e o b o a t o da prisão d <•
energico manifesto cont ra o govêrno (14 de Deod o r o e o u t r os.
maio de 1887).
~ O imperador havia seguido
Extfnçao da doente pa ra a Europa, deixan-
escravatura do a princesa imperial d. lza·
Leitura - O exército negro
bel, como regente do Imperio (1887) . Foi pouco antes de 13 de maio de 1888. Das fazendas do .inte-
A opinião pública manifestava-se cada vez rior de São Paulo tinham fugido em massa os escravos. O cahx da
mais favoravel á abolição da escravatura, no P rincesa D.• IzaiH,I
amargura tinha sldo exgotado até ás fézes. A raça ne~ra, depois
que o govêrno se achava tambem empenhado. de tantos seculos de sofrimento restgnado, revoltava-se enf1m ...
Nestas condições, formou-se o gabinete presidido pelo conselhei-
ro João Alfredo, que apresentou um projeto de libertação incondicio- Cada passo dado trazia um novo contingente á leva do deses-
nal e o converteu em lei no dia 13 de maio de 1888, no m eio de pêro, ao levante da dôr, ao exodo terrível do sofrimento. Vinham
grande regosijo popular. quasi nús, famintos, com os pés chagados pela estrada pedregosa.
E caminhavam . .. caminhavam. . . caminhavam, de dia e á
último minis- A abolição dos escravos veiu fortalecer muito o par- noite á luz do sol ou á luz das estrelas. E cantavam. Aquela me-
terfo tido republicano, que r ecebeu em toda a parte ade- lopé; tristissima, repassada da indizível melancolia _da~ musa_s afri-
sões em massa. canas, ecoava como um côro de gemidos no vasto selO !mpassJvel da
Tambem a questão militar agravava-se e o govêrno, aprovei- natureza.
tando o boato de uma guerra entre o Paraguai e a Bolívia, mandou E á noite, quando em silêncio desciam a serra negr a, sob o olhar
para Mato Grosso uma expedição comandada de fogo dos astros, os seus passos reboavam surdamente a terra,
pelo marechal Deodoro da l'onseca (janeiro como rumor de um oceano que se agita.
de 1889). E era um oceano, um rude oceano que se precipitara do alto da
O imperador, que vol- serra... oceano revoltado, para o qual já não havia diques. Já
tara da Europa em 22 de nenhum pensava no castigo, no vergalho, no trónco, na vingança dos
agosto de 1888, chamou o senhores. . . Dali, para a liberdade ou para a morte!
partido liberal ao poder, Foi no quilombo do Jabaf uára, em Santos, que o exército negro
encarregando o visconde de parou.
Ouro Preto da organização O quilombo era um baluarte da propaganda abolicionista.
do novo ministerio (7 de ju- AH, algumas almas justas e piedosas, tinham aberto um asilo
nho de 1889), cuja missão, para os desesperados do cativeiro. Alf - enquanto nas fazendas se
dizia-se, seria reagir contra castigava escravos, - dava-se aos foragidos pão e carinho, trabalho
o exército e as suas idéas e liberdade, cousôlo e instrução.
João Alfredo republicanas. Viscond e Quando o quilombo de Jabaguára recebeu esta última avalanche
Entretanto, era cada vez de Ouro Preto de negros fugidos, a propaganda estava perto da vitória. A alma
maior o excitamento de âni- brasileira se tinha levantado para protestar contra o crime secular
mos entre os militares, cujos chefes se reuniam diariamente no Clnb da escravidão. A raça negra ia ser Incorporada, no Brasil, á co-
llllitnr tratando da revolução. Tambem a propaganda republicana munhão social. Ia-se apagar da face da America a mancha de lodo
pela imr11·ensa e pela palavra crescia de norte a sul e Silva Jardim e sangue que a deshonrava. Pouco tempo depois da chegada ao Ja-
tinha o arrojo de seguir passo a passo o conde d'Eu em sua viagem baJuára, era promulga da a lei 13 de maio . .
pelas províncias do norte. Tal era a situação, quando, em 14 de no- Todos os asilados do quilombo sairam a cammho de Santos. Af,
1
vembro, espalhou-se o boato da ordem de prisão contra o marechal na igreja, perto do tumulo de José Bonifacio, ouviram sua primeira
Deodoro o o dr. Benjamin Constant, e da ordem de embarque de al- missa livre. E a igreja se encheu de um rumor prolongado de solu-
guns corpos. ços, - soluços de alivio, de esperança e de felicidade •..
Este boato fez precipitar os acontecimentos e antecipou a re-
volução . (Co!'lho Neto).
SEGUNDO IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 155
154

RECAPITU LAÇÃO Quadro de civilização - Seculo X I.X:


==~==-=~========== ÉPOCA DE D. JOÃO YT I
Reinado de D . P e dro l i subiu ao tro no e anistiou os r evo l- O estabel ecinw~to f1ã."" có rte portuguesa no Hi o de .Jan e iro muito
tosos. - Apesar disto, revo l taram-se S. Paulo e con tribu iu para o progresso d o BraRil. - ·" nherturn do" portos
d. Pedro ll Minas, que fora m pacificados p e lo barão de Caxias, d esenvo lv eu ex traorclinarianlentt~ o com(;rcio (-' at r ai u os <'a iH -
o qual foi e m seguida, nomeado pr esid e nte c co- t ais es tra nj eiros; a I.lber<lnde 11<> lndu,.trln d eurmin ou o es tab e le -
mandante das armas no Rio Grande do Sul. - Por cimento das vrimeiras fábricas no Tiio (l e .Janl'irn e São Paulo. -
1840 este t e mpo deu-s e em todo o imperio grand e agita- Naturalistas est ranj e iros ex ploram os sertõ es; ini ciou -~ e a co lo -
ção co ntra a In g laterra por causa do biil Aberdeen. ni za~ã o es lra nj e i1·a; (' l'earatn - sP as primeiras fazendas e nl São
Paulo, ond e o café foi sendo o ramo mais impol'tante; d esenvo lv e u-
se a Jndustria pastoril.
Os r ep ubli ca n os ti nham abandonado as suas po- Na ortle m intelectual, m o lh orou a instruçfto ~ I< menta r no Rio de
s icões de Viamão e marchado para a campanha, J a n e iro, estabe lec<' ram-se academias e escolas ~upe ri ore'>, al>riu - se
Pacificação ,,üando Cax ias ass umiu o co mando do exército u ma biblioteca púb lica, instalou - se a i mp rensa r é gia, donde sa!u
do Rio imp er ial. - E n tretanto r e unia-s e a constituinte a "Gaz e ta do Rio de .Jan e iro", primeiro JOrnal que vi u a luz no
Rio-Gra n dense, B e nto Gonça lves lia a sua prim ei ra Brasil. Na musica celebrizo u- se o padre José ::I Ia uric io.
Grande do Sul ''Fala" e e ntr egava o govi'rno a Vasconce los Jar-
dim. - O combate de lJonche V e rde e a aliança do 1- Él'OCA DE D. PEDRÕ I I
1 845 govêrno imperial co m o Estado Oriental c orta ram Fóra do regimen colo ni al, passou o Brasil a expandir-s e livr e-
os últimos r ec ursos elos r e pub licanos que foram mente. As e nttltnnla s -móres foram s ubstituídas pelas J>rovineiu8.
for ~:a do s a aceitar a paz. Ini ciou-se a fu n dação das co lonias a le mã>" de s. Leopoldo (Rio
Grand e do Su l ), S .•Joilo d'Ef Rei e i'lntn (S. Pau l o), S. Pedro de
Alcuutnra e No"" Itulin (Sa nta Catarina), Pctersdorff (Minas);
L evado p e las icl éas nati v istas, o Partido Lib e ral a ldearam-se os índios selvage n s . O e n s ino primaria foi completa-
Revolução •·evo l tou - se. Travar a m-s e d iv e r s os combates, até m e nte r efo rmado e ampliado; r e gularizou-se o e n sino ~ecundario;
praieira em qu e no a t aq u e ao R ec ife morre u o prin cipal ch efe e c r earam-se as facu ldades de direito de S. Paulo e Olinda, ins-
Pernambuco revolucionario, o d ep utad o Nunes Machado. - A tituiu- se a l i:scola <le Belas Ar tes.
Juta es mor eceu , sP bem que Pedro h •o continuasse A impre n sa, sobretudo, desenvolve u-se extraordinariam ente e e n-
co m suas fôrças a lu tar no inte rior da província, tre os p e ri odicos q u e m ais serviços prestaram ;, causa nacional,
1 848 por quas i dous anos, até ser prêso. n otan1-se: o "Reve:rbero Constitucio n a l F luminense", o "Tamoio"*
a "Aurora Flumin e nse" . Não apareceram n este p e rí odo grandes
escritores, po e tas ou p rosadores.
Oribe - protegido de Ro s a s, ditador de Bu e n os A politica abso rvia tuõo e os nomes notav eiR Hão: na e loqu e ncia
Guerra do Aires- cercara Montev idfl u e am e aça va as front e i- parl a tn e n tar - _\.nt.onlo Curlos 'le A utlr::td:t. Dernartlo , -:usconcc ' os,
Rosas ras brasil e iras, p e lo que o govêrno imp erial r e solv e u i'Jneiel .1\lontclro e muitos o utr os; no jorna li smo político - Cnnba
a uxiliar Riv e ra, presi d e nte oriental. Orib e viu-se Durhos a, G ou ~ a],'" eH Lélio. Evaris to dn Velgn e tantos m a is.
obrigado a l eva ntar o cêrco, a esquad ra forc;:ou a
1851 passagem d e Tone'ero e o e xército brasil ei ro der- I_ ÉP~CA D-:-\. REGENCIA I
r oto u Rosas, em Monte Caseros. l!Jsto c urto p e ríodo assinalou-se toõavia por se r viços '-.Iiosos
como: a c r e ação do Te souro Nacional e T e sourarias Pro \ lllCiais,
O naufragio d e uma barca inglesa na c o sta de- o estabelecime nto do juri, o n ovo codigo do proc esso criminal, a
crca~:ão das assemb léas pro\'inciais. - Coube á R e genC'ia sancio-
Questão s e rta do AI bardão. o desaparecimento da sua car-
n ar o ap li ca r a prim ei r a lei para r e p ressão do tráfico dos escravos
inglesa ga, a prisão, no Rio de Jan e iro, de oficiais ingl e - a const ru ção lia pr im ei ra estrada el e ferro, que d e via
ses e mbriagados e á paisana. d e terminaram o mi- e a utorizar
ni stro ingl ês a ordenar r e presalias co ntra o Brasil. ligar o Tiio de Jan eiro a ~\1inas e S. Pau l o. - Na ordem intelectual
r e formou-s e o e nsino superior. dese nvolv e u- se e li beralizou-s e a
1861 - A questão foi r eso l v ida por arbitragem e, pos-
impre n sa e foi creado o ln stituto Histórico e Geografico Brasileiro.
t eriorme nte, a Inglate rra deu satisfações ao Brasil.
I ~OCA DE D..:__ PEDRO II
Expedição R ec lamando e mba ld e contra violencias praticadas, "Tendo no comê c;:o do re in a do, segundo A. Celso, p ouco mais ou
contra a o govêrno brasil e iro fez invadir a Banda Oriental, menos 5 milhõ es de habitant es, dos qu ais 2 milh ões d e escravos,
onde reinava a guerra civil e ntre b'nneos c co o- 1 6 mil contos de r endas, 50 mil de produ ção total, sem estradas de
Banda .Oriental rados. Tom a nd o Salto e Paisanclú, os brasil e iros f e rro, - e m 1 889 ap r ese ntav a 14 milhões de h omens livres, 153 mil
inv es tiram c o ntra M o nt ev idé u e e ntregaram o go- contos d e r endas, mais d e 40 0 mil contos de comércio; linha mais
1864 vêt·no ao gen e ral Fl o r es . de 7.000 inn s. de es tradas d e fe r ro; os seus p ortos eram frequentados
anualment e por mais de 12.uOU embar·cações, das quais 6.000 d e
longo curso : comunicava-se com o r es to do mundo p e lo cabo sub-
A g u erra do Paraguai di v id e- s e e m três períodos. marino e ti n ha um a rêde telegrafica d e 10.775 l<m s. E ta l era a pros-
No p r im e iro , sob o com a ndo e m c h efe d e Mltre, peridad e que, em 1 875, o cambio chegava acu na do par (28 %)."
distingue-se a lmtn'ha nnvnl de Rlnchuelo, a rendl- AparPceram grand es nomes na política, nas ciências, nas artes
Guerra çilo de Urugunlnnn, a in vasão do P a raguai pelo e n a literat u ra, como: os marqueses d e O ' in d:t. tle Paranít, de Pnrn-
tio Pn SH O dn Pntrln, a b<~tn l h" de Tulutl, e o revés de nnguú ; viscondes de ltahoral, de Rio Dt·nnco ; conselheiros Sa-
Paraguai Curnt•nltt. N o seg und o , sob o comando d e Caxias, rnlvn, Jofio Alfre•lo e Bul'ào de Cotl'giiH' e muitos outros; e ntre os
o exér c ito c h ega vitorioso á Assun ção, d e pois das cientistas : Andr(, ltebouo:a s, 'l'eixelra de Frl'ltns, Clo•' is Uevlluqua ;
vitó ri as de Curututltl, Humnltú, lto oró, A'•nl, Lo- na oratoria sacra: i'Jonte A !Yern<> ; Ol'atoria política: Jo8é Uonifuelo,
1865-1870 •nas Valeuthuts e Angostnrn. No terc e iro, sob o o m oço, S i velra Mnrtins ; na poesia : C .us t r o Alv(•K, F.ugundes Vureln,
comando do conde d'Eu , d e pois d e varios comba- C nKe•niro de Abreu, Al,·ares d e Azevedo. Jun c)ncirn .Freire. Gon~nlves
t es, t e rmina a guerra com a morte de Lopez, no Dius e n1uitos outros; no romance: José de A l~n <·nr, Jonltuhu ftl. de
ataqu e de Cerro Corá. »~u.·t"do, Viseon de 'l'aun::ti ; no teatro: Joiio Caetano; na musi ca:
C.urlos GonU?H, } i"rnn <-isco 1\-la n oeJ : na eRculptura: J1'od olfo Berunr-
d t" U; na pintura: Vitor Itlcire tes, Pedro Atnerlco, e tc.
156 1!1-:l'L'DLICA. FEDERATIVA

Proclamação da Republica

},' Ji()ÜO 1889

E s palhado o boato da ordem de pnsao contra o marechal Deo-


doro e o tenente-coronel Benjamin Constant, a 2." brigada aquarte-
lada em S. Cristóvão, na noite de 14 de novembro, armou-se em
guerra e marchou para
a cidade. Benjamin Cons-
tant e o marechal Deo-
doro, avisados disso, vie-
ram colocar-se á frente
do movimento.
Todos os ministros,
com exceção do da ma-
rinha, que era o Barão
de Ladario, achavam-se
reunidos no ministerio
da guerra, em cujo pá-
tio formavam as fôrças
fieis ao govêrno.
O marechal Deodoro,
á t esta de sua coluna,
avançou até á frente do
ministerio e extendeu-a
em ordem de batalha.
Em poucos momentos
aproximava-se o carro do
Barão de Ladario, que
vinha reunir-se aos seus
colegas. Deodoro man-
da prendê-lo pelo tenen-
ce Adolfo Peiia. O Ba-
rão resiste e cal ferido
por uma descarga.
· Abre-se o portão
principal do ministerio e·
A proc lamaç ão da r. e p ub lica
Deodoro, á frente da co-
luna, penetra no pátio
onde estavam as fôrças do govêrno e é recebido com as continencias
que lhe são devidas, pois a guarnição fizera causa comum com os
revoltosos.
Estava triunfante a revolução. Os ministros, sem meios de re-
sistencia e recebendo, pelo tenente-coronel João Teles, a intimação
de renderem-se á discrição, telegrafaram ao imperador que estava em
Petropolis, apresentando-lhe a sua demissão.
Desfilaram as tropas pelas ruas principais da cidade, entre acla-
mações.
De tarde, a Camara Municipal reuniu-se e José do PatrocJ•fo
levou a Deodoro uma mensagem declarando que o povo tinha pro-
Ban de ira e a r mas da Republica
1S8:! I
clamado a Republica e pedia o apôio do exército e da armada.
Instituiu-se um govêrno provisorio e este decretou como fónna
de govêrno da nação brasileira a Re)mblica Federativa, com o nome
de Estados Unidos do Brasn.
l 1
REPUBLICA FEDERATIVA 157

Leitura - A conspiração

Deodoro hesitava e havia muito tempo que o conciliabulo pros-


seguia sem que êle proferisse a palavra definitiva, se encabeçaria
ou não o movimento para proclamar a Republica. Na sua opinião,
a questão era simplesmente militar e bastava ao exército derrubar
o ministerio.
Devia haver uma grande fé no valor daquele homem, conside-
rado assim o arbitro da situação, para ser disputada com tal insis-
tencia, naquele momento, a cooperação da sua espada. Parecia que
sõ êle poderia conduzir á vitória; que êle era antes uma bandeira,
um s inal de triunfo, que um homem para ir combater. Atirado
num sofá . envolto num chambre, sem poder vestir-se, o peito arfava
nas ânsias de dispnéa horrível, que ás vezes o privava de falar.
Aquela vida poderia fugir de repente ou, pelo menos, aquele braço
t r em er por ins tantes, incapaz de comandar; dir-se-ia, porém, que
enqua nto luzisse aquele olhar e aquele perfil dominador passasse
a nte os soldados, correria nas fileiras o fremito ele uma sedução
i rresistivel e ninguem deixaria de seguí-lo.
Mais que outrem, Benjamin Consta nt assim pensava. Por maior
·que fõsse a sua confiança nos elementos agremiados, sentia que
o gol pe e ra incerto; era preciso uma grande auda cia e sobretudo
um gr a n de prestígio diante da tropa para arcar contra sessenta e
sete anos de tra dições monarquicas e quasi cincoenta anos de rei-
nado. P o r maior que fôsse entre os oficiais a irritação cv ntra o
roinist erio, por menos forte que parecessem as probabilidades da
s ucessão dinastica, conferida a uma princesa, com tudo êle cal-
c ulava q uanto custaria decidir todo o exército e toda a marinha a
se entr egarem inteiramente ao comando de um chefe revoltado.
Se fõsse impossível evitar a luta, hipotese que entrava muito nos
cálculos , a capacidade e a influência do comandante subiriam ele
pon to.
Benjamin Constant tinha muito bom senso, estava acostumado a
raciocinar e er a fundamentalm ente calmo. Por maior que fôsse no
momento a sua exaltação revolucionaria, êle não se podia enganar
quanto ao conhecimento dos homens e avaliava na medida justa o
valor decisivo dos predicados que sõ em Deodoro julgava encontrar;
hem sabia que não bastava agitar, reunir em tõrno do seu nome de-
voções e esperanças, encarnar princípios, representar ideais. Na-
quele instante era indispensavel um a espada numa mão acostuma-
da a comandar e vencer. Benjamin Constant não desesperava. Em-
bora a palavr a não lhe fõss e ha bitualmente viva, teve de repente
um ver dadeiro rasgo de eloquencia, exortando Deodoro e concitan-
do-o a pr oclamar a republica. Quando êle se calou, disse o mare-

• - H . B.
158 REPUBLICA F EDERATIVA REPUBLICA F EDERATIVA 159
chal pausadamente: "Eu queria a companhar o caixão do imperador,
que está velho e a quem respeito multo." Depois acrescentou,
passando e repassando o dorso de uma mão contra a palma. da
outra :
"Êle assim o quer, fa çamos a r epublica. Benjamin e eu cuida-
remos da ação militar ; o Sr. Quintino e os seus amigos organizem
G resto. "

Todos entreviram um sinal de vitória e já então se começou a


falar de govêrno novo, como se ela fôsse certa.
(Tobias Mo nt eiro').

