Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LIMA
6.a EDIÇÃO
(80. • 111 I L H E I R O)
N. • 442
AO LEITOR
Na pagina par:
0
1. ) Um ponto h1'storico exposto em linguagem
ao alcance das crianças, sendo o essencial em carac-
téres maiores e, em tipo menor, as notas e explicações.
Na pagina impar:
0
2. Um resumo cronologico da lição.
)
0
3. Uma lehura !iteraria sôbre o ponto dado.
)
a) A terra e os habitantes.
b) A vida selva.g·em.
c) Costumes na. g·uerra.
TEMPOS ANTEillOHES AO DESCOBRIME NTO ' 7
6 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIME NTO
- Influência da vegetação nas denominaç ões
A terra e os habitantes locais
Uma vastíssima região cortada de rios
caudalosos, semeada de matas, guardando Numa regmo como o Brasil, onde a vegetação exubera, variada e
em seu seio virgem opulentas riquezas mi- intensa em vastíssimas zonas, a denominação dos lugares de proce-
nerais - tal se nos afigura o Brasil sel- dencia indígena deve, ele contínuo, traduzir a feição local sob o ponto
vagem. de vista da sua vestimenta vegetal, ou pelas espécies característica s.
A variada abundancia de palmeiras da
flora do país serviu para a sua denomina- A geografia aqui reflete nas denomina ções dos lugares a. ca-
ção primitiva. racterística vegetal de cada urna.
Pindormun, isto é, região das palmeiras, Não é, pois, de estranhar-se o frequente emprêgo de nomes de
- era o nome consagrado entre os seus sel- plantas, árvores, para indicar um rio, um banhado, um vale, um
vagens habitantes. povoado, urna serra, um acidente topografico qualquer. Couto de
Estes procediam talvez de povos emi- Magalhães refere ter ouvido entre os indivíduos de uma tribu tu]}l
grados da Asia, em épocas remotas, e di- do interior o nome Pin<lorama ou Pido-Retana, região das palmeiras,
vidiam-se em dous grandes grupos: tuJdS como indicativo das terras do litoral brasileiro, e podendo-se apli-
e t:qm ia!'. car ao pais todo. As palmas são, de fato, um tipo vegetal tão dis-
" ... A' hora do toqu e das buzinas tinto, tão característico e tão comum na nossa terr a , que a sua
passavan1 diante li as casas elos guer-
r eiros, dizendo-lh es este famoso gri- beleza e frequencia em certa parte do pais, não podia deixar de
to de gu erra para a conquista do Bra- influir para o nome que o devia designar. Daí vem encontrarem- se
s il: amiudadas vezes no nosso mapa geografico as denominações tupis
- Yá só Pind orama J:oti, itama-
r:ina poanhantin, yarar an1a ae rece. das diversas espécies de palmeiras. O nome Caruanba, corruptela
- March emos para a r egião das de Caranú-Hihn, da magnífica palmeira de folhas flabelHormes
Um tipo inrlig <' na palmeiras (Pindorama ), com a acha (Copernieht Cl'l·ifera), cle que se extra i urn a cêra resinosa muito
d ' armas na ponta da mão, seremos
senhor es do B1·asil. ., (('. de Magalhães usada no norte do Brasil, com a sua copa esferica, formando um
- Anchieta. as raças <' lingua:s inrli- ornamento de notavel efeito na paisagem, abundante no sertão, á
g ena s). margem dos lagos e dos grandes rio s corno o S. Francisco, aparece
Entre as tribus designando grande número de localidades e traduzindo-lh e o aspecto
da raça tupi, que característico , sob as fórmas corruptas de Caruaíha Camuleúbtt ou
vieram a desempe-
('rundeúlm e até ('rimleúba.
nhar papel na his-
tória, notaremos os o nome {'araudú-Hi, rio das carnaubas, é frequente na região
'.famoios central.
Carijós Assim tambem
•ruJI huunluí ~ o buritl ou muriti,
'l'upiniquins a Maurilbt Vinifera
Cnetés dos botanicos, com
Tnbajara s as suas belas fo-
Pitag·oares lhas espalmadas
Entre os da ra- em leque, aparece
ça tapuia, os
dando o seu nome a
Aimorés grande número de
Goitn.caze10 localidades nas re-
Gualanazes giões dos campos
Gunlcurí1~
elevados, onde ela
Os t-n)lis eram cresce formando
senhores do vasto capões cerrados
litoral, irradiando nas baixadas das
em alguns pontos cabeceiras dos rios.
para o interior.
Os ta}mlltS ha- A Macauba ou Ma pa hip ote ti C'o das c mi g r a<: õ t> ~ 11ara :1
bacaiba, de que Am t> ri ca
bitavam as zonas ni st ri bu ic:iio das oi vE- rsas l rihu;; nelo pa!s
centrais do país. procedem por corruptela os llomes bocaiuva e macaiba, empresta
Crê-se, geralmente, que foram os tapuias os primeiros a se esta- o seu nome a não poucas localidades do Norte e Centro do Brasil.
belecerem no litoral.
Vieram depois os tupis e assenhoreara m-se dessas posições, re-
pelinrlo os inimigos para o interior.
TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO 9
8
A habitação do selvagem chamava-se oca. Era uma espécie de Origem do rio Solimões. - Ha muitos anos, a lua era noiva
cabana de palhas, de maior comprimento que largura, sem divisões .eo eol.
internas, onde viviam em comum muitas familias.
A reunião de algumas ocas, dispostas em círculo, formava uma Si chegassem a casar-se, porém, o mundo seria destruido: o
taba, a qual era de- amor ardente do sol abrasaria o mundo, e a lua com. suas lagrlmas,
fendida por meio inundaria toda a terra.
de uma cêrca de
paus ou caí~anl. A lua apagaria o fogo; o fogo faria evaporar a agua. Não
A taba tinha puderam casar-se, pois.
uma espécie de go-
vêrno rudimentar: Separaram-se, então, a lua para um lado; o sol para outro.
obedecia a um che-
fe, tirado em geral Separaram-se. A lua chorou todo o dia e toda noite; e foi
dentre os mais ve- então que as lagrimas da lua correram por cima da terra até
lhos e experimen- o mar.
tados.
O mar embraveceu e por isso não poude a lua misturar as suas
A reunião das
tabas constituía a lagrimas com as
tribu e uma re- agua!l do mar
- a11 quais meio
Dansa dos Tupinambás umao de tribus ano correm pa-
formava a nn~ão.
As diversas na- ra cima, meio
para baixo. Fo-
ções tupis falavam uma língua geral, mantinham os mesmos usos, ram as lagri-
castumes e tradições. mas da lua que
Os indígenas n ão conheciam vestimentas; usavam, porém, certos deram origem
enfeites; na cabeça um cocar de penas de vistosas cores, o acan- ao rlo Solimões.
gnapc; um cinto de plumas, endna}Je. Outros pintavam o corpo de
cores vivas; qua- O dfluvfo-
si todos furavam Oonta-se tam-
os beiços, as ore- bem que antiga-
lhas, o nariz, mente foi as-
donde pendiam 111m que o mun-
batoques. do 11e acabou.
Eram dados á Uma Tez ouviu- Refeição elos indios
dansa e á musi- 11e um grande
ca; tinham ins- rufdo nos ares e
trumentos, espé- no interior da terra. Dizem que muitos agouros apareceram. O sol
cies de gaitas, e a lua ficaram vermelhos, azues e amarelos. A caça misturou-se com
flautas, tambo- as gentes, sem ter medo, isto é, as onças e todos os animais ferozes.
res, como o mem- Um mês depois, ouviu-se um estrondo ainda maior. Viu-se então
bf, o uapi, o toré •. que as trevas enchiam o espaço, da terra ao céu, e que desabava
A caça, a pes- grande chuva, com trovoada, extinguindo o dia. Perderam-se uns,
ca, ai g um as outros morreram sem saber porque.
plantações de
mandioca e mi- Tudo estava muito feio. As aguas cresceram tanto que suh-
lho, constituíam mergiram a terra, ficando sp de fóra os g-~tlhos das grandes ár-
os seus meios de Fan1ilia s elvagem Toree. Nessas árvores procurou o povo salvar-se, mas choveu
vida. todo o tempo da escuridão e o povo pereceu de fome e de frio.
Os indígenas reconheciam a existencia de Deus, que chamavam E11caparam apenas Uassú e a sua mulher. Estes, quando desce-
Tupan, além de outros deuses secundarias, como: Coaracf, o sol; ram da árvore, não encontraram na terra nem os ossos dos mor-
Jaci, a lua; Ruda, deus do amor. Acreditavam na sobrevivencia da toe. O casal teve muitos filhos. Contam, então, que Uassú ima-
alma, tinham seus sacerdotes, ou }Jagés, que viviam misteriosamente clnou: Convém que façamos de hoje em diante as nossas casas em
e exerciam grande poderio. lugares bem altos para que as aguas, quando crescerem, não nos
aleaneem.
A virtude por excelencia no selvagem era a hospitalidade. (Dt·. Barbosa Rodrigues).
10 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO
(José de Alencar).
11 TEMPOS ANTERIORES AO DESCOBRIMENTO
RECAPITULAÇÃO
/
A Pindorama - era o nome selvagem do Brasil
Os indígenas dividiam-se em tupis e tapulas.
I
terra Tribus tupis: tamoios, carijós, tupinambás,
tupiniquins, caetês, tabajaras, pitagoares.
e os Tribus tapuias: aimorés, goitacazes, goiana- I 2." PARTE
zes, guaicurús.
habitantes Distribuição: tupis - no litoral; tap11iaa
no interior.
-I
I
I
TEMPOS HISTOR.ICOS
'
Costumes A assembléa dos guerreiros decidia da perra
e escolhia o chefe.
na As armas eram : tacape, flexas e lanças de pAu.
Ataque de surpresa; arrasamento da taba,
i guerra Matança dos prinsioneiros. ~
i
I
Tendo saído de Lisbôa em 14 de maio de 1501, encontrou-se nas Não h a no mundo país mais belo do que o Brasil. Quantos ~
ilhas de Cabo Verde com a expedição de Cabral, já de regresso das -..lsitam atestam e proclamam essa incomparavel beleza.
In dias. Dentro do enorme perímetro brasileiro encontra-se tudo o que
A esq uadrilha exploradora veiu ter á Vera Cruz na a ltura do
atual Estado do Rio Grande do Norte e percorreu a costa para de pitoresco e gr andioso oferece a terra. Ainda mais: encontra-se,
o sul, dando n ome ás terras que visitava, confo rme o santo do dia, em materia de panorama, tudo o que ardente imaginação possa fan-
tais qomo: tasiar. E os espetáculos são tão variados quanto magníficos.
Cabo de S. Roque Obse1 va João Francisco Lisbôa, no jornal de Timon, que os sen-
timentos experimentados pelos primeiros exploradores do Brasil, ao
tlnl10
cabo de Sto. Agos·~-;~;=~-==::~,;-~i-iii darem vista das nossas costas, eram de intensa surpresa e admiração.
A t al ponto os maravilhava o aspecto pomposo da terra inculta
rio S. Mibvnel ~: e ~elvagem, - continua o exímio literato maranhense - que a
!',.,.~ - .J todos êles acudia espontaneo o pensamento de que, sem dúvida,
rio S. Jeronimo
nesta abençoada região estivera outrora situado o paraíso terreal.
rio de S. Francisco Tal conjetura foi debatida, com incrível gravidade, durante bom
....... . _.~ número de anos .
rio das Virgens
\ Americo Vespucio, numa carta publicada em 150-!, opina que, a
l'io Sta. Luzia haver aquele par aíso, não devia ser longe das nossas plagas.
'·
·~ Mais tarde e por longo tempo, acreditou-se que no Brasil perma-
l_ _ _ _ _ _ _ _ ::~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
cabo de S. Tomé
necia o fabuloso Eldorado.
No documento mais venerando da nossa história colonial, segun-
do Porto Seguro, a epístola de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Ma-
angra dos :Reis noel, noticia ndo o descobrimento de Cabral, diz o insigne cronista
rio de Janeiro
ftha de S. Sebastião que a praia é muito form osa, com arvoredo tanto, tamanho e tão
buto e de tantas plumagens que não póde homem dar conta.
llha de S. Vicente Pontos da costa e m que tocou a primeira
exped ição ex ploradora Entre os escritores dos tempos coloniais, o padre jesuíta Simão
cabo de Sta. :&faria. de Vasconcelos, nas Notícias Curiosas, declara que capitães e cos-
mografos não viam causa igual no univers.o todo, á perspectiva
Daqui voltou para Lisbôa levando as informações que pudera da, nova terra que é um espanto da n atureza e faz vantagem aos
colher nos diversos pontos em que tocara e tendo já a certeza de
campoR ellsios, hortos pênsiles e ilha de Atla nta.
que não era uma ilha.
Por isso a primeira denominação de Illta, da Vera Cruz foi subs-
(,\fonso Celso).
tituída pela de - Terra da Santa Cruz.
18 RECON HECIM .I<JN'l' O DA 'l'EHR A
i .... ;•"'
..... ..
-'\.•·
•
·'"'' va; porém, o mísero cativo de certas homenagens até a aproxima-
Esta expedição per- !AO do dia fatal. Quis, porém, a bôa fortuna de Diogo Alvares que
deu-se totalmente. eoxn êle fossem regeitadas pelo mar armas e polvora, que recolheu
Seguindo a armada euidadosamente; era o céu que lhe confiava no seu terrível mosque-
para o sul, uma grande te o ralo que devia subjugar os seus senhores e dar-lhe um predo-
tempestade lhe arreba- minio absoluto sôbre os seus animas. Explica-lhes a serventia de
tou dous navios. seu instrumento belico, e prova-o com o exemplo que tem nas suas
mãos a punição de
R e s o 1 v e u Martim seus inimigos que
Afonso retroceder, afim lhe ousem fazer o
de cumprir a parte mais mais pequeno da-
importante de sua co- no; e o tiro dis-
missão, que era iniciar parado do mos-
a fundação de colonias quete, cujos pro-
S.ANORÉ agr!colas. jéteis vão abater
e ,S.VICENTE~
E assim chegou a
instalar, á beira-mar, a
a ave que paira
nos ares, enche de
povoação de Síio Vicen- assombro os sel-
te, a primeira que se er- vagens, que fo-
guia no sólo brasileiro, gem espavoridos
·~.. "'-: e mais tarde no interior, bradando na sua
a de S. André da Borda língua: Caramurú!
do Campo, cujo govêrno Episodio d e Ca r a murú Caramurú!
confiou ao português Desde então
As çluas prim e iras povoaçõ e s tornou-se D i o g o
João Ramalho, que ali vi-
via ha muitos anos. Alvares o verdadeiro Caramurú, o ente sobrenatural, que devia
Martim Afonso fez prosperar rapidamente a colonia de S. Vi- C111i-los á vitória nas guerras que pelejavam.
(Joaquim Norberto).
cente e, quando mais tarde voltou para a Eeropa, confiou o seu go- •
vêrno a João Ramalho e Gonçalo Monteiro.
22 RECONHECIMENTO DA TERRA
'
Cada do.natario tinha o titulo de capitão e governador e daqui o Leitura - As cnpitanias
nome de ca}Jitania dado a cada porção de territorio.
As capitanias não podiam ser vendidas pelos donatarios; eram, Foi então que d. João I li resolveu dividir as suas novas terras
porém, hereditarias, isto é, passavam, como herança, de pais a em capitanias hereditarias.
filhos. Começou dêsse modo a colonização do Brasil.
Os donatarios gozavam de eertas prerrogativas concedidas pela Os donatarios, que tinham direito de transmitir aos filhos as
corôa; cobravam impostos, podiam escravizar os índios e vendê-los, terras havidas da munificencia real, receberam o titulo de capitães
em número limitado, nos mercados de Lisbôa; nomeavam os empre- generais, e ficaram sendo os. senhores absolutos das capitanias.
gados necessarios, julgavam os criminosos, podendo até, em casos ' Deviam apenas ao rei a obediencia de subditos e parte dos lu-
especiais, aplicar a pena de morte a determinadas pessôas; crea-
cros que auferissem .
vam vilas, concediam sesmarias, podiam comerciar livremente.
Assim foi retalhada a nossa costa, já então toda conhecida pelas
Reservava a corôa o monopolio do pau brasil, drogas e espe-
ciarias, o dizimo das colheitas e .
exp1orações que a ousadia dos navegantes realizara.
meçou a constituir-se o país de onde tinha de saír mais tarde
da pesca, o quinto de todos os me-
tais e pedras preciosas.
Os colonos tinham tambem
para com o capitão certas obri- -··"'-..··~···-r··
G. la Brasileira.
sólo virgem, principiaram a caí r as sementes do · cereais;
os machados entraram a violar as matas espêssas, que até então só
gações, entre as quais avultava ..· a,n~als e índios bravios tinham cruzado; os troncos seculares des-
a de servirem com êle, como sol- t;fcJ pedaçados, exportados para a Europa, iam lá mostrar a excelencia
dados, em caso de guerra.
Ha ainda dúvidas sôbre o nú- MARANHÃ O
~ das nossas madeiras; e, no fundo da terra e do leito dos rios, onde
dormiam havia seculos ljem conta, começaram a saír o ouro e as
mero de capitanias creadas por
d. João III. Conhecem-se as se-
">
~ CEARA "
:::!~MA RA C'A '
! pedras preciosas, que de tanta desgraça e de tanta luta iam ser
guintes pela ordem cronologica eausa.
~ PERNA M BUCO ~
das doações: ~ BA HIA .v=== Infelizmente, os colonizadores não eram apenas donos da te rra
Espírito Santo - 1.• de ja- '.;, ILHEiJS ~ e da agua, dos peixes e das féras que as habitavam , eram donos
neiro de 1534. ~ POR TO 3EGIIRO ~
:t ESPIRtTD SR/f TO 1==: = também dos homens primitivos, que, rudes e independentes, altivos
S. Vicente - 153 4. ·:..,
§ PARRHY BA e barbaros, tinham visto p erturbada a sua liberdade e atacado o seu
Pernambuco - 10 de março dominio absoluto, logo á chegada dos primeiros navegadores.
de 1534. S. VIC ENTE
·..··.....~ As cartas de fora! que investi am os rlonatarios da autoridade de
Baía - 5 de abril de 1534.
