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Prezado/a Estudante,
Apresentação.......................................................................................................... 1
MÓDULO I: AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS COMO CAMPO DO SABER:
CONSTRUINDO CONCEITOS............................................................................. 4
Introdução ....................................................................................................... 4
1 Afinal, o que é política? .............................................................................. 5
2 A constituição do Estado............................................................................. 9
3 Democracia e cidadania: dois lados de uma mesma moeda ....................... 14
4 As políticas públicas e a política educacional.............................................. 21
Considerações Finais......................................................................................... 24
Referências ....................................................................................................... 27
Considerações Finais......................................................................................... 51
Referências ....................................................................................................... 56
Considerações Finais......................................................................................... 97
Referências ....................................................................................................... 101
Módulo I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Introdução
Ainda na busca pela plena compreensão dos conceitos para um melhor en-
tendimento das políticas educacionais, se faz necessário compreender a democracia en-
quanto forma de governo do povo e para o povo e a cidadania como exercício pleno de
direitos e deveres.
Por fim, pretendemos reunir todos estes conceitos que conduzem a efetiva-
ção de políticas públicas dentre as quais se encontra as políticas educacionais.
Tendo em vista que o tempo que dispomos é curto e que esse material não é
um tratado sobre política educacional, mas trata-se de um material didático norteador
que pretende conduzir-nos a uma aprendizagem. Neste sentido, não deixe de elaborar as
atividades propostas ao final de cada momento de estudo. Ao final dos estudos, lembre-
se de realizar a atividade final e postar sua resposta no Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem.
Então vamos lá, partamos nessa aventura a fim de dominarmos, ainda que
em parte, o conteúdo das políticas educacionais.
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Módulo I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
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Módulo I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Inicialmente, o termo política referia-se a palavra grega pólis que era usada
para referir-se ao governo exercido por alguém eleito pelos cidadãos dessa sociedade.
Shiroma; Moraes; Evangelista (2007, p. 7) explicam: “[...] Em sua acepção clássica, de-
riva de um adjetivo originado de pólis – politikós – e refere-se a tudo que diz respeito à
cidade, conseguinte ao urbano, ao civil, ao público, ao social”. Como podemos notar, a
palavra designava tudo que se relacionava a vida em sociedade.
Na Idade Medieval o termo designava o governo exercido pela vontade de
Deus, assim, “[...] o poder político, por ser uma instituição divina, além dos fins tempo-
rais que justificam a ação política, visa outros fins superiores, de natureza espiritual”.
(ARANHA, 1986, p. 231)
No entanto, o conceito de política
Figura 1 - Estátua de Maquiavel na
tal qual temos atualmente começa a ser amadu- Galleria degli Uffizi,Florença.
recido a partir do século XVI, com o grande in-
teresse de inúmeros filósofos pelo tema e a
posterior criação dos Estados Nacionais. Um
dos escritos que podemos considerar como
marco dessa reflexão política moderna é O
príncipe, escrito em 1513, por Nicolau Maqui-
avel (em italiano, Nicholo Machiavegli).
A obra de Maquiavel surge de sua
observação da instabilidade política reinante
em seu país, a Itália, que estava dividida em
principados e condados cada um tendo vida au-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_
tônoma, inclusive montando seus exércitos, Maquiavel Acesso em: 20 maio 2012.
muitas vezes composta por mercenários. “Esta
fragmentação tornava a Itália uma presa fácil de outros povos estrangeiros [...]. Maquia-
vel, aspirando a uma Itália unificada, esboça a figura do príncipe capaz de promover um
estado forte e estável”. (ARANHA, 1986, p. 234)
A obra de Maquiavel pode ser considerada um marco para as novas refle-
xões em torno da política. Porém para além de sua obra outros pensadores passam a de-
fender a constituição de um “estado” forte e de um governo capaz de gerir a vida das
pessoas; como é o caso de Thomas Hobbes (1588-1679) que escreve De cive e Leviatã;
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Módulo I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
John Locke (1632-1704) com a obra Dois tratados sobre o governo civil – suas ideias
irão repercutir e influenciar as ideias que povoaram as revoluções acontecidas na Euro-
pa e na América do século XVII; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) tendo como prin-
cipais obras políticas: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens e Do
contrato social. Entre tantos outros que continuam a discussão sobre o que é política e
como a mesma deve ser feita.
Deste modo, percebe-se que a cada momento o conceito de política vai sen-
do resignificado. Assim, podemos entender que política se refere “a ciência e a arte da
conquista, exercício e preservação do poder, visando a condução racional de pessoas e a
administração de bens” (LEMBO, 2002, p.60). Deste modo o termo refere-se as rela-
ções humanos que travam uma constante disputa pelo poder.
Complementarmente a esse entendimento Shiroma; Moraes; Evangelista
(2007, p. 7) ensinam que:
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Módulo I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
sões, uma vez que, como afirmava Aristóteles em seu tratado sobre política, “o homem
é um animal político”, então capaz de fazer política.
1. Você entendeu o que é política? Que tal partir para a pesquisa de campo: realize uma
entrevista com três pessoas (de preferência de gerações diferente: jovem e/ou adoles-
cente, adulto/a e idoso/a) e pergunte: “o que é política? ” De posse dessas informa-
ções redija um pequeno texto dissertativo relatando seu trabalho de campo e a con-
ceituação do termo conforme vimos aqui neste texto. (Registre abaixo, salve e guarde
suas anotações para utilização futura.)
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
2 A constituição do Estado
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Mas não se pode entender que esse processo aconteceu de forma pacífica.
Na Europa, do século XIV ao XVII, tem-se um constante campo de batalha, onde forças
opostas se digladiam, ora pelo domínio dos territórios espaciais, ora pelo domínio dos
territórios comerciais, ora ainda, pelo domínio absoluto do poder. Inclusive alguns pen-
sadores colocam-se contra o Estado Absolutista como é caso de Rousseau. Porém as lu-
tas, as diferentes formas que o trabalho vai assumindo, a riqueza que vai se concentran-
do na mão dos burgueses e o embate entre os dominadores (clero e nobreza) apontam
para o surgimento das classes e paralelamente o nascimento do capitalismo.
Mas, voltando à conceituação de Estado – assim como o termo política, inú-
meros filósofos ocuparam-se em analisá-lo a luz de seu tempo e dos determinantes his-
tóricos em que estavam inscritos. Uma coisa é certa: ao perceber o Estado na linha his-
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
tórica do tempo – tal como atualmente, percebe-se que se trata de uma instituição nova,
que se consolida somente de forma consistente a partir do século XIX e tem sido redefi-
nido a fim de dar suporte ao sistema capitalista. Vejamos, no entanto, como alguns auto-
res entendem o que é o Estado.
Segundo Aranha; Martins (1986, p. 241) “os filósofos do século XVII estão
preocupados em justificar racionalmente e legitimamente o poder do Estado sem recor-
rer à intervenção divina ou a qualquer explicação religiosa. Daí a preocupação com a
origem do Estado”.
Assim, para Hobbes (1588-1679) que defendia o absolutismo, o Estado sur-
ge de um contrato, que tem por objetivo garantir os interesses dos indivíduos, bem
como suas propriedades. No entanto o contrato estabelecido retira do homem seu direito
natural de fazer o que quiser, cabendo esse direito apenas ao monarca absoluto.
Locke (1632-1704) também defende a ideia de que o Estado surge de um
contrato, mas o ponto central de sua teoria encontra-se no fato de que, para ele, o direito
natural dos homens não desaparece devido a esse contrato, pelo contrário, “subsistem
para limitar o poder do soberano, justificando, em última instância, o direito a insurrei-
ção”. (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 248)
Para Rousseau (1712-1778), pode-se resolver o problema da legitimidade do
poder a partir do entendimento do estado natural do homem, ou seja, o homem primiti-
vo não possuía propriedade e vivia em comum, no momento em que se introduz a pro-
priedade em sua vida, se introduz igualmente a diferenciação entre ricos e pobres, entre
o senhor e o escravo, entre dominador e dominado. Tem-se, portanto, um falso contrato,
uma vez que o homem é aprisionado pelo mesmo. Seria necessário então um contrato
social no qual o consentimento fosse unânime. Deste modo, o homem, não perderia sua
soberania e sua liberdade, pois mesmo abdicando de sua liberdade, “mas sendo ele pró-
prio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, obedece a si mesmo e,
portanto, é livre”. (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 257)
Ao analisar a conceituação de Estado, Shiroma; Moraes; Evangelista (2007)
apontam que desde Hobbes até Hegel (1770-1831) o entendimento de Estado passa pelo
estado de natureza humana. Para Hegel, o Estado é uma síntese dos interesses contradi-
tórios dos indivíduos, ou seja, “o Estado é compreendido como o fundamento da socie-
dade civil e da família, deixa de ser o modelo ideal, e sua racionalização celebra seu
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
próprio triunfo como movimento histórico real: realidade da ideia ética, o racional em si
e para si”. (SHIROMA; MORAES; EVANGELISTA, 2007, p. 8)
Mas é a partir de Marx
Figura 2 - O Estado
(1818-1883) e Engels (1820-1895)
que o Estado é entendido, efetiva-
mente, como campo de conflito. Ao
analisar a realidade social em que
estão inseridos, esses filósofos, per-
cebem que apesar do avanço cien-
tífico e técnico que gera progresso e
enriquecimento, tem-se por outro Fonte:
lado, uma pobreza crescente, princi- http://files-cdn.formspring.me/photos/20120522/n
4fbc2c2d12330.jpg Acesso: 29 maio 2012.
palmente por parte dos operários.
