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João Flávio / João gregório / Antônio Maximiano /

Nathanael Rinald

CURSO DE

OBREIROS

MÓDULO 02 / CAP. 20
Fabrício A. de Marque

MÓDULO 02 / CAP. 20

São Paulo
IBITEK - Instituto Bíblico Teológico Kenosis
2022
MÓDULO 02 / CAP. 20

Capa / Diagramação: Egnaldo Martins


Instagram: @egnaldomk
Sumário

MÓDULO 02 / CAP. 20..........................................................................................................5

ÉTICA CRISTÃ ......................................................................................................................5

INTRODUÇÃO À ÉTICA CRISTÃ.....................................................................................6


A Ética do Antigo Testamento...............................................................................................9
A Ética do Novo Testamento...............................................................................................10

O ABORTO............................................................................................................................13

PENA DE MORTE................................................................................................................19
Argumentos a favor da pena de morte...............................................................................20
Argumentos contra a pena de morte..................................................................................20

JOGOS DE AZAR.................................................................................................................25

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS.........................................................................................31
1. Visto que Deus nos resgatou da morte, devemos ser promovedores da vida. .........31
2. Não devemos ter prazer na morte do ímpio. ................................................................32

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................34
MÓDULO 02 / CAP. 20
ÉTICA CRISTÃ

MÓDULO 02 / CAP. 20 5
INTRODUÇÃO À ÉTICA CRISTÃ

Como devemos viver neste mundo? As decisões


éticas são importantes? O que é considerado uma
decisão ética e uma decisão antiética? Como cristãos,
vivemos em um mundo moral e espiritualmente caído,
no qual devemos brilhar como luzeiros. Os olhos do
mundo estão voltados em nossa direção, observando
a maneira como agimos e as decisões que tomamos.
Algumas decisões são fáceis de serem tomadas;
outras nem tanto. Seja qual for o caso, os cristãos
devem agir de maneira ética no mundo, a fim de dar
bom testemunho do evangelho para os incrédulos e
também a fim de honrar a Deus.
Vamos começar definindo o significado da palavra
“ética”:

Segmento da filosofia que se dedica à análise das


razões que ocasionam, alteram ou orientam a maneira
de agir do ser humano, geralmente tendo em conta
seus valores morais.1

Nesse sentido, encontramos vários tipos de ética, e


não um só. Cada religião, grupo social, etc. possui seu
conjunto de regras éticas, que norteiam as ações de seus
adeptos. Agora, vejamos o conceito de “ética cristã”:
1 Disponível em https://www.dicio.com.br/etica/. Acesso em 13
de março de 2021.

6 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


Ética cristã é um grupo de princípios morais
fundamentado na Palavra de Deus. Esses princípios
instruem o homem sobre como ele deve viver sua vida
neste mundo de uma forma que agrade ao Senhor. A
ética cristã regulamenta o relacionamento do homem
com o próximo e consigo mesmo. Os fundamentos
da ética cristã podem ser vistos do começo ao fim das
Escrituras. A Bíblia revela explicitamente o padrão
moral de Deus. Um exemplo desse padrão pode ser
encontrado de forma sintetizada nos 10 mandamentos
no Antigo Testamento, e no sermão da montanha no
Novo Testamento (Êxodo 20:2-17; Mateus 5-7).2

Como podemos perceber, a ética cristã possui um


fundamento sobre o qual as decisões são tomadas:
a Palavra de Deus. O cristão não se conforma a um
conjunto humano de regras e normas. As orientações
morais e éticas do cristão foram reveladas por Deus
na Bíblia. Por isso, as decisões que contrariam os
preceitos das Escrituras não podem ser consideradas
como decisões éticas.
Antes de tecermos alguns comentários sobre a
ética do AT e do NT, um esclarecimento é necessário.
Via de regra, as pessoas compreendem “ética” e
“moralidade” como se fossem conceitos sinônimos.
É evidente que nossas ações morais devem ser

2 Disponível em https://estiloadoracao.com/o-que-e-etica-
crista/. Acesso em 13 de março de 2021.

MÓDULO 02 / CAP. 20 7
coerentes com nossa teoria ética. Contudo, são
conceitos diferentes. Sproul estabelece muito bem
essa distinção:

Ética é uma ciência normativa, que investiga os


principais fundamentos que prescrevem obrigações
ou “deveres”. Ela se preocupa primariamente com
o imperativo e as premissas filosóficas nas quais os
imperativos se alicerçam. Moralidade é uma ciência
descritiva, que se preocupa com “o que alguém
é”. A ética define o que as pessoas devem fazer. A
moral descreve o que as pessoas realmente fazem. A
diferença entre elas é a diferença entre o normativo e
o descritivo.3

Essa distinção é fundamental para a nossa


compreensão acerca do assunto. Se misturarmos
esses dois conceitos, o que é descritivo se tornará
normativo e vice-versa. Pense, por exemplo, em uma
pessoa que é mentirosa. Afirmamos que essa pessoa é
mentirosa, porque a mentira é uma forte marca em sua
vida. Estamos, portanto, descrevendo sua moralidade.
Agora, imagine se a descrição dessa pessoa se tornasse
o padrão ético (imperativo). O resultado disso é que
a mentira não seria somente a característica negativa
de uma pessoa mentirosa, mas o padrão ético digno
de ser imitado.
3 SPROUL, R. C. p. 12.