Marechal Deodoro Campus Sales A ri sti des L obo

Benjamin Constant Quintino


Bocaiuva

Demetrio Ribei r o Dr. Rui Barbosa Wandenko l k


REPUBLICA FEDERATIVA 161

] 60 UErUBLICA FEDEl1.\TIYA Leitura -Uma noite historlca

Govêrno provisorio O profundo sil êncio do lugar pareceu fazer-se maior, nessa oca-
i
I
sião, como se a noite compreendesse que se ia, ali mesmo, em poucos
momentos, estra ngular a última hora de um reinado.
!
!2: lição A tranquiliclade que havia era lugubre. Ouvia-se, com certo es-
1889-1891
tremecimento, o barulho elo morder elos freios dos corseis de cava-
! laria em recantos afastados. Frouxamente cla-
I
readas pela iluminação urbana, as casas ao re-
O govêrno provisorio constitu ído pelo exército e armada em dor do largo, os edificios publicos pareciam ador-
mecidos. Nenhuma luz nas janelas, a não ser
'nome da nação, teve por chefe o marechal Deodoro da Fonseca que nos ultimos andares de uma casa de saúde.
!escolheu para seus ministros o dr. Benjamin Constant HoteUto de
Apesar disso, que se acreditaria indicava com-
'
.Magalhães, almirante Eduardo "\Vamlenkolk, dr . .Rui Barbosa, dr. }ta- pleta ausencia de espectadores para a cena que
:noel Ferraz de Campos Sales, dr . .\ristldes Silveira Lobo, Quintino se ia passar, algumas janelas abertas apareciam
como retabulos negros, nas mais altas sacadas, e
!Bocaiuva e dr. Demetrio Ribeiro. percebia-se uma agitação fa cil de reconhecer nos
I peito ris esc uros ...
I O novo govêrno publicou logo um manifesto á Nação, explica nd o D. Pedro II
em 1889
A's três horas da madrugada, menos alguns
los acontecimentos e, no dia imediato (16 ), dirigiu uma mens·a gem ao minutos, entrou pela praça um rumor de carrua-
I
imperador intimando-o a cl ei:-.a r o país eom toda n família i111!)erial, no gem . Para as bandas do paço houve um ruidoso tumulto de armas
I e cavalos. As patrulhas que passeavam de ronda, retiraram-se to-
;praso de 24 horas. das a ocupar as entradas do largo, pelo meio do qual, ;ttravés das
árvor es, iluminando sinistramente a solidão, perfilavam se os postes
No mesmo dia teve lugar a posse solene do govêrno pela Ca- melancolicos elos lampeões de gás. Aparecia, então, o prestito dos
exilados .
?nara MunicipaL
Nada mais triste. Um coche negro, puxado a passo por do is
Na madrugada de 17, cumprindo a intima ção, o imperador em- cavalos, que se adiantavam de cabeça baixa. como se dormissem
barcou no paquete Alagôas. qu e, comboiado pelo encour açado Rin- andando. A' frente, duas senhoras de negro, a pé, cobertas ele véus,
como a buscar caminho para o tris te veiculo.
chuelo, o conduziu para Europa. Prosseguiu o govêruo provisorio
Fechando a marcha, um grupo de cavaleiros, que a perspectiva
na organização da Republi ca - a 19 instituiu a nova bandeira, a 21 noturna detalhava em negro perfil. Divisavam-se vagamente, sôbre
;con vocou um a assembléa co nstituinte para 15 de novemb ro seguinte o grupo, os penachos vermelhos das barretinas de cavalaria. O
yagaroso comboio atravessou, em linha r éta, do paço em (!i reção
' e adoto u o sufragio universal )Jara a sua eleição, a 14 de dezembro
ao mõlhe do cáis Pbaroux. Ao aproximar-se do cáis, apresenta-
decretou a grande naturalização. a 7 de janeiro do a no seguinte pro- ram-se alguns militares a cavalo, que formaram em caminho. E '
·moveu a separação do Estado e da Ig rej a e, a 24 decretou o casa- aqui o embarque? perguntou timidamente uma das senhoras de
preto, aos militares. O cava leiro, que parecia um oficial, respon-
mento civiL deu com um gesto largo de braços e uma atenciosa inclinação do
corpo. Por meio dos lampeões que ladeiam a entrada do mõlhe
Entretanto, tinham sur:2;ido sérias divergencias no seio do go- passaram as senhoras. Seguiu-se o coche fechado. Quasi na extre-
midade do mõlhe, o carro parou, e o Sr. D. Pedro de Alcantara
vêrno provisorio, motivada~ por alguns atos praticados pelo seu apeou-se - um vulto indistinto entre outros vultos distantes .:_
chefe. Benjamin Constant. gravemente enfermo, pedira demissão no para pisar, pela últim a vez, a terra da patria. Do posto de observa-
ção em que nos achavamos, com dificuldade, ainda mais, da noite
dia 18 de janeiro, e falecera no dia 22. Os outros ministros apresen~ escura, não podemos distinguir a cena do embarque.
•taram, tambem, a sua re núncia coletiva no dia 20. A 21. era orga!.
Foi rapido, entr etanto. Dentro de poucos minutos ouvia-se um
nizado o novo minister io chefiado pelo barão ele Lucena. A ligeiro apito, ecoava no mar o rumor igual da helice da lancha,
1
Constituin te, que se reunira na época fixada, promu lgada a reaparecia o clarão da iluminação interior do barco; · e sem que se
pudesse disting uir nem um só dos passageiros, a toda fôrÇa de vapor.
constituição, escolheu para presidente da Republi ca o marechal o ruído da belice e o clarão Yermelho afastavam-se da terra.
Deodoro da Fonseca e para vice-presidente o marechal Floriano (nau l Pompc•la).
Peixoto.
162 REPUBLICA FEDERATIVA REPUBLICA FEDERATIVA. 163

