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A análise das transformações ocorridas no quadro vc ou a faixa Leiría-A\'ciro) que, embora não eli-
migratôrio portugucs, tanto interno como interna- minando as tendências profundas desenvolvidas ao
cional, apôs 1974 c, em particular, a panir da se- longo de dCC3das, lhes introduzem matizes signifi-
gunda metade da década de 80, reflecle não sô o C3ti\·OS.
modo como Portugal se foi reposicionando no qua- J. Ferrão (1996) interpretou o período de 1960-
dro do sistema global de intcracçÕC'S (sobretudo de -1990. ou mais precisamente 196O-mcados da dé-
mãlrdc-obra, mas não só...), como as dinâmicas cada de 80, como a fase de consolidação do Portu-
internas de recomposição territorial. No contexto gal demogrâfico moderno. Nos quinze anos que se
destas últimas, tr.I.dicionalmentc marcadas pelas di- seguiram. o quadro dos movimentos migratórios
cotomias norte-sul e litoral-interior associadas ao do país sofreu alterações relevantes, algumas apro-
pendor bicéfaio das areas merropolitanas de Lisboa fundando dinâmicas ja pressentidas (multipolarida-
e Pono, vcm-se afinnando processos no\'os (emer- de, dcsconcentrnção dos centros das áreas metro-
gência de algumas cidades medias do interior e. politanas, atenuação dos volumes de emigraç'do num foto 31 Imagem de
por vezes, da sua cnvoh'cmc, acentuar das dinâmi- contexto dominado por movimentos temporários di\'crsidade da metrópole -
cas dos prolongamentos das áreas metropolitanas que assumem a forma de circulação migratória de operários afric:l.nos ~
europeus, em Lisboa
- por exemplo, Região Oeste, Lcziria do Tcjo c larga amplitude), outras cvidenciando fcnómcnos (Alameda Afonso Henriqucs).
dc cspaços litorais cxtcriores a estas, como o Algar- novos (diversificaç:io das origens dos imigr:mtes FOIO: Carlos Gil.
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-.
I
,
Quadro 10
Componentes de variação demográfica - períodos intercensitários 1960-2001
População PopuJação Variação Crescimento Saldo
no inicio no fmal absoluta n,tur.oI migratório
do pttiodo do periodo
rior, ainda hoje alimentada por fluxos de saída, económica portuguesa, considerada enquanto fluxo
mas que cresceu significativamente entre 1960 e internacional de trabalho, iniciado apôs o primeiro
1973, é não só responsâve1 pelo envio das remes- quartel do século XIX e dominado pelos destinos no
sas, como também por trocas culturais relativa- continente americano, com realce para o Brasil
mente intensas (facilitadas por canais como a lele- (M. I. Baganha e P. Góis, 1998/1999), cujos con-
\'isào internacional ou a Internet...), pela circulação tornos foram aflorados no primeiro capitulo,
de bens e de pessoas (particularmente no Verão) e O segundo ciclo da emigração econômica por-
mesmo por alguma actividade de divulgação e loh- tuguesa está bem evidenciado na informação cor-
b)' pró-português no exterior. respondente ao periodo de 1960-1974, com os
Porque Portugal ainda se posiciona no centro destinos europeus a predominarem, com destaque
deste arquipêlago migratório, procurando tirar di- para a França. Em menos de 15 anos, terão emi-
údendos económicos, poJiticos e culturais dele, grado mais de 1.5 milhões de portugueses, o que
porque a estrutura de contactos se reproduz, não atesta uma significativa aceleração do fenemeno.