Neste sentido, o Estado é entendido como violência concentrada e organizada da socie-
dade.
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
E é justamente nesse sentido que a sociedade moderna não pode abrir mão
do Estado, uma vez que se trata de um mecanismo organizado pela classe exploradora
que tem por finalidade manter a produção, que por sua vez torna-se mecanismo de
opressão para a classe explorada. Assim, pode-se entender o Estado como poder coerci-
tivo social que regula e disciplina a vida dos membros da sociedade.
Portanto, se entendemos o Estado como campo de contradição em que for-
ças antagônicas em embate constante, algumas questões devem impulsionar nossa refle-
xão, como por exemplo: será que esse modelo ainda é capaz de produzir o bem comum?
Em um mundo cada vez mais marcado pela individualização do sujeito, como o Estado
pode ser o gerador de liberdade e garantidor do direito coletivo? Em outra perspectiva,
se o Estado é uma instituição que alimenta o desumano sistema econômico, que alterna-
tiva podemos ter na busca por uma sociedade mais humanizada e humanitária? Essas e
tantas outras questões são atualmente fundamentais e devem produzir um profundo in-
cômodo em todos e em cada um, principalmente em futuros professores.
Que tal aprofundar a reflexão sobre o Estado e sua relação com o ca-
pital e o trabalho?
Leia o texto O Estado moderno na relação entre capital e trabalho,
de autoria da professora Bárbara Zeferino, Mestre em Serviço Social.
O texto foi publicado em março de 2010, na Revista Eletrônica Arma
da Crítica. A versão on-line do mesmo pode ser acessada em:
http://www.armadacritica.ufc.br/phocadownload/7-%20o%20estado%20moderno%20na
%20relacao%20entre%20capital%20e%20trabalho-%20barbara%20zeferino.pdf
Atividade
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Prezado/a estudante,
Até aqui vimos os conceitos de Política e Estado, agora vamos con-
versar um pouco sobre Democracia e Cidadania, propositalmente,
vamos refletir sobre esses dois termos em conjunto por entendermos
que os mesmos são como se fossem os dois lados de uma mesma
moeda.
Bons estudos!
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
todos os homens livres na assembleia visto que os Estados (reinados) passam a incorpo-
rar vários territórios e o fato de que se na época clássica os homens ficavam livres, pois
as atividades eram feitas pelos servos, escravos e mulheres, agora os homens estão en-
volvidos com o comércio e com outras atividades. Esses fatores são determinantes para
a constituição de uma democracia representativa.
Portanto, é desse governo exercido na cidade que deriva o termo cidadão.
Com a palavra cidadão (latim “civitas” = da cidade), indicava-se o indivíduo que podia
participar da república/democracia e os direitos que este possuía (cidadania).
Modernamente, tanto o termo democracia como cidadania passam por uma
constante modificação, pois seu entendimento está ligado aos determinantes históricos
de cada tempo. “A democracia pode ser inventada e reinventada sempre que haja condi-
ções adequadas” (DAHL 2001, p. 190). E se a forma de entender e nominar democracia
altera também a concepção de cidadania, haja vista esta ser o pleno exercício dos direi-
tos advindos das conquistas democráticas.
Assim, “[...] a democracia não é um mero conceito político abstrato e estáti-
co, mas é um processo de afirmação do povo e de garantia dos direitos fundamentais
que o povo vai conquistando no correr da história” (SILVA, 2000, p.130). Daí deriva a
cidadania que segundo Dallari (1998, p.14):
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
dania, talvez por falta de consciência crítica e percepção de que todo bem público é de
todos.
Assim, quanto mais democrática for uma sociedade, maior pode ser a cons-
ciência de cidadania, ou seja, a possibilidade de todos e de cada um buscar seus direitos
e tê-los respeitados. A cidadania é, portanto, uma constante conquista. Não se trata de
mera concessão, um favor de quem está no poder, mas sim, de um reconhecimento de
que o público é de todos.
Contudo a plena conquista da cidadania acontece à medida que o povo se ar-
ticula, participa e exige seus direitos. E essas exigências serão cada vez mais atendidas
quanto maior for o grau de consciência do que é democracia. Mas atenção, ter direitos
conquistados não significa que os mesmos sejam sempre respeitados. É papel de o cida-
dão exigir que a lei se efetive e que a cidadania aconteça como prática social. E um dos
grandes promotores da cidadania deve ser o Estado, como provedor de bem-estar social.
O bem-estar da sociedade depende das inúmeras ações que o Estado, por
meio dos governos, promove para efetivar as formas de cidadania. Geralmente, essas
ações acontecem por meio das políticas públicas, das quais falaremos a seguir.
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
1. Nas linhas abaixo, faça suas anotações e registros após assistir ao filme produzido
pela TV Câmara e dos estudos realizados neste texto referencial, apresente um con-
ceito de cidadania e de democracia e relacione-os com a vida e consciência apre-
sentadas pelas mulheres do filme. (Lembre-se de salvar suas anotações.)
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Porém, atenção! Não se pode imaginar que os conflitos e as lutas que acon-
tecem no interior do Estado e em toda a organização da sociedade sejam necessariamen-
te ruins, haja vista que esses conflitos e essas disputas servem como mola propulsora
para as mudanças e avanços na sociedade. Para tal, as mesmas devem acontecer de for-
ma que as leis sejam respeitadas e que as instituições não sejam ameaçadas. Um bom
exemplo é uma greve de profissionais da saúde que reivindicam melhores condições sa-
lariais e melhores condições de trabalho. Ao comprimirem a lei que determina que ao
menos um terço dos profissionais deva continuar trabalhando e que os serviços de emer-
gência não sejam paralisados, ao terem suas reivindicações atendidas estão produzindo
uma mudança na qualidade da saúde da população.
Mas diante de tudo o quanto foi dito, você deve se perguntar: afinal o que
são políticas públicas? Para responder a essa questão recorremos a Souza (2006, p. 26)
que diz:
Então, podemos repetir o que já tínhamos dito anteriormente, que essas po-
líticas públicas são todas as ações (ou não) do governo (seja na esfera federal, estadual
ou municipal) que visam ob- Figura 3 – Política educacional do governo
ter o bem-estar social e o in-
teresse público, ou seja, é
tudo aquilo que o governo faz
ou deixa de fazer e que tem
implicações diretas no campo
social.
E onde entra a
educação aqui? A resposta é
óbvia. Ao entender que as po- Fonte:
http://blogdodce.wordpress.com/2009/09/13/ministro-da-
líticas públicas são todas as
educacao-fernando-haddad-anunciou-que-dinheiro-do-
ações (ou não) do governo reuni-acabou/ Acesso: 01 jun.2012.
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
para efetivar um bem social público, as políticas educacionais – que também são políti-
cas públicas – são as ações do governo para promover educação para todos de forma
qualitativa – e não de forma quantitativa como tem acontecido.
É neste ponto que surgem as reflexões sobre as políticas educacionais em
duplo sentido: ao mesmo tempo em que devem ser uma análise crítica da tensão entre
Política e Educação; devem, por conseguinte, ser uma análise crítica de como a Política
modifica a Educação e vice-versa; e isso já é uma forma de fazer política, haja vista que
ao analisar, ambos os termos estão subjacentes nessas análises das concepções defendi-
das pelos diversos grupos sociais.