1.o periodo presidencial Leitura - A renúncia de Deodoro

Neste momento já tinham chegado noticias de que rebentara a


3." lição l SDl-1894 revolução no Rio Grande, sendo então resolvido que o almirante
Foster Vidal seguisse para Montevidéu em missão que se prendia a
esse acontecimento. Para substituí-lo, lavrou-se decreto nomeando
Govêrno de No seio da Constituinte, a eleição de Deodoro encon- Saldanha da Gama. Chegando ao Itamaratí para ser empossado DD
Deodoro trara forte oposição. No Congresso Nacional, aber- cargo, ponderou esse almirante que, em semelhante conjuntura, os
to em 15 de julho de 1891, os oposicionistas esta- seus serviços seriam mais profícuos como chefe do estado-maior.
vam em maioria e elegeram para presidi-lo o chefe da oposição, que Prevaleceu a sua opinião, continuando a pasta com o Sr. Foster
era Bernardino de Cam}lOS. Vidal.
G Aconselhado por seus ministros, Deodoro decretou a Já os operarias da estrada de ferro central se tinham decla-
~~~d:e dissolução do Congresso (5 de novembro), e publi- rado em parede. Essa notícia, porém, só chegou ao conhecimento do
cou um manifesto justificativo de seu ato. Sr. Lucena ás duas horas da tarde; já eram quatro horas dadas
Desenvolveu-se forte reação nos Estados. No porto do Rio de quando lhe foi possivel ir á estação central providenciar acêrca de
Janeiro revoltou-se a armada nacional (23 de novembro), sob o assu.nto tão grave, substituindo o diretor. Quando voltou ao Ita-
comando d<t contra-almirante Custodio José de maratí, Deodoro participou-lhe que havia ordenado a prisão de
Melo e intimou a deposição do govêrno. Wandenkolk e Bocaiuva. Os navios de guerra surtos no pprto ti-
Deodoro não quis alimentar a guerra civil, e nham sido tomados pelo almirante Melo e seus amigos. Fazia-se
no mesmo dia passou o govêrno ao seu substi- noite e desde então o Sr. Lucena não arredou pé do palacio. O seu
tuto legal Floriano Peixoto. primeiro cuidado foi acautelar a Armação, pois o haviam informado
de que os navios estavam desprovidos de munição. Imediatame11te
Govêrno de Deu-se então, de norte a sul, a telegrafou nesse sentido para Niterof ao governador Portela.
Floriano deposição dos governadores que Um acidente fatal veiu ainda complicar a situação. A' meia
tinham concordado com o golpe noite o general Deodoro teve uma dispnêa horrível, d~pois da qual
de Estado e o furacão revolucionaria desenca- adormeceu. O seu estado de saúde continuava a ser muito grave.
deou-se no país. No dia 15, fõra preciso ajudá-lo a montar e apear do cavalo, sacri-
Em 16 de janeiro de 1892, o 2.• sargento Sil· fício a que timbrou em sujeitar-se, poraue tinha recebido aviso do
vino de ~Incedo, revoltou a guarnição da fortale- ministro em Paris, o Sr. Piza, de que nesse dia, caso se expusesse,
za de !'!anta Cruz com o fim de obrigar Floriano a Marechal seria assassinado por anarquistas estranjeiros, acoitados no Rio
abandonar o govêrno. mas foi logo vencido. l"loriano Peixoto para esse fim.
Seguiu-se o manifesto dos 13 generais (6 de
abril) exigindo a eleição de novo presidente. A reforma tle alguns Enquanto o general dormia, Saldanha telefonou, pedindo um
dos signatarios, e a deportação de outros para as fronteiras do batalhão de infantaria para tomar de abordagem um dos navios re-
norte foi o fim desta sedição (16 de abril). voltosos. O Sr. Lucena incumbiu um ajudante de ordens de transmi-
Por este tempo dous partidos disputavam o poder no Rio Grande tir a Frota a requisição de Saldanha.
do Sul, que ficara com dous presidentes: o dr. JnUo de Castllhos, Aquele, porém, respondeu que só a atenderia se recebesse or-
na capital; o general SHvn 'ravarN;, em Bagé. dem direta do presidente da Republica. O Sr. Lucena mandou
O dr. Barros Cassai, apoiado pela canhonei- então dizer-lhe que o presidente dormia e não havia tempo a perder.
ra ~larajó, tentou embalde depôr o govêrno na O ministro da guerra continuou a resistir e veiu em pessoa ao pa-
capital. lacio para o declarar. Viu-se ai forçado o Sr. Lucena a pedir ao
Na campanha foram se repetindo as lutas, até almirante que esperasse.
que invadiram o Estado fôrças de Gumei·cindo
Saraha e Vasco Martins (11 de fevereiro de 1893). Só ás 6 horas da manhã o general despertou.
a que logo se juntaram as de Silv11 Tava1res e do "Porque não me acordou?" foram as suas palavras, quando o
coronel Snlgado. Sr. Lucena lhe narrou o ocorrido.
Vencidas em Inhanduí (5 de maio), e em Upa·
marotí, pela Divisão do Norte ao mando dos ge- "Não tive coragem, depois da sua dispnéa", respondeu o minis-
Dr. Julio de nerais Rodrigues Lima e Pinheiro ~Inchado, estas tro. Sem demora, Deodoro foi ao telefone, falou para todas as for-
Castilhos fôrças internaram-se no Estado Oriental, ficando talezas, para a ilha das Cobras e deu-lhes ordens terminantes de
em campo sómente Gumercindo Saraiva. resistencia; depois abriu tranquilamente uma gaveta, tirou um re-
vólver e carregou-o, dizendo:
Com a notícia da revólta da armada no Rio de Janeiro, a revo-
lução tomou novo vigôr. Gumercindo e Salgado encaminharam-se '"Só entrarão aqui sôbre o meu cada ver."
para o norte afim de se unirem aos revolucionarias e Sllva Taval'es Confessa o Sr. Lucena que esta cena o abalou.
ocupou Quaraím, travou o combate do Rio Negro e iniciou o cêrco
de Bagé, heroicamente defendido pelo general Carlos Teles. (Tobias Monteiro).
REPUBLIC A FEDER ATIVA 165
164 HEPUBLIC A FEDEI!ATI VA

1.o per iodo presidenc ial Resumo cronolog iço da 1.", 2." e 3.a. lições
r1uadra c renúncia de Deodoro
1 88 9 (23 dt novembro).
s.• Hc:ií o (concl usão) 15 de nov embro, proclamaçã o
da Republica; 17, embarque da 1 8 92
familia imperial; 19, instituição nevúlta da FortalPZa de Santa
R A antipatia entre o exército e armada nacional de-
' lta d 8 da nova bandeira; 21, convoca- Cruz (16 de janeiro). -- Mani-
evo terminara a revólta desta no porto do Rio de Janei- ção da constituinte . fef.tO dos 13 generais (G de
Armad a 1890 abril) .
ro, no dia 6 de setembro de
1893, sob o comando do a lmirante Cns todJo 7 de janeiro, separação da 1 8 93
Igreja do Estado; 21, organiza- J nvasão tlO>; federalistas no
José de ::llelo. Os revoltosos, que mantinham ção do novo ministerio; 24. tle- Jtio 01·ancle do f'ul (ll de feve-
quasi diariament e o bombardeio contra as for- cretaçii.o do casam ento civil; 24 reiro). - Itevólta da Armada
talezas e a cidade do Rio de Janeiro, afim de de fevereiro, promulgaçã o da Kacional no Rio de Janeirn (H
Constituiçã o; eleição de Deodoro ele setembro) .
serem reconhecido s como beligerante s, envia- para preside nte da Hepublica e
ram á Santa Catarina uma divisão de três na- 1e Floriano para vi ce-presiden te.
1 8 94
Reatamento das relações cum
viós ás ordens do capitão de mar e guerra F r e. 1891 Portugal (16 ele março). l~t'-
de rJco Guilherme de Lor en a, que estabeleceu Dissolu ção do Congresso (5 de vólta ela Escola Mi litar.
um govêrno !Jrovisorio na cidade do Desten·o novembro). - R e v.;,ó~lt=a~d;;a~,;e~s;.,-=~==========~
e entrou em comunicaçã o com os federalistas . Leitul'a - Durante o bomlJarde io
Com efeito, estes tinham já atravessado o
Rio Grande do Sul e Santa Catarina e esta- O "Aquidaban ", de bandeira vermelha ao calcês do mastro gran-
vam no Paraná. Saldanha da Gam a de, os mastaréos de gaveas e joanetes arriados, o pavilhão naciona l
No porto do Rio de Janeiro continuava a arvorado á mezena na sua primitiva armação de fragata, rompia a
revólta que agora contava com a adesão do al- avançada e já ganhava a altura de Willegaign on, mas numa marcha
mirante SaldaJllta da Gama, sob cu jo coman- ron ceira, de "carroça", como se diz no mar, dos navios lentos q ue
do os revoluciona rios sofreram os revezes da an dam pouco ou quasi nada. E não andava senão á razão de uma
111m tl o Governado r (onde morreu o general milha por hora, pois estava com as máquinas e caldeiras estragadas.
João 'J'eles), Moncangnê Grande e de Niter oí. Tinha, entretanto, um aspecto soberbo, aterrador, no seu longo e
Entretanto , o govêrno do marechal Floria- amplo costado couraçado ao lume d'agua e todo pintado a negr o,
no armara uma esquadra ás ordens do almiran- com as superstruc turas brancas, a grossa e alta chaminé corõada
te Jeronbno Gonçalves, a cuja aproximaçã o os por c urvo penacho de fumo espiralando no ar. De vez em quando,
revoltosos abandonara m seus postos e asila- do reduto de prõa jorrava um relampago escarlate, um vomito de
ram-se a bordo da corveta portuguesa Mindelo névoa alva que ondulava e se abria entre os mastros, seguido de urn
que os conduziu para fóra do pais, o que de- ribombo de trovão atroando as vagas.
terminou o govêrno brasileiro a romper as Após o "Aqui.d aban" vinha o "Trajano'', o elegante c r tzador de
relações uip lomaticas com Portugal. madeira, que é um modêlo de co nstrução naval. Manobrava com
custodio de Melo No Paraná, apenas La pa, sob o comando precisão oferecendo ás vezes, em inimitado arrojo, o costado inteiro
do coronel Car neiro, resistia heroicamen te ás hata,; que lhe jogavam contínuame nte as fortalezas da barra. Mas
aos revoluciona rios, mas em breve rendeu-se. as suas peças de 70, alvejando-a s sempre, não cessavam de lhes
arremessar ás muralhas balas razas e granadas.
O almirante Cn stodio de l'lf el o quis ainda tentar a O "Republica ", llm pequeno mas excelente cruzador, então o
R evolução ie· tomada. da cidade do Rio Grande. Repelido, dirigiu- mais moderno navio da esquadra, chegado havia pouco da Europa
derallsta se para a Republica Argentina, a com o •· Tiradentes " nessa ocasião em Montevidéu, evoluía á reta-
cujo govêrno entregou os navios ás suas ordens. guar da do "Aquidaban " e na mesma linha do "Trajano", a zombar
A' vista dêstes revezes, Gmnerclnd o Saraiva continuame nte, como este, do poder das fo r talezas da barra. Os seus
viu-se obrigado a operar a retirada. Sempre acos- canhões d'alma longa e grande alcance faziam frequen tes disparos.
sado pela Dhisão do Norte, o chefe revoluciona r io E o seu comandante , um jovem capitão-ten ente rio-granden se, de
travou os combates de Ba rracã o, do arroio ForquJ. u ma bravura e ardor med ievais, fam oso e m uito popular nessa épo-
1ba, do Passo l' un do, até ser mortalmen te ferido em ca pela façanha que praticara, meses a n tes, bombardean do Porto
Carol'Í (10 de agosto de 1894). Alegre contra o govêrno de Castil hos a bordo da canhoneira "Mara-
Entretanto , a situação política do Brasil so- jó " - tais habilidades de guerra e de naut ica desenvolvia com o seu
f r era grande mudança. ligeiro navio, enfrentand o incólume os po ntos mais ex postos e pe-
Gumercindo r igosos, que dir-se-ia andar em alguma experiencia ou exer cício de
• Realizada a eleição presiden- Saraiva fogo pelas aguas de Guanabara.
Fim do gover- cial, tinham sido escolhidos Então o populacho que se apinhava no cáis por trás da g ua r -
no de Floriano para a pr esidencia e vice-presid encia da Republica da n acional, tomado de arrebatame nto e de ju bilo, batia fre netica-
os dr s. Pru dente José de Morais Barros e Manoel Vitorino Pe- m ente as palmas e saudava o denodado marujo em r uidosa acla-
reira, aos quais o marechal Floriano entregou o govêrno em 15 de m ação. (Yirgilio Yar:wa).
n ove m b t~o de 1894.
REPUBLICA FEDERATIVA 167
166 REPUBLICA FEDERATIVA

2.o periodo presidencial Leitura - Dita da Trindade

Tem a ilha da Trindade três milhas de extensão e seis de cir-


4." ll~iío 1894-1898 cunferencia, mais ou menos, e acha-se situada a 1.113 quilometros
da costa br!-sileira, na altura do Estado do Espírito Santo.
E' toda montanhosa e dificilmente acessível, em consequencia
Rela~ões Mensageiro da paz, o Dr. Prudente deu logo ini- de ser o mar muito agitado, quebrando-se de encontro ás grandes e
cio á nobre missão de seu govêrno. O seu pri- escarpadas rochas.
dJplomaticas meiro cuidado foi o reatamento das relações di-
plomaticas com Portugal (16 de março de 1894), mediante os Si bem que deshabitada, assegura-se que não é esteril, pois os
bons oficios da Inglaterra. ingleses, que a ocuparam em 1782, ao evacuarem-na no ano seguin-
te, por imposição do Govêrno Português, deixaram plantações de
milho, feijão, legumes e hortaliças.
Revólta da O espírito de rebeldia não estava, porém, extinto
Escola )[Jlltar no país. Assim, os alunos da Escola Militar do Rio E essa primeira tentativa de estabelecimento inglês na ilha da
de Janeiro revoltavam-se contra uma ordem dada Trindade leva-nos a falar-vos de uma segunda ocupação em 1895,
pelo ministro da guerra. Houve necessidade de empregar a fôrça que deu ensejo a uma fri sante manifestação de dignidade do povo
para submetê-los, sendo muitos dêles distribuídos pelos corpos do brasileiro, na defesa do seu direito.
exército (25 de maio). Ora, sob o fundamento da primitiva ocupação, ora procurando
apoiar-se na circunstaucia de ser deshabitada, pretenderam os in-
.P aclffca(io Tambem ao sul, se bem que enfraquecida, continuava gleses manter-se de posse da ilha, onde arvoraram seu pavilhão, em
do Rio Grande ainda a revolução federalista. Com a morte de Gu- janeiro de 1895, do que só teve conhecimento nosso Govêrno em
mercindo, as fôrças revolucionarias tinham passado julho do mesmo ano.
ao comando de AparJcJo Snralva e de Saldaulta da Gama. Este Em face da evidente demonstração de nossos direitos sôbre a
perdera a vida no combate de Campo Osorio (24 de junho), de modo ilha disputada, sentiu-se a Inglaterra em uma posição difícil e pro-
que foi facil ao govêrno firmar a paz por intermedio do general curou uma saída, pro-
Galvão de Queiróz, em 23 de agosto de 1895. pondo ao Govêrno Brasi-
leiro o recurso do arbi-
Dlla Resolvidas as pendencias internas, viu-se o govêrno tramento.
da Trindade a braços com algumas questões internacionais. Este recusou-o termi-
Em junho chegou ao seu conhecimento que, desde nantemente, declarando,
janeiro de 1895, achavam-se os ingleses ocupando as)lhas de Trin- que os direitos do Bra-
drnde e llartim Va11.., que demoram ao léste do Espírito Santo, e onde sil eram tão palpitantes
pretendiam estabelecer uma estação telegrafica e depósito de que a Nação não poderia
carvão. convir em um julgamen-
Feito o protesto e iniciada a discussão diplomatica,. intervindo to estranho sôbre a pro-
com seus bons oficios o govêrno de Portugal, foi pela Inglaterra priedade de um terri-
reconhecido definitiva- torio reconhecidamente
mente o direito do Bra- nosso.
sil (5 de agosto de Em tais circnnstan-
1896). cias, diante de nossa ai-
• Tambem Ilha da Trindade tiva e digna atitude, a
Questão ao govêr-
de MJssiies Inglaterra, cada vez em
no do Dr. posição mais falsa, procurava naturalmente o meio de entregar a
Prudente de Morais cou- ilha, sem quebra de seu prestígio. Deu-se então a mediação oficiosa
be vêr decidida, con- de Portugal, que nosso Govêrno resolveu aceitar.
forme as pretenções do Com efeito, no dia 5 de agosto, recebíamos do Ministro portu-
Brasil, a secular ques- guês no Rio de Janeii'O uma nota.
tão do territorio das
Missões que fôra su- E por nota de 21 de agosto, informava-nos a seu turno o Minis-
jeita ao juizo arbitral tro inglês que, de acôrdo com as instruções recebidas de Londres,
do presidente dos Es- o navio "Banacouta" iria á ilha da Trindade "afim de proceder as
formalidades concernentes á remoção dos sinais de ocupação da-
tados Unidos e tivera
por advogado o habil quela ilha."
diplomata dr. José Ma· Em seguida, resolveu o Govêrno Brasileiro, para evitar futuros
ria da Sllva Paranhos, incidentes, deixar ali berp assinalada a soberania nacional.
barão do Rio Branco (5
de fevereiro de 1895).
'-------------------..J (Virgílio Cardoso).
TIEPUBf,ICA Fl'.:DERATIVA
168
REPUBLICA l!'EDETIATIV A 169
2." periodo presidencial
4." Uc;iio (conclusão) Resumo cronologico da 4." lição
Desde 1894 andava pelos sertões da Baía o cea-
de Gc::U~os rense Anto nio Vicente :.Uendes :Maciel, um maníaco 1894 1 8 96
0'> ingleses a iJandonam a ilha
religioso, conhecido pelo nome de Antonio Conse- J nvasào feclerali~ta no Paraná ela Trindade que ocupavam eles-
lheiro, o qual afinal se estabeleceu no arraial de Canudos e cercou- (ll de fe ver eiro) . - Fim dare- de jan eiro (5 de agosto) . - 1."
se de gran de número de jugun ços. Yólta da Armada (13 de março). exp<>clição a Canudos (12 rle no-
O govêrno temeu-se daquela reunião de fanaticos, tentou dis- - Combate de Carovf e m or te vembro).