apenas através dos novos e dos velhos emigrantes que atingiu proporções de sangria demográfica. Do
mas também de diversos .filhos da emigração", ho- pomo de \'ista interno. as modIficações ocorridas
je designados como luso-descendentes, na análise na estrutura produtiva de Portugal. especialmente
da emigração portuguesa importa dar atenção aos nos anos 60 do século xx. não se repercutiram
fluxos contemporâneos, mas, sobretudo, reflectir num acrêscimo dos salários. tendo mesmo gerado
sobre o significado das comunidades portuguesas c1e\'adas taxas de desemprego potencial que. asso-
no exterior, na dupla dimensào de articulação entre ciadas a siruacões de subemprego e forte precarie-
si (os locais da diáspora) e de articulação com Por- dade na agriculwr:l. facilitaram significati\'amcnte
rugai, aspecto que será aqui tratado. Afinal, trata-se o acréscimo da emigração (C. Almeida e A. Barre-
de combinar a perspectiva da emigração (a análise lO. 1976; j. Barosa e P. Pereira. 1989: M. I. Baga-
de fluxos) com a perspectiva do emigrante (o sujei- nha e P. Góis. 19981999).
to aetivo deste processo) e do que lhe esUl associa- Do ponto de \'ista externo. durante o ciclo de
do, em termos de lempo e conteúdo. capitalismo feliz que dominou as economias dos
paises desem'oh'idos da Europa Ocidental enlre o
Os fluxos cOllltmpmi'meos da emigração portllgllesa - pós-guerra e 19i3,-4. tornou·se necessário recru-
da alimelllaçiio laboral do ciclo de capitalismo feliz dos tar um significativo número de trabalhadores
paises desellvolvidos da Europa Oádemal ti .livre. oriundos. sobretudo, da bacia do Mediterrâneo, de
circulação 110 comexlO do Espaço Econômico Europeu, forma a satisfazer as necessidades de mão-de-obra
CQ}I/ predolllÍlfio de movimelltos remporán"os de acti\'idades em expansão, como a indústria
transformadora e a construção civil (L. Fonseca,
A informação contida no Quadro II sintetiza 1990). Num contexto marcado por alguma relrac-
os fluxos migratórios com origem em Portugal, em ção demográfica, inicialmente devido aos efeitos da
lermos de volumes e destinos, ao longo dos últimos Segunda Guerra Mundial e posteriormente aos ní-
50 anos. veis de fecundidade tendencialmente decrescentes,
O primeiro quinquénio considerado correspon- com excepção do bab)' boom da prímeira metade
de ao encerramento do primeiro ciclo da emigração dos anos 50, as carências de mão-de-obra faziam-
SOCIEDADE, PAISAGENS ECIDADES 91
POP\..L.I"ÇÃO ETERRITÔRJO
............... , , .
Nlt. 41 Cmaz em ·se especialmente sentir nos ramos de actividade ção em massa, assente em princípios taylorislas de
;'. :\1.:gu~fnmcês junto a
:::-.... n~ anos 60 em
dotados de menor prestigio social e que exigiam organização do trabalho, na internalização de fun-
:::-:i..'t'.1. qualificações mais baixas. Efectivamente, a e1e\'a- ções e numa combinação entre intensidade do ca-
:'":, P.1u1 A1mas)·flPM. ção estrutural dos nh'eis de educação dos autócto- pital e intensidade do trabalho - que foram ocu-
For. ~~ A5peçto de wn bairro
nes traduziu-se em expectativas e formas de inser- padas, em larga medida, por emigrantes, entre os
:: , 'uburbios p:uisicnscs. ção profissional orientadas para os segmentos mais quais os portugueses.
