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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade Economia

Licenciatura em Economia

Economia de Moçambique
Tema: Papel dos portos e caminhos-de-ferro na economia Moçambicana em 1975-1999

Discente:
Isabel Jasse

Docentes:

Prof. Doutor José Chichava

Dr. Teles Hou

Dra Enia Nkalinga

Dr Milagre Armando

Maputo, Dezembro de 2021


Sumário Executado

Tradicionalmente a localização de Moçambique tornou-se numa rota de trânsito para o


comércio internacional dos seus vizinhos. Os portos e caminhos-de-ferro em Moçambique
foram construídos em primeiro lugar para responder às necessidades dos países vizinhos sem
ligação ao mar. Como resultado Moçambique teve três corredores de transporte principais -
Nacala, Beira e Maputo, que tinham um peso médio de 13% no Produto Interno Bruto (PIB)
segundo os dados do INE, que foi possível concluir que os portos e caminhos-de-ferro de
Moçambique tiveram um papel muito importante para economia de Moçambique durante o
período em análise. Porém, Moçambique viveu uma instabilidade política e guerra civil até
1992, data em que foram assinados os Acordos de Paz, esta situação isolou o país e trouxe
consequentemente efeitos negativos para os portos. Foram afectados por esta guerra civil os
acessos principais aos portos e as suas respectivas infra-estruturas, perdendo assim a
confiança em relação aos países vizinhos que foram os principais utilizadores dos portos.
Neste momento o Moçambique vê os seus portos em fase de recuperação e alteração das suas
infra-estruturas portuárias e de acesso, de forma a fazer face a procura vinda tanto dos países
vizinhos (África do Sul, Zimbabué, Suazilândia, Malawi, Zâmbia e Tanzânia) como também
do fluxo interno do próprio país.
1.1. Objectivos 4
1.1.1. Objectivo Geral 4
1.1.2. Objetivos Específicos 4
Revisão da literatura 5
2.1. Definições 5
Portos 5
Ferrovias 5
a) Vantagens das ferroviárias 5
2.2. Construção dos portos marítimos e caminhos-de-ferro de Moçambique 6
2.3. Análise geopolítica de Moçambique 7
3. Metodologia. 8
4. Resultados 8
O comércio marítimo Moçambicano 10
5. Conclusão 10
6. Referência Bibliografia 12
1. Introdução

Moçambique é um país que se localiza na região costeira Oeste do Oceano Índico, l.


Associado a esta posição, o país possui vias de comunicação ferroviárias e rodoviárias que
interligam os principais portos aos países do interior, conferindo assim a Moçambique uma
posição estratégica privilegiada. Estes fatores são potencialidades para o país e determinantes
nas decisões e posicionamento na cooperação regional.
Os portos moçambicanos jogam um papel preponderante no contexto dos corredores de
desenvolvimento que unem Moçambique aos países vizinhos. Moçambique dispõe
igualmente de uma longa costa que lhe coloca numa linha vantajosa em termos de
desenvolvimento de potencialidades para comércio marítimo internacional.
Por esta razão acredita-se que esta vantagem poderia contribuir para o desenvolvimento do
país logo após a independência, este trabalho irá analisar o contributo dos Portos e caminhos-
de-ferro na Economia Moçambicana entre 1975-1999.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

❖ Avaliar o papel dos portos e caminhos-de-ferro na economia Moçambicana em 1975-


1999

1.1.2. Objetivos Específicos


❖ Apresentar a importância dos portos e caminhos de ferro para a economia de
Moçambique
❖ Analisar a evolução histórica dos portos e caminhos de ferro de Moçambique
❖ Analisar a evolução do fluxo de mercadorias transportadas dos portos e caminhos de
ferro de Moçambique
2. Revisão da literatura

2.1. Definições

Portos

Para se perceber melhor o conceito de porto será utilizada a definição de Dias (2005) citada
por Cabral(2014),¨ um porto é um local que possibilita adequadas condições de ancoragem e
permanência de navios, de forma relativamente segura, podendo estes abrigar-se de ventos e
tempestades. As embarcações e navios procedem a acostagem para embarque/desembarque
de passageiros e carga/descarga de mercadorias¨.