solvê-los por meios brandos. e, não o con- de Gumercindo Saraiva (10 de 1 8 97
agos to) . - Fim do govêrno ele
seguindo , resolveu empregar a fôrça. Floriano (15 ele nov embro). Fim da campanha ele Canudos
Em 12 de novembro de 1896 seguiu (5 el e outubro).- Atentaclo con-
a 1." expedição composta de 100 praças
1895 tra a viela elo presidente da Re-
o pr··s idente rlos Estados Uni- publica (5 ele novembro) .
e comandada pelo tenen- rios deride a favor do Brasil a
questão de Missões (5 de feve-
1898
te Pires F erreira, a qual Fim do g·ovêrno do Dr. Pru-
foi logo derrotada. reiro). - Pacificação do Rio rlente de ~1orais.
Grand•' do Sul (23 de agosto).
A 2. • expedição, de ==================
450 homens, ás ordens Leitur a - Bloqueio de Canudos
do major Febronio de Nesses interva los desaparecia o arraial. Desaparecia in teira-
Brito, não foi mais feliz.
Após um combate encar- mente a casaria. Diante dos espectadores se estendia, lisa e pa r da-
centa, a imp r imadur a, sem
niçado, verificou a supe- relêvos, do fumo.
rioridade elo inimigo e Porque a ação se delon-
operou a retirada (janei- :nr. M. \'ito- gava. Delon gava-se anor-
Prud c nt e de Morais r o de 1897 ). ri no
mal, sem o intermitir das
Seguiu-se a grande expedição de 1.200 homem; <las três armas, descargas intervaladas, o
ao mando do co r onel Anto nio )lor e ira {'esur . Em An11:icos den-se o tiroteio cerrado e vivo, cr e-
encontro com os fanaticos, ele que resultou pitando num estrepitar es-
a morte elo comandante ) I oreira Cesur e o tridulo de tabocas, estou-
completo desbarato ele sua fôrça ( 4 ele rando nos taquarais em fo-
março). go. De sorte que po1· ve-
Este desastre provocou grande agitação zes pairava no ânimo dos
no país e o govêrno mandou preparar uma que o escutavam, ansios os,
expedição ele 7.000 homens, sob o comando o pensamento de UJ"la sor-
do general .\rttu· o~CIIl' tl e Andr!lde Guima - tida feliz dos sertanejos,
r ães. Depois ele lutar com numerosas difi- saindo pelas tranqueiras
culdades e de perder grande ni.'tmero de sol- despedaçadas do norte. Os
dados, pôde a expedição dirigir o ataque de- écos dos estampidos, va-
finitivo contra o arraial de Canudos e arra- riando de rumos, torcidos
sá-lo, graças aos reforços trazidos pelo mi- em ricochetes pelos flancos
nistro da guerra, general )Iacluul o de lUten- das colinas, subindo de in-
cou rt, qu e se transportara para o teatro ela Carlos :\1apa de canudos tensidade no nevoeiro com-
guerra 1\Iaehndo Biten<'ourt
Enquanto se desenrolavam estes fatos ao norte, o ll a(· lo. desviavam-se.
F im Dr. Prudente de Morais era acometido de grave Estalavam-lhes per-
do Govêrno en[ermidade (10 de novembro de 1896) e passava o to, á direita e á reta-
exercício do cargo de presidente ao vice-presidente, Dr. Manoel Vi- guarda, dando a ilu-
torino, que nêle permaneceu até 4 de março de 1897. são de um ataque do
Em 5 de novembro dêste mesmo ano, dirigia-se o presidente ela inimigo escapo e pre-
Republica para o arsenal de guerra, afim de receber as tropas que cipitando-se, em tro -
vo ltavam de Canud os, quan do foi inopinadamente agredido pelo a n spe- pel. num revide ines-
çada do exército Marcelino Bispo de Melo. · perado . Trocavam-se
O mi n istro da guerra, marecha l Garl os Machado de Biten cour t, ordens acaloradas.
correu em socorro do presidente e foi gravemente ferido, morrendo Formavam- se os
quasi em segui da. ' corpo!" da reserva. Cru-
Descobriu-se q ue o crime obedecia a uma cons.9i1'ação contra o zavam-se inquirições
govêrn o, estabelecendo-se logo o estado de sitio e promovendo-se a comovidas ...
prisão de a lguns dos implicados nos su cessos. Ouvia-se, porém,
O Dr. Prudente de Mo r ais conservou-se ainda no poder até o fim longínquo, um ressoar Arraial de Canudos
do seu qui nq uenio, em 15 de novembro ele 1898. de brados e vivas. Uma _ .
lufada corria. em sulco largo e limpido, pela cerraçao dentro,. canah-
z·lcla talhando-a de meio a meio, desvendando de novo odacenano.
Cunha) .
· '' (Eucliôes
REPUBLICA FEDERATIVA REPUBLICA FEDERATIVA 171
170

3.o periodo presidencial R.esumo cronologico da s.a lição


:;.• IJ!lio 1898-1902 1898 visita,
Sales.
" presid 0 tlt t' Campos
Em 15 de novembro - posse
do dr. Campos Sales. 1900
Em 15 de novembro de 1898 foram solenemente empossados de 1 899 1.• •l c dezembro - lau:lo do
prcsiflentt· ela Suissa , decidindo
seus cargos o presidente da Republica Dr. Manoel }'erraz Campos Em 6 de agosto - chega ao a favor do Bra><il a n.ue;;tii.o do
Sales e o vice-presidente Dr. }'rancisco de AssJ& Rosa e Siha. Rio de Jan e iro, em visita ao Amapá.
Brasil, o presidente argentino,
Era programa do novo govêrno a restauração das finanças brasi- general Julio Roca. 19 01
leiras, sêriamente comprometidas pelas lutas dos ultimos tempos. 19 00 Em 6 ele dezembr<> - é sub-
metido ao arbitram~nl'> dL> rei
Em 17 d e outubro- parte pa- da Italia a questão de li.ni, •s
Coube ao novo presidente receber a visita do general Julio Roca, ra Buenos Aires, a r e tribuir a com a Guiana Inglesa.
presidente da Republica Argentina,
o qual foi carinhosamente acolhido
pelo govêrno e pelo povo (6 de Leitura - A questão do Amapá
agosto de 1899) .
Esta visita foi retribuída, em Os franceses conseguiram fixar -se na vizinhança do domínio
17 de outubro do ano seguinte, português e, na ilha de Caie na, fundaram uma colonia l1664), que,
pelo dr. Campos Sales, que tam- pertencente á companhia francesa de comêrcio das Indias ocidentais,
bem teve, em Buenos Aires, as logo dez anos depois passou ao domínio da corôa de França (1694) ;
maiores demonstrações de afeto. os aventureiros franceses de Caiena foram expandindo o seu cr>mêr-
Durante a sua ausencia (17 de cio até aquem do Cabo do Norte e tentaram por vezes, não sem êxito,
outubro - 8 de novembro) exer- navegar pelo rio Amazonas contra a resistencia das autoridades bra-
ceu o supremo govêrno da Repu- sileiras; por outra parte, nas terras interiores, eram frequentes os
blica o vice-presidente dr. Rosa Rosa e Silva protestos dos missionarios contra os aventureiros daquela naciona-
Dr. Cn.mpos Sa les e Silva. lidade. Gomes Freire de Andrade (1585 a 1587), capitão-general do
Em relação ás questões inter- Pará, enviou neste sentido uma reclamação ao governador de Caiena,
nacionais coube a este govêrno fazer cumprir a decisão do Presiden - atestando o direito português sôbre ambas as margens do rio e a sua
te do Conselho Federal da Suissa que reconheceu definitivamente o exclusiva navegação. As reclamações. de parte a parte, degenerarare
direito do Brasil ao territorio do Amapá (1." de dezembro de 1900). em franca hostilidade; os franceses apossaram-se do forte de Maca-
Tambem , em 6 de dezembro de 1901, foi sujeita ao juizo arbitral pá, que logo depois perderam. Como Luiz XIV queria a bõu. amizade
de Portugal na pretenção do trono espanhol para o neto Felipe d'An-
jou, em tratado provisorio (1700) e num tratado de aliança (1707)
conveio em renunciar á margem setentrional do Amazonas, sob pro-
messa de apôio da candidatura de Felipe (o quinto). Foram esses
t r atados logo anulados porque Portugal colocou-se ao lado da Ingla-
terra, Holanda e Austria em favor das pretenções do príncipe austría-
co que disputava infrutiferamente a sucesaão da corôa espanhola. De-
pois da guerra de sucessão, assinou-se a paz de Utrecht (1713); a
França, coagida pela Inglaterra, abriu mão de suas sucessivas pre-
tenções, restringindo a sua Guiana ao limite oriental extremo do
Oiapoque renunciando ao comércio e navegação do Amazonas.
Esse compromisso foi violado pela Republica Francesa que, após
curta guerra com a península e pela paz de Madrid (1801), exigiu um
limite mais ao sul, o rio Paranapatuba e, depois pela paz de Amiens
(1802), por influxo da Inglaterra, o de outro rio mais ao norte, o Ara-
Dr. Joaf!uim guari. D. João VI, refugiado no Brasil, conquistou a Guiana France-
Murtlnho sa, que foi depois restituída com o Congresso de Viena (1815), mas
sem determinação dos limites que só mais tarde, pela Convenção de
do rei da Italia a questão de limites com a Inglaterra, sendo a defesa Paris (1817), foram designados corno sendo os do tratado de Utrecht
dos direitos do Brasil confiada ao dr. Joaquim Nnbuco. que voltara a te"r pleno vigor. A França, todavia, reclamava atê u l-
terior fixação, ao menos o territorio do Sul atê o rio Araguari e esse
No interior houve apenas ligeiras alterações da ordem , na Capi- trecho de terras, conhecido pelo nome de Contestado, entre o Olapo-
tal Federal (1900) e no Estado do Mato Grosso. que e o Amapá, foi declarado neutro desde 1841. A questão foi recen-
Livre dêsses embaraços, pôde o govêrno, fortemente auxiliado temente resolvida a nosso favor e assim adquirimos o Contestado
pelo ministro da Fazenda, dr. Joaquim Murtinho, cumprir com êxito por sentença arbitral da Suissa.
o seu programa financeiro, encaminhando o pais á prosperidade. (João Ribeiro).
REPUBLICA FEDERATIVA 173

172 ll,jj:PüBLlC.\ FEDERA'l'IVA


~~----------~~~--------------------- ·-------- Leitura - A questão do Acre
4.0 periodo presidencial
1902-1900
o. chamado territorio do Acre, ou mais propriamente Aquiri,
6." li~o princ1p~! causa e objeto 'do presente acôrdo, é, como toda a imen-
sa reg1ao, regada pelos afluentes meridionais do Amazonas a
Início do go- Para preside~te e vice-presidente da Republica, fo- L.éste do. ~avarf, .uma dependencia geografica do Brasil. Só p~las
vêrno ram, respectlvamente, eleitos, em 1." de março de v1as. flu.vmls do ~1stema amazonico se póde ter facil acesso a esses
1902, os drs. Francisco de Paula Rodrigues Alves e t~rntonos, e assnn foram êles, de longa data descobertos e exclu-
Silvino Drandão. Este não chegou a tomar posse do cargo, por ter SlVai~lente povoa.dos e valorizados por compatriotas nossos. Ao sul
falecido a 25 de setem- da hnha geodes1ca t~·açada da confluencia do Benl com 0 Mamoré
bro de 1902. á .nascente do Javan, contam-se hoje por mais de 60.000 os brasi-
Depois da posse do leir<:s que traba~ham ~as marg'ens e nas florestas vizinhas do Alto
dr. Rodrigues Alves (15 Puros. e seus tnbutanos, entre os quais 0 Acre, 0 Hiuaco ou Iaco,
de novembro de 1902), Chand1ess e o. Mano~! _Drb~n o. nas do Alto Juruá inclusive os seus
procedeu-se á nova elei- afluentes ma1~ ~end1on a 1 s, Moa, Juruá-Mirim, Amonea, Tejo e
ção para vice-presidente, Breu. No ~erntono do Alto Acr e, ao sul de Caquetá, ha cêrca de
sendo escolhido o clr. 20.000 habJ.tantes . de naciona lidade brasileira, ocupados prlncipal-
Afonso Augusto _Moreira men.te na mdustna extrativa da goma elastica. Tal é 0 cômputo
Pena (janeiro ele 1903) . conforme com os de outros conhecedores daquelas paragens que
Do ministerio orga- encontro e~. relatorio oficial recente de um funcionario boll;iano
nizado pelo novo presi que ali res1dm em comi ssão do seu Govêrno. '
Dr. R odri g u es dente fez parte o notavel
A lv es ~u.ando, ~nn 18 67, negociámos com a Bolívia o primeiro tratado
es tadista Barão elo Rio
Branco. qu e imprimiu notavel impulso i'• Plac iuu u " c as tro de hm1tes, na_o éstav~m ainda povoadas as bacias do Alto Purús e
pasta rl as relações exteriores. do Alto Jurua, mas tmhamos incontestavelmente direito a elas em
toda a sua extensão. O tratado preliminar de 1777 entre as corôas
Territorio do r\ primeira penclencia internacional resolvida foi a de Portugal e Espanha ficára roto desde a guerra de 1801 }Jois
Acre do terrJtorio do Acre. Desde 1899 que os acreanos não fôra restabelecido por ocasião da paz de Badajoz. '
tinham proclamado a sua independencia e organi-
zado um govêrno }Jrovisorio, cujo chefe era LuJz Galvez. Em 22 de Não havia, portanto, direito convencional e, ocupando nós efe-
dezembro, voltou tudo ao estado anterior, ficando apenas expressos tivamente, como ocupavamos desde o princípio do XVIII seculo
a margem direita do Solimões, de mais a mais, dominand < nas d~
os votos da popu- curso inferior dêsses seus afluentes, tínhamos um titulo que abran-
1 ação brasileira r-.-.----"7"----r------------,
gia as origens de todos êles, uma vez que nenhum outro vizinho
de vir o territorio , nos podia opôr o da ocupação efetiva do curso superior. E' o
para o domínio do ' mesmo titulo que deriva da ocupação de uma costa marítima e
Brasil. se aplica ás bacias do rio que nela desaguam, como sustentavam
A 11 de julho de Monroe e Pirockney, em 1805, e foi depois ensinado por Teviss
1901, a B o 1 i v i a Phillimore e quasi todos os modernos mestres do direito interna-
arrendou o territo-
cional.
rio a um sindicato
americano. Em vão No Madeira não se dava o mesmo. Possuímos todo o seu curso
reclamou o Brasil inferior, a margem oriental de uma pequena secção do Mamoré e
contra este ato. a oriental do Guaporé até o seu confluente Paragaú , e policiava-
Vendo que a Bolí- mos a direita dêste; mas os Bolivianos ocupavam efetivamentt>
via não cedia, re- o rio de La Paz afluente do Beni, que ê o Alto Madeira.
voltou-se a popula- L---------------------""
ção brasileira, sob Para a determinação dos limites, no Tratado de 1 S67 , adotou-
o comando de Placido de Castro e, de novo, declarou a independen- se a base do util JlOSSidetis, e, em vez de procurar fronteiras naturais
cia do t.erritorio. ou artificiais segunda a linha do divorthnn aqnarinm, que nos rlei-
A Bolívia enviou contra os revoluciona rios uma expedição co- xaria íntegros todos os afluentes do 8olimões, entendeu-se que po-
mandad a pelo proprio vresiclente da R e publica, General Pando, dia razoavelmente ficar demarcado, pelo paral elo de 10•20' desde
acompanhado do seu ministro da guerra. esse ponto, a Léste até o Javari, a Uéste, cuja nas cente se supu-
O Bras il , para proteger os s eus compa triotas, fez, a seu turno, nha estar em latitude mais meridional.
ocupar militarmente o territorio litigioso.
Ao mesmo tempo, foram iniciadas as negociações diplomaticas
que deram em resultado a incorporação do territorio ao patrimonio ( Ba riio <l o Tiio Branco).
brasileiro, pelo tratado de Petropolis, firmado em 17 de novembro
de 1903.
7 - H. B.
174 REPUBLICA FEDERATIVA REPUBLICA FEDERATIVA 175

4.o periodo presidencial Resumo cronologico da 6.a lição


1902 1905
Em 15 de novembro, poss e d o Em 8 de novembro, revólta da
6."li!;áo (conclusão) <Ir. Rodrigues Alves. fortaleza ele Santa Cruz. - Em
6 de dezembro, incidente da ca-
1 903 nhoneira alemã "Panter" em
Em 17 de novembro, tratado Itajat.
Em 11, 12 e 13 de novembro de 1904, houve, no Rio <te Petropolis, encorporando ao
~:~~t!_.S· de Janeiro, graves disturbios contra a lei da vaci- Brasil o territorio do Acre. 1906
Em 21 de janeiro, catastrofe
nação obrigatoria. 1904 do Aquidaban em Jacuecanga.
Em 6 de maio, foi fixada a li- - Em 5 de maio, tratado de li-
No dia 14, a Escola Militar revoltou-se e, sob o comando do nha divisaria com o Equador. mite s com a Guiana Holandesa.
- Em 11 d e nov e mbro, di s tur- - Em 2 de julho, movimento
general Silvestre Travassos e o coronel Lauro bios no Rio a propós ito d a v a- revolucionaria em Mato Grosso.
cina obrigatori a . - Em 14 d E' - Em 23 de julho, r"unlão do
Sodré, avançou a marchas forçadas sôbre o pa- novembro, r e vólta da Escola d e Congresso Pau-Americano no
lacio do Catete. Atacados em caminho, feridos os Guerra. Rio ele Janeiro.
comandantes, os revoltosos recolheram-se ao quar-
tel e renderam-se ás fôrças do general Argolo.
Leitura - Um grande guerreiro e um grande diplomata
Tambem na Escola do Realengo houve nova ten- Passaram de moda, ha muito tempo, os paralelos historicos. Real-
tativa de revólta, que foi logo abafada pelo ge- mente, êles nada provam, mormente quando se tomam um pouco ao
neral Hermes da Fonseca. acaso os dois vlutos, cujo confronto se empreende. Mas ha figuras ti-
picas, figuras que sintetizam grandes categorias. Napoleão ê eviden-
Estes movimentos repercutiram no Estado da temente uma delas. Quem menos saiba de história sabe que êle con-
Baía, onde revoltou-se o 9. 0 batalhão de infanta- quistou grande parte da Europa. Fala-se com assombro na epopêa
ria (18 de novembro), sendo logo chamado á ordem. Napoleonica.
Que resultou dela para a França? Nada!
O ano de 1905 não foi fertil em Em face deste quadro - o quadro do guerreiro por excelencia
Fatos de acontecimentos políticos: apenas ê Dr. Fran c isc o - valeria a pena pôr o de um diplomata, que só pelo trabalho de
