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COMPLEXO ESCOLAR POLITÉCNICO GIRASSOL

ESTABELECIMENTO PRIVADO DO ENSINO SECUNDÁRIO

TÉCNICO PROFISSIONAL
EM PERFURAÇÃO E PRODUÇÃO; REFINAÇÃO E GÁS; MINAS; INFORMÁTICA; ELECTRÓNICA E TELECOMUNICAÇÕES;
INSTRUMENTAÇÃO; CONSTRUÇÃO CIVIL; MECÂNICA; ELECTROMECÂNICA; FINANÇAS; E CONTABILIDADE E GESTÃO

Disciplina: Telecomunicações
Curso: Electrônica e Telecomunicações
Classe: 12a
Professor: Eng0. Francisco Joaquim Capassola
Email: franciscokapassola@gmail.com

Capítulo I: PROPAGAÇÃO DE ONDAS.

Sumário: 1. Introdução.
1.1. Onda electromagnética.
1.2. Classificação das ondas electromagnéticas.
1.3. Características das ondas electromagnéticas.
1.4. Estudo dos fenómenos ondulatórios.
1.5. Influência das camadas atmosfericas nas comunicações.
1.6. Espectro electromagnético.

1. Introdução
O estudo dos fenómenos eléctricos e dos fenómenos magnéticos, conhecidos desde a
Antiguidade, evoluiu até se criarem as noções de campo eléctrico e de campo magnético.
Em 1820, quando o professor universitário dinamarquês Oersted terminava uma aula, verificou
que uma corrente eléctrica fazia oscilar uma agulha magnética colocada próximo do circuito
eléctrico que deixara ligado. Desta observação concluiu que existe uma relação entre o
fenómeno eléctrico e o magnético.
O cientista americano Joseph Henry em 1830 e o cientista inglês Michael Faraday em 1831
verificaram que a variação do magnetismo próximo dum circuito eléctrico fazia surgir neste
uma corrente eléctrica (fenómeno da indução magnética). Desta observação concluíram que
existe uma relação entre o fenómeno magnético e o eléctrico.
Em 1867 o cientista inglês James Maxwell apresentou a teoria electromagnética e em1873
publicou o “Tratado de Electricidade e Magnetismo”. Maxwell criou uma estrutura teórica e
matemática que explica os fenómenos eléctricos e magnéticos como manifestações de uma
mesma entidade, o chamado campo electromagnético. Os fenómenos eléctricos e magnéticos
não são, portanto, independentes. Maxwell condensou em 4 equações matemáticas, as
chamadas equações de Maxwell, a relação e quantificação entre o campo eléctrico e o campo
magnético.

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A teoria de Maxwell foi confirmada, cerca de 20 anos mais tarde, pelas experiências do alemão
Heinrich Hertz, que produziu ondas electromagnéticas com o chamado oscilador de Hertz.
a) Campo eléctrico
Um campo eléctrico é uma região do espaço onde se manifesta a acção das cargas eléctricas.
Esta acção verifica-se à distância, sem contacto entre as cargas.
Uma carga eléctrica que se encontre num campo eléctrico fica sujeita a uma força eléctrica. Há
cargas eléctricas positivas e negativas. Se a carga for positiva, a força que sobre ela se exerce
tem o sentido do campo eléctrico. Se for negativa dá-se o inverso. O campo eléctrico é
originado em cargas positivas e termina em cargas negativas. O seu sentido pode representar-
se por imaginárias linhas de força. Figura 1.

Figura 1. Sentido do campo eléctrico.

b) Campo magnético
Campo magnético é uma região do espaço onde se manifesta o magnetismo, através das
chamadas acções magnéticas. Estas acções verificam-se à distância e apenas algumas
substâncias são influenciadas pelo campo magnético. Por exemplo, o cobre não tem
propriedades magnéticas. Pelo contrário, os materiais ferrosos são fortemente influenciados.
As substâncias que têm propriedades magnéticas chamam-se, por isso, ferromagnéticas ou
íman a um objecto com propriedades magnéticas.
Um íman possui duas zonas distintas, que se chamam pólos magnéticos (figura 2). Designam-
se por pólo norte e pólo Sul. Se aproximarmos pólos do mesmo nome, eles repelem-se. Se
forem de nomes contrários, atraem-se.