Ilhéos - 26 de junho de 1534. ·-,.... capitães generais, davam-lhes o dir eito de cativar o gentio, para o
IW!rviço dos seus navios e das su as lavouras, podendo mandá-los a
Porto Seguro - 7 de outubro
de 1534. . / Lisbôa, afim de alí serem vendidos.
Itamaracá - 1535. < ."'-.
11 .. Como sempre, a terra tinha de progredir á custa das lagrimas
de seus filhos.
Paraíba do Sul - 28 de agos-
to de 1536. ' < Amarrados e domados, sem compreender a violencia de que eram
Maranhão. 'ffttmas, os índios, reduzidos á escravidão, eram arrancados á fôrça /
Primeira divisão territorial do
Ceará. · Brasil tias brenhas que os tinham visto nascer ...
• (0. Rilac e Coelho N e to).
RECONHECIMENTO DA TERRA RECONHECIMENTO DA TERRA 25
O ensaio de divisão administrativa do Brasil em capitanias não Em 1549, por um dia do mês de março, des.embarcava na Baía
deu o resultado satisfatorio esperado pela metropole, porque Tomé de Souza, governador geral que vinha para a c:olonia do
Brasil.
cad a capi tania vivia como qu e Independente das outra:s e nilo
tinha fôrças para repelir não já as agre;;;sões dos Indios, mas
os possíveis ataq u es d e uma nação estranJelra; O que se tinha passado neste inte r valo? O que dizia a experien-
cia da exploração da terra e da instituição das capitanias? Como
ainda mesmo q u e estivesse muito bem organizada a capitania, é que, 1 ou 19 a nos depo is, o mesmo d. João III, mudava o siste-
o donatario não podi a ex tend e r a sua autoridade a todo o vas~. ma colonial e sujeitava a um govern ador geral todos os capitães-
tissimo t errito rio.
móres que fizera tão poderosos e que tornava agora s ubalternos?
Daí a necessidade de um govêrno geral, cuja autoridade fôsse A experiencia neste período tinha proclamado que os desígnios '!'-
respeitada em todo o país. de Deus se cumprem infalivelmente; que a civilização semeara
Além disto dous fatos graves numa terra fertil, abundante e riquíssima o germen de um grande
tmperio ; que esta semente brotara cheia de viço e de futuro, e que
a) levante dos indígenas da Bafa e morte do donatarlo Cou- já não eram um misterio os tesouros infindos da terra de Santa
tinho;
Cruz, em outro tempo tão funesta e impoliticamente abandonada!
b) tentativa de co nquista d e diversos p ontos pelos franceses. A experiencia, porém, proclamar a também que uma instituição, filha
do t empo, devia acabar com quem lhe dera o nascimento. O homem,
determinaram d. João III a crear o govêrno geral do Brasil. por isso mesmo, que é dotado de razão, é talvez dos entes creados o
O local escolhido para o estabelecimento do novo govêrno era a que carece mais de corretivos.
capitania da Baía, onde
devia ser edificada a ci- A regalia da razão degenera sempre em exorbitancià do que lhe
dade que lhe serviria de foi prescrito pelo seu Creador, isto é, que se chama imperfectibili-
sêde. dade humana. Aqueles a quem s e tinna dado tanto poder e domínio
O govêrno seria exer- que lhes enchesse a t aça da ambição, abusavam de um e outro; en-
cido por três órgãos: o tenderam que conq uistar era assolar, que enriquecer era extorquir
governador geral, o pro- e que possuir era escravizar.
curador mór da real CONCEICÍÍO
fazenda, o ouvidor ge. OL/NOA
A paz com os indígenas do país, diz o veneravel Simão de Vas- \
ral. IGUARASSÚ concelos, só durou enquanto durou a paci:mci:J. dêles, po rque não
O governador geral, houve comércio vil, barbaridade, viole;lcia, extorsão e imorali-
como chefe do govêrno, VILLA VELHA• dade que os portugues Es não praticassem em todas as capitanias
S.JORGE oos ILHEUS com aqueles a quem chamavam selvagens, m as a quem n este ponto
tinha em suas mãos o SANTA CRUZ 1
supremo poder. Todos PORTO SE6URO ~AMARo========:=: ! excediam em selvajaria. A liberdade uatural ate3 ndo as chãmas'\
os donatarios se lhe de- do amor da patria derreteu os ferros da escravidão americana e
VILVICTOR/A'
LA VELHAAj,l!ll;; dêsse dia em diante os interêsses de Portugal não poderam progre-
viam subordinar; cum-
S. ANDRÉ e/Y!LLA OA RAINH~ dir mais debaixo da fórma de aoministração até então adotada.
pria-lhe extender a con-
quista e a colonização, • • PO TO OE SANTOS
promover a defesa das r S. VICENTE Cumpria, pois, modificá-la: essa mesma independencia e ampla
capitanias contra os in- autoridade dos capitães-móres em outra época tão imperios3mente
dígenas e os estranjei- ,.,~· e{S. /111/IRO reclamadas torn avam-se nocivas á bôa marcha do regimen colonial,
ros. ( n e como r.s provas disso r e) etiam-se, cada dia, em breve o mesmo
O provedor mór da ~-,·-, IY= d. João III compreendeu a ne cess idade de cortar as papouhs que
faz enda era encarregado as razões do Estado lhe tinham feito plantar, numa estação mais
favoravel.
de arrecadar os direitos
e dizimas que com petiam Povoaçõ es exist e n tes n a época da
á metropole. Era tempo de r emediar o que só a neces:oiclade exigira. O Brasil
creação do govêrno g e ral ji ni:o era a te rra dos contos exagerados, um cofre de riqu ezas fa-
O ouvidor geral administrava a justiça. bulos s : era, pelo coutrá1 io, uma mina estupenda e inexhauri. e! que
Estas três autoridades, se bem que independentes, deviam agir os povos estranjeiros cubiçavam e que os es;>anhóis e hol.1ndeses
de acôrdo, formando uma como junta, cuja autoridade suprema era tratavam já de comprimir debaixo de s uas garras.
o governador geral.
(Caetano Filgueiras).
OS PRIMEIROS GOVERNADORES
OS PRIMEIROS GOVERNADORES 31
0
O 1. governador geral Resumo cronologico da 2." lição
2.• li(Jiio 1549-loo:t 1548 2ll de nwro:o - Tomé de Sou:<a
ehrg-a >l Bafa.
17 de dezembro - Tomé de 1. 0 tle no'•(.•1nbro - Instala-s e
Em 17 de dezembro de 1548, foi escolhido para governador geral Souza é nom eado governador a cida<le do Salvador e 'l'ornr! de
do Brasil Tomé de Souzn, fidalgo português que, na Asia e na Afri- geral do Brasil. Sou>.a a~sume oficialmento3 o
govC·rno geral.
ca, já puséra em prova o seu tino governativo, valor e prudencia,
1549 1553
Foram ao mesmo tempo nomeados: Antonio Cartloso de Barros Jant'iro- O governador visita
- para provedor-mõr; Pero J,o de feverel - o - Parte de as capitanias do sul.
Borges de Souza - para ouvi- LJsboa a expedição que conduzia 'l'omé de Souza retira-se para
o governador geral. a Europa.
dor geral; Pero Góes da Silvei-
ra - para capitão da costa.
Em 1." de fevereiro de 1549,
safu de Lisboa a expedição, Leitura - A fundação (lU cida<le
trazendo além do governador e
seus auxiliares, empregados e A fundação de uma cidade não era problema novo para os por-
operarios, mais 300 sold~dos , tugueses; muitas viram êles nascer nas ilhas e na A f rica, ao redor
.sOO colonos, 400 degredados e dos fortes ou ao pé das feitorias; aqui na America dar-se-ia o mes-
ti jesuítas, tendo por chefe o pa- mo mais tarde, e as cidades surgiriam umas das missões e aldeias
ure Manoel da Nobrega. dos indios, outras das feiras do sertão, dos pousos de passagem e
Em 29 de março, aportou á travessfa dos grandes rios, e ainda muitos ao pé dos fortes que as-
~;J~[fj~~ Baía, onde foi recebida pelo seguravam as entradas pelo interior.
Caramurú e indígenas seus
aliados. Em todas elas, a primeira consideração intuitiva foi a da defesa
O governador tratou logo contra a ameaça externa.
de escolher o local e começar Tomé de Souza hesitou na escolha entre diferentes ponto::~ e de~
Ch.,b"ada de Tomé de Souza á Bata a edificação da cidade, que foi cidiu-se pelo local que é hoje o da cidade.
solenemente instalada em 1.• de
novembro de 1549. Transferiu o nu cleo de portugueses que já aí estavam e habi-
Nesse dia Tomé de Souza prestou juramento e assumiu oficial- tavam qu asi ao pé da barra, na Vila Velha, mais p;. ra dentro do
mente o cargo de governador geral do Brasil. golfo, e para o alto da montanha que, mgreme ao lado do mar, por
isso mesmo seria facil de defender.
Enq~anto os jesuítas se entregavam á catequese dos selvagens,
prossegma o governador na organização, distribuindo sesmarias aos Na praia, que mais tarde o comércio povoou, havia excelente
colonos, abrindo estradas e caminhos, estabelecendo engenhos e es- aguada para os navios.
taleircs, mandando vir gado das ilhas de Cabo Verde para iniciar E com firmeza meteu mãos á obra.
a criação.
l!'oi aberta urna estrada pela montanha que conduzia ao sitio
Em janeiro de 1553, partiu o governador a inspecionar as capi- escolhido na esplanada; fez logo uma grande cêrca de pau a pique
tanias do sul. a modo de trincheira provisoria, que depois melhorou, fazendo-a de
tai')a para que a sua gente toda e soldados que trabalhavam na
Ali tornou diversas providencias para a defesa das povoações e edificação ficassem ao abrigo de qualquer surpresa do geutio; foram
dos engenhos e fundou a vila de S. André da Borda do Campo no- depois arruadas as casas, que eram cobertas de p'llmas de coqueiro,
meando a João Ramalho para alcaide-mór da mesma. e abertas as praças onde se foram fazenclo as casas maiores do go-
vernador, a da camara, a cadeia, alfandega e casa dos contos do te-
No governo de 'l'omé de Souza tiveram I ugar as primeiras souro, etc.
entr:odns pelo sertiio, a Pl'OCUI a de ouro e pedras p1·eclosas. que
cs indi os di ;· iam c~isti r em ahundancia, principalmente nos ter- No meio da praça, como de costume, elevara-se o pelourinho. ,
r enos adjacentes ao rio S. Franc1sco. Ao mesmo tempo constr uíram-se o Colegio dos padres jesuítas
A Pl i me ira cnt . atht foi comandada por Jorge Dias e nenhum
resultado teve. e outras igrej as.
A Slgunda teve por comandante Sebastião Fernandes Tou- Toda a gente aí trabalh ava e se improvisava de mecanico, afóra
rinho e ch~gou sem res ultado, a uma serra que denominou das os mestres de oficio que tinham vindo.
E:otiUt'"'rn!d:ls,
15 5 3 o~ franceses
~'? ele Jan ei~·~tabelecem-sc no
l.o d e ntn
c onfederação çado~
nom eado rço - D. Duarte é 1 mar-se a · - Come
B r as il governador ge I tamoios .
8 d.,: maio ra do
O 2. gover nador geral do Brasil foi d. Duarte ela Costa, nomeado
0
13 de julh -
e assume o o
Parte de Lisboa
Aporta á Ba!a·
1 55 6
govêrno. Embarca o 1.
pel a carta régia de 1. de março de 1553.
0
· nancles Sardi~:spo d. Pedro l<'cr
A 13 de julho deste ano, chegava êle á Baia e nesse mesmo dia naufrag ando, ,;la apara L'lsboa c-
1554 ind.
Jgenas, em lG rÍvo.t·ado pelos
F u ndação de S . Paulo. c JUnho
lomou
Emposse
sua do cargo. vieran1 cêrca de 250 pessoas e 16 jesuitas,
companhia
~ 15 57
entre os quais José de Aucltieta, que, mais tarde, se devia cele- 1 5 55 ! Caramurtí
brizar.
Ostosselva
pon da gens atacam diversos
b·D.Duarte
João IÚ.
d ·
Não era Duarte da Costa um homem prudente e habil como To· capitania da Bala. - S<'gue Jla ra a Europa.
eixa o g·ov-
erno ·~
mé de Souza.
Altivo e sõbre si, desprezou o auxílio que lhe podian1 prestar os - - - = = == -
padres e não t r atou de conservar a am1zade dos indígenas. Leit ura_ 0 bispo marUr
Resultaram dai graves males para o seu govêrno.
O primeiro foi a desavença com o bispo 11. Pedro F ernandes Sar·
Perdidas as esper
d.lnlut, o primeiro que teve o Brasil e que viera para cá em 1552. :ver~ador parte de
Deu causa á contenda ter o bispo censurado acremeute a con duta m~lmar-se pelo suas des3.venças á ~?ao,
anças de reconcili· -
deram o bispo
e passar-se com b. ~ndermos á ord
de tl. Ahn ro da Cosbt, filho do governador. Em 1556, fo i o prela do pnm eiro d segundo, se at c I te de Lisboa e o go-
das g • que pareceu
chamado á cõrte, para onde embarcou a 2 de junho. Acompanha- Craves acusações que lheievidade .ao reino :f~ q:e .expediu ao
. onvencido de q . eram feitas. ' m e JUStificar-se
ram-no muitas
Depois de pessoas.
alguns dias tle tormentos:J. viagem, veiu o navio a pt essa o bispo d ue fana triunfar
naufragar nos baixios de 11. Uoilrigo, perto do rio S. Francisco. Sal-
varam-se todos ao furor das ondas e consee!;niram chegar á terra.
ã vela para . e embarcar-se n
da Sé.
c Ltsboa levando con~·náu
a verdade e a · . ·
lgo o.. N. Sra.e da .
cteão a quedeu-se
dava
Aj~t~st;,ça,
mas foram mortos e devorados pelos índios Caetés.
Houve tambem no govêrno de d. ))uarte levantes de índios nas :,.,;;.:,.:;~~f,,'~~~~';~!;'
e encontro a uns
nmmam até foo =" dona oonoga.
. cs, ou a corrent
á
do no Cnrurip
pulação pela ~~!n~~ ~iz~;~rigo, sal~~S:~:~ec~~hecido~ ~el~u doe:~ii~
capitanias ele EsJ)irito Santo, l 'ernambuco e Baía. nação de baix· recifes, que aí e . eza elas aguas lev e, onde
Nesta última, cs tuiJiuambás em aliança com os taiJuias, ata-
caram o engenho de Pira já e IJnseram em grave risco a nascente Cruel sorte é ança da terra passageiros e a t .
cidade, que fo i defendicla por d. Ahar o da Costa, filho do gover-
paragens c • por m, aguardava . ri-
o pais.
OS PJll?IJEI [{08 GOVERNADORES
u::i PRIMEUWS GOVETINADORES
fund eou perto de um morro que, pela sua fôrm a ongmal, recebeu o Leitura - J\lort~ d~ Estacio de Sá
nome de Pão tle ,\ ssucar.
F?i no di?- de S. Sebastião, padroeiro da sua cidade, que o grande
Tratou logo o capitã.o-mór de cuidar da fundação de u~a ~idade EstaCio de Sa r ecebeu, em combate, o ferimento que o devia matar.
fortificada provendo-a ele todos os cargos ele justiça e instltumdo o Os fran ceses e os ín dios seus a liados estavam fortifi cados em dois
conselho de vereadores e, até parece certo, dando-lhe o nome de S. pontos da baía. Um era o forte de Uruf)imtirbn, no fim da praJa
Sebastião {lo Rio de Janeiro. do .l''lamengo, o qual tinh a sido construido por llois-Ie-Comte. O
A area da nascente cidade extendia-se, segundo um historiador, outro era a ilha de Maracaia, que hoje tem o nome de ilJut tlo (~orer
.. pela varzea entre a colina de S. João, elo lado do mar, e a Urca e aador.
O dia 2() de janeiro amanhecera lindo. O sol r utilava sôbre toda
0
Pão de Assucar, do lado de terra." a baf~. lUem e Estacio atacavam o forte de Uruçúmirbn, que pouco
resistm. Os fr a nceses admiravelmente servidos pelos indios. utili -
zando-se das suas ligeiras. canôas de guerra, passaram-se para a
Ilha, onde se concentraram, esperando o assa lto.
cronologico da 9•a
lição
do us
D iv is ão do pa ís em 1571
a 1t•1·
!fll•• foi
um sc1 go v., rn ad or ge. ral •
1~urenço da Ve iga
ao li 7
4 de ag to _ M or te de d.
:a.. . de Se ba sti ão. na b ata lh a de Al ca -
ad o d. L .. . l'e na <•~>r·J<Iblr
su ce de r a M em de Sá foi no,me
ra O Br as il
Pa
6 de fev ere iro de
1570
eg ar ao BraaD.
