Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Arbóreas
Brasileiras
Farinha-Seca
Albizia polycephala
volume
2
Farinha-Seca
Albizia polycephala
237
Foto: Arnaldo de Oliveira Soares Dores do Rio Preto, ES
238
Foto: Arnaldo de Oliveira Soares Foto: Arnaldo de Oliveira Soares Áurea, RS Foto: Arnaldo de Oliveira Soares
Farinha-Seca
Albizia polycephala
239
Casca: tem espessura de até 10 mm e a casca Distribuição geográfica: Albizia polycephala
externa é cinza-clara, com tênues cicatrizes trans- ocorre de forma natural no Brasil, nas seguintes
versais. Unidades da Federação (Mapa 27):
Folhas: são bipinadas e alternas, têm 7 a 15 • Acre (DUCKE, 1949; ARAÚJO; SILVA, 2000).
pares de pinas opostas, estas com 15 a 30 pares
de folíolos. O pecíolo mede 3 a 7 cm de com- • Alagoas (TAVARES, 1995).
primento, é cilíndrico, canaliculado, ferrugíneo-
• Bahia (CARVALHO; MARCHINI, 1999; SAM-
-puberulento, com glândula ovalada próxima ao
pulvínulo. A raque mede de 7 a 35 cm de com- BUICHI, 2002).
primento, é canaliculada, ferrugíneo-puberulenta, • Ceará (DUCKE, 1959; PARENTE; QUEIRÓS,
com glândulas ovaladas entre os pares distais 1970; TAVARES et al., 1974b; FERNANDES,
de folíolos. Os folíolos medem de 5 a 15 mm
1990; CAVALCANTE, 2001).
de comprimento por 2 a 5 mm de largura, são
sésseis, cartáceos, opostos, falcados, com ápice • Distrito Federal (PROENÇA et al., 2001).
agudo, mucronulado, base obtusa, margens re-
volutas, face adaxial glabra, face abaxial glabres- • Espírito Santo (JESUS, 1988a; RIZZINI et al.,
cente, nervura principal excêntrica, com nervuras 1997; THOMAZ et al., 2000).
secundárias partindo da base. • Goiás (BARNEBY; GRIMES, 1996).
Inflorescências: são capitadas, com capítulos
• Mato Grosso do Sul (POTT; POTT, 1994).
heteromórficos, solitários ou agregados em race-
mos de 6 a 18 cm de comprimento. • Minas Gerais (VIEIRA, 1990; CARVALHO
Flores: são sésseis, com cálice laciniado e et al., 1992; OLIVEIRA-FILHO et al., 1994;
ferrugíneo-puberulento, e a corola é ferrugíneo- CARVALHO et al., 1995; VILELA et al.,
-híspida. 1995; MENDONÇA FILHO, 1996; ARAÚJO
et al., 1997; CORAIOLA, 1997; MEIRA-NE-
Frutos: são legumes, medindo de 10 a 15 cm
de comprimento por 2 a 2,5 cm de largura, são TO et al., 1997; CARVALHO, 2000; CARVA-
linear-oblongos, compressos, sésseis, com valvas LHO et al., 2000; CARVALHO, 2002; MEIRA
deiscentes dorsi-ventrais, glabras, ásperas, ápice e NETO; MARTINS, 2000; WERNECK et al.,
base obtusos, margens espessadas, com numero- 2000b; RODRIGUES, 2001; LOPES et al.,
sas sementes. 2002; GOMIDE, 2004).
Semente: é pequena, ovalada, de coloração • Paraíba (DUCKE, 1953; FEVEREIRO et al.,
castanha, medindo 5 mm de comprimento. 1982).
• Paraná (BURKART, 1979; SOUZA et al.,
Biologia Reprodutiva 1997; GALVÃO et al., 1989).
e Eventos Fenológicos • Pernambuco (DUCKE, 1953; ANDRADE-
-LIMA, 1970; LYRA, 1982; PEREIRA et al.,
Sistema sexual: essa espécie é monóica. 1993; TAVARES, 1995b).