Figura 2. Polos magnéticos

É possível visualizar a acção das forças num campo magnético, deitando limalha de ferro sobre
uma folha de papel, por baixo do qual existe um íman.
1.1. Onda electromagnética
a) Conceito de onda

Em Física, uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e
periódica no tempo. A oscilação espacial é caracterizada pelo comprimento de onda e o tempo
decorrido para uma oscilação é medido pelo período da onda, que é o inverso da sua
frequência. Estas duas grandezas estão relacionadas pela velocidade de propagação da onda.

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Conforme sua natureza as ondas são classificadas em:
• Onda Mecânica
• Onda Eletromagnética (OEM)

a) Onda Mecânica
Ondas mecânicas: são perturbações que transportam energia cinética e potencial através de
um meio material. Por exemplo: ondas marítimas, sísmicas e sonoras. Ela pode acontecer
somente num meio material, mas não transportam matéria e, sim, energia.
Essas perturbações acontecem na forma de pulsos, os quais são ondas de curta duração que se
repetem com intervalos de tempo iguais, ou seja, em movimentos periódicos.
b) Onda electromagnética
Onda Electromagnética (OEM): são resultado da combinação de campo elétrico com campo
magnético (figura 2). As oscilações dos campos magnéticos e elétricos são perpendiculares
entre si e podem ser entendidas como a propagação de uma onda transversal, cujas oscilações
são perpendiculares à direção do movimento da onda, que pode se deslocar através do vácuo.
Ao contrário das ondas mecânicas que se propagam necessariamente através de um meio
material, as ondas eletromagnéticas podem se propagar com ou sem meios materiais.
Exemplos desse tipo de onda são: a luz, raio X, micro-ondas, ondas de transmissão de sinais,
entre outras. Elas são descritas pelas equações de Maxwell.

Figura 3. Oscilação do campo electrico (E) e magnetico(B)

Como é praticamente impossível separar a existência dos campos eléctrico e magnético, pois
ambos são causados por cargas em movimento, devemos tratar da propagação de ondas,
chamando-as ''electromagnéticas'', pois o campo eléctrico e o magnético caminham em
conjunto no espaço.
A OEM propaga-se no vácuo (vazio) à velocidade da luz. Duas cristas consecutivas do campo
!
eléctrico estarão separadas por uma distância igual ao comprimento de onda, dado por: f = " ,
onde l (lambda) é o comprimento de onda, em metros; c é a velocidade da luz no vazio, igual
a 3.108 m/s; e f a frequência da OEM, em Hz .

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1.2. Classificação das ondas electromagnéticas

a) De acordo aos meios de propagação:


Meios lineares: se diferentes ondas de qualquer ponto particular do meio em questão podem
ser somadas;
Meios limitados: se ele é finito em extensão, caso contrário são considerados ilimitados;
Meios uniformes: se suas propriedades físicas não podem ser modificadas de diferentes
pontos;
Meios isotrópicos: se suas propriedades físicas são as mesmas em quaisquer direções.
b) De acordo a direcção de propagação:
Ondas transversais: são aquelas em que a vibração é perpendicular à direção de propagação
da onda; exemplos incluem ondas em uma corda.
Ondas longitudinais: são aquelas em que a vibração ocorre na mesma direção do movimento;
um exemplo são as ondas sonoras.
c) De acordo aos planos de propagação:
Ondas unidimensionais: são aquelas que se propagam numa só direção. Exemplo: Ondas em
cordas.
Ondas bidimensionais: são aquelas que se propagam num plano. Exemplo: Ondas na
superfície de um lago.
Ondas tridimensionais(3D): são aquelas que se propagam em todas as direções. Exemplo:
Ondas sonoras na atmosfera ou em metais.
1.3. Características das ondas electromagnéticas (figura 4):

1. Comprimento de onda é a distância entre valores repetidos sucessivos num padrão de


onda. É usualmente representado pela letra grega lambda (λ). Sua unidade é o metro
[m]
Em uma onda senoidal, o comprimento de onda é a distância entre picos (ou máximos).
2. Velocidade de onda, conhecendo a definição da velocidade média podemos chegar à
fórmula da velocidade de onda.
3. A frequência é uma grandeza física ondulatória que indica o número de ocorrências de
um evento (ciclos, voltas, oscilações, etc) em um determinado intervalo de tempo. Sua
unidade é o Hertz [Hz]