8 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


A Ética do Antigo Testamento

Como afirmamos, a ética cristã se pauta nos


princípios revelados na Palavra de Deus, que abrange
tanto o AT quanto o NT. Consideremos, brevemente,
a ética sob a perspectiva do Antigo Testamento.

Dois fatores fixam o caráter e o conteúdo da ética


do AT: (1) a tradição legal do antigo Oriente Médio e
(2) o caráter e os atos de lavé, o Deus de Israel.4

A expressão do caráter de Deus no AT se vê em


Sua santidade. Deus, que está separado de tudo o que
é pecaminoso, escolhe a nação de Israel, separando-a
das demais nações da terra. Deus, então, revela a
Sua vontade, resumida nos Dez Mandamentos. As
diretrizes éticas reveladas por Deus serviam para
contrastar Israel e colocá-la em destaque em relação
às outras nações.
O rei de Israel, por exemplo, não podia adquirir
muita riqueza para si, não deveria multiplicar o seu
poderio militar, nem adquirir muitas esposas: “Porém
este não multiplicará para si cavalos, nem fará
voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos;
pois o Senhor vos disse: Nunca mais voltareis
por este caminho. Tampouco para si multiplicará
mulheres, para que o seu coração se não desvie;
4 HENRY, Carl F. H. (Org.). p. 242.

MÓDULO 02 / CAP. 20 9
nem multiplicará muito para si prata ou ouro”
(Deuteronômio 17.16,17, ARA). Essas exigências
divinas impediam que o rei de Israel fosse considerado
um tipo de deus pelos povos vizinhos.
Outro fator importante diz respeito ao tratamento
que deveria ser dispensado aos escravos. Os escravos
deveriam ser tratados o mais humanamente possível,
diferente da forma como eram tratados pelas nações
pagãs. Assim, no sétimo ano de escravidão, o escravo
deveria ser dispensado de seus serviços (exceto se ele
quisesse permanecer com seu amo). Na libertação, o
senhor do escravo deveria dispensá-lo com recursos
suficientes para sua sobrevivência (Dt 15.12-18).
Além da santidade ética requerida pelo
Senhor, a obediência era outro fator de importância
indispensável. O povo de Israel deveria obedecer a
Deus como evidência de sua lealdade ao Senhor. O
foco não estava no preceito em si mesmo, mas no Deus
que revelou tal preceito. A lealdade exigida era a uma
pessoa, não a um conjunto frio de normas e regras
engessadas. Dessa forma, o povo deveria obedecer
aos preceitos, mas fixando os olhos em Deus.

A Ética do Novo Testamento

Visto que Cristo cumpriu a lei cerimonial do AT,


a ética do NT ganha uma perspectiva nova, baseada
nos ensinos de Cristo. O foco não é mais uma nação

10 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


em particular, mas a Igreja, o Corpo de Cristo. Dentro
da Igreja, há vários povos que foram integrados, pela
fé, no mesmo Corpo.
Dentre os vários aspectos da ética do NT,
destacamos, em primeiro lugar, a ética do amor. Sem
dúvida, o mandamento de amar a Deus sobre todas as
coisas tinha sido entregue ao povo de Israel no AT (Dt
6.5). Contudo, esse conceito é ampliado, estendendo-
se ao próximo também. De acordo com a parábola
do Bom Samaritano (Lc 10.25-37), qualquer pessoa
perto de nós que estiver em necessidade, é o nosso
próximo. Paulo, inclusive, chegou a afirmar que toda
a Lei é cumprida pelo amor: “Porque toda a lei se
cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5.14).
Em segundo lugar, a ética do NT é conduzida pela
dinâmica do Espírito Santo. Essa concepção está em
clara oposição ao pensamento judaico, que buscava
o desenvolvimento da santidade no esforço pessoal.
Além do mais, essa concepção também confronta
o pensamento dos gregos, que viam na educação o
caminho para a moralidade. Sem o Espírito Santo, a
ética, conforme o NT, não poderia ser viçosa e repleta
de bons frutos:

O processo de ser transformado de um estágio


de glória para o próximo vem fundamentalmente
do Espírito (2Co 3.18). Crentes que “caminham

MÓDULO 02 / CAP. 20 11
com o Espírito” produzirão o fruto do Espírito (Gl
5.16,22,23) e não irão satisfazer sua inclinação natural
para o pecado. Claramente, o Novo Testamento vê
a maturidade moral e espiritual apenas em conexão
com o ministério interno do Espírito que transforma
pessoas de dentro para fora.5

