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UNID.

II – TRATADOS
INTERNACIONAIS
Profa. Dra. Andreza Smith
andrezapantoja@gmail.com
1. TERMINOLOGIA

 Tratado - ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de


vontades entre dois ou mais sujeitos de DIP.
 Exigências - convergência de vontades; animus contrahendi
(vontade de livre contratar com vistas a criar obrigações mútuas
entre as partes)
 Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969.
1.1 NOÇÃO

 Não são tratados:


 Acordos de cavalheiros (gentlemen’s agreements)
 Declarações
 Comunicados comuns
 Arranjos
 Contrato internacional
1.1 NOÇÃO

 Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969


- Entrou em vigor em 1980
- Regula somente os tratados escritos
- Não possui efeitos retroativos
- Cerca de 110 Estados partes
 Brasil aderiu em 2009: (Decreto n. 7.030/2009) Duas reservas
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm
- art. 25: aplicação provisória
- art. 66: estabelece jurisdição compulsória da CIJ
1.1 NOÇÃO

 Convenção de Viena sobre o Direitos dos Tratados


entre Estados e OIs ou entre OIs (1986)
 ainda não está em vigor; não adquiriu o mínimo de
ratificações (35)
 o direito costumeiro, portanto, ainda regula o direito
dos tratados entre esses sujeitos de DIP
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1427770.pdf
1.2 PRINCÍPIOS BASILARES

 Pacta sunt servanda (art. 26 da CV de 1969):


 acordos devam ser cumpridos conforme o que foi pactuado
 acordos deve ser respeitado de boa-fé (elemento subjetivo fundamental)

 Rebus sic stantibus (art. 62): possibilidade de suspensão ou extinção do tratado pela
ocorrência de evento que elemento essencial para o consentimento das partes e
modifica radicalmente as obrigações futuras. Casos impedidos:
 quando o tratado estabelece limites
 quando a mudança fundamental de circunstâncias alegada pela parte resulta de sua
própria violação do tratado ou de outra obrigação internacional.
1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE

a) Capacidade das partes;


 Estados nacionais
 OIs
 Santa Sé
 Beligerantes (movimentos armados com fins políticos – chegam à guerra). Ex:
Confederados da Guerra de Secessão dos EUA (1861-1865)
 Insurgentes (grupos revoltados com o governo mas não chegam à beligerância)
 Os Estados federados somente podem concluir tratados caso estejam autorizados
pela respectiva União federal (não é o caso do Brasil – CF, art. 21)
1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE

b) Agentes habilitados
 Art. 7º da CV/1969: isentos da carta de plenos poderes o Chefe de Estado e/ou de
Governo (representatividade originária), o Ministro das Relações Exteriores e,
somente para a adoção de um tratado, o Embaixador devidamente acreditado na
OI ou no país depositário do tratado (representatividade derivada).
 Se o agente não tem plenos poderes, o ato será nulo, tendo consequências
jurídicas apenas se houver a sua confirmação pelo Estado (art. 8º).
 Obs.: apenas o presidente da República e, extensivamente, o Ministro das
Relações Exteriores podem conceder a carta de plenos poderes
1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE

c) Consentimento mútuo
 Art. 51, CV/69:
 “Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do
consentimento de um Estado obrigar-se por um tratado que tenha
sido obtido pela coação de seu representante, por meio de atos ou
ameaças dirigidas contra ele.”
1.3 CONDIÇÕES DE VALIDADE

d) Objeto seja lícito e possível


 Obs.: nenhuma parte em qualquer tratado que não tenha sido
registrado e publicado pelo Secretariado da ONU poderá invocar
tal tratado perante qualquer órgão das Nações Unidas (art. 102
da Carta da ONU e art. 80 da CV de 1969).
1.4 TERMINOLOGIA

 Tratado – expressão genérica, designa acordo internacional,


bilateral ou multilateral, de especial relevo político, qualquer que
seja sua denominação específica, maior importância , discussão
prévia
 Convenção – formalização de acordo pré-ajustado, solene e
multilateral, assuntos de interesse geral
 Pacto – restringe o objeto político de um tratado
1.4 TERMINOLOGIA