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Figura 4. Caracterísitcas de uma onda electromagnética

1.4. Estudo dos fenómenos ondulatórios.


Quando empregue em um sistema de comunicação, a OEM desloca-se a partir da sua origem
(Tx) até a outra extremidade (Rx). A esta transferência da energia electromagnética entre dois
pontos, dá-se o nome de Propagação da OEM.
De forma geral, a propagação da OEM pode ser feita na forma de onda não guiada, propagando-
se no solo, no espaço livre, ou em outros meios não sólidos tais como a água, vácuo (irradiação
da onda) e na forma de onda guiada, propagando-se num meio confinado (corrente eléctrica,
luz, OEM).

Figura 5. Onda guiada

Figura 6. Onda não guiada

Na figura 6, o meio de transmissão pode ser um cabo coaxial, um cabo de par trançado, um
guia de onda ou mesmo uma fibra óptica. Já na figura 6, o meio de transmissão é o espaço livre,
a água ou mesmo o vácuo.
No modelo apresentado na figura 6, o elemento responsável pela irradiação/captura da OEM é
a antena. O comportamento da OEM enquanto viaja, é influenciado pelo meio que atravessa,
chegando ao receptor através de diversos modos de propagação. Sendo eles, fenômenos
ondulatórios. Que são comportamentos que as ondas possuem ao se propagarem e esbarrarem
com diferentes obstáculos, superfícies ou meios. Esses fenômenos ocorrem com qualquer tipo
de onda: mecânica ou eletromagnética.
Os sete tipos de fenômenos ondulatórios são: dispersão/espalhamento, reflexão, refração,
polarização, difração, interferência e ressonância.

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a) DISPERSÃO/ESPALHAMENTO
É o fenómeno que ocorre sempre que uma corrente eléctrica que circula sobre uma antena gera
no espaço circundante uma OEM que se propaga em várias direcções.
A energia que entrega antena é projectada em todas as direcções. Isso, no entanto, não significa
que essa projecção é uniforme. Na realidade, no caso de algumas fontes altamente direcionais,
a quantidade de energia irradiada ao longo de algumas direcções é desprezível ou mesmo nula.
Figura 7.

Figura 7. Dispersão/espalhamento.

b) REFLEXÃO
É o fenómeno que ocorre sempre que uma OEM incide sobre um meio que não é capaz de
atravessar. Ou seja, é o fenômeno que consiste em uma onda atingir a superfície de separação
de dois meios e voltar para o meio de onde vinha. Desta forma, não há alteração na velocidade
de propagação (que só depende do meio), nem na frequência (que só depende da fonte). Assim,
o comprimento de onda da onda incidente é igual ao comprimento de onda da onda refletida.

Figura 8. Reflexão de uma onda plana numa superfície plana

Leis da reflexão:
1. O raio incidente (i), a normal á superfície no ponto de incidência (n) e o raio refletido
(r) estão no mesmo plano.
2. Na reflexão, o ângulo θi formado entre o raio de onda incidente e a direcção
perpendicular à superfície, chamada de direcção NORMAL, é idêntico ao ângulo θr
formado pela direcção normal e pelo raio reflectido. Assim: θi = θr.

A propagação por reflexão é um dos modos mais importantes que existe. Pois, a superfície
terrestre reflecte ondas de todas as frequências. As OEM de baixas frequências possuem grande
penetração e por isso são muito menos reflectidas. A chuva e as nuvens densas são capazes de
reflectir as OEM de alta frequência (VHF) que nele incidem.

