Você está na página 1de 141

Ninguém é fodido por acaso

1ª edição: Abril 2019


Direitos reservados desta edição: CDG Edições e Publicações
O conteúdo desta obra é de total responsabilidade do autor e não reflete
necessariamente a opinião da editora.

Autor:
Ricardo Bellino

Preparação de texto:
Lúcia Brito

Revisão ortográfica:
3GB Consulting

Criação e diagramação:
Dharana Rivas

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


B4
44 Bellino, Ricardo.
n
Ninguém é fodido por acaso / Ricardo Bellino. – Porto Alegre:
CDG, 2019.
176 p.
ISBN: 978-85-68014-82-0
1. Desenvolvimento pessoal. 2. Motivação. 3. Sucesso pessoal. 4.
Autoajuda. I. Título.

CDD - 131.3

Produção editorial e distribuição:

contato@citadeleditora.com.br
www.citadeleditora.com.br
SE LIGA!

Para mim, fudido e fodido


não são a mesma coisa.

Ser fodido é ser foda.


Não tem nada a ver com foder.
É algo irado para caralh@! É poderoso!
Já fudido é completamente o contrário, p#rra!
Não tem nenhum significado fodástico.

Então decidi escrever este livro para


demonstrar o poder que uma simples letra,
neste caso a troca do “u” pelo “o”,
pode ter na vida das pessoas.
SUMÁRIO

Prefácio por Janguiê Diniz


Introdução
Prazer, sou o fudidômetro
Fudidômetro

1. Acho que não vai rolar


Aprenda sozinho
Midas X Sadim

2. O impossível não existe


A maior mentira do mundo

3. A lei dos seis graus


Dez práticas para um networking eficaz
Cinco anos em uma hora: o poder de aprender com os outros
Mais do que contatos, tenha amigos engajados
Não seja arrogante

4. Tenha foco: a lei dos três minutos


Perguntas para saber se você é um full of shit
O poder do entusiasmo

5. Ninguém vai acreditar se você não acreditar primeiro


No pain, no game

6. Não desista na primeira crítica

7. Corra riscos
Transforme o “não” em “por que não?”
Acredite na sua intuição

8. Se você acha que vai dar errado, mude o rumo


O plano B de hoje pode ser o plano A de amanhã

Conclusão
SER “FODIDO”
OU NÃO SER
“FUDIDO”,
EIS A QUESTÃO?!
Como bem diz o meu amigo Ricardo Bellino, autor desta obra, o sucesso
não acontece por acaso. Na escola da vida que cursamos juntos, aprendemos
que o fracasso também não acontece por acaso, não é mesmo?
Quase poderia defender a tese de que para atingir o fracasso uma pessoa
gasta a mesma (ou uma maior) quantidade de energia (neste caso negativa)
do que se assumisse uma atitude mental positiva de quem procura o sucesso.
Não estou falando aqui de um sucesso efêmero, que busca o enriquecimento
rápido, mas aquele sucesso que se manifesta nas pessoas que buscam
prioritariamente a sua realização e que antes mesmo de encontrar os milhões
na conta bancária, encontraram no entusiasmo a motivação para superar
todos os obstáculos que a vida e o mundo dos negócios certamente
apresentaram em seus caminhos na real busca da felicidade.
Aprendemos, a um custo alto, que o sucesso sem felicidade é apenas
ganância e nos transforma em pessoas avarentas; agora, quando priorizamos a
nossa felicidade e a daqueles que nos apoiam, especialmente em nossos
momentos de di culdade e superação de desa os, encontramos a verdadeira
prosperidade. O dinheiro e a riqueza acumulados são consequências e
resultado de uma jornada pavimentada pela ética e compromisso de não
apenas deixar uma herança material para os nossos herdeiros diretos, mas um
legado que irá inspirar milhares de pessoas pela herança de uma biogra a que
nos tornará imortais pela missão de fazer alguém acreditar que pode, sim,
contrariar o seu destino e se permitir acreditar em um sonho grande, para ser
vivido de olhos bem abertos.
O verdadeiro sucesso se manifesta a partir das escolhas que fazemos e do
preço que estivermos dispostos a pagar para trocar uma pequena letra, que
pode fazer uma grande diferença em você ser um fodido ou um fudido na
vida.

– Janguiê Diniz
Empreendedor
MERDA,
FODA,
FUDIDO
OU FODIDO
SÃO PALAVRAS
PROIBIDAS
PARA VOCÊ?
Socialmente, ainda que tão repetidas, continuam tabu. Agora, o que você
talvez não saiba é que elas podem ser gatilhos para demonstrar aquilo que
uma pessoa deseja ou, melhor, para desencadear relações, atitudes e até
mesmo fechar uma negociação que di cilmente se concretizaria com uma
conversa politicamente correta.

COSTUMO DIZER QUE,


SE O CORPO FALA,
O PALAVRÃO GRITA.
A ciência comprova. Segundo pesquisas recentes, o palavrão nasce no sistema
límbico, a parte do cérebro mais primitiva e parecida com o cérebro dos
animais. Portanto, normalmente o palavrão não é planejado, mas sim um
impulso. E se você for capaz de controlar isso minimamente e usar a seu
favor?
O psicólogo Timothy Jay, da Faculdade de Artes Liberais de
Massachuse s, disse para a revista americana New Scientist: “Num vestiário
masculino, por exemplo, quem não xinga é o ‘panaca’”. Entenda panaca por
fudido. Pronto, chegamos aonde eu queria!
Você vai aprender neste livro que suas atitudes – como não falar palavrão,
por exemplo, porque tem medo de não ser aceito – falam por você, muito
mais do que imagina. Falar ou acreditar em algo não tem efeito algum se sua
atitude é diferente daquilo. E pior: normalmente a não atitude, ou seja, não
fazer nada mesmo, é o caminho que a maioria segue.
Querido leitor, se isso lhe parece familiar,
você já é um fudido e nem sabia.
Que merda, não é mesmo?!
Mas calma, vamos resolver isso aqui.

Espero que você não se ofenda com algumas expressões ou opiniões que
expressarei neste livro. Só quero mostrar o que você insiste em não ver: suas
atitudes de fudido precisam mudar. Uma letra faz toda a diferença.
TRANSFORME-SE
DE FUDIDO
EM FODIDO.
Parece impossível hoje. Você deve estar pensando: “Claro, com o dinheiro e
credibilidade que um fodido tem, é fácil conseguir as coisas”. Mas todo
fodido saiu de algum lugar, e muitos deles já foram fudidos também. Nós só
olhamos os êxitos, mas não olhamos o quanto o fodido suou para chegar lá.
Pode saber que, antes de ser um fodido, ele se fodeu muito!