Assim, para analisar as políticas educacionais se faz necessário um movi-
mento duplo uma vez que se pode partir da escola enquanto lugar privilegiado da ação
do Estado no campo educacional, ou pode partir de toda ação governamental (seja na
esfera federal por meio das orientações do Ministério da Educação e Cultura – MEC;
seja na esfera estadual ou municipal por meio das resoluções emendas das Secretarias e
Conselhos Estadual e Municipal de Educação) uma vez que a ação do governo é e tem
sido determinante na consolidação e modificação da realidade educacional brasileira.
Assim, podemos entender que não existem políticas educacionais neutras, pois ao serem
instaladas elas carregam em si uma forma de domínio, de permanência ou de conflito
entre os interesses das classes sociais.
Por fim, ao estudar as políticas educacionais, não devemos nos prender ape-
nas nos estudos das leis – mesmo as considerando fundamentais nesse estudo – mas aci-
ma de tudo o que está em jogo é o entendimento do projeto educacional proposto pelo
Estado, que deve ser minuciosamente observado uma vez que determina todo o fazer
educacional. Por isso, estudar as políticas educacionais implica analisar o contexto no
qual nos encontramos, entender como ocorre o acesso e a permanência das pessoas na
educação, seja como estudante ou como profissional da educação; as diferenças entre
educação pública e privada; e inclusive como a educação pretende ser um meio eficaz
de consciência política e de formação cidadã.
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Conceito de
educação
Prioridades
educacionais
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Considerações finais
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Glossário
Peste negra - doença provocada por pulgas hospedeiras da bactéria Yersinia pestis,
que em 1348, chegou a Europa pela Península Itálica, sendo responsável por uma das
mais trágicas epidemias que assolaram o mundo Ocidental. A infestação aconteceu
quando se estabeleceu intenso comércio entre a Ásia e a Europa e com os animais de
carga ou nos ratos dos navios vieram também as pulgas contaminadas. A doença, hoje
conhecida como peste bubônica, provoca inchaços entre as axilas e as virilhas,
espalhando-se depois por todo o corpo. Além de atacar o sistema linfático, a doença
pode ainda atacar o sistema respiratório. (Fonte:
http://www.brasilescola.com/historiag/pandemia-de-peste-negra-seculo-xiv.htm Acesso:
30 maio 2012).
Sistema feudal - Sistema baseado na posse da terra e produção agrícola não com
objetivo comercial, mas com objetivo de atender apenas o consumo local. (Fonte:
http://pt.shvoong.com/humanities/477070-sistema-feudal/#ixzz1wlLItRuD Acesso: 10
maio 2012).
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Unidade I: As políticas educacionais como campo do saber: construindo conceitos
Referências
CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. 13. Ed. São Paulo: Ed. Ática, 2006.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Ale-
gre, ano 8, nº 16, jul./dez 2006, p. 20-45 – Disponível em: <http://www.scielo.br/scie-
lo.php?pid=S1517-45222006000200003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 02
maio 2010.
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. 10. ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
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Módulo II: A política educacional como política pública: contexto e
desenvolvimento
Introdução
Na unidade anterior repetimos diversas vezes que a política, o Estado, a
cidadania, a democracia, as políticas públicas e a política educacional são compreensões
contingenciadas e determinadas pela história, pelo tempo, pelas necessidades enfim,
pelas ações e relações sociais.
Nesta unidade de estudo que agora iniciamos, temos por objetivo analisar a
política educacional brasileira buscando entendê-la no seu desenvolvimento histórico e
no contexto atual em que o sistema neoliberal exige uma redefinição do papel do
Estado, exigindo-lhe novas e significativas mudanças em suas ações.
Assim, primeiramente vamos recuperar – de forma breve – mas com rigor
acadêmico e reflexivo, um pouco da história da educação brasileira. No entanto, não nos
deteremos a toda a história, mas daremos especial relevância ao período republicano,
especificamente a partir de 1930, quando a sociedade brasileira vai tomando consciência
da necessidade de sua atuação política e democrática e exige significativas mudanças no
campo da educação, ao ponto de dar origem às primeiras discussões efetivamente, sobre
política educacional.
No entanto, tendo presente que não podemos entender o hoje sem
compreendermos o ontem, no segundo momento vamos analisar o desenvolvimento da
política educacional de forma conjuntural, ou seja, tendo presente as transformações
econômicas, políticas e culturais que conferem certa identidade ao mundo
contemporâneo.
Para uma melhor compreensão das discussões teóricas, não deixe de
participar dos momentos interativos com os demais colegas e com seu tutor. Lembre-se
que a dúvida é mola propulsora para a aquisição do conhecimento, no entanto, a sua
permanência é empecilho e obstáculo a construção de novos conhecimentos, por isso
não vá em frente enquanto não esclarecer as questões que surgirem no decorrer do
estudo. Seu tutor estará sempre a postos para ajudá-lo/a.
Recomendamos que você não deixe de realizar as atividades, pois elas são
uma forma de entendermos como está sendo a relação de ensino e aprendizagem que
por meio deste curso estabelecemos, utilizando os meios e metodologias da educação a
distância.
Então mãos à obra e bons estudos!
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
desenvolvimento
Por vezes na mídia, seja por meio da imprensa falada ou escrita, temos ouvi-
do dizer: o “o Brasil está em alta! ”. Um breve olhar sobre nossa forma de viver nas últi-
mas décadas é prova contumaz de que estamos em tempos de rápidas e significativas
transformações. A partir da década de 1980 tivemos no Brasil o fim do governo militar
em 1985, e no cenário internacional, o fim da Guerra Fria materializado pela queda do
Muro de Berlim em 1989. Foi nesse contexto geopolítico que ocorreu a promulgação da
Constituição Federal de 1988.
No campo educacional tivemos a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), o lançamento do Pla-
no Nacional da Educação (2001 – 2010), em uma nova versão que deve perdurar até
2020; assistimos as políticas afirmativas como a política de cotas, o REUNI que é um
programa governamental que visa a reestruturação e ampliação das universidades fede-
rais, entre inúmeras ações que dizem respeito a prática educativa e interferem de forma
direta na vida e na prática dos profissionais da educação.
Mas alguns desatentos e desavisados que testemunham esses acontecimen-
tos, sequer percebem que isso é fruto de processo de evolução social e educacional
constante que se concretizam nas relações cotidianas dos brasileiros, e que nem sempre
foi assim. Ao que parece estamos tentando, a duras penas, adquirir e exercer nossa cida-
dania.
Vejamos como tudo aconteceu!
A Proclamação da República ocorrida em 15 de novembro de 1889 trouxe
ao país novas exigências. Mas é no alvorecer do século XX que os debates se ampliam e
passam a colocar como tema central a educação. Pois, se de um lado tem-se intelectuais
e políticos que defendem a ideia de um país moderno, mais centralizador e intervencio-
nista, de outro, encontravam-se aqueles que viam com desconfiança tais ideias e que
buscavam a todo custo não perder o prestígio que gozavam até então.
Segundo Shiroma; Moraes; Evangelista (2007, p. 15), com o crescimento do
ideário reformista, a educação passa a ser vista como a salvadora da sociedade ao ponto
de entendê-la como o percurso capaz de vencer todos os problemas do país, fossem de
cunho social, político e econômico. Vejamos:
29
Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
desenvolvimento
Mas será nos anos de 1930 que esse ideal salvacionista ganhará mais força.
Com o golpe militar que depôs o presidente Washington Luiz Pereira de Souza, em 24
de outubro de 1930 e conduziu a chefia do Governo Provisório ao gaúcho Getúlio Dor-
nelas Vargas, em três de novembro do mesmo ano, encerrava-se a república velha e
inaugurava-se um novo momento na história do país que terá grande reflexo no campo
educacional. A Revolução de 1930 demonstra a “articulação do conjunto de relações
contraditórias que marcaram o lento processo de consolidação do capitalismo brasileiro,
e que, no curso dos anos, tornou hegemônica a fração industrial da classe dominante”
(MORAES, 2000, p.65).
Como uma das primeiras medidas, o novo governo criou o Ministério de
Negócios da Educação e Saúde Pública, por meio do Decreto nº 19.402 de 14 de no-
vembro de 1930; como ministro da pasta, nomeou Francisco Luiz Campos, por seu im-
portante empenho educacional empreendido no Estado de Minas Gerais. A função desse
ministério seria a de reestruturar tanto a educação quanto a saúde pública do país. Pode-
se dizer que, “o objetivo era o de criar um ensino mais adequado à modernização que se
almejava para o país e que se constituísse em complemento da obra revolucionária, ori-
entando e organizando a nova nacionalidade a ser construída” (SHIROMA; MORAES;
EVANGELISTA, 2007, p. 16).