O desenvolvimento portuário numa perspetiva espácio-temporal pode ser definido como o


processo de criação e adaptação para satisfazer mudanças na procura dos clientes.

De acordo com os produtos manuseados nos portos os seus terminais devem estar providos de
equipamentos de movimentação próprios para as especificações de mercado de forma a
tornarem-se mais eficientes .

Ferrovias
Segundo (Fonseca, 1999) uma ferrovia  (chamada também de via férrea, caminho de ferro 
ou estrada de ferro ) é um sistema de transporte baseado em trens (comboio) correndo
sobre trilhos (carris) previamente dispostos.

As ferrovias são o meio de transporte terrestre com maior capacidade de transporte de carga e
de passageiros.

a) Vantagens das ferroviárias

➢ Maior capacidade de volume de carga transportada


➢ Menor consumo energético de uma composição ferroviária
➢ Redução da perda de carga ao longo do trajecto de transporte, causado pela maior
segurança e melhor acondicionamento da carga no vagão;
➢ Redução do número de acidentes rodoviários,

b) Desvantagens

➢ Transporte lento devido às suas operações de carga e descarga;


➢ Alto custo de implantação;
➢ Menor flexibilidade no trajeto, opera até pontos fixos;
➢ Elevados custos de infraestrutura e manutenção.

2.2. Construção dos portos marítimos e caminhos-de-ferro de Moçambique

A construção dos portos e caminhos-de-ferro de Maputo e Beira, data do século XIX e está
intimamente ligado à venda de mão-de-obra barata, trocas comerciais e utilização de entrada
e saída de mercadoria sul-africanas e dos países do interior, a Rodésia do Sul, Rodésia do
Norte (actual Zâmbia) e Niassalândia (actual Malawi) através de Moçambique. A partir de
1881, durante a implantação do capitalismo imperial na colónia, foi consistente a procura de
chineses para as obras de construção infraestrutural. A construção das duas principais
cidades, Beira e Lourenço Marques, os respectivos portos e caminhos-de-ferro, as açucareiras
do baixo Zambeze (Sena Sugar States) e do vale do rio Búzi (Companhia do Búzi) e outros
empreendimentos coloniais modernos careciam de artesãos mais ou menos hábeis e a baixo
preço que a mão-de-obra especializada proveniente da Europa não satisfazia pelo seu elevado
custo (Mendes, 2009).

Uma das razões da utilização do porto de Maputo por parte da África do Sul prende-se com a
perspectiva de ser mais viável e menos oneroso em relação aos portos sulafricanos de Durban
que se localiza a sudeste daquele país, e o porto Elizabeth que se localiza na cidade do Cabo a
sul da África do Sul. Relativamente ao porto da Beira, a sua construção está ligada às
companhias majestáticas no centro do país nomeadamente a Companhia de Moçambique. Em
1887, chegaram à região de Lourenço Marques os primeiros operário vindos de Cantão para a
construção dos caminhos-de-ferro de Lourenço Marques para a África do Sul,
empreendimento que se realizou entre 1887 e 1889, e para o território de Manica e Sofala,
mais a norte, sob administração da Companhia de Moçambique, também foram contratados
«coolies» chineses para a construção do porto e do caminho-de-ferro para a Rodésia (Beira-
Untali), 1892-1898 (Mendes, 2009).

Diferentemente dos portos de Maputo e Beira, o de Nacala na província de Nampula viria a


ser construído mais tarde nos finais da primeira metade do século XX. Em 1898, com a
ocupação efectiva colonial do território moçambicano, após a Conferência de Berlim que
estimulou a corrida das potências para África, a capital de Moçambique foi transferida da Ilha
de Moçambique para Lourenço Marques.