TODO HOMEM É
CULPADO POR AQUILO
QUE NÃO FEZ.
Voltaire disse isso. Pense em tudo o que poderia ter realizado, mas não
realizou – o famoso “e se”. E se eu tivesse aceitado aquela oportunidade, e se
eu tivesse apostado naquele sonho, e se eu tivesse ido àquela reunião. Esse é
um pensamento que deve estar dentro de você o tempo todo. A inquietude é
o que nos move, e precisamos desse cutucão constante em nossa cabeça para
não deixar as oportunidades desaparecerem. Infelizmente, é muito mais fácil
car parado, não fazer nada, não tomar uma atitude. Mas, quando paramos
para pensar, ca claro que as chances da vida não vêm até nós, nós é que as
construímos.
De certa maneira, tudo o que fazemos age ou reage de alguma forma para
que algo aconteça. Se carmos parados, nada vai acontecer. É preciso
movimentar, refazer, recomeçar, reorganizar, bagunçar para depois arrumar,
desmontar para depois construir outra vez. Precisamos constantemente de
impulsos para fazer e refazer coisas. Esse impulso precisa vir de dentro.
NÃO ESPERE UMA
ATITUDE EXTERNA
PARA MUDAR.

SEJA VOCÊ
O FATOR COMPLICADOR,
O AGENTE DAS SUAS
MUDANÇAS.
Claro, essa visão não surge da noite para o dia. Algumas pessoas têm isso em
sua natureza, têm a genética ou qualquer outra função nata que as faz pensar
assim sempre. Para outras, isso é um processo que precisa ser aprendido.
Parece complicado, mas é mais simples do que a maioria pensa. Existe um
método. Essa é a boa notícia, e, a partir das minhas experiências e
treinamentos, vou mostrar como estruturar esse pensamento.
É hora de entender o processo, desconstruir seu caminho de fudido e
assumir o controle. Mas já adianto: isso é para quem quer. Não tenho tempo a
perder com fudidos que não querem mudar. Se estiver disposto a mudar, siga a
leitura, e estarei com você. Agora, se for para seguir com atitudes de um
fudido, não perca seu tempo – nem o meu. Nos vemos a partir dos próximos
capítulos, prontos para alterar não só uma letra, mas também toda a sua
trajetória.
O PRIMEIRO PASSO
PARA COMEÇAR
A MUDAR A VIDA
– DEIXAR DE SER
UM FUDIDO PARA
SER UM FODIDO – É A
AUTOAVALIAÇÃO.
A opinião dos outros é importante, mas desde que você saiba quem é e onde
está. Quais os seus objetivos? Onde você está? Aonde pretende chegar? Quais
as armas que tem? – se é que tem alguma. Se não tem, onde conseguirá? Em
quanto tempo?
Para começar a responder essas questões, precisamos entender o quão
fudido você está. Temos aqui um sistema para medir isso, o fudidômetro. Ele
vai apresentar, ao m de algumas perguntas, o seu nível de fudido. Importante:
o seu nível é um estado, ou seja, pode mudar. Pode ser pouco fudido hoje, mas
muito fudido em poucos meses. Assim como pode ser um total fudido hoje e
passar a pouco fudido em alguns dias. Perceba que, em quase todos os casos,
um olhar diferente ou uma mudança de postura podem transformá-lo de um
fudido em um fodido.
Assim como só uma letrinha fazem toda a diferença, você vai aprender
aqui que uma atitude, um olhar ou uma aposta podem mudar tudo. Responda
sim ou não para estas 15 perguntas. Qualquer semelhança não é mera
coincidência. Se você se identi ca com essas atitudes, visões e reações, está na
hora de mudar, fudido. Vamos lá!
1. Você já teve uma ideia que lhe pareceu brilhante (normalmente elas surgem quando
estamos prestes a dormir ou no banheiro), mas em seguida pensou “acho que não vai
rolar” e desistiu instantaneamente?

2. Falou repetidas vezes para si mesmo ou para pessoas próximas que precisava resolver
algo importante, mas nunca resolveu?
3. Já ouviu alguém contando sobre um empreendimento, uma ideia, investimento ou
qualquer coisa parecida (normalmente algo que você não domina e do qual não conhece
quase nada) e, assim que a pessoa terminou de contar com todo o entusiasmo, você falou
ou pensou “ah, isso é impossível”?

4. Em uma situação não planejada, teve a oportunidade de falar com alguém que poderia
ser um excelente contato profissional ou pessoal (normalmente, uma pessoa que você
admira ou julga bem-sucedida), mas não falou por achar que não era bom o suficiente?

5. Já teve vontade de ser alguma coisa ou aprender algo, mas, quando percebeu que era
impossível ter um professor ou alguém que já tivesse feito o caminho para imitar ou
seguir, desistiu?

6. Já escolheu um caminho apenas porque, em um primeiro momento, parecia mais


seguro, estável, com menos riscos de dar errado, mesmo sabendo que ali não teria tanta
satisfação ou, pior, que não era exatamente o que você queria?

7. Já teve uma grande oportunidade (pode ser uma apresentação no trabalho ou um


momento com a pessoa em quem estava interessado emocionalmente), mas, por medo de
não ter tempo suficiente para contar tudo o que tinha de bom – ou seja, o quão fodido
você é –, deixou de lado, desistiu e achou melhor não arriscar?

8. Mesmo depois de anos exercendo um trabalho ou função, desenvolvendo um projeto


ou melhorando uma coisa, a primeira crítica recebida o fez acreditar que tudo o que
estava feito era uma porcaria, e abandonou aquilo sem mais nem menos? (Outra vez,
pode ser sua carreira profissional de 20 anos ou a nova decoração da sala, não importa, o
que conta é a atitude errada.)

9. Você cometeu uma grande cagada. Não dava para arrumar (acredite, todo mundo já fez
isso ao menos uma vez na vida). E se viu, mesmo que por um curto tempo, sem uma saída
estratégica ou atividade paralela, pois não elaborou um plano B?

10. Vislumbrou alguma oportunidade ou chance de crescimento muito perto de você,


mas, ao calcular a probabilidade, considerou pequena? Aí, algum tempo depois
(obviamente você não fez nada para melhorar essa porcentagem, ficou sentado na
cadeira, enquanto a única coisa que crescia era seu tédio), alguém menos preparado do
que você – mas com coragem e persistência maiores – fez aquilo acontecer, fez dar certo
e o deixou para trás?

11. Já teve a oportunidade de exercer uma nova função, totalmente diferente da sua área
de formação ou do que domina, mas não aceitou ou não tentou porque pensou que não
seria capaz de exercê-la ou, pior, que outra pessoa próxima poderia fazer melhor, e, ao se
comparar, não foi atrás?

12. Já deixou para depois a resolução de um problema que parecia pequeno, mas, com o
passar do tempo – porque deixar para resolver amanhã na verdade nunca é amanhã
mesmo, e, sem planejamento, o problema se estende por semanas, meses ou anos –, o tal
pequeno problema virou uma coisa enorme, quase impossível de se resolver, e então
pensou “ah, se eu tivesse feito isso lá atrás”?
13. Não consegue, nem por um mês sequer, controlar sua vida financeira? Não estou
falando em gerir fortunas, fazer investimentos ou poupar dinheiro. Estou falando em não
saber sequer quanto ganha nem quanto gasta e, ao fim do mês, ter aquele mini-infarto
quando passa o cartão de crédito e não sabe se a transação será autorizada ou não.