 Acordo - atos bilaterais ou multilaterais - muitas vezes com reduzido


número de participantes e de relativa importância - política,
econômica, comercial, cultural ou científica
 Acordo por troca de notas – assuntos administrativos, em nome de
uma das partes, alterar ou interpretar clausulas existentes, conclusão
com a troca
 Acordo em forma simplificada ou acordo do executivo - tratados
concluídos pelo Poder Executivo sem o assentimento do Poder
Legislativo. São concluídos, na maioria dos casos, por troca de notas
diplomáticas, troca de correspondências, conclusão imediata
1.4 TERMINOLOGIA

 Carta - para estabelecer os instrumentos constitutivos de


organizações internacionais,
 Protocolo - resultados de uma conferência diplomática ou de
um acordo menos formal, ou acordos subsidiários de
anteriores
 Declaração - estabelecem certas regras ou princípios jurídicos,
ou ainda para as normas de Direito Internacional indicativas de
uma posição política comum de interesse coletivo
1.4 TERMINOLOGIA

 Compromisso - Terminologia normalmente empregada na fixação


de um acordo (quase sempre bilateral) pelo qual dois ou mais
Estados comprometem-se a recorrer à arbitragem para resolver os
litígios
 Estatuto - tratados que estabelecem normas para os tribunais de
jurisdição internacional
 Regulamento - normas gestoras de alguns organismos ou tribunais
internacionais
2. CLASSIFICAÇÃO
2.1 - Quanto ao número de partes
a) Bilateral – ou particulares : duas partes-contratantes
b) Multilateral – ou coletivos
- mais de duas partes - convergência de vontades - participação de qualquer
Estado/organização internacional, sem restrição; ou de considerável número de
Estados ou organizações
- produção de normas gerais de Direito Internacional Público ou o tratamento de
questões de interesse comum.
- Tratado guarda-chuva: linhas mestras, Ex: Tratado da Antártida/1959
- Tratado ou convenção quadro: emolduram grandes bases jurídicas de acordo,
regulamentação posterior, Ex: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima/1992
2. CLASSIFICAÇÃO

2.2 Quanto ao tipo de procedimento utilizado para a sua conclusão


 Unifásico - apenas uma só fase para que o consentimento definitivo
do Estado
 Bifásico - precisa de duas fases de expressão do consentimento: a
assinatura e a ratificação

2.3 Quanto à possibilidade de adesão


 Abertos - posterior adesão de outros Estados (ou organizações
internacionais) CONDICIONADOS OU INCONDICIONADOS
 Fechados - proíbem a posterior adesão de outros Estados (ou
organizações) que deles não são partes originárias
2. CLASSIFICAÇÃO

2.4 Quanto à natureza jurídica


 Tratados-lei – normativos, celebrados entre vários Estados, estabelecem regras gerais de
DIP, obrigatórios às partes
 Tratados-contrato – vontades divergentes, estabelece prestação e contra-prestação. Ex:
cessão de território

2.5 Quando à execução no tempo


 Permanentes – tempo indeterminado
 Transitórios – têm sua execução exaurida de forma instantânea e imediata, muitas vezes
pela simples publicidade do ato ali concluído
2. CLASSIFICAÇÃO

2.6 Quanto à execução no espaço


 Parcial – colônias
 Total – em todo o território, art. 29 CV/69

2.7 Quanto à estrutura da execução


 Mutalizável - descumprimento por alguma ou algumas das partes entre si não tem o
condão de comprometer a execução do acordo como um todo. Não inviabiliza a aplicação
aos demais
 Não mutalizável - se alguma ou algumas das partes, pelo motivo que seja, não puder
cumprir o pactuado, umas em relação às outras, todas as demais sofreriam com a sua
violação. Ex: tratado da Antártida/59
UMA NOTA SOBRE A CONVENÇÃO DE
VIENA 1969
 A Convenção regula:
 Questões pré-negociais (capacidade para concluir tratados e plenos poderes),
 Processo de formação dos tratados (adoção, assinatura, ratificação, adesão, reservas etc.)
 Entrada em vigor, aplicação provisória, observância e interpretação
 Nulidade, extinção e suspensão de sua execução.
 Regras basilares de direito das gentes - pacta sunt servanda (art. 26) e Direito interno não pode legitimar
a inexecução de um tratado (art. 27); rebus sic stantibus, entre outras.