Va se on ee los , em qu e o co nd uz ia nã o co ns eg uiu ch ta Jo io CapMdlle, go ve rn os lõ o
A ex pe diç ão do pi ra Po r mo rte d ca rd ea l d. He n -
str oç ad a pe la fro ta . blclualYe o rlq ue , Po rtu gaoJ ca fu m po de r
Em ca mi nh o foi de qu as i tod os os qu e a tri pu lav am ló 7 7 da EsrJRnh a Ju nt am en te co m 0
mb ate
pe rec en do no co or . em 10 de de se m- ah rU - Vo lta o Br a" il Br as il.
pr op rlo go ve rn adme ad o d. Lu iz de Br ito e Almelcla, dlTidlr o
Fo i en tll o no a cOrte de Li sb oa
15 72 . Ao me sm o tem po res olv eu
br o de rn os .
pa fs em do ns go ve ha '
Foi va nt aj os a 11 an ex aç ão á E sp an
pa rtl c I a an ex a-
Qu an to ao Br as il
s qu e s~ r~ U: :f ~: to é dfnesccontehstavel qu e
ec er :
tro ux e va nt ag en on
I lid ad e
colab,· a gu ar da ou
me no s a re sp on sa bi
urn~;.~n:efnpuootuens
pe lo
III
- Co ns tit uiu -se
~: ~ ~um e
0 ref u .
tao gd~ ~b~ ,?a
1 8
n i~n~:~~~a: ::i~• ~anladupra n te
an:: !: e: :~ ~~ ~~ as as alm
z
.
as a c on clê nc la da
en1n-
ve lh a
pa trl a, ca da ve
GOVERNO DO m ai s ino lvi da ve-
l
no s se us in fo rtn
e
nlo s. E ist o é que-
co nv em nã o es qu
ce r ~o no sso po nto b-
d~ VISta: si a su -
mi ss ão áq ue le de no
slg nl o do de sti ga l
er a, pa ra Po rtu
o ún ico ex pe di en te'
.JOr ma is doloros~ n-
Di vis ão ad mi ni
str ati va .Jue fôsse, na cose
da Bala ao JU ntu ra em qu e il
rte , co mp ree nd en do as ca pi tan ias
a ca rg o de d. viu, pa ra o Br as
O go vê rn o do No na cid ad e do Sa ha do r, fic ar ia l-
foi In co nte sta ve -
M ara nh ão , co m sê de
po r me nt e de um en or
pa ra o su l, te ria me alc an ce .
Lu iz de Br ito .ab ra ng ia as ca pitan ias de Dltéo ton io Sa lem a. F(> Jip o n
O do Su l or o dr . An Pr im eir o, au -
iro e po r go ve rn ad de ab ril de im l-
Néde o JUo de Ja ne , es ta se pa ra çã o, pois, em 12io s o go vê rn o 14 d me nt ou aq uf a
gu ês n B . se nt ia- e ma is na I!Ua pa -
po rém m o rei no . O po rtu o ~qu[asJI
Po uco du ro u, de novo em su as -
da Veiga re un iu Po r es te tem po de qu e Ist po rtu gu es a
1577, d. Lounm~ocom sé de na cid ad e do Sa lv ad or . s po llt lco s. Com a qu e Já. Se nt ia- se ma jes tad e tu t er a tam be m te rra am ma is de s-
to lo ng e da pa ss av
ge ra l do Br as il, ga l Im po rta nt es ac on tec im en , na ba tal ha de AI· mllfs nã o tin h ela r, aq11uies pe ra n" a d
ra m- se em Po rtuSe ba sti ão , a 4 de ag os to de 1578lo ca rd ea l d. Be ar f· as alm as em qu e a mo rrf do " a re ss ur -
mo rte do re i d.ss ou o re in o a se r go ve rn ad o pe
e& ee r• lb lr, pa ec eu em 1580. O! oc ha Po mb o)
.
lto ad ian tad o em an os e qu e fal as du as co r& .s, pa ss an do
qa e, já. mu pa nh a, re un iu en
tão
D. Fe Up e 11, de Esco lon ia es pa nh ol a.
a se r
as sim o Br as il
OS PRI:\IEil-WS GOVEHNADORES 49
OS l'lUMEIHOS GOVF;RXADOHES
-!8
RECAPITULAÇÃO
(I QUADRO DE CIVILIZAÇÃO
1500 n 15SO
li
~~=- -- ---- - '- - Enl. - viSta- da- hostiH(fa!:fe- dos selvagensd e l:Xr>AMUO GlWGUAJ<'lCA
. . t por parte • os
\t 1 das tentativas de couqms as
I Creação tlo go· ; estraujeiros, d. João III cr~ou 0 gov~r~~ : Uma extensa faixa do litoral, desde o rio Po-
I vêrno geral 1 gera l do Brasil. Os t r ês 6rgaos do gover ôr \
I \ eram 0 governador geral, o procurador-m tengí até á baía de Paranaguá, achava-se, a bem
154 8 dizer, colonizada . As duas cidades Baía e Rio de
1 e o ouvidor geral.
J aneiro iam em flanco progresso, desenvolviam-se
goyemador
as vilas e povoações do litoral e novos nucleos se
} .0
\I
1565
I
•
Govern 0
elo Norte
Salvador - governador . mz
\ Almeida. ·
capital cidade do
d L · de Brito e
•t Rio de Janeiro
Govêr no do Sul - capl a 1
I guês e tupí, a sua gramatica e o seu poema á Vir-
gem, em latim.
O primeiro escritor bra:sileiro, parece ter sido o
pernambucano Bernanlo Teixeii·a Pinto, nascido tal-
';\ nhisão em dons overnador dr. Antonio Salema.
L5
::J\ em 1540 ou 1545, autor da rrosopopéa e do Dia·
g
- Meclidas
1
- aos 1·ndios - exter- u
1\ governos de twoteçao
1572 minio dos. aimorés.
Volta ao govêrno geral - D. Lourenço
go das Gramlezas_·_fl_o_B_ra_s_·i_J. _--=-=- ~-- _
1
ela Veiga. _ =---
---- PIRATAS E CO NQUISTADORES 51
PlRATAS E CONllUISTADORES
50 R.esumo cronolo g'ICO
. da 1." Jição
Govêrno geral de Teles Barreto
,~a~!l
chegou a 20 de maio de 1582, restabelecendo desde logo a concordiu
..Ir na colonia e mandando reconhecer em todas as capitanias a autori-
dade de d. Felipe, como rei. •lt'
Diogo P lot: só
Moura tcntan1 ez o lo'e lip<·
I
11
1690
oln. Pnralba. n conqui'<l>t l~unda·:--
1 '"'ií.o. < f;<W
.
rla c rdarle de S. Cl'is-
Achava-se na baía do S alvadol' a armada de Diogo Flores Vo.l-
dez (1584), a quem o gove1·nador mandon tornar efetiva a conquista
da Paraiba, já por vezes ten-
tada, sem resultado imedia-
to, desde o govêrno de Luiz Leitnra __ As conquistas porttJg uesas
de Brito. A esquadra seria
auxiliada lJor fôrças de ter-
ra ao mando de d. Frli11e de
:Moura. Nas mais lunginquas
Jler~gos · .. do universo • s empre os
,... ., .linh am vencido com glor· paragens t
Esta expedição encon- assustadores . Ia mfmitm; trabalhos f . por ugue-
trou ali franceses em alian- <lo as cóleras dos 1 ' subJugando nações htttn'lh' 1 a<hgas "'-"l conta,
ça com os indígenas e afi- · wmens • ando r · d
heroicaH [a<;anhas .. . e <os 1 elementos adq . . ominan-
. ' - mms memoraveis que ' .· ' ~n~mdo pelo preço de
eiS,
nal conseguiu tornat·-se se- ral (jlle não. a
nhora do territorio, onde < pagara a carreira lonO'a <lo t Cl n eiS ' uma gloria imor-
S. Crlstó-fão, na foz do rio Sergipe, em 1590. breviveria aos séc:~~:os de um novo e imperecível ~~~::.fundavam
'fambêm na Baía conseguiu Alraro JtodJ:igues dom~nar os fero -
tado com os ar ' e para onde os desterrado . lO, que ao-
zes Aimot·és e fixá-los na margem do rio, funrlando alí a cirlade ilr
batalhador~ e ados e as lanças aquela robusta s havtam transpor-
rural qu té . concepção d
htta. e vivaz .' e a a aventura do 0 .· · e patria
' energlCa e insuplantavel llente mantivera, reso-
Cachoeira. - f'. MALHEIRO DIAS. ' a pequena nação da peninRula
Foi por este tempo que começaram os piratas in!!:lese. " ataCai
aR povoações do litoral.
PIRATAS E CONQUISTADORES 53
Pli'.A'l'.U; E CONQU ISTADORES
52
R.esumo cronologico da 2.a lição
Os Ingleses no Brasil
1583 1591
Edwards Fenton tenta atara r di~ expedi<_:ão d e Tomaz C:ave n-
" port<• de Santos. . saq'!-eia a vila dE> Santos
e Incendeia a de S. Yicen tE>. •
1587 1595
}~(hvards Fen- Contra as uesprotegidas colonias da ~me~l~a . co- t e rA eexped
Ven içã d e J ames Lancas- °
tou meçaram desde logo os ataques das naçoe& Jnlffilgas Roberto >Vithrington ataca de
cife e e nt~:gr a~apoadera -s e de Re-
~ln·presa a Bata.
de Espanha.
Em 1583, teve lugar a primeira tentativa. O corsario inglês Ed·
===============~~,:= ' • o Raq ue .
war(lS Fenton, com dous galeões bem armados e guarnecidos, arri-
bou a Santos com o pretexto ele abastecer-se de viveres. Procurava JJeiturn - Os corsarios
assim captar a amizade dos habitantes para mais facilmente assal-
tar a povoação. Disso se convenceram os colonos e trataram desde ~ida errai~te e arriscada, pelas aguas do mar
sses navws que partiam sem desti ...
logo ele reunir elementos para a resistencia. em busca de prêsas não tinh' 1 . no certo, confiando n o acaso
Preparava Fenton o des embarque de sua gente, quando chegou na terra. O corsa/io. dentroa~ el, nem reconh:ciam nenhum poder
inesperadamen te a armada luso-espanhola de Diogo Flores Valdez poderoso do que um rei dentroa dsu a emba_rcaçao veleira, era mais
(24. de janeiro de 1583), que o obrigou a retirar-se. paço, aquela em barcação aq uel ~ se~ r emo. Aquele pequeno es-
Uoberto ,v·. Poucos anos depois repetia-se de novo o ataque. um rlominio, que além ~lo pode doca o de taboas e panos, eram
th.rington1 Outro corsario ing~ês, Roberto Witltring!ou, atacou mandava, sô temi~o poder d· Nert o ousado marinheiro que o co~
de surpresa a Bala, apresando os naviOs que se que cavam no seio das agua: a ureza, senhora das tempestades
=
Os Fr an ce se s no Maran
hãe TULAÇÃO
__ ~ECAPI- -
-- -= =- -
•
16 27 16 3 0
0 novo governador, D10go ·L u. l·z (le· Oliveira,r re-
08
Pietc r H eyn aprision a a frola
Prlm eiJ:os ceoso de nlgum assalto, tratou ele a_umenta nela <1P prata. Ataque e tomada ele Olinda e
atM1UeS meios da defesa. Achava-se nesta fama qua ' do Recife. - Estabelecimento
16 2 9 do govêrno holandês em Per-
inesperadamente o C'or nelio Jol apode ra-se de nambuco.
holandês _P 1 e te r
H e y n atacou a ci-
dade e aprisionou
alguns navios que J)eitura - Episodios memoraveis da guerra h olandesa
estavam no porto.
Entre as embarcações com que o inimigo safa pelo Recôncavo,
Pouco depois o a melhor em ligeireza de remos e concertos ele fa lcões era um ber-
mesmo Pieter Heyn gantim que fôra do sr. governador Diogo Furtado de Mendonça; por
aprisionava, em ser tal se determinou um novo capitão a lhe tirar das mãos; e, tendo
aguas elo Atlantico
a rrota de ])r:IÍ!t
que se dirigia do
Mexico para a Es- HPndrik C. 1-o nck
Pieter Pieterszoon panha, com incal-
Heyn culaveis riquezas
(1627).
. cdi~ões que anualmente Je~a
A:-; fTotn"' tl~ J•.rnt;a e.ram .a~de~~P rHt~ezas das suas possessoes
vnm para a Esp<tnha <lS gial l eõPs carregados ele barras de
. Compunham -se l e ga
amertcanas. t' 'elos por navios de guerra.
ouro c de prata c pro cgt
d Pau apoderou-se das ilhas de
Fert~~~é:or~~~:::~~~6~~~·, ~:de:~~eg~u
Pernambuco e Ollnda em 1G 30
a 'lançar os fundamentos de
uma povoação. já de dia marcado o lugar em que entre as naus estava, no meio do
Tais sucessos despertaram na Companhia da~ In= silêncio da noite toma a espada na boca, vai nadando a êle, e não
Expediçã_o di" s Oddentais o projéto da conqUlst~ de Pel nam sen tindo gente, volta a chamar quatro soldados de esfôrço que para o
contra b u. Para tal fim preparou-se, durante toc~o o ano ofi cio trouxera. Começaram, então, todos a levá-lo a sirga, e, depois
P ernambuco deuco. 1 629, uma formidavel expe 1çao
d' - de ma1s de 50 qu e se viram apartados, saltam dentro com as espadas empunhadas ;
. 1100 canhões e perto de 8.000 homens. mas, faltando em que as empregar em lugar delas empunham os re-
naviOS, com · mos, e trazem o bergantim a um porto nosso.
. k C l's• oon Lonck tinha o comando em
O general llendnc . o~ne I ~iederick ,·an Waer(len bu rch, co-
che[e; ás suas ordensd VI~ an~barq~e e P ieter Adriaanzoon I ta,
mandante elas tropas e ese rativo~ não s e limitaram a arma-
almirante da armada .. _os preP~. R e arti"'OS de todos os generos e Depois da cidade tomada, ao quarto dia vieram doze ou treze
mento: trazia a expedlçao oper~ 1 10 ' b todos os pontos de vista a indios, parentes de alguns que na bateria do forte foram mortos,
vinha preparada para clesenvo ver so deliberados a tomar vingança de suas mortes nas vidas dos holan-
terra de que se apoderasse. deses; e assim o fizeram em alguns que, andavam desgarrados por
. de 1630 rece beu-se aviso da aproxi- fóra. Um dêstes, porém, em cujo peito vivia a memoria do pai
Em f evere1ro · ' quadra á m orto, e o amor do mesmo, o obrigava a mais; vai-se com seu arco
Perda mação dcs holandeses, a 14 estava a es d' t do e flechas á porta da cidade, com ânimo avantajado ao elo outro
de OUnda e vista ele Pernambuco e a 15 mo ~ t:_ava-se 1an e P lutão Penense na guena da Italia, porque si este rompeu por meio
do Recil'e Recife, gerando o terror na populaçao. dos inimigos para livrar a vida ao pai cativo, o nosso para vingar
• Matias de Albuquerque desesperada resisteucia. a do pai morto, acomete a cidade, desafiando a todos, e depois de ter
Emba ld e opos ·• . enseada elo Pau Amnrelo e, em bem vendida a sua vida, e melhor vingada a morte do pai, acompa-
O inimigo . desembarcou :orça; natomou Recife, em 15 de fevereiro, nhou-o com a sua, caindo, traspassado de uma bala.
ação combmada com a e,qua ra,
e Olinda, no dia seguinte.
3 - H. B.
OS HOLANDlcSES );0 BRASIL 63
OS :HOLANDESBS NO BRASIL
62 Resumo cronologico da 3." lição
2."' invasão dos Holandeses
16 30 16 312
Deser<;ií.o de Ca lallar. - To-
:1: ll<:iiO (continuação) 1\latia~< t1e Albuquerque funda ~~~~r!~. rle IguarasHú pelaR h olan-
'(I Arr;:lia.l rlo Bozn J e~uR.
Arraial Escolheu Matias de Albuquerque um magnífico 1 6 33
ponto estrategico entre os rios Beberibe e Capibe· 16 31 'J'omada do forl<> do Rio For-
~~lo~o. - Assalto ao .Arraial. -
do B om J esus ribe e fundou ali uma verdadeira praça de guerra, Iomada de Itamaracá e de diver-
_ l':hc:;a no Brasil o co nclt> de
H~gnuolo.
sos. 1:ontos d e Alagõas. _ Des-
a que deu o nome de Arraial do Bom J esu s. - Batalha naval en- trUlçao da armada de Francisco
Pensaram os holandeses que lhes fôsse facil tomar este Arraial tre a armada de Oquendo e a Vasconcelos 1la Cunha.
llolande8a. - Incendio de Olinda.
e o tentaram em vão.
Matias de Albuquerque, sempre ativo e vigilante, dividiu •t sua
gente em comJlan hias tle emboscadas. Ficaram assim de tal ma- IJeiturn - :Erdsod ios Jn('mornveis da guerra hola ndesa
neira cercados os holandeses que só com grandes perdas podiam sair Cox:1n os holandeses supusessem que os socorros vindos n a ar-
de suas vosições a fazer aguada e faxina. mada fossem muito mais importantes do q ue realmente eram r esol-
Apesar destas vantagens, ia-se já tornando difícil a veram co~ce~trar-se no Recife abandonan do Olinda, á que d~itaram
Armadad '-\- posição dos patriotas pernambucanos, pela falta de rogo no cha vmte e quatro de novembro ele 1631.
e quen
d 0
° víveres e munições, quando a Espanha deliberou
mandar ao Brasil uma armada comandada por d. Anton io de
Oquen do (5 de maio de 1631), com boiando 12 navios com fôrças de
desembarque, ao mando de M.arcos 1lc S. l'elice, conde de Bagnuoli.
Em 13 de julho chegou a expedição á Baía, e desembarcou parte
da guarnição. Levantou feiTOS a 3 de setembro, conseguindo dosem-
harcar fôrças no Cabo de S. Agostinho e na Paraíl>a. Entretanto
de Recife saíra a esquadra holandesa de Adrian l'ater, a 31 de
agosto. Em 12 de setembro encontraram-se as duas esquadras,
travando renhida batalha naval, cujo resultado ficou indeciso pela
morte do almirante Pater.
DesâJrlmo dos Apesar disto,. os h olandeses, julgando formid aveis
h de os recursos vmdos de Espanha, tomaram-se de pa-
01an se. nico, incendiaram Olintla (24 de novembro de 1631)
e concentraram-se no Recife.
Resolvem-se os invasores a conquistar outros pontos; o coronel Cêrco do Hecife pelas fôrças luso-brasileiras
Cnllenlls atacou, com insucesso, a Paraiba (5 de dezembro); o
mesmo aconteceu no Rio Grande do Norte (27 de dezembro), en1 Mandaram antes disto dizer a Matias de Albuquerque que a res-
Rio Formoso e Pontal do Nazaré. Estes revezes desanimaram os
gatasse, do contrário a entregariam ás chamas.
holandeses. "Si não a podeis conservar, respondeu Matias, abandonai-a m uito
Estavam as coisas neste ponto, quando a deserção em~or3;. ao fogo, porque nós depois sabemos construir outra mais
Deserção de de Doming-os Fernandes Calabar (20 de abril de bomta.