14. Não fala palavrão (claro que em algumas situações você não deve falar mesmo, mas
estou pensando aqui em situações em que é socialmente aceito, como já falamos) porque
tem medo de se expor, do que vão pensar, enfim, não se garante em uma simples
conversa?
Sim para 1 ou 2 perguntas.
VAI SE FODER EM BREVE.
Olha, você está a um passo de se foder. Poderia ser pior, mas é hora de ligar o
alerta. Quem o ama até dá uma segunda chance e vê algum potencial, mas
normalmente você escuta “Fulano até tem qualidades, mas parece que nunca
vai para a frente”. Já as pessoas a sua volta – as conhecidas e não tão próximas
– estão com as expectativas baixas e não o veem com muitas possibilidades de
dar certo. A sua marca é a grande chance de fazer as coisas não acontecerem.
Lembre-se: o fracasso chega muito mais rápido do que o sucesso. Mas que
calmo. Por incrível que pareça, o seu caso é o mais fácil de solucionar. Uma
pequena mudança de postura pode fazer toda a diferença. Para começar a
mudar isso agora mesmo, leia primeiro os capítulos 1 e 8.

Sim para 3 ou 4 perguntas.


POUCO FUDIDO.
Amigo, pode até parecer que não, mas você já está com sérios problemas. As
pessoas descon am de suas propostas, não apostam muito no que fala, e o seu
pessimismo torna sua visão muito limitada. Possivelmente, algum projeto seu
já fracassou, e você não soube lidar com isso ou tomou uma atitude que não
produziu efeito algum. Mas, assim como no caso acima, não se desespere –
ainda. Ferramentas básicas serão su cientes para mudar suas ações,
pensamentos e posturas. Leia os capítulos 1, 3, 5 e 8.

Sim para 5 perguntas.


FUDIDO.

É
É, a coisa está complicada. Todo mundo acha que os seus projetos não
funcionam. No trabalho, é só mais um, e não tem perspectivas de promoção,
novas áreas de atuação ou crescimento. Não tem objetivos concretos e não
conhece pessoas que possam mudar sua trajetória. Quando pensa em
construir alguma coisa, sente-se inseguro e se preocupa com a opinião dos
outros. Esse medo faz você parecer displicente ou um funcionário sem
atitude. Tem uma visão pessimista de tudo e de todos e passa a ideia de que se
empenha pouco, mesmo quando trabalha bastante. Calma: nem tudo está
perdido. O primeiro passo é mudar sua visão. Não dá para colocar em prática
imediatamente, pois sua atitude primitiva precisa mudar. Leia os capítulos 1,
2, 4 e 8.

Sim para 6 ou 7 perguntas.


MUITO FUDIDO.
Olha, os problemas são grandes, e você depende de uma mudança completa.
As pessoas ao redor não contam com você para resolver problemas. Sua
capacidade de visão está muito debilitada, não consegue encontrar soluções
rápidas, ou, pior, quando encontra, está desacreditado. Sempre fala coisas
negativas e ca parecendo o portador o cial de más notícias. Seus resultados
estão baixos. É o típico pessimista. Vai dar mais trabalho, e exigirei um esforço
maior da sua parte para mudar. Além de andar na direção contrária, você vai
ter que se empenhar um pouco mais para mudar a visão das outras pessoas a
seu respeito. A primeira coisa é acreditar em si. Comece agora lendo a partir
do capítulo 4.

Sim para mais de 7 perguntas.


FUDIDO TOTAL.
Este livro é para você, o fudido clássico! Está além de um pessimista, sempre
vê o copo meio vazio. Esse tipo de visão atrai problemas, então possivelmente
muitos dos seus projetos não funcionaram. Sua rede de contatos é muito
limitada ou defasada, já que sua postura não atrai novos contatos. Sua visão o
fechou em um circuito que não se renova, e você não se surpreende mais com
suas conquistas. Não sabe o que são objetivos faz tempo. Está em um trabalho
pouco motivador, mas também não se esforça para melhorar, mudar ou
encontrar um novo desa o. Talvez já tenha perdido muitas oportunidades
interessantes de trabalho simplesmente porque não tentou ou não acreditou
ser capaz. Vai dar trabalho. Precisa mudar tudo. É agora ou nunca. Bem-vindo,
fudido. Não tem outra saída: ou você muda, ou muda. Comece já sua leitura
desde o início e dê atenção especial aos capítulos 2, 5 e 7. Não desista! Agora
é a hora da virada. Quando você está no fundo do poço, a única vantagem é
que só tem uma direção possível: para cima.
Melhor você tentar algo, ver a coisa não funcionar
e aprender com isso do que não fazer nada.

– Mark Zuckerberg
A VERDADE É QUE
A MAIORIA DAS
PESSOAS SÃO
COVARDES
E INSEGURAS.
Elas têm medo, e esse medo as paralisa e impede de desenvolver seu
potencial. Vou lhe contar uma história curiosa. Acho que tem a ver com uma
coisa que chamo de autoestima. Ela é fundamental. Criar uma musculatura
emocional é fundamental para sobreviver. Assim como o corpo com um
pouco mais de massa muscular aguentará uma atividade mais intensa como
uma corrida ou levantamento de peso, por exemplo, o emocional mais
preparado também será capaz de lidar com as adversidades de maneira mais
adequada. Apanhar e continuar. Você vai apanhar repetidas vezes – e é crucial
saber lidar com isso.
É importante não confundir autoestima com egocentrismo. Há uma
diferença; ela é sutil, mas o resultado é totalmente oposto. IMPORTANTE:
não tenho nada contra o ego, acho que ter ego faz parte. Acho importante em
certa medida, no equilíbrio. Mas autoestima é uma coisa muito mais
profunda, mais sincera e mais difícil de alcançar. O ego é mais super cial,
passageiro, e se manifesta facilmente. Atinja seu primeiro objetivo, aquele
diário, e veja como o ego in a no mesmo instante. É uma coisa de
exibicionismo, autoa rmação. Mas o ego pode ser um excelente aliado para a
autoestima e também para alcançar objetivos. Como eu disse, ele é
importante, mas na medida certa.
Autoestima é uma convicção. Quando jovem – muito jovem –, eu era
tímido. E aconteceu um fato engraçado em minha vida. Um verdadeiro tipping
point. Eu ia para as festinhas dos meus amigos, festinhas dançantes, balada. Eu
tinha uns 14, 15 anos de idade. Sempre tive o defeito de pensar grande; então,
eu ia à festinha e pedia para dançar com a menina mais bonita. Aquela em que
todos estavam de olho. Como eu era o mais feio da classe, óbvio que escutava
um sonoro “não” logo de cara. Era sempre assim! E aquilo me deprimia
tremendamente. Até que dei um basta: “Não vou mais convidar ninguém para
dançar”.
A vergonha era tamanha que eu não sabia nem o que fazer até a hora em
que meus pais me buscavam. Totalmente deslocado, passei a car ao lado da
equipe de som, em uma tentativa desesperada de não car sozinho, isolado,
enquanto todos se divertiam. Apesar de tímido (na verdade acho que era mais
insegurança do que timidez, mas en m), sempre gostei de conversar. Um dia
puxei assunto com o DJ. Cheio de coisas para fazer e com um menino que não
parava de falar, ele disse: “Me ajuda aqui, pega os discos, me ajuda com a luz,
com a mesa de som”. Para resumir a história: rapidamente me tornei sócio da
equipe de som. Como eu gostava muito de música e passava horas mixando,
fazia aquilo bem e conseguia criar uma espécie de entretenimento nas festas.
Nos refrões, eu abaixava o volume da música, as pessoas cantavam e aí cavam
eufóricas – e eu realmente comandava o show.
Aprendi a primeira lição da escola da vida: as meninas não estavam nem
aí para beleza, mas se importavam com o status. Então criei esse magnetismo
com elas – ligeiramente machista, é verdade, mas diz muito sobre as relações e
percepções humanas. Foi muito divertido. E consegui resgatar ou criar a
autoestima, descobri que eu podia, SIM, ter o controle da situação.
Autoestima é saber que você tem o controle da situação. Que você pode, se
quiser. Tive que dar um jeito de superar o meu problema. Acabei aceitando
que eu tinha de transformar meus defeitos em virtudes. Ou pelo menos ser
visto de outro modo.