Por fim, em terceiro lugar, a ética do NT é marcada


pela virtude. Por qual razão devemos obedecer aos
preceitos divinos? Simplesmente por uma questão de
obediência e nada mais? O NT nos chama à obediência
para que as virtudes de Cristo sejam estampadas em
nosso caráter. O propósito de Deus é mudar a nossa
identidade (caráter) para ser semelhante à identidade
de Cristo: “[...] também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho [...]” (Romanos
8.29):

Seja qual for o motivo, é claro que qualquer ética


que se diga consistente com o Novo Testamento deve
incluir em sua ênfase o cultivo da virtude, ou seja, das
virtudes exemplificadas na vida de Jesus.6

Depois dessa breve observação sobre o conceito ético


no AT e NT, vamos falar sobre três temas importantes da
vida humana, e que estão cheios de opiniões contrárias e
polêmicas: o aborto, a pena de morte e a guerra.
5 RAE, Scott B. p. 38.
6 Ibid.

12 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


O ABORTO

O assunto sobre o aborto é um dos mais polêmicos


da atualidade. As opiniões se dividem em pelo
menos dois grupos: pró-vida e pró-escolha. O que
deve prevalecer: a vida do embrião ou a escolha da
mãe em abortar o bebê? Infelizmente, alguns países
estão legalizando a prática do aborto. Por exemplo, a
Câmara da França aprovou o aborto até o nono mês
de gestação. Essa decisão foi uma queda ainda mais
profunda no abismo moral. Digo “mais profunda”,
pois o aborto já era legalmente permitido no país até
as 12 primeiras semanas de gravidez. O total de bebês
abortados na França, por ano, é de aproximadamente
220 mil.
Como cristãos, é natural que sejamos em favor
da vida. Todavia, nem todo cristão enxerga o aborto
como algo pecaminoso. Em alguns casos, como
circunstâncias envolvendo estupro, alguns dizem
que o aborto não se torna uma prática errada. Os
defensores do aborto apresentam vários argumentos
para defender a prática do mesmo. Me limitarei a citar
os argumentos usados pelo grupo do pró-escolha. Em
seguida, veremos o que a Bíblia diz sobre o aborto.
Os defensores do aborto geralmente dizem7:

A mulher tem direito de fazer o que quiser com o próprio

7 Ibid. pp. 153-159.

MÓDULO 02 / CAP. 20 13
corpo.
Se o aborto se tornar ilegal, vamos voltar aos perigosos dias
das clínicas ilegais.
Forçar as mulheres, especialmente as de baixa renda, a levar
a cabo a gravidez imporá um encargo financeiro avassalador.
A sociedade não deve forçar as mulheres a trazer filhos
indesejados ao mundo.
A sociedade não deve obrigar as mulheres a trazer ao mundo
filhos gravemente deficientes.
A sociedade não deve forçar as mulheres que engravidaram
por meio de estupro ou incesto a levar adiante a gravidez.
As leis que regulamentam o aborto, quando restritivas,
discriminam as mulheres de baixa renda.

Biblicamente falando, não há espaço ou permissão


para que a vida de um embrião seja tirada, ainda que
os defensores apresentem argumentos lógicos. Por
isso, precisamos considerar o que Deus diz acerca
do ser humano. Em primeiro lugar, todo ser humano
possui a imagem e semelhança de Deus:

Quando falamos da vida humana, estamos tratando


de uma semelhança com Deus sem igual na criação. As
Escrituras não esperam, como fazem os modelos de
desenvolvimento da vida, para constatar a imagem de
Deus só na pessoa racional e autoconsciente que já nasceu;
na verdade, a pessoa já é portadora da imagem divina
independente dessas considerações (como o nascimento
ou mesmo quaisquer boas obras) sempre que houver vida.8

8 KAISER JR., Walter C. p. 142.

14 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


As características que estabelecem a humanidade
de uma pessoa não surgem após o nascimento físico.
Mesmo antes de vir ao mundo, o embrião é plenamente
humano. Você sabia que depois de 30 dias o bebê
já tem um cérebro e com 40 dias ondas cerebrais já
podem ser medidas?9

O defensor pró-vida deve demonstrar que Deus


atribui ao feto no útero as mesmas características
atribuídas a uma pessoa fora do útero. Em outras
palavras, as Escrituras devem indicar uma continuidade
de identidade como pessoa quando descreve os
nascituros.10

A Bíblia é clara em mostrar que somos humanos


no momento da concepção: “Depois disto abriu Jó a
sua boca, e amaldiçoou o seu dia. E Jó, falando, disse:
Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse:
Foi concebido um homem!” (Jó 3.1-3). Traduzindo
literalmente, o texto ficaria assim: “Pereça o dia em
que nasci, e a noite em que se disse: foi concebido um
ser humano por completo”. Se o bebê no ventre é um
ser humano por completo, a Bíblia prova que somos
pessoas reais no momento da concepção.
Outra evidência da humanidade do embrião vê-
se na gravidez de Maria, a mãe de Jesus. Quando