30
Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
desenvolvimento
Todo o processo de reforma foi instituído por meio de sete decretos os quais
elencamos a seguir:
1. Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, que criou o Conselho Nacional
de Educação;
2. Decreto nº 19.851, da mesma data, que dispôs sobre a organização do en-
sino superior no Brasil e adotou o regime universitário;
3. Decreto nº 19.852, também da mesma data, que dispôs sobre a organiza-
ção da Universidade do Rio de Janeiro;
4. Decreto nº 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispôs sobre a organiza-
ção do ensino secundário;
5. Decreto nº 19.941, de 30 de abril de 1931, que instituiu o ensino religioso
como matéria facultativa nas escolas públicas do País;
6. Decreto nº 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino co-
mercial e regulamentou a profissão de contador;
7. Decreto nº 21.241, de 14 de abril de 1932, que consolidou as disposições
sobre a organização do ensino secundário.
Como se podem perceber, os decretos reformistas atingem todos os âmbitos
do ensino no país e tentam dar a União o poder de legislar sobre os assuntos educacio-
nais, ou seja, a possibilidade de organizar e centralizar toda a educação isto porque a es-
cola passou a ser vista como caminho possibilitador da transformação social, capaz de
promover o progresso do país.
Mas, apesar do grande valor atribuído a educação escolar, reinava a ideia de
que se as leis fossem bem elaboradas “os problemas educacionais encontrariam solução
real, como decorrência natural da lei bem formulada” (SHIROMA; MORAES; EVAN-
GELISTA 2007, p. 17). Dentre as mudanças, destaca se o papel dos intelectuais católi-
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mas o suficiente para incluí-la em seu quadro estratégico com vistas a equacionar a
‘questão social’ e combater a subversão ideológica” (SHIROMA; MORAES; EVANGE-
LISTA 2007, p. 22).
Durante quase todo o Estado Novo as iniciativas de políticas educacionais
por parte do governo foram quase nulas. Somente em 1942 quando Gustavo Capanema
assume o Ministério da Educação e Saúde Pública houve novas reformas e que foram
complementadas por seu sucessor, Raul Leitão da Cunha que o sucedeu em 1945, após
o término da Segunda Guerra Mundial, quando terminou a segunda etapa do Governo
Vargas, o Estado Novo.
Os Decretos-lei de Gustavo Capanema que foram depois nomeados de Leis
Orgânicas do Ensino complementaram e ampliaram os decretos de Francisco Campos.
São eles:
1. Decreto-lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942, que organizou o ensino
industrial;
2. Decreto-lei nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942, que instituiu o SENAI;
3. Decreto-lei nº 4.244 de 9 de abril de 1942, que organizou o ensino secun-
dário em dois ciclos: o ginasial, com quatro anos, e o colegial, com três
anos;
4. Decreto-lei nº 6.141, de 28 de dezembro de 1943, que reformou o ensino
comercial.
5. Decreto-lei nº 8.529, de 02 de janeiro de 1946, que organizou o ensino
primário a nível nacional;
6. Decreto-lei nº 8.530, de 02 de janeiro de 1946, que organizou o ensino
normal;
7. Decretos-lei nº 8.621 e 8.622, de 10 de janeiro de 1946, que criaram o
SENAC;
8. Decreto-lei nº 9.613 de 20 de agosto de 1946, que organizou o ensino
agrícola.
Vale ressaltar que em 1946 quando os quatro últimos decretos-lei foram pro-
mulgados Capanema já não era mais Ministro da Educação e da Saúde Pública, mas os
mesmos aparecem como parte de sua reforma, pela colaboração na elaboração destes.
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ros da escola e que deveria abranger toda a sociedade, uma vez que por meio dessa dis-
ciplina pretendia-se formar um cidadão brasileiro moralmente ético e de conduta cívica
exemplar, que fosse capaz de compreender a realidade vivida pela nação naquele perío-
do histórico e de colaborar para o desenvolvimento nacional.
Com isso os militares, por meio inclusive da educação e da ação, buscavam
instruir a nação para caminhar rumo a um futuro melhor para todos e “a educação cívica
tornou-se sinônimo da preparação para essas posturas pessoais e essa compreensão da
própria brasilidade e do Brasil” (CERRI, 2003, p. 122). Ao analisar o ensino de História
na época do Regime, Cerri (2003) aponta ainda que se construía um ideário de uma his-
tória nacional no qual se dava grande relevância aos heróis nacionais, e além disso, esse
ensino fortalece o entendimento que seria necessário preservar a segurança nacional e
lutar contra as ideologias nocivas ao país naquele período.
A educação passa a ter como prioridade a formação de capital humano para
o trabalho, especialmente o industrial e comercial, além de produzir uma mentalidade de
cultura modernizadora e democrática, dando continuidade ao processo de transforma-
ções na economia brasileira, na ocupação territorial e integração nacional iniciada por
Vargas, continuada por Juscelino Kubistchek, e agora, levada a cabo pelos presidentes
militares.
Essa adaptação da educação ao governo militar que vivia sob a égide desen-
volvimentista deveria atender os reclames econômicos, sociais e culturais da época, pro-
duz a elaboração de uma lei que renovasse a educação. E em 11 de agosto de 1971 é
promulgada a Lei nº 5.692, que fixava as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º
graus, produzindo uma reforma em todo o sistema de ensino nacional. Inclusive essa es-
trutura educacional se prolongou até 1996 quando uma nova Lei de Diretrizes e Bases
de Educação Nacional foi homologada.
A LDB de 1971 prioriza uma educação técnica profissional que formasse o
indivíduo para a indústria; além do que, aponta um currículo nacional comum para os
ensinos de 1º e 2º graus, torna obrigatório o ensino de 1º grau dos sete aos 14 anos e no
artigo 59, prevê que um gasto orçamentário de 20% com educação, uma verdadeira re-
volução na história da educação brasileira.
Como se pode observar até aqui, o Regime intensifica as reformas em favor
da educação, e promove paulatino fomento às práticas, pois alguns desafios são impera-
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atenções uma política social de fato, visto que nada foi feito com relação as bases eco-
nômicas e políticas.
Em 1987, é convocada a Assembleia Nacional Constituinte com missão de
produzirem um novo texto constitucional que foi promulgado em 1988. O texto da Car-
ta Magna incorporou importantes sugestões aprovadas em 1986 na IV Conferência Bra-
sileira de Educação, realizada em Goiânia.
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Como se pode perceber a Nova LDB não responderia a todos os anseios dos
educadores, mas também não se pode negar que aconteceram alguns avanços em se
comparando com as leis anteriores que regeram a educação nos anos antecedentes. No
entanto, outras iniciativas têm tomado forma em nossos dias, como a Lei nº 9.424, de 24
de dezembro de 1996 que instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensi-
no Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), teve sua vigência até 2006
e foi substituída pela Lei n° 11.494 de 20 de junho de 2007 que determina o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais
da Educação (FUNDEB) e que terá vigência até 2014. Essas duas leis são na realidade
um fundo contábil que visa melhoria tanto da qualidade do ensino fundamental e agora
da educação básica. O que de fato ainda não aconteceu, como podemos notar em nossas
escolas públicas.
1. Vamos fixar algumas informações: faça uma pesquisa na internet e processe o down-
load das seguintes leis:
a) Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e Lei nº 5.540, de 28 de novembro de
1968.
b) Lei nº 5.692/71
c) Lei nº 9.394/94
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Para entender melhor essa situação, observe durante toda a semana um jor-
nal televisivo ou impresso e veja quais discussões estão sendo estabelecidas em Brasília
pelos políticos, ou seja, qual o assunto que faz parte da agenda da semana – pode ser a
aprovação de uma lei, uma discussão sobre um tema que esteja mobilizando os políticos
– e perceba qual a postura tanto dos partidos quanto dos próprios políticos. No espaço
abaixo registre, a título de fixação de conteúdo, suas impressões.
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dade não toma conta apenas do Brasil, mas praticamente de toda a América Latina, em
grande parte imersa num período de governos militares que ascenderam ao poder e esta-
beleceram-se como guardiões do desenvolvimento continental.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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serviços à iniciativa privada capaz de explorar essas necessidades de todos e gerar capi-
tal. E mais, se no liberalismo o indivíduo vive de forma miserável e por sua falta de ha-
bilidade e responsabilidades diante da vida, já no neoliberalismo é porque o indivíduo
não é capaz de buscar aperfeiçoamento para entrar num mercado volátil e em constante
transformação.
