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SOCIEDADE EM CONTA DE

PARTICIPAÇÃO – SCP
1 – INTRODUÇÃO

A regulamentação da Sociedade em Conta de Participação (SCP), está expressa através


dos artigos 661 ao 996 da  Lei 10.406/2002, o Código Civil, e sua constituição de uma
Sociedade em Conta de Participação (SCP), independe de qualquer formalidade e pode
provar-se por todos os meios de direito.

É caracterizada como uma sociedade não personificada, na qual a atividade constitutiva


do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e
sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados
correspondentes.

2 – CONSTITUIÇÃO

A constituição da sociedade em conta de participação – SCP não requer qualquer


formalidade, podendo ser comprovada através de todos os meios de direito admitidas.

O contrato social firmado produz efeito somente entre os sócios, independendo da


inscrição de seu instrumento em qualquer registro, visto não possuir personalidade
jurídica junto à sociedade.

Na SCP, os sócios possuem a seguinte denominação:

1. a) Sócio participante – é o sócio que se obriga exclusivamente ao sócio ostensivo,


salvo no caso de participar ativamente nas negociações com terceiros.
2. b) Sócio ostensivo – é o sócio que se obriga perante terceiros nas negociações. Em
outras palavras, é aquele que traz para si todas as obrigações contraídas em virtude
da execução do objeto social da sociedade. Ele deve prestar contas perante os
demais sócios.

Determina o artigo 1.162, que a sociedade em conta de participação não pode ter firma
ou denominação.

O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu
instrumento no Registro Público de Títulos e Documentos não confere personalidade
jurídica à sociedade, posto que prevalece a sua natureza de sociedade despersonificada.
Aplica-se à SCP, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a
sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de
contas, na forma da lei processual.

3 – A CONTABILIDADE

Em regra a contabilidade da SCP será mantida pelo sócio ostensivo. Este irá subdividir
o plano de contas criando subgrupos específicos de receitas e despesas, custo, visando
facilitar a apuração do resultado da SCP.

Os investimentos realizados pelos sócios, pessoas jurídicas, serão registrados em conta


de Investimentos em participações societárias, quanto ao grupo será Circulante ou não
Circulante conforme os critérios de investimentos citados na Lei 6.404/1976.

Segundo a Lei 6.404/1976:

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

III – em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos


de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à
manutenção da atividade da companhia ou da empresa.

3.1 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O sócio ostensivo, inicialmente irá constituir contas de capital no Patrimônio Liquido


especificas para demonstrar o capital social da SCP.

O capital social da SPC será integralizado seguindo as condições mencionadas no conta


da SCP. A formação do capital da SCP e de seu patrimônio é baseada nos aportes de
recursos repassados pelos sócios participantes (sócios ocultos ou investidores) e também
da participação do sócio ostensivo.

3.2 – ESCRITURAÇÃO

O sócio ostensivo por opção poderá manter a escrituração das operações da SCP nos
seus próprios livros contábeis, neste caso os registros contábeis deverão ser feitos de
forma a evidenciar os lançamentos referentes à SCP. Os resultados obtidos pela SCP
deverão ser apurados e demonstrados separadamente dos resultados do sócio ostensivo,
ainda que a escrituração seja feita nos mesmos livros.
Alternativamente o sócio ostensivo poderá elaborar livros contábeis específicos para a
SCP, para que os controles das atividades sejam mais específicos.

3.3 – CONTAS DE RESULTADO

O Sócio ostensivo irá constituir nas contas de Resultado (receitas, custos, despesa da
SPC) para que possa realizar a apuração do Resultado da SCP em separado do resultado
do sócio ostensivo.

São Exemplos de contas de Resultado criadas para segregar o resultado da SCP:

RECEITAS

Receita com Vendas SCP “Empreendimento Susana”

( – ) Deduções das Receitas de Vendas SCP “Empreendimento Susana”

Tributos e Contribuições sobre Vendas SCP “Empreendimento Susana”

CUSTOS

Custo das Vendas SCP “Empreendimento Susana”

Custo dos Serviços Prestados SCP “Empreendimento Susana”

DESPESAS

Despesas Operacionais SCP “Empreendimento Susana”

Despesas Administrativas SCP “Empreendimento Susana”

Despesas Gerais SCP “Empreendimento Susana”

Despesas com Vendas SCP “Empreendimento Susana”

Receitas/Despesas Financeiras SCP “Empreendimento Susana”

Apuração do Resultado do Exercício SCP “Empreendimento Susana”

Os resultados das sociedades em conta de participação deverão ser apurados pelo sócio
ostensivo, em cada período-base, trimestral ou anual, conforme o caso.
3.4 – PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS PELA SCP

Os prejuízos fiscais apurados pela SCP serão controlados separadamente para


compensação com os lucros da mesma SCP, nos termos da legislação vigente, e, não
deverão ser incluídos na declaração de rendimentos.