A rede ferroviária de Moçambique é de 3.113 km dos quais somente 70% estão operacionais.
Decorre a reabilitação das restantes vias como forma de operacionalizar os transportes
ferroviários do país com destaque para a linha de Sena que liga o porto da Beira ao vizinho
Malawi. Este troço serve igualmente para o escoamento do carvão mineral das zonas mineiras
de Moatize-Tete para o porto da Beira. A reabilitação das infra-estruturas estender-se-á ao
corredor do norte visando a sua extensão à República Democrática do Congo como forma de
transformar Nacala num porto mais viável.

2.3. Análise geopolítica de Moçambique

A importância geopolítica de Moçambique deriva da sua posição geográfica mista que o


coloca num papel de ligação entre o Índico e o Hinterland. Ainda no quadro estratégico e
económico são projectados e concebidos ainda no período colonial, os corredores de
transportes que incluíam as rodovias, ferrovias e os portos marítimos, com o objectivo de
servir os países do hinterland uma vez que estes, possuíam como porta de entrada e saída
alternativos e mais viáveis portos marítimos moçambicanos. Os corredores de
desenvolvimento (nova designação), jogam na actualidade o mesmo papel o que enaltece o
papel do país no garante ao acesso facilitado ao mar aos países do interior desta vez no
âmbito dos vários acordos e protocolos assinados relativos à organização regional a SADC,
de que o pais é membro. Contudo, esta abertura de Moçambique no quadro de relações de
boa vizinhança e cooperação com os países da região, deve ser encarada com reservas em
prol da defesa dos interesses nacionais pois, apesar de existência de relações amistosas,
poderão eclodir no futuro conflitos devido a mudanças políticas em alguns desses países
assim como no âmbito de interesses de exploração de recursos com principal relevo para os
de partilha comum tais como os hídricos.
3. Metodologia.
Segundo (Marconi & Lakatos, 2003), o método é o conjunto das atividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos
válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista. Neste trabalho empregou-se o uso do método histórico, que apresenta
mais qualitativa e histórica e não preditiva.

A elaboração foi feita com base nas obras dos autores das teorias em abordagem, uso de
livros, revistas e publicações de diversos autores para clarificação dos conceitos em caso.

Para a recolha de informação optou-se, em termos metodológicos, por análise de estatísticas


do país e dos portos através de fontes secundárias como: United States Agency for
International Development (USAID), Banco Africano de Desenvolvimento, Plano Director
do Porto de Maputo, Porto da Beira Perfil e Directória 2013/2014.

O estudo foi feito com base em dados secundários que serão extraídos dos relatórios anuais
do Banco de Moçambique e da Associação Moçambicana de Bancos, dos Relatórios e Contas
dos Bancos Comerciais e do Instituto Nacional de Estatística.

4. Resultados
Gráfico 1- Cargas transportadas nas ferrovias moçambicanas de 1975 a 1989 de acordo
com os países vizinhos (10^3 Toneladas liquidas)

Fonte: Portos e Caminhos de Ferro de Mocambique (CFM)

Após a independência de Moçambique os portos e caminhos-de-ferro passam para a


administração directa do Estado moçambicano. A principal consequência dessa
nacionalização foi a saída em massa de grande parte dos técnicos ferro-portuários dos pais,
deixando-o carente de mão-de-obra, e dificultando muito o funcionamento dos sistemas
técnicos, já deficitário devido as políticas de restrição a circulação.

Acções institucionais como leis e medidas podem estimular ou frear o carácter poroso dos
territórios. Se até a independência moçambicana o seu território era intencionalmente aberto
ao recebimento e envio de mercadoria para os territórios vizinhos, sendo caracterizado por
uma economia de trânsito que tinha no estímulo institucional ao movimento nos portos e
ferrovias elementos centrais, com o fim do domínio colonial a porosidade territorial de
Moçambique sofreu uma alteração drástica.

A ruptura com o capitalismo internacional, através do apoio contra o apartheid na África do


Sul e pela independência do Zimbabwe, e especialmente através do fechamento das fronteiras
com a Zimbabwe, teve um preço alto para a economia moçambicana. O fechamento das
fronteiras significava abdicar de grande parte das receitas provenientes das tarifas portuárias e
ferrovias citadas anteriormente, que representavam uma fatia considerável dos recursos que o
pais arrecadava.