Calabar 1632) vem mudar completamente a face da guerra.
Conhecedor do terreno, hallil na emboscada, Calabar guiou os ho- Sendo no tempo do assedio impossivel introduzir socorros no
landeses vitoriosos a Ignara!ilSÍl (11 de maio de 1632), ao forte de forte yor. t~rr_a, era mistêr levá-los pelo rio passando por baixo das
Rio Formoso, comovente episodio em ctue aquele baluarte só é to- bate~ms m1m1gas. Aproveitavam para isso os portugueses a n oite,
mado deuois de toda a guarnição morta (7 de fevereiro de 1633). O;; cobrmdo-se com couros o melhor que podiam . Aconteceu n uma
holandeses ganhavam terreno palmo a palmo; apoderaram-se da dessas viagens que uma bala partiu o braço direito a An tonio Pires
varzea do Capiberibe, levantam o {orte Willem, que põe em perigo Calhá~, que governava uma lancha, a qual ia atravessan do de Santo
o Arraial, ao qual logo de seguida levam terrível assalto (24 de Ant~mo para o Cabeclelo. Apresentou-se-lhe, imediatamente o
março de 1633). O resultado foi-lhes, desta vez, desfavoravel, pois seu Irmão, Francisco Pires, afim de tomar o lême; mas êle, most;an-
perderam o governador Rl'mlmch, assumindo Segismundo vau d_o o braço esquerdo, disse-lhe que para suceder-lhe no posto, a inda
ScllkOIJile o supremo mando. t mha outro parente mais chegado. 'fendo-lhe uma bala de mos-
Em junho de 1633 apoderaram-se da ilha de It.mnaracit e pouco q~ete varado o peito, acudiu Francisco Calbáo ao lême, porém ,
depois atacaram diversos pontos de Alagôas e em novembro destruí- nao se demorou em ter a mesma sorte nos dois braços e no peito.
ram a armada de Francisco Vnsconcelos da Cunha, que trazia re- A la n cha, todav ia, forçou a passagem e ambos os irmãos restabele-
forços para os pernambucanos. En1 1634 receberam os invasores ceram-se dos seus ferimentos.
novas fôrças e conseguiram extender a conquista até a Paraíba.
OR HOLAN DESES NO BRAS il .
65
OS HOLAN DESES NO BI:ASH ,
64
+
se tam bem de Nazar é.
.
que consegu iu apodera r-se desta praça com a respect • (f:ABEOEL LO
(19 de julho de 1635), sendo Calabar enforca do (22 de jul ho). De- PARAHYBA
pois contin uou a sua marcha para o sul, chegand o a Alagôas
. ·········E
Estavam os holande ses senhore s absolut os de toda a costa, desde • ..-""ci.ÓYAN NA
..
~~(1~'/F"~J.~l~ta~rn.a.g~r~ac~a~·~~~@
o Rio Grande do Norte até Pernam buco. .... .·
·da por um a
do no colo da mã o esque1
He nri que Dia s, sen do feri , vis to com o cor rer a o boa to de que
ven eno
bal a, e rec ean do- se do com bal as her vad as, ma ndo u cor tar a mã o,
os hol and ese s atir ava m do a mã o esq uer da,
hol and ese s lhe hav iam tira
diz en do - "qu e, si os eita par a se vin gar ."
ain da lhe fica va a dir (l<'t·. Ca lath •l.
70
Resumo cronologico da 7." lição
2." invasão dos Holandeses
nhão vence1n a~ p;uarniçõ~s ho-
164:0 landesa~.
7.'' Jlf;íio (continuação) 1&40-16-H Yidal <lc Negreiros segue para 164:!
n Europa afim ele expõr a d.
João JV o estado elo Brasil. En1. janei.t'o oH patl'iotaB n1a-
ranhenses têm já ~;m sou poder
Insurreição <lo Entretanto, nas capitanias, acendia-se o espírito 1 64:2 toda a ilha. - En1 6 de nu-tio, o
cond e de Nassau retira-se do
Maranhão patriotico contra os invasores. E' o sentimento Brasil e deixa o govêrno e ntre-
patrio, em comêço de formação, que vai produzir Vol ta Vida! ele Kegt·eiros em
~ompanh ia do novo governador g·ue ao Supremo Conselh o. o qual
a célebre insurreição contra o domínio estranjeiro, a qual, com o Teles da Silva. - Em 30 de se- inicia un1a politi<"'a d(· intole-
exemplo da metropole, começara a se preparar desde 1640. tcn1b1·o, os insurgentes do ~I ara- rancia.
RECAPITULAÇÃO
A Espanha estaYa em guerra com a Hola nda.
1.• invasão Pas!>ando o Brasil a ser colonia espanh o la, yiu-s.:
holandesa Ilogo atacado pelos holand eses. Uma grande expe-
1624-1626
1tlição ao mando de Jaeob " ' lllekes apoderou-H: da
Baia. - No ano seguinte uma armada lu so-~s
panho la ao mando de d. Fndriqne d e •rotedo reto-
mou a cidade e exp ulsou os invasor es.
'\
-
A Companhia das Indias Ocidentais mandou
uma gra nd e expedição comandada por He11drlek Cor-
nelloozon Lonek, que se apoderou de Recife e Olinda '\.
(1630) apesar da desesperada resistencia opo.-ta
por Matins de Albuquerque. - Este fundara o _-\r- I
raiul do Dom Je s us e Iniciara já. a guerra de em-
boscadas contra os holandeses, quando veiu da
~
Espanha uma esquadra comandada por d. _\.u to-
nlo Oquendo (1631) e fôrças ao mando do conde de
JJagnuolf. Feriu-se uma grande batalha naval, na
qual morr e u o almirante holandês Pater. Ia )fa-
tias de Albuquerque colhendo a lguns resultados,
quando a deserção de Domingos Fernandes Cnlubnr
1 (1632) trouxe toda a vantagem para o lad o dos
I holand eses. - rerdidos todos os pontos, Matia!'
de Albuquérqur teve de retirar-se para Alag·Oas.
Bandeira portugueza nos domlnios
Em vista dêstes desastres Yeiu <1P Espanha uma
noYa expedição ao mando de <1. Luiz d e Jtojns y Bor- ultra-marinos
jn. que se deixou logo derrotar (1636). - Estando No Brasil de 1500-1649
co nsolidado o poderio holandês, assumiu o govêrno
o coutle d e Nassau (1637 -1644) que fez um brilhante
2.• invasão govêrno e tentou tomar a Bata. Em vista dt>sta
holandesa tentatiYa a Espanha mandou uma grande esqua-
dra te ndo por chefe o co•ule tln 'l'orre, a qual roill
1630-1664 completamente derrotada (163 9). - A restauração
Id e Portulil'al (1640) parecia vir pôr termo ú. con-
. quista, mas apesar disso os holandeses continua-
vam a extcnder os seus domínios. - Vendo que se
tratava ele uma conquista definitiva os patri otas
brasileiros resolYcram insurgir-se contra os ho -
deses. Foi Aurlré Yhlnl de Neg·reiros a alma tlO
1
I
I
movimléntó. l!:st e rompeu no )faranhào (1642) e em
segu id a em Pernambuco (1645). O exército lib.-r-
tador, comandado por Joüo Fernnndes Vieira. fez
junção com as fôrças de Cnmarilo e Henriqlle
·1/_
Dias, e foi de vitória em vitória até fundar o
Arrninl Novo do JJon t Jes u s (1646). Embald e ten-
tou o rei ele Portugal, d. João n-, sufocar a re -
volução. Os patriotas continuavam sempre YiLo-
riosos apesar dos grandes reforços rece bidos pulo~
holandeses. - As duas gTandes vitórias dos n um -
tes Guarnratoes, a primeira em 164 8 e a segunda t> m I Bandeira particular do Brasil
1649, :Coram os últimos episodios da grande luta.
.I
O Recife foi tomado e os holandeses obrigaram-~ e
a abandonar· o Brasil pela capitulação da Cnmi•in~<
llo '.rnbortlu, cn1 1654.
I ~
1649-1808
I
O DESPO NTAR DA XACIONALI DADE 77
, -
90 CQKf;BQ!"E ,·lJL\ S lJ.\. Gl: ERTIA DE S UCE::;S .\.0 CONSEQUENCIAS DA GUER R A D E SUCESS ÃO
91
Medidas dos A côrte de Lisboa transferiu para o IUo de Ja. 1768 forte de Santa Tecla (26 d e mar-
nefro a séde do govêrno geral (1763), nomeou Mudan ça da capital parn. o Río ço). - Os portugu eses r e tomam
portugueses de J anei ro. - D. Juan Vertiz a vila do Rio Grande.
vice-rei o conde da Cunha, o qual providencioQ inVad e o Rio Grande, funda o
imediatame nte para que os espanhóis não extendessem a con- fort e de Santa T ecla e chega 1777
quis ta. até Rio Pardo. - Os portugu e-
ses concentr am - se em S. Jo sé A grande invasão d<> Zcballo.s.
Tendo Zeballos deixado o govêrno de Buenos Aires, o governador do Nort e . -Perda e destruição da Coloma
do Rio Grande, José Custodio de Sá e Faria, aproveitou os reforços do Sacramento. - Tratado d e S .
trazidos por José Marcelino de Figueiredo e conseguiu retomar 1776 Ildefonso restabelcc<' ndo a paz e
fixando os limites e ntrt> os ter-
S. José do Norte. Rafae l Pinto Bandeira. toma o ritorios espanhol c português.
liberrlade que agitavam a França e que, penetrando na America, já sa it.a d os 111i n eradol' éS.
ria então a r evolt a para pro-
.nonlpe- 1792
tinham produzido a independeucia dos Es- Fui lavrarla a r-.;pnten~a final
claJnar a ind ep pncl n ncia ela c a- (19 fl t> abril). Execução de Ti-
tados Unidos. Parece que no Brasil os pri- pitania ~ob a fórm a republi ca na. radent es (:l1 <i<· abril).
meiros a propagá-las foram os poetas Clau-
<Ho :nranoel da Costa, Toma1. Antonio Gon-
lr.ll l(:t e Jnacio Jost> d'Jlharengu Pelxolo, que J~eitnm - O martirio de Tirndeutes
viviam na ca pitania de Minas.
Eram onze horas de um dia primaveril, brilhante de sol e de um
Iniciou-se as,;;im a conspiração, que já azu l intens o. quando os tambores rufaram anunciando o safmento
comava com valioso auxilio e na qua l se do supliciado.
foi destacando, pelo seu entusiasmo e de-
A multidão a pertou-se fazendo alas. Soaram matra_cas. E a
votamento, o alferes de cavalaria .Joaquim marcha começon numa lentidão processional. A' frente vmha arvo-
José da Silva Xavier. alcunhado - o Tira- rado o pendão do Senado rla Camara, vinham os ouvidores em suas
dentes. A revolução devia r omper quando
o govêrno mandasse cobrar os impostos togas, o clero com o palio abe rto, as
.Joaquim José da Silva atrasados (1789), o que tornaria a inda mais
,,=,.-==----==,..---:;• irmandades com seus guiões e dis-
Xavier. o Tirarl ente" desesperadora a situação do povo. tintivos ... Depois passaram as opar-
landas escuras dos franciscanos, os
. Formar-se-ia então um govêrno provi- habites negros dos beneditinos , os
sono que proclamaria a republica, cuja capital devia ser S. ,João bureis côr de barro elos carmelitas.
d'E I-Hei. As capitanias vizinhas, seriam com·idada!'l a aderir, per- Esmoléres estendiam as sacólas ao
doat·-se-iam as dividas do povo e li-
bertar-se-iam todos os escravos. A povo, para missas por alma do su-
pliciado ... e as sacólas pesavam, re-
bandeira do novo Estado seria toda
branca com um triangulo verde no pletas de óbulos, cheias de dobras de
centro e a legenda J, iherta s qnae sera ouro. Populares acampa• 'tavam a
tamen (Liberdade ainda que tardia). passo o funebre desfilar rl n prestito.
Entretanto, o vi s conde de .B arbacena Após um enxame tle ciganos maltra-
já es tava informado de todo o segrêdo pilhos apareceu a alta figura da ví-
pelo traidor .Toa(Ju hu Siherio do s tima, em alva, custodiada por baio-
netas . Caminhava firme. olhos postos
Rei ·, e de tudo informara o vice-rei no crucifixo que trazia nas mãos al-
Luiz de Vasconcelos. Tiradentes, cada
gema das ; seus labias, por vezes, tre-
vez mais abrasado no seu ideal pa-
miam no fervor elas orações; de seu
triotico partira para o Rio, e ali foi Ha nd <' ira rla lnconl'iden cia pescoço pendia o baraço infamante
}Jrêso com grande aparato de fôrças
euja extremidad e o canasco negro
(10 de maio de 1789). Em Minas en- Martíri o ele Tit'<HlPnt.-.s segurava; rlois frades de Santo Anto-
cheram-se os calabouços. Iniciou-se logo a devassa, mas a sentença nio ladeavam-o. A espaços as ma-
final só foi lavra da em 19 de abril de 1792. tracas ba tiam e, de quando por quando, o prestilo parava, um mei-
rinho lia com voz rouquenha a sentença ; mas, tambores rufavam e
,..rirude nte f'. C'Ons id pra clo eh l'ft-", f oi co nd e n a clo {t f ot·c·a: t Pria. a a marcha continuava lenta. seguida de poYo, num sussurro arrasta-
calJ<:Ga co rtada ,. o <·orpo <lividi<l o em quat ro pprl aços ; s eria a •·- do de passos.
t·asada a c asa Pnt CfUC' morava e d e ita do sal sô hn• o t e rr e no:
teri a os s 0u s b e ns c o n f i sc ados e os se us fi l ho~ ., tll'to s rlf'clarados Em algumas janelas mulh eres persigna.vam-s~, de ou~r::s
infanl t: f;. 1\'fai s 10 rPus ntotTe ri a nl na for c·a. tf-'rianl a cabeGa caiam moedas para as missas. A' passagem do paho a multtdao
c ortad a . c o nfis c ad o s o s b e n s e i n rarnadoA os <i t~ s<' f' JHh.·n l f' ~. Os dobrava os joelhos ; um gemido chorava no ar; era o Bendito que
r e~ tant es fo t·am condena dos a degn;clo.
os genuflexos entoavam. O martir, alçando o olhar para a Capela
da Lampadosa, manifestou o desejo de orar diante d~ s~us. alt~res.
Esta sentença foi comutada em degredo para todos os réus, me- Cons entiram-no. Depois, r e tornou a o caminho. A ~roctssao se_gutu-_o.
nos para o Tiradentes.
Quando o carrasco passou o laço ao poste, o herót da Iuconftclencta
A sua execução teve lugar no dia 21 de abril de 1792, no Cam)w quís falar á multidão, mas a corda o estrangulou ao pêso do algoz;
dlt lAtlll)llldosa. Para disfarçar a funda impressão que estes acon- por momentos os estrebu chas sacudiram seu corpo. . . e, no espaço,
tecimentos causaram no povo, ordenaram-se festas públicas , sendo á vista elo povo, ficou oscilando lentissimo o cadaY~r desse grande
os moradores obrigados a iluminar as frentes. de suas casas. bra!'l il eiro que a História glorificou POI' toda a etermdade.
(C:onz:1g::t Duq u.,) .
104 TEMPOS ANTERIORES A INDEPENDE::-\CI A 'i'EMPOS ANTERIORE S A INDEPENDENCI A 105
No dia 12 de outubro de 1820, recebeu d. João V l a notícia de As idéas de lib e rdade <tU<' ~e espal havam no m u n-
do, o <!xe mpl o da indep c nd<>ncia rios gstados U n idos
uma revolu ção em Portugal, com o fim de orga nizar o govêrno con- e ainda a~ condições precarias da capitania de Mi -
stitucional. nas -- foram as causas da inconfidencia mineira.
InconfidencJu - A principio alguns estudante em Coimbra e de -
Mineira poi s um grupo dE' patriotas naquela capitania pro -
As novaR i<lt'as de liiJ erdad .. ]lrovagada 5 por toda n parte alia- j e t aram a inclPpenclencia p o estabelecimento <la
<lHH a causas int~rnas tais con1o o pn~clon1info dos i ng-l ese s, ]Jro- r('lluhlica. Entre es t es disting·u ia,-se pe lo seu devo -
d uzira nl e n1 Portugal un1a re\0 lu çftu, CJUP co nlE:: ~o u no Porto
e extPnueu - se vitoriosa por todo o pa!s. t~m Lisboa. rormou-sp
17 8 9 tam ento o ai Cercs Siln1. Xavier - o Tiradentes. -
Estando tud o preparatlo, o traidor Silv<'rio do~ }{pis
uma junta. gove rnativa qup !lrOC'lamou um r·pgim c n <.~onstitucio descobriu o segrêrlo. 0>< conjurados foram l•resos .
nal analogo ao d e ];;~punha. O Tiradentes sofreu pena de morte e os outro~
foram clegredadns.
Esta noticia, divul gada no Pará e na Baía, causou a lvoroço.
O pronunciamento destas capitanias obrigou d. J oão VI a agir.
'rendo os franceses.: invadido Portugal. d . .João V.. I
No dia 24 de fevereiro, determinou êle que o príncipe d. Pedro, seu emhaJ cou-sP ~om toda a cõrte para o Brasil. Arri-
filho. seguisse para Portugal, afim de assumir o govêr no, e ao m es- Vinda bando á Bafa, <lecr<'tou a abertura dos portos do
da familia pais a todas as nações amigas . Em s eg uida, trans-
mo tempo con vocou uma real fe riu-si' a cõrte para o Rio ele Janeiro, onde orga-
.Junta de cõrtes, n o Rio nizou-H e o ministerio . fundaraJn-l:W tribun a is, rP -
de Janeiro, para estu dar partiçi•es <' esco las, decreto u-s e a lib e nlarle d e in-
as reformas q ue deviam 180 8 rlustria e instituiu-se a impJ'Pnsa rég·ia. Em 1815,
o BrasiJ, já ~ntão ~ n1 alto gra.u c.1P llrosperidade~
ser fe itas. foi t> levaclo á categoria de Reino.