Desta forma, o prejuízo fiscal apurado pela SCP não poderá ser compensado com o
lucro real do sócio ostensivo ou de outras SCP ou vice-versa, o qual somente poderá ser
compensado com o lucro real apurado pela própria SCP, observados o limite e as
condições gerais inerentes a este instituto.

Ademais, a pessoa jurídica sócia ostensiva da sociedade em conta de participação


deverá informar em sua declaração de rendimentos os valores a pagar do IR e da CSLL
da SCP, realizando, preliminarmente, as devidas compensações, inclusive em relação ao
saldo negativo apurado em períodos anteriores que deve ser controlado na escrituração
comercial, sem constar da declaração.

Fundamentação legal: art. 515 do Decreto 3000/99.

4 – EXEMPLOS DE CONTABILIZAÇÃO

Lançamentos Contábeis realizados pelo Sócio Ostensivo.

Pelo recebimento do investimento realizado pelo sócio oculto na SCP:

DÉBITO: Caixa / Banco c/ movimento SCP (Ativo Circulante)

CRÉDITO: Capital Social – SCP (Patrimônio Líquido)

Pelo capital integralizado pelo próprio sócio ostensivo serão realizados 2 lançamentos
distintos:

O 1º lançamento será pelo registro do investimento

DÉBITO: Investimento – SCP (Ativo Não Circulante)

CRÉDITO: Capital Social – SCP (Patrimônio Líquido)

O 2º lançamento será pela entrega do Dinheiro para o sócio ostensivo

DÉBITO: Banco Conta Movimento – SCP (Ativo Circulante)


CRÉDITO: Banco Conta Movimento (Ativo Circulante)

Pela distribuição dos lucros da SCP pelo sócio ostensivo.

DÉBITO: Lucros Acumulados – SCP (Patrimônio Liquido)

CRÉDITO: Banco Conta Movimento – SCP (Ativo Circulante)

Exemplo de contabilização realizada pelo Sócio Oculto

Pelo valor do investimento realizado pelos sócios ocultos na SCP:

DÉBITO: Investimento – SCP (Ativo Não Circulante)

CRÉDITO: Banco Conta Movimento (Ativo Circulante)

No recebimento dos lucros apurados pela SCP:

DÉBITO: Banco Conta Movimento (Ativo Circulante)

CRÉDITO: Investimento – SCP (Ativo Não Circulante)

Nota:

Os lucros da SCP, quando distribuídos, sujeitam-se às mesmas regras estabelecidas para


a tributação na distribuição de lucros das demais sociedades. Ou seja, conforme cita a
Lei  9.249/95, artigo 10, os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados
apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas
tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à
incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto
de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.

Conforme artigo 149, do Decreto 3000/99, combinado com o art. 254, II, na apuração
dos resultados dessas sociedades, assim como na tributação dos lucros apurados e dos
distribuídos, serão observadas as normas aplicáveis às pessoas jurídicas em geral e os
resultados e o lucro real correspondentes à sociedade em conta de participação deverão
ser apurados e demonstrados destacadamente dos resultados e do lucro real do sócio
ostensivo, ainda que a escrituração seja feita nos mesmos livros.
5 – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS

Sócio
Obrigação/Fundamentação legal SCP
Ostensivo  

DCTF – Instrução Normativa RFB nº 1.599/2015 , art. 2º ,


§ 3º – As informações relativas às Sociedades em Conta
– SIM
de Participação (SCP) devem ser apresentadas pelo sócio
ostensivo, em sua própria DCTF.

EFD-Contribuições – Instrução Normativa RFB nº


1.252/2012 , art.  4º , § 4º – Em relação aos fatos
geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, no
caso de a pessoa jurídica ser sócia ostensiva de
SIM SIM
Sociedades em Conta de Participação (SCP), a EFD-
Contribuições deverá ser transmitida separadamente, para
cada SCP, além da transmissão da EFD-Contribuições da
sócia ostensiva

DIRF – Instrução Normativa RFB nº 1.587/2015 , art. 2º               – SIM

DIMOB – Instrução Normativa RFB nº 1.115/2010 , art. 


             – SIM
1

ECD – Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013, arts. 3º, §


4º e 3º-A e  § único – As regras de obrigatoriedade não
levam em consideração se a sociedade empresária teve ou
não movimento no período. Sem movimento não quer
dizer sem fato contábil. Normalmente ocorrem eventos – SIM
como depreciação, incidência de tributos, pagamento de
aluguel, pagamento do contador, pagamento de luz, custo
com o cumprimento de obrigações acessórias, entre
outras.

ECF – Instrução Normativa RFB nº 1.422/2013 , art.  1º ,


§ 1º – No caso de pessoas jurídicas que foram sócias
ostensivas de Sociedades em Conta de Participação (SCP), SIM SIM
a ECF deverá ser transmitida separadamente, para cada
SCP, além da transmissão da ECF da sócia ostensiva.

Fonte: LegisWeb

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