Neste sentido o neoliberalismo seria uma doutrina capitalista que teria como
função “salvar” a economia, Apesar de estarmos testemunhando uma nova crise econô-
mica mundial que tem assolado a Europa, gerando desemprego e miséria crescentes, e
que ronda e assombra as economias emergentes como é o caso do Brasil.
Ahlet (2005), ao analisar a questão apresenta dados do Relatório de Desen-
volvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU) de meados da década
de 1990 que testifica tal situação, afirma:
E o que isso tem a ver com a educação? Veja: Se entendemos que a educa-
ção sofre diretamente as influências do tempo presente e das ideologias hegemônicas de
cada tempo, então, logo podemos perceber que num tempo em que se propõe uma dimi-
nuição do papel do Estado na execução de políticas públicas – sendo a educação uma
dessas políticas. Tem-se que a forma de pensar da doutrina neoliberal propõe inovações
que alteram diretamente a educação, uma vez que esta doutrina prega que não cabe ao
Estado ser responsável pela educação haja vista poder delegar essa função a iniciativa
privada.
Ahlet (2005), ao analisar a obra Capitalismo e liberdade de Milton Fried-
man um dos intelectuais defensores do neoliberalismo, aponta que esse autor dedica um
capítulo de seu livro a questão da ação do Estado no que diz respeito a educação e que o
mesmo tece duras críticas ao quase total monopólio do Estado na esfera educacional. No
dizer de Friedman, como observa Ahlet (2005), apesar do consenso de que o Estado
deve gerir a educação, não cabe ao Estado essa prerrogativa, mas aos pais dos alunos
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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que seriam, dessa forma, livres para escolher o modelo e a forma de educação para os
seus filhos. “Isto desoneraria o Estado e diminuiria sua ingerência na vida social dos in-
divíduos” (AHLERT, 2005, p. 129). Ou seja, para o modelo neoliberal a participação do
Estado nas políticas públicas e sociais deve ser mínima.
Como se pode perceber, é fundamental entender o contexto atual de desen-
volvimento do neoliberalismo globalizado para um melhor entendimento das políticas
educacionais, haja vista que as políticas neoliberais exigem novas regras para a imple-
mentação das políticas educacionais uma vez que também para essa política pública –
educação – prega-se o Estado mínimo.
Para Gentili (1996, p. 25), “o neoliberalismo formula um conceito específi-
co de qualidade, decorrente das práticas empresariais e transfere, sem mediações, para o
campo educacional”. Assim, tem-se que “os poderes públicos devem transferir ou divi-
dir suas responsabilidades administrativas com o setor privado, um meio de estimular a
competição e o aquecimento do mercado, mantendo-se o padrão de qualidade na oferta
dos serviços” (AZEVEDO, 2001, p. 15 APUD AHLET, 2005, p. 134).
Nessa nova lógica que se estabelece, a educação deve ser oferecida como
maior versatilidade e eficiência; a escola por sua vez torna-se mais eficiente e pode até
possuir selos de qualidade. Analisando esse novo papel da escola, Oliveira; Libâneo
(1998, p. 604) apontam aspectos que fazem a escola ser percebida numa perspectiva de
eficiência neoliberal, a saber:
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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Pouco a pouco essas ideias tomam forma no Brasil e passam a tomar conta
dos ideais brasileiros, pois se na época do governo militar o país abria-se a adesão in-
condicional a economia internacional; com a redemocratização, na década de 1980,
passa-se a construir as pontes que levariam a adesão ao modelo neoliberal – em fase
embrionária no governo de Fernando Afonso Collor de Melo e consolidado nos anos de
governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) na década de 1990.
Basicamente todas as reformas educacionais que se procederam durante a
década de 1990, no Brasil, eram partes do projeto neoliberal. Tais projetos eram viabili-
zados pelos financiamentos do Banco Mundial (BM) que junto com o Banco Internacio-
nal de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e Fundo Monetário Internacional
(FMI), que ao impor programas de ajuste da economia nacional, impunham também po-
líticas educacionais que deveriam ser efetivadas.
Dentre essas políticas figuravam o ajustamento da educação ao mercado, ou
seja, a educação deveria fornecer os instrumentos necessários aos indivíduos a fim de
possibilitar-lhes competências e habilidades que atendessem as exigências do mercado.
E é nesse cenário da consolidação do neoliberalismo que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação foi aprovada em 1996. O que merece um exame particular.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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Atividade
Para a finalização dessa AO 03 assista ao filme “Dama de Ferro”.
Sua análise crítica do filme e dos estudos realizados, observando as posturas neoliberais,
devem embasar sua tarefa nesta AO 03.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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Considerações finais
Assim como a educação, as políticas educacionais são uma construção
histórica. É como uma estrada que possui inúmeras curvas, algumas, mas sinuosas que
as outras, mas que pode nos levar ao destino desde que tenhamos paciência para não nos
perdermos na viajem.
Como podemos observar, a forma de pensar a educação decorre diretamente
das relações que a sociedade estabelece. Para tempos de repressão, uma educação moral
e que aumente o nacionalismo, o amor à Pátria. Para tempos de democracia, uma
educação questionadora; para tempos neoliberais, uma educação que forme
consumidores e produtores.
No entanto uma coisa é certa, a educação que temos hoje tem cumprido
rigidamente as lições da cartilha neoliberal. Vemos uma tentativa constante de
sucateamento do bem público em detrimento do capital privado, como se este fosse o
salvador das mazelas que sofre as políticas sociais. Se o bem público está um caos, não
se apresenta nos noticiários que seja por causa da falta de estrutura (física e humana),
diz que é por incompetência dos servidores que naquele lugar prestam serviço.
Diariamente, vemos nos noticiários matérias referentes à educação, mas
dificilmente se noticia as ações de sucesso derivadas do esforço pessoal dos que
acreditam numa educação emancipadora e crítica. A maioria das notícias apresentadas
pela imprensa serve para mostrar que a educação só tem sucesso quando financiada por
organizações vinculadas as grandes empresas geradoras de capital ou grandes
organizações internacionais, nunca pela efetiva intervenção do Estado.
Diante do que vimos nesta unidade de estudo, resta-nos criarmos nossa
própria concepção de educação e de luta, pois só assim poderemos lutar de igual para
igual num sistema que nos manipula e nos faz acreditar que se não temos um lugar ao
sol é por que somos incapazes para exercer tal façanha.
Assim, esperamos que essa unidade de estudo tenha sido provocadora. Que
seus questionamentos aumentem; que ao entender o contexto histórico macro e micro no
qual se produzem as políticas educacionais e o desenvolvimento das políticas em curso,
possamos, juntos, buscar alternativas capazes de efetivar uma escola universal, pública e
acima de tudo com qualidade.
Por enquanto é só. Até nossa próxima unidade modular de estudo.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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2 Apesar das significativas mudanças ocorridas no sistema produtivo nas últimas déca-
das do século passado, se percebeu alterações na estrutura social brasileira e nas po-
líticas educacionais.
a) Correto
b) Incorreto
4 Durante qual dos períodos abaixo, nos países da América Latina, aconteceu o apro-
fundamento no processo de inserção na globalização:
a) Década de 1970
b) Década de 1980
c) Década de 1990
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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10 São as ações do Estado que visam amenizar as desigualdades sociais. Estamos fa-
lando de:
a) Políticas partidárias.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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b) Políticas jurídicas.
c) Políticas educacionais.
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Unidade II: A política educacional como política pública: contexto e
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Liberalismo – é uma grande tradição do pensamento ocidental que deu origem as teori-
as sobre o lugar do indivíduo na sociedade, sobre a natureza do Estado e sobre a legiti-
midade das instituições de governo. O pensamento liberal também produziu teorias so-
bre a organização da economia, em particular sobre a operação de mercados em que
produtores individuais atuam livremente na busca de modernização e liberdade (Fonte:
NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais. São
Paulo: Campus, 2005. p.58).
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Referências
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Introdução
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sive ao trabalho voluntário na escola como é o caso do Projeto Família na Escola e Ami-
gos da Escola (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 142).