 Não cuidou dos efeitos dos tratados na sucessão de Estados (CV/78) e no estado de
guerra.
 Autoridade jurídica mesmo para aqueles Estados que dela não são signatários - norma
"declaratória de Direito Internacional geral“;
DEFINIÇÃO DE TRATADO NA CV/69

 Art. 2°, § 1°, alínea a, (definição formal)


a) "tratado" significa um acordo internacional concluído
por escrito entre Estados e regido pelo Direito
Internacional, quer conste de um instrumento único, quer
de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja
sua denominação específica
3. ESTRUTURA DOS TRATADOS (MÍNIMA)

 Título, indica a matéria tratada;


 Preâmbulo ou exórdio, duas categorias de enunciados: (1) a
enumeração dos contratantes e (2) os motivos que levaram os
Estados à negociação do acordo. (não obrigatório, serve para
interpretação)
 Articulado (ou dispositivo), sequência de artigos numerados, em
que se estabelecem as cláusulas de operatividade do acordo
(obrigatoriedade jurídica).
3. ESTRUTURA DOS TRATADOS (MÍNIMA)

 Cláusulas finais (ratificação e troca dos seus instrumentos, entrada em vigor,


possibilidade de denúncia ou prorrogação, eventual prazo de vigência,
possibilidade de adesão, de revisão )
 Fecho, especifica o local e a data da celebração do tratado, o idioma em que se
encontra redigido e o número de exemplares originais.
 Assinatura do chefe de Estado, do Ministro das Relações Exteriores, ou de outra
autoridade
 atos bilaterais (sistema de alternância)
 tratados multilaterais (ordem alfabética)
 Selo de lacre, (armas das altas partes-contratantes)
4. ETAPAS DE SUA ELABORAÇÃO

 Fases internacionais + fases internas = procedimento complexo entre


Executivo e Legislativo
 Tendência nos países constitucionalistas contemporâneos
 Revogam normas anteriores e devem ser observados pelas posteriores
 São atos internacionais aplicados internamente como se fossem leis.
FASES INTERNAS

a) Formação do
d) Promulgação e
texto (negociações, b) Aprovação c) Ratificação ou
adoção, parlamentar adesão do texto publicação
autenticação) e (referendum) convencional (complementar /
assinatura aplicabilidade
interna)

FASES INTERNACIONAIS
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA

A) Negociações preliminares – P. Executivo


 reunião dos representantes dos Estados (local e data
preestabelecido)
 possibilidades de entendimento conjunto: manifestações,
propostas e contrapropostas, posições finais
 redação do texto (peritos)
4.1 – FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA
DIFERENÇAS CONFORME O TIPO

• Nota diplomática, de caráter informal, de um país para outro


• Negociações no território de um dos dois Estados-contratantes ou no território
Tratados bilaterais de um terceiro Estado escolhido.
• Chancelarias/missões diplomáticas fazem a negociação

Tratados celebrados entre


• Negociações normalmente têm lugar na sede da organização.
Estado e organização • Iniciativa geralmente é do Estado que tem mais interesse.
internacional

• Negociações tem lugar em sede de organizações internacionais ou conferências


Tratados multilaterais ad hoc (especializada – comissões especiais, regulamentos internos, delegados),
texto base, local varia conforme quem convoca, especialistas.
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA

 Findas as negociações, o tratado está concluído, apto a


prosseguir - Projeto de tratado:
a) preâmbulo (partes-contratantes e motivos)
b) parte dispositiva (corpo do texto do tratado, princípios e
regras do compromisso, cláusulas ou disposições finais)
c) eventualmente alguns anexos (elementos técnicos
complementares)
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA

 B) Adoção do texto
 Ato jurídico que chancela o acordo das partes e põe fim às negociações (Art. 9°, §§ 1 °
e 2°, da Convenção de Viena de 1969)
 Procedimento jurídico-diplomático que expressa o consenso e chancela à redação
definitiva do tratado internacional
 Não é norma jurídica ainda. Exceção: Cláusulas finais - art. 24, § 4°, da Convenção de
Viena de 1969, segundo o qual:
"Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições
relativas à autenticação do seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados em
obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou a data de sua entrada em vigor, às reservas, às
funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da
entrada em vigor do tratado".
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA

 Duas regras para a adoção do texto convencional: (art. 9°, CV/69)


a) pelo consentimento de todos os Estados que participam da sua
elaboração, ou; (§ 1°)
b) em uma conferência internacional, maioria de 2/3, salvo se
decidirem aplicar uma regra diversa. (§ 2º) – seriam as regras da
conferência
 OBS: tratados bilaterais exigem unanimidade
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA

