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Resumo
Neste artigo discutimos a prática pedagógica docente a partir de uma análise sobre
os estágios de docência praticados nas licenciaturas do CEFET-PA. Compreendemos que
o estágio na formação de professores é uma parte importante do currículo, mas que sua
apresentação prática ainda está muito distante da teoria. A preocupação que explicitamos
é por compreendermos ser primordial valorizar a prática de ensino por meio de uma
revisão dos atores envolvidos neste processo, sendo eles: academia, escolas, docentes e
discentes, além da imbricação da teoria com a prática, diminuindo-se então a distância
entre estas. Finalizamos sugerindo que as políticas públicas considerem importante
estabelecer prioridades na formação docente, formando assim um profissional mais
sensibilizado e socialmente comprometido com a educação.
O Estágio Docente
1
Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia, e professora da disciplina Vivência na Prática Educativa do CEFET-PA.
2
Professor especialista em Ensino de Física, ex-coordenador do Curso de Licenciatura Plena em Física do CEFET-PA.
Mestrando em Educação em Ciências e Matemáticas – NPADC – UFPA.
3
Professora especialista em Conservação, Preservação e Manejo de Recursos Naturais. Mestranda em Educação em
Ciências e Matemáticas – NPADC – UFPA.
4
Disciplina que orienta o estágio nas licenciaturas do CEFET-PA
como também a participação dos alunos em atividades complementares de ensino e
extensão e da observação encontrar respostas aos nossos questionamentos em relação
ao assunto.
Em todos os cursos de licenciatura, conforme legislação vigente é obrigatório o
estágio de docência ou da prática pedagógica educativa, relacionadas às disciplinas dos
programas curriculares das instituições de níveis superiores, ou seja, os alunos que estão
se preparando para ser professores devem ter em suas atividades discentes o
conhecimento sobre o aprender a ensinar, tanto em nível teórico de conteúdo quanto em
nível didático pedagógico.
Uma das grandes preocupações hoje é fazer parte de uma instituição de nível
superior e grande parcela da população estudantil busca os cursos de licenciatura, onde
na maioria das vezes não possuem informação adequada sobre o curso que irão
freqüentar a que se propõe seu objetivo, que fazer depois de formado5, qual o papel do
licenciado na sociedade e a complexidade do ofício de ser professor.
Com o resultado obtido no estágio o novo professor vai desvelar ou não sua
aptidão para o exercício da docência. Há necessidade de reestruturação dos atores
envolvidos na construção prática da teoria, sendo eles orientador, estagiário, professor e
escola com condições organizacionais que permitam o desenvolvimento do professor
profissional, que segundo Altet (2001, p. 26) “é aquele que é antes de tudo um
profissional da articulação do processo ensino-aprendizagem em uma determinada
situação, um profissional da interação das significações partilhadas”.
Defendemos que o estágio deve ser considerado tão importante quanto os demais
conteúdos do currículo. ALARCÃO (1996) afirma que, nem os docentes, nem as
universidades até o momento, deram o devido valor à prática da formação do professor.
Segundo essa autora, ‘o estágio pedagógico é considerado, “o parente pobre de todas as
disciplinas”. A Universidade se demite da sua função de ajudar o aluno a relacionar teoria
e prática e, a saber, servir-se do seu saber para com ele resolver problemas práticos’. É
preciso então que haja uma valorização deste trabalho, mas para isto é, é necessário que,
além de encaminhar o aluno para o local de estágio, se defina qual o papel deste estágio,
e quais modelos que mais favorecem o desenvolvimento profissional docente, com a
constante presença do professor-orientador a fim de acompanhar e orientar o aluno
durante todo o processo, articulando para que este consiga relacionar os conhecimentos
teórico-práticos, com vistas a sua inserção no contexto escolar e o estabelecimento da
reflexão crítica da prática educativa e da formação acadêmica desse futuro professor.
Para ser válida, pensamos que toda teoria requer uma prática. Nos cursos de
licenciaturas do CEFET-PA a prática se dá através da disciplina Vivência na Prática
Educativa, do Estágio Supervisionado ou Vivência Educacional como é denominado
diferentemente em várias instituições, porém utilizaremos aqui o termo Estágio na
Docência.
Mas será que o estágio docente que está sendo praticado nas licenciaturas vem
refletindo esta realidade? Para ser válido o estágio requer interação e reflexão sobre a
prática, então sua validade dependerá a nosso ver da interação ensino, pesquisa e
extensão. O aluno da licenciatura interage na universidade, ele pesquisa saberes e
durante este processo ele estende para a sociedade os conhecimentos construídos entre
a academia, a escola, o professor que esta na escola e o professor que esta na
academia, constituindo assim conhecimentos reflexivos sobre / para sua prática.
Porém, GATTI (1997 apud ARNONI, 2001, p.19 - 20), ao levantar questões em
torno da qualidade da formação de professores, aponta o Estágio como um de seus
pontos críticos. Para ela, o problema do Estágio não é recente, parece datar desde sua
instituição. E, apesar dessa problemática ser sobejamente conhecida, continua sem
solução nas instituições formadoras.
Percebemos assim que a interação cujo fizemos referencia anteriores, não vem
sendo cumprida nas licenciaturas, tendo-se como resposta a precariedade citada por
GATTI (1997). Se compreendermos que o estágio é o exercício da prática sua avaliação
deve conter processualmente a prática, sendo assim os relatórios de estágio são fontes
importantes para futuras consultas e avaliação. Também pensamos que o estágio na
docência representa uma ocasião privilegiada para investigar o processo de aprender a
ensinar, nestes termos a oportunidade não se restringe a quem estagia, mas também a
escola e a quem orientam o estágio docente.
Um ponto importante a discutir é que durante muito tempo, e até hoje ainda vigora
em algumas instituições superiores de ensino, a presença de uma grade curricular
dicotomizada entre disciplinas específicas e disciplinas pedagógicas, que se mantiveram
ou mantêm-se separadas seguindo caminhos independentes até o final do curso, quando
enfim culminavam ou culminam com o estágio curricular obrigatório.
Considerações Finais
Dimensionar uma prática cujos reflexos provêm de uma teoria afastada pode ser
difícil, o certo talvez fosse compreender teoria e prática imbricadas, e assim refletir mais
sobre o fato do licenciando ter de ir buscar na prática aquilo que ele teorizou. Ao professor
orientador seria imprescindível tempo e autonomia, para construção de uma prática
relativamente válida, mas é importante compreender também que, quem supervisiona
qualquer prática, deve também ter relacionamento com a teoria aplicada a ela, aliás, este
é um dos fatores que o currículo fragmentado proporciona um distanciamento das
disciplinas pedagógicas das licenciaturas das disciplinas específicas. Acreditamos que
uma prática relacionada cujos princípios didáticos estejam na disciplina em si de forma
específica e não na distribuição de disciplinas teóricas versus práticas-pedagógicas pode
contribuir em muito para uma prática reflexiva.