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Geometria Analítica

Plano
1. Equação geral do Plano
Seja 𝐴(𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 ) um ponto pertencente a um plano 𝜋 e 𝑛 = (𝑎, 𝑏, 𝑐), 𝑛 ≠ 0, um vetor normal (ortogonal)
ao plano.
Como 𝑛 ⊥ 𝜋, então 𝑛 é ortogonal a todo vetor representado em 𝜋. Então, um ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧) pertence a 𝜋
se, e somente se, o vetor ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝑃 for ortogonal a 𝑛, isto é
⃗⃗⃗⃗⃗ = 0
𝑛. 𝐴𝑃
𝑛. (𝑃 − 𝐴) = 0
(𝑎, 𝑏, 𝑐). (𝑥 − 𝑥1 , 𝑦 − 𝑦1 , 𝑧 − 𝑧1 ) = 0
𝑎(𝑥 − 𝑥1 ) + 𝑏(𝑦 − 𝑦1 ) + 𝑐(𝑧 − 𝑧1 ) = 0
𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 − 𝑎𝑥1 − 𝑏𝑦1 − 𝑐𝑧1 = 0
Fazendo −𝑎𝑥1 − 𝑏𝑦1 − 𝑐𝑧1 = 𝑑, tem-se
𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0

Exemplo: Obter a equação geral do plano que passa pelo ponto 𝐴(1,2,5) e tem 𝑛 = (−2,4,1) como vetor
normal.
Solução:
Substituindo as coordenadas do vetor normal ao plano, tem-se
−2𝑥 + 4𝑦 + 𝑧 + 𝑑 = 0
Se o ponto A pertence ao plano, suas coordenadas verificam a equação do plano, isto é
−2. (1) + 4. (2) + 5 + 𝑑 = 0
−2 + 8 + 5 + 𝑑 = 0
𝑑 = −11
Logo, a equação do plano é
−2𝑥 + 4𝑦 + 𝑧 − 11 = 0
Para descobrir pontos pertencentes ao plano, basta atribuir valores arbitrários a 2 variáveis e calcular a outra
variável. Por exemplo, no plano anterior, para 𝑥 = 3 e 𝑦 = 1, tem-se:
−2. (3) + 4. (1) + 𝑧 − 11 = 0
−6 + 4 − 11 + 𝑧 = 0
𝑧 = 13

2. Equação Vetorial do Plano


Seja 𝐴(𝑥0, 𝑦0 , 𝑧0 ) um ponto pertencente a um plano 𝜋 e 𝑢 = (𝑎1 , 𝑏1 , 𝑐1 ) e 𝑣 = (𝑎2 , 𝑏2 , 𝑐2 ) dois vetores
paralelos a 𝜋, porém, 𝑢 e 𝑣 não paralelos. Para todo ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧), os vetores ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝑃 , 𝑢 e 𝑣 são coplanares.
Um ponto 𝑃 pertence a 𝜋 se existem números reais ℎ e 𝑡 tais que
𝑃 − 𝐴 = ℎ𝑢 + 𝑡𝑣
Ou
𝑃 = 𝐴 + ℎ𝑢 + 𝑡𝑣
Ou
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥0, 𝑦0 , 𝑧0 ) + ℎ(𝑎1 , 𝑏1 , 𝑐1 ) + 𝑡(𝑎2 , 𝑏2 , 𝑐2 )
Os vetores 𝑢 e 𝑣 são os vetores diretores do plano 𝜋.