1905 gabinete, -calmo e sereno, só pelo estudo, houvesse feito para o seu
digna de nota, a revólta da forta- P e r e ira Passos país algumas conquistas dignas de nota.
leza de Santa Cruz (8 de novembro), prontamente Esse diplomata, o Brasil o pôde apresentar.
sufocada, e o caso da canhoneira alemã Panter Que foi que Napoleão deixou á França, de todas a suas con-
(6 de dezembro), que, em Itajaí, Estado de Santa Catarina, cometeu quistas?- Nada!
Que foi que o barão do Rio Branco deu ao Brasil com as nego-
alguns desacatos. O caso foi resolvido diplomaticamente, dando a ciações sucessivas de Missões, do Amapá, do Acre e da Colombia?
Alemanha amplas satisfações ao Brasil. - Uma extensão de territorio maior que a França.
A Alsacia Lorena está neste quadro, porque ela serve para pôr
O ano de 1906 começou por um fato lutuoso, a em destaque a natureza das aquisições feitas pelo Brasil. E', sobre-
Fatos de catastrofe do Aquidaban, na baía de Jacuecanga tudo, por causa daquele minusculo pedacinho de territorio que a Eu-
1906 ropa inteira está em armas, ha mais de trinta anos. A conquista ou
(21 de janeiro), que vitimou muitos oficiais e ma-
a perda de colonias remotas não tem a importancia da dos territorios
rinheiros.
contíguos ao territorio propriamente nacional - territorio, onde está
A este acontecimento e ao movimento revolucionario que no Es- a sêde, o coração da nacionalidade. A colonia ê uma "cousa", um "ob-
tado de Mato Grosso roubou a vida ao presidente legal Paes de jeto", suscetível· de ser dado, trocado, arrendado ou vendido. O terri-
Barros (2 de julho), seguiu-se um período de festas motivadas pe- torio do proprio país ê, por assim dizer, carne e sangue de cada nação.
la reunião do Congresso Pau-Americano·, no Rio, o qual funcionou Aí qualquer mutilação ê dolorosa, qualquer aumento glorioso.
Qualquer insistencia neste confronto arriscar-se-ia ainda uma
desde 23 de julho a 27 de agosto de 1906. vez, se pôde repetir - a parecer uma lisonja. Mas o curioso, si a
nossa estatística permitisse, seria pôr, lado a lado, a obra dos dois
O govêrno do dr. Rodrigues Alves realizou impor- Rio-Branco - o autor da lei de 28 de setembro e o filho, valeria a
Melhoramentos tantes reformas na cidade do Rio de Janeiro, que
mater iais pena saber qual foi a natalidade dos filhos de escravos de 1871 a 1889
muito concorreram para o seu embelezamento e - largo período de 18 anos, e pensando que êles durante esse perío-
saneamento. Sob a direção do ministro dr. Lauro ltiiiller e pre- do, só por causa daquêla lei nasceram livres, mostrar que si um dos
dois estadistas deu ao Brasil uma extensão territorial igual á de gran-
feito Pereira Passos a cidade remodelou-se completamente, jun- des nações da Europa, o outro já tinha dado cidadãos livres em núme-
tando a seus encantos naturais o encanto de extensas avenidas ro superior ao que começou o povoamento de muitos países do mundo.
e jardins. (Me d e iros e Albuquerque).
176 R],; PUBLICA FEDERATIV ,\ UEPUBLICA FEDERATIVA 177

5.o periodo presidencial Resumo cronologico da 7.a lição


'i." Ução 1906-l!IHI Reforma das unidades ela mari-
1906 nha de guerra. - Exposição na-
·
· t o peri.odo p1·estdenctal · Em 15 de nov embro, posse do cio nal no Rio de Janeiro.
Ação governa- Par a exercer
eleitos dr o q um foram dr. Afonso Pena.
Uva em ger al . 0 · ~l_fonso Augusto Morelrn Pena, pre- 1907 1909
sHlente, e dr. Nilo PeçanJ1a, vice-presidente que to- Con- Morte do presidente Afonso
maram posse ~m 15 de novembro de 1906. ' Viagem presidencial. Pena. - Govêrno do dr. Nilo
ferencia Internacional da Paz, Peçanha; creação do minlsterio
Apenas eleito, o dr. Afonso Pena percorreu 0 país de norte a e m Haia. da agricultura; ensino profissio-
- sul, procurando estu- 190 8 nal e proibição do dese mbarque
1
, dar e conhece•· as Serviço militar obrigatorio. dos frades expulsos de Portugal.
mais urgentes neces-
1 sidades suas.
Assumindo o go-
Segunda Conferencia da Paz
vêrno, tratou 0 novo A nota dominante, justamente, n"essa segunda Conferencia Internacional da
I presidente de cumprir Paz, era o comparecimento da Amer4;a do Sul. que não figurara na primeira.
,
1
o seu programa de Surgem as primeiras manifestações oratorias de Rui Barbosa, no mais puro
1 povoamento do sólo e francês a propósito de varias e melindrosos assuntos. Deslumbra a A ssembléa de
notaveis, pelo talento, pela ilustração enciclopedica, pela profundeza de conhecimen-
1
desenvolvimento da tos, pela energia da palavra e do caráter, impondo-se á consideração, á simpatia e
viação, ao passo que

Dr. Afonso P ena


I tratava dos meios de
defesa, reorganizan-
á admiração do mundo I
A impren5:a universal e homens notaveiS de toda a parte proclamam a supe-
rioridade do Embaixador Brasileiro.
Chegára, porém, o momento propício para a vitória definitiva e irrevogavel do
do o exército, promo- 01·. !\'ilo l'f'çanha Brasil e seu genial Embaixador; a organização de um Tribunal Internacional de
vendo o serviço mi- ~ 1rbitrag em, permanente, para a solução pacífica de pendencias entre as nações.
litar obrigatorio (janeiro de 1908) e dotando As Delegações da Alemanha, da Inglaterra e elos Estados·U nidos da America
poderosos e modernos. a marinha de navios do Norte, coligadas e apoiadas pelas grandec; potencias, apresentaram um projéto,
e m que se desconhecia. por completo, a igualdade da soberania das Nações na com-
posição do Tribunal, recebendo o BRASIL, a A1·gentina, o Me.rico e o Chile a classi-
Congresso da Em agosto de 1907, reuniu- ficação de terceira ordem e a America Central e o resto da do Sul, a de qui11ta
se em Haia, capital da Ho- ordem!
paz O Embaixador Brasileiro explode, em maravilho'"OS di~cursos de indignação: fu}.
landa, a Co nfe r encia Inter- minando a injustiça e o desconhecimento do verdadeiro princípio da Soberania das
nacio nal da P az. Convidado a se fazer re- Nações, em face da História e do Direito. Transforma-se, mesmo, de simples De-
prese~tar nela, o Brasil nomeou a sua de- legado Brasileiro em verdadeiro campeão da America do Sul, que ' be prestigia a
legaçao, ten do por presidente o dr. Rui Bar- ação, aliada a a lgumas pequ enas nações da propria Europa.
Para as grandes potencias, - nacio nalidade perfeita e completa v deveria ser
bosa, que se ce lebrizou e adquiriu renome aquela que dispusesse de formid.avel E:~é rcito e podero"'a Armada!
m u ndial, defendendo o princípio da igual- A grande Republica Norte-Americana, entretanto, sentira-se em p"lsição dificil:
dade de soberania das nações. de um lado, a conveniencia do acôrdo de vistas com as grandes potencias, no estado
atual da politica do mundo; de outro lado, a amizade fortalecida do Brasil e a •oli·
dariedade co ntinental amer icana.
Exposição na . Um outro fato notavel foi O respectivo Delegado, em Haia, recebeu, Enfim, instruções para transigir com
cJonal a exposição nacional que se o Brasi l, pela entrada dêste.
efetuou no Rio de Janeiro Primeira vitória Brasileira f
Em derradeira tentativa, o Govêrno Amencano dirige-se, Uirétamente ao Go·
de 15 de agosto a 15 de novembro de 1908' Dr. Rui Barbosa vêrno Brasileiro, por intermedio de seu Embaixad{lr no Rio de Janeiro.
pondo em evidencia aos olhos do estran~ Rio Branco, apoiado, firmemente, pelo Presidente da Republica, não cede uma
1eiro as variadíssimas riquezas naturais e 0 progresso do pais. linha.
Foi então resolvida a nomeação de uma comissão especial, para um a nova pro·
posta conciliatoria.
Morte do pr e- Quando ~a quast em fim o govêrno do dr. Afonso lá era um l!rande pa"'so: uma vitória mesmo! São eleitos membros d'essa co~
sJdente Pena, vem a morte colhê-lo quasi inesperadamente mis~áo os Embaixadores do Bra(il. d:t AmPrica. do Norte, da Alemanha. da A~tstria­
. (14 de junho de 1909). Hun{lria, da f ta/ia, da Rrusia e da Fr,nra .
O Embaixador alemão, um elos s iqnat~ri o~ d., proi~to d~~ grand•u; nt)•en,.;;:p;:,
Assumm logo a presidencia o vice-presidente dr. Nilo Peçauh declara aceitar a prf'po~ ta braf ileira para base da di <:: cut::são . E um dos Delegados
que govern ou a té 15 de novembro de 1910. a da França, Barãn d'l:'to t•rnete..- C-- n~t .. nt, <'O""'f'nta, aclf'T'Ír:tdo. trn r0nversa com um
Entra ndo para o govêr no num período de intensa a ita - dos Sec-retarias da Delegação Brasileira: F;q1tei admirado, ouv·indo ltoje o Barão
Iitlca prov~cada pel~ proxima eleição presidencial, pre~to~aoc~~= Marshull der/arar f'1tt! rrrritn a prniJo "lf'L dn Brasil rnm" has" fPY'l. a di C'ft.S(ilo. E'
1una rttvolu,rõo. Rui Ba·rbosa conseg·rtiu. p !ir em evidetrcia. seu país P tontar aceita·
tudo, o governo do VIce-presidente alguns valiosos serviços á' nação. "i't!l o princ-ipio da igualdade dos Estados. qtte , no comêço, f:)rn. 1'eccbído pelos reprc·
senta·,teç de qu.asi todas as nraJ1 deç pntenri'ls como ttm princípio re·z/olucionario.
Govêrno do dr. Entre ~utros, instalou o ministerio da Agricultura E a comissão especial, denominada então rela imprensa "os sete
NJio Peçanha Industna e Comércio, fundou o ensino profissionaÍ sabias da Conferencia", resolve: t.• a eliminação definitiva do projéto
. e dedicou o maximo empenho em promover 0 ensino da Alemanha, da Inglaterra e dos Estados-Unidos; 2.• considerar invio-
~gricol a, estabe.l eceu as fronteiras com o Uruguai e proibiu 0 desem- lavel o princ' pio de igualdade dos Estados.
arque no Brasil dos frades expulsos de Portugal. Ficam, pois, vitoriosas as idéas capitais do projéto brasi'eiro!
178 R E PUBLICA l<~EDERAT IV A REPUBLICA FEDERATIVA 179

6.o periodo presidencial R.esumo cronologico da s.a lição


s.• U!;ão
1910 1913
1910-1914 Em 15 de n ovembro, posse d o
m are chal H e rm es da Fon seca. Visita do pres iden te d r. R oo-
Ap ós ~rol o n~ad a .cam panh a e ~ eitoral, r ealizou- se o r e nhid o pl e ito - Revó l ta dos marinh e iros. sev e lt, ex -pr e siden te dos E sta-
qu e l e vo u a presJd enCJ a d a Re pu b ll ca o mar echal H e rmes R odrlg u e 8 dn N ovas revó l tas n as f ôr ças de dos Unidos, aos se r tões b r a silei -
Fonseca e á v ice - preside n c ia o dr. Wen- mar. ros . - O mi n istr o L au r o M üll e r
c e s lau Draz Per eira G ontes, qu e t om a-
ram pos s e a 1 5 de nov e mbro d o 1 91 0.
-1911 r e tribu e avisila fe i ta p e l o mi-
L ei R ivadavi a r ef orma ndo a nistr o amer ican o Eile Roo th .
Poucos di as d e p ois da Instr ução sec u n daria e sup eri or.
Revólta dos - L utas po li ticas e m P e rn a m -
marinheiros
po sse, os m a rinh eiros
d os dreiHln o ughts 1'\li- b u co, Al agôas e B a ia. - B om - 1914
. nas Gera is, S. Pau l o, b arde io de S. Sal v a d o r .
Distu r bios na Capital da Re-
D eodoro e do sco ut h Dn ln, a n co r a d os n a 1912 publlca. - R e v ol uçã o no Ce a r á.
baia ao Rio d e J a n e iro, r e vo lta r a m -s e Mo rte do Barão d o R io Bra n - - Mediação do ABC. - Crise
s o b o c omando d o m a rinh e iro Joiio co. - Lu t as no Co ntes t a do. fin a n ce ira e moratori a.
Cn mlld o .
D iante d a am e a ça d e a rra sam ento
d a cid a d e, o Congresso Nac io n a l a n is - J.eitura - Barão do Rio Branco
ti o u os r evolto so s, p ond o fim a este
triste e pisodio (2 3 e 24 d e nov e mbr o d e Rio B r an co é um g rand e trab a lh ador e um trabalhador rec ol hido.
1910). A sua obra, qu e s e n ão e ncontr a f ac il m e nte nas livra ria s , é, entre tanto,
Ap e s a r disto, h o uv e a inda a r evól- co n sideravel e so l icl a. Grand e part e d e la, poré m, c orre com alh e ios no-
ta do batalhã o nav al a quarte lado n a mes. Uma das domin a nte s d e Rio Bran co é ser p a triota. Eu qu e o não
ilha d a s Cobras e a do sco th R io G rnn- sou no mesmo gra u e d o m es mo modo qu e ê l P, t e n ho a h onra d e apre-
d !' d o Su l, a lém d os motins das g u a rni- M a r echal H e rmes s e ntá-l o aos qu e n ii.o o c o nh ecem como tal: p a tri ota e xtremo, amante
ço es do Miun s Geru.is, s. Pnnlo, D eod o ro, scou t h Dnln e flotllha do i n c o n d ic io nal d a s u a pa tria e d as cou s a s d e l a, in gc nuo a dmirad or das
Mato Grosso (9 d e d ez e mbro ) . s u as g lór ias, m es mo a s m a is disc uti ve is n o pas s a do
e a caso, co m algum as r es tri ções, n o pre s e nte. Um
A gra nd e agitação p oliti c a qu e s e manifestar a de dos s ina is des t a espéc ie d e patri ot is m o é o a mor
Lutas nort e a su l, produziu a lte rações d a o rd e m nos E s tados ás g ló rias militar e s d o p a i s .
}lolltlcas d e P ern a m b u co, A lagôas e Baia, dando- se o bombar- E sse, R io B r a n co o t e m como nin g u em . Ê le é
d e io da Ca p i tal d êste ú l timo E s tado. segura m E'nte h oj e u m d os m a is prof und os s ab e do -
No s e rtã o p a r a n áen se, um grup o d e fan a ti cos conduzidos por u m r es da n ossa hi stó ria m i lita r , po r é m , d esd e o p e -
sup o s~o monge, com eço u a pra tica r ate ntad os c ontra a pro pri edad e ri odo co lo ni a l, nin g u em t a lv e z a co nh ece c omo ê l e.
e a VIda dos mora dore s d o Co ntl."s tatlo, zo n a litigiosa nos con f ins dos f: le sabe s e m er rar o n o m e d os n a vi os, o u dos r e gi-
Estados do P a r a n á e Santa Catarin a (1912). m e n tos e o n úm e r o exato d os so ld a d os , m arinh e iros,
No Ce ará, a luta ia a cesa e ntre dois p a rtidos : um apoiando o go- co m a n da n tes, of icia i s, peças - c a esp\>c iç d e ca da
v e rnad or c o rone l Franco llabt•l o ; outro, ch efi a do pe lo I>ndre Clcero, uma - e m il outr as parti c ul a rid a d es, ( n l a do por-
qu e sustentava a ass embléa In stal ada em Joaz eiro . O govêrn o f e- t u g u t!fl. do la do bras il e ir o e inimi go qual q u e r
d e ral nomeou inte rv e ntor o gen e ral Set e mbrlno d e Cn r , ·nlho, qu e p ôs das batalhas das g u e rr as h o la nd esa s; - e o m esm o
t e rmo á luta (1914) . r1c t odos os r econtros d e t o d as as n ossas g u e rras,
Tambem n a capita l da R e pub li ca esta vam os animos exaltados: n a des d e a h ol a n d esa até á d o Para guai.
no it e de 4 d e março d e 1914, r e uniram - s e no Clu b Mi litar a l g un s mi- Conh ec em t od os a su a v itó ria n a qu estão das
litares, con sta n do qu e pre parava m um golp e d e e sta do d e acô r do c om Mi ssões. M as são p o ucos os qu e co n h ece m o livro
civis. O gov ê rno tomou l ogo ·m e didas ex traordinari a ~ d ec l aran do o q u e d essa mi ssão ficou. Es se a rra zo a do é u m mo-
estado d e s itio para aqu e la Ca pita l e Es tado do Rio' d e Janei r o, o num ento de hi s t ó ri a geo grafi ca e diplomatica, e
qual p e rdurou até o fim do p e rí odo pr esid e n c ia l. assombroso é o qu e e s se li v r o r ep r ese nta d e saber,
el e inte li ge nci a, d e tra balh o, e d ir e i d e tac to. E,
Barão do Rio N es t e a c id e ntado p e ri odo p e rd e u o Brasil o grand e p or m e n or qu e seja a no ssa capac idad e indige na d e
dipl om a t a Dnrüo tio llio D r an t•o, ao qual foram p r es- le itura, o l m·e is n ã o s ó s em e nfa d o, m as com praze r .
Branco t a d as h o nras fun e br es d e c h e f e d e Estado (19 1 2) . A s u a el e ição p a r a a Acade mi a B r as il e ir a , não
a um e n tar á. s e gu ram e n te a bôa v ontade q u e lh e so-
Entre t a nto, a p esar d a s lutas e ste r e is qu e p e rtu rba- b r a d e faze r ve n cer a s u a p atri a a inda d es t a v ez;
Le~ ram a ação do gov ê rno, p ôd e e ste r ealiz a r a lgumas m as - n ão r iam os prag u e nt os, r) Ue s ei o q u e di go
Rivndavfa r ef orm as e e n t r e e l a s a d a instru ção secundaria e su- R io B r anco e p osso a firm á -l o - s e r á uma g r a n de a legri a be -
p e ri or, a c h a m a d a lei Rlv adn,·fn, e stab e lece ndo a a m p l a néf ica n a s a ngustias el os se u s tra ba lh os d e mi ssão.
li b e rd a d e d e e nsino (1911) . El a lh e se r á, a e ss e gra nd e t r abalh ador s impl es e
r ecolh ido, a e ss e gra nd e s a b ed o r d e sconfiad o de s i m esmo e t a l vez um
T a mb e m . n a ord e m _diplom á tica, o Bras il , a Arge nti n a pouco d es confia do ela opini ão do s e u pais, como um a grata m a n ifesta-
:Mediação do e o Chil e, e m a çao c onjunta, ofe r ecer am os s e us ção de s impatia e admiraçã o d e um grupo d e hom e n s, p el a m a ior pa r ~e
A. BC b ons s ervi ços p a ra d e rimir a co nte nda existe n t e e n t r e n ovos, n o qual, salvo a l guma r a r a exceção, co mo a d o a u tC! r destas 1~­