9 CRAIG, William Lane. p. 127.


10 RAE, Scott B. p. 149.

MÓDULO 02 / CAP. 20 15
Maria ficou grávida do Espírito Santo, o anjo disse a
José que o menino deveria se chamar Jesus. Note que
o anjo revelou o nome de Jesus quando Maria ainda
estava grávida. Isso significa que, se Jesus recebeu
um nome quando ainda estava no útero de Maria, Ele
já era uma pessoa real.
Além de carregarmos a imagem e semelhança
de Deus, o nosso ser foi cuidadosamente formado
pelo Senhor “Os teus olhos me viram a substância
ainda informe [...]” (Salmos 13.16a). Kaiser explica
o sentido da expressão “substância [ou corpo] ainda
informe” com as seguintes palavras:

A palavra hebraica para “corpo ainda informe” é


golmî, com o sentido de “meu embrião”, aqui utilizada
porque o embrião tem a forma de um ovo, ideia
sugerida pela raiz hebraica da palavra “embrião”, que
significa “enrolar, embrulhar”, assim como a palavra
latina glomus significa “bola”. Fica evidente que a
obra e o cuidado do nosso Senhor remontam à nossa
origem e formação no útero. Para Deus, o embrião não
é “só um punhado de tecido” sem vida; ao contrário,
Deus já sentia amor e afeto por nós quando estávamos
sendo tecidos no útero de nossa mãe.11

Além de ter nos formado de maneira tão bela


e cuidadosa, toda a nossa história foi escrita por
11 KAISER JR., Walter C. p. 146.

16 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


Deus. Deus não escreve a nossa história à medida que
envelhecemos. Tudo foi escrito antes do nascimento
físico: “[...] e no teu livro foram escritos todos os
meus dias, cada um deles escrito e determinado,
quando nem um deles havia ainda.” (Salmos
139.16b). Sobre o registro de nossa vida no “livro de
Deus”, Kaiser conclui:

Como se não bastasse haver sido formado no


ventre materno sob a cuidadosa direção e proteção do
Criador de todo o Universo, Deus já havia registrado
todos os dias da minha vida em seu livro antes mesmo
de eu ter tido a oportunidade de viver o primeiro
deles. Com quanta onisciência e atenção aos detalhes
o Senhor governa a criação!12

Somos informados que Deus escolheu até o país,


a cidade e a família em que nasceríamos (At 17.26).
Se Deus fez tudo isso antes do nosso nascimento,
então os bebês no útero são pessoas reais que foram
cuidadosamente planejadas pelo Criador do Universo
antes de cada uma delas nascer. Essas evidências são
suficientes para refutarmos o aborto, porém, há mais
para ser dito.
A Bíblia revela que os bebês ainda no útero
podem ter experiências cristãs distintas (Lc 1.14-15,
41). O anjo disse a Zacarias que, antes de nascer, João
12 Ibid.

MÓDULO 02 / CAP. 20 17
Batista seria cheio do Espírito Santo: “[...] e será cheio
do Espírito Santo desde antes do seu nascimento”
(Lucas 1.15b). Somente um ser humano pode ser
cheio do Espírito Santo. Aqui temos mais uma prova
de que os bebês no ventre são pessoas reais. Embora
João Batista não tivesse nascido ainda, ele vivenciou
uma experiência cristã de dentro do útero materno.
Por fim, a Bíblia diz que o aborto equivale ao
crime de homicídio. Observe o que diz a Bíblia:

“Se homens brigarem e ferirem uma mulher


grávida, e ela der à luz prematuramente, não
havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor
pagará a indenização que o marido daquela mulher
exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas,
se houver danos graves, a pena será vida por vida,
olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida,
contusão por contusão” (Êxodo 21.22-25).

Se o bebê nascesse prematuro, o ofensor deveria


pagar uma indenização para a família. Contudo, se
o bebê e a mãe morressem, a pena de morte deveria
ser aplicada, ou seja, o ofensor deveria morrer
também. Note que o texto não está falando de aborto
premeditado ou planejado. O texto está falando de
um acidente provocado por uma briga. Se a pena
deveria ser aplicada em uma situação de acidente,

18 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


quanto mais em situações de aborto planejado! Seja
qual for o caso, abortar um bebê significa praticar um
homicídio. A vida humana é importante para Deus:

Deus demonstra enorme respeito e cuidado pelo embrião


desde os primeiros instantes de sua concepção até o dia de sua
morte. Nenhum de nossos dias, seja anterior ao nosso nascimento
seja posterior a ele, é irrelevante para Deus. Ao contrário, ele
deseja que cada pessoa feita à sua imagem cumpra os propósitos
para os quais foi criada.13

PENA DE MORTE

Se Deus é o Senhor da vida, tirar a vida de uma


pessoa é sempre errado, não importando o contexto
envolvido? Alguns diriam que sim; outros diriam que
não. Aqueles que acreditam que a vida de alguém
pode ser tirada, são os defensores da pena de morte.
Do outro lado, temos aqueles que são absolutamente
contra a pena capital, ainda que um homicídio tenha
sido cometido. Para estes, não há justificativa para
tirar a vida de alguém.
A seguir, apresentaremos os argumentos de
ambos os grupos (sem entrarmos em explicações
detalhadas), e então veremos qual o ensinamento
bíblico sobre esse assunto.