A tropa e o povo in-
su rgiram-se, po r ém, obr i-
gando o rei a demitir o J~n1 P er nan1buco preclotninavanl as idéas dP inde-
ministerio e jurar a fu- IH·n d<•Jwia. propagadas principalm<.' nte por Domin-
go~ Jos(· ~1artins e norning·os T e otonio J o•·gc . -
tura Constituição (26 de t> ~-ov._.rnaclor MiraJI(Ja Montenegro. para e,·itar a
fevereiro). Jtevolução rPvolu<;iio, rnanclou p n·ncler a lgun s patriotas. :-i<'ssa
Decidiu-se em re- republicana oca :-: iao () br igadeiro B a rhnsa foi tnorto p e lt' c.· .. tn i-
união m inisterial a volta lão Barros Li1nn, a tropa f' o po,·o insurgi r~nl-"ie e
tomara m conta da capita nia. A r e )>ub lica f >i pro-
da côrte para Lisboa. O 1 8 17 clamada .- a reYn lução extendeu - sP pela<' <:apitanias
decreto de 7 do mesmo \lizin iHtR . Pô r çaH monarquistas dt.-. tE:'rra e tn a r, co-
manrlt~!las pelo tc•nt>nle-general !.l e go :Carre to e
mês resolveu definitiva-
ehf'f(' Cl C' 1lh·isão LnlJo. :-:ufoc ara1n a r evoluçfLO, so -
mente o caso, devendo o f, endo os chefes a " ''IHt cl<· morte.
prínci pe d. Pedro ficar
como regente do Brasil.
Convocou-se também um a D. Cartola Joaquina. con><o rt e ck cl. J oão YI. pla-
assem bléa de r epresen - Incorporação nejara r eunir sob s0u cetro os Estados do .Prata.
tantes do povo, afim de - A ]>ro veitanclo - sP ria clcsorclPm que ali lav rava,
'1:1:,06 oo
eleger os deputados ás
da aque le r e i fez cl. Diogo invadir a Banda Oripnfal,
Cisplatina. n1as ctn hr·eyf" este voltou para a fronteira. U1na
côrtes de Lisboa. outra e xp~di<;ão ao mando elo g~ncral L ecór apode-
No dia a prazado (20 rou-se de Montevidéo, <' um congr esso ali reunido
de abril) re uniram-se os 1 8 21 decrPLOu a incorporação d esse pafs ao Brasil, ('Om
o notnP clr"' Provincia Cisplatina.
eleitores e, exorbitan do
DiYis·lo tPJT i tori a l d o B1·asil em 1 08 de suas funções, exigi- 1-
ram que o rei adotasse T <> n<lo romJ)i<lo •' 111 l'ortugal uma re\·otuc;iio fa-
a constituição espanhola e ordenaram que as fortalezas da barra não voravel ao g<)\·êrno C'O nstituciona1. rt·pe rcutiu no
deixassem sair os navios que deviam conduzir a fam ilia real . Volta tia Bra~il <:ausanclo granel<· agitação no Pará, n;c Bala
Este procedimento provocou medidas violentas da parte do go- côrte para e en1 outras capitani as. No Rio ele Jan e iro. convo-
vêrno: a assembléa foi dispersada á fôrça de armas. Lisboa caram-R•· ele it o r e~ para eleger os represe ntantes ás
côrtes de Lisboa; mas. tomando êles outras medi-
No dja 26, o rei embarcou-se com sua famí lia na nau "D. João da s vioJpntas, foram disper$ados a fõrc;a d'armas.
rv·· e as demais pessoas, em núme r o de quasi 4.000, seguiram em 1 8 21 D. J oão YI r egresso u com a cúrt(' para f'ortug·at,
fkan<lo o principe :1. PP<lro C'Omo •·pgcnte do Bra>"il.
outros navios, deixando para sempre o Brasil,
Em terra ficara o prí ncipe d. Pedro, na quali dade de regente do
Teino.
112 REGENCIA DE D. PEDRO REGENCIA DE D. PEDilO
A independencia ~ -- - - - - - J ---
----
1
Bandeira do Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves 1816-1822
(I :<><'ha l'ombo).
PRIM EIRO IMPE RIO 117
PRIM EIRO Il\fPE RIO
116
Resu mo cron olog ico da 1." lição
Orga niza ção do lmpe rio
182 2 182 3
1822-1823' Em 12 de outub ro, d. Pedro Em 2 de julho, expuls ão das
t.• U~ão
aceita o titu lo de imper ador- tropas portug uesas da Bala. -
consti tucion al que a camar a mu e 3 de maio, abre-s e a assem bléa
povo do Rio de
D. Pedro foi entus iastic amen te recebi do pelo se aprese ntou.
nicipa l lhe oferec eu em nom
do povo. - Em 30 de outub ro, co nstitu inte. - Em 12 de no-
ado quand o, á noite, vembr o, dissol ução violen ta da
Janei ro e delira nteme nte aclam la - Indep enden cia ou foram presos e dester rados al-
no teatro , tendo no braço esque rdo a legené guns politic os influe ntes. - Ema consti tui nte, prisão e depor ta-
ção ele algun s deputa dos. - 23
mor te!- 1.• de d ezemb ro, realiz ou-se
sagraç ão e coroaç ão do imper a- de novem bro, as última s tropas
ador consti tucion al eciam a
A 12 de outub ro aceito u o titulo de Imper do povo, lhe ofe- dor. - Em 8 de novem bro, com- portug uesas, que guarn
nome bate de Pirajá , entr e portug ue- Ci~p latina, segue m para Europ
a.
do Brasi l que José Cleme nte Perei ra, em
ses e brasil eiros, na Bala.
receu com toda a soleni dade. Entre tanto
a luta dos partid os ia cada vez mais ace-
sa. José Bonif acio saíra do minis terio e, Leitu ra - A prim eira cons tituin te
a êle voltan do de novo por vonta de do
povo, desen volve ra treme nda reação con- O ano de 1823 é o períod o mais impor tante
da nossa histór ia
tra os adver sarios , a maior parte dos quais consti tucion al. E' a prime ira palav ra do sistem a repres entati vo en-
foram preso s e dester rados (30 de ou- idade, como 1831 é a
tre nós. 1825 ê a crenç a pura da prime ira osten tou
o brasil eiro
tubro ). idade heroic a da nossa histór ia. Aqui o civism de uma fé robus ta, um
A sagra ção e coroa ção do imper ador toda a sua poten te virilid ade. Alf a purez a da !noce ncia das pri-
realiz ou-se com toda a pomp a no dia 1.• de patrio tismo cheio de grand eza, algum a coisa eterna os trabal hos
dezem bro de 1822. meira s impre ssões, selara m com uma gloria
da consti tuinte .
Apesa r de tudo, a auto ridade de d. Pedro - Entre tanto, períod o nenhu m da histór ia do
Brasil tem Jlido tão
ainda não era recon hecid a em algum as tão desap iedad ament e caluni ado, como o da const ituint e
desfig urado ,
D . Pedro provín cias, nas quais domin avam as tro- de 1823.
pas portug uesas .
-se reunid o no seio
guira subm eter o-
O gener al Labat ut, ao serviç o do Brasil , conse ueses estava m O que havia de mais ilustra do no país achou
e impor tantes da socie-
portug
Sergip e e march ava sõbre a Baía, onde os Melo. O comb ate de da consti tuinte . Todas as classe s elevad as o clero, a alta magis -
de dade estava m aí digna mente repres entad as:
fortes sob o coman do do gener al Made ira mais o exérci to da inde- os jurisc on, ultos, li-
tratur a, a admin istraç ão super ior do Estad o, em uma eleiçã o livre
Pirajá (8 de novem bró), encor ajou ainda e SJiva e auxi- res havia m sido conte mplad os
pende ncia, o qual, com o novo coman dante Lima terato s e milita
roc1•r ane, pôde expul sar os portug ueses , e expon tanea.
liado pela esqua dra de loril Inteli genci as vigoro sas, home ns de estudo s
feitos, algun s ver-
em 2 de julho de 1823. : entre estes podem os
prepo sto Pasco al sados na admin is tração , apare ceram então
Dalf seguiu Cochr ane para o Maran hão e seusubm etidas ao go- com segur ança citar os três irmão s Andra das,
os douto res José da
sendo as duas provín cias José Joaqu im Carne iro
Green fell para o Paní, Silva Lisbo a, Luiz José de Carva lho e Melo,
Anton io Carlo s, sobre -
vêrno imper ial. de Camp os, Anton io Luiz Perei ra da Cunha , entar consu mado, e foi
il1t Costa não tar- um parlam
Tamb em as tropas portu guesa s de d. Alvar o tudo, mostr ou-se na. consti tuinte
daram a aband onar a Cispla tina. decid idame nte o prime iro vulto da assem bléa.joven s faziam -se notar
Recon hecida de 11orte a sul a indep enden cia,
tratou -se de con- Ao lado dêstes , algun s deput ados mais
ções aos novos prin-
stitui r o novo imper io. por seu talent o nas discus sões, por suas dedica ; entre estes Monte -
e mesm o pelo ardor de uma causa santa
mente a assem bléa clpios iro da Cunha , Rodri -
No dia 3 de maio de 1823, instal ou-se solene zuma, Vergu eiro, Alenc ar, Arauj o Lima, Carne Todos os deput ados
consti tuinte . lho, Moniz Tavar es e outros .
na tribun a e na ques de Carva desejo s de promo ver o
Não demor ou, porém, a luta dos partid os, que mostr avam- se anima dos dos mais sincer os
impre nsa rudem ente se deglad iavam .
bem estar da patria . Armit age, que a
O esp:m camen to de David Pnnl)) lona por oficiabléa, o que de-
is portu guese s E' um êrro supôr , como le viana mente o diz de intel!g encias
assem e só se comp unha de medio cridad es e
exalto u os ânimo s princi palme nte no seio da de novem bro de 1823, const ituint
termi nou o imper ador a dissol vê-la no dia 12 ados que, ao depois , acanh adas. testem unho desta
prend endo os Andra das e vários outros deput As discus sões da nossa consti tuinte dão pleno a soma de luzes
rantem ente que havia nela
foram depor tados. verda de, e prova m exube Algum as mater ias fo-
provín cias, cau- sufici entes para a confec ção da consti tuição .outras a liberd ade relt-
Este ato violen to do imper ador reperc utiu nas ram af tratad as com grand e erudiç ão, entre
as, como a de Perna m-
sando desord ens e dando lugar a que algum , procla masse m a sua giosa e a institu ição do Juri. (Barão H. !lé Melo) .
buco, Alagô as, Paraí ba e Rio Grand e do Norte .
indep enden cia, adotan do o govêr no repub licano
118 PRIMEIRO IMPERIO PRll\1EIIt0 Il\IPERlO 119
Abdicação de d. Pedro I
RECAPITULAÇÃO
4." Ução 1831
J ). P ed r o fo i acla1nat1o i mp, · rwlur con .s li.tucional
Dissolvida a Constituinte, d. Pedro rnodifi<;ou o seu ministerio e e ('0 111 0 t a l sag r ado 0 cor('iatl o . - O gen ~ ral Labatut,
a o s ervi ço do B r asi l. su h n1t·ll'U as províncias de
nomeou um conselho de Estado, ao qual incumbiu de organizar o Orgltnização SC'rg i]1 (' P F~a ia, ai n da t.:>ln pn rl c: r . da~ ll.'OPa;S porlu-
projeto de constituição. A 11 de dezembro de 1823 terminou o do g· u t"" ~aR. l.Jo rrl Coc h rane <'lla n1ou a uh e dit'' nCia.. o .1\fa-
conselho o seu trabalho e, como o projeto tivesse o apóio das ca- lmperlo r a nh ã o <' P as<'oa l G r eenfell . a elo Parit. -- As ulttmas
trop as p o rtu g u esas ft U ~ deixa ram o Hr<lS!l for~l.ln
maras municipais e do povo, foi convertida em leis solenemente ju- as ela g u ar nição da Cisplat ina. lle•·on~·"" ""la a !n-
rado no dia 25 de março de 1824. 1822-1824 de p pn d(' n C' i a d o Bras il pn r a l g urrtas IHH.; o e > r e u~11u~
su a 1\ ~ s <> m blt'a Const i t uin tf'. , \ luta dos )1art!rlo~
Apesar de já estar reconhe cida a independencia por Portugal e ]) r ovoco u a rlisso l udlo v io1P ll l:l tlt•sH a A~H Pinhlr•a t
outros países, nas províncias ainda não reinava a ordem. No Ma- a p r i sáo th• a l g·un:-- fleputadn~. o qu " <'<-lu sou a ll a loR
ranhão, lord Cochrane conseguira restabelecer o imperio da lei, mas nas p r ovíncias .
na Baía dava-se a revolta dos Periquitos, da qual foi vítima o co-
ronel Gomes Caldeira (25 de outubro de 1824), e no Pará lavrava
a guerra civil.
De toda a parte levantavam-se queixas contra o imperador,
ao qual se acusava de querer reunir a corôa do Brasil á de
Portugal. Confederaçfw
110
Por este tempo morreu em Portugal o rei d. João VI, cabendo a Equador
d. Pedro a corôa do Reino. Porém, este príncipe, expontaneamente
e sem vacilar, abdicou em sua filha d. Maria da Gloria e nomeou 1824
seu i1·mão d. Miguel regente de Portug-al (1. 0 de maio de 1826). Este.
procedimento, unido ao fato do nascimento do príncipe herdeiro d.
Pedro de Alcantara (2 de dezembro de 1825), grangeou alguma sim-
patia ao imperador.
Havendo o govêrno contratado muitos estranjeiros para o ser-
viço militar, revoltaram-se êles, tomaram conta da cidade e só a
muito custo foram subjugados (9 de junho de 1828).
Logo em seguida apresentou-se no porto do Rio o vice-almi-
rante francês Roussin, com uma esquadra e, de morrões acesos, Guerra
exigiU a indenização de prejuízos causados pela esquadra brasilei- Jllatina
ra no bloqueio do Rio da Prata (6 de julho de 1828). O go-
vêrno, sem meios de resistencia, teve de ceder a esta violenta 1824-1827
intimação.
Estes fatos, unidos á luta dos partidos, indispuseram de novo
os ânimos contra o imperador. Em tôrno do jornalista Evarlsto
Ferreirn da Veig:t, concentrou-se toda a oposição. Na província de
Minas, sobretudo, era grande a agitação, de modo que o imperador
resolveu ir em pessôa acalmar os ânimos. Alí chegado, publicou 1 Hsso l Yifla a cOIIRtituintr, o i tnperadot· no1n~·ou
uma proclamação (22 de fevereiro de 1831), que deu ainda peor re- 0 co~~elho de Estado, o qual or_ga n izou u_m proJ':.to
rle cons ti tu ição que foi eon,·<'rtJelo <'111 I<'J. . A l !<'~ar
sultado. Desanimado e desgostoso, voltou d. Pedro para o Rio. cli 5 t o. l 'UYrava a desordent t·nl algt11.11a~ p.rnYl.ncl~~n~
ll\vant'l\'aln - He 'tueixas eontr:J o llTIIH·r~tclot. . 1l
Os portugueses recelJeram-no com festas , que degeneraram nos IJal<le 'eHte aiJrlicou a corôa ~" l'o r t_u,.,;al_. '1 1 ~ "~~
conflitos chamados noite das ~:mrrafattas (14 de março). A guerra
Abdicação coub<;ra por morto clt' s u JJ<LJ d. J oao \L ' · 0
civil estava iminente. Diante da gravidade da situação, d. Pedro f atos vie r •tm agravar a situação: a r~vólt~ elos
batal hões ~cst ranjeiros, a recl~1:1 açflu elo a ln1 1 ra~t.e
nomeou novo ministerio, o qual foi logo substituído por outro (6 de fra n cês Ro n ~ si u .
A opos i ção to t C'l'P8C't•n<l<;' t• n1 tt l-
abril de 1831). 1831 n o el e E varisto Ftn-relra da Veiga t• J)rocl u zl ll .a~ ~~":~
o r dens eonhP cidas pelo nome t~t.·. no•t.t" das gar r.:f--•-
O povo revoltou-se e fazendo causa comum com a tropa, inti- 1 1) l .. e drn notn eo u no' o nunt.ste J·to. o povo t as
mou d. Pedro a reintegrar os ministros. ~t~"vas ·rcvoltaram-~ e. o imper:.tdor n ão .. q u ~H. eetle r
e abdicou em . seu filho <1. l'Pelro <1<' .\ lc..wt,u a.
O imperador não qufs ceder e abdicou a corôa no príncipe d.
Pedro de Alcantara (7 de abril de 1831) , nomeou José Bonifacio de
Andrada e Silva tutor de seus filhos e seguiu para a Europa.
124 GOVERNUS REGENCIAIS GOVERNOS REG ENCIAIS 125
contra os protugueses. Herculano Feneira Pena, con- nccife t"' morte de Nunes Ma-
tra o qual r voltaram-se os chad o.
Os pr!--lif".h·o~ chc•gava1n ao excesso de fiUel'cl· a nacionaliza~ão
d o com .. rcw d e varejo <' prega\ am a e:q)ulsiio de todos os por-
tugueses que não co nstituissem família 110 Brasil.
Leitura- SôJne a crise (le 184S
. O presidente .Cllichorro da Gnma (1845-1848), praieiro exaltado,
fortaleceu o partido com o seu apóio, forne cendo-lhe até armas e
munições.