Exemplo: Escreva a equação vetorial do plano que passa pelo ponto 𝐴(1,5,3) e é paralelo aos vetores 𝑢 =
(−3,4,2) e 𝑣 = (5,2,1)
Solução:
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (1,5,3) + ℎ(−3,4,2) + 𝑡(5,2,1)

3. Equação Paramétrica do Plano


Da equação vetorial do plano, obtem-se:
(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) + (𝑎1 ℎ, 𝑏1 ℎ, 𝑐1 ℎ) + (𝑎2 𝑡, 𝑏2 𝑡, 𝑐2 𝑡)

(𝑥, 𝑦, 𝑧) = (𝑥0 + 𝑎1 ℎ + 𝑎2 𝑡, 𝑦0 + 𝑏1 ℎ + 𝑏2 𝑡, 𝑧0 + 𝑐1 ℎ + 𝑐2 𝑡)
Pela condição de igualdade, tem-se:
𝑥 = 𝑥0 + 𝑎1 ℎ + 𝑎2 𝑡
{ 𝑦 = 𝑦0 + 𝑏1 ℎ + 𝑏2 𝑡
𝑧 = 𝑧0 + 𝑐1 ℎ + 𝑐2 𝑡

Exemplo: Escreva a equação paramétrica do plano que passa pelo ponto 𝐴(1,5,3) e é paralelo aos vetores
𝑢 = (−3,4,2) e 𝑣 = (5,2,1)
Solução:
𝑥 = 1 − 3ℎ + 5𝑡
{𝑦 = 5 + 4ℎ + 2𝑡
𝑧 = 3 + 2ℎ + 𝑡
Para descobrir pontos pertencentes ao plano, basta atribuir valores arbitrários a ℎ e 𝑡Por exemplo, para ℎ =
5 e 𝑡 = 2:
𝑥 = 1 − 3. 5 + 5 . 2 = −4
{𝑦 = 5 + 4 . 5 + 2 . 2 = 29
𝑧 = 3 + 2 . 5 + 2 = 15
Portanto, (-4, 29, 15) é um ponto do plano.
Exemplo: Escreva a equação geral do plano que passa pelo ponto 𝐴(1,5,3) e é paralelo aos vetores 𝑢 =
(−3,4,2) e 𝑣 = (5,2,1)
Solução:
−3 4 2
Vetor normal: 𝑢 × 𝑣 = | | = (0,13, −26)
5 2 1
0𝑥 + 13𝑦 − 26𝑧 + 𝑑 = 0
Como 𝐴(1,5,3) pertence ao plano, tem-se:
13 . (5) − 2. (3) + 𝑑 = 0
𝑑 = −59
Então
13𝑦 − 26𝑧 − 59 = 0
Casos particulares da Equação Geral
A equação geral de um plano é 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐𝑧 + 𝑑 = 0.
Seja o plano 3𝑥 + 4𝑦 + 2𝑧 − 12 = 0.
Dividindo tudo por 12, tem-se:
𝑥 𝑦 𝑧
+ + =1
4 3 6
Então, o plano intercepta os três eixos coordenados em (4,0,0), (0,3,0) e (0,0,6).

a) Se tivéssemos 𝑑 = 0, a equação do plano seria


3𝑥 + 4𝑦 + 2𝑧 = 0
e representaria um plano paralelo ao plano original, porém, passando pela origem (0,0,0). Verifique que
essas coordenadas satisfazem a equação do plano.

b) Se tivéssemos 𝑎 = 0, a equação seria


4𝑦 + 2𝑧 − 12 = 0
E representa um plano paralelo ao eixo dos 𝑥, interceptando os outros dois eixos
ainda em (0,3,0) e (0,0,6)
Observe que nenhum ponto do tipo (𝑥, 0,0) satisfaz a equação do plano. Veja:
0. (𝑥) + 4. (0) + 2. (0) − 12 = 0 é falso
Isso significa que o plano não tem ponto em comum com o eixo dos 𝑥, portanto,
só pode ser paralelo a ele.
Conclui-se então que o plano é paralelo ao eixo da variável ausente na equação.
Se em 4𝑦 + 2𝑧 − 12 = 0 o 𝑑 fosse igual a 0, o plano seria
4𝑦 + 2𝑧 = 0
E seria um plano pela origem.
Se 𝑏 = 0, o plano seria 3𝑥 + 2𝑧 − 12 = 0 e o plano seria paralelo ao eixo dos 𝑦.
Se 𝑐 = 0, o plano seria 3𝑥 + 4𝑦 − 12 = 0 e o plano seria paralelo ao eixo dos 𝑧.