13 Ibid. pp. 148-149.

MÓDULO 02 / CAP. 20 19
Argumentos a favor da pena de morte14

A pena de morte expressa uma exigência legítima


da sociedade por justiça.
A pena de morte fornece um meio inigualável de
deter o crime.
O custo de um prisioneiro que passa a vida na
prisão é muito maior do que o custo dos processos de
apelação.
A pena de morte não é uma punição cruel e
incomum.

Argumentos contra a pena de morte15

A pena de morte afeta a dignidade de pessoas


criadas à imagem de Deus e desvaloriza a vida humana.
Erros são irreversíveis.
A reabilitação do criminoso se torna impossível.
As sentenças de morte são geralmente
acompanhadas de processos de apelação longos e
caros.
A maneira pela qual a pena de morte é aplicada
gera desigualdades.
A exigência por “justiça” é inconsistente com a
ética de Jesus acerca de perdão e redenção.
O que a Bíblia tem a dizer sobre a pena de morte? Será que a
14 RAE, Scott B. p. 248-252.
15 Ibid. pp. 253-256.

20 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


Bíblia fala diretamente sobre esse assunto? Para sermos honestos,
temos que reconhecer que a pena capital está presente claramente
na Bíblia em ambos os Testamentos. Por exemplo, a legislação
dada por Deus à nação de Israel punia determinados crimes com
a morte física do transgressor. Eis a lista de crimes que mereciam
a morte:

1. Homicídio (Êx 21.12-14);


2. Amaldiçoar ou matar os próprios pais (Êx 21.15, Lv 20.9);
3. Sequestro (Êx 21.16; Dt 24.7);
4. Adultério (Lv 20.10-21; Dt 22.22);
5. Incesto (Lv 20.11,12,14);
6. Bestialidade (Êx 22.19; Lv 20.15,16);
7. Sodomia ou relações sexuais homossexuais (Lv 20.13);
8. Promiscuidade sexual antes do casamento (Dt 20.20,21);
9. Estupro de uma virgem comprometida (Dt 22.23-27);
10. Bruxaria (Êx 22.18);
11. Oferta de sacrifício humano (Lv 20.2);
12. Oferta de sacrifício ou culto a um deus falso (Êx 22.20;
Dt 13.6-11);
13. Blasfêmia (Lv 24.11-14,16,23);
14. Violação do dia de descanso (Êx 35.2);
15. Mostrar desprezo pelo tribunal (Dt 17.8-13).16

Já no Novo Testamento, as menções à pena de morte são


poucas. A mais conhecida, talvez, seja a referência que o apóstolo
Paulo faz à espada na carta aos Romanos:

“Porque os governantes não são motivo de


temor para os que fazem o bem, mas sim para os que
fazem o mal. Não queres temer a autoridade? Faze
o bem e receberás o louvor dela. Porque ela é serva
16 Ibid. pp. 256-257.

MÓDULO 02 / CAP. 20 21
de Deus para o teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme,
pois não é sem razão que ela traz a espada, pois é
serva de Deus e agente de punição de ira contra
quem pratica o mal.” (Romanos 13.4-5, A21)
Nem todos concordam com o sentido do termo espada
utilizado aqui. Alguns acreditam que se trata apenas de uma figura
de linguagem para se referir à punição geral de um crime, não
sendo necessariamente a morte física do criminoso. Por outro lado,
outros acreditam que o termo espada se refere especificamente à
pena capital, uma vez que a espada tinha como objetivo tirar a
vida de uma pessoa, e não simplesmente puni-la brandamente.
Apesar do debate em torno disso, é provável que o segundo
grupo esteja com a razão. A espada indica, de fato, o assassinato
do malfeitor:

O fato de que no Novo Testamento o uso da espada


é às vezes conectado com a ideia de entregar à morte
é claro à luz de passagens tais como Lucas 21.24,
Atos 12.2; 16.27 e Apocalipse 13.10. Ver também
Hebreus 11.34, onde “escaparam ao fio da espada”
significa “escaparam à morte”. Portanto, deve ficar em
evidência que o argumento em favor de executarem-
se criminosos perigosos, os quais tenham cometido
crimes horríveis, tem por base não só Gênesis 9.6,
mas também Romanos 13,4.17
Dizer se a pena capital deve ser praticada nos dias atuais não
é uma questão tão simples de determinar. Pensando na realidade
brasileira, sabemos que não existe pena capital em nosso país. Se
17 HENDRIKSEN, William. p. 573.