Aprenda sozinho
Essa historinha adolescente mostra como é possível, na prática, utilizar a
autoestima para alcançar objetivos. Mas tem outra lição importante embutida
aí: nem sempre você terá um professor para ensiná-lo. Precisei, ainda que
meio ao acaso, é verdade, aprender sozinho. Gostava de música, mas tive que
aprender sozinho a mixar, criar o entretenimento. Claro que você pode se
espelhar em outras pessoas – assim como eu olhei aquele DJ no início e
continuei trabalhando com ele. Dediquei um tempo para aprender. Aprender
é fazer repetidas vezes até car bom ou minimamente aceitável. Gerar
experiência.
Fiz um programa audiovisual em Harvard chamado Launching New
Ventures, convidado pela diretoria da universidade. Um dos cursos da
instituição estava comemorando cem anos. Gravamos um programa de TV
sobre o curso, contei os bastidores, mas principalmente conversei com os
professores. Tudo muito interessante, o mais alto nível educacional do
mundo, mas preciso destacar o seguinte: o que mais levei de experiência, de
bagagem daquela vivência, foram as relações que z “atrás do quadro-negro”
com os oitenta professores do curso com quem mantive contato. Me
desculpe, mas aquilo que eles desenhavam na lousa não me convenceu, não
me acrescentou, porque não era prático, não tinha vida. Era a teoria pela
teoria.
A experiência foi boa, gostei. Eu tenho lá meu quadro, tenho o diploma
de Harvard, bonito, pendurado na parede, e claro que isso me acrescenta algo.
Mas o que quero dizer é que ninguém ali, em nenhum momento, durante
quase uma semana, falou de pessoas. Ninguém falou dos con itos inerentes
aos humanos.
Somos seres que vivem em con ito o tempo todo. Primeiro conosco.
Depois com os outros. “Ah, aquele cara vai me sacanear, então não vou fazer
negócio”, “esse sujeito está com ciúme”, “esse camarada está querendo tirar
proveito de mim”. Isso vai minando suas ações, bloqueando suas atitudes,
você começa a criar adversidades que nem existem. Você cria na sua mente e
vira realidade, porque tudo o que você pensa se transforma em realidade.
Você cria uma opinião sobre alguém sem sequer ter deixado a pessoa se
explicar. Já condenou sem direito de resposta, sem direito de defesa. Mas o
pior de tudo: você se condena sem tentar.
Naqueles longos dias em Harvard, com milhares de horas de estudo
acumuladas, diplomas e tudo mais, ninguém parou para colocar algo em
prática efetivamente, para aprender fazendo. Quando eu falo em aprender
sozinho, na verdade a ideia é aprender na prática, aprender fazendo, não car
só na teoria.

Midas X Sadim
Você já ouviu falar em Sadim? Nada mais é do que Midas escrito ao contrário.
Vamos falar um pouco de mitologia. Bastante conhecido tanto na história
grega quanto na romana, o Rei Midas na verdade é uma alusão à ganância
humana, difundida a partir de atividades nem sempre muito politicamente
corretas de nosso querido soberano, como veremos a seguir.
Segundo a história, o pai de Midas, o camponês Górdio, tornou-se rei da
Frígia em cumprimento a uma profecia. O oráculo local previra que, após a
morte do último governante frígio, o sucessor chegaria de carroça, vindo de
uma terra distante. Quando Górdio chegou de carroça com a mulher e o lho
pequeno, a população o saudou como seu novo soberano. Com a morte de
Górdio, Midas assumiu o trono.
Em um dia comum de reinado, Midas foi visitado por alguns camponeses
que acompanhavam um velho encontrado em uma estrada próxima. O rei
precisou analisar aquele idoso bêbado e maltrapilho por alguns minutos até
nalmente reconhecê-lo: era Sileno, pai de criação de Baco, o deus do vinho.
Cuidado, devidamente alimentado e saudável, Sileno foi levado a seu lho,
com grande alegria, por Midas. Sem saber como agradecer, o deus do vinho
disse que atenderia qualquer desejo do rei. Poderia pedir qualquer coisa.
Midas, cheio de ganância, pediu a capacidade de transformar em ouro tudo o
que tocasse. E assim lhe foi concedido por Baco.
Midas voltou para casa maravilhado com o novo poder. Ordenou aos
criados que servissem um banquete de comemoração. Ao tocar o primeiro
alimento, este se transformou no metal precioso. Ao pegar a taça de vinho e
tocá-la com os lábios, a bebida se transformou em ouro líquido. Midas cou
desesperado. Sua lha, Phoebe, se aproximou e, ao tocá-lo, transformou-se em
uma estátua de ouro.
Percebendo a burrice que havia feito após perder a lha, Midas fez uma
prece sincera e encarecida a Baco, suplicando que o livrasse daquele poder. Na
verdade, o rei se deu conta de que aquilo era não um poder, mas uma
maldição. Baco teve misericórdia do pobre mortal ganancioso e ordenou a
Midas que se banhasse no rio Pactolo. A maldição foi transmitida ao rio, cuja
água imediatamente se tornou dourada. Midas passou o resto dos seus dias
longe das cidades, levando uma vida mais simples e menos gananciosa.
Sadim é o oposto de Midas. O rei frígio transformava tudo o que tocava
em ouro. Sadim, por sua vez, estraga tudo o que toca. É um verdadeiro fudido!
Colocou a mão, a coisa desanda.
Agora chegamos aonde eu queria: há uma patologia “sadinística” nas
pessoas. O meu querido amigo Içami Tiba – um conhecido psiquiatra
brasileiro, professor, palestrante e escritor de livros sobre educação, família e
desenvolvimento pessoal – compartilhava dessa teoria comigo. A
personalidade, a baixa autoestima e o pessimismo desse tipo de ser humano
fazem com se torne uma máquina de eliminação em massa. Pessoas motivadas
por inveja, ciúme e ganância destroem a vida e os projetos dos outros só pelo
prazer de ver o sonho alheio ser destruído. Na sua insigni cância, o Sadim
não tem sonho, não acredita em sonhos, é um frustrado e, para se sentir
menos inferior, busca a todo momento colocar o outro para baixo, frustrar
suas expectativas, seus objetivos.
Todo ser humano é uma complexa mistura de emoções e sentimentos,
uma combinação de elementos positivos e de outros não tão positivos, e o
Sadim não é exceção. Sua recusa em admitir isso é tão poderosa que ele acaba
se deixando conduzir por um incontrolável impulso de projetar nos outros as
características que não consegue reconhecer em si – é a única forma que
conhece de sentir-se um pouco melhor consigo mesmo. Esse comportamento
faz com que ele seja visto quase como uma caricatura da vaidade humana em
seu aspecto mais extremo.
A arrogância, a mesquinhez e o egoísmo transparecem sem qualquer
ltro no Sadim, pois autocrítica, equilíbrio e bom senso não podem ser
cultivados por uma pessoa que se recusa a enxergar as próprias falhas. É fácil
observar elementos comuns ao Sadim e ao sujeito fudido. Vejamos alguns:

O ESPELHO MÁGICO – Assim como a madrasta malvada da história da


Branca de Neve, o Sadim também tem um espelho especial que mostra
apenas o que ele quer ver. Como resultado dessa distorção, ele vê sua
arrogância como magnanimidade, sua mesquinhez como generosidade, seu
rancor como justiça, sua incompetência como culpa dos outros, e assim por
diante.