~s motins contra os portugueses, ao grito de mat:t madnbeiro O que os liberais pleiteam hoje nas margens do Beberibe, de-
repetiram-se tanto na capital como no interior. baixo do fogo da metralha, não é um interêsse local ; é a causa do
direito geral e do interêsse comum; as libe r dades do Brasil in-
Sendo os liberais substituídos no govêrno pelos conservadores teiro estão lançadas na mesma balança, em que or a pesam os des-
estes norr:earam um novo presidente. Herculano Ferreira Pena (Ui tinos de Pernambuco. :ll::le foi a primeira vítima arrastada ao altar
de outubro de 1848), contra o qual os praieiros revoltaram-se sem do sacrifício; e, se sucumbir em sua resistencia magnanima, igual
~emora. Sub.levaram os guardas-nacionais de Olinda e Pau Ama-
sorte aguarda as demais províncias, onde ninguem se reputará se-
Ielo, os quars foram acampar em Nazaré ao passo que 0 chefe guro contra o furor da proscrição. O país o sabe e é por isso que
Abreu Rom.a entrincheirara-se com a sua g~nte em Ca a Forte. a fermentação e o alarma derramam-se po1· todas as classes da
O pres~dente: sem. perda de tempo. tratou de organizar fôrças população; é por isso que os cidadãos perguntam uns aos outros,
para a resrstencra, CUJO comando confiou ao coronel Amorim Be- cheios de ansiedade, quando e como terminará esta lide horrível
zer ra. Os revoltosos viram-se obrigados a abandonar Nazaré e fo- entre o poder e a massa do povo? Onde estão as portas da saída
r~m concentrar-se no engenho de Musso}Jlnlw. Ai os atacou Amo-
desta desgraçada situação? A imensidade da crise que nos ameaça
nm Bezerra, com reforços que vieram das províncias vizinhas des- confunde a imaginação e não deixa aberta a mesma esperança, que
baratando-os após encarniçado combate (14 de novembro de Í848). em épocas do excesso dos males renascia. O despo"tismo da tríplice
. A chegada do deputado Nunes ltlaclmdo, chefe praieiro muito aliança, embargando o curso das reformas e dilacerandu o pais,
estrmado, deu novo alento á revolução. acabou com todas as soluções regulares do problema social e privou
Da c~rte chegar~m reforços militares comandados pelo briga- até do remédio ordinario sofrimentos para que são precisos meios
deiro ~ose Joaquim Coelho. Feriram-se combates em Aplpucos, em heroicos e radicais. Considere-se a lamentavel posição de nossa
Naz_nre, no .sltlo de MarJcota, todos desastrosos para os revolucio- Patria! Uma constituição nominal, direitos sem satisfação, liber-
uan~s. Afmal, estes conseguiram apoderar-se de Goian a, e dali dade sem garantias, ministerio sem dogma, e sem nacionalidade, um
segmram para Cruangl, donde foram obrigados a retirar depois de senado vitalício e faccioso em plena revõlta contra o princípio de
sangrenta batalha. govérno, pretendendo-o transformar em oligarquia á veneziana; o
Viera, entretanto, para o Recife o novo presidente Ma noel Vieira direito de propriedade sem segurança, porque a justiça civil é distri-
To_stes, que tomou medidas severas contra a revolução. O briga- buída por magistrados políticos, que sacrificam ás paixões de
deiro Coelho marchou com suas fôrças contra Agun Preta onde os partido a imparcialidade do julgamento; a justiça criminal, a inu-
revolucionarios se achavam fortes de 4.00(} homens. roias estes meraveis harpias de uma policia que atropela, des poja e escraviza
aband~mand~ o seu a_campamento, vieram atacar inesperadament~ o cidadão pacifico; a industria nacional monopolizada pelo querido
o Rec1fe (1. de fevererro de 1849). A peleja foi sangrenta e desfavo- português, enquanto o povo, eugeitado, geme sob a carga dos tri-
ravel aos r~voltosos que perderam o seu chefe Nu nes :il[achndo e ti- butos que exige a dívida de 400· milhões, despendidos na bela em-
veram de dispersar-se. presa de afogar em sangue seus clamores e de enriquecer seus int-
O valoroso cabo revolucionario Pedro Ivo conseguira escapar migos; a nação envilecida, desprezada, conculcada por uma cllrte
com parte de sua gente e continuou a luta por longo tempo. que sonha com o direito divino e sõ respira a aura corrompida da
baixeza, da adu lação e do estraujeirismo; nada de generoso, de na-
. Pedro. I v? :;alvou-se com trezentos compa nh e iros apc,ws, ope- cional e de grande; nada para a gloria, para a liberdade, para a
rou habil t eti r ada, mte rnou-se nos matos c t· e,. i~<tiu tenazmente.
prosperidade material; o entusiasmo extinto; o torpor elo egolsmc.
percorrendo gradualmente, como a frialdade do veneno, do coração
Afinal, ve~do escas~earem-l~e os meios de resistencia, apresen- ás extremidades e amortecendo as carnes morbidas de uma socie-
tou-se ao governo e for reco lhido á fortaleza da ilha das Cobras dade que supura e dissolve-se ... tal o estado do Brasil!
dond~ fugiu, segundo uns, embarcando para a Europa e morrend~
em v1agem. ('rnrrf'~ Homem) .
136 SEGUNDO IMPETIIO SEGUNDO IMPERI O 137
Guerra do Paraguai
Theatro da guerra do Paragu&'l
•
Miranda
7." ll~iio ]86:).]870
r
abril de 1865 ) .
Estes fatos levaram o Brasil, a Argentina
e o Uruguai a estabelecerem o 'l'ratado da Tri·
})lice Allan~ contra o Paraguai (1." de maio
A
de 1865 ) . As operações belicas começaram em
seguida, com a batalha naval de Riachuelo (11
de junho) , em que se cobriu de glórias o chefe
da divisão }'rancisco Manoel Barros o, e com as
Almira nte Barroso passagens de Jiercedes (18 de junho) e Cuevll8
/"
( 12 de agosto). 'PAR .!'R.A
Enquanto a nossa esquadra colhia estes louros, o exército de
Estigarribia, invadia o Rio Grande, saqueava São Borja (12 de julho)
e Itaqw e entrava em Urugaiana (5 de agosto) .
Invadido o Rio Grande, d. Pedro li veiu em pessôa ao teatro
da luta e ali assistiu á rendi ção e aprisionamento de todo exército
invasor (18 de setembro).
Dalf voltou o imperador para o Rio de Janeiro e os aliados
atravessaram o Uruguai para invadir o territorio paraguaio, e to-
mar a ofensiva, pois Lopez ordenara a retirada de todas as suas
fôrças.
Protegidos pela esquadra, foram os brasileiros, com o general
Osorio á frente, os primeiros a for çar o Passo da P1ttrla e ficar em
terra inimiga (16 de abril de 1866).
Depois da vitória de Estero Bellaco (2 de maio), os aliados acam-
param perto de Tuintí onde, em 24 de maio, feriu-se a grande batalha,
cujos louros pertencem ao general Osorio, o qual , entretanto, adoe-
ceu e demitiu-se do comando (15 de julho).
Na posição de Tuiutf, tendo pela frente as formidaveis linhas de
Sauce, chave do famoso quadriJotero, permaneceram por longo tem- RIO G.BO SUL
po os aliados. Com a junção do corpo de exército do conde de Porto
Alegre apoderaram-se do fórte de Curuzú. (3 de setembro), uma das
sentinelas avançadas das grandes fortificações de Humaitá, e expe-
R 'E p. ('y
rimentaram depois o tremendo revez de Cnrupaití, que nos custou
mais de 4.000 homens fóra de combate e causou a retirada ele Bar-
tolomeu Mitre, general em chefe dos aliados.
Yatar
142 SEGUNDO IMPERIO 143
,
I
8." Uçiio
Declinio da monarquia
(conclusão)
R.esumo cronologico da s.a lição
Outros fatos vieram ainda dar mais vigor á questão 1886 1888
A quellfiio mi- militar. Em 1886, o coronel Cunha Matos e o tenen- O t e n e nte - coron el Se na M adu- E m 13 d e m a io, a bolição d a e:s -
lltar te-coronel Sena Madureira, defenderam-se pela im-
re!ra e o corone l C unh a Matos c r a v at u r a. - H.e grcsso do im-
são r e pr ee ndi dos p o r s e te r em perad o r .
prensa de ataques que lhes foram dirigidos por um deputado e um d e fendid o p e la. impre n sa sem
senador. Foram ambos repreendidos pelo mi- prévia lice n ça. 1889
nistro da guerra, conselheiro Alfredo Chaves. Em ja n e iro, <'xpe di ção de D eo-
1887 do r o ao Mato Grosso. - O vis-
A favor dêstes militares declararam-se o Manife sto d o M a r echal Deo- co nde d e Ouro P r e t o organiza
marechal Deodoro da Fonseca e o tenente-ge- doro e tene nte - ge n e r a l visconde u1n 1nini s t e ri o. e tn 7 d e junho .
neral visconde de Pelotas, que publicaram um de Pelota s. - Vi agem do i m- - Em 1 1 d e n ov e mbro es pa-
p e ,·ador e rege n cia de d. Izab el. lh ou - s e o b o a t o da prisão d <•
energico manifesto cont ra o govêrno (14 de Deod o r o e o u t r os.
maio de 1887).
~ O imperador havia seguido
Extfnçao da doente pa ra a Europa, deixan-
escravatura do a princesa imperial d. lza·
Leitura - O exército negro
bel, como regente do Imperio (1887) . Foi pouco antes de 13 de maio de 1888. Das fazendas do .inte-
A opinião pública manifestava-se cada vez rior de São Paulo tinham fugido em massa os escravos. O cahx da
mais favoravel á abolição da escravatura, no P rincesa D.• IzaiH,I
amargura tinha sldo exgotado até ás fézes. A raça ne~ra, depois
que o govêrno se achava tambem empenhado. de tantos seculos de sofrimento restgnado, revoltava-se enf1m ...
Nestas condições, formou-se o gabinete presidido pelo conselhei-
ro João Alfredo, que apresentou um projeto de libertação incondicio- Cada passo dado trazia um novo contingente á leva do deses-
nal e o converteu em lei no dia 13 de maio de 1888, no m eio de pêro, ao levante da dôr, ao exodo terrível do sofrimento. Vinham
grande regosijo popular. quasi nús, famintos, com os pés chagados pela estrada pedregosa.
E caminhavam . .. caminhavam. . . caminhavam, de dia e á
último minis- A abolição dos escravos veiu fortalecer muito o par- noite á luz do sol ou á luz das estrelas. E cantavam. Aquela me-
terfo tido republicano, que r ecebeu em toda a parte ade- lopé; tristissima, repassada da indizível melancolia _da~ musa_s afri-
sões em massa. canas, ecoava como um côro de gemidos no vasto selO !mpassJvel da
Tambem a questão militar agravava-se e o govêrno, aprovei- natureza.
tando o boato de uma guerra entre o Paraguai e a Bolívia, mandou E á noite, quando em silêncio desciam a serra negr a, sob o olhar
para Mato Grosso uma expedição comandada de fogo dos astros, os seus passos reboavam surdamente a terra,
pelo marechal Deodoro da l'onseca (janeiro como rumor de um oceano que se agita.
de 1889). E era um oceano, um rude oceano que se precipitara do alto da
O imperador, que vol- serra... oceano revoltado, para o qual já não havia diques. Já
tara da Europa em 22 de nenhum pensava no castigo, no vergalho, no trónco, na vingança dos
agosto de 1888, chamou o senhores. . . Dali, para a liberdade ou para a morte!
partido liberal ao poder, Foi no quilombo do Jabaf uára, em Santos, que o exército negro
encarregando o visconde de parou.
Ouro Preto da organização O quilombo era um baluarte da propaganda abolicionista.
do novo ministerio (7 de ju- AH, algumas almas justas e piedosas, tinham aberto um asilo
nho de 1889), cuja missão, para os desesperados do cativeiro. Alf - enquanto nas fazendas se
dizia-se, seria reagir contra castigava escravos, - dava-se aos foragidos pão e carinho, trabalho
o exército e as suas idéas e liberdade, cousôlo e instrução.
João Alfredo republicanas. Viscond e Quando o quilombo de Jabaguára recebeu esta última avalanche
Entretanto, era cada vez de Ouro Preto de negros fugidos, a propaganda estava perto da vitória. A alma
maior o excitamento de âni- brasileira se tinha levantado para protestar contra o crime secular
mos entre os militares, cujos chefes se reuniam diariamente no Clnb da escravidão. A raça negra ia ser Incorporada, no Brasil, á co-
llllitnr tratando da revolução. Tambem a propaganda republicana munhão social. Ia-se apagar da face da America a mancha de lodo
pela imr11·ensa e pela palavra crescia de norte a sul e Silva Jardim e sangue que a deshonrava. Pouco tempo depois da chegada ao Ja-
tinha o arrojo de seguir passo a passo o conde d'Eu em sua viagem baJuára, era promulga da a lei 13 de maio . .
pelas províncias do norte. Tal era a situação, quando, em 14 de no- Todos os asilados do quilombo sairam a cammho de Santos. Af,
1
vembro, espalhou-se o boato da ordem de prisão contra o marechal na igreja, perto do tumulo de José Bonifacio, ouviram sua primeira
Deodoro o o dr. Benjamin Constant, e da ordem de embarque de al- missa livre. E a igreja se encheu de um rumor prolongado de solu-
guns corpos. ços, - soluços de alivio, de esperança e de felicidade •..
Este boato fez precipitar os acontecimentos e antecipou a re-
volução . (Co!'lho Neto).
SEGUNDO IMPERIO SEGUNDO IMPERIO 155
154
Proclamação da Republica
Leitura - A conspiração
• - H . B.
158 REPUBLICA F EDERATIVA REPUBLICA F EDERATIVA 159
chal pausadamente: "Eu queria a companhar o caixão do imperador,
que está velho e a quem respeito multo." Depois acrescentou,
passando e repassando o dorso de uma mão contra a palma. da
outra :
"Êle assim o quer, fa çamos a r epublica. Benjamin e eu cuida-
remos da ação militar ; o Sr. Quintino e os seus amigos organizem
G resto. "
Govêrno provisorio O profundo sil êncio do lugar pareceu fazer-se maior, nessa oca-
i
I
sião, como se a noite compreendesse que se ia, ali mesmo, em poucos
momentos, estra ngular a última hora de um reinado.
!
!2: lição A tranquiliclade que havia era lugubre. Ouvia-se, com certo es-
1889-1891
tremecimento, o barulho elo morder elos freios dos corseis de cava-
! laria em recantos afastados. Frouxamente cla-
I
readas pela iluminação urbana, as casas ao re-
O govêrno provisorio constitu ído pelo exército e armada em dor do largo, os edificios publicos pareciam ador-
mecidos. Nenhuma luz nas janelas, a não ser
'nome da nação, teve por chefe o marechal Deodoro da Fonseca que nos ultimos andares de uma casa de saúde.
!escolheu para seus ministros o dr. Benjamin Constant HoteUto de
Apesar disso, que se acreditaria indicava com-
'
.Magalhães, almirante Eduardo "\Vamlenkolk, dr . .Rui Barbosa, dr. }ta- pleta ausencia de espectadores para a cena que
:noel Ferraz de Campos Sales, dr . .\ristldes Silveira Lobo, Quintino se ia passar, algumas janelas abertas apareciam
como retabulos negros, nas mais altas sacadas, e
!Bocaiuva e dr. Demetrio Ribeiro. percebia-se uma agitação fa cil de reconhecer nos
I peito ris esc uros ...
I O novo govêrno publicou logo um manifesto á Nação, explica nd o D. Pedro II
em 1889
A's três horas da madrugada, menos alguns
los acontecimentos e, no dia imediato (16 ), dirigiu uma mens·a gem ao minutos, entrou pela praça um rumor de carrua-
I
imperador intimando-o a cl ei:-.a r o país eom toda n família i111!)erial, no gem . Para as bandas do paço houve um ruidoso tumulto de armas
I e cavalos. As patrulhas que passeavam de ronda, retiraram-se to-
;praso de 24 horas. das a ocupar as entradas do largo, pelo meio do qual, ;ttravés das
árvor es, iluminando sinistramente a solidão, perfilavam se os postes
No mesmo dia teve lugar a posse solene do govêrno pela Ca- melancolicos elos lampeões de gás. Aparecia, então, o prestito dos
exilados .
?nara MunicipaL
Nada mais triste. Um coche negro, puxado a passo por do is
Na madrugada de 17, cumprindo a intima ção, o imperador em- cavalos, que se adiantavam de cabeça baixa. como se dormissem
barcou no paquete Alagôas. qu e, comboiado pelo encour açado Rin- andando. A' frente, duas senhoras de negro, a pé, cobertas ele véus,
como a buscar caminho para o tris te veiculo.
chuelo, o conduziu para Europa. Prosseguiu o govêruo provisorio
Fechando a marcha, um grupo de cavaleiros, que a perspectiva
na organização da Republi ca - a 19 instituiu a nova bandeira, a 21 noturna detalhava em negro perfil. Divisavam-se vagamente, sôbre
;con vocou um a assembléa co nstituinte para 15 de novemb ro seguinte o grupo, os penachos vermelhos das barretinas de cavalaria. O
yagaroso comboio atravessou, em linha r éta, do paço em (!i reção
' e adoto u o sufragio universal )Jara a sua eleição, a 14 de dezembro
ao mõlhe do cáis Pbaroux. Ao aproximar-se do cáis, apresenta-
decretou a grande naturalização. a 7 de janeiro do a no seguinte pro- ram-se alguns militares a cavalo, que formaram em caminho. E '
·moveu a separação do Estado e da Ig rej a e, a 24 decretou o casa- aqui o embarque? perguntou timidamente uma das senhoras de
preto, aos militares. O cava leiro, que parecia um oficial, respon-
mento civiL deu com um gesto largo de braços e uma atenciosa inclinação do
corpo. Por meio dos lampeões que ladeiam a entrada do mõlhe
Entretanto, tinham sur:2;ido sérias divergencias no seio do go- passaram as senhoras. Seguiu-se o coche fechado. Quasi na extre-
midade do mõlhe, o carro parou, e o Sr. D. Pedro de Alcantara
vêrno provisorio, motivada~ por alguns atos praticados pelo seu apeou-se - um vulto indistinto entre outros vultos distantes .:_
chefe. Benjamin Constant. gravemente enfermo, pedira demissão no para pisar, pela últim a vez, a terra da patria. Do posto de observa-
ção em que nos achavamos, com dificuldade, ainda mais, da noite
dia 18 de janeiro, e falecera no dia 22. Os outros ministros apresen~ escura, não podemos distinguir a cena do embarque.