22 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


essa prática fosse implementada pela justiça, muitos outros pontos
deveriam ser mexidos também. Tendo em vista que a pena capital
é uma punição séria e irreversível para a vida do criminoso, as
autoridades deveriam criar um sistema que comprovasse com
absoluta certeza a sua culpa. Afinal de contas, se um inocente fosse
punido injustamente por ter sido confundido com um criminoso,
os danos seriam irreparáveis, sem contar que isso provocaria a ira
de Deus sobre a nação:

No Brasil, a reintrodução da pena máxima certamente seria


desfavorável à classe pobre e favorável aos ricos. É preciso fazer
uma ampla reforma judiciária e penitenciária e acabar com as
desigualdades jurídicas entre ricos e pobres.18

No período bíblico, esse tipo de engano não


era praticado, ou seja, o erro de punir uma pessoa
inocente por engano. No entanto, na atualidade é
diferente. O advento da tecnologia tem contribuído,
de certa forma, para a invenção de falsos crimes. Por
isso, a prática da pena capital em nossos dias exigiria
uma mudança completa no sistema de justiça como
um todo. A solução, portanto, não é descartar a pena
de morte como algo inconcebível diante do sistema
“desestruturado” de nosso país. Mas sim, corrigir
todas as imperfeições do sistema e, assim, implantar
medidas punitivas mais rígidas:

O pensamento cristão a respeito da pena de morte


deve começar pelo fato de que a Bíblia prevê uma
18 REIFLER, Hans Ulrich. p. 118.

MÓDULO 02 / CAP. 20 23
sociedade na qual a pena capital pelo assassinato é
às vezes necessária, porém deve ser extremamente
rara. A Bíblia também afirma que a pena de morte,
correta e justamente aplicada, terá um poderoso efeito
dissuasivo. Em um mundo de violência, a pena de
morte pode ser considerada um “firewall” necessário
contra o crescimento de mais violência letal.19

Por fim, um detalhe óbvio, mas mesmo assim


necessário, é que a pena capital jamais deve ser aplicada
a nível pessoal, sem o envolvimento do governo. Isso
equivale à vingança pessoal, e não à devida punição
contra um crime. O direito e a autoridade de punir
repousa sobre o governo estabelecido por Deus, e o
cristão deve reconhecer isso:

[...] nós devemos reconhecer que Deus deu ao


governo a autoridade de determinar quando a pena
de morte deve ser dada (Gênesis 9:6; Romanos 13:1-
7). Não é bíblico afirmar que Deus se opõe à pena de
morte em qualquer situação. Os cristãos jamais devem
comemorar quando a pena de morte é empregada,
mas, ao mesmo tempo, os cristãos não devem lutar
contra o direito do governo de executar os autores dos
crimes mais hediondos.20
19 Disponível em https://ministeriofiel.com.br/artigos/motivos-
para-apoiar-a-pena-de-morte/. Acesso em 13 de março de 2021.
20 Disponível em https://www.gotquestions.org/Portugues/pena-
morte.html. Acesso em 13 de março de 2021

24 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


JOGOS DE AZAR

Milhões de reais são gastos anualmente com


jogos de azar. Boa parte do salário dos brasileiros é
destinada a esse tipo de coisa. Muitos cristãos, aliás,
agem da mesma forma, contando com a “bênção de
Deus” nesses empreendimentos. Prometem que uma
porção do dinheiro ganho será investido na obra de
Deus, como evidência de desapego às riquezas. Mas,
afinal, o que são jogos de azar? Vejamos a definição
dada por Henlee H. Barnette:

Jogos de azar envolvem a transferência de algo


de valor de uma pessoa para outra com base em mera
probabilidade.21

Os jogos de azar não são uma invenção moderna.


Há evidências de que essa prática existe há séculos:

Os jogos de azar não são uma novidade, pois são


praticados em quase todas as nações desde os registros
históricos mais antigos. As ruínas de Pompeia, por
exemplo, revelaram mesas de jogos, e essa prática
também é verificada no Egito Antigo pela descoberta
de dados com números em todos os seis lados. O
historiador romano Tácito (c. 100 d.C.) observou que

21 KAISER JR., Walter C. p. 55.

MÓDULO 02 / CAP. 20 25
os jogos de azar eram comuns nas tribos germânicas.22

Precisamos reconhecer que os jogos podem se


tornar em vícios debilitantes, com sérias consequências
para a vida do indivíduo e de sua família:

Alguns dos resultados negativos têm sido fraudes,


roubos, pobreza familiar, desarmonia conjugal, abuso
de substâncias ilícitas, violência doméstica, tentativas
de suicídio e muitos outros prejuízos não reconhecidos.
Em vez de os jogos de azar servirem como uma
forma fácil de recolher imposto sobre o dinheiro sem
prejuízos, verifica-se que os custos foram apenas
transferidos para outra área, com resultados ainda
mais devastadores do que a falta de recursos original
em uma ou outra atividade mantida pelo estado.23