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Quando uma onda terrestre e uma onda reflectida chegam ao mesmo tempo a um receptor, o
sinal total é a soma vectorial das duas ondas. Se os sinais estão em fase, uma onda reforça a
outra, produzindo um sinal mais forte. Se há diferença de fase, os sinais tendem a cancelar-se
mutuamente, sendo o cancelamento completo quando os dois sinais têm a mesma amplitude e
a diferença de fase é de 180°. Essa interação tem o nome de interferencia de ondas. A
diminuição do sinal no receptor devido a essa interação das ondas terrestre e reflectida é
denominada “fading” (desvanecimento).
c) REFRACÇÃO
É o fenómeno que ocorre sempre que uma OEM atravessa um meio de densidade diferente do
meio inicial, provocando um encurvamento do seu feixe. Ou seja, é o fenômeno que consiste
em uma onda passar de um meio para outro diferente.

Figura 9. Refracção com alteração na sua velocidade de propagação

A Propagação por refracção ocorre muito na atmosfera terrestre e provoca na OEM pequenas
variações na sua velocidade de propagação, em consequência da existência de diferentes
valores de densidade atmosférica, provocadas por variações de temperatura, humidade e
pressão.

REFRACÇÃO DA LUZ
É a passagem da luz de um meio para outro com mudança de velocidade. Nessa passagem de
um meio para outro, a velocidade (v) de propagação da luz necessariamente se altera. E
frequência (f) não se altera na refração. Na figura 10, se observa a luz incidir normalmente à
superfície de separação de dois meios, a luz não se desvia.

Figura 10. Refracção directa

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Índice de refração (n): É uma grandeza de destaque no estudo da luz, relacionada a sua
velocidade de propagação.

Onde:
c: velocidade da luz no vácuo
v: velocidade da luz considerada no meio em questão
n: índice de refração absoluto.
A velocidade de propagação da luz no vazio (vácuo) é de 300.000 km/s.
Nota:
No vácuo n = 1;
Nos meios materiais n > 1.
Índice de refração relativo (n2,1): É o quociente entre dois índices de refração absolutos.

Exemplo 1. A luz amarela de sódio propaga-se no vidrio com velocidade de 2.108m/s. sendo
a velocidade da luz no vácuo igual a 3.108m/s, determine o índice de refração do vidro para
luz amarela de sódio.
Dados Fórmula. Resolução
v=2.108m/s n=c/v n=(3.108m/s)/(2.108m/s)
c=3.108m/s n=1,5
LEIS DA REFRAÇÃO:
1. Primeira lei da refração: O raio o incidente I, o raio refração R e a reta normal N a
superfície de separação o pertencem ao mesmo plano. Figura 11.

Figura 11. Primeira lei da refração

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2. Segunda lei da refracção (Lei de SNELL – DESCARTES): A razão entre o seno do
ângulo de incidência e o seno de refração é constante para cada luz monocromática.

CONSEQUÊNCIAS DA LEI DE SNELL-DESCARTES


1. n1 < n2 quando a luz passa do meio menos refringente para o meio mais refringente, a
velocidade de propagação da luz diminui e o raio de luz se aproxima da normal, para
incidência oblíqua. Figura 12.

Figura 12.

2. n1 > n2 quando a luz passa do meio mais refringente para o meio menos refringente, a
velocidade de propagação da luz aumenta e o raio de luz se afasta da normal, para
incidência oblíqua. Figura 13.

Figura 13.

Exemplo 2. Uma agulha vibratória produz ondas com velocidade de propagação igual a 160
[m/s] e comprimento de onda de 1 [mm], chegando em uma diferença de profundidade com
um ângulo formado de 45° e sendo refratado. Após a mudança de profundidades o ângulo
refratado passa a ser de 30°. Determine:
a) Qual é a nova velocidade de progação da onda?
b) O comprimento das ondas refratadas?
Resposta da linha a)
Utilizando a Lei de Snell:

Utilizando a relação com velocidades de propagação, chegamos a equação:

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A velocidade da onda refratada será 113,1 [m/s].
Resposta da linha b)
Para calcular o comprimento de onda refratada, utilizamos a Lei de Snell, utilizando a relação
com comprimentos de onda:

O comprimento da onda refratada será 0,7 [mm].

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Repare que o resultado aparece em milímetros pois as unidades não foram convertidas para o
SI no início da resolução.
ÂNGULO LIMITE E REFLEXÃO TOTAL
REFLEXÃO TOTAL: para ocorrer reflexão total a luz deve-se propagar no sentido do meio
mais refringente para o meio menos refringente (nB > nA) o ângulo de incidência i deve superar
o ângulo limite L. Figura 14.