. . os Estaclos Unid os e o Mexi co. E sta a ção cliplo ma- n has, se acham os pr i n c ip a is r epre s e ntantes el a int e l ectu~hd a d e b r a si -
tlca, qu e f1cou s e ndo c h a m a d a m e tlln \'ilo tio A n c, d eu os m e lhores l eira, h om e n s d e div e rsas opiniõ es politi cas e m o r a is, reum dos n um s e n-
r e su l tado s , r e sta b e lec e ndo a h a rmoni a e n t r e os d o is p a ises (1914) . tim e nto unanime d e apr eç o ás suas c a p acid ad es, aos se u s ser viç os, e m
s u ma á sua obra, conside rav e l e qu a si obscura, grandiosa e mode sta. E
~ ã o só e m virtud e das diss enções inte r nas , mas, prin- no i n tim o d a sua con ci e ncia, murmura m , tal vez, como uma a ragem be-
Crise c!pal!fle nt e, por c a usa do abal o p r odu zi do p e la conf ia - n igna e afe t uosa l evantada p or essa manifestação, os ve r sos do nosso
financeira graçao e uro p é a (gu e rra da Austri a , A l emanha e Tur- Camõ es :
quia co n tra a Se rvia, a França, a I ngl ate rra a Russia Quão doce é o l ouvor e a justa glória
e o Japã o) agra vou-se a cris e f inance ira qu e vinha a s solandb o B r asil Dos pr o pri os f e itos, quan d o são soados!
o que d e t e rminou o govêrno a d eclarar a ni or atorla ( 1 914). ' (J osé Viri ss imo) .
180 U~l'UBLICA FEDETI.\TIY.~
l!EPUBLICA FEDERA'riVA 181

7. o periodo presidencial
Resumo cronologico da 9.a lição
9.• Ução 1 91 ! 1917
1914 -1918 Em 15 de novembro. posse elo
Presidente Wenceslau Braz c vi- Declaração <le guerra á Ale-
c e -presiàent<' Urbano Santos. manha.
O govêrno da Rep ublica, neste período pre- 191 5 l!H S
sidencial, foi exercido pelo presidente dr
Wencesbtn Bruz Pereira Oomes e vice-presi~
Assassinato <lo s e na<l or Pi· Asl>inatura do armiRlicio com
nheiro Ma c hado. a Alemanha.
dente dr. Urb11no Sau t~s (1!1 Costa Araujo, em-
possados em 15 de novembro de 1914.
Lt• it nrn - llen sagem da guerra
O n ovo govêrno teve de en-
Situação
frentar resolutamente a situação '"Impelido a reconhecer o estado de guerra, que não desejou e
do pais que foi obrigado a aceitar depois de uma neutralidade modelar, em
do pais, não só em relação á crise
provocada pela Conflagração Européa, como vista dos crescentes e graves atentados á nossa bandeira, pratica-
dos pelo Govêrno Alemão, nela entrou o Brasil, para defender sa-
pelas lutas políticas do quadrienio anterior. grados direitos, formando ao lado elos que, ha mais de três anos, se
No l!Jstado do Rio de Janeiro dous partidos se vêm batendo pelas conquistas ela civilização e pelos direitos da
degladiavam e l1avia dois IJresidentes ele 1·tos. D1·. vVenceslau Braz humanidade, tendo já iniciado atos de franca beligerancia, de acôr-
A esta luta pôs termo o Supremo Tribu- do com a deliberação do Poder Legislativo. E' a paz a aspiração
permanente do país. Foi ela, em todos os tempos, o ideal da na-
nal Federal, reconhecendo e mandando empossar o candidato dr. ção, educada nas normas do trabalho pacífico, do progresso, da or-
~ ll o PP~uu h a. dem, do re!:<peito aos direitos alheios. Desde os primeiros dias da iu-
dependencia. nossa ação internacional jamais se exerceu em detri-
Este, entretanto, pouco se demoro u naquele cargo, pois f 1 mento de quem quer que fôsse. Nossa extensa linha de fronteiras,
nomeado ministro do exterior. . oi ogo nós a fixamos pelo acôrdo e pelo arbitramento. Nenhum outro país
oferece, como o nosso, a prática dêsse recurso admiravel da arbi-
tragem como solução dos litígios internacionais. Nunc· tivemos
Declarnção Ia o Brasil mantendo decididamente a mais. com- guerra de conquista. E a inclole do nosso povo está a inclic: , em lar-
de guerra p~eta neutr~lidade na grande guena que se desenvol- gos anos de vida laboriosa, que não nos movem outros intuitos que
- v1a no ant1go continente, quando navios de guerra não os da paz e do trabalho. Entrando na guerra, a que outros povos
al e~1aes torpedearam, nos mares europeus, os navios mercantes p 8 • já deram o melhor do seu sangue e dos seus recursos, conhece o
Brasil a soma de sacrifícios que está chamado a fazer. E os encara
l'l.llln, L11 ~1n, 1_'Ijnca, ltlnciiu e At~:u·í, obrigando-o á quebra de relações
sem vacilações. Não precisa o Govêrno t r açar a regra de proce-
chp lomatJcas e consequente declaração de guerra á Alemanha. Co- der de seus cidadãos. Do litoral aos sertões, cada brasileiro cumpri-
mo consequencia do estado de guerra foram confiscados os navios rá seu dever, como êle sempre entendeu e entende que deve cum-
merc~ntes alemães ancorados em nossos. portos e auxllios diver- prir. Na luta sangrenta, cujas supresas. dia a dia anulam os mais
sos foram prestados a nossos aliados. avisados cálculos, a lição está, porém, a mostrar exemplos e situa-
ções que convem não desprezar. E' necessario que se dissipem todas
as divergencias internas e que a Nação apareça unida e indivisível
No interior, entretanto, ainda havia agitação dos par- em face do agressor; para isso, o govêrno aconselha e espera de
Situa ção toda a Republica, o maior acatamento ás suas decisões. A imprensa,
tidos políticos e uma de suas lamentaveis consequen-
fnternn que nunca faltou com o seu patriotismo, nos momentos graves, se
cias, foi o assassinato do senador Gomes Pinheiro dispensará de discussões inoportunas. Nossas tradições liberais
i'l lachado, na capital da Republica, em 8 de setembro de 1915.
1
ensinaram sempre o respeito ás pessoas e bens do inimigo, tanto
quanto forem compatíveis com a segurança pública, e assim deve-
Entretanto o govêrno conseguiu l evar a efeito a reforma elei- mos proceder. E' oportuno que aconselhemos a maior parcimonia
toral, promulgar o Cocligo Civil, pôr termo á questão do Contes- nos gastos de qualquer natureza, publicos e particulares. Intensifi-
tado entre Paraná e Santa Catarina, incorporando a este Estado que-se tanto quanto possível, a produção dos campos, afim de que
aq ne le ter ri to rio. a fome que já bate ás portas da Europa, não nos aflija tambem; ('
antes possamos ser o celeiro dos nossos aliados. Estejam todas as
atenções alertas aos manejos da espionagem que é multiforme, C'
emudeçam todas as bocas, quando se tratar do interêsse na-
cional."
182 REPUBLICA FEDERATIVA R EPUBLICA FEDERATIVA 183

'8. o período presidencial Resumo cronolog ico da 10." lição


10: lição
1918-1922 191 8 familia impe r ial. -
reis da Belgica. -
VIsita ~ o s
Repatrra -
Em 15 de nov e mbro, a<;han- mento dos restos fortais do im-
do-ee enfermo o dr .. Rod1:1g·~es perador e da imperatriz.
Para o oitavo quadrienio governamental foram eleitos: presi- Alves assume a prestdencta 111-
terin;;; da R epublica o dr. Del-
dente da Republica o dr. Francisco de Paula R odrigu es Alves e vice- fim Moreira. 1921
presidente o dr. DelfJm lUorelm da Costa IUbeiro.
Acha ndo-se enfermo o presidente eleito e não podendo prestar
1919 Falecimento da princesa Iza-
bel, a Redentora.
Em 16 ele jane iro, falecimento
o compromisso legal, assumiu interinamente o govêrno da Republica do dr. Rodrigu es Alves. - Nova
o vice-presidente dr. Delfim Moreira. eleição presid e n c ia l. Em .16 de 1922
julho posse do novo presrdente RevOltas militares em l\Iara-
Entretanto, agravaram-se os sofrimentos do presidente eleito e el eit~, dr. Epitacio PessOa. nhão Rio de Janeiro e Mat o
este veiu a falecer, sem tomar conta do cargo. Grosso. - Exposiç~o universal
1 920 e festas comemorativas . elo cen-
Procedeu-se á nova eleição, sendo eleito presidente da Repu- Revogação do banimento da tenario da Independenc1a.
blica o dr. Epitacio Pessoa, que se achava na Europa, como delegado
brasileiro á Conferencia da Paz.
Antes de voltar para o Brasil, o presidente eleito visitou varios
paises da Europa e os Estados Unidos, vindo assumir o govêrno
em julho de 1919. Leitura - Rui Barbosa
Visita dos Reis Poucos meses depois, em setembro, veiu em visita
dr. Rt!_i Ba~~éos~a:~~~~:u d~a J1~ :-J.r: e d! ~~v:~ria Adelia Barbosa <'l:e
1 5 d bro de 1849. Filho do
da Belgica a nosso país, acompanhado de s ua familia, o rei
Alberto I, que se fizera notavel na guerra européa. Joao J Oliveira rE>cebeu, no proprio l ar,. de. s~u pai e Pri-
meiro mestre, os e nsiname ntos m!CJats nas letras.
Fa:mflfa O encouraçado nacional "S. Paulo" conduziu o rei
Afirma um d e seus biografos. que ao.s ci nco
em seu regresso e, na volta, trouxe os restos mor- b a pareça impossível, consegum, com
imperial tais do imperador d. Pedro II e de sua esposa, repa- ~:~~ciaç~~ ~~ metodo Castilho, fazer analise gra-
triados por efeito do decreto que revogou o banimento da familia ~1atical e conj ugar todos os verbos r cgu!ares, as -
imperial. sombra ndo 0 velho professor que, em trmta a~os
d e magisterio, não deparara com talento tgua e
No ano seguinte, faleceu em Paris a princesa Isabel, a Reden- t ão precoce."
tora, cujos restos foram tambem trasladados para o Brasil.
Esse assombro n ão foi men~r! ma~s t~:~~· e~tr~
Revóltas Por efeito da propaganda para sucessão presiden- os professores d~e ~~lre;~~o A~t~~Íro ~ssim traçou
milltares cial, ia acesa renhida campanha, principalmente seu ~{fnc~~e s~:sdiscipulo: "Si algum raro condisc!-
'e ntre as classes militares. o u~~~ ~orria pare lho com êle, n e nhum o_ ex.cedta
No Maranhão as fôrças estaduais depuseram o governador, que
Rui Barbosa
~o amor ao trabalho, na devoçã<? .á bôa e s~ le1.tura~
foi, entretanto, reposto e sustentado pelas fôrças federais. na aplicação elo es pírito, na df~c~~~~~d ~:aet;e;~~s!~o
s ilnilar e co n ceber: s e mpre tsc , , t
Na capital da Republica, revoltou-se o forte de Copacabana, com e exemplarissimo no procedimento; na moralidad e e pureza de cos u-
mes sempr e n1od e lar."
adesão do forte da Vigia e dos alunos da Escola Militar, sendo logo
sufocado o movimento. · · sa .trajetoria que uma existencia
Anunciav a -s e, asstm, a .lum mo i e c u ·a biografia, no dizer
O marechal Hermes da Fonseca, apontado como chefe do movi- de
de setenta quatro ano_;; óndao dee:~f~~~lf"zada ~or uma rêta traçada
Alcindo eGuanabara,.
mento, foi prêso e remetido para um vaso de guerra. O Club Militar I~ ~. s
foi fechado. entre a lib e rdad e e o dtretto.
Tambem no Mato Grosso sublevaram-se as fôrças do exército, . ·
Completado o curso ?-e humam~ades,ac~~a~~~~~1ar-se edivel na
brilho, foi-lhe
sob o comando do general Clodoal do da Fonseca. Faculdade
Em vista dêste estado de cousas o govêrno decretou o es-
necessario
de Direito aguardf:tr que s lóegpaôd.;~~zer• da! se transferindo, após
de Rectfe, a o Idade
tado de sitio. 0 segundo ano de curso, para São Paulo.
.
E' notave l o seu primeir~ rltscurso, f erido QUando
pr~nifacio, ainda
o Moço; aca-
e dessa
CentenarJo da As medidas tomadas restabeleceram a paz em todo demico, num banquete ofer.eCJc~o a o~~~~e~cia sôbre a abolição da es-
territorio do país. mesma época data a sua . prune1ra c
cravatura, na Loja Amenca.
fndependencia Pôde então o govêt·no, com o concurso do povo,
festejar solenemente o centenario de nossa emancipação políti- . . . . . . áem 1870, voltou á terra
Diplomado em ciências JUridtcas e ~octats, Europa. Voltando á
ca, promovendo uma suntuosa exposição universal na cidade do Rio natal donde logo partiu para uma vtagem á qual logo se associou
de J a n eiro, recebendo por essa ocastao a · visita do presidente de Baía,' encetou a sua carreira na advocacia
á polltica.
Portugal, dr. José Antonio de Almeida.
184 HEPUBLICA FEDERATIVA REPUHLIC.-1. FEDERATIVA 185
Em 1S7C, publicou o seu primeiro livro •·o papa e o ronri lio" e o 0
jornalista se revelou. então, e~crito r Yigoroso . A clinilgação (JUC a obra 9. periodo presidencial
teve e os d"bates que em tõrno dela se travaram completaram a con-
sagração elo autor, ao qual já se abriam amplamente as portas do
futuro polilico.
11." 1i<:iío 192'3-l92G
A sua ação jornalisti ca c parlamenta1· continuou, cada vez mais
form i clavel, comhatendo a escrav id ão. 'F'oi, - dos •1ut~ 1naiH ~e distin-
guiram na primeira fila dos que lutaram pela abolição e lJU'indo a
êscravidão foi declarada extinta, nui Barbosa se rnpre :."t. vanguarda Depois de prolongada e renhida campanha eleitoral realizou-se
dos d efe n so r es dos mais libera is JWinc i pios, alWCHtou-B<: para novos
combate>< . a eleição que levo u á presidencia do pais o Dr. Artur dtt Silva Ber-
IHU'fles e á vice-presidencia o Dr. Est11cio de Albmtnerque Coimbra.
. Pelas ~o i unas do "Diario de Notfcias'', a sua J)PtHt st:Hn par foi a
Jl:ais form•davel clava manejaLla contra as instituições monarquicas.
Lutas As paixões politicas continuaram em efervescencia,
])OH·
produzindo os mais funestos resultados.
Proclamada a l1epublica. coube-lhe no govêrno provi"o ri o uma ta- tlcas No Estado do Ri o de Janeiro a luta dos parti-
refa forn:idavcJ na organização do novo reg·imcn. A s ua açflo foi,
nesse PCr!Odo, verdadeiramente ciclopica, cabenrlo-lhe a autoria do pro- dos provocou a intervenção federa l até a pos se do novo presidente
jeto da Constituição Federal.
eleito .
A s ua formidavel campanha contra o govêrno do mare<·hal Floria- No Rio Grande desenvolveu-se sangrenta luta por efeito da su-
no,. e m 1893, fo~çaram-no a expatriar - se, partindo 11ara a J\ rgentlna,
Pot tugal e depois para a Inglaterra, onde abriu banca de a rl ,· 0 cacia ,. cessão presidencial, vindo a cessar quasi um ano depois, por me-
onde a _tradução d<; sua obra sôbi·e o '·Habeas - corpus" , feita po r ordem diação do govêrno federa l, representado pelo ministro da guerra,
do governo bntamco, lhe deu justa nomeada de jurista notavel. general Fernando Setembrino de Carvalho.
De Londres enviou ê l e 11ar a o "Jornal do Comércio". do Hio, as Foi no meio desta agitação ge ra l que perdeu o Era-
suas f::tn1osas "Cartas de Inglaterra". Na prin1eira tlelaR, J-tui Barbosa
se levan t ava, ante!< <tue ninguem o houvesse feito. em defesa ele Drcv- Rui Barbosa sil um de seus grandes filhos, o senador Rui Bar-
f':s, susci.tando. as pr im eiras dúvidas sôbr<> a ·justiça ela conden;:.,- bosa. co nsiderado como uma das maiores mentali-
çao do yr•swne•ro ela ilha elo Diabo, numa t'poca l'lll qliL' ninguem se dades que tem existido no globo terrestre.
atreveria, e1n França, a adm itir a. inocenC"ia elo infortunado capitão.

A sua ohra <IE' jul'lsta ia. ao mesmo tempo, CI' <'Rce ncl o E'm volume Quando parecia ter-se firmado definitivamente a
e valor·. Em 190~. e leito mentbro da comissão d~ <'Stuclo da r eforma Re,•ólta mJ. paz, cessando por completo as lu tas políticas que
do Codigo C i,·i i, do qual foi r Plato r, dedicou-se •·mpt>nhaclamente a litar agitavam o país, inesperadamente estalou n~va re-
dar o seu "Parecer sôbre o p i·oj eto do Codigo Civil", que constitue um belião das fôrças federais e estaduais aquarteladas na capital d_o
volume de mais de 500 páginas, assi m como a sua famosa "Rêp lica
ús defesas da redação do projeto do Cod igo Civil'', são ,-erdaclciro" Estado de S. Paulo e todas sob o comando em chefe do gene r al Isi-
monumentos ele saber. e ntre os mais notaveis da nussa lingua. doro Dias Lopes (5 de julho de 1924) .
Da! por diante, a ascensão elo genia l batano é cada vez mais ra - Não podendo resistir ás fôrças gover nistas mandadas a seu en-
Jlida. l<' m 1907 representou o Brasil n a co nfere n cia Lle Haia e todo~ contro. o general Isidoro abando nou a capital e tomou o rumo do sul.
sabem a <!UC' a l tura consegu iu ê l e e levar o n ome ele s ua pa.tria.
Este levante repercutiu em diversos Estados e princi~almente no
"Si vós. senho r e mbaix ador Uui Bai·bosa- dizia o ministro a m e- Rio Grande do Sul, onde diversas unid ades revoltadas muram-se aos
ricano em Haia, David J ayne Hill - s i võs so is a alma do Brasil, antigos r evolucionarios civis.
YOssas idêas, tão c laras, tão justas, tão nobres e tão modernas, exe r-
eem uma infl u ênc ia em vosso pals. eu prevejo vara ê le a prosperi- As fôrças I'evolucionarias, ao mando do capitão Luiz Carlos Pres-
Llade futura sem limit e e o rE:speito elo munrlo inteit·o para aH s u as lei>< tes, passar'am depois para o Estado de Santa Catai!na e da~ e~pre~n­
f" Huas in Pt itui ções.''
deram uma memoravel marcha através dos sertoes brasileiros, .m-
O que foi a ação ele Hui Barbosa em Haia baRtam para d<lfinf-la vadindo sucessivamente os Estados de Paraná, Mato Grosso, Gmaz,