 C) Autenticação - texto do tratado é considerado "autêntico e definitivo“ (Art. 10 da


CV/69).
 Documenta que a adoção realizou-se com sucesso
 formalidade diplomática de caráter meramente protocolar
 quando passa a existir um texto definitivo
Art. 1 O. Autenticação do texto. O texto de um tratado é considerado autêntico e definitivo:
a) mediante o processo previsto no texto ou acordado pelos Estados que participam da sua
elaboração; ou b) na ausência de tal processo, pela assinatura, assinatura ad referendum
ou rubrica, pelos representantes desses Estados, do texto do tratado ou da Ata Final da
Conferência que incorporar o referido texto.
4.1 FORMAÇÃO DO TEXTO E ASSINATURA
 d) Assinatura – fim da fase inicial, quase sempre ad referendum
 sinal aposto que informa que o documento foi elaborado com o seu
conhecimento e concordância
 natureza jurídica dúplice: aceite (a) precário, por ser provisório; e (b)
formal, atesta que o texto ali não apresenta vícios de forma;
 vincula juridicamente os Estados ao texto final do tratado - qq alteração
posterior anula o acordo celebrado
4.2 APROVAÇÃO PARLAMENTAR (FASE
INTERNA)
 Conforme regras internas;
 Brasil: (Art. 84, VIII cc Art. 49, I CF)
 Após assinatura, o Ministro das Relações Exteriores envia à
Presidência da República uma exposição de motivos
- Se o Presidente concordar, encaminha uma Mensagem ao
Congresso Nacional
- Análise pela Câmara e pelo Senado
- Promulgação do Decreto legislativo
4.3 RATIFICAÇÃO OU ADESÃO (FASE INTERNA
E INTERNACIONAL)
 a) Ratificação – Chefe do Poder Executivo (art. 14, CV/69)
 Faculdade de expressar em definitivo (irretratável) a confirmação da
assinatura do acordo , exprimindo a vontade do Estado de obrigar-se ao
compromisso internacional (= sanção)
 Dá conhecimento aos demais Estados-parte: carta de ratificação,
assinada pelo Chefe do Estado e referendada pelo Ministro das Relações
Exteriores
 Entrada em vigor dos tratados: troca (bilaterais) ou depósito
(multilaterais) dos instrumentos de ratificação em Estado ou órgão que
assuma a sua custódia – art. 16, CV/69
4.3 RATIFICAÇÃO OU ADESÃO (FASE
INTERNA E INTERNACIONAL)
b) Adesão:
 Estado tenha a intenção de ingressar num tratado ex
post facto, poderá fazê-lo (a depender das
circunstâncias) mediante adesão. Art. 15, CV/69
4.4 PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO (FASE
INTERNA)
 Etapa complementar, para dar aplicabilidade interna ao tratado
internacional
5. RESERVAS AOS TRATADOS
MULTILATERAIS
 Art. 2°, § 1 °, alínea d, CV/69:
“declaração unilateral, qualquer que seja o seu enunciado ou
denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou
aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou
modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua
aplicação a esse Estado".
 Limites: no próprio texto do tratado (possibilidade e condições)
 A questão dos tratados de DDHH
5. RESERVAS AOS TRATADOS MULTILATERAIS

 Procedimento das reservas. (art. 23, CV/69)


 Por escrito, comunicando-se tal fato aos demais Estados
contratantes e aos outros Estados que tenham o direito de se
tornar partes no tratado (§ 1°).
 A retirada de uma reserva ou de uma objeção, também deve ser
feita por escrito(§ 4°).
5. RESERVAS AOS TRATADOS MULTILATERAIS

 Aceitação e objeção das reservas (art. 20, CV/69)


 uma reserva expressamente autorizada pelo tratado não exige
qualquer aceitação ulterior dos demais Estados
 Estados: poder de apreciar se uma reserva formulada por outro é
ou não compatível com o objeto e finalidade do tratado
 Efeitos: fazer com que o Estado reservante se desonere de cumprir a
disposição reservada
6. ENTRADA EM VIGOR DOS TRATADOS

