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COBERTURA ESPECIAL

-
MODERNIZAÇÃO FAB
- TECNOLOGIA

27 de Setembro, 2018 - 17:45 ( Brasília )

A Saga do Míssil Sidewinder

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Sidewinder Comemora 60 anos da primeira vitória de um míssil ar-ar.


Nota DefesaNet

Matéria editada em 2002 e reeditada em 2005, em 2014 e 2018 (60 anos


da primeira vitória).

Republicamos devido a sua importância em mostrar a busca de


resultados no gerenciamento de projetos complexos. Especialmente
quando os resultados não são convincentes no início do projeto.

Mantivemos as referências aos projetos de 2002.

O Editor

O míssil Sidewinder é, de longe, o mais famoso míssil ar-ar de curto alcance.


Em 1999 foi lançado um livro que conta sua verdadeira e fiel história:
"Sidewinder – Creative Development at China Lake" AIAA. O autor,
professor Ron Westrum, colheu informações durante 12 anos e contou com o
apoio de membros da própria equipe que projetou o míssil para descrever os
sucessos e os insucessos do projeto.

Para nós brasileiros, que não aceitamos o insucesso de um único míssil que
erra o alvo, a leitura desse livro revela enormes surpresas, pois mostra de
maneira clara, por meio de estatísticas e da apresentação de fatos, que a
certificação de um míssil dessa classe e sua integração nas aeronaves não
significa uma probabilidade de sucesso de 100%, nem mesmo de 70%.

Muito pelo contrário, com menos de 15% de sucesso o sidewinder já foi


utilizado na guerra do Vietnam, mostrando que a melhor arma é aquela que já
existe no seu arsenal e a próxima arma virá do aprimoramento da qualidade
da primeira, na melhoria contínua do projeto; contando com a realimentação
indispensável do operador, que representa o cliente final do produto.

O desenvolvimento do Sidewinder começou com o AIM-9A, em 1947. O AIM-


9B, implantado nas aeronaves da marinha americana em 1956, foi o mais
fabricado (95.000 apenas nos Estados Unidos) e o AIM-9X, que incorpora os
avanços tecnológicos atuais, deverá ser fabricado a partir de 2002. A figura
abaixo ilustra as transformações que sofreram as estruturas da seção de
t l i d Sid i d A d i t d t t f
controle e guiagem do Sidewinder. As demais partes da estrutura sofreram
poucas modificações externas.
O desenvolvimento do primeiro Sidewinder é uma demonstração de talento e
perseverança de uma equipe de engenheiros e técnicos do Naval Weapons
Center, em China Lake. Há muita similaridade entre as dificuldades
encontradas em China Lake e aquelas que ocorreram no CTA durante o
desenvolvimento do míssil MAA-1. A primeira delas: os dois começaram sem
dinheiro e com enorme desconfiança. O MAA-1, em 21 anos de
desenvolvimento só teve verba específica durante 10 anos. O Sidewinder, no
início, dependia de verbas de outros projetos.

Alguns trechos do livro merecem um destaque especial, pois narram fatos


que nos animam a enfrentar os enormes desafios tecnológicos inerentes ao
desenvolvimento e a fabricação de mísseis (os números das páginas são
mencionados para facilitar a verificação):

Os mísseis anteriores ao sidewinder erravam 90% dos lançamentos (pág. 31)


e os foguetes ar-ar eram uma opção. Em uma ocasião, dois F-89 lançaram
208 foguetes contra um alvo aéreo desgovernado que rumava para Los
Angeles. Nenhum acertou o alvo que não atingiu L.A. por falta de
combustível. Os foguetes iniciaram uma série de incêndios e acertaram um
carro (pág. 30). China Lake desenvolvia os sistemas de controle de tiro para
os foguetes.

Durante um teste o míssil abandonou o lançador e iniciou manobras


imprevistas obrigando o piloto Wally Schirra (futuro astronauta) a agir rápido
para evitar ser atingido (pág. 105).