•· precisft-la es t as pala \-ras de Willram Stead, o c roni sta rla eonfe- Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Parai~a,. Per~am­
I·enc ia: "As duas maiores fôrças pessoais da confe r encia Coram o buco Bafa e Minas Gerais, vo ltando por Pernambuco. Piam, G01az e
harão de l\Iarshall. da Alemanha. e o dr. Barb osa. do Brasil. Atrits 1\'fat; Grosso até internarem-se em territorio boliviano.
do barão rle Marshall, port'm, se e rgu la todo o poder mi li tar do impe-
rador germanico. a i! bem á mão e presente, el e cont!n uo, ac>s o lh os de
todos os delt·gados. 'l'rás o dr. Barbosa estava ape n as uma Jonginqua Em lutas políticas e revóltas militares estava quasi
r ep u b li ca desconhecida, com um exército in capaz de qu a l tJU t> r movi- }'im <lo qua· escoado 0 quadrienio governativo do Dr. Artur da
mento militar e uma í'squadra ai nda por ex istir ... Todavia, ao acabar
da co nf e r enc ia o dr. Barbosa pesava m a is do que o harão el e Mars hall. d1l'ienio Silva Bernardes. quando realizou-se a eleição para
nfaior triunfo pessoa l, na recente co nf erencia, nenhum dos sem< 0 quadrienio de 1926 a 1930, sendo eleitos o Dr. Washington .Luis
membros o obteve, e tanto mai s n otave l foi quanto o a lcanço u ê l e Pereira de Souza, presidente e o Dr. Fernando de Melo VIana,
por si só, sem nenhum a uxfli o es tranh o. AliaduH nfLO linha o dr.
Barbosa: tinha muitos rivais, muitos inimigos. <' co ntud o, vingou Yice-presidente.
:lquele cilno. Foi u1n i1n enso triunfo vcssoal qu._:• t·eclund ou cn1 C' r é-
dito para o Bra!'lil."
186 REPUBLICA FEDERATIVA
REPUBLICA FEDERATIVA 187
I O. o periodo presidencial de Minas Ge-
so b o titulo AUunça Liberal, une~-se os dEstados
d Sul para o triun-
rais Paraíba e Rw Grau e 0
l!.• Hçíio fo dompleto daquelas candidaturas.
1926-1930
Neste último os partidos po IT1 tcos esque-
a
.
cem as lutas dos• ultlmos t em pos e passamU
o presidente Waslúngton Luiz Pereira de Sonz1L tomou posse constituir uma frente unfca para o pre o
· .. _do poder no dia 15 de novem- cívico.
bro de 1926.
A's medidas compressoras do govêrno _da
Recebido com a maior con- União, responde a A 1·tanç~ Liberal com a mawr
. houve pais
fiança, decorreram suaves os propaganda politica que Jamats I 110
ntares'
primeiros anos do novo govêr- não só em memoraveis lutas par ame •
no que contava com a decidida como em caravanas politicas que percorrem
simpatia do povo brasileiro. Dr. Antonio Carloa todos os Estados.
Refeito o ministerio pela
saída do ministro da fazenda,
Dr. Getulio Dorneles de Vargas,
eleito presidente do Estado do Dr. Vital
Rio Grande do Sul, continuou Soares
Dr. Julio Prestes sempre o trabalho construtor,
mormente na definitiva demar-
cação de nossas fronteiras, sob a ação do ministro Otavio Mangabeh·a.

EstabiJl.
As primeiras nuvens precursoras da tormenta co-
zação meçaram a aparecer com a apresentação do plano
financeiro do govêrno, que procurara mudar o pa-
drão de nossa moeda substituindo o mil réis pelo cruzeiro, ao
baixo cambio de 5 dinheiros.

Crise A crise financeira e comercial acentuava-se cada


econom.ica vez mais. Veiu agravá-Ia ainda a desvalorização
de nosso principal produto de exportação, o café.
As dificuldades da vida aumentavam cada dia.

Sucessão Depois surgiram as lutas políticas da sucessão pre- na ocasião em que o presi-
Ji:xpl
.<\.spNododanio
~lente anada eloelos'u~a~-~~
Grande ~ pl a taforma ela Aliança Liberal
sidencial. O presidente da Republica, continuando o I
presidencial hábito inveterado que substituía á vontade popular
o arbítrio onipotente do chefe do Estado, na escolha de seu suces-
. ovêrno obstina-se em
sor, teimosamente persistia em prestigiar as candidaturas dos drs. Fere-se o pl_etto e o ~essoras depurando O•
Jnl.io Prestes e Yital Soares, á presidencia e vice-presidencia da 1edobrar as med,das comp . : Minas Gerais
Republica.
deputados e senadores eleltos pot . - de Prin-
f . cendo a msurre1çao
e Paraíba, , a~ot e . , e tentando a interven-
cesa neste ultnno Estado, d Montes
A Aliança Ao dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, presidente ção •em Minas, depois dos sucessos e
Liberal do Estado de Minas Gerais, coube a iniciativa de
apresentar, em oposição áquelas candidaturas, as Claros. . a ssassinato do presidente Jof10
do dr. Getulio Dorneles de Vargas, presidente do Rio Grande do Por em
Pessôa, con_1 o a exaltação dos animas atin-
ftm, Rectfe,
Sul, e dr . •João Pessôa, presidente da Paraíba.
giu ao auge. . ·s faltava ao presidente
Pouco ma1s de um me ã de seu mandato,
Washington Luiz para conclus o as aguas do
· speradamente, como
quando, me ·stencia de um dique, a João
oceano quebrando a resl 1 afs D1·.
onda revolucionaria extravasou pe o P . Pessoa
188 f:EPUBLICA FEDEltATIV.\

HEPüBLICA FEDERATIVA
189
A Revolução Nacional
Na Este pequeno Estado foi o quartel-general dos revo-
13." Uçiio Parafba lucionarias do norte.
Dali irradiaram as fôrças que, sob
193() a inspiração
imediata de Juarez Tavora,
libertaram primeiramente
. A Revolução explodiu, no dia 3 de outuuro de 1930, simultanea- o Rio Grande do Norte, o
mente10nos Estados ele Minas Gerais, Paraíba Rio Grande do Sul Ceará e Pernambuco. Ven-
eÍ· c~~1 a lava_ in candescente que desce da c'ratéra de um vulcão' cida esta primeira etapa,
a as
O passaoud-se rap~damente Pelo
o pobt1co. país, destruindo num instante tod~ dentro em pouco AlagOas,
Sergipe, Baia e Pará caiam
em poder dos revolucio-
Em Minas No dia designado para o rompim ento, ás 5 horas da narias. Em uma semana,
Gerais tarde, em Belo Horizonte,
uma Proclamação elo presi- o nordéste brasileiro c
de_nt~ Oleg:trio Jfaciel anunciava ao povo o norte tinham conquistado
ll1Ine1ro q~e a hora da reivindicação havia a liberdade, pelos esforços
soado. Fo1 logo prêso o coronel Andrade de Juarez Tn1·on1, o grande
Melo, comandante da guarnição, ocupa- cabo de guerra, e José ,tme·
das as repa1·tições federais e as estações - rico de Almeida, o esteio
Juare z Tavont civil da revolução. Dr. José Amerieo
das estradas de ferro. Tudo isto foi exe-
cutado com a maior rapidez e apenas
.\ ruulm desenvolveu-~e o
0

12._ _ R I. ?o exército, auxiliado por alguns0 No Rio Gran- Em tôrno elo dr. Os1·aldo
a~wes, op~s tenaz resistencia durante oito de do Sul movimento revolucionaria, neste Estado.
d1as. D;munada esta e a que fõra oposta Porto Alegre, Debalde o general Gil de Almeld:t concentrara, em
inumeras fôrças para se lhe opôr.
Pel.as forças do exér cito acantonadas em
~res Corações e São João d'El-Rei, ini- No dia 3 de outubro, ás 5 horas da tarde. o movimento irrompeu
CIO~-se a marcha 11ara o setor da Manti- D•·. Ol<:>g-a rlo com toda a energia, ocupando os revo-
lucionarias as repartições Cederais, pren-
que1ra, onde a cidade de Juiz de Fóra era ::lf:.tci el
maior baluarte dos defensores do govêrno. 0 dendo o general Gil e vencendo, sem
custo, a resistencia oposta por algu-
mas companhias do 7.0 B. C. e 2: com-
paJlhia de Estabelecimento.
No dia seguinte, tinham aderido ou
sido dominadas todas as unidades fede-
rais do interior do Estado, de modo que
o Rio Grande elo Sul estava apto para
entrar na grande cam panha nacional.
O entusiasmo popular tornou-se in-
descritivel e, em três dias apenas, cêr-
ca de cem mil homens estavam em ar-
mas ou recebendo instrução militar.
Iniciou-se a marcha para a frente e
as colunas rio-grandenses invadiram nr. os,·alrlo .\ranha
Santa Catarina e Paraná, onde encon-
ti·aram o mesmo entusiasmo cívico.
Enquanto a coluna do general Waldomiro Lima, marchando
pelo litoral, cortava as comunicações com a ilha ~e Santa Ca-
tarina, onde os govemistas estavam fortemente apoiados por al-
guns destroiers, com a maior r·apidez, dentro de uma sema~a, a
Ocupação dü Qua•·t(' l elo 1 ~." T:. l. e m R<>lo Ho1·izont<• frente sul da revoluçijo atingia as divisas de São Paulo, dep01s de
vencida a resistencia da CaJ.ela. da Ribeira.
Em 11 de outubro, o dr. Getulio Vargas, comandante em che~e
Ao mesmo tempo, a coluna elo tenente-coronel Otavio Amaral
?Cup~va o Esta~o do Espírito Santo e outras colunas repeliam a
dos exercitas revolucionarias, transportara-se, com as suas casas CI-
mvasao dos paulistas, no renhido combate de Itnnlumdú e invadiam vil e militar e o seu estado maior chefiado pelo coronel Góes Mon.
o Estado do Rio de Janeiro. visando a cidade de Campo;_ tefro, para a cidade de Ponta Grossa, no Paraná.
190 REPT'BLICA FEDERATIVA

l.Jr. J. 1•'. A~sis


Dr. Oswaldo Aranha Bra•il Dr·. Lindolfo Co ll or
Ministro da Ministro da Ministro do
Justiça Agricultura Trabalho

F ú l' r :Js r e Yo l u c ionari a s en1 P o rto Al e gT0

. .
As primeiras fôrças rio-grandenses que chegaram á fronteira
·de São Paulo foram, s ucessivamente, as do coronel Alcides Etche-
goyen, as do geueral Miguel
Costa e as do coronel João
Albe rto Lins de Barros.
No dia 12 de outubro,
feria-se o combate de Qua-
tigu{t, desfavoravel aos le-
galistas, que abandonaram
o territorio paran a ense. O
inimigo, repelido de sua po- c'onlra Almirante
General Leite de J~aias de Noronha
sição de Seugés, fez-se for- Castro Dr. Getulio Vargas Ministro da
te em ~Ioruugava, onde foi 1\linistro nn. Guerra Chefe do 0oYerno Marinha
vencido, de novo, em 17 de Coro nel .roão
outubro. Alb f> r·to

Dr. Afranio de Dr. José Maria l;Pneral .Tnan z Dr. FranC'i~eo •ln
:i\110110 Franco WitackPr Tn.vor:t <~an1pog
~Ti nistro do Ministro <1" JlfiniRtro da ,\f i nistro 1L1

EÀterior Jo'<tz~ncla 'rjaçflo l11~tru~ã'J


REPUBLICA FEDERATIVA 191

Percorridas estas etapas, achavam-se as fôrças revolucionarias


reunidas diante de Itararé, cujo ataque, talvez o mais sangrento de
nossa história militar, estava anunciado para o dia 25 de outubro.
No dia 24, porém, a radiografia começara a anunciar um pronun-
ciamento militar, na Capital Federal, e consequente prisão do presi-
dente Washington Luiz.
Confirmadas estas notícias pela Chefia das fôrças revolucionarias,
o general Miguel Costa, po r intermedio do 1lr. Gllcerlo Ahes, depu-
tado rio-grandense, parlamentou com o coronel Paes de Andrade
comandante da praça de Itararé, e obteve a sua rendição.

Diante das proporções assumidas pela Revolução


No RJo de
lanelro as fôrças militares da Capital Federal, por interme-
dio dos generais Augusto Tasso Fragoso, Fernando
Leite de Castro, João de Deus Mena Barreto, Firmino Borba e Pan-
taleão Teles Ferreira, haviam feito um apêlo ao presidente Was-
hington Luiz para afastar-se do govêrno.
Essa intimação foi-lhe apresentada pelo cardeal Sebastião Leme,
arcebispo do Rio de Janeiro, em companhia do qual. depois
de alguma relntancia, safu o presidente para a fortaleza de
Copacabana.
Acefalo o govêrno da Republica, foi instituida um a junta gover-
nativa provisoria composta dos generais Tasso Frtt!-\"OSO, ~rena Bar-
reto e contr a-almirante Jsaias de ~or onhn.

General Contra-almirante General Tasso


Mena Barreto !saias de Noronha Fragoso

A esta junta os generais Miguel Costa e Flores da Cunha, em


despacho radiotelegrafia, fizeram sentir que os intuitos da revolução
eram a realização dos ideais da Aliança Liberal e consequente posse
do dr. Getulio Vargas.
Com efeito, este, na noite de 31 de outubro, recebia no palacio do
Catete a investidura do supremo govêrno da Republica, que lhe era
transmitido pela junta provisoria, e nomeava os membros de seu
minlsterio.
192 Rl!:PUllLICA FEDE I{ATJV_\ REPUBLICA FEDE RATI VA 193

RECAPIT ULAÇÃO
Espalhado o boato da ordem de prisão contra o
Proclama!)iio marechal Deodoro e o tenente-coronC 'l Benjamin
da. Republlca Constant, a 2.• brigada revo ltou-se. Deodoro e Ben-
jamin colocaram-se á fr e nte do movimento, de- I •n-sidt·ntf": clt". .t\.fon !l!o J•c un ; vice-preside nte:
1 88 9 puse ram o ministerio e proclamaram a Repub l ica V periodo dl'. 1\ ll o l' ~o; unhu. - Fatos principais: desenvo lv i-
dos Estaclos Unidos do Brasil. presldeucinl mento fla colonizac;:ào, serviço mi l itar obrigator io,
r efo rçam ento da marinha. Conferencia da Paz, ex-
--------- --------- 1906-1910 vosiçiio naciona l no Rio de Janeiro, morte do pre-
O govêrno provisorin, instituído com a procla- sidenlP e govêrno do vice-presiden te.
mação da Republica, teve por chefe o marechal
Govêrno Deodoro. Seus atos principais foram: deporta-
provlsorio ção da familia imperial, decreto instituindo a
nova bandeira, convocação da constituinte, esta- Presidente: 1Unre<•hul ller-• nt•s tln li"ou secn ; vice-
1889-1891 belecimento da grande natural ização, separação da presidente: dr. 'Ve n c cs lnu Bt·uz. -
VI Jlerlotlo Fatos princi-
igreja do Estado, casam e nto civi l. Promulgad a pais: revólta tios marinheiros, i ntervenção nos Esta-
a constituição, o govêrno JH·ovisorio disso lveu-se.
)Jresi•lenciul
dos, reunião de fanatlcos no Contestado, boatos ele
- --- - - --- --------- ----- 1910-1914 revo l ução qup determinaram o estado ele sitio, inter-
venção no Ceará, meeliaGãO do ABC. crise financeira .
Pl'esidente n1arechal Deodoro d u F on seca ; vice-
presidC'n le, 1narechal F lorh'lltH J•t"ixuto . - Encon-
trando forte oposição no Congresso, Deodoro
I ))erJodo dissolvE.'u-o. Contra este ato n•voltou-se a ar-
)I residencial mada nacronal. Deodoro resignou e F lor·iano assu- Presidente: ll r. "\'\Te u eesl;eu Ut· n~ l:'erel.rtt Gon• es;
miu o gov&rno, <!UC foi todo de lutas, desde VII ]Jel'iodo vice-presiden te: Dr. U rb:uw S nntos da Co s ta
1891-1894 a revôlta da fortaleza de Santa Cruz, atê a revólta Jlresldeuclnl -v n ujo . - Fatos notaveis: lulas polit icas, de-
da armada e a revolução federa l ista no Rio G r an- claração rl e gue r ra '' A lemanha, agitac;:ão polit'i-
d e do Sul. ca, aRsassinato do senador Pinheiro ::\Iachaelo, re-
1914-1918 forma eleitoral, Cocligo Civil. incorpora ção dn Con-
tP~laclo ao Estado ele S. Catarina.
Presidt>nte: d r·. P rtul e n tc d e :uurui s; vice-presi-
dente : dr. !Unnoel ' ' ltorlno . - Fatos princ i pais:
11 periodo revó lla da Esco la Militar do Rio de Janeiro, tJaci-
)lreshlencia I ficação do Rio Grande do Sul, r eco nhecimento pela
P1't..~sidPil te: IJ r. l1' rnn c hwo tlt• a•nulu Rodrtg·ues
Inglate r r a do direito do Brasil á ilha da Trindade,
so l ução ela questão ele 1\Iissões, arbilragPm ela ques- \ l n•s ; vic t'- presidente: D r . D<'lflm More lrn dn Cus-
1894-1898 t:• Jlibe h ·o. Fatos notaveig: morte> do preside n te,
tão do Amapá, guerra el E' CanudoR, asRassinato elo VIll período
1ninistro rla guerra. e leição do Dr. E t>itn cl o r es,.on. Yisita dos reis ela
)Jresldencia 1 Bclgica. revogac;:ão flo banimento l' repatrlac;:ão dos
r estos mortais elo ex-imperador e ela ex-Imperatriz
Presidc· nte: dr·. (' nm t>os Sal es; vice - prPside n te: d r . 1918-1922 do Brasil, falecimento da princPsa Isabe l, a ne -
m )Jeriodo Rosn e Slh·u. - - Acontecim p ntos notave iR: v isi t a elo d entora, revóitas militare~. prisão rl o marech a l
presidencial presidente da nepublica Argentina e r etri buição Hermeg, fechamento cl.o Club ::\filitar, <'=-posição e
p e lo do Brasil , solução da questão do Amapú, o ela de festa>< rlo centenario da ill(lepen•h•ncia .
1898-1902 limit es com a Guiana Ingl esa. restauração elas
finançaR do pafs.
- --- - -- -
}
1
residentt:": H r. Ar tu r tl n S ih·n Ue rnartleH: vi-
l'J·esiclente: dr. Rotlrlgn es A l v es ; v ice-pres idente:
dr. Slh•lno Brnntliio e, morrenelo este, o dr. Afonso IX periodo ce-pn•sidentE': Dr. Es tn <• io " " .\llm<tne rque Colm-
JV perlodo presidencial b t•n. Fatos principais: lulas po lít icas e In te r -
)I residencial Pena. - Principais fatos: incorpo r ação elo terri-
lorio do Acre, fixação de limites co m os palses v enção no Rio de Janeiro, lutas armadas no Rio
vi zinhos, revó l ta da Esco la Militar , caso da canh o- 1922-1926 Grande elo Sul. re,·ó lta!' milital'I.'S. reforma da
1902-1906 n ei r a "Panter", catastrofe do "Aquidaban", rP- Constituição ela Tiepuhlica.
vo l ução Pm Mato Grosso, remodelament o elo Rio.
194 REPUBLI CA FEDERATIVA
REPUBLICA FEDERA TIVA 195

RECAPITU LAÇÃO
= = = = = = == I QUADRO DE CIVILIZAÇ ÃO
Presidente: Dr. ' V n s h i n g·ton L u iz P ereira d e
Sou za ; vice - presidente: D r . Fer n ando d e Me l o Comêço do Seculo XX
X perJodo V iu nn. Simpatia do povo; consolidação das
presidencial fronteiras. Estabilização, crise do café. Lutas po-
líticas, formação da A l iança Liberal. Medidas EVOLUÇÃO POLITICA
1926-1930 compressoras do govêrno. Assassinato do presi-