Figura 14.

Cálculo do ângulo limite ( L ):

c) DIFRACÇÃO DA ONDA
É a mudança da direcção da OEM quando a mesma passa junto de um obstáculo, ou seja, é o
fenómeno pelo qual uma onda tem a capacidade de contornar um obstáculo. Seu efeito prático
é uma diminuição na potência do sinal na área de sombra. A difracção tem valor máximo
quando o comprimento do obstáculo é igual ao comprimento de onda da OEM.
Em telecomunicações, é chamada zona de sombra, o local dentro do raio de cobertura de uma
OEM, onde se verifica uma queda significativa da sua potência devido a presença de obstáculos
que inviabilizam a sua propagação. Figura 15.

Figura 15. Difracção da onda

A difracção é, portanto, uma outra forma de encurvamento do feixe que ocorre quando a onda
passa pela borda de um objeto opaco (insensível a OEM), a qual causa uma deflexão da onda
na direção do objeto.

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Difração por uma fenda
Ao atravessar uma fenda não muito estreita, a intensidade da luz em um anteparo é dependente
do ângulo entre a onda e a fenda. Desse modo, a intensidade é máxima na direção frontal da
fenda, porém diminui quando chega em um ângulo que depende da largura da fenda a e do
comprimento de onda. Figura 16.

Figura 16. Difração em fenda única

Observe a ilustração que demonstra o fenômeno por uma única fenda. Nela, um feixe de luz
monocromática passa por uma fenda de largura "b" e atinge um anteparo a uma distância "z".
Difração em fenda dupla
Ocorre quando uma onda é difratada por duas ou mais fendas. Desse modo, o padrão em um
anteparo é o resultado de uma mistura de difração e interferências construtivas e destrutivas.
Veja a figura 17 que mostra que a luz difratada pelas duas fendas sofre efeito de interferência,
o que resulta no anteparo máximo e mínimo de luz.

Figura 17. Difracção por fenda dupla.

d) POLARIZAÇÃO DA ONDA
Uma onda natural (não polarizada) é aquela que possui várias direções de vibração, em relação
a direção de propagação. Polarizar uma onda é fazê-la vibrar em uma única direção. A
polarização é exclusiva das ondas transversais, não ocorrendo esse fenômeno com as ondas
longitudinais.

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Polarizada no plano vertical passa através da fenda.

Polarização de uma onda

A luz é polarizada ao passar por um filtro polarizador

PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO
A perturbação resultante em cada ponto do meio, durante a superposição, é a adição das
perturbações que seriam causadas pelas ondas separadamente.
Depois da superposição, as ondas têm a mesma forma que antes e continuam a se propagar
como antes (Independência das ondas).

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e) INTERFERÊNCIA
Ocorre pela superposição de duas ou mais ondas, de mesma natureza, que se propagam no
mesmo meio.

Interferência construtiva: Interferência destrutiva:

INTERFERÊNCIA EM DUAS DIMENSÕES

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ONDAS ESTACIONÁRIAS
Quando duas ondas periódicas de frequências, comprimentos de ondas e amplitudes iguais e
de sentidos contrários se superpõem num dado meio, ocorre a formação de uma figura de
interferência denominada ondas estacionárias.
O caso mais simples, em que ocorre esse tipo de interferência, é o de uma corda esticada onde
as ondas produzidas numa extremidade se superpõem as ondas refletidas na extremidade
oposta.
Verifica-se que, se estabelecer uma onda estacionária na corda, há pontos desta que
permanecem sempre em repouso, onde a interferência é, portanto, sempre destrutiva. Tais
pontos são denominados nós ou nodos. Pelo contrário, há pontos que vibram com amplitude
máxima e são denominados ventres. A distância entre nós consecutivos correspondente á
metade do comprimento de onda das ondas que se superpõem.

V (ventres): pontos da corda que oscilam com amplitude maxima (A=2ª).


