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Conecko Eoucacko POs-Cxiric Goordenadores: Tome Tadeu daSilva Pablo Gea = Genero, sexuaidadeeeueag to “Gaara Lopes Louro Tiberdadesreguladas~A pedagosiaconsrvsta eoutras formas de overna do ew ‘Toone Tad da Siva (re) = Imagens do outro Sore Larosa e Nuria Prez de Lara efaifcao do consenso~Sinalacro © impos na reforma educa ional do neotbertismo Pablo Geni topics provsérias~ As pedagglas cries num cendro pés-colonial Peter MeL en dentdade e dierenca—A perspectiva dos Estudos Caltrais “Tomas Tew daSilva ore). pedagogies erica esbjetvagdo uma perspectiv fowcauttana Maria Manuela Alves Gaia ‘Dados Internaconss de Catalogago na Publica (CTP) "Cimara ancien do Line SP, Bras) ‘Geni Pablo AA, “A falsncago do consenso: simulcr eimpesionarefoma edaco- atdoncolieaismo/ Pablo Gent ~ Papel RD: Vos 1998 ‘ibografia IsAN £52262055-8 1 Educago Aspect econdmicos~ Amica Latina 2 Esco ¢ pide Arca ne Liberal - Area Latina Reforma 0 eee Amica Latina Til, To: Saco eimposgio ma forma sdcasonal do neler. 983607 cop.370.12008 Tes pra catalogs sistem: 1. América Latina Netra eer ‘aacalcoal Edacagio 37012098 2. Amica Latina Reforma educacional © eolheralisma = Edsoyao 670 12098 A FALSIFICAGAO DO CONSENSO Simulacro ¢ imposigao na reforma educacional do neoliberalismo 3 Baligio y EDITORA Y vores 0 Consenso de Washington e a crise da educagao na América Latina* Desde o inicio dos anos setenta — tendo como marco de origem a ditadura militar imposta no Chil, logo apés a queda do governo constitucional de Salvador Allende -, 0 programa de reformas desencadeado pelo neolberalisino na América Latina expandiu-se progressivamente a quase todos os paises da regilo. Por um lado, a frig institu- ionalizagio que marcou a transigio para a democracia naquelas nagSes que superavam a traumtica experiéncia de longas ditaduras, e, por outro, as peculiardades de regimes politicos democriticos de caritertutlare com alto rau de corrupgio nos poucos paises que nio enfrentaram governos defacto durante esse periodo,constituiram fatores propicios para a expansio do neoliberalismo na América Latina’. A poderosa hegemonia que foi aleangando esse projeto acabou de eristalizar-se durante os anos oitenta, a partir da aplicagio de um conjunto de reformas orientadas Para garantir um rigoroso programa de ajuste econdmico ‘como produto da chamada erise da divida. A ortodoxia £0 Consens de Washington eo crv ecaconal a Andria Latine ter io bla na Resist rchiplagy~ Cuadernos de CricdelsCaltars, 29, 1957, Made primeira parte dele finda no epi do ire Escola Sc. Ours sinha quon pede no mercado educaciona do neoliberal: "Neciberalisna ‘idea: manual do susie" (CNTE, 1995, 8 neoliberal promovida pecs organismos Fnanceirsinterna- clonais, especialmente o Banco Mundial eo Fando Mone tirio Internacional, fol sssumida peas elites politics © ‘econémicas locals como atinica rectta vida para super © deft pablicoe estaba as convulsionaaseconamias darter Esse niclo de doutinas asi ema a etc {que pretende darthessusentagioe leita dscusiva undu-se nam apaentescordo global qe ft penetra capilarmente no senso comum das administragdes gover ments latino-americana Os meios acadonicos jor Isticos popularizaram esse conjunto de propostas © Aliscursos como 0 Gonsent> de Washington. se subj nas dlecsdes politica de um eonjunt de adminisragts gover amentals qu, além da su heterogénea race login, tém api um mesmo eeetto para ce superar os desafios dense ‘Acapressio Washington Consensus ft usa pela pe ‘meiravezor Jon Willanson, pesquisadr do stitute for ntematioal Economies, am dos mai clebes think tanks norte-amerianos’ O programa de auste¢ estabiizagio proposto no marco deste ‘consenso inci des tips espe: teas de reforma que, como asinala Willamson, foram {quase smpreamplementaos com intensidade pels gover tos latino-amercans «pati da década de tent disc plina fiscal redefiniio ds proridades do gasto pablo, ‘eforma tba, Herat do seo financeto; man tengio de tas de cimbio competitvas;iberalizagio co mercial atragio das apliagoes de capital estrangeiro Prvaieagio de empress etal, dcsrepalagt da cone ‘na: protegio de direitos aitras (Portela ih, 1998). Avalidade dessa formula fo questionadaediscutida por numerososautores No ensanto, qualquer esto comp tivo medianamenterigoos sabre as politics pics nos Iisesltino-americanos ro apenas justificao aso desse “ ‘conceto, mas também demonstra anecessidade de ampliar seu alcance para alm dos linites nos quas habitaalmente cle esteverestrto. De fto, ainda que a expresso cunhsda ‘or John Williamson tenha slo sada quase que exclusiva mente para fizer referénciageral as poiticas de ajuste econdmico. épossvel defender a tee