Como se pode perceber o Brasil não possui um sistema nacional de educa-
ção, uma vez que faltam os elementos que o caracterizam, a saber: “(...) o conhecimento
dos problemas educacionais de determinada situação histórico-geográfica, o conheci-
mento das estruturas da realidade e uma teoria da educação”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA;
TOSCHI, 2009, p. 230)
Por força da lei são vários os sistemas que, por falta de articulação entre os
mesmos, não permitem a existência de um sistema nacional. No entanto, a ausência de
um sistema único e nacional de ensino não é nenhuma novidade, pois até 1996 quando
foi promulgado a LDB nº 9.394/96, já havia o sistema federal de ensino e os sistemas
estaduais e do Distrito Federal. O primeiro responsabilizava-se por todas as instituições:
públicas e privadas que ofereciam educação superior e o segundo de todas as institui-
ções: públicas e privadas que se ocupavam da educação básica.
Com a LDB nº 9.394/96 tem-se além do sistema federal e estadual, ainda o
sistema municipal. Esses sistemas funcionariam em colaboração uns com os outros
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lógica, pois como se pode ter uma lei para toda a educação nacional se cada sistema
deve organizar e efetivar seu próprio sistema. Em relação a essa questão o autor argu-
menta:
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Módulo III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
educacionais brasileiras
Após uma breve pausa para seu aprofundamento, vamos prosseguir anali-
sando os sistemas que regulam a educação no Brasil.
Primeiramente, vamos analisar o sistema federal de ensino e para isso se faz
necessário distinguir que sistema nacional e sistema federal de ensino não são a mesma
coisa. Como já observado anteriormente, o Brasil não possui um sistema nacional de en-
sino ao se falar em sistema federal de ensino “refere-se às instituições, aos órgãos, às
leis e às normas que, sob responsabilidade da União, do governo federal, se concretizam
nos estados e municípios” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 242).
Sistema federal de ensino – de acordo com o artigo 16 da LDB e suas atua-
lizações, o sistema federal de ensino é composto:
1. Por todas as instituições de ensino mantidas pela União, tais como: uni-
versidades federais; instituições isoladas de ensino superior; institutos federais de edu-
cação, ciência e tecnologia (IFs); estabelecimentos de ensino médio, como o Colégio
Pedro II, no Rio de Janeiro; escolas técnicas e agrotécnicas federais; escolas de ensino
fundamental e médio vinculadas às universidades, os denominados colégios de aplica-
ção; além de instituições de educação especial;
2. Pelas instituições de educação superior, criadas e mantidas pela iniciativa
privada: universidades, centros universitários, e faculdades isoladas privadas; e ainda,
3. Pelos institutos de pesquisa, como o Butantã e o Oswaldo Cruz/Mangui-
nhos, bem como a Fundação Joaquim Nabuco.
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Nacional de Educação (CNE), que conta com 24 membros divididos em três câmaras: a
da Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e a da Edu-
cação Superior.
As atribuições do Conselho Nacional de Educação são regidas pela Lei nº
9.131, de 24 de novembro de 1995.
Sistema estadual de ensino e do Distrito Federal – o artigo 17 da LDB
apresenta a composição do sistema estadual de ensino e do Distrito Federal. Segundo
esse artigo tal sistema é formado por instituições de ensino mantidas, respectivamente,
pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; pelas instituições de educação supe-
rior mantidas pelo Poder Público municipal; pelas instituições de ensino fundamental e
médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; e, pelos órgãos de educação estaduais
e do Distrito Federal, respectivamente. No parágrafo único define que no Distrito Fede-
ral, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, inte-
gram seu sistema de ensino.
Em relação a incumbência do Estado, a LDB de 1996 assim prescreve:
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Por meio seu órgão administrativo, que pode ser departamento, coor-
denadoria, divisão, secretaria ou outros, os municípios, em colabora-
ção técnica e financeira com os estados e a União, devem administrar
seus sistemas de ensino, podendo definir normas e procedimentos pe-
dagógicos que melhor se adaptem a suas peculiaridades.
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No entanto, até os dias atuais, grande número dos municípios ainda não con-
seguiu de prover essa etapa da educação, ora por falta de recursos próprios, ora por falta
de articulação com os Estados. Porém, é necessário lembrar que apesar das dificuldades
enfrentadas, a inclusão dessa etapa da educação, prevista na LDB de 1996, constitui-se
um grande avanço haja vista que nem a LDB de 1961 nem a Lei nº 5.692 de 1971 que
reformou o ensino durante o regime militar, contemplaram em seu texto a educação in-
fantil.
b) Ensino Fundamental:
Na LDB de 1996, o ensino fundamental está disposto nos artigos 32, 33 e
34. Tais artigos apresentam as finalidades, a organização e ainda o currículo dessa etapa
da escolarização que segundo o artigo 32 é etapa obrigatória da formação do cidadão e
deve iniciar-se aos 6 anos de idade. Até 2005, o ensino fundamental tinha duração de 8
anos, mas a partir da promulgação da Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que alte-
rou alguns artigos da LDB de 1996, o texto do artigo 32 passou a determinar que: “O
ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola públi-
ca, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cida-
dão”. Diante disso, Libâneo; Oliveira; Toschi (2009, p. 254) comentam que: “Seu não
oferecimento, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competen-
te”.
Ainda, segundo o artigo 32, a fim de cumprir o objetivo de formar o cida-
dão, tal ensino deve oferecer:
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Módulo III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
educacionais brasileiras
Como se pode notar a partir dos dados demonstrados acima, a maior parte
das matrículas concentra-se na rede pública de ensino. Mas apesar dos esforços em-
preendidos, ainda há grande número de crianças e adolescentes fora da escola nessa eta-
pa de escolarização.
Segundo Gomes et al (2011, p. 80):
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formação do cidadão, como o mesmo pode ser facultativo para o aluno; além do que não
fica claro nos parágrafos desse artigo o que realmente é ensino religioso e qual a forma-
ção necessária para a habilitação de seus professores, o que fica a critérios de cada rede
(sistema) de educação.
c) Ensino Médio:
A LDB de 1996 apresenta algumas novidades em relação ao ensino médio.
As determinações sobre a efetivação dessa etapa da educação básica, estão asseguradas
nos artigos 35 e 36, além de um adendo contendo os artigos 36-A, 36-B, 36C e 36-D
que legislam sobre a educação profissional técnica de nível médio.
De acordo com Libâneo, Oliveira, Toschi (2009, p. 257):
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Módulo III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
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Percebe-se no texto da lei que os cursos sequenciais ainda que sejam de ní-
vel superior não se constituem como graduações. Para realizar uma graduação, o aluno
deverá ter concluído o ensino médio e ter sido aprovado em um processo seletivo, veja
que não se fala de vestibular, como em determinações legais anteriores.
As graduações podem ser realizadas mediante cursos tecnológicos ou gradu-
ações tecnológicas que são cursos que possuem características próprias como, por
exemplo, um tempo menor que o bacharelado e a licenciatura, em média 3 anos de dura-
ção, possuindo um formato mais compacto que os cursos de graduação tradicionais. O
diploma desses cursos tem validade nacional e podem ser aceitos como condições para a
inscrição em concurso desde que o edital determine que o inscrito tenha curso de gradu-
ação em nível superior.
Muitas vezes os cursos de graduação tecnológicos são confundidos com os
cursos sequenciais, mas não é a mesma coisa, pois enquanto o primeiro confere ao aluno
um diploma de graduação o segundo não o faz. Esses cursos sequenciais podem ser in-
clusive de dois tipos: Cursos Sequenciais de Complementação de Estudos no final do
qual o aluno que participa recebe apenas certificado de participação e conclusão; e Cur-
sos Sequenciais de Formação Específica, que apesar de diplomar o participante não lhe
confere o título de graduado.
Em relação às graduações tradicionais temos duas titulações, a de licenciado
e de bacharel. Os cursos de licenciatura oferecem o aporte técnico e teórico inerente tan-
to a área de saber escolhida quanto a formação necessária para o exercício do magistério
(destinam-se assim a formação de professores). Já os cursos de bacharelado proporcio-
nam ao alunado uma formação mais específica de sua área de atuação e tem como foco
principal a inclusão do indivíduo no mercado de trabalho. Esses cursos variam em tem-
po de formação, dependendo da área escolhida.
Uma coisa é certa, a legislação atual oriunda tanto da LDB de 1996 como
das leis complementares, decretos e portarias que normatizam o ensino superior possibi-
litaram maior democratização de acesso a esse nível de ensino. Inclusive no artigo 44 ao
falar em processo seletivo e não vestibular, permitiu que as instituições pudessem se uti-
lizar de inúmeras formas de acesso a esse nível de ensino como, por exemplo, as notas
de desempenho obtidas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e os processos
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Módulo III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
educacionais brasileiras
seletivos realizados por meio de provas ao final de cada ano do ensino médio, entre ou-
tras formas.