N (nós ou nodos): pontos da corda não vibram.
f) RESSONÂNCIA
É o fenômeno, em que um corpo ou sistema passa a vibrar (oscilar) após ser atingido por uma
onda com frequência natural de oscilação deste corpo ou sistema.
A ressonância ocorre quando há transferência de energia entre dois sistemas que oscilam com
a mesma frequência. Na ressonância, há um aumento progressivo da amplitude de oscilação.
Um exemplo bem simples é o balanço infantil. Quando ele é liberado de uma certa altura, oscila
com uma frequência que lhe é característica. Se ao fim de uma oscilação completa, dermos um
empurrão, estaremos fornecendo energia ao balanço na frequência com que ele oscila

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normalmente. Ocorre então uma ressonância mecânica, de modo que o balanço vai
armazenando a energia fornecida, e a amplitude do seu movimento vai crescendo
gradativamente.
Uma ocorrência dramática, ligada a esse fenômeno, verificou-se no estado de Washington, nos
Estados Unidos, em 1940. A ponte sobre o rio Tacoma entrou em ressonância com o vento e
começou a vibrar. O aumento contínuo da amplitude acabou por fazer a ponte ruir.
1.5. Influência das camadas atmosfericas nas comunicações
A atmosfera terrestre desempenha um papel de importância vital na transferência da energia
electromagnética usada em Telecomunicações para transferir a informação, ou outros sinais de
Telemetria. Por isso, torna-se imperativo conhecer sua composição e estrutura.
A atmosfera é uma mistura de gases, dentre os quais o Nitrogénio (78%), o Oxigênio (21%), o
Argônio (0,93%), o Dióxido de Carbono (0,03%) entre outros.
Numa análise particular para os técnicos de Telecomunicações, podemos dividir a atmosfera
terrestre em 3 camadas principais. São elas: A troposfera, a Estratosfera e a ionosfera.
TROPOSFERA: estende-se até uma altitude de aproximadamente 15 km. É nesta camada que
se formam as nuvens e são observadas as condições meteorológicas.
ESTRATOSFERA: estende-se dos 15 aos 50 km. É nesta camada que existe a tão aclamada
camada de ozono, responsável pela absorção dos raios UltraVioleta (UV) proveniente do sol.
IONOSFERA: estende-se dos 50 aos 400Km. É uma camada ionizada devido ao seu constante
bombardeamento por partículas provenientes do sol. O grau de ionização varia no decorrer do
dia, sendo menos intenso no período noturno, por causa da ausência de radiação solar, o que
permite maior recombinação de partículas. A ionosfera é dividida em três camadas: D, E e F,
de acordo com a altitude em relação à superfície terrestre.

Figura 18. PROPAGAÇÃO DA ONDA ELECTROMAGÉTICA NA ATMOSFERA TERRESTRE

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Figura 19.

A OEM ao propagar-se na atmosfera terrestre, fica classificada no modo que vemos na figura
19. Esses tipos de Onda, dependem para surgir, da frequência do sinal, do tipo de antena, do
modo como a antena esta colocada (angulo de elevação da antena), das características das
camadas troposféricas e ionosféricas e também do tipo de enlace utilizado.
• Onda Ionosférica;
• Onda troposférica;
• Onda terrestre;
• Onda de superfície;
• Onda espacial.
ONDA IONOSFÉRICA: utiliza a ionosfera como meio natural ionizado para a reflexão das
ondas de rádio dentro de certos limites de frequência e angulo de elevação da antena. Essa
propagação tem o comportamento de uma OEM que se incide num gás ionizado.

Figura 20. Onda ionosféra

Ondas Espaciais (ionosféricas ou indirectas): onde o princípio da propagação encontra-se na


reflexão da onda nas camadas ionosféricas. Propagam-se à frequências que variam de 3MHz a
30MHz (HF).
ONDA TROPOSFÉRICA: é um tipo de OEM que é reflectida ou refratada na troposfera
segundo a variação do índice de refração de sua camada, encurvando o sinal devido a não
homogeniedade do índice. Figura 20.

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Figura 20. Onda troposférica

ONDA TERRESTRE: apresenta-se no meio de duas formas: Onda terrestre de superfície e


como Onda terrestre espacial.
ONDA TERRESTRE DE SUPERFÍCIE: é uma OEM que ao propagar-se acompanha os
contornos da terra, fazendo com que o campo eléctrico resultante seja inclinado em relação à
superfície terrestre, devido as perdas de potência do sinal na crosta terrestre em função da
permissividade relativa e uma condutividade finita da superfície. Figura 21.