; •• .• - 1".-.';
::...t .1 nulOl'1.3 UiI popu.... ~o qualificados do mercado de trabalho, deixando por Após 1973, os principais paises receptores da
~ ;mruguesa (anos 60). preencher vagas para os assalariados menos qualifi-
F':e- P.1U) A1m.1syJIPM. Europa encetaram uma politica de .fecho ã emi-
cados - frequentes no quadro fordista de produ- gração~ que, inicialmente, te\'e origem na situação
Quadro 11
Emigração portuguesa por países de destino (médias anuais para os períodos de
referência entre 1955 e 2002)
Períodos Brasil EUA Canadá França Outros 0,"'" Total
países da paises geral
Europa
1985-1988 69 -,
, -60 2705 1 700 3036 1 556 11626
••
1992·199-1 1000 800 8000 19500 noo 34000
•• A serie original ê interrompida em 1988. Após 1992 itúcia-se uma nova serie baseada em esômaÔ"as obtidas a par·
tir do inquêrito aos mo\imentos migratórios de saida (INE) e não no registo dos emigrantes.
Fontes: Baganha e Góis (1998-1999, p. 235); INE, EstiJ/islicaJ DtmogroftcQs.
92 GEOGRAfIA DE POII:TUGAl
"." , , " " .. , , .. " , " , ,
] MIGRAÇÕES.
de crise econômica, com fortes consequências ao giões do inlerior, numa primeira fase como resulta- 'Embora não cmum dados ux·
tos. cmmw.~ dmu.><.bs flOr M.
ni\'el do crescimento do desemprego e da atenua- do dos im'estimentos efectuados pelo poder local sm... fi aL. 198-1. p. 59. aponwn
ção do ritmO de crescimento do produto. POSte- democrãtico em infra-estruturas e equipamentos, pmI 209 000 rtÇmoI mtn: 1980
c 19&5. A aphaçio de IJDS de \'1-
riormente, o processo de reestruturação econômica a expansão do consumo individual \'eio facilitar a r\açJo aos dados 3\~ por .\1.
que se verificou e que foi impondo a deslocalização abertura de no\'as oportunidades de negócio (hote- l'\'liIDrd (1991, p. .l69) ~
llIilD-K dos 300 000 rtgltloI05 nas
de muitas unidades produtivas para países tercei- laria/restauração, comércio, reparaçõcs), em que os ..... 80, CIlnI uma incidCnciI nWor
ros, a flexibilização das formas de produção e a emigrantes regressados podiam aplicar as suas na prirncirJ meudc deslCS (I. Ma.
Ibctros. 1996, p. 73).
di\'ersificação dos produtos, a diminuição do pes- poupanças. Em finais dos anos 70 e na primeira I EnlJC o fmal do 5oéculo XIX c 19&8,
soal ao serviço em muitas fabricas e a afirmação metade dos anos 80, num momemo anterior ã rees- exi,lem rcgi~los ofKi~is rdalÍ\"J.·
mentc bons da emigraçlo legal por-
da economia dos serviços, repercutiu-se na redu- truturação do aparelho comercial nacional, muito tuguesa, baseados na ron1abilldade
ção das necessidades de mão-de-obra e, sobretu- associada ã difusão das grandes e médias superfi- dos 'pa~,apon~s de emigrante', cx·
limos em 19S8, Em ronsequcnçia
do, nos modelos de contratação (cada vez mais cies comerciais pertencentes a alguns grupos eco- desla modif~1). l;C$$.l. o processo
marcados pela curta duração, pela flexibilidade e nômicos nacionais e estrangeiros. ã concentração de rfCOlh.a de infOl'lNol;Jo Mlbrc
emigração nesu modaIi<bde. oror·
pela precariedade). E neste contexto que começa de lojas num número cada \'ez mais ele\"ado de rC!l<k> um pniodo de 3 anos 5an
a tomar forma a ideia de _Fortaleza Europeia" que centros comerciais e à emergência de processos rbJos. Ap.mir IX 1992. ~ 1JTlpbn-
UÓo> pdo I~E l:IfI _"O Y>lmlóI de
se viria a afirmar nos anos 80, e que designa um nO\'os como o !rallchúillg, a \'enda por catalogo ou .""olm ok mf,,"utio wbrc mu·
espaço relativamente fechado a imigração, apenas as lojas de descamo, as oportunidades para o pe- i".........