de que existe também tum Consenso de Washington no campo das politicas edu- ‘ecionas. sso pode nos pernitir reconhecer os dois aspec- tos articulados através dos quais o projeto neoliberal & ‘eiculado como construgio hegemdnia‘; revalorizando, a0 mesmo tempo, o papel ative que teve a constr de ‘ovo senso comuan teenocriteo na onentagio das polibeas spvernamentaisimplementadss a Amica Latina .O chama- { do Gonsenso de Washington esume ambas as dimensbes: di ‘conta do progyana dereformasinsttuconaslevado aeabo (no ‘nosso caso especfico, a refoma educacional)¢, a0 mesmo tempo, da retrica praca pelos goveros que as impul- Sonam pretendem leyitins-las. O presente capitulo tata deste asinto, ‘© Consenso de Washington na educacao, (Os programas de establzagio e reforma econdmica plicados nos paises latino-americanos possiem, entre eles, ‘uma notivel homogeneidade. Essa caracterstica também pode sr identificada nas procostas de reformaeducacional Tevadas a ofeito na regio, al regularidade verfca-se na texpansio de um mesmo micleo de diagndsticos, propostas ‘eargumentos “ofciais”acereada rise educacional ede suas suport sas, asin come aa crcl © ne npc (diretoe indireto) que os dosumentos e “recomendagées’ do Banco Muni e do FMI tém na definiio das polticas ppablicas destinadas a esse setor Um novo senso comuan tecnocrtico também penetou capilarmente nos Ministé- tos da Educacio, orientando os diagndsticose as decises palit dos administadores do sistema escola A regula. ridadee semethanca entre a plitcas edvcacionais de- seavolvis nos diferentes paises da regio, para além e contra iferengasespetias de cada cso nacional, pas sou a Ser uma das earacteisticas mas destacaas das efor ‘mas esobres implementa durante os timos quinze ‘nos, Sendo asim, mouse cada vez mais die reconhe- cr alguna dvergénciasubstaniva ns ages ens discur- sos daqueles que-atualmenteorintam as proposts de muda sdvcacional na América Latina ‘Umaretria eum ncleo de peopostascomuns orienta 1s politics de juste implements ina eserebcaciona, © qual nic expresaoutra cosa eno aparticuaridade que sume oConsenso de Washington numa tea prortra cda reforma seca impulsonada pelo nesiberaismo. De fat, demos dizer que esse conju de diseursos, ets © roposassintetza que poder er dein com aforma reoiberal de pensive dlinear a refonna edacacional na ‘América Latina dos anos nowenta poste earacteriar © Consens de Washington em ‘cag tatand de responder aquatointemozes: Come ‘x nealibeasentendem a erie educaconal? Quem so, s- saundo su perspctvn, os seus culpados? Que estas ever sr deindas par sir de tl ere? Quem deve see consulta nessa perspec, so se pretende encanta wa solu pas problemas que escola enfentahente? “Total de espnde ess peng apeando para um cio que, apesar de eageradamente generalidor, pode os judara reconhecer a5 ears, o aspects bus 5 nielos comms invariants da politica edueaional na “Anica Latin, palm sepia. ‘Acris, Na perspectiva neoliberal sistemas ede coals laino-amerscanos enfrentam hoje, bascamente, um cise de inc, fs e proud, mals do he iacivefeuniogaleagh exo dstevs ecclos A expaie arden doar sda thems sognds mca do seul pods, spindo esc arpneni, se que msaenu si computa | Sous dng ene dos ese destinnds 30 Store sem um contol ef da prota lena dob inttes cists, Des irs nerpeteseque Se stoma nceinls tn-americanr eescera avant seman um consent “ras quali) 0 decaf da unvecalizgt, tnd lo ump acne cia de ums progres dete Suto da aula de nes de pout das Instoesxcaes Sis atin xa efi Abas st rola re de erence, dena _gement das politicas educacionais. Em suma, uma profunda Seee ude “eda molar, eats ee 3 epee {> Coxe db Ean pr stars pon ce “Bho, endo um atte geal d asistencia estat x= resese com ua oo cng ec Siva oe a aa shu cre do eran eaburertenaais “eto Este ‘Breros oan seg pectin. naar de sega denocatiagio medi teouces dca istuges emacs 0 meso tem elise prota gue devecrcerizar spats lags nas escola de quid “igus fundamentas mts penis qe se stendematods ocamp das polis soci os gpver0s flo apenas ora ncapane de assegurr qualidade a tia omnia cles so extrotrament inptos para Comba esas dus dni; b) a expansio do servos ‘Scans € um objetive i conqistado pr quate todos 1. sendo os indices de exclusio e dde marginalidade educacional uma expressio clara da falta de eficiéncia do sistema e nio de sua escassa univ salizagao; c) a possibilidade de combinar qualidade e quan- tidade com critérios igualitirios e universais 6 uma falsa promessa dos estados interventores e populistas Na perspectiva neoliberal, a perniciosa penetracio da politica na esfera educacional produzi. um contaminante feito improdutive que se constitui na causa fundamental dos males que assolam a escola. A