Figura 21. Onda terrestre de superfície.


Ondas Terrestres: onde a superfície da terra se comporta como um condutor para a onda
electromagnética. Propagam-se à frequências inferiores a 3MHz (VLF, LF e MF).
ONDA TERRESTRE ESPACIAL: é um tipo de Onda que ao propagar-se, chega a antena
receptora por intermédio de reflexões sucessivas ou por visada directa (existe linha de vista
entre as antenas Tx e Rx). Figura 22.
É uma OEM que se deve à difração ou reflexão da OEM no meio, sendo resultado da onda
direita mais a onda reflectida. Ela é característica em enlaces de sistemas simples ou radio-
enlaces.

Figura 22. Onda terrestre especial.

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Ondas Directas (troposféricas ou em visada directa): onde a propagação se dá como um feixe
de luz , apenas em linha recta, sujeita aos fenómenos de reflexão, difracção e absorção em
obstáculos. Propagam-se à frequências superiores a 30MHz (VHF, UHF e SHF).

Fig.23. Propagação de ondas

A onda espacial aproveita a constituição da atmosfera terrestre para efetuar a propagação,


principalmente na ionosfera. Para frequências na faixa de VLF (3kHz a 30kHz), a constituição
da ionosfera comporta-se como um espelho para a incidência de OEM, reflectindo-as de forma
praticamente perfeita.

Figura 24. Composição da atmosfera

PROPAGAÇÃO NO ESPAÇO EXTERIOR


Neste tipo de propagação, o angulo de elevação da antena que irradia o sinal é tal, em relação
à superfície terrestre, que o sinal consegue ultrapassar a camada ionosférica, penetrando no
espaço exterior. Ele é usado normalmente para a transmissão via satélite.

O satélite de órbita mais baixa, encontram-se em altitudes próximas de algumas centenas de


kilómetros enquanto que os de altitude mais alta encontram-se na ordem das dezenas de
milhares de km.

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Aplicações das ondas segundo a sua classificação e bandas de frequência em sistemas de
radiocomunicações.
Banda Modo de Intervalo típico Tempo de Utilização típica
propagação disponibilidade
Guias de ondas Toda hora Radionavegação
VLF terra ionosfera serviço móvel
marítimo
Onda >1000 Km (sobre Toda hora Frequências
LF
superfície a água) padrão
Onda de Distâncias curtas Toda hora Radiofusão
superfície (<100 Km)

MF
Distâncias longas
Noite
(>500 Km,
Onda
sujeita a Radiofusão
ionosferica
desvanecimento)
Onda
ionosferica
(3-8 MHz)
<300Km Dia Serviço fixo
(3-12 MHz)
HF >500Km Noite Serviço moveis
(3-25 MHz)
>500Km Dia Radiofusão
Onda de
Distâncias curtas. Toda hora
superfície
(<100Km)
(3-30 MHz)
Onda especial Versão direta Serviços moveis
Radiofusão e TV
(troposférica) (50 Km)

VHF Toda hora


Radio navegação
Dispersão
servição fixo.
ionosferica
2000Km
(f<50MHz)
Onda especial Versão direta Serviços fixo
(radio enlaces)
(troposférica) (40 Km)
Serviços moveis
UHF
Radiofusão TV
600Km
Radiolocalização

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Dispersão Serviço fixo.
ionosferica
(f>500MHz)
Serviço fixo
(radioenlances
terrestre)
Onda especial Versão direta
SHF
(troposférica) (40Km) Telecomunicações
e radiofusão por
satélite
Radionavegação.

1.6. Espectro electromagnético.


O comprimento de onda (λ), e a frequência (f), de uma onda harmónica não podem variar
independentemente, pois estão relacionados por λ*f = c. Dada a frequência ou o comprimento
de onda, é possível classificar a onda dentro do espetro eletromagnético e determinar as suas
propriedades. O valor máximo dos campos determina a intensidade, mas não a classificação no
espetro. As ondas eletromagnéticas cobrem um espectro extremamente amplo de
comprimentos de onda e frequências, abrangendo desde as transmissões de rádio e TV, à luz
visível, que ocupa uma pequena faixa dentro do amplo espectro eletromagnético, a radiação
infravermelha e ultravioleta, os raios X e os raios gama. Na figura 2, temos a representação do
Espectro Eletromagnético.
O espectro eletromagnético é o intervalo completo de todas as possíveis frequências da
radiação eletromagnética. O espectro eletromagnético se estende desde as ondas de baixa
frequência, ondas de rádio, até as de maior frequência como as da radiação gama.