•taram, tambem, a sua re núncia coletiva no dia 20. A 21. era orga!.
Foi rapido, entr etanto. Dentro de poucos minutos ouvia-se um
nizado o novo minister io chefiado pelo barão ele Lucena. A ligeiro apito, ecoava no mar o rumor igual da helice da lancha,
1
Constituin te, que se reunira na época fixada, promu lgada a reaparecia o clarão da iluminação interior do barco; · e sem que se
pudesse disting uir nem um só dos passageiros, a toda fôrÇa de vapor.
constituição, escolheu para presidente da Republi ca o marechal o ruído da belice e o clarão Yermelho afastavam-se da terra.
Deodoro da Fonseca e para vice-presidente o marechal Floriano (nau l Pompc•la).
Peixoto.
162 REPUBLICA FEDERATIVA REPUBLICA FEDERATIVA. 163
1.o per iodo presidenc ial Resumo cronolog iço da 1.", 2." e 3.a. lições
r1uadra c renúncia de Deodoro
1 88 9 (23 dt novembro).
s.• Hc:ií o (concl usão) 15 de nov embro, proclamaçã o
da Republica; 17, embarque da 1 8 92
familia imperial; 19, instituição nevúlta da FortalPZa de Santa
R A antipatia entre o exército e armada nacional de-
' lta d 8 da nova bandeira; 21, convoca- Cruz (16 de janeiro). -- Mani-
evo terminara a revólta desta no porto do Rio de Janei- ção da constituinte . fef.tO dos 13 generais (G de
Armad a 1890 abril) .
ro, no dia 6 de setembro de
1893, sob o comando do a lmirante Cns todJo 7 de janeiro, separação da 1 8 93
Igreja do Estado; 21, organiza- J nvasão tlO>; federalistas no
José de ::llelo. Os revoltosos, que mantinham ção do novo ministerio; 24. tle- Jtio 01·ancle do f'ul (ll de feve-
quasi diariament e o bombardeio contra as for- cretaçii.o do casam ento civil; 24 reiro). - Itevólta da Armada
talezas e a cidade do Rio de Janeiro, afim de de fevereiro, promulgaçã o da Kacional no Rio de Janeirn (H
Constituiçã o; eleição de Deodoro ele setembro) .
serem reconhecido s como beligerante s, envia- para preside nte da Hepublica e
ram á Santa Catarina uma divisão de três na- 1e Floriano para vi ce-presiden te.
1 8 94
Reatamento das relações cum
viós ás ordens do capitão de mar e guerra F r e. 1891 Portugal (16 ele março). l~t'-
de rJco Guilherme de Lor en a, que estabeleceu Dissolu ção do Congresso (5 de vólta ela Escola Mi litar.
um govêrno !Jrovisorio na cidade do Desten·o novembro). - R e v.;,ó~lt=a~d;;a~,;e~s;.,-=~==========~
e entrou em comunicaçã o com os federalistas . Leitul'a - Durante o bomlJarde io
Com efeito, estes tinham já atravessado o
Rio Grande do Sul e Santa Catarina e esta- O "Aquidaban ", de bandeira vermelha ao calcês do mastro gran-
vam no Paraná. Saldanha da Gam a de, os mastaréos de gaveas e joanetes arriados, o pavilhão naciona l
No porto do Rio de Janeiro continuava a arvorado á mezena na sua primitiva armação de fragata, rompia a
revólta que agora contava com a adesão do al- avançada e já ganhava a altura de Willegaign on, mas numa marcha
mirante SaldaJllta da Gama, sob cu jo coman- ron ceira, de "carroça", como se diz no mar, dos navios lentos q ue
do os revoluciona rios sofreram os revezes da an dam pouco ou quasi nada. E não andava senão á razão de uma
111m tl o Governado r (onde morreu o general milha por hora, pois estava com as máquinas e caldeiras estragadas.
João 'J'eles), Moncangnê Grande e de Niter oí. Tinha, entretanto, um aspecto soberbo, aterrador, no seu longo e
Entretanto , o govêrno do marechal Floria- amplo costado couraçado ao lume d'agua e todo pintado a negr o,
no armara uma esquadra ás ordens do almiran- com as superstruc turas brancas, a grossa e alta chaminé corõada
te Jeronbno Gonçalves, a cuja aproximaçã o os por c urvo penacho de fumo espiralando no ar. De vez em quando,
revoltosos abandonara m seus postos e asila- do reduto de prõa jorrava um relampago escarlate, um vomito de
ram-se a bordo da corveta portuguesa Mindelo névoa alva que ondulava e se abria entre os mastros, seguido de urn
que os conduziu para fóra do pais, o que de- ribombo de trovão atroando as vagas.
terminou o govêrno brasileiro a romper as Após o "Aqui.d aban" vinha o "Trajano'', o elegante c r tzador de
relações uip lomaticas com Portugal. madeira, que é um modêlo de co nstrução naval. Manobrava com
custodio de Melo No Paraná, apenas La pa, sob o comando precisão oferecendo ás vezes, em inimitado arrojo, o costado inteiro
do coronel Car neiro, resistia heroicamen te ás hata,; que lhe jogavam contínuame nte as fortalezas da barra. Mas
aos revoluciona rios, mas em breve rendeu-se. as suas peças de 70, alvejando-a s sempre, não cessavam de lhes
arremessar ás muralhas balas razas e granadas.
O almirante Cn stodio de l'lf el o quis ainda tentar a O "Republica ", llm pequeno mas excelente cruzador, então o
R evolução ie· tomada. da cidade do Rio Grande. Repelido, dirigiu- mais moderno navio da esquadra, chegado havia pouco da Europa
derallsta se para a Republica Argentina, a com o •· Tiradentes " nessa ocasião em Montevidéu, evoluía á reta-
cujo govêrno entregou os navios ás suas ordens. guar da do "Aquidaban " e na mesma linha do "Trajano", a zombar
A' vista dêstes revezes, Gmnerclnd o Saraiva continuame nte, como este, do poder das fo r talezas da barra. Os seus
viu-se obrigado a operar a retirada. Sempre acos- canhões d'alma longa e grande alcance faziam frequen tes disparos.
sado pela Dhisão do Norte, o chefe revoluciona r io E o seu comandante , um jovem capitão-ten ente rio-granden se, de
travou os combates de Ba rracã o, do arroio ForquJ. u ma bravura e ardor med ievais, fam oso e m uito popular nessa épo-
1ba, do Passo l' un do, até ser mortalmen te ferido em ca pela façanha que praticara, meses a n tes, bombardean do Porto
Carol'Í (10 de agosto de 1894). Alegre contra o govêrno de Castil hos a bordo da canhoneira "Mara-
Entretanto , a situação política do Brasil so- jó " - tais habilidades de guerra e de naut ica desenvolvia com o seu
f r era grande mudança. ligeiro navio, enfrentand o incólume os po ntos mais ex postos e pe-
Gumercindo r igosos, que dir-se-ia andar em alguma experiencia ou exer cício de
• Realizada a eleição presiden- Saraiva fogo pelas aguas de Guanabara.
Fim do gover- cial, tinham sido escolhidos Então o populacho que se apinhava no cáis por trás da g ua r -
no de Floriano para a pr esidencia e vice-presid encia da Republica da n acional, tomado de arrebatame nto e de ju bilo, batia fre netica-
os dr s. Pru dente José de Morais Barros e Manoel Vitorino Pe- m ente as palmas e saudava o denodado marujo em r uidosa acla-
reira, aos quais o marechal Floriano entregou o govêrno em 15 de m ação. (Yirgilio Yar:wa).
n ove m b t~o de 1894.
REPUBLICA FEDERATIVA 167
166 REPUBLICA FEDERATIVA
7. o periodo presidencial
Resumo cronologico da 9.a lição
9.• Ução 1 91 ! 1917
1914 -1918 Em 15 de novembro. posse elo
Presidente Wenceslau Braz c vi- Declaração <le guerra á Ale-
c e -presiàent<' Urbano Santos. manha.
O govêrno da Rep ublica, neste período pre- 191 5 l!H S
sidencial, foi exercido pelo presidente dr
Wencesbtn Bruz Pereira Oomes e vice-presi~
Assassinato <lo s e na<l or Pi· Asl>inatura do armiRlicio com
nheiro Ma c hado. a Alemanha.
dente dr. Urb11no Sau t~s (1!1 Costa Araujo, em-
possados em 15 de novembro de 1914.
Lt• it nrn - llen sagem da guerra
O n ovo govêrno teve de en-
Situação
frentar resolutamente a situação '"Impelido a reconhecer o estado de guerra, que não desejou e
do pais que foi obrigado a aceitar depois de uma neutralidade modelar, em
do pais, não só em relação á crise
provocada pela Conflagração Européa, como vista dos crescentes e graves atentados á nossa bandeira, pratica-
dos pelo Govêrno Alemão, nela entrou o Brasil, para defender sa-
pelas lutas políticas do quadrienio anterior. grados direitos, formando ao lado elos que, ha mais de três anos, se
No l!Jstado do Rio de Janeiro dous partidos se vêm batendo pelas conquistas ela civilização e pelos direitos da
degladiavam e l1avia dois IJresidentes ele 1·tos. D1·. vVenceslau Braz humanidade, tendo já iniciado atos de franca beligerancia, de acôr-
A esta luta pôs termo o Supremo Tribu- do com a deliberação do Poder Legislativo. E' a paz a aspiração
permanente do país. Foi ela, em todos os tempos, o ideal da na-
nal Federal, reconhecendo e mandando empossar o candidato dr. ção, educada nas normas do trabalho pacífico, do progresso, da or-
~ ll o PP~uu h a. dem, do re!:<peito aos direitos alheios. Desde os primeiros dias da iu-
dependencia. nossa ação internacional jamais se exerceu em detri-
Este, entretanto, pouco se demoro u naquele cargo, pois f 1 mento de quem quer que fôsse. Nossa extensa linha de fronteiras,
nomeado ministro do exterior. . oi ogo nós a fixamos pelo acôrdo e pelo arbitramento. Nenhum outro país
oferece, como o nosso, a prática dêsse recurso admiravel da arbi-
tragem como solução dos litígios internacionais. Nunc· tivemos
Declarnção Ia o Brasil mantendo decididamente a mais. com- guerra de conquista. E a inclole do nosso povo está a inclic: , em lar-
de guerra p~eta neutr~lidade na grande guena que se desenvol- gos anos de vida laboriosa, que não nos movem outros intuitos que
- v1a no ant1go continente, quando navios de guerra não os da paz e do trabalho. Entrando na guerra, a que outros povos
al e~1aes torpedearam, nos mares europeus, os navios mercantes p 8 • já deram o melhor do seu sangue e dos seus recursos, conhece o
Brasil a soma de sacrifícios que está chamado a fazer. E os encara
l'l.llln, L11 ~1n, 1_'Ijnca, ltlnciiu e At~:u·í, obrigando-o á quebra de relações
sem vacilações. Não precisa o Govêrno t r açar a regra de proce-
chp lomatJcas e consequente declaração de guerra á Alemanha. Co- der de seus cidadãos. Do litoral aos sertões, cada brasileiro cumpri-
mo consequencia do estado de guerra foram confiscados os navios rá seu dever, como êle sempre entendeu e entende que deve cum-
merc~ntes alemães ancorados em nossos. portos e auxllios diver- prir. Na luta sangrenta, cujas supresas. dia a dia anulam os mais
sos foram prestados a nossos aliados. avisados cálculos, a lição está, porém, a mostrar exemplos e situa-
ções que convem não desprezar. E' necessario que se dissipem todas
as divergencias internas e que a Nação apareça unida e indivisível
No interior, entretanto, ainda havia agitação dos par- em face do agressor; para isso, o govêrno aconselha e espera de
Situa ção toda a Republica, o maior acatamento ás suas decisões. A imprensa,
tidos políticos e uma de suas lamentaveis consequen-
fnternn que nunca faltou com o seu patriotismo, nos momentos graves, se
cias, foi o assassinato do senador Gomes Pinheiro dispensará de discussões inoportunas. Nossas tradições liberais
i'l lachado, na capital da Republica, em 8 de setembro de 1915.
1
ensinaram sempre o respeito ás pessoas e bens do inimigo, tanto
quanto forem compatíveis com a segurança pública, e assim deve-
Entretanto o govêrno conseguiu l evar a efeito a reforma elei- mos proceder. E' oportuno que aconselhemos a maior parcimonia
toral, promulgar o Cocligo Civil, pôr termo á questão do Contes- nos gastos de qualquer natureza, publicos e particulares. Intensifi-
tado entre Paraná e Santa Catarina, incorporando a este Estado que-se tanto quanto possível, a produção dos campos, afim de que
aq ne le ter ri to rio. a fome que já bate ás portas da Europa, não nos aflija tambem; ('
antes possamos ser o celeiro dos nossos aliados. Estejam todas as
atenções alertas aos manejos da espionagem que é multiforme, C'
emudeçam todas as bocas, quando se tratar do interêsse na-
cional."
182 REPUBLICA FEDERATIVA R EPUBLICA FEDERATIVA 183
A sua ohra <IE' jul'lsta ia. ao mesmo tempo, CI' <'Rce ncl o E'm volume Quando parecia ter-se firmado definitivamente a
e valor·. Em 190~. e leito mentbro da comissão d~ <'Stuclo da r eforma Re,•ólta mJ. paz, cessando por completo as lu tas políticas que
do Codigo C i,·i i, do qual foi r Plato r, dedicou-se •·mpt>nhaclamente a litar agitavam o país, inesperadamente estalou n~va re-
dar o seu "Parecer sôbre o p i·oj eto do Codigo Civil", que constitue um belião das fôrças federais e estaduais aquarteladas na capital d_o
volume de mais de 500 páginas, assi m como a sua famosa "Rêp lica
ús defesas da redação do projeto do Cod igo Civil'', são ,-erdaclciro" Estado de S. Paulo e todas sob o comando em chefe do gene r al Isi-
monumentos ele saber. e ntre os mais notaveis da nussa lingua. doro Dias Lopes (5 de julho de 1924) .
Da! por diante, a ascensão elo genia l batano é cada vez mais ra - Não podendo resistir ás fôrças gover nistas mandadas a seu en-
Jlida. l<' m 1907 representou o Brasil n a co nfere n cia Lle Haia e todo~ contro. o general Isidoro abando nou a capital e tomou o rumo do sul.
sabem a <!UC' a l tura consegu iu ê l e e levar o n ome ele s ua pa.tria.
Este levante repercutiu em diversos Estados e princi~almente no
"Si vós. senho r e mbaix ador Uui Bai·bosa- dizia o ministro a m e- Rio Grande do Sul, onde diversas unid ades revoltadas muram-se aos
ricano em Haia, David J ayne Hill - s i võs so is a alma do Brasil, antigos r evolucionarios civis.
YOssas idêas, tão c laras, tão justas, tão nobres e tão modernas, exe r-
eem uma infl u ênc ia em vosso pals. eu prevejo vara ê le a prosperi- As fôrças I'evolucionarias, ao mando do capitão Luiz Carlos Pres-
Llade futura sem limit e e o rE:speito elo munrlo inteit·o para aH s u as lei>< tes, passar'am depois para o Estado de Santa Catai!na e da~ e~pre~n
f" Huas in Pt itui ções.''
deram uma memoravel marcha através dos sertoes brasileiros, .m-
O que foi a ação ele Hui Barbosa em Haia baRtam para d<lfinf-la vadindo sucessivamente os Estados de Paraná, Mato Grosso, Gmaz,
•· precisft-la es t as pala \-ras de Willram Stead, o c roni sta rla eonfe- Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Parai~a,. Per~am
I·enc ia: "As duas maiores fôrças pessoais da confe r encia Coram o buco Bafa e Minas Gerais, vo ltando por Pernambuco. Piam, G01az e
harão de l\Iarshall. da Alemanha. e o dr. Barb osa. do Brasil. Atrits 1\'fat; Grosso até internarem-se em territorio boliviano.
do barão rle Marshall, port'm, se e rgu la todo o poder mi li tar do impe-
rador germanico. a i! bem á mão e presente, el e cont!n uo, ac>s o lh os de
todos os delt·gados. 'l'rás o dr. Barbosa estava ape n as uma Jonginqua Em lutas políticas e revóltas militares estava quasi
r ep u b li ca desconhecida, com um exército in capaz de qu a l tJU t> r movi- }'im <lo qua· escoado 0 quadrienio governativo do Dr. Artur da
mento militar e uma í'squadra ai nda por ex istir ... Todavia, ao acabar
da co nf e r enc ia o dr. Barbosa pesava m a is do que o harão el e Mars hall. d1l'ienio Silva Bernardes. quando realizou-se a eleição para
nfaior triunfo pessoa l, na recente co nf erencia, nenhum dos sem< 0 quadrienio de 1926 a 1930, sendo eleitos o Dr. Washington .Luis
membros o obteve, e tanto mai s n otave l foi quanto o a lcanço u ê l e Pereira de Souza, presidente e o Dr. Fernando de Melo VIana,
por si só, sem nenhum a uxfli o es tranh o. AliaduH nfLO linha o dr.
Barbosa: tinha muitos rivais, muitos inimigos. <' co ntud o, vingou Yice-presidente.
:lquele cilno. Foi u1n i1n enso triunfo vcssoal qu._:• t·eclund ou cn1 C' r é-
dito para o Bra!'lil."
186 REPUBLICA FEDERATIVA
REPUBLICA FEDERATIVA 187
I O. o periodo presidencial de Minas Ge-
so b o titulo AUunça Liberal, une~-se os dEstados
d Sul para o triun-
rais Paraíba e Rw Grau e 0
l!.• Hçíio fo dompleto daquelas candidaturas.
1926-1930
Neste último os partidos po IT1 tcos esque-
a
.
cem as lutas dos• ultlmos t em pos e passamU
o presidente Waslúngton Luiz Pereira de Sonz1L tomou posse constituir uma frente unfca para o pre o
· .. _do poder no dia 15 de novem- cívico.
bro de 1926.