 Art. 24, § 1°, CV/69


"um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas
pelos Estados negociadores”
 Na ausência de regra, ocorre quando todos os estados negociadores consentirem
 Efeitos: em regra, efeitos ex nunc (ou pro futuro). Pode ser:
 (a) contemporânea ao consentimento, tal como se dá nos acordos por troca de
notas;
 (b) diferida ou postergada: certo prazo antes da entrada em vigor do tratado
(vacatio Legis); aguardar completar determinado quórum de Estados ratificantes ;
7. APLICAÇÃO PROVISÓRIA DOS TRATADOS

 Se o próprio tratado dispuser, ou se os Estados


negociadores assim acordarem por outra forma, o
tratado, ou parte dele, poderá ser aplicado
provisoriamente enquanto não entra formalmente em
vigor (art. 25, § 1°, alíneas a e b)
8. REGISTRO E PUBLICIDADE DOS
TRATADOS
 Todos os tratados internacionais, concluídos por quaisquer
membros das Nações Unidas, devem ser registrados e
publicados pelo Secretariado da ONU.
 É o que dispõe o art. 102, § 1°, da Carta da ONU de 1945
9. OBSERVÂNCIA E APLICAÇÃO DOS
TRATADOS
 Observância:
 Art. 26 e 27, CV/69: pacta sunt servanda; direito interno

 Aplicação dos tratados:


 no tempo (não atende a fatos anteriores), art. 28
 no espaço (td o território do Estado parte), art. 29
10. INTERPRETAÇÃO

 Interpretação de tratados (afastar dúvidas, obscuridades, contradições ou ambiguidades)


 Art. 31 a 33 da Convenção de Viena/1969

A)Regra geral de interpretação: art. 31, § 1°, da Convenção de 1969


 “interpretado de boa-fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu
contexto e à luz de seu objetivo e finalidade”
 art. 31, 4 – sentido especial
 art. 31, 3 - acordo posterior, prática posterior, regras de DIP pertinentes
 Art. 31, 1 - objetivo (metas) e finalidade (propósitos)
 Contexto: preâmbulo, texto, anexos, demais instrumentos relativos ao tratado
10. INTERPRETAÇÃO
B) Meios suplementares de interpretação: art. 32
- trabalhos preparatórios (NEGOCIAÇÕES-ASSINATURA) do tratado e as
circunstâncias de sua conclusão

- Outros:
- regra do efeito útil (maior eficácia);
- interpretação funcional (de acordo com o objetivo para plenitude de efeitos);
- analogia, os costumes, os princípios gerais de direito
- a regra contra proferentem (em desfavor de quem a redigiu, benefício da dúvida
a outra parte do contrato)
10. INTERPRETAÇÃO

C. Interpretação de tratados autenticados em duas ou mais línguas


-art. 33, 1: faz igualmente fé em cada uma delas; por acordo prevaleça um texto determinado
- tratados bilaterais - texto convencional nas línguas oficiais dos Estados-contratantes, art. 33, 3
- solução viável - terceira versão em outra língua (normalmente o inglês ou o francês) Art. 33, 2,
CV/69
- tratados multilaterais - deixar fixado no instrumento a predominância de apenas uma língua para
fins de sua interpretação
 Convenção de Viena de 1969:
 Divergência: comparação dos textos autênticos revela uma diferença de sentido, adotar o que
melhor conciliar os seus textos (art. 33, 4).
10. INTERPRETAÇÃO

D. Sistemas de interpretação
Interpretação internacional:
Interpretação autêntica/coletiva – declaração interpretativa, todas as partes; simultânea
ou posterior à conclusão do tratado;
Declaração conjunta – apenas duas ou mais partes, mas não todos, acordo formal, só
tem valor para elas
Por órgão judicial externo ou outro órgão indicado (Ex: CIJ, CIDH, Cons. Seg. ONU, Cons.
Perm. OEA, opiniões consultivas das cortes) pelos Estados
Interpretação unilateral: feita por uma das partes, não vincula as demais, declaração
interpretativa
Interpretação interna: conforme regras da CV/69, pode ser política ou jurídica
Interpretação doutrinária: Estatuto da CIJ que reconhece ser a doutrina um "meio auxiliar
para a determinação das regras de direito" (are. 38, § 1°, alínea a).
11. NULIDADE