Podemos observar na Figura 2: Espectro Eletromagnético que apesar da grande diferença nos
seus usos e meios de produção, através do sentido da visão vemos apenas um pequeno
segmento desse espectro, o que chamamos de luz visível. Mesmo com diferenças no
comprimento de onda (𝜆) e na frequência (𝑓) trata-se de ondas eletromagnéticas com a mesma
velocidade de propagação (no vácuo) 𝑐 = 299.792.458 𝑚/𝑠. Confira quais são os tipos de ondas
eletromagnéticas e descubra como elas estão presentes em nosso cotidiano:
• Ondas de rádio: apresentam a menor frequência entre as ondas eletromagnéticas e,
consequentemente, o maior comprimento de onda. São comumente usadas para

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transmissão de sinal de televisão, rádio e celular. As frequências correspondentes às
ondas de rádio estendem-se entre 3 kilohertz (3 kHz ou 3.10³ Hz) e 300 giga-hertz (300
Ghz ou 300.109 Hz).
• Micro-ondas: têm frequência um pouco maior que as ondas de rádio, são bastante
usadas nas telecomunicações (no wi-fi, por exemplo) e também em radares que captam
a velocidade de veículos em movimento. Os micro-ondas operam em frequências de
0,3 GHz até 300 GHz, intervalo equivalente às faixas UHF, SHF e EHF.
• Infravermelho: apresenta frequência pouco inferior à da luz visível, esse tipo de onda,
também conhecido como onda de calor, é capaz de aumentar a agitação térmica de
átomos e moléculas. Quando nos aproximamos de uma fogueira e sentimos o seu calor,
parte da energia transmitida para nós vem em forma de radiação térmica, transportada
pelas ondas de infravermelho.
• Luz visível: é aquela que pode sensibilizar os olhos dos seres humanos, uma vez que
existem animais capazes de enxergar diferentes tipos de ondas eletromagnéticas, como
o infravermelho e o ultravioleta, por exemplo. A luz visível compreende uma estreita
faixa de comprimentos de onda no espectro eletromagnético, entre 700 nm e 400 nm
(nanômetros = 10-9 m).
• Ultravioleta: é considerada uma radiação ionizante, isto é, durante a sua interação com
a matéria, ela é capaz de arrancar elétrons dos átomos, causando danos a moléculas
importantes, como aqueles presentes no DNA das células epiteliais. Devido à sua
capacidade ionizante, a radiação ultravioleta é usada na esterilização de utensílios
médicos, por exemplo.
• Raios x: são ondas eletromagnéticas ionizantes com grande poder de penetração. Esse
tipo de onda é capaz de atravessar diversos tipos de tecidos, graças ao seu pequeno
comprimento de onda. São largamente utilizadas em exames de imagens, como
radiografia e tomografia.
• Raios gama: são as ondas eletromagnéticas de maior frequência em todo o espectro
eletromagnético, podem ser obtidas em reações nucleares e durante a aniquilação de
pares (quando há contato entre matéria e antimatéria). No entanto a maior parcela de
raios gama que incidem sobre a Terra tem origem em estrelas, como o nosso Sol. Esse
tipo de radiação é extremamente penetrante e possui grande capacidade de ionização.

Referência Bibliográfica da disciplina:


1. J. M Hernando Rabanos “Transmisión por Radio”
2. Pozart. “Microwave Engineering”. Editado en el ISPJAE.
3. E.C.Jordan y Balmain. “Electromagnetic Waves and Radiating Systems. Ed. Rev.
4. Eraldo Damosso. “Digital Mobile Radio Towards future generation systems, COST 231
Final report.”
5. Roberto Jiménez Hernández. “Fundamentos de la Ingeniería Electromagnética”

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