Após a obtenção do título de graduado, seja oriundo de curso tecnológico,
da licenciatura ou do bacharelado que o profissional poderá fazer cursos de pós-gradua-
ção, seja em nível de especialização, mestrado e doutorado. No Brasil a maioria dos
programas de pós-graduação stricto sensu exige para a admissão no doutorado o título
de mestre, fato que é um pouco diferente em muitos outros países na qual o candidato
pleiteia a vaga para um curso ou para outro. Porém, é necessário lembrar que não existe
necessidade de se fazer especialização para entrar no mestrado ou doutorado, a condição
básica é que o candidato tenha concluído a graduação de nível superior.
Até aqui falamos dos níveis de ensino. Agora você deve estar se perguntan-
do: e as modalidades de educação, o que são e como se realizam?
Bem, a LDB de 1996, contempla três modalidades distintas: a educação de
jovens e adultos, regulada pelos artigos 37 e 38; a educação profissional prevista nos ar-
tigos de 39 a 42 e a educação especial regulada pelos artigos de 58 a 60.
Como o próprio nome sugere, modalidades são modos de oferecimento da
educação a determinados grupos da sociedade. As modalidades perpassam os diversos
níveis de ensino. Vejamos cada uma delas:
a) A educação de jovens e adultos: essa modalidade destina-se a pessoas
que não tiveram condições, por motivos diversos, de frequentar a escola no devido tem-
po, ou seja, em idade própria, ou mesmo que abandonaram o ensino fundamental ou
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de qualidade da escola pública entres tantas questões amplas e complexas que abarcam
a educação nacional. Uma forma que o governo tem encontrado, porém é a utilização de
políticas educacionais afirmativas que tem o objetivo de produzir maior inclusão e equi-
dade na sociedade brasileira.
No entanto, trataremos dessas “políticas inclusivas” a seguir. Agora, porém,
vamos fazer uma breve pausa e aproveitar para resolver uma atividade no intuito de me-
lhor fixarmos as informações adquiridas neste momento de estudo.
Atividade
1. Na unidade dois você fez uma pesquisa e teve acesso as leis da educação: Lei n.º
4.024, de 20 de dezembro de 1961, e Lei n.º 5.540, de 28 de novembro de 1968; Lei
n.º 5.692/71; Lei nº 9.394/94. De posse desses textos legislativos, elabore um qua-
dro comparativo no qual você apresente a estrutura e organização da educação pre-
vista nessas três leis.
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E com esse discurso, a burguesia consolida seus ideais, mas não consegue
adormecer a necessidade de uma educação universalizada. E a educação passa a ser uma
necessidade em duas vertentes: para a burguesia dominante que encontra o veículo de
manutenção social elitizando o conhecimento, ao mesmo modelo da idade medieval; e
ao proletariado, aos operários que necessitam serem educados para o trabalho, ou seja,
para a produção e para o consumo.
Já no século XX, após a Segunda Guerra Mundial, a educação reaparece na
Declaração Universal dos Direitos Humanos e volta a ser entendia como possibilidade
de vencer as desigualdades sociais, políticas e econômicas, e ainda a barbárie que asso-
lou grande parte do mundo no período da grande guerra.
Coube a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), fundada em 16 de novembro de 1945, a responsabilidade de contri-
buir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as co-
municações. Na década de 1960, após realizar algumas conferências regionais, esse or-
ganismo apresentou um primeiro documento no qual expõe estatisticamente a situação
da educação mundial. A partir de então a UNESCO elabora metas segundo as quais to-
das as crianças deveriam estar matriculadas na educação primária até a década de 1980.
No entanto, apesar das matrículas em todos os continentes até triplicarem, tal fato não se
consolidou, pois ainda há altos índices de pobreza em muitas nações e com isso muitas
crianças estão fora da escola.
Assim, era necessário que os países elaborassem novas propostas educacio-
nais com o intuito de erradicar o analfabetismo e promover uma educação que possibili-
tasse acesso e permanência da criança e do adolescente na escola, dando-lhes ao menos
a possibilidade de ter a educação básica.
A partir da década de 1990, ampliam-se mundialmente um movimento que
procura refletir sobre as desigualdades sociais e o alto índice de pobreza em que se en-
contram grande parte da população mundial. Um dos marcos iniciais da discussão sobre
as desigualdades é a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em
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No entanto essa iniciativa se configura como uma iniciativa que busca en-
contrar um rumo para a educação no país, segundo Oliveira (2011, p. 328):
Antes de prosseguirmos vamos ver dois vídeos que nos permitem um me-
lhor entendimento do FUNDEF e do FUNDEB. Esses vídeos foram elabo-
rados pela UNIVESP-TV para serem utilizados como recurso didático nos
cursos de licenciaturas.
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Como se pode perceber a Lei apresenta uma boa iniciativa, mas precisam-se
fazer algumas considerações sobre a mesma, como por exemplo, a formação de
professores para essa nova realidade, a constituição de um currículo que não seja apenas
entendido como um conteúdo a mais nas disciplinas, mas que se torne espaço crítico de
reflexão para a formação cidadã.
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http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=5725
O vídeo apresenta uma importante discussão para a construção de uma educação ci-
dadã que possibilite a consciência da influência da cultura africana na constituição
cultural do povo brasileiro.
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1. Acabamos de falar de políticas públicas educacionais que tem por objetivo a inclusão
de grupos minoritários que vivenciam, ainda, processos de relativa exclusão, mas que
aos poucos estão em busca da conquista de seus direitos e começam a deslumbrar
outro cenário diante de suas vidas. Falamos apenas de duas dessas políticas, para
conhecer outras iniciativas, faça uma pesquisa na web e procure listar ao menos
cinco iniciativas que tenham por finalidade um maior acesso à educação.
A título de exercício de fixação, além de relacionar essas iniciativas descreva seus
objetivos e, caso tenham, mencione a lei que as regulamentam.
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3 Para onde caminham as políticas educacionais no Brasil
Como se pode notar por meio das informações da autora, apesar do país
avançar economicamente, tornando-se uma das potências emergentes, as desigualdades
têm-se apresentado como verdadeiros obstáculos na conquista de status de um país real-
mente desenvolvido. E um desses percalços encontra-se na efetivação da educação
como política pública de Estado.
89
Segundo dados apresentados por Oliveira (2011), a educação ainda não con-
seguiu obter resultados no que se refere à erradicação do analfabetismo, apesar do au-
mento da taxa de escolarização e de matrículas na educação básica.
90
das as classes sociais a fim de construir cientificamente o País (...)
(LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p.153-154)
91
A partir de então, como comentam os autores, outros planos foram elabora-
dos, mas assim como o primeiro, não conseguiram a efetivação de uma educação nacio-
nal de qualidade, dado ao fato que faltava articulação no próprio âmbito governamental.
Porém esse artigo foi alterado pela Emenda Constitucional 59, em 2009 e
passou a vigorar com a seguinte redação:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal,
com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do
ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de
ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II -
universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do
ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística,
científica e tecnológica do País; VI - estabelecimento de meta de
aplicação de recursos públicos em educação como proporção do
produto interno bruto.
92
Como se pode observar há uma significativa alteração no texto da Constitui-
ção Federal em relação ao Plano Nacional de Educação. Na primeira redação falava-se
de plano plurianual, agora de um plano decenal, deixando claro que o mesmo deve apre-
sentar as diretrizes, metas, objetivos e estratégias para o desenvolvimento das priorida-
des elencadas no mesmo.
Essa prerrogativa constitucional também foi reforçada pela LDB/96 que no
artigo 9º, determina que “A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional de
Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios [...]”
(BRASIL – LDB, 1996).
Assim, para aprovação do PNE de 2001-2010, houve um grande debate, até
porque duas foram às propostas apresentadas: uma pelo Ministério da Educação, elabo-
rado pelo Instituto Nacional de estudo e Pesquisa Educacionais (INEP) que ignorava
completamente o artigo 9º da LDB/96 que determina o regime de colaboração na elabo-
ração do plano; e outra, apresentado como resultado dos debates ocorridos no Congres-
so Nacional de Educação, ocorrido em novembro de 1997, na cidade de Belo
Horizonte/MG, com ampla participação da sociedade civil e instituições legadas a edu-
cação.