OS BOBOS DA CORTE – Para que o espelho mágico seja ainda mais


e caz, o Sadim procura se cercar de um séquito de bajuladores cujo grau de
competência é medido pela maestria na arte de puxar o saco. Se você já teve
um chefe Sadim, deve ter percebido que esse tipo sempre coloca membros de
seu séquito nas posições-chave – mesmo à custa da saúde e da lucratividade
da empresa. É claro que o chefe Sadim diz que as escolhas se baseiam na
competência, mas qualquer um (menos ele) pode ver que o critério principal,
se não único, é fortalecer sua posição e seu ego. Os bajuladores nunca
questionam nem desa am a pretensa competência do Sadim, já que isso é
algo que eles mesmos não têm. Rodear-se de pessoas medíocres ajuda a
aumentar a ilusão de superioridade do Sadim.

A FALSA MODÉSTIA – Mesmo adorando a bajulação, o Sadim com


frequência procura manter uma fachada de falsa modéstia. Mas esta cai por
terra no instante em que o Sadim acha que não está recebendo a atenção que
merece. Aí ele grita, esperneia, intimida, ameaça, calunia – tudo sob a
alegação de estar sendo alvo de uma “injustiça” ou de querer corrigir um ato
de “incompetência”.

OS ATALHOS – Se o Sadim é tão incompetente, como é possível que tantas


vezes o encontremos em posições de destaque? Primeiro, porque o Sadim
também é um bajulador que sabe se aproximar e tirar proveito de Sadins mais
poderosos do que ele. A bajulação não é o único atalho. Em alguns casos, o
Sadim pode chegar lá por meio de um casamento de conveniência ou de um
bilhete premiado de loteria. Em outros, pelo simples fato de ser o lho do
dono, o herdeiro ou o protegido de alguém importante.

O AMIGO DA ONÇA – Às vezes pessoas que no início parecem nossas


amigas mais tarde se revelam verdadeiras Sadins. Isso porque a dissimulação é
outra característica do Sadim. Ele pode ngir amizade para pegar carona no
sucesso de alguém, mas cedo ou tarde tentará reivindicar esse sucesso só para
si – é nessa hora que o Sadim mostra as garras.

A MEMÓRIA SELETIVA – O Sadim tem o incrível dom de reescrever a


história à sua maneira. Naturalmente, considera-se um Salomão em termos de
justiça – adora proclamar “Sou uma pessoa justa” –, mas o fato é que palavras
como reconhecimento e gratidão não existem no seu vocabulário. Ao relatar
fatos passados, sempre aumenta sua importância e reduz, ou mesmo elimina,
a importância dos outros. Pode chegar ao cúmulo de clamar para si a autoria
de uma ideia que não teve ou de uma iniciativa que não tomou.

A INVEJA – Todo Sadim é um invejoso por excelência. Os problemas de


autoestima o levam a cobiçar o que os outros possuem, em vez de tentar obter
tais coisas por esforço próprio. O Sadim inveja não apenas a riqueza e o poder,
mas também qualquer coisa que faça uma pessoa se distinguir: talentos,
habilidades, méritos. Inveja o fato de alguém ser estimado pelos demais, os
amigos que o outro tem e até mesmo a “sorte” alheia. As realizações passadas,
o currículo acadêmico, o bom humor, a vida familiar, tudo pode ser objeto da
inveja do Sadim.

O DICIONÁRIO PESSOAL – O Sadim tem um dicionário próprio, no


qual as palavras assumem o sentido que ele quer. O talento dos outros ele
chama de “sorte” ou de “pistolão”. Sua falta de tato e de inteligência social
recebe o nome de “honestidade” e em geral vem acompanhada da frase: “Digo
a verdade, doa a quem doer”. Os mais habilidosos ele chama de “medíocres”, e
os mais competentes são sempre “incompetentes”.

A METAMORFOSE AMBULANTE – O Sadim que se preza está sempre


mudando de ideia, ou para acompanhar o que está na moda, ou para tentar
contaminar os outros com sua eterna insegurança. Se num momento o Sadim
diz que gostou do seu trabalho, no instante seguinte pode dizer que você não
faz nada que preste. Se hoje defende uma teoria com unhas e dentes, amanhã
pode defender algo totalmente oposto. Nem tente entender: é melhor sair de
perto de ninho e ngir que não escutou.

O RANCOR – O Sadim é capaz de lembrar-se daquele coleguinha da escola


primária que tirava as melhores notas e atraía todas as atenções – e continuar
lhe reservando uma parcela de ódio e ressentimento. Jamais esquece quem
acredita tê-lo ofendido e não deixa passar nenhuma chance de se vingar e
destilar rancor. Por outro lado, o Sadim se esquece com facilidade de quem o
ajudou.

A PARANOIA – Um Sadim “patológico”, com o tempo, descamba para a


paranoia. A insegurança que tanto tenta ocultar ou ignorar vai crescendo nas
sombras e o faz ver, por toda parte, conspirações para derrubá-lo. Qualquer
um que não pertença à turma dos bajuladores pode ser visto como traidor, e
até mesmo alguns bajuladores às vezes pagam o pato. Como as atitudes do
Sadim conduzem à catástrofe, quanto mais os sinais de desastre cam
evidentes, maior é sua necessidade de encontrar bodes expiatórios. Os
delírios tomam a forma de caça às bruxas: se algo vai mal, é porque
conspiradores estão tentando sabotar seus planos sempre perfeitos. Para o
Sadim, o mundo gira ao seu redor, e a principal ocupação dos outros consiste
em tramar alguma coisa para derrubá-lo.