politica apoderou-se do ‘espaco escolar, ao reconhecer que esse espago deveria fun- cionar como um ambito fundamentalmente piiblico e esta- tal. natureza pablica e © monopélio estatal da educacio conduzem, segundo essa perspectiva, a uma inevitivel ineficé- ‘competitiva da escola. Existe uma crise de qualidade por: nais latino-americanos nfo se que 05 sistemas educaci configuraram como verdadeiros mercados escolares regulados por uma légica interinstitucional, flexivel e meritocritica. A ‘escola esti em crise porque nea nio se institucionalizaram os aitérios competitivos que garantem uma distribuicio diferen- ial do servigo, que se fundamente no mérito e no esforgo {individual dos “usiudvios” do sistema, No seu imbito, nao fot testabelecido o necessirio sistema de prémios ecastigos, que rrecompensa ou pune as ages ¢ decisées individuais; em ‘suma, um sistema em que os “melhores” triunfam e 05 *piores” fracassam, Acrise de qualidade expressa, por outro lado, a incapa- cidade gerencial do Estado para administra os imensos © aparentemente ingoverniveis sistemas educativos nacio- inais. Trata-se de um complexo problema administrative cuja, solugio ndo requer um aumento de recursos, mas uma destinagio mais eficaz dos mesmos. Decorre disso que 0 governos neoliberais esforcam-se em enfatizar que a ques- tio central no esti em aumentar 0 orcamento edueacional, ‘mas em "gastar melhor”; que nfo faltam mais trabalhadores nna educagio, mas “docentes mais bem formados e capacita- dos”; que nao faz falta construir mais escolas, mas “fazer um tuso mais racional do espaco escolar”; que nao faltam mais alunos, mas “alunos mais responsiveis e comprometidos ‘com 0 estudo”. Com 0s mesmos recursos financeiros, a ‘mesma quantidade de professores e professoras, de alunos, de escolas ¢ de salas de aula, os governos neoliberais pro- rmetem fazer uma verdadeira revolugio educacional. Para {sso, dizem eles, precisa-se de uma condigio inevitivel promover uma profunda reforma administrativa que reco- _nhega que tio-somente o mercado pode desempenhar um papel eficaz na destinacio de recursos e na produgio da informacio necesséria para a implementacio de mecanis= ‘mos competitivos meritocriticos que orientem os processos de selecio e hierarquizagio das instituigbes escolares e dos “individuos que atuam nelas ‘Trata-se, enfim, de transferir a educagio da esfera da politica para a esfera do mercado, negando sua condigio de ireito social ¢ transformando-a em uma possibilidade de ‘constumo individual, variével segundo o mérito e a capaci ade dos consumidores, A educagio deve ser pensada como ‘um bem submetido as regras diferenciais da competicio. Longe de ser um direito do qual gozam os individuos, dada Fua condigio de cidadios, deve ser transparentemente es- abelecida como tuma oportunidade que se apresenta 105 individuos. empreendedores, aos. consumidotes “respon- ‘sivels". na esfera de um mercado flexivel ¢ dindmico (0 ‘mercado escolar). A reforma administrativa proposta pelo neoliberalismo orienta-se a despublicizar a educag transferi-a para a esfera da competicio privada, Redu A sua condigio de mercadoria, a educacao s6 deve ser pprotegida nio por supostos direitos “sociais", mas pelos direitos que asseguram o uso e a disposicio da propriedade » privada por parte de seus legitimes proprietirios. E nesse marco que se reconceitua a nocio de eidadania, mediante uma revalorizago da agio do individuo enquanto proprie- tério que elege, opta, compete para ter acess0 a (compat) 1m conjunto de propriedades-mercadorias de diferentes tipos, sendo a edueagio uma delas, O modelo do homem neoliberal éo cidadio privatizado, responsivel, dinimico- oconsuinidor’ Os culpados. Sendo assim, érelativamente fil avancar na identificagio dos culpados da crise, Dessa perspectiva, existem alguns responsaveis que, de forma direta ou indire= ta, atuaram promovendo ou aprofundando a dindmica im. produtiva da escola. Em primeiro hugar, € dbvio, o modelo de Estado “interventor” foi o principal culpado ¢ promotor dacrise hoje enfrentada pelas instituigdes educacionais, Por ‘outro lado, os grandes sindicatos~ especialmente as-orga hizagdes de trabalhiadores ¢ trabalhadoras da educagio ~ spesar de sua oposigio e resistencia is politicas governa- mentais, também sio identificados pelo neoliberalismo ‘como tum dos principais culpados da crise educacional. De fato, os sindicatos justamente exigiram, do Estado, aqui ue, na perspectiva neoliberal, gera a prépria crise: mais intervengio, aumento dos recursos, ertérios igualitirios, expansio da escola pablica, ete. Os governos latino-ameri- anos tiveram, nos sindicatos, um inimigo paradonal. Dessa “tica, a agio sndical, ao ter reafirmado (eexigido) a centra- lidade do Estado no planejamento e no delineamento das politicas educativas, transformou-se numa barreiraineviti- vel para.a modemnizacio dos sistemas escolares, assim como Iimpedi a transformagio dos mesmos num conjunto de 1mercados competitvos e flexives, No entanto, apressam-se a reconhecer os eficientes technopols do consenso neoliberal que a questio nio se cesgota a Se assim fosse, a simples reforma (ou destruicéo) do modelo de Estado populistwinterventor e a debilitagio das estratégias de resisténcia sindical garantiriam por si ‘mesmas o ambiente favorivel para uma melhoria da crise ceducacional enfrentada pelas nagbes latino-americanas Apesarde ques ditas condigoes jase produziram em alguns paises da regio, a rise nao parece estar em vias de ser solucionada a curto prazo. Ocorre, argumentam os experts alinhados nas hostes bancomundialistas, que existe um ter- cceiro grande culpado da crise educacional: a sociedade. Impor (ou “consensuat”, que na terminologia neoliberal quer dizer mais ou menos a mesma coisa) condigies de mercado que garantam uma competigio efetiva entre as instituigdes escolares eos atores que intervém nelas, supe im grande desafio cultural. O Estado de bem-estar cri, ‘pelo contrario, as condigbes de uma profunda indiseipi social, baseada na confianga que.a comunidade acabou “dlepositando nas falsas promessas que os proprios governos| formularam e que os sindicatos exigitam: a necessidade de cconstruir uma escola pablia, gratuita e de qualidade para todos. Perdendo-se o componente cultural que di sustento A competicio e ao éxito ou fracasso fundados em critérios Imertocriticos, perde-se inexoravelmente ~ dizem eles ~ a Gtica individualista que reconhece o valor do esforgo, da tarefa arduae constante, do amor ao dinheiro eo progresso material, aadmiragio aos vencedores, a satistacio espiritual ‘e material de ser tim vencedor na vida, ete, As soctedades latino-americanas nio cultivaram, aparentemente, esse tipo de principios éticos. Seu preguicoso coletivismo nio Ihes permitiu reconhiecero valor da cultura do trabalho; atitde fsa que terminow por delegar, num Estado falsamente paternalistaasolugio dos principas problemas que afligem vida diisia dos individuos. Acdiucacio, pensada como “capital humano” individual, deve ser um assunto que compete pura eexclusivamente cesfera das decisoes e escolhas privadas que cada um precisa assumir, com o objetivo de melhorar sua posicio relativa nos ‘mercado’. Sendo a educacio uma inversio cujo retomo ime: diato 6 fundamentalmente individual, a transferéneia, para 0 Estado, de tal responsabilidade © converte numa instincia Yinoperante ¢ faz do individuo irresponsivel e incompetente uuma das eausas mais evidentes da crise da escola © neoliberalismo privatiza tudo, inclusive 0 fracasso social. Ambos passam a ser considerados uma riivel dependente do conjunto de opcées individuais me- diante as quais as pessoas colocam em jogo, dia a dia, seu destino. Se a grande maioria dos individuos & responsive por tum destino nao demasiadamente gratificante é porque ainda io souberam reconhecer as vantagens que Ihes oferecem 0 _érito eoesforco, mediante os quais se tiunfana vida. Tem-se de competir,e uma sociedade moderna (“livre”) 6 aquela na {qual s6 0s melhores triunfa. Dito de maneira simples: escola funciona mal porque as pessoas no reconhecem o valor do Conhecimento e investem pouco em seu “capital humano”; (5 professores trabalham mal ¢ nio se atualizam, os alunos fazem de conta que estudam, quando, em realidade, perdlem tempo, ete. A sociedade no apenas sofre a erise da educa- 20. Ela também a produz ea reproduz. Assim, aret6rica neoliberal enfatiza que se deve descon- fiar da capacidade supostamente milagrosa do governo pa melhorara qualidade da escola. Semelhante tarefa depende muito mais do empenho e do esforco individual das pessoas «das familias do que das iniciativas que o Estado possa (ot ‘queira) implementar. Por outro lado, sendo a sociedade tam- ‘bém responsivel pela erise de produtividade do sistema edu- cativo, confiar que ele, como conjunto indiferenciado, possa formular eficazmente uma solucio viavel para esse proble- 'ma 6, na perspeetiva neoliberal, to ilus6rio quanto confiar que 0 governo o firs. Desconfiar do Estado e da sociedade dessa forma, © primeiro passo para reconhecer que transformacio da educagéo depende apenas da capacidade, da inventiva, do esforgo e do mérito incessante de cada indiv ‘duo (professores, alunos, pessoal nao docente, pais, ete.) para tmudar seu proprio trabalho, na sua propria escola. Trata-se de ‘um chamamento para que cada um “ocupe seu lugar” e niio cespere solugées milagrosas justamente por parte