N>e..... , num inqutrilO
permeavel aqueles que utili7.am os instrumentos queno comércio independente e para a restaura-
anwI ~ (a pcrgunu me
a ;w.c..'U 00 cwmJ=O t roioa·
formais correspondentes ao reagrupamento fami- ção re\'ela\'am-se prometedoras. Uma \'ez que o da a f=,.JWes c \lllrIl1Oi c não:ao
rwrrio). rnhu.lo JNl'" ~an
liar e ao asilo. comércio era o ramo de actividade mais pretendi- (I."", IIOS .\/Ot_ _ .\Ilp;J1o>-
A emigração portuguesa ressentiu-se natural- do pelos emigrantes para aplicação de poupanças "'" di Saib). Como ~ rep;ws da
mugraçào pmI a Europa ler» fICa-
mente deste contexto, como se pode constatar pelo e exercicio de actividade profissional (M. Silva Cl do partiroIarmmIC suba,'lI1i;tdo$
brusco decrcscimo de saídas, identificavel no Qua- aI., 1984,1'.117 e 141), a conjuntura referida aflÓ'S a :>dcsio de Ponllpl 11 CEE,
em 19&6, intt'ITompernJo.se a stric
dro li. Claro que esta situação não se pode disso- veio, naturalmente, facilitar esta opção de investi- esla!Í,lka imedimmcn1e a seguir.
ciar das profundas transformações políticas, sociais mento e reinserção. Por último, deve relembrar-se ,·crilica·se uma allsôneia de dados
e econômicas por que passou a sociedade portu- que existem motivos individuais que justificam a
que permita l\lIliar. com rigor. °
mom~mo ~ o real signifu:ado des1a
guesa, entre 1974 e meados dos anos 80. A revolu- opção do retorno, em determinados momentos es- prO\1Í\'d relorm da ~migrn';lo"
ção de 2S de Abril de 1974, a instauração da de- pecificas. Afinal, em muitos casos, razões familia-
mocracia e o final da Guerra Colonial criaram um res, como as saudades dos parentes ou a educação
capital de esperança que contribuiu para diminuir dos filhos, constituem o fundamento do retorno à
o desejo de partida, desvanecendo moti\'os de emi- região de origem (M. Silva Cf al., 1984; F. Cravi-
gração como a deserção ao serviço militar em sede dão, 1988).
de guerra colonial ou a fuga face as perseguiçõcs Depois desla fase de retracção, alguns autores
políticas impostas pelo regime dilatoria!. (A'l. I. Baganha e P. Gôis, 1998/1999) referem-se a
Igualmente neste pcriodo teci ocorrido o maior um terceiro ciclo da emigração portuguesa para
numero de regressos de emigrantes, com destaque a Europa, que se teci iniciado na segunda metade
para os anos imediatamente subsequentes a 19802. dos anos 80.
Se os incentivos ao retomo de emigrantes concedi- Embora não existam dados que confirmem, de
dos por paises como a França e a Alemanha tcrão modo preciso, um eventual aumento das saidas a
ajudado a construir a decisão de regresso de alguns partir do supracitado moment0 3, os resultados
portugueses, foram sobretudo causas de outra na- dos Censos de 1991 e os estudos efectuados por
tureza que maior contributo deram para tal proces- autores como j. Peixoto (1993) e M. I. Baganha e FOI, ~3 c ~ Esubdccimemos
comerciais de emigrantes
so. Para além da democra(Ízação da sociedade e da J. Peixoto (1997) parecem apontar para uma re- regressados.
melhoria da qualidade de vida, sobretudo nas re- lama da emigração neste periodo. De acordo com Fotos: Clara Azevedo.
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manrido como importante país de atracção -
Fig. 42), como na América (Estados Unidos e Ca-
nadá, não obstante a redução dos fluxos ao longo
dos anos 90 - Quadro li).