Muita gente costuma reclamar: “Nossa! Está muito difícil hoje!”. Sim, porque
é difícil, é muito difícil olhar para o futuro e fazer qualquer previsão. Mas há
uma maneira de reestruturar a jornada, construir a própria história, atingir os
objetivos. Steve Jobs, fundador da Apple, falava que você só consegue ligar os
pontos olhando o passado. A gente não faz nada sozinho, eu também não, mas
não tome decisões baseado nas constatações dos Sadins que estão por aí. Mais
do que isso: não seja um Sadim, não adote essa postura de coitadismo e
pessimismo generalizados.
O outro caminho – de otimismo e de autoa rmação, de autoconstrução e
evolução constante – eu costumo chamar de experiência do sucesso. Cada um
de nós tem uma história de experiência. Por mais que você diga “não sou
bom”, “não gosto de mim”, “meu cabelo está feio” ou mesmo que carregue
algum trauma complexo, há muitos pontos em que você se destaca, em que é
melhor que a maioria, que executa com mais facilidade. Se ainda assim você
disser “Nossa, mas eu não tenho nada de bom, só defeitos mesmo”, vamos
fazer como eu na história da baladinha da escola – transformar o problema em
solução. Passe a acreditar em si. Será o primeiro passo para deixar de ser um
fudido.
T. Harv Eker, autor de Os segredos da mente milionária e que já vendeu
mais de um milhão de livros no mundo, foi quem me mostrou que eu era
capaz de vencer na vida. Esse despertar de consciência, esse tipping point,
como chamei antes, está onde você menos espera e acontece sem você
perceber, desde que tenha o pensamento certo e a postura correta, e não os de
um coitado ou pessimista. Acredite que você pode, sim, fazer o impossível. Se
der errado, não tem problema. Porque a maior virtude de um ser humano – e
não de um empreendedor ou pro ssional, de um ser humano – se chama
resiliência. A capacidade de aprender caindo, apanhar e voltar à sua natureza,
à sua forma natural. E continuar. Porque a gente aprende tanto com os acertos
quanto com os erros, mas muito mais com os erros.
O sucesso realmente inspira, mas a única forma de aprendizado real e
legítimo é o fracasso. Isso está comprovado. O fracasso não condena à morte.
Ao contrário, dá a musculatura de que falamos e a milhagem para que, na
etapa seguinte, você possa se desenvolver com mais capacidade, com um
olhar mais re nado e com mais sensibilidade para evitar a repetição dos erros.
Isso acabou se transformando um pouco no meu jeito de ser. Meu estilo
de vida é o seguinte: acreditar, ter um olhar positivo, uma agenda positiva,
uma visão otimista do mundo e das pessoas. Olhar o lado negativo é fácil. Já
nascemos com uma espécie de capacidade para aceitar o fracasso. Porque,
para ter sucesso, é necessário um amplo conjunto de atitudes,
responsabilidades e compromisso com a vida – com a transformação da sua
vida e da vida dos outros. Simplesmente aceitar o fracasso como sua última
milha na estrada é muito fácil; justi car-se para não fazer as coisas, colecionar
justi cativas e explicações para dizer por que você tinha uma ideia
maravilhosa e não botou em prática. Você quer o quê? Que alguém dê um
tapa nas suas costas e diga “coitadinho”? Esse coitadismo é o que realmente
destrói as pessoas, destrói sonhos, destrói esperança, destrói a capacidade de
acreditar.
Quando crianças, acreditamos que podemos ser astronauta, engenheiro,
médico, coisas maravilhosas. E o mundo, a vida e as pessoas destroem esses
sonhos. Perdemos essa essência, essa capacidade intrínseca de acreditar. Mas
não se engane: não são os seus inimigos que destroem seus sonhos. São os
seus melhores amigos! São as pessoas em quem você tem mais con ança.
Essas pessoas têm uma capacidade impressionante de acabar com a sua vida.
Como con a nelas, você as escuta. E escutando, acredita no que elas estão
dizendo, e interioriza. Aí, meu amigo, você está fudido.
Às vezes é melhor um inimigo. Porque para o inimigo você não dá muito
espaço, você ca mais alerta com ele. Com o amigo, você se abre. E, na hora
em que se abre, você conta uma história para ele. Logo ele vem com uma
contra-argumentação e o convence de que aquilo está errado. Se você
acredita, adeus! Essa é a maior mentira do mundo. Isso tem sido a minha
história de vida recorrente.
Então, lembre-se: você pode olhar tudo pelo menos de duas maneiras.
Pode ler uma reportagem, tirar um residual negativo e chorar. Ou pode olhar
e falar “Gente, vamos fazer fábrica de lenços!”. Você pode ouvir o pessimista e
dizer “Tem razão, vou desistir”, ou “Ok, mas vou tentar mesmo assim. Se der
errado, co mais forte para poder tentar de novo”. Por m, você pode ser um
fudido ou um fodido. A escolha é sua.
Tive oportunidades épicas ao conhecer duas guras incríveis, e vou
compartilhar essas histórias com você. Um desses caras é Richard Saul
Wurman, o mentor, o criador do TED (Tecnologia, Entretenimento e
Design), a grande plataforma de mídia. Richard é uma gura extraordinária,
arquiteto de formação; estive com ele, na casa dele, conversamos muito, ele
me contou toda a história. Ele também teve seus problemas, porque tinha
uma visão mais pura da proposta de um novo formato de conteúdo, mais
dinâmico, com menos blá-blá-blá, que eu acho fundamental. Acontece que
depois a companhia teve outro direcionamento, ele se desentendeu com o
executivo e saiu do negócio.
Eu e Richard passamos duas noites na casa dele falando sobre mil
projetos, tomamos muito vinho e pensamos na vida. Ele disse uma coisa que
nunca esqueci: “Bellino, as pessoas discutem se o copo está meio cheio ou
meio vazio. Isso já virou clichê. Eu tenho outra conclusão, outra visão sobre
isso. O problema não é se você olha o copo meio cheio ou meio vazio. O
problema reside em de nir o tamanho do copo”. Se você de nir o tamanho
certo do seu copo, ele estará sempre cheio. Trate de de nir o tamanho do seu
copo. Pare de car nesse con ito de meio cheio ou meio vazio o tempo todo.
A única forma de chegar ao impossível
é acreditar que é possível.