dente João Pessôa. Deposição do gov ê rno. O Brasil. como vimos, foi a principio uma colonia portuguesa e
por a l gum t empo espanhola, passou depois a Reino unido a Por-
tugal. Constituiu-se por fim num imperio independente e é atual -
mente uma republica federativa; a sua constituição politica con-
sidera tr{:s pode r es nnciou u is: L egislativo, Executivo e Judiciario.
Em 3 de outubro, rompimento simultaneo em O Poder L egis l at i\•o, o e ncarre gado de fazer as leis, é exe rcido
Minas Gerais, Para!ba e Rio Grande do Sul. Re- pelo Con g r esso N a ciona l (Camara dos deputados). - O Pod er Exe-
sistencia em Minas Gerais, invasão do Espírito euth ·o, a que compete a execução das l e is, é exercido pelo Presi-
dente da Republica, é eleito pelo sufraglo do povo. - O P otler Ju-
Santo e Rio de Janeiro, combate de Itanhandfi. - dicinrJo, destinado a apliear a l e i aos casos sujeitos ao seu julga-
Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagôas, mento, é exercido p elo Su prem o Tribun a l Fetlerul e juize s.
Sergipe, Pará libertados por Juarez T avora. -
Revolução Ação de Osvaldo Aranha no Rio Grande do Sul;
nacional PROGRESSO MATERIAL
mobilização vertiginosa; invasão de Santa Cata-
rina e Paraná; cêrco de Florianopolis; ação da
O comércio do Brasil t e m progredido notav e lm ente e é já con-
1930 Capela da Ribeira; combates de Quatiguá, Sengés, siderado importante entre as principais nações do mundo. No
1\Iorungava; posição do Itararé. Pronunciamento primeiro semestre de 1914, sua exportação foi de 323 mil contos.
militar na Capital Fed e ral; prisão do presidente Os 52 portos brasileiros foram frequentados no primeiro semestre
Washington Luiz; junta gov e rnativa provisoria; o de 1903 por 6.050 navios nacionais e 1 .874 cs tranjeiros, sendo 818
ingleses c 388 alemães. Na navegação fluvial, as companhias fis-
dr. G!'tulio empossado no supremo govêrno da Re- calizadas pelo govê rno realizaram, em 1 V13, 2092 viagens.
publica; formação do govêrno proyisorio. A industria toma n o tav e l desenvolvimento e na expos içf.o uni-
versal de S. Luiz, nos Estados Unidos, onde co nquista mos o quarto
lugar, na JUx tl o ~ i ~ii o Nac ioun l, realizada no Rio, na. ExtlOS i ~iio Turint-
Romu, os nossos produtos despertaram a atenção.
Na viação ferrea já em 1907 ocupavamos o nono lugar en tre as
nações e hoje possu imos perto de 25.000 kms. de linha cro tráfego .
A nossa principal linha é a Central elo Brasil liga nd o o Rio de
Janeiro á fronteira do Rio Grande do Sul.
A tração elétrica já tem grande emp r êgo em linhas de bondes e
de estradas dtl ferro, e o automovel toma incremento como meio de
locomoção.
Tambem começa a d esenvolver-se a aviação, na qual tantas glo-
rias colheu Santos Dumont.
Possuímos perto de 35.000 kms. de linhas telegraficas t<'rrestres,
linhas transauanticas inglesas, francesas c alemãs e muitas esta-
ções d e telegrafo sem fio.

CH':NCIAS, LETRAS E ARTES

Os nom es mais notaveis no nosso desenvolvimento inteletua l


silo: Na diplomacia: Dnri\o elo Rio Drn11co, Joaquim Nabuco; na
e loquencia política Rui llarhosn (discursos parlamentares, confe -
rencia da Paz); na eloqu e ncia sagrada o padre Julio MnrJn ; na
imprensa: Q,u i n tlno Doeni u,·n; na poesia : Raimundo Co rrêa, A l -
berto d'Oliveira, Olnvo Dilac, Luiz Murat, Francisca Julia e muitos
mais; na prosa: "laehado de Assis (Bras Cubas, Quincas Borba, d.
Casmurro, etc), Aluizio Azevedo (Casa de Pensão), Rau l Pompela
(Ateneu); Afonso Arinos (No Sertão); Alcides Maia (Rui nas Vi -
vas, Tapera); Graça Aranha (Canaan); E u c lides tln C unho ( Os
Sertões); Co elh o Neto; Silvio Roméro; Afonso Celso e outros; na
musica: Alberto Nepomuceno, Leopoldo Miguez, Clotilde Maraglla -
no as irmãs Iracema; na esculptura: Nicolina ele Assis, Decio Vlla-
r cs; na pintura: Antonio Parreiras, Pedro Weingartner, A lm eida
Junior e outros; na aerostação: Julio Cesar, Augusto Severo, Santo•
Dnm o nt; na e l etricidade: Os,·aldo Faria (acumulador elétrico).
INDICE
TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO 7. • lição - As capitanias do
Sul . . . . .... . ..... .. .. .. . . 26
A terra e os habitantes. . . . . . 6 Quadro de recapitulação .. . . 27
Leitura - Influência da ve-
getação nas denominações OS PRIMEIROS GOVERNADORES
locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
A vida selvagem. . . . . . . . . . . . 8
Leitura - Lendas indigenas 9 1. • lição - Creação do go-
Costumes na guerra.. . .. . . . . 10 vêrno geral ... . . . .... .. . . 28
Leitura Perí. . . . . . . . . . . . . 11 Leitura - Reflexões sôhrP as
Quadro de recapitulação. . . . 12 primeiras épocas da •stõ-
ria do Brasil. . . . . . . . . . .. . 29
2." lição - O t.• governador
TEMPOS HISTORICOS geral ................... . 30
Leitural - A fundação da ci-
1. • lição - Descobrimento dade ................. . .. . 31
do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3." lição - Catequese elos
Leiturn - O descobrimento selvagens .... . .. . ....... . ''')
Ú-
do Brasil teria sido efeito Leitura - Foi proveitosa a
do acaso? . . . . . . . . . . . . . . . . 15 influência dos padres da
2.• lição - Primeira expio · Companhia de Jesus nos
ração .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 destinos do Brasil, após o
Leitura - Beleza do Brasil. 17 descobrimento? .... . . .... . .,.,
•)O)

3." lição - Segunda explo- 4." lição - 2.• governador


ração - Terceira explora- geral ................... .
ção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Leitura - O bispo martir .. .
Leitura - Brasil . . . . . . . . . . 19 5." lição - Fundação de S.
1-~ lição - Primeira tent:ni- Paulo .. . .. . .. . .......... .
va de colonização . . . . . . . . 20 Leitura - .José de Anchieta
Leitura - O Caramu rt. . . . . . 21 6.' lição - França Antar-
5." lição - Ensaio de divisão tica ..... . . . ......... . . . . .
administrativa . . . . . . . . . . . 22 Leitura - Origem da expedi-
Leitura - As capitanias. . . . 23 ção francesa ao Rio ele Ja-
6. • liÇão - As capitanias do neiro ... .. ... .. .......... .
nor~e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 7.' lição - a.• govemador
Leitura - Os primeiros co- geral . .................. . 4ft
lonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 l,eftnra - l\lem cte Sá .... . . 41
198 INDICE
INDICE 199
7. • lfçA.o - 3.• governador 8." lição - 2." invasão (con-
geral (conclusão) .. ... . . . 42 tinuação) . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Leitura As Missões . . . . . . 99 2. • lição - Regencia una. . 126
Leitura - Batalha das Ca- Leitura - Os heróis da guer- Quadro de recapitulação. . . . 100
Quadro de civilização. . . . . . . 101 Leitura - Serviço da Regen-
nOas ......... . ..... . . . .. . 43 ra brasilica . . . . . . . . . . . . . . 73 cia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
8. • lição - Fundação do Rio 9." lição - 2.• invasão (fim ) 74 3." lição - Revolução no Rio
de Janeiro . .. . ... . . .. ... . 44 Leitura Beneficios da TEMPOS ANTERIORES Á INDEPENDENCIA
Leitora - Morte de E sta cio Gra nde do Sul. . . . . . . . . . . . 128
guerra hola nd esa . . . . . . . . 75 Quadro de rE-capitulação. . . . 129
de Sá . . . . . . . ... . . . ... ... . 45 Qua dro de I:ecapitulação. . . . 76
9. • lição - Divisão do país 1 .' lição - Inconfid E>ncia Mi-
em dois governos . .. . ... . n eir a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
46 SEGUNDO IMPERIO
Leitora - Foi vantajosa a O DESPONTAR DA NACIONALIDADE Leitura - O martírio de Ti-
anexação á Espanha ? . .. . . r a dentes ... .. . . ...... . ... 10!
47 2.• lição - Vinda da famili<t
Quadro de recapitulação ... . 48 1. • lição - Reinado de d. Pe-
A indus tria do assuca r duran- real por tug uesa . . . . . . . . . 104
Qua dro de civilização . . . ... . 49 te a guerra holandesa (cli- dro II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Leitura - Acertura do s por . Leitura - O duque de Caxia s 131
chê ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 tos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l OS
PIRATAS E CONQUISTADORES 2." liçã o - Pacificação do
Como se fazia o comér cio do 3." liçã o - Revolu ção repu-
algod ão (cliché) . . . . . . . . . . 77
Rio Gra nde do Sul. . . . . . . . 132
blica na em Pernambuco. , , 106 Leitura - Homenagem aos
1. • li ção - Govêrno gera l de 1." lição - Entradas e ban- Leitura - Episodio como-
Teles Barreto . ....... .. . . deiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 heróis de 35. . . . . . . . . . . . . . 133
50 vente . ... . .. . . .. .... .. .. , 107 3.' lição - Revólta praieira. 134
As conquistas portug uesas .. 51 Leitura - Os bandeira ntes. . 79 4." lição - Incorporação da
2. • lição - Os ingleses no Leitura - Sôbre a crise de
2." lição - R evólta do Mara - Cis pla tina . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Bra sil .. .. . . . .. .. ... . .. . . 1848 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
52 nhão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Leitora - Ultimes esfor ços 4." lição - Guerra contra
Leitum - Os corsarios . . .. . . 53 Leih1ra - Ma no el Beckmann 81 de Artigas . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3." lição - Conquis ta e co- Rosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
3." lição - Os Palmares. . . 82 5." lição - Volta da côrte
lonização do Norte ... ... . . 54 Leitura - Destruição dos Leitura - P assagem de To-
pa r a Lisboa . . . . . . . . . . . . . 110 nelero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
Leitura - As minas de prata 55 P almares . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Qua dm de r e ca pitulação .. . . 111
4.• lição - Os fr a nceses no 4." lição - Guerra dos Em- 5." lição - Ques tão inglesa. 138
Maranhão ... . . .. ..... ... . 56 boabas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Leitura - A ques tã o inglesa 139
Quadr o de reca pitulação . . . . REGENCIA DE O. PEDRO 6." lição - Expedição contra
57 L eih1ra - F elipe dos Santos 85
5.• lição - Guerra dos Mas- a Republica Oriental. . .. .. 140
OS HOLANDESES NO BRASIL cates . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 1. • lição - Regencia de d. Leit.ura - Tomada de P a i-
Qua dro de r ecapitulação ... . 87 Pedro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 sandú . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Leitura - Um homem da in- 7.' lição - Guerra do I ara-
1." lição - 1. n invasão .. . . . . 58 dependencia . . . . . . . . . . . . . . 113 g ua i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
Leitura- Entrada da esqua- CONSEQUENCIAS DA GUERRA DE SUCESSJO 2." lição - A independencia . 114
dra hola ndesa na Baía . .. . Leitura - O general Osorio . 143
59 Leitora - O grito do Ipi- 7.' lição - Guerra do Para-
2.• lição - 2." invasão . . ... . 60 DA ESPANHA
ranga 115 gua i (continuação ). . . . ... . 144
Leitora - Episodios memo-
raveis da guerra holandesa Pas sagem de Humaitá (cli-
61 1." lição - Fundação da Co- ché) .... ... . . . .... .. . . .. .
3." lição - 2." invasão (con- PRIMEIRO IMPERIO
lonia do Sacramento... ... 88 Ba talha nava l do Riachuelo
tinuação) . ..... ........ . . 62 Leitura - As fronteiras. . . . 89
Leitura - Episodios memo- 1 .' lição - Organização do (clich é) - Quadro de Vi-
2. • lição Os corsarios I mp erio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 tor Meireles, pintor bra-
r a veis da guerra holandesa 63 fran ceses . . .. . .. . . . .. . . .. 90
4." lição - 2." invasão (con- Leitura - A primeira Cons ti- sileiro . . . . . .. .. . .. .. ..... .
L eitura - Rasgo de heroismo 91 t uin te . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 T oma da de Curuzú (clich ê) ,
tinuação) ..... .. . .... .. . . 64 3." lição - Tratado de Ma-
Teatro da guerra holandesa. 2." lição - Confederação do segundo um "croquis " da
65 drid . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 E quador . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 época ..... . . . ..... . ..... .
5." lição - 2." invasão (con- Leirura- 0 Marquês de Pom-
tinuação) . . . .. .. ... . . . .. . Leitura - J osé Bonifacio .. . 119 Bata lha de Av al (cliché ) -
ff6 ba l e o Brasil. . . . . . . . . . . . 93 .3." liçã o - Guerra platina. . 120 Qua dr o do pintor bras ilei-
Leitura - O conde Mauricio 4.• lição - Novas lutas ao Leitura - A batalha de Itu -
de Nassau .. . .. . ....... . . r o Pedro Americo . ...... .
67 sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 zaingo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Leih1ra - Pas sagem de Hu-
6.' lição - 2." invasão (con- Leitora - Rafael Pinto Ban- 4." lição - Abdicação de d. maitá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
tinuação) .. .. . .......... . 68 deira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 7.' li ção - Guerra do Para-
P edro I . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Leitura - Episodios memo- 5." lição - Paz de Santo Il- guia (fim ) . . . . . . . . . . . . . . . 146
Qua dro de re capitulação. . . . 123
raveis .. . . . .... . . . ...... . 69 defonso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9&
7." lição - 2." invasão (con- Leitura - Tratado de Santo Leit ura - As Cordilheiras. . 14 7
tinuação) .. .. . . . . . ..... . . 70 Ildefonso . . . . . . . . . . . . . . . . 97 60YERNOS REGENCIAIS 8.' lição - Declínio da mo-
Leitura - Os heróis da guer- 6." lição - Integração do n arqu ia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
ra hrasilica .. . ... . .. .. . . . 71 territorio ao sul. . . . . . . . . . 98 1. • lição - Regencia trina. . 124 Leihua - A verdad e dem o-
Leitura - Evariste e F eijó. . 125 cratica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
200 INDICE

s.·lição - Declínio da mo- 5." lição - 3. 0 per·lodo pre-


narquia (continuação).. . . 15(} sidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
Leitura - Silva Jardim. . . . . 151 Leitura - Questão do Amapá 171
s.• lição - Declínio da mo- 6." lição - 4." período pre-
narquia (fim) . . . . . . . . . . . 152 sidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
Leitura - O exército negro. 153 Leitura - A questão elo Acre 173
Quadro de recapitulação. . . . 154 6. " lição - 4." período presi-
Quadro de civilização . . . . . . . 155 dencial (conclusão) . . . . . . 174
Leitura - Um grande guer-
REPUBLICA FEDERATIVA reiro e um grande diplo-
mata .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
7." lição - 5." período pre-
1. • lição - Proclamação da sidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 176
Republica . . . . . . . . . . . . . . . . 156 Leltnrn. - Segunda conferen-
Leitura-A conspiração 157 e 158 cia ela paz . . . . . . . . . . . . . . . . 177
2.• lição - Govêrno provi- 8." lição - 6." período presi-
sorio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 den cial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
Leitura - Uma noite histo- Leitura - Barão elo Rio
rica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Branco . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
3." lição - t.• período presi- 9." lição - 7." período pre-
dencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 sidencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
Leitura - A renúncia de Deo- Leitura Mensagem da
doro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
3." lição - t.• período pre- lo.• lição - 8." período pre-
sidencial (conclusão). .. . . 164 sidencial ..... . .... . ...... 182
Leitura- Durante o bombar- Leitura - Rui Barbosa 183 e 184
deio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 11.' lição - 9. 0 período pre-
4. • lição - 2. • per iodo presi- s idencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
dencial ....... ........... . 166 12." lição - 10." período pre-
Leitura - Ilha da Trindade. 167 s idencial . . . . . . . . . . . 186 e 187
4." lição - 2." período pre- 13." lição - A Revolução
sidencial '( conclusão) . . . . . 168 Nacional . . . . . . . . . . . 188 a 191
Leitura-- Bloqueio de Canu- Quadro de recapitulação 192 a 194
dos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 Quadro de civilização. . . . . . . 195

EDIÇÃO

N.0 442

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.442 OF. GRAF. DA LIV. DO GLOBO - P. ALEGRE

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