Os jogos de azar estão ligados ao pecado do


materialismo. Sem contar que é a forma mais fácil
de adquirir lucro: sem trabalhar. Isso vai contra a
ordem bíblica de trabalharmos com as próprias mãos
para adquirirmos o nosso sustento: “Aquele que
furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo
com as próprias mãos o que é bom, para que tenha
com que acudir ao necessitado” (Efésios 4.28). Há
um tremendo engano no qual muitas pessoas caem,

22 Ibid. p. 56.
23 Ibid. p. 59.

26 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


que é associar o dinheiro com a felicidade. Vários
milionários e bilionários do passado chegaram a dizer
que dinheiro não traz felicidade:

Quando confiamos no dinheiro em vez de em


Deus (Jó 31.24-28; Pv 11.28; 1T m 6.17-19), somos
levados a um falso senso de segurança e acabamos
sendo enganados (Mt 13.22; Mc 4.19; Lc 8.14),
porque construímos sobre um alicerce instável (Pv
23.4,5) ao mesmo tempo que nos tornamos orgulhosos
(Pv 28.11). Além disso, também corremos o risco de
roubar de Deus (Ml 3.8) e, consequentemente, de
outros (1Jo 3.17).24

Mas não temos o direito de usarmos o nosso


dinheiro da forma que julgarmos melhor? Se
trabalhamos duro durante 30 dias, qual o problema
em separar 1% do salário recebido para arriscar a sorte
numa loteria, por exemplo? A seguir, reproduziremos
sete razões, sugeridas por John Piper25, para você não
usar o seu dinheiro em jogos de azar:

1. É espiritualmente suicida.
“Ora, os que querem ficar ricos caem em
tentação, e cilada, e em muitas concupiscências
24 Ibid. p. 61.
25 Disponível em https://ministeriofiel.com.br/artigos/jogar-
na-loteria-e-no-jogo-do-bicho-e-pecado/. Acesso em 13 de março de
2021.

MÓDULO 02 / CAP. 20 27
insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens
na ruína e perdição… Alguns, nessa cobiça, se
desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com
muitas dores” (1 Timóteo 6:9-10)

2. É uma forma de apropriação indébita.


Um administrador não pode fazer apostas com o
dinheiro do seu mestre. Tudo que você tem pertence
a Deus. Tudo. Um administrador fiduciário não pode
fazer apostas com o fundo fiduciário. Ele não tem
esse direito. Na parábola dos talentos, é dito que
prestaremos contas a Jesus pela maneira que lidamos
com seu dinheiro. Eles saíram para trabalhar (Mateus
25:16-17). É assim que devemos buscar o nosso
próprio sustento (1 Coríntios 4:12; 1 Tessalonicenses
4:11; Efésios 4:28).

3. É uma tolice.
As chances de ganhar são de uma em 176 milhões.
Você pega dinheiro de verdade e compra uma chance.
Essa chance é tão infinitesimalmente pequena que o
dólar é praticamente perdido. 175.999.999 vezes. As
pequenas quantias que são pagas com regularidade
são como uma neblina que impede você de ver o que
está acontecendo.

4. O sistema baseia-se na necessidade da maioria


perder.

28 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


Segundo o International Business Times, as
loterias são “simplesmente mais um tipo de jogo de
azar (sem o glamour e a pompa de Las Vegas, é claro).
Tudo é controlado pela ‘casa’ e todos vão acabar
perdendo”.

5. A loteria explora os pobres.


A loteria apoia e incentiva “mais um vício
destrutivo que se aproveita da ganância e dos sonhos
desesperados daqueles que estão presos na pobreza…
The Consumerist sugeriu que os pobres nos Estados
Unidos – aqueles que ganham US$13.000 por ano
ou menos – gastam incríveis 9% de suas rendas com
bilhetes lotéricos… o que faz com que esse jogo
‘inofensivo’ seja como um ‘imposto profundamente
regressivo’”.

6. Há uma alternativa melhor.


Uma pesquisa realizada pela Opinion Research
Corporation [Corporação de Pesquisa de Opinião]
para a Consumer Federation of America [Federação
do Consumidor dos Estados Unidos] e para a Financial
Planning Association [Associação de Planejamento
Financeiro] revelou que 1/5 (21%) dos entrevistados
acreditam que a loteria é uma maneira prática de
acumular riquezas. Nós estamos ensinando as pessoas
a serem tolas.
Se os US$500 (valor médio que cada família

MÓDULO 02 / CAP. 20 29
americana joga fora na loteria por ano) fossem
anualmente investidos em um fundo indexado por
20 anos, cada família teria US$24.000. Não seria
uma mera possibilidade. Seria algo garantido. E os
impostos sobre esses rendimentos não só serviriam
para manter os serviços do governo, mas seriam
baseados em hábitos sensatos e sustentáveis na vida
econômica.