c) Se tivéssemos 𝑎 = 𝑏 = 0, a equação seria


2𝑧 − 12 = 0
Ou
𝑧=6
Se todos os pontos deste plano tem coordenada 𝑧 = 6, significa que todos os pontos estão distantes 6
unidades do plano 𝑥𝑂𝑦.
Conclui-se que qualquer plano da forma 𝑧 = 𝑘 representa um plano paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑦.

Assim, 𝑦 = 𝑘 representa um plano paralelo ao plano 𝑥𝑂𝑧. E Assim, 𝑥 = 𝑘 representa um plano paralelo
ao plano 𝑦𝑂𝑧.

Ângulo entre dois planos


Sejam dois planos 𝜋1 e 𝜋2 com vetores normais 𝑛1 e 𝑛2, respectivamente.
O ângulo entre esses dois planos é o menor ângulo que o vetor normal 𝑛1 forma com o vetor normal
𝑛2. Sendo 𝜃 esse ângulo, tem-se:
|𝑛1 . 𝑛2 | 𝜋
cos 𝜃 = , 0≤𝜃≤
|𝑛1 ||𝑛2 | 2
Exemplo: Determinar o ângulo entre os planos
2𝑥 + 4𝑦 − 𝑧 + 10 = 0 e 𝑥 + 3𝑧 = 15
Solução:
𝑛1 = (2,4, −1), 𝑛2 = (1,0,3)
|2 . 1 + 4 . 0 + (−1). 3| 1
cos 𝜃 = = = 0,069006
√22 + 42 + (−1)2 . √12 + 02 + 32 √21. √10

𝜃 = 𝑎𝑟𝑐 cos(0,069006) = 86,04𝑜

• Planos perpendiculares: 𝑛1 . 𝑛2 = 0

Interseção de dois planos


A interseção de dois planos não paralelos é uma reta. Uma maneira de se determinar a reta que é a interseção
dos dois planos é resolvendo um sistema formado pelos dois planos.
Por exemplo:
𝜋1 : 5𝑥 − 𝑦 + 𝑧 − 5 = 0
𝜋2 : 𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 − 7 = 0
5𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5
{
𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 7
5𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 5
{
6𝑥 + 3𝑧 = 12
𝑧 = 4 − 2𝑥
5𝑥 − 𝑦 + (4 − 2𝑥) = 5
𝑦 = −1 + 3𝑥
Logo, a solução é
𝑦 = −1 + 3𝑥
{ que são as equações reduzidas da reta de interseção entre os dois planos.
𝑧 = 4 − 2𝑥

Interseção de Reta com Plano


Exemplo: Determinar o ponto de interseção da reta 𝑟 com o plano 𝜋, onde
𝑥 = −1 + 2𝑡
𝑟: { 𝑦 = 5 + 3𝑡 𝜋: 2𝑥 − 𝑦 + 3𝑥 − 4 = 0
𝑧 =3−𝑡

Qualquer ponto da reta é da forma (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (−1 + 2𝑡, 5 + 3𝑡, 3 − 𝑡). Se um deles é comum ao plano,
suas coordenadas verificam a equação do plano, então:
2(−1 + 2𝑡) − (5 + 3𝑡) + 3(3 − 𝑡) − 4 = 0
−2 + 4𝑡 − 5 − 3𝑡 + 9 − 3𝑡 − 4 = 0
−2𝑡 − 2 = 0
𝑡 = −1
Substituindo este valor na reta, tem-se:
𝑥 = −1 + 2. (−1) = −3
𝑦 = 5 + 3. (−1) = 2
𝑧 = 3 − (−1) = 4
Logo, a interseção do plano com o reta é o ponto (-3, 2, 4).

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