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CANCLINI, Nestor Garcia. Latinos - americanos à procura de um lugar neste século. São
Paulo: Iluminuras, 2008.
“O que significa ser latino americano?”, é com essa pergunta que Canclini inicia este livro e
apresenta todos os instrumentos necessários para que o leitor possa respondê-la. Ele fala da
transformação econômica, que levou vários latinos a deixarem seus países de origem e
emigrar para a Europa ou América do Norte em busca de melhores salários, tanto que em
vários países latino-americanos a remessa de divisas dos emigrados chegava a 10% do PIB.
Ele também ressalta coisas que nos identificam, como a linguagem, religião etc., e da
experiência de autores latinos, que para escreverem melhor sobre sua cultura tiveram que se
afastar do próprio país e, com o distanciamento, puderam fazer uma avaliação mais adequada.
Canclini afirma que embora a comunidade linguística e muitas convergências históricas
permitam agrupar os países latino-americanos, não se pode comparar México, Brasil e
Argentina, que são fortes produtores culturais, ao Paraguai e República Dominicana.
Canclini afirma que a nossa multiplicidade cultural se espalha através da música, e que a
globalização não dissolve o que é local. Assim como latino-americanos configuram sua
identidade heterogênea com vivências de vários países, também os estadunidenses e europeus
reconhecem fragmentos seus na América latina. Em dado momento, o autor coloca a
indústria cultural como o centro das discussões e defende que se deem os devidos créditos aos
autores, muitas vezes engolidos pelas grandes empresas midiáticas que compram os direitos
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Canclini mostra os prós e os contras para latinos americanos com a globalização, o que
denomina como as duas tentações. Ele afirma que temos um repertório de matéria prima com
preço em queda, histórias comercializáveis e um ótimo pacote de clientes para manufatura e
tecnologias do norte. Mas também temos política instável, golpes militares frequentes, e baixo
poder de compra. Pagamos as dívidas vendendo o petróleo, os bancos e companhias aéreas, e,
ao nos desfazermos do nosso patrimônio para administrá-lo, nossa autonomia nacional e
regional se atrofia. Essa situação é muito bem exemplificada aqui no Brasil com a
privatização de estatais como a Vale e Banco do Brasil.
O autor expõe as grandes questões em torno do lento crescimento das culturas latino-
americanas, que se vêm praticamente abandonadas em suas localidades, mas apresenta uma
lista de possíveis soluções para esse impasse, como por exemplo: colocar pessoas e
sociedades no centro das prioridades ao invés dos investimentos financeiros; consolidar o
patrimônio histórico, desde monumentos, florestas e artesanato, até as línguas tradições e
conhecimento – e nisso concordo com o autor, pois a situação se mostra cada vez mais grave
em nosso país que já perdeu muito de sua língua nativa, do folclore e, especialmente na área
arquitetônica que a cada dia se deterioram os casarões históricos e surgem prédios em seus
lugares, sem contar com as matas que são destruídas em nome da ganância das construtoras
que usam o espaço para construir condomínios de luxo. Canclini alerta para a necessidade de
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