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·- o -. Provavelmente mais intensa na transição dos
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• anos SO para os anos 90, a emigração portuguesa
deve ter declinado paulatinamente na segunda me-
tade da década transacta, parecendo ocorrer uma
6000 ~~~
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\7'" 'v • ,,- nova retoma, após 2000, quando a recessão econó-
mica gerou nova contracção salarial e um signifi-
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cativo acréscimo nos níveis de desemprego.
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~~ novos contornos que lhe estão associados.
Em primeiro lugar, trata-se de mO\'imentos si-
tuados, maioritariamente, num espaço marcado pe-
Fig. 'l Emigração portuguesa M.I. Baganha (1991-1994), só após meados dos la _livre circulação", o que significa que os cons-
'.;unJo os principais
':=--linos - 1991-2002, anos SO se encontraram reunidas as condições trangimenros formais à circulação e os défices de
f"nle: INE. L'slatislÍ(as que possibilitaram a retoma dos movimentos mi- direitos normalmente inerentes à condição de tra-
D;IIi(l~rJfiC<ls (drios anos), gratórios com origem em Portugal: a reconstruçào balhador (ou residente) estrangeiro se reduzem
de redes migratórias que facilitassem a partida substancialmente. Ao situar os movimentos migra-
para destinos alternalivos aos dominantes nos tórios dos Porrugueses no ãmbito do processo de
anos 60, como a Suiça, e o sancionamento políti- consolidação da circulação de oconcidadãos euro-
co da emigração, tanto do lado da origem como peus·) no contexto da UE, pode-se assumir que este
do destino. fenómeno se vai aproximando, progressivamente,
Segundo M. I. Baganha, J. Ferrão e J. Malhei- da lógica das migrações internas.
ros (2002, p. 62), a sustentação da emigração por- Em segundo lugar, afirmaram-se as migrações
..\l..mo qUé o erilerio nJo po,5a tuguesa ocorrida nos últimos 15 anos parece ser temporárias~ (Fig. 43), fenómeno que se ajusta,
~: .ph':Jdo wm absoluto rigor no
" ,.:"10 do 11I~lIin"w <1<>1 J (,mille,/- suportada pelo seguinte conjumo de factores: não só às facilidades de circulação no espaço euro-
,1I:.'r.I/,;n'N dt S"iJ.J, as mignl- • a construção de redes migratórias que alimen- peu, mas sobretudo às actuais características dos
c·~~ t.-m['(lrjri" corrc;pondem às
;--":'.~ cm que os indi"iduo$ N' tam destinos "novoso>, como o Luxemburgo mercados de trabalho, marcados por l1utuações nas
::: .U-,nl<:$ do $Cu local de re'i- (30250 pessoas em 19S7; 53 100 dez anos depois necessidades de emprego e pela precarização das
.i:~,;.l J'>.'f l'~riodos compreendidos
• -:;C,' 3 rn",~\ e um ano (defLni,;;" - D. Beirão, 2002, p. 296), a Suiça (39900 indi- relações contratuais.
-_,,;, (,'mUm em termos inlernaeio- viduos de nacionalidade portuguesa, em 1995; Por último, uma parte destes movimentos mi-
C"". ~ulizadJ, poe exemplo- peta
01'1-';,' J~ Popula..'âo das :\a,<;cs 134 SOO, em 1995 - J. C. Marques, 1997) e, mais gratórios situa-se no âmbito de processos de recru-
L·~.:':",
recentemente, o Reino Unido; tamento colectivo de trabalho, desenvolvidos quer
• as facilidades de circulação de trabalhadores por empresas de outros paises da UE (Holanda,
no contexto da União Europeia e, de algum modo, Espanha) com o auxílio de engajadores nacionais,
do próprio Espaço Económico Europeu; quer por empresas portuguesas que prestam servI-
• o desenvolvimento, a nivel europeu, de pro- ços no exterior, por exemplo no sector das obras
cessos de destacamento de trabalhadores para tare- públicas. Como este sistema apresenta hiatos de
fas de caráctcr temporário, como a construção civil controlo (por exemplo, a promiscuidade enrre "em-
ou a agricultura, que facilitam a circulação de por- presas de colocação de mão-de-obra nacionais* e
tugueses. empregadores estrangeiros torna difusas algumas
Flg. J3 Emigração porlUguesa A estes factores pode acrescentar-se a manuten- responsabilidades perante os trabalhadores que,
r-:fTI1Jnentc c lemporária) - ção das fortes redes sociais e familiares que susten- muitas vezes, acabam por ficar numa espécie de
199~-~002.