7. Por causa da ânsia por dinheiro rápido, o


governo está solapando a virtude sem a qual não
pode sobreviver.
“Um governo que arrecada dinheiro incentivando
e explorando as fraquezas de seus cidadãos se esquiva
do mecanismo democrático de prestação de contas.
Jogos de azar promovidos pelo Estado subvertem
as virtudes cívicas que são a base do governo
democrático”. (First Things, Setembro, 1991, 12)

Fica claro, portanto, que há muitas coisas


envolvidas nos jogos de azar, e não podemos ignorar
todos os fatores envolvidos. Encerramos com as
sábias palavras de Walter C. Kaiser:

Mesmo que tenhamos apenas brincado de apostar


uma ou outra vez, precisamos fazer um retorno
de 180 graus e suplicar o perdão de Deus. É nosso
dever pressionar o Estado e os que promovem bolões,

30 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


sorteios numéricos, loterias e jogos de apostas pari-
mutuel nos esportes e em outras áreas a parar de causar
uma influência maligna nos que são pobres, têm pouca
instrução e sofrem opressão. Raramente a história de
pessoas que ganharam uma aposta terminou bem, pois,
na maioria dos casos, por não estarem acostumadas
a lidar com tanto dinheiro de uma só vez, acabaram
sofrendo prejuízos morais e sociais. [...] A ganância
é insaciável, pois uma vez que nos domina, não nos
deixará, a não ser que, com a misericórdia de Deus,
peçamos a ele que nos liberte dela.26

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS

1. Visto que Deus nos resgatou da morte, devemos


ser promovedores da vida.

Há muitos cristãos que contaminam as pessoas


através de conselhos antibíblicos. Infelizmente,
muitos que se dizem seguidores de Jesus acabam
incentivando a prática do aborto, bem como o
adultério, a mentira e outros pecados. Isso é, no
mínimo, uma grande contradição. Quando se trata do
aborto, devemos ser pró-vida, pois Deus é pró-vida.
Agora, se uma mulher engravidou por ter sido vítima
de estupro, por exemplo, não ignoramos a realidade
do seu sofrimento. Ela foi vítima de um ato cruel e
26 KAISER JR., Walter C. p. 68.

MÓDULO 02 / CAP. 20 31
merece ser amparada de todas as formas possíveis. No
entanto, precisamos entender que praticar o aborto,
mesmo em situações como essa, significa cometer
injustiça com outra vítima, a saber, o nascituro. Quem
disse que um problema é solucionado praticando-se
um ato tão cruel, como o assassinato de uma criança
ainda no ventre?

2. Não devemos ter prazer na morte do ímpio.

A famigerada frase “bandido bom é bandido


morto” ressoa nos lábios de muitos cristãos. Embora
haja, nessa frase, um forte desejo de ver a justiça
sendo aplicada, parece que a motivação não termina
aí. A impressão que fica é que as pessoas têm prazer e
alegria em ver ímpios sendo mortos. Isso é claramente
contra às Escrituras, pois a Bíblia diz que nem mesmo
Deus tem prazer na morte do ímpio (Ez 33.11). Se
Deus não tem prazer na morte do ímpio, não seria
estranho termos esse tipo de prazer em nosso coração?
Por outro lado, o pesar que devemos sentir ao vermos
um ímpio morrer em seus pecados, não significa que
a devida justiça não deva ser aplicada. A justiça deve
ser feita, porque essa é a forma correta de proceder.
Contudo, jamais deveríamos nos alegrar com a morte
de um ímpio, pois, uma vez que o ímpio morre, todas
as chances de salvação se encerram.

32 / CURSO MÉDIO DE TEOLOGIA


3. O dinheiro não possui caráter, mas ele pode
revelar o tipo de caráter que possuímos. Há pessoas
que dizem que o dinheiro a mal, e outras que dizem
que ele é bom. A verdade, porém, é que o dinheiro é
neutro; cabe a nós decidirmos se o usaremos para o
mal ou para o bem. Você pode trabalhar, fazer planos,
poupar e, assim, atingir um patrimônio próspero. No
entanto, os meios que adotamos para atingirmos a
prosperidade financeira é o ponto mais importante em
toda a história. O resultado final de uma conquista só
terá a benção de Deus se os meios usados para chegar
a esse fim foram meios justos e corretos. Ainda que a
prosperidade não seja alcançada do dia para noite, a
paciência é fundamental. Quem ajunta com paciência,
sabedoria e dependência de Deus, no final dificilmente
se perderá quando a prosperidade chegar.

MÓDULO 02 / CAP. 20 33
BIBLIOGRAFIA

CRAIG, William Lane. Apologética para


Questões Difíceis da Vida. São Paulo: Vida Nova,
2010.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo
Testamento: Romanos. São Paulo: Cultura Cristã,
2001.
HENRY, Carl F. H. Dicionário de Ética Cristã.
São Paulo: Cultura Cristã, 2007.
KAISER JR., Walter C. O Cristão e as Questões
Éticas da Atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2016.
RAE, Scott B. Curso Vida Nova de Teologia
Básica: Ética Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2013.
REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez
Mandamentos: um modelo de ética para os nossos
dias. São Paulo: Vida Nova, 1992.
SPROUL, R. C. Como Devo Viver Neste Mundo?
São José dos Campos: Fiel, 2012.

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