1-Função da argumentação
-Fechada- Quando a lei limita os temas sobre a qual pode ser a argumentação.
2-Teoria processual
2.1-Generalidades
2.2.1-Premissas gerais
Apesar de entre o discurso prático e o discurso jurídico não haver nenhuma diferença
quanto ao objeto (ambas procuram determinar o que é correto e ambos permitem
aferir o que deve ser realizado ou omitido), o discurso jurídico ocorre num ambiente
que limita os argumentos que podem ser utilizados pelos participantes. O discurso
jurídico, é por isto, um discurso prático com uma racionalidade própria,
nomeadamente ao nível da sua justificação argumentativa.
2.2.2-Relatividade da condição
A correção de uma decisão pode ser obtida por um discurso prático, mas isso não
significa que esse discurso conduza necessariamente à obtenção de um consenso
entre os participantes, nem da única decisão que possa ser a correta. Para Alexy isso
não ocorre nem nas condições perfeitas. Daí qualquer correção que seja obtida de um
discurso seja necessariamente relativa em função quer das suas regras, quer dos
participantes, quer ainda da ocasião em que ele ocorre.
3-Condições do discurso
3.1-Genralidades
3.2-Regras do discurso
-Qualquer orador que aplique um predicado F a um objeto “a” tem de estar preparado
para aplicar F a qualquer ou outro objeto que se assemelhe a “a” em todos ou nos
aspetos relevantes;
-Diferentes oradores não podem usar a mesma expressão com diferentes significados.
4.1-Modalidades da justificação
4.1.1-Justificação interna
“x” é uma variável individual no âmbito das pessoas individuais e coletivas, “a” é uma
constante individual, por exemplo, um nome próprio, “T” é um qualquer predicado
complexo que concentra o pressuposto de previsão da norma como uma caraterística
de pessoas, e “R” é igualmente qualquer predicado que exprime o que o destinatário
deve fazer.
As regras que orientam a justificação externa das premissas que são utilizadas no
processo de justificação foram reconduzidas às seguintes:
-A utilização de precedentes, o que importa que aquele que queira divergir tem o ónus
da argumentação.
5.1-Necessidade de regras
É indiscutível que os participantes numa discussão racional têm que obedecer a certas
regras, pelo que há que reconhecer que a teoria processual da argumentação fornece
um dos modelos possíveis dessa discussão. Talvez nem difícil de conseguir certo
consenso nas regras a que se deve obedecer num discurso racional.
5.2.1-Insuficiência do discurso
Assim, ainda que o processo seja considerado necessário para atingir a verdade ou
correção de um resultado, ele nunca é suficiente para constituir essa verdade ou
correção. O resultado de um discurso apenas pode ser correto quando fundado em
teses verdadeiras (racionalmente fundamentadas).
Mesmo que o processo e discurso seja correto em face dos factos discutidos e dos
factos apurados em juízo, também é necessário saber se as partes discutiram o que
deviam e se discutiram como deviam, se os factos apurados correspondem aos
verdadeiros e se não ficaram por apurar factos relevantes.
Por exemplo, “A regra “R” é justa, porque todos concordam com ela”. É claro que esta
concordância pode ser obtida através de um diálogo entre os interessados, mas esta
concordância não é constitutiva da justiça da regra R. Não é porque todos concordam
com a regra R que ela é justa. É por estas razão que o essencial não é obter consenso,
mas uma convergência sobre a verdade: enquanto o consenso é meramente
intersubjetivo e, portanto, pode ocorrer quanto a não verdades, a convergência
pressupõe uma concordância, baseada em elementos objetivos, sobre um ser ou dever
ser.
5.2.2-Eventualidade do discurso
Esta razão leva não à construção de uma teoria consensual da verdade, mas à
necessidade de construir uma teoria do dissenso racional.
O relevante não é criar consenso sobre tudo, mas demonstrar que uma discordância
pode ser irracional. Isto marca a construção de uma argumentação que não se
fundamenta na procura de um consenso, mas de uma organização que procura provar
a irracionalidade do dissenso. Enquanto a primeira aceita que tudo é passível de
consenso, esta última só procura demonstrar que o dissenso é racional ou irracional.
5.3.2-Racionalidade do dissenso
Nas sociedades contemporâneas existem muitas matérias à qual se pode dizer que
existe uma forma de dissenso racional: por exemplo, em questões de crenças, de
ideologias, gostos, desejos. Existe um consenso sobre a racionalidade do dissenso das
matérias referidas, pois ninguém achará irracional que nem todos partilhem das
mesmas crenças, gostos, ideologias, desejos ou aspirações. São matérias em que,
mesmo que seja possível discutir com base em argumentos racionais, é possível aceitar
que o dissenso sobre elas é racional.
Para que um dissenso se possa considerar irracional, têm de ser observadas certas
regras na discussão. Elas são:
-A regra da universalidade- Tudo o que for passível de discussão pode ser discutido;
-A regra do contraditório- Tudo o que for argumentado por um interessado pode ser
contrariado por alguém que discorde;
-A regra do ónus da prova- Tudo o que for afirmado por um dos interessados e
contrariado por alguém que discorde deve ser provado;