Em 1953, o programa quase foi interrompido após 12 falhas seguidas (pág.


114).

O primeiro tiro com sucesso do sidewinder foi em 11 set 1953 (pág. 115).

Após o primeiro tiro com sucesso seguiram-se 6 insucessos (pág. 116).

Durante uma das fases de testes, lançaram 100 mísseis em 3 meses. Em 3


anos, um único piloto lançou 92 mísseis (pág. 122).

Em 1955 a Philco começou a produzir os mísseis e as primeiras unidades


falharam nos ensaios em vôo (pág. 123). O sidewinder entrou em serviço em
1956 (pág. 121 e 130). Em 1956, 200 mísseis foram lançados para avaliação
(pág. 131).

Após uma falha espetacular do míssil na presença do alto escalão da


Marinha, um dos engenheiros da equipe, famoso por suas frases, disse: "a
b bilid d d é i t i l t d
probabilidade de sucesso é inversamente proporcional ao posto das
autoridades presentes" (pág. 158).

O míssil perdia alvos estacionários em altas altitudes porque sua navegação


proporcional foi projetada para alvos móveis (pág. 160).

A probabilidade de sucesso em condições ideais era de 70% (pág. 173).

Mais de 95.000 AIM-9B´s foram fabricados por empresas americanas (pág.


173).

Um B-52 amigo foi acidentalmente abatido pelo Sidewinder devido a falha no


lançador (pág. 174).

O AIM-9B teve 9 versões até a chegada do AIM-9C (pág. 174). O atual


Sidewinder, AIM-9M, também teve 9 versões (pág. 204).

Problemas na confiabilidade dos protótipos do AIM-9D: um único míssil foi


aos testes finais 30 vezes e falhou em todos (pág. 177).

Produção na Philco: apenas 23% dos mísseis entregues ao cliente


funcionavam (pág. 179).

Produção na General Electric: um dos mísseis entregues à Marinha não


possuia o detetor infravermelho e outro continha flocos de tabaco na parte
interna do dome (pág. 180).

Em 1967, produção de AIM-9D na Raytheon: 300 mísseis por mês e apenas


100 aprovavam nos testes (pág. 181).

Os mísseis Sidewinders AIM-9E e AIM-9J eram ineficientes (pág. 213). Obs.:


estão previstos no computador de tiro míssil do F-5 da FAB, juntamente com
o AIM-9B.

Na guerra do Vietnam: de 1965 a 1968, foram lançados 187 sidewinders AIM-


9B e AIM-9D obtendo 16% de sucesso e de 1971 a 1972 foram lançados 267
AIM-9D e AIM-9G com 19% de sucesso. Os mísseis AIM-7, Sparrow, tiveram
um desempenho ainda pior (pág. 215).

Na guerra das Malvinas a Marinha e a Força Aérea inglesa lançaram 26


mísseis sidewinder AIM-9L, abatendo 18 aeronaves argentinas, 69% de
sucesso (pág. 218).

O míssil AIM-9X, previsto para ser implantado em 2002, pretende devolver a


hegemonia no campo de mísseis ar-ar de curto alcance aos Estados Unidos
da América. Esta hegemonia pertence aos russos desde 1985, quando
lançaram o míssil R-73 (AA-11 é a denominação da NATO), com várias
inovações: ângulo de visão de 60o, escravização ao capacete do piloto,
controle simultâneo por desvio de jato do motor-foguete e aerodinâmico
(canards), controle ativo de rolamento com ailerons nas superfícies trazeiras,
medição de ângulo de ataque, etc. O detetor infravermelho ainda é de uma
única célula de antimoneto de índio. A foto abaixo ilustra o R-73.

O Sidewinder AIM-9X terá autodiretor com imageador infravermelho numa


matriz de 128x128 sensores o que possibilitará a rejeição de flares Entre
matriz de 128x128 sensores, o que possibilitará a rejeição de flares. Entre
várias outras inovações o míssil terá ângulo de visão de 90o, escravização ao
capacete do piloto e uma grande manobrabilidade.