f, r,le: I)';"E. j;','/illislÍ(íls tam a emigração para alguns destinos tradicionais, oterra-de-ninguém*), elementos de informalidade
/),;m"rrj(ic<ls (\"lírios anos). tanto na Europa (sobretudo a França, que se tem (e mesmo de certa ilegalidade) e alguns casos de
défice de cumprimento, tanto de empresas nacio-
nais como estrangeiras, das suas obrigações para
.l~ 000 com os estados e, sobretudo, para com os trabalha-
'",
.ltlOOO dores, têm sido relativamente frequentes as situa-
çõcs de trabalho e alojamento piores do que as ini-
35000
A
3"000
~"
V "- ./ Detalhando a análise dos mais importantes des-
-- 00 tinos da emigração, deve referir-se que os quatro
15000 principais paises (Fig. 42) concenrraram, em mé-
If OlO
3' 000
" _ _ TobI
__ P,,,,,,,,,,m,
To"""""",
dia, entre 75 e SO % das saídas totais, no período
de 1994-1999. As l1utuações detectadas nos fluxos
dirigidos a cada um dos países estão associadas ao
O
,
,," e' ,~, li' ,ee" ," ,A," comportamento conjuntural das economias e, fre-
" "
,Ae'
" -", ~" -~, ~' ,","' quentemente, a oscilações especificas ocorridas em
determinados sectores de actividade. O exemplo
9.t. GEOGRAFIA DE PORTUGAL
.........................................................................•................................................................
3 MIGRAÇÕES
redu%ido gradualmente após 1996, transformando Relativamente aos ní\'eis de instrução dos emi- Fig. ~~ Nil'eis de inslru~ào
esle pais no destino mcnos atractivo dos quatro grames, cstes reproduzem. de algum modo, a es- dos emigr.tntcs ponugueses -
1997-2002,
principais, em 2002. trutura dominante no resto da sociedade portugue- Fonte: INE. Eslu/úli,..u
Se a Suíça e a França sc mantêm como os prin- sa, identificando-se mesmo uma c\'olução quc lXIlIogrJfKaS (\lÍrios anos),
cipais destinos - em termos médios - ao longo
deste periodo, a Inglaterra regista os \'alores mais
reduzidos enquanto área emergente para a emigra-
do nacional, o que pode decorrer quer da menor
",,>00
,,"00
, I
capacidade de suporte da rede social de apoio ã
emigração quer dc c\'cntuais defices no registo dos \
emigr:lOtes temporários quc trabalham em determi- ",,>00
nadas áreas, como as ilhas do Canal. • \ Á
Posteriormente a 1999, ocorre um incremenio ~ 25000
V /L
das saidas em direcção a OUlros destinos (Fig. 42),
com destaque para os paiscs Iradicionais da Amêri-
§
"
,!!, 20000
E ""
ca do Norte e, sobretudo em 2002, o Brasil e a
.-i.frica \usôfona. O caracter muilO receme desta no-
\'3 lemigração para sul. impede ainda uma avalia-
~
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ção da possí\'c1 sustemabilidade destes fluxos, que
parecem apresentar caracteristicas especificas:
maior di\'ersidade etária, presença de emigrantes
mais qualificados e associação da emigração ao in-
2"'"
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