Comentando a relação dos dois projetos apresentados, Libâneo; Oliveira;
Toschi (2009, p.158) dizem que:
93
teresses governamentais possam interferir de forma direta na sua execução. Em relação
a essa situação de políticas de descontinuidade/continuidade. Dourado (2010, p. 681)
afirma:
Assim, podemos dizer que um primeiro desafio está sendo vencido, pois
mesmo tendo presente que a aprovação do PNE 2001-2010 é resultante de um embate
de forças antagônicas, haja vista que de um lado está o governo gerenciando seus inte-
resses e de outro a sociedade civil Figura 11 - Os desafios do ensino no Brasil
buscando estabelecer políticas edu-
cacionais que de fato possam atrelar
valor e qualidade a educação nacio-
nal. Esse aspecto demonstra a ne-
cessidade da participação da socie-
dade civil nos debates e na formula-
ção das políticas educacionais.
Fato de grande relevân-
cia quando da construção do PNE
2001-2010 quando se verifica am-
plo debate por parte da sociedade é
o retorno da participação popular Fonte:
http://marciasglima.blogspot.com.br/2011/02/educ
aos debates sobre as prioridades, acao-brasileira-problemas-desafios.html
metas e estratégias a serem alcança-
das no prazo de 10 anos. Comentando a participação social na elaboração do PNE e as
atitudes do governo, Dourado (2006, p. 30) comenta:
Essa não foi uma lei originada de um projeto que tivesse tramite
corriqueiro no parlamento federal. Ao contrário, ela surgiu da pressão
social produzida pelo “Fórum Nacional em Defesa da Escola
Pública”. As inúmeras entidades ali presentes forçaram o governo a
se mover, ao darem entrada, na Câmara dos Deputados, em 10 de
fevereiro de 1998, do Plano Nacional de Educação, elaborado
coletivamente por educadores, profissionais da educação, estudantes,
94
pais de alunos, etc., nos I e II Congressos Nacionais de Educação
(CONED). O plano, conhecido como PNE da Sociedade Brasileira,
consubstanciou-se no Projeto de Lei nº. 4.155/98, encabeçado pelo
deputado Ivan Valente e subscrito por mais de 70 parlamentares e por
todos os líderes dos partidos de oposição da Câmara dos Deputados.
A inesperada ação da sociedade forçou o governo Fernando Henrique
Cardoso – que, como os fatos viriam a demonstrar, apesar da
determinação constitucional e da LDB, não se interessava por
nenhum PNE – a desengavetar o seu plano e encaminhá-lo, em
11/2/98, à Câmara, onde tramitaria, de modo sui generis, como anexo
ao PNE da Sociedade Brasileira, sob o nº. 4.173/98.
95
pela pressão da sociedade civil, foi a aprovação pela comissão especial da Câmara dos
Deputados, ocorrida no dia 26 de junho de 2012, da destinação de 10% do Produto In-
terno Bruto (PIB) para investimento na educação, que deverá ocorrer até 2020. Sendo
esse um dos pontos mais divergentes do novo PNE.
No entanto, não somente esse ponto precisa ser observado, mais ainda, as
demais reivindicações da sociedade, amplamente discutidas e aprovadas na CONAE,
tais como: destinação de recursos públicos exclusivamente para instituições públicas de
ensino; gestão democrática do sistema de ensino e das instituições educativas tendo
como instrumentos a eleição de diretores e a existência de Conselhos escolares ou cole-
giados deliberativos, dentre outros; necessidade do incremento da qualidade da escola
mediante a adoção do custo-aluno qualidade como referência para o financiamento; res-
peito à pluralidade de ideias e concepções pedagógicas incentivando as escolas para a
elaboração de seu projeto político-pedagógico; formação e Valorização dos/das Profissi-
onais da Educação de forma inicial e continuada, mediante a instituição de Planos de
Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), que garantam um Piso Salarial Profissional
Nacional articulado ao custo-aluno qualidade, com garantias de jornada de trabalho em
uma única instituição educativa, com tempo destinado à formação e planejamento, com
condições dignas de trabalho e definição de um número máximo de estudantes por tur-
ma e por professor; o reconhecimento do papel estratégico das instituições da educação
básica e superior na construção de uma nova ética, centrada na vida, no mundo do traba-
lho, na solidariedade e numa cultura da paz, superando as práticas opressoras, de modo
a incluir, efetivamente, os grupos historicamente excluídos: negros, quilombolas, pesso-
as com deficiência, povos indígenas, trabalhadores do campo, mulheres, entre outros.
Como se pode perceber, a maior perspectiva que temos hoje em relação às
políticas educacionais brasileiras é a de que no País se efetive uma política educacional
de Estado e não mais uma experiência feita pelas políticas de governo que em quase
nada contribuem para o avanço da oferta, da universalização e da qualidade, bem como
para a formação de um Sistema Nacional de Educação.
96
Considerações finais
Prezado/a Aluno/a,
Chegamos ao final de mais um período de estudo que deve contribuir com
sua formação como futuro/a professor/a. Esperamos ter contribuído no seu
amadurecimento intelectual, lembrando-lhes que o futuro da educação está em nossas
mãos, especialmente nos esforços que empreendemos diuturnamente na busca de uma
educação pública de qualidade e para todos.
Como podemos ver nesse módulo, a educação é resultado das relações que
estabelecemos na sociedade e serve de instrumento de transformação ou de manutenção
da situação vigente. Será nosso amadurecimento intelectual e político, nosso empenho e
participação ativa que poderão transformar o cenário nacional que se apresenta, pois
como já dizia o filósofo francês Jean Paul Sartre, “o importante não é o que fazem de
nós, o mais importante é o que fazemos do que fizeram de nós”.
Assim, de nada adianta reconhecermos que existe uma desvalorização da
docência que conduz a uma precarização de nosso trabalho, se não somos capazes de
amadurecer intelectualmente e nos posicionarmos diante das políticas educacionais
elaboradas de forma equivocada por pessoas que quase nada conhecem da realidade da
escola.
Então, só resta lhes dizer obrigado pela companhia nesses dias de estudo,
lembrando que uma educação transformadora não se esgota no término de uma etapa de
estudo, mas se inicia com a busca dos inúmeros questionamentos que surgem da nossa
ansiosa busca, deixamos a todos uma parábola que representa a mudança daqueles que
buscam a autonomia pela educação.
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O Filósofo e o Elefante Acorrentado
Figura 12 - O elefante acorrentado
Fonte: http://palavrasdereflexao.vilabol.uol.com.br/ps/hrelefante.htm
98
- Isto é um truque. Que só funciona quando o domador faz desde que o
elefante é filhote.
- E qual o truque?
- É prender o pé do filhote com essa mesma corrente e com essa mesma
estaca. Daí o elefante filhote tenta e tenta se livrar, mas não consegue. Chega uma hora,
ele desiste e acha que dessa corrente e dessa estaca ele nunca mais vai conseguir
escapar.
O filósofo pensou nas correntes ainda amarradas em seu pé desde a sua
infância e nas que ele amarrou em outros humanos e saiu de lá pensando que talvez um
dia o homem liberte os animais dos circos, dos zoológicos, dos aquários, das jaulas, dos
abatedouros, das redes, das correntes, e talvez, um dia, liberte também a si próprio.
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Unidade III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
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1. Elabore um texto dissertativo com o tema “Políticas Educacionais no Brasil: por uma
política de Estado e não de governo” utilizando de argumentações construídas a
partir dos estudos realizados neste módulo. O texto deve conter no mínimo duas
laudas, com fonte “Times New Roman” tamanho 12 e espaçamento 1,5 entre linhas.
2. Faça uma pesquisa na internet e baixe em sua máquina os textos do Plano Nacional
da Educação (2001-2010) e da proposta elaborada pela CONAE do Plano Nacional
de Educação (2014-2023). Após uma breve análise dos mesmos, participe do Fórum
“A educação que temos e a educação que queremos”. Na conversa com os colegas
você deverá fazer uma análise do Plano Nacional de Educação comentando sobre
uma das metas do PNE, explicitando quais os desafios e perspectivas na execução
das mesmas.
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Unidade III: Estrutura e organização da educação no Brasil: desafios das políticas
educacionais brasileiras
Caput – Capítulo, parágrafo. Significa cabeça. Designa a cabeça do artigo de lei quando
este contiver incisos e/ou parágrafos. Ex. Art. 1º - ... Parágrafo 1 - ... Parágrafo 2 - ....
Neste exemplo o caput é a cabeça do artigo (Fonte: <http://www.dicionarioinformal.-
com.br/caput>. Acesso em: 10 jul. 2012).
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Referências
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