– Lewis Carroll
SEMPRE OLHEI
PARA AS COISAS
ACREDITANDO QUE
O IMPOSSÍVEL
NÃO EXISTE.
Me desa o muito, acho que posso fazer coisas que a maioria das pessoas não
faz, e isso me diverte. Como já dizia Walt Disney, eu adoro o impossível,
porque nele tenho muito menos concorrentes. Como meus amigos não
acreditavam que fosse possível, nenhum deles concorria comigo. Encontrei a
inspiração para os meus negócios, meus empreendimentos, em observações
muito corriqueiras ao longo da vida.
Meu maior case de sucesso – e a história mais emblemática da minha vida
até hoje – foi me tornar sócio de John Casablancas, o lendário fundador da
Elite Model Management, e ser dono da lial brasileira a partir da leitura de
uma matéria em uma revista francesa. Quando li aquele artigo, entrei em uma
espécie de transe, em um processo de euforia tão grande que não medi mais
esforços. Quando sintonizei naquela dimensão do possível – ou de ruptura do
paradigma do que parecia impossível –, realmente me lancei em uma aventura
sem limites.
Obviamente eu já adorava as modelos. Adorava aquelas mulheres; eu as
seguia em revistas e des les de carnaval. Quando quei sabendo do negócio
de agências de modelos, pensei: “Vou ser sócio de John Casablancas! Imagina
ainda conseguir ganhar dinheiro com isso”. Já estava até aceitando não ganhar
nada.
Sou do tempo do telex, e não havia ninguém a quem eu pudesse recorrer
para descobrir o telefone ou o telex de Casablancas. Percebi que, na última
página daquele artigo em francês, estava o logotipo da agência dele, o
endereço, o telefone e o telex. Qualquer um podia ver. Pronto! Agora eu tinha
o telex do homem. É equivalente a conseguir o e-mail do ex-presidente Barack
Obama hoje em dia.
Então fui para Nova York para falar com John Casablancas. Ele me
recebeu, avisando: “Estou com a agenda complicada, me diga rapidamente o
que você quer de fato”. Respondi que vislumbrava a grande oportunidade de a
Elite desembarcar no Brasil naquele momento, pois a modelo brasileira mais
famosa do país, Luiza Brunet, acabara de rescindir contrato com a Dijon Jeans
depois de uma longa parceria, e poderíamos contratá-la. O empresário da
marca havia registrado o nome de Luiza no INPI, e ela estava em uma crise
tremenda. A crise faz a oportunidade, eu sempre digo isso. Ela estava
disponível, e era o momento de conseguir um contrato com valor abaixo do
mercado.
Imagine a minha sorte, Casablancas falava portunhol, pois aos 18 anos
tinha se mudado para Recife, assumindo o cargo de gerente de marketing da
Coca-Cola. Diante da minha proposta para criar e assumir uma sede da Elite
no Brasil, ele respondeu com toda a sinceridade: “Ricardo, sejamos francos,
você não tem um tostão, não conhece ninguém na indústria da moda. E
vamos combinar que de moda você não entende nada. Olhe o seu estilo”.
“Você quer sair para jantar comigo ou quer fazer negócios?”, repliquei. Disse a
ele que era muito simples: ele me daria uma carta, uma página, e com esse
papel em mãos eu iria atrás de nanciamento para colocar de pé minha ideia
de maluco. Para se livrar de mim, ele fez a carta na hora.
Bati na porta de todas as agências de publicidade e clientes que você
possa imaginar no eixo Rio-São Paulo e não obtive resposta. Até que um dia
encontrei um cara chamado Nelson Alvarenga, fundador da Ellus. Apresentei
o projeto de implantar a Elite no Brasil e expliquei que para isso eu precisava
do nanciamento e de aporte nanceiro de uma grande grife brasileira. Ele
disse: “Não saia dessa sala, quero ser o investidor com exclusividade. Quanto
custa?”. Respondi que custava um milhão de dólares. Ele disse: “Ok! Negócio
fechado”. Pensei comigo mesmo: “Está vendo, nem foi tão difícil”.
Após a reunião com a Ellus, liguei para Casablancas para dar a boa
notícia: surgira um possível patrocinador disposto a assinar um cheque de um
milhão de dólares. Casablancas cou animado, disse que era tudo uma
loucura, mas que topava, seria um sucesso. Expliquei que o patrocinador
estava descon ado de que tudo fosse uma mentira inventada por mim e de
que eu nem sequer conhecesse o dono da Elite. O patrocinador havia me
desa ado a provar que não estava mentindo, trazendo Casablancas e duas
modelos para a festa de 15 anos da Ellus, para celebrar o nosso contrato.
Ao contar tudo isso, quei gelado, imaginando que Casablancas fosse me
mandar pastar. Para minha surpresa, não só concordou, como também disse
para não me preocupar, pois já iria providenciar sua passagem na primeira
classe. (Você deve saber que os ricos odeiam pobre. Simplesmente odeiam
pobre.) Pediu apenas que eu providenciasse uma suíte e duas passagens
executivas para as modelos, além de um “dinheirinho cash” para que elas
pudessem comprar umas “roupinhas” no Brasil. Falou isso naquela arrogância
americana.
Concordei com tudo, mas pedi um favor. Como eu teria um almoço com
o patrocinador, pedi que ele enviasse dois telex: um con rmando a presença
na festa e no outro especi cando o pedido de passagens executivas e estadia.
Porque isso é conversa de pobre, e eu não queria passar um atestado de
pobreza; não ca bem para quem está prestes a fechar um negócio de um
milhão de dólares essa preocupação com passagens e acomodações. Veja você,
eu já estava ditando telex para John Casablancas.
Então fui aos correios, busquei o telex, coloquei no bolso e fui para o
almoço. Chegando lá, o patrocinador me pergunta sobre Casablancas, e
entrego o papel no qual ele con rmava presença. Fechamos o negócio.
No dia 8 de agosto de 1988, no Golden Room do Copacabana Palace, no
Rio de Janeiro, promovemos a primeira nal nacional do concurso da Elite
Model para descobrir novas modelos, na época chamado Look of the Year.
Em 1989 zemos a primeira nal latino-americana, e em 1990 trouxemos a
nal mundial para o Brasil. A Elite Model lançou as modelos mais
importantes do mundo, incluindo a übermodel brasileira Gisele Bündchen. E
eu participei ativamente disso tudo graças à minha visão e entusiasmo; eu, um
sujeito que não falava inglês, não conhecia ninguém da moda e tampouco
tinha um diploma.
Por que contei isso? Porque essa história deixa bem claro que, para ter
êxito como empreendedor, é preciso transformar ideias em negócios de
sucesso. Mas como saber se vale a pena investir em uma ideia? Como saber se
uma ideia é boa? A única forma de saber se uma ideia pode se transformar em
um negócio de sucesso é quebrando a inércia da teoria e colocando a ideia na
prática. É a única maneira. Essa é a minha especialidade: colocar ideias em
prática, fazer sopa de pedra. Vender negócios ambiciosos, audaciosos, com o
melhor tempero.