Vetor de polinização: essencialmente abelhas, • Estado do Rio de Janeiro (GUEDES-BRUNI
notadamente a Apis mellifera (CARVALHO; et al., 1996; SILVA; NASCIMENTO, 2001;
MARCHINI, 1999). PEIXOTO et al., 2004).
Floração: em outubro, no Paraná (WASJUTIN, • Santa Catarina (BURKART, 1979).
1958) e de dezembro a janeiro, em Santa Catari-
na (BURKART, 1979). • Estado de São Paulo (MEIRA NETO et al.,
1989; BERTANI et al., 2001).
Frutificação: os frutos maduros ocorrem de
maio a junho, no Paraná (WASJUTIN, 1958).
Dispersão de frutos e sementes: é autocóri- Aspectos Ecológicos
ca, do tipo barocórica (por gravidade).
Grupo ecológico ou sucessional: essa espé-
cie é pioneira (CAVALCANTE, 2001), secundária
Ocorrência Natural inicial (PEIXOTO et al., 2004) ou clímax exigente
em luz (WERNECK et al., 2000b).
Latitudes: de 3º 50’ S, no Ceará, a 27º 45’ S,
Importância sociológica: ocorre no interior
no Rio Grande do Sul.
da floresta primária, bem como nas associações
Variação altitudinal: de 25 m, na Paraíba e no secundárias (capoeira e capoeirões). Apresenta
Espírito Santo, a 1.600 m de altitude, em Minas dispersão descontínua e inexpressiva em alguns
Gerais (BARNEBY; GRIMES, 1996). locais de sua área de ocorrência.
240
Mapa 27. Locais identificados de ocorrência natural de farinha-seca (Albizia polycephala), no Brasil.
241
-se o norte do Paraná). Periódicas, nas demais iniciarem a abertura espontânea. Em seguida,
regiões. devem ser levados ao sol, para completar a aber-
tura e a liberação das sementes.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul
(excetuando-se o norte do Paraná). De pequena Número de sementes por quilo: 25.600 (LO-
a moderada, na faixa costeira da Paraíba e de RENZI, 1992) a 27.000 (WASJUTIN, 1958).
Pernambuco e no Acre. De pequena a moderada, Tratamento pré-germinativo: não há necessi-
no inverno, no sul de Minas Gerais, no sul de dade.
Goiás e no Distrito Federal. Moderada, no inver- Longevidade e armazenamento: sementes
no, no Espírito Santo e no nordeste do Estado do com comportamento ortodoxo com relação ao
Rio de Janeiro. De moderada a forte, no Ceará e armazenamento. Sementes com 59% de germi-
no interior de Pernambuco. nação inicial, quando armazenadas após a seca-
Temperatura média anual: 16,6 ºC (Guarapu- gem a 5 ºC e a –18 ºC, apresentaram, respectiva-
mente, 58% e 57% de germinação (CARVALHO,
ava, PR) a 26,1 ºC (João Pessoa, PB)
2000).
Temperatura média do mês mais frio: 12,6
ºC (Guarapuava, PR) a 23,8 ºC (Barbalha, CE).
Temperatura média do mês mais quente:
Produção de Mudas
20,3 ºC (Guarapuava, PR) a 28,2 ºC (João Pes- Semeadura: pode ser feita diretamente em
soa, PB). recipientes, sendo recomendado semear duas
Temperatura mínima absoluta: -8,4 ºC (Gua- sementes. Se o recipiente for saco de polietileno,
rapuava, PR). Na relva, a temperatura mínima recomenda-se que este tenha dimensões mínimas
absoluta pode chegar até -12 ºC. de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro.
Número de geadas por ano: médio de 0 a 13; Quando necessária, a repicagem deve ser fei-
máximo absoluto de 27 geadas, no Paraná. ta entre 3 a 5 semanas após a germinação, ou
quando a muda atingir de 4 a 5 cm de altura.
Classificação Climática de Koeppen: Af
(tropical superúmido), na faixa costeira da Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar.