daqueles mbitos que criaram as condigées propicias para 0 desen- ‘volvimento da crise. Em suma,amudanca educacional deper de, aparentemente, de que “cada um faga o que tem de fazer” fe reconhoga a responsabilidade que teve com relagio a crise de qualidate da escola ‘As estratégias. O diagnéstico da crise a ident de seus aparentes responsiveis constituem 0 marco orie tador das estratégias que o neoliberalismo define para s peraraatual crise educacional, De fato, de tal perspectva Shir da crise supe desenvolver um conjunto de propostas em Hives macro e micrtnstitucionals mediante as quais sof possvel istitucionalizar o principio da competi que deve Tepular osistemaexcolar enquanto mercado edacactonal. Dols {gundes objetivos din coeréncineatravessa horizontaente tas estratégias a) anecessidade de estabelecer mecansmos de onto de qualidade (na amplaesfera dos stems eds: Slnais e, de modo especifice, até o interior das proprias “nstituigdes escolares), e b) a necessidade de articular © Subordinar a producao do sistema educacional as demandas que o mercado de trabalho formula”. O primeiro objetivo garante amaterializagiodos citados prinepios de mérto eda competigio. O segundo dé sentido testabelece horizonte das poitcasedicacionais, o mes- tno tempo em que permite precisar os citerios necessérios Dara avaliar a pertinéncia das propostas de reforma escolar. Eo mercado de trabalho que emite os sinals que devery orientar as decides em matéria de politica educacional. aavaliaco das insttuigées escolares eo estabelecimento de ‘rtérios de qualidade que permite dinamizar o sistema, mediante una lea de prémios e castigos que estimulam ‘4 produtividade ea eficgneia, no sentido antes destacad, limitado espago de que aqui dispomos no permite desenvolver de maneira espectica as caracteristcas ¢ ‘conteido que as estates devivadas desses objetivosas- Sumer, De qualquer maneira, & importante destacar que 4s propostas neoliberas combinam, duas locas aparente- mente contraditéris: a centralizacdo e a descentralizago, Geralmente enfatiza-se essa altima como a caracterstica Fundamental dos programas de reforma educacional promo= vidos pelo neolsberalismo, o que limita nossa compreensio cerita dos mesmo, De fato, por um lado, as politicas de ajuste edueacional ppromovidas pelo Consenso de Washington fundantentam- Se numa vigorosa descentralizagio de fancies ¢ respor sabilidades no fmbito edueacional: transferem-se as insttugbesescolares da jurediio federal praa province dessa, para aesfera municipal propde-se repassar os funds piiblicos para nfvels cada vez mais micro, evitando, asim, ‘A interferéncia “pemniciosa” do centralismo estatal; desarti: fulam-se 0s mecanismos unificados de neyoclacio com as ‘organizagies assocativas dos trabalhadores da educacio (Ginimica que tende a questionar a prépria validade das entidades sindicais, em nivel nacional e regional} lexbil- ‘zu-se as formas de contratagio e retribuigies salarias das ‘eategorias docentes. Mas, por outro lado e a0 mesmo tempo, Teva-se a cabo uma no menos poderosa estratégia centra- Tizadora, fundada: a) no desenvolvimento de programas nacionas de avaliagio dos sistemas educacionas altamente ‘centralzadlos em seu planejamento e implementa (bas ‘camente, provas de rendimento apliadas a populagioestu- ‘dant b) no planejamento hipercentralizado de veformas curiculres a partir das guns se chez a estbeleer 0 ‘SGmteidos asco deun Currie Nacional) naimple- Stentate de programas nacionais de forma de profess Te que peta a ainiaagio dos docentes, send ‘Dino cuir estabeleido na iad efor. Em sma, sada que onelberlo encontra para cre clucainal¢ produto dx combinago de uma dopa “igi contador edescentalizador:centalizgdo do Teetrle pedagigico fem nivel cucu, de avaliag do Sema ede formato de dacentes) edescetralizago dos ecanimos de financiaentoe esto do sistema. fOr “experts”. Quem, da perspectivaneolberl, deve ser consulta para poder superar a atual crise edvcacional? YPovleriamos coloear ammesina pergunta, ainda que deforma hegativa quem nio deve ser consultado? Em primeiro agar, quem descrevemos como seus aparentes culpados Enno, quem consultar? Obviamente, aos exitosos: 05 homens de negécio. (0 raciocinio neoliberal & nesse aspect transparent se 08 empresirios souberam triunfar na vida ~ isto 6, se ouberam desenvolver-se com éxito, no mercado @ 04 ‘st faltando, em nossas escolas,éjustamente competici, fquem melhor do. que eles para nos confiar os segredos ecessrios para triunfr?O sistema eduicacional deve conver- terse, ele mesmo, rim mercado, Asim, devem ser cons tados agucles que melhor entendem do mercado, para nos tjudarem a sair da improdutividade e da inefeséncia que Curacteriza as praticas