 Nulidade
 CV/69 – Seção 2 da Parte V (art. 46 ao art. 53):
 (1) vícios que podem influir no consentimento do Estado em obrigar-se pelo tratado,
dividindo-os em anuláveis (arts. 46 a 50) e nulo (hipótese única do art. 51); e
 (2) os casos de nulidade do tratado propriamente dito (arts. 52 e 53)
 Três partes para estudo:
a) anulabilidade do consentimento; (relativa – poss. convalidação)
b) nulidade do consentimento; (absoluta – impossi. Conval.)
c) nulidade dos tratados (absoluta)
ANULABILIDADE DO CONSENTIMENTO

 4 hipóteses: (a invocação do vício deve ser do Estado-vítima. Efeitos ex nunc)

 quando o governo manifesta sua aquiescência ao tratado sem o devido respaldo do


Direito interno (art. 46); sem respeito às normas constitucionais – ratificação
imperfeita
 por erro (art. 48); fato ou situação que esse Estado tivesse suposto existir no
momento em que o tratado foi concluído e que constituía a base essencial do seu
consentimento erro essencial. Ex: na demarcação de limites as questões
cartográficas
 por dolo (art. 49); quando um Estado é levado a concluir um tratado pela conduta
fraudulenta de outro Estado negociador ou organização negociadora (art. 49)
delito
 ou pela corrupção do representante de um Estado (art. 50),
NULIDADE

 Nulidade do consentimento: art. 51


 consentimento obtido por coação do representante do Estado, por meio de atos ou ameaças
dirigidas contra ele
 Efeitos ex tunc, ab initio, oponível entre as partes
 Ex: 1526, quando Francisco I, enquanto prisioneiro de Carlos V, foi obrigado a assinar o Tratado de
Madrid, cedendo-lhe toda a Borgonha
 Nulidade dos tratados
 Efeitos ex tunc
 a coação sobre um Estado soberano pela ameaça ou emprego da força (art. 52)
- Aqui o ilícito é oponível erga omnes
- Apenas o uso ilícito da força, senão invalidaria todos os tratados de paz
 o conflito de tratado posterior com uma norma de jus cogens (are. 53).
12.EXTINÇÃO
 Pela vontade comum, causas extrínsecas ou vontade unilateral
 art. 54 da Convenção, a extinção (ab-rogação) de um tratado ou a retirada de uma das partes
pode ter lugar:
 a) de conformidade com as disposições do tratado ou;
 b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os outros
Estados (ou organizações internacionais) contratantes
12.EXTINÇÃO

 Expiração do termo pactuado: o tratado estipular um prazo (um lapso


temporal) determinado para a sua vigência.
 Condição resolutiva : pode constar do instrumento internacional certa
condição resolutiva (afirmativa ou negativa). Ex: Tratado de Varsóvia x
Tratado Geral sobre Segurança Coletiva da Europa
 Execução integral do objeto do tratado: objetivo foi plenamente realizado,
o objeto do tratado se perde. Ex: obra, pagamento
 O tratado posterior: quando as partes de um determinado acordo decidem
elaborar um novo instrumento, extinguindo o anterior. Mas, para que isso
aconteça, é imprescindível que as partes do novo tratado sejam as mesmas
do tratado original (art. 54, alínea b).
12.EXTINÇÃO

 Violação grave do tratado :quando um dos Estados-partes deixa de cumprir, em


violação substancial (injustificada, grave) ao seu texto, conferindo às partes
inocentes afetadas pela violação, dentre outros, o direito de rescindir o
compromisso em vigor com o Estado faltoso ou até mesmo extinguir o tratado
entre todas as partes , Exceção: DH e humanitário
 Impossibilidade superveniente (caso uma parte fique impossibilitada de cumpri-
lo) e mudança fundamental das circunstâncias
 Rompimento das relações diplomáticas e consulares: caso uma parte fique
impossibilitada de cumpri-lo
 O estado de guerra: bilateral
 Suspensão da execução de um tratado em virtude de suas disposições ou pelo
consentimento das partes: em virtude de suas disposições ou em razão do
consentimento das partes
DENÚNCIA

 Ato unilateral , texto inteiro


 Tratado bilateral - extingue o acordo
 Tratados multilaterais - para a parte que o denuncia (art. 56)
 Previsão ou não da possibilidade
 Pode se retratar?
 O problema da denúncia no Direito interno brasileiro: autorização legislativa? ADI 1615/DF
 E os tratados de DDHH?

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