Bahia. Am (tropical chuvoso, com chuvas do A emergência ocorre de 10 a 30 dias após a se-
tipo monção, com uma estação seca de pequena meadura, com 59% a 94% de germinação (WA-
duração), na Serra de Guaramiranga, CE, e na SJUTIN, 1958; CARVALHO, 2000).
Paraíba. As (tropical chuvoso, com verão seco a As mudas ficam prontas para plantio no campo,
estação chuvosa se adiantando para o outono), 5 meses após a semeadura.
em Alagoas, na Paraíba e em Pernambuco. Associação simbiótica: associa-se com bac-
Aw (tropical úmido de savana, com inverno térias do gênero Rhizobium, produzindo nódulos
seco), no Espírito Santo, em Minas Gerais e abundantes.
no Estado do Rio de Janeiro. Cfa (subtropical
úmido, com verão quente), no Paraná e no Rio
Grande do Sul. Cfb (temperado sempre úmido, Características Silviculturais
com verão suave e inverno seco, com geadas fre-
qüentes), no centro-sul do Paraná. Cwa (subtro- A farinha-seca é uma espécie heliófila, que tolera
pical, de inverno seco não-rigoroso e com verão baixas temperaturas.
quente e moderadamente chuvoso), no Distrito
Federal, no sul de Goiás e em Minas Gerais. Cwb Hábito: é variável, geralmente irregular, com
(subtropical de altitude, com verões chuvosos e perda de dominância apical, com bifurcação des-
invernos frios e secos), no sudoeste do Espírito de a base ou com formação de galhos grossos,
Santo e no sul de Minas Gerais. ainda que não seja rara a forma monopódica. Há
ocorrência de desrama natural.
Métodos de regeneração: a farinha-seca pode
Solos ser plantada em plantios a pleno sol, puros ou
mistos. Essa espécie apresenta brotação da touça
A farinha-seca ocorre em diversos tipos de solos. ou da cepa.
Contudo, não tolera solos mal drenados e nem
hidromórficos. Sistemas agroflorestais: a farinha-seca é dei-
xada no sistema de cabruca, ou seja, vegetação
nativa da Floresta Atlântica raleada sob plantação
Sementes de cacau, na região sul da Bahia (SAMBUICHI,
2002). Em Pernambuco, é largamente emprega-
Colheita e beneficiamento: os frutos devem da no sombreamento de cafezais, no agreste ou
ser colhidos diretamente da árvore, quando nas serras (LIMA, 1970).
242
Crescimento e Produção mendada para obras internas, carpintaria, vigas,
ripas, tabuado, assoalho e construção de canoas.
Há poucos dados de crescimento sobre a farinha-
Energia: lenha de boa qualidade.
-seca em plantios (Tabela 23). Contudo, apresen-
ta crescimento lento, podendo atingir uma pro- Celulose e papel: espécie adequada para esse
dução volumétrica estimada de até 0,62 m3.ha-1. uso. Teor de lignina com cinza de 24,27% (WA-
ano-1 aos 8 anos de idade. SJUTIN, 1958).
Paisagístico: árvore bastante ornamental, prin-
Características da Madeira cipalmente pela forma e delicadeza de sua copa
que proporciona boa sombra. É ótima para ar-
Massa específica aparente (densidade): a borização urbana, tanto de ruas, como de praças
madeira dessa espécie é moderadamente densa, (LORENZI, 1992)
apresentando 0,64 g.cm-3 de densidade (WASJU-
TIN, 1958). Plantios em recuperação e restauração am-
biental: espécie recomendada para plantios he-
Cor: cerne branco-amarelo.
terogêneos de áreas degradadas de preservação
Outras características: a madeira dessa es- permanente.
pécie é pouco porosa, macia, medianamente
resistente e de pouca durabilidade sob condições
naturais. Espécies Afins
O gênero Albizia Durazzini, com cerca de 23 es-
Produtos e Utilizações pécies distribuídas, principalmente nos trópicos,
em ambos os hemisférios (BARNEBY; GRIMES,
Madeira serrada e roliça: essa madeira é reco- 1996).
243
Referências Bibliográficas
clique aqui