Os especialistas em mísseis de todo o mundo, brasileiros incluídos, dedicam


uma admiração muito grande aos inventores do sidewinder. Quanto mais se
conhece sobre mísseis, principalmente sobre as dificuldades, mais se
reconhece o trabalho dos precursores. O nosso míssil da mesma classe, o
MAA-1 ("Piranha"), também é fruto da tenacidade de engenheiros e
autoridades da Força Aérea, que acreditaram num projeto difícil, numa área
em que a tecnologia é mantida em segredo total.

Pelos resultados obtidos até o momento nos testes do MAA-1, quando


comparados com aqueles obtidos ao longo da história do sidewinder
(incluíndo o AIM-9L), podemos concluir que a versão atual já é uma realidade
e vislumbrar um futuro de sucessos para as versões que se seguirão. O
nosso MAA-1X (2002) não está muito longe, basta acreditar na capacidade
dos brasileiros.

60 Anos Primeira vitória Missil Ar-Ar

24 S t b 1968
24 Setembro 1968

O primeiro uso em combate do Sidewinder, foi em 24 de setembro de 1958


a força aérea da República da China - RoCA(Taiwan), durante a Segunda
do Estreito de Taiwan. Neste período   os F-86 Sabres norte-americano
RoCAF estavam rotineiramente envolvidos em batalhas aéreas com aeron
da República Popular da China sobre o Estreito de Taiwan.

Os MiG-17 da PLAAF tinham maior desempenho no teto de altitude e de f


semelhante aos encontros da Guerra da Coréia, entre o F-86 e a ger
anterior o ??MiG-15, as formações do PLA cruzaram acima dos Saber
RoCA, imunes às suas armas de calibre .50 e só escolhendo batalha qu
condições os favoreciams. Em um esforço altamente secreto, os Estados U
forneceram algumas dúzias de Sidewinders às forças da RoCA e uma equip
artilheirosda US Marine Corps Aviation   modificou seus Sabres para carre
Sidewinder.

No primeiro encontro, em 24 de setembro de 1958, os Sidewinders est


prontos para emboscar os MiG-17s enquanto eles voavam em direção
Sabres, pensando que eram invulneráveis ??para atacar. Os MiGs quebrar
formação e desceram para a altitude dos Sabres em dogfight. Esta ação ma
o primeiro uso bem-sucedido de mísseis ar-ar em combate, sendo os
abatidos suas primeiras baixas.

First combat kill for AIM-9 Sidewinder 60 years ago. Missile just fired from the la
rail from a RoCAF F-86. Photo: Library of Congress

Durante as batalhas do Estreito de Taiwan de 1958, um RoCAF AIM-9B a


um PLAAF MiG-17 porém não explodiu; o míssil se alojou na fuselagem do
e permitiu que o piloto trouxesse o avião e o míssil de volta à base
engenheiros soviéticos disseram mais tarde que o Sidewinder capturado s
como um "curso universitário" no projeto de mísseis e melho
substancialmente as capacidades soviéticas ar-ar.

Eles conseguiram fazer engenharia reversa de uma cópia do Sidewinder, q


fabricado como o míssil Vympel K-13 / R-3S, nome de relatório da OTAN
Atoll. Pode ter havido uma segunda fonte para o projeto copiado: de acordo
Ron Westrum em seu livro Sidewinder,   os soviéticos obtiveram os planos
Sidewinder de um coronel da Força Aérea sueca, Stig Wennerström. (De ac
com Wennerström, os engenheiros soviéticos copiaram o AIM-9 tão de perto
mesmo os números de peça foram duplicados, embora isso não tenha
confirmado por fontes soviéticas.)

RCaça F-86 Sabre da República da China similar ao que obteve a primeira vitó
um míssil ar-ar

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