escolares © que regulam a Vigica ‘otidiana das instituigesedcacionais,em todos 08 nives ‘Osempresirios nao apenas siohomens exitosos;além disso, les possuem dinheira, recurso certamente escasso nas Insitigées escolares, Se cada empresirio adotasse wna ‘escola, 9 sistema educacional melhoraria quase de forma Stntomtica, gragas aos recursos financelros que 08 “padi nos” distribuiriam e aos principios morais da quase magica « todo-poderosaflosofia da qualidade total que eles din- dlriam na comunidade escolar Aquestio, porém,ndo se esgota aqui, Em certo sentido, para os neoliberais, a crise resume-se num conjunto de problemas ténicos que também devem ser respondidos de ‘modo eficient. E assim que sai da erie presstptieconsul- tar os especialists téenicos competentes que dispem do saber instrumental necessiro para levar a cabo as citadas propostas de reform: “experts” em euriclo, em avaliagio, «em formagio de professores~ se édistinci, melhor ainda = especiaistas em tomada de decsbes com recursos excas- 50, sabich6es reformadores do Estado, intelectuaiscompe- tentes em redusio do gasto pablico, doutores em eficiéncia € produtividade, ete. Alguém, candidamente, poderia per. sauntar onde encontrar tanta gente. A resposta pole ser encontrada nos eorredores do Ministério da Edlcagto de qualquer govern latino-americano ligado ao referido Con- Senso: sio os organismos intemacionais (especialmente 0 Banco Mundial) 0s que aportam todo tipo de especialistas © “experts” nesses asuntos Numa era de globalizago do capital, também se globa- lizam os intelectuas a seu servic. Certamente, hi muitos indicios de que o célebre “con- senso” excede as duascalgadas da Rua 19, em Washington, nde serge ponents, 0 Banco Mundial eo Fado lonetirio Internacional globalizago dos techn dagheor 6 in tom explo dns, Newo jgy is Espanha entrou em campo. De fato, alguns “experts” es- ppanhéis souberam aproveitar muito bem as vantagens ccomparativas que oferece a globalizagio intelectual, trans- formando-se em consultores multiuso disponivels para qualquer tipo de reforma. Ao lado de seus excelentes pre= suntos, ligase azeitonas, Peninsula passou a exportar “homens pritices”,“fizedores de reformas”. Alguns exem= ‘Pos sio paradigmiticos (ou patéticos). Quem buscar alum, poderi encontri-lo no ex-coordenador da reforma curricu- lar espanhola: 0 Prof, Cesar Coll, que passou a ser a peda goziaibérica, o que Julio Iglesias & masica de exportagao. ‘A comparagio pode ser exagerada, ji que Julio Iglesias ‘munca se intrometew em assuntos de politica educacional, fem nenhium pais da América Latina. Ainda que sea verdade ‘que, em seu sitimo disco, 0 eélebre cantor espanhol mos- tot! uma boa dose de coragem ao entoar o que hi de melhor norepertério tangueiro, o psicélogo espanhol nao foi menos valente ao coordenar a elaboragio dos documentos de base do novo Curriculo Nacional (no Brasil, a versio terceiro- ‘mundista do Mare Curricular per a [Ensenyament Obliga- tori). Ambos, como nio poderia deixar de ser, desafinaram ‘nastuatentativa. Julio iglesias imprime, ao tango, a cadéncia ‘prépria de uma banda de carabineiros dealdeia. Cesar Coll, fo curriculo brasileiro, 0 mesmo psicotecnicismo, a mesma fscinagso plas mods lexicorifics © a mena desons- deracio pela realidade cotidiana das escolas, que earacte- rizou a no muito exitosa reforma educacional espanhola. Se é dificil imaginar Carlos Gardel interpretando uma zarauela, nio menos dificil 6 imaginar algum pedagogo Drasileiro, por mais competente que seja, coordenando a politica curricular do Departament d'Ensenyament de la Generalitat de Cataluiia, Nio pretendo fazer aqui, € claro, rnenhum comentario xenéfebo, nem um pré-julgamento™ smente, tratando de caractertzar uma tendén- © Consenso de Washington é uma conspiragao maligna (e exitosa)? Duas objegdes poderiam ser formuladas anise desen- volvida nas linhas precedentes: é excessivamente conspira- tica, 0 que invalidaria as premissas gerais que Ihe sustento; ¢ é irrealista, na medida em que nao reconhece ue, independentemente do “custo social” que gera, a or- dem promovida pelos technopols neoliberas é a tinica pro- ‘posta de reforma vivel, tendo em conta as péssimas condigées| econdmicas e politicas em que se encontram as sociedades latino-americanas, Mesmo quando taiseriticas podem ser formuladas de maneira conjunta e artculada, nio necessa- riamente se complementam. De fato, a primeira desearta 1nossos argumentos porque sustenta que eles pressupdem a ‘existéncia de uma aparente conspiragio intemacional, quando o que existe, na realidade, 6 0 estabelecimento de uma série de acordos estratégicos entre as nagées, orienta- dos para garantir © desenvolvimento econdmico, politico & cultural de um sistema capitalistajé defintivamente vito- oso, uma vez desaparecida a ameaga do comunismo. A segunda critica argumenta que, para além das evidentes assimetrias nas relagdes de poder e no sofrimento diferen- ‘fal dos “custos” que gera.a nova ordem mundial, uma boa dose de pragmatismo obriga a nio tratar de se opor iquilo ‘que demonstrou ser 0 nico caminho de éxito para eseapar dos labirintos da crise. Examinemos brevemente ambas as objecbes, Conspiragdo? Realmente, nio parece muito sério supor que as politicas neoliberais sejam planejadas por um red- ido grupo de malignos conspiradores durante uma partida de bridge. Isso 6 tio absurdo quanto supor que o Consenso de Washington expressa, de ato, um verdadero “comsenso”, ‘ow seja, 0 acordo undnime entre nagdes ou grupos que ‘negociam questdes de interesse comum. As nada diseretas f certamente pouco pacificas maneiras de persuasio que foram usadas na América Latina, para “impor” 0 citado| “consenso”,tém bastante pouco a ver com aquilo que geral- ‘mente denominamos sob esse nome. Sea hipétese da cons- piragio ¢falsa, no é menos falsa a confianga daqueles que Suspeitam de que o triunfo do capitalismo tenha trazido consigo a difusio de uma série de certezas universais que podem assentar as bases de um acordo global orientado a garantir 0 desenvolvimento dos povos. Longe de qualquer tipo de conspirativismo, 0 que © Consenso de Washington sintetizaéahegemonia neoliberal no contexto de um capitalismo globalizado, Esse, como todo processo hegemdnico, nio se reduz apenas & construgio de ‘uma politica de consentimento, mas também a uma pode- ‘de coergio” A centralidade eo destaque que os organisms fi 10s internacionais foram conseguindo no cenério mundial durante os atmos anos ~ especialmente o impacto que a ‘agio dos mesmos teve sobre os pafses do Terceito Mundo — ‘constitus uma das caracteristicas mais evidentes dessa nova hhegemonia, De fato, o Banco Mundial, 0 Fundo Monetirio Internacional e, no ¢ampo regional, 0 Banco Interamerica- 1no de Desenvolvimento nao se limitam a desempenhar as tarefas proprias de simples agéncias de crédito, mas exer- ‘cem atualmente uma fungio politico-estratégica findamen- tal nos processos de ajuste e reestruturacio neoliberal que testio sendo levados a cabo em nossos paises. Tals instil ‘goes sio, além disso, uma poderosa e pouco dissimulada Ferramenta de pressio a servigo da politica exterior norte americana, que tende a garantir e perpetuar a hegemonia politico-militar dos Estados Unidos, na configuragio do ‘novo cenario mundial que se seguin ao fim da Guerra Fria (Os paises latino-americanos constituem um exemplo celogitente da intervengio direta que esses organismos exer- ‘com em assuntos de politica econémica doméstica, assim ‘como na promogiio (ou obstaculizacio) de certas propostas legislativas ou de profundas reformas constitucionais; de sua ativa, ainda que nem sempre transparente, ingeréncia nas relagdes internacionais dos paises da regio; do papel importantfssimo que ambas as instituigées desempenham no planejamento das politicas sociais implementadas (ou no implementadas) pelos governs locais, ete. Especialmente, partir da década de oitenta,e desde aintrodugio dos chama- dos programas de ajuste estrutural (SAPs ~ Structural Ad- justinent Programmes), ambas as instituigbes exerceram wim forte cariter tutelar sobre as economias latino-americanas, Arigor, as fronteiras entreo Banco Mundial eo FMI diluiram- se como resultado da aplicagio do ajuste promovido por esses onganismos, com 0 objetivo de garantir, mais para ki de toda ret6rica, 0 pagamento da divida externa (a qual — ‘como demonstrou elogiientemente Alfredo Caleagrio con- tinua sendo tio inesgotivel e eterna quanto a divida que a inocente Eréndira mantinha com sua desalmada av)". Esse proceso intensificou o sentido intervencionistae con- dicionante de ambas as instituigbes na politica intema dos pats latino-americanos, especialmente no que dizrespeito As politicas sociais implementadas na regio". Com relagio a esse diltimo aspecto, duas questies me- recem ser aqui destacadas, Primeiro, a pressio exercida pelos organismos financeiros internacionais para uma dris- tica redugao do supostamente elevado gasto piblico social nos paises da América Latina". A possibilidade de renego- ciagao da divida e a captagio de novos empréstimos estive- ram, entre outros fatores, diretamente vinculadas ao imperativo (ou, se preferirmos, a chantagem) de limita, a0 extremo, a intervencio dos governos na esfera das politicas sociais. Da mesma maneira, a reducio do gasto piblico tem sido acompanhada pela implementagio de um rigoroso programa de privatizagées, nio s6 das empresas