A's medidas compressoras do govêrno _da
Recebido com a maior con- União, responde a A 1·tanç~ Liberal com a mawr
. houve pais
fiança, decorreram suaves os propaganda politica que Jamats I 110
ntares'
primeiros anos do novo govêr- não só em memoraveis lutas par ame •
no que contava com a decidida como em caravanas politicas que percorrem
simpatia do povo brasileiro. Dr. Antonio Carloa todos os Estados.
Refeito o ministerio pela
saída do ministro da fazenda,
Dr. Getulio Dorneles de Vargas,
eleito presidente do Estado do Dr. Vital
Rio Grande do Sul, continuou Soares
Dr. Julio Prestes sempre o trabalho construtor,
mormente na definitiva demar-
cação de nossas fronteiras, sob a ação do ministro Otavio Mangabeh·a.
EstabiJl.
As primeiras nuvens precursoras da tormenta co-
zação meçaram a aparecer com a apresentação do plano
financeiro do govêrno, que procurara mudar o pa-
drão de nossa moeda substituindo o mil réis pelo cruzeiro, ao
baixo cambio de 5 dinheiros.
Sucessão Depois surgiram as lutas políticas da sucessão pre- na ocasião em que o presi-
Ji:xpl
.<\.spNododanio
~lente anada eloelos'u~a~-~~
Grande ~ pl a taforma ela Aliança Liberal
sidencial. O presidente da Republica, continuando o I
presidencial hábito inveterado que substituía á vontade popular
o arbítrio onipotente do chefe do Estado, na escolha de seu suces-
. ovêrno obstina-se em
sor, teimosamente persistia em prestigiar as candidaturas dos drs. Fere-se o pl_etto e o ~essoras depurando O•
Jnl.io Prestes e Yital Soares, á presidencia e vice-presidencia da 1edobrar as med,das comp . : Minas Gerais
Republica.
deputados e senadores eleltos pot . - de Prin-
f . cendo a msurre1çao
e Paraíba, , a~ot e . , e tentando a interven-
cesa neste ultnno Estado, d Montes
A Aliança Ao dr. Antonio Carlos Ribeiro de Andrade, presidente ção •em Minas, depois dos sucessos e
Liberal do Estado de Minas Gerais, coube a iniciativa de
apresentar, em oposição áquelas candidaturas, as Claros. . a ssassinato do presidente Jof10
do dr. Getulio Dorneles de Vargas, presidente do Rio Grande do Por em
Pessôa, con_1 o a exaltação dos animas atin-
ftm, Rectfe,
Sul, e dr . •João Pessôa, presidente da Paraíba.
giu ao auge. . ·s faltava ao presidente
Pouco ma1s de um me ã de seu mandato,
Washington Luiz para conclus o as aguas do
· speradamente, como
quando, me ·stencia de um dique, a João
oceano quebrando a resl 1 afs D1·.
onda revolucionaria extravasou pe o P . Pessoa
188 f:EPUBLICA FEDEltATIV.\
HEPüBLICA FEDERATIVA
189
A Revolução Nacional
Na Este pequeno Estado foi o quartel-general dos revo-
13." Uçiio Parafba lucionarias do norte.
Dali irradiaram as fôrças que, sob
193() a inspiração
imediata de Juarez Tavora,
libertaram primeiramente
. A Revolução explodiu, no dia 3 de outuuro de 1930, simultanea- o Rio Grande do Norte, o
mente10nos Estados ele Minas Gerais, Paraíba Rio Grande do Sul Ceará e Pernambuco. Ven-
eÍ· c~~1 a lava_ in candescente que desce da c'ratéra de um vulcão' cida esta primeira etapa,
a as
O passaoud-se rap~damente Pelo
o pobt1co. país, destruindo num instante tod~ dentro em pouco AlagOas,
Sergipe, Baia e Pará caiam
em poder dos revolucio-
Em Minas No dia designado para o rompim ento, ás 5 horas da narias. Em uma semana,
Gerais tarde, em Belo Horizonte,
uma Proclamação elo presi- o nordéste brasileiro c
de_nt~ Oleg:trio Jfaciel anunciava ao povo o norte tinham conquistado
ll1Ine1ro q~e a hora da reivindicação havia a liberdade, pelos esforços
soado. Fo1 logo prêso o coronel Andrade de Juarez Tn1·on1, o grande
Melo, comandante da guarnição, ocupa- cabo de guerra, e José ,tme·
das as repa1·tições federais e as estações - rico de Almeida, o esteio
Juare z Tavont civil da revolução. Dr. José Amerieo
das estradas de ferro. Tudo isto foi exe-
cutado com a maior rapidez e apenas
.\ ruulm desenvolveu-~e o
0
12._ _ R I. ?o exército, auxiliado por alguns0 No Rio Gran- Em tôrno elo dr. Os1·aldo
a~wes, op~s tenaz resistencia durante oito de do Sul movimento revolucionaria, neste Estado.
d1as. D;munada esta e a que fõra oposta Porto Alegre, Debalde o general Gil de Almeld:t concentrara, em
inumeras fôrças para se lhe opôr.
Pel.as forças do exér cito acantonadas em
~res Corações e São João d'El-Rei, ini- No dia 3 de outubro, ás 5 horas da tarde. o movimento irrompeu
CIO~-se a marcha 11ara o setor da Manti- D•·. Ol<:>g-a rlo com toda a energia, ocupando os revo-
lucionarias as repartições Cederais, pren-
que1ra, onde a cidade de Juiz de Fóra era ::lf:.tci el
maior baluarte dos defensores do govêrno. 0 dendo o general Gil e vencendo, sem
custo, a resistencia oposta por algu-
mas companhias do 7.0 B. C. e 2: com-
paJlhia de Estabelecimento.
No dia seguinte, tinham aderido ou
sido dominadas todas as unidades fede-
rais do interior do Estado, de modo que
o Rio Grande elo Sul estava apto para
entrar na grande cam panha nacional.
O entusiasmo popular tornou-se in-
descritivel e, em três dias apenas, cêr-
ca de cem mil homens estavam em ar-
mas ou recebendo instrução militar.
Iniciou-se a marcha para a frente e
as colunas rio-grandenses invadiram nr. os,·alrlo .\ranha
Santa Catarina e Paraná, onde encon-
ti·aram o mesmo entusiasmo cívico.
Enquanto a coluna do general Waldomiro Lima, marchando
pelo litoral, cortava as comunicações com a ilha ~e Santa Ca-
tarina, onde os govemistas estavam fortemente apoiados por al-
guns destroiers, com a maior r·apidez, dentro de uma sema~a, a
Ocupação dü Qua•·t(' l elo 1 ~." T:. l. e m R<>lo Ho1·izont<• frente sul da revoluçijo atingia as divisas de São Paulo, dep01s de
vencida a resistencia da CaJ.ela. da Ribeira.
Em 11 de outubro, o dr. Getulio Vargas, comandante em che~e
Ao mesmo tempo, a coluna elo tenente-coronel Otavio Amaral
?Cup~va o Esta~o do Espírito Santo e outras colunas repeliam a
dos exercitas revolucionarias, transportara-se, com as suas casas CI-
mvasao dos paulistas, no renhido combate de Itnnlumdú e invadiam vil e militar e o seu estado maior chefiado pelo coronel Góes Mon.
o Estado do Rio de Janeiro. visando a cidade de Campo;_ tefro, para a cidade de Ponta Grossa, no Paraná.
190 REPT'BLICA FEDERATIVA
. .
As primeiras fôrças rio-grandenses que chegaram á fronteira
·de São Paulo foram, s ucessivamente, as do coronel Alcides Etche-
goyen, as do geueral Miguel
Costa e as do coronel João
Albe rto Lins de Barros.
No dia 12 de outubro,
feria-se o combate de Qua-
tigu{t, desfavoravel aos le-
galistas, que abandonaram
o territorio paran a ense. O
inimigo, repelido de sua po- c'onlra Almirante
General Leite de J~aias de Noronha
sição de Seugés, fez-se for- Castro Dr. Getulio Vargas Ministro da
te em ~Ioruugava, onde foi 1\linistro nn. Guerra Chefe do 0oYerno Marinha
vencido, de novo, em 17 de Coro nel .roão
outubro. Alb f> r·to
Dr. Afranio de Dr. José Maria l;Pneral .Tnan z Dr. FranC'i~eo •ln
:i\110110 Franco WitackPr Tn.vor:t <~an1pog
~Ti nistro do Ministro <1" JlfiniRtro da ,\f i nistro 1L1
RECAPIT ULAÇÃO
Espalhado o boato da ordem de prisão contra o
Proclama!)iio marechal Deodoro e o tenente-coronC 'l Benjamin
da. Republlca Constant, a 2.• brigada revo ltou-se. Deodoro e Ben-
jamin colocaram-se á fr e nte do movimento, de- I •n-sidt·ntf": clt". .t\.fon !l!o J•c un ; vice-preside nte:
1 88 9 puse ram o ministerio e proclamaram a Repub l ica V periodo dl'. 1\ ll o l' ~o; unhu. - Fatos principais: desenvo lv i-
dos Estaclos Unidos do Brasil. presldeucinl mento fla colonizac;:ào, serviço mi l itar obrigator io,
r efo rçam ento da marinha. Conferencia da Paz, ex-
--------- --------- 1906-1910 vosiçiio naciona l no Rio de Janeiro, morte do pre-
O govêrno provisorin, instituído com a procla- sidenlP e govêrno do vice-presiden te.
mação da Republica, teve por chefe o marechal
Govêrno Deodoro. Seus atos principais foram: deporta-
provlsorio ção da familia imperial, decreto instituindo a
nova bandeira, convocação da constituinte, esta- Presidente: 1Unre<•hul ller-• nt•s tln li"ou secn ; vice-
1889-1891 belecimento da grande natural ização, separação da presidente: dr. 'Ve n c cs lnu Bt·uz. -
VI Jlerlotlo Fatos princi-
igreja do Estado, casam e nto civi l. Promulgad a pais: revólta tios marinheiros, i ntervenção nos Esta-
a constituição, o govêrno JH·ovisorio disso lveu-se.
)Jresi•lenciul
dos, reunião de fanatlcos no Contestado, boatos ele
- --- - - --- --------- ----- 1910-1914 revo l ução qup determinaram o estado ele sitio, inter-
venção no Ceará, meeliaGãO do ABC. crise financeira .
Pl'esidente n1arechal Deodoro d u F on seca ; vice-
presidC'n le, 1narechal F lorh'lltH J•t"ixuto . - Encon-
trando forte oposição no Congresso, Deodoro
I ))erJodo dissolvE.'u-o. Contra este ato n•voltou-se a ar-
)I residencial mada nacronal. Deodoro resignou e F lor·iano assu- Presidente: ll r. "\'\Te u eesl;eu Ut· n~ l:'erel.rtt Gon• es;
miu o gov&rno, <!UC foi todo de lutas, desde VII ]Jel'iodo vice-presiden te: Dr. U rb:uw S nntos da Co s ta
1891-1894 a revôlta da fortaleza de Santa Cruz, atê a revólta Jlresldeuclnl -v n ujo . - Fatos notaveis: lulas polit icas, de-
da armada e a revolução federa l ista no Rio G r an- claração rl e gue r ra '' A lemanha, agitac;:ão polit'i-
d e do Sul. ca, aRsassinato do senador Pinheiro ::\Iachaelo, re-
1914-1918 forma eleitoral, Cocligo Civil. incorpora ção dn Con-
tP~laclo ao Estado ele S. Catarina.
Presidt>nte: d r·. P rtul e n tc d e :uurui s; vice-presi-
dente : dr. !Unnoel ' ' ltorlno . - Fatos princ i pais:
11 periodo revó lla da Esco la Militar do Rio de Janeiro, tJaci-
)lreshlencia I ficação do Rio Grande do Sul, r eco nhecimento pela
P1't..~sidPil te: IJ r. l1' rnn c hwo tlt• a•nulu Rodrtg·ues
Inglate r r a do direito do Brasil á ilha da Trindade,
so l ução ela questão ele 1\Iissões, arbilragPm ela ques- \ l n•s ; vic t'- presidente: D r . D<'lflm More lrn dn Cus-
1894-1898 t:• Jlibe h ·o. Fatos notaveig: morte> do preside n te,
tão do Amapá, guerra el E' CanudoR, asRassinato elo VIll período
1ninistro rla guerra. e leição do Dr. E t>itn cl o r es,.on. Yisita dos reis ela
)Jresldencia 1 Bclgica. revogac;:ão flo banimento l' repatrlac;:ão dos
r estos mortais elo ex-imperador e ela ex-Imperatriz
Presidc· nte: dr·. (' nm t>os Sal es; vice - prPside n te: d r . 1918-1922 do Brasil, falecimento da princPsa Isabe l, a ne -
m )Jeriodo Rosn e Slh·u. - - Acontecim p ntos notave iR: v isi t a elo d entora, revóitas militare~. prisão rl o marech a l
presidencial presidente da nepublica Argentina e r etri buição Hermeg, fechamento cl.o Club ::\filitar, <'=-posição e
p e lo do Brasil , solução da questão do Amapú, o ela de festa>< rlo centenario da ill(lepen•h•ncia .
1898-1902 limit es com a Guiana Ingl esa. restauração elas
finançaR do pafs.
- --- - -- -
}
1
residentt:": H r. Ar tu r tl n S ih·n Ue rnartleH: vi-
l'J·esiclente: dr. Rotlrlgn es A l v es ; v ice-pres idente:
dr. Slh•lno Brnntliio e, morrenelo este, o dr. Afonso IX periodo ce-pn•sidentE': Dr. Es tn <• io " " .\llm<tne rque Colm-
JV perlodo presidencial b t•n. Fatos principais: lulas po lít icas e In te r -
)I residencial Pena. - Principais fatos: incorpo r ação elo terri-
lorio do Acre, fixação de limites co m os palses v enção no Rio de Janeiro, lutas armadas no Rio
vi zinhos, revó l ta da Esco la Militar , caso da canh o- 1922-1926 Grande elo Sul. re,·ó lta!' milital'I.'S. reforma da
1902-1906 n ei r a "Panter", catastrofe do "Aquidaban", rP- Constituição ela Tiepuhlica.
vo l ução Pm Mato Grosso, remodelament o elo Rio.
194 REPUBLI CA FEDERATIVA
REPUBLICA FEDERA TIVA 195
RECAPITU LAÇÃO
= = = = = = == I QUADRO DE CIVILIZAÇ ÃO
Presidente: Dr. ' V n s h i n g·ton L u iz P ereira d e
Sou za ; vice - presidente: D r . Fer n ando d e Me l o Comêço do Seculo XX
X perJodo V iu nn. Simpatia do povo; consolidação das
presidencial fronteiras. Estabilização, crise do café. Lutas po-
líticas, formação da A l iança Liberal. Medidas EVOLUÇÃO POLITICA
1926-1930 compressoras do govêrno. Assassinato do presi-
dente João Pessôa. Deposição do gov ê rno. O Brasil. como vimos, foi a principio uma colonia portuguesa e
por a l gum t empo espanhola, passou depois a Reino unido a Por-
tugal. Constituiu-se por fim num imperio independente e é atual -
mente uma republica federativa; a sua constituição politica con-
sidera tr{:s pode r es nnciou u is: L egislativo, Executivo e Judiciario.
Em 3 de outubro, rompimento simultaneo em O Poder L egis l at i\•o, o e ncarre gado de fazer as leis, é exe rcido
Minas Gerais, Para!ba e Rio Grande do Sul. Re- pelo Con g r esso N a ciona l (Camara dos deputados). - O Pod er Exe-
sistencia em Minas Gerais, invasão do Espírito euth ·o, a que compete a execução das l e is, é exercido pelo Presi-
dente da Republica, é eleito pelo sufraglo do povo. - O P otler Ju-
Santo e Rio de Janeiro, combate de Itanhandfi. - dicinrJo, destinado a apliear a l e i aos casos sujeitos ao seu julga-
Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Alagôas, mento, é exercido p elo Su prem o Tribun a l Fetlerul e juize s.
Sergipe, Pará libertados por Juarez T avora. -
Revolução Ação de Osvaldo Aranha no Rio Grande do Sul;
nacional PROGRESSO MATERIAL
mobilização vertiginosa; invasão de Santa Cata-
rina e Paraná; cêrco de Florianopolis; ação da
O comércio do Brasil t e m progredido notav e lm ente e é já con-
1930 Capela da Ribeira; combates de Quatiguá, Sengés, siderado importante entre as principais nações do mundo. No
1\Iorungava; posição do Itararé. Pronunciamento primeiro semestre de 1914, sua exportação foi de 323 mil contos.
militar na Capital Fed e ral; prisão do presidente Os 52 portos brasileiros foram frequentados no primeiro semestre
Washington Luiz; junta gov e rnativa provisoria; o de 1903 por 6.050 navios nacionais e 1 .874 cs tranjeiros, sendo 818
ingleses c 388 alemães. Na navegação fluvial, as companhias fis-
dr. G!'tulio empossado no supremo govêrno da Re- calizadas pelo govê rno realizaram, em 1 V13, 2092 viagens.
publica; formação do govêrno proyisorio. A industria toma n o tav e l desenvolvimento e na expos içf.o uni-
versal de S. Luiz, nos Estados Unidos, onde co nquista mos o quarto
lugar, na JUx tl o ~ i ~ii o Nac ioun l, realizada no Rio, na. ExtlOS i ~iio Turint-
Romu, os nossos produtos despertaram a atenção.
Na viação ferrea já em 1907 ocupavamos o nono lugar en tre as
nações e hoje possu imos perto de 25.000 kms. de linha cro tráfego .
A nossa principal linha é a Central elo Brasil liga nd o o Rio de
Janeiro á fronteira do Rio Grande do Sul.
A tração elétrica já tem grande emp r êgo em linhas de bondes e
de estradas dtl ferro, e o automovel toma incremento como meio de
locomoção.
Tambem começa a d esenvolver-se a aviação, na qual tantas glo-
rias colheu Santos Dumont.
Possuímos perto de 35.000 kms. de linhas telegraficas t<'rrestres,
linhas transauanticas inglesas, francesas c alemãs e muitas esta-
ções d e telegrafo sem fio.
EDIÇÃO
N.0 442
L V R A R A DO GLO BO