Como o sistema ferro-portuário de Moçambique era o principal concorrente do sistema-sul-


africano na região, o governo do apartheid decidiu estimular financeiramente e tecnicamente
as acções da RENAMO em território moçambicano, visando principalmente a destruição de
infra-estruturas de transporte locais.

Gráfico 2 - Evolução do Transporte de Mercadorias dos portos e ferrovias no período


1990-1990 (Em milhões de toneladas)

Fonte: Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM):

O Comportamento do gráfico 2 é explicado pela assinatura dos acordos gerais de paz entre a
RENAMO e a FRELIMO (1992) e o Programa de Reabilitação Económica (PRE), sendo que
nesse contexto o governo moçambicano iniciou o processo de restruturação do sistema ferro-
portuário e os CFM defiram em 1991 algumas políticas de descentralização e de
envolvimento do sector privado na construção e expansão de infra-estruturas e na gestão de
algumas instalações

O comércio marítimo Moçambicano

De acordo com os dados extraídos dos relatórios dos portos e caminhos-de-ferro de


Moçambique, em Moçambique os portos correspondem a cerca de 95% da corrente de
comércio exterior, movimentando uma média de 8 mil milhões anualmente. O sector
portuário gera mais de 120 mil empregos directos e indirectos, também sendo responsável por
uma média de 13,2% do PIB durante o período de 1975-1999

5. Conclusão

A localização periférica de Moçambique na costa Oriental Sul de África é considerada de


importância vital e relevante para as economias dos países da região Austral de África. Esta
relevância pode ser demonstrada desde os primeiros contactos comerciais inicialmente com
os Fenícios e Árabes e posteriormente com os Portugueses. Ao longo do tempo tal relevância
foi ganhando um significado mais amplo em termos geopolíticos, concretamente na segunda
metade do século XIX, com a construção dos portos marítimos de raiz.

Entretanto, no período pós-independência em análise, alguns factores como: a ineficiência


logística, mau estado das infra-estruturas e dos acessos, insuficiência de quadros qualificados,
burocracia, corrupção e instabilidade política tornam os portos de Moçambique menos
competitivos.

Apesar dos vários aspectos negativos o país apresenta um enorme potencial de crescimento,
comprometimento por parte do Governo tanto em recuperação das infra-estruturas como na
abertura para entrada de novos negócios no país e um crescente investimento estrangeiro.

São por esses motivos que é preciso repensar sobre a maneira como Moçambique trata o
modal portuários e ferroviário. E com certeza, ter profissionais qualificados nessa área
contribui para um maior desenvolvimento.
6. Referência Bibliografia

Cabral.C (2014), Análise da logística nos portos de Moçambique e seu Hinterland,Porto,


consultado em
https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/5694/1/DM_DeniseCamal_2014.pdf.pdf

Muchacha.B (sd), Principais Portos de Moçambique,


https://sopra-educacao.com/2021/07/16/principais-portos-de-mocambique/ Obido em 2 de
Dezembro de 2021

Byiers et al (2020), Uma análise da economia política dos corredores de Nacala e da


Beira, https://ecdpm.org/wp-content/uploads/Ana%CC%81lise-Economia-Poli%CC
%81tica-Corredores-Nacala-Beira-ECDPM-Documento-de-Reflexa%CC%83o-
277.pdf Obtido 4 de Dezembro.

Corredor de Desenvolvimento do Norte. (s.d.). Obtido em 17 de Fevereiro de 2021, de


www.cdn.co.mz

Dibben, P. (2009). Transport, trade and economic development in Mozambique: an


agenda for change. Maputo: IESE.

Fonseca, M. P. (1999). Os Corredores de Desenvovimento em Mocambique. Rio de


Janeiro: Fundo de Cultura.

Maputo Port Development Corporation. (s.d.). Obtido em 15 de Fevereiro de 2021, de


www.portmaputo.com

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