produtivas do Estado, mas também do sistema de seguridade e bem estar social e de uma progressivatransferéncia, as usuarios, dos eustos vinculados a0 seu financiamento. A educacio, nnesse marco, fot um dos stores mais fortemente submeti= dos a0 ajuste desencadeado por tas politicas™. Por outro lado ~ e em segundo Iugar -, & importante destacar que 0 papel exercido pelo Banco Mundial e pelo FMInoplanejamentoe implementacio das politica socials tem se caracterizado por duas tendéncias associadas: 0 instrumentalismo das propostas setoraislevadas a eeito © ‘econdicionamento dos limites edo conteido que tas politeas [podem terno contexto do complexo processo de reestrituraco ‘Promovido por tis organisms. Oinstrumentalismo expressa- Sena subordinacio da politica social a dindmica mais ampla da ‘Togica econmica, tendo, como objetivo central, tratar de dar ‘apoio, respaldo elegitimidadle aos programas de ajuste", As iticas Socias so assim pensadas como um componen- “Fe indisohivel dos processos de reestruturagso econdmica ig cari dh Gc de uaa camo 10 hnismo tecnocritico, Todo assunto referente a questoes dle ica social ~ entre eles, a reforma escolar ~himita-se da ligica custo-beneficio e A énfase na necessi- de considera, como priortiria, a obtengio, de uma ‘rescente taxa de retomo dos recursos investidos”.O con- mento dos limites e do contesdo da politica social fexpressa-se no protagonismo que tas instituigbes desempe- inharn no financiamentodireto ecrescente de certos progza- ‘mas setoriais desenvolvidos na regiao, Mesmo quando esse financiamentoé assumido de forma direta pelo Banco Mu ial e pelo BID, o FMI exerce um papel central no estabe- Sti as tocondistes nocessirias para a ecrovaclo dos recursos a serem investidos. Como bem observa Maria tris do véu da “cooperagio" © da “assisténcia técnica’ tata-se de volumosas somas de dinheiro que passam a engrossar a inesgotivel divida externa dos pafses do Tercei- ro Mundo, e cuja inversio esti submetida a um rigoroso controle ideol6gico que define o contetido e 0s limites dos projetos implementados"". A cada vez mais intensa canali- zagio de crétos para a rea social, especialmente para area ‘educacional, nio pode ser entendida fora desse contexto™, Obviamente, os organisms financeiros internacionais rio si0 0 To Sam que impoe sua vontade arbitra e impla Civel aos inocentese sempre bondosos governos ltino-+- imericanos que defendem o interesse do povo. Aocontranio, esses tims tem sido, tanto emsua verso ditatorial quanto Constitucional e salvo muito raras excegbes, tuma engrena- gem central na aplicagio do rigoroso ajuste neoliberal im plementado na regio. O Consenso de Washington Constrd-se, inogivelmente, para o interior das fronteras hacionais, desempenhando, esse processo, um papel fun- damental os grupos dominantes locais. Nesse sentido, & {importante destacar que a implementagio e a legtimagso dos prinespios e propostas que definem o ajuste neoliberal _nlo.s6-enontram hase de apoio nas elites econdmic, politieaseculturais latio-amerieanas, as que elas sio, em NTimesmas, parte consitutiva e indisoldivel na construgio dessa nova hegemonia. O Consenso de Washington nio tem, em tas grupos, smplesmente um “aliado” tal consen- 50 configura-se como projeto hegeménico tanto nesses ‘quanto a partir desses grupos ‘A aplicagio indiseriminada do ajuste promovido pela cortodovia neoliberal esta custando a vida de milhares de Imeninos ¢ meninas, de milhares de homens e mulheres, privados dos mais elementares direitos humanos. Nao acre dito que um problema semelhante possa ser descartado ‘come fruto de uma falsa paransia conspirativa 2 Esté sendo exitoso o programa de ajuste? Se alguma, ‘coisa unifica os grupos politicos dominantes ¢ o submisso eirculo de intelectuais que, cooptados ou nao, trata de dar ‘uma suposta legitimidade “cientifica” aos programas de ajuste, é a sua reiterada apelagio ao pragmatismo. As poli ticas neoliberais~dizem eles - podem ter um “custo social” elevado, Elas s40, no entanto, a tiniea saida que permite testabelecer as condigSes necessirias para um desen- “volvimento com eqiiidade. Certamente nio 6 aqui o lugar para diseutir a sustenta- ‘glo ética de semelhante pragmatismo. Muito menos, as razbes que levaram alguns intelectuais de esquerdaaaderir, de modo dogmatico e acritico, a ortodoxia neoliberal". que _podemos fazer € nos perguntar sobre © suposto © inmefutivel éxito do ajuste aplicado segundo a receita do Washington Consensus. Uma anilise rigorosa do impacto das politicas de ajuste ‘estrutural demonstra que a realidade se distancia diametral- ‘mente de qualquer visio “exitista. Iso fica particularmente

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