A maior mentira do mundo


Aprendi em minha vida, muito cedo, que a maior mentira do mundo que nos
é contada por pais, sócios, professores e mentores é que não podemos
acreditar em nossos sonhos. Dizem que não podemos realizar coisas com que
sonhamos porque não temos capacidade e conhecimento especí co. Somos
desencorajados por não ter dinheiro, por não conhecer pessoas no ambiente
do projeto ou por não ter uma certi cação acadêmica. Diante de tudo isso,
camos reféns da mediocridade, sem poder correr riscos e assumir a
responsabilidade de que uma ideia possa dar certo. Existem muitas ideias.
Quase todo mundo tem uma ideia que julga brilhante. Mas coragem para
seguir em frente e torná-la realidade custa muito.
O ser humano está preparado para aceitar o fracasso. Mas, quando uma
ideia dá certo, meu amigo, dá um trabalho danado! O que dizer de um cara
que não falava inglês, não tinha um tostão, não conhecia ninguém no mundo
da moda e que de repente leu uma matéria em uma revista em francês e,
mesmo sem dominar a língua, conseguiu compreender nas entrelinhas que
aquela era uma ideia fantástica? Eu pensei: “Por que não posso ser sócio de
John Casablancas? Só porque não falo inglês, não tenho amigos no mundo da
moda e não conheço ninguém que possa me ajudar a chegar nesse cara?”.
Tudo isso são desculpas para não fazer alguma coisa. Muito mais fácil se
justi car para depois reconhecer que não deu certo. Não, não me dou essa
chance. Eu assumo todos os riscos inerentes. Por isso deixei meu paletó
italiano, atravessei o Atlântico e fui trabalhar como entregador da
transportadora DHL. Naquele primeiro encontro em que convenci John
Casablancas a ser meu sócio, eu estava vestido com o uniforme da DHL. Eu ia
à sede da Elite Model entregar correspondência.
Você está disposto a levar suas ideias a esse nível de sacrifício, dedicação e
perseverança? Essa é uma pergunta a ser feita. Não adianta fazer uma
apresentação bonita, criar um roteiro maravilhoso usando palavras perfeitas
se não houver entusiasmo, vontade e capacidade de assumir riscos. E mais
importante: resiliência, saber que vai cair muitas vezes e levantar, que vai errar
muito mais do que acertar. É com essa capacidade de acreditar e
sistematicamente errar que acabamos nos diplomando na escola da vida e
conseguindo fazer aquilo que para muitos parece uma grande mentira. A
maioria das pessoas me tachava de louco, mentiroso. Diziam: “Isso é
impossível! Como você vai fazer um negócio desses? Ficou maluco?”. Mas eu
z.
Quando as pessoas querem nos dissuadir de alguma coisa, fazem uso de
recursos fantásticos. Dizem: “Querido, esqueça, isso não vai dar certo”. E o
mais surpreendente: não são os inimigos que fazem isso. Geralmente é
alguém da família, o melhor amigo, o sócio, alguém muito próximo. Como já
disse antes, é com essas pessoas que você deve tomar cuidado.
Minha experiência tem comprovado, para mim e para todos que
participam de minha vida, que é possível fazer aquilo que parecia impossível.
Walt Disney um dia disse: “Adoro o impossível, pois lá a concorrência é
menor”. Essa é a minha linha todos os dias: acreditar no impossível, trabalhar
no impossível. Porque assim tenho muito menos concorrentes. Detesto a
concorrência.
Realmente tenho tido o privilégio de compartilhar ideias, projetos,
negócios, anedotas com pessoas consideradas reis Midas. Para aproveitar
esses contatos, é preciso saber exatamente o que a gente quer, o que a gente
pede, porque a palavra tem uma força enorme. Mas, além das grandes guras
que me inspiram até hoje, também tive o privilégio de conviver com outras
que são verdadeiros Sadins. Com certeza você conhece vários Sadins, apenas
não os conhecia por esse nome. A lição aqui é a seguinte: quando o sucesso dá
de cara com a inveja, é explosivo. O ser humano não aceita o sucesso alheio
quando ele próprio não consegue realizar os sonhos, não consegue correr os
riscos necessários e se dar a oportunidade de fazer alguma coisa.
Todas essas experiências em algum momento me zeram re etir sobre o
propósito da minha vida, porque não é só ser bem-sucedido, nem se trata
apenas da consequência do sucesso, ser rico. Nunca pensei em ser rico, pois
isso é consequência, não é o objetivo. Ser rico é o resultado. A jornada, o
caminho, é o mais importante, o mais divertido. Nunca sabemos aonde vamos
chegar, mas, se estamos atentos ao caminho, aprendemos muito com ele.
Não existe esta coisa de homem feito por si mesmo.
Somos formados por milhares de outros.
Cada pessoa que alguma vez tenha feito um gesto
bom por nós, ou dito uma palavra de
encorajamento para nós, entrou na formação
do nosso caráter e nossos pensamentos,
tanto quanto do nosso sucesso.

– George Matthew Adams


TENHA
CONTATOS.
Isso mesmo, essa é a grande lição deste capítulo. Você precisa se conectar às pessoas
certas no momento certo. Para isso, precisa ver e ser visto, ter um contato rápido.
Não precisa ser amigo de todos – porque amigos a gente tem poucos, realmente –,
mas precisa saber como acionar essa ou aquela pessoa na hora em que precisar.
Quando a gente soma cabeças, momentos, comunidades, pensamentos, uma fagulha
é possível. E mais importante do que isso: você passa a ser necessário.
Você já deve ter ouvido falar na lei dos seis níveis, mas vou resumi-la
rapidamente para ser mais didático e prático. Testada pelo sociólogo Stanley
Milgram em 1967, a teoria diz que qualquer pessoa pode chegar a qualquer outra
pessoa em, no máximo, cinco contatos. Ele chegou a essa conclusão ao solicitar que
trezentos participantes levassem uma carta para um corretor da Bolsa de Valores de
Boston, passando-a para qualquer um que conhecessem. A carta passou em média
por cinco pessoas antes de chegar ao destino, em um total de seis graus de separação.
Só tem um detalhe: apenas 3% das cartas de fato chegaram ao destino.
Muito tempo depois, já com o advento da internet, outro estudioso tentou
recriar o teste. Duncan Wa s deu uma meta para pouco mais de quatro mil pessoas:
fazer um e-mail chegar para pessoas predeterminadas. Todas importantes, mas de
vários países, de várias áreas, obviamente o mais distintas e longínquas possível da
pessoa de origem. E os participantes só poderiam utilizar e-mails que já tivessem em
seus contatos.
Apenas 384 e-mails chegaram ao destino nal, com uma média de cinco ou seis
graus de distância contando com o primeiro, aquele que enviou. Ainda assim,
usando técnicas estatísticas, Wa s estimou que seriam necessários entre cinco e sete
e-mails para chegar à pessoa-alvo. Logo, seis na média.
A Microso , por meio do Messenger, foi a última e mais próxima da nossa
realidade a tentar comprovar (ou desmentir) a teoria. Eric Horvitz e Jure Leskovec
analisaram metade dos registros de todo o tráfego de conversas on-line de 2006. Eles
concluíram que duas pessoas estão, em média, a 6,6 graus de distância. Dessa vez
ninguém enviou nada, o resultado foi só teórico.
Bom, eu sou a prova viva de que isso é real. Você pode chegar em qualquer
pessoa, de qualquer lugar do mundo, de qualquer área ou status social, se quiser.
Talvez precise de mais ou menos do que seis graus, mas isso não é o principal – o que
importa mesmo é conectar-se.
Como já disse, muitas vezes me inspirei na observação casual das coisas, em um
artigo de revista, em uma vitrine de loja. Tudo isso foi inspiração para os meus
projetos. Em um de meus processos de reinvenção, me inspirei na minha lha, ao ver
por acaso um vídeo postado por ela no Facebook com um tutorial de maquiagem.
“Minha lha, adorei. Não sabia que você tinha essa capacidade”, elogiei. Ela
havia transformado o quarto em um estúdio de televisão, gravando, editando e
inserindo legendas.
“Pai, quero fazer um curso de maquiagem”, disse ela.
“Minha lha, será possível que não haja uma vez em que você não apareça com
uma ideia que vai me custar dinheiro? Não dá para fazer um negócio em que você
ganhe dinheiro?”, respondi.
“Pai, você é um miserável! Custa apenas 17 dólares por mês”, retrucou ela.
Argumentei que o curso deveria ser uma merda, que ela não iria aprender nada.
“Pai, você é um velho, não entende nada. O curso é via internet. Você paga a
subscription e vai pagando todo mês”, ela rebateu.
Pedi um tempo para pensar e entender aquilo e fui lá olhar o site.
Eu desenvolvi uma loucura, uma patologia, de car buscando e-mail de todo
mundo para falar com as pessoas. Descobri então um casal que mora na África do Sul
e tem uma plataforma chamada University of Makeup. Achei o nome bacana,
mandei um e-mail contando a história. Nos falamos uma, duas, três vezes via Skype.
Na terceira vez, minha lha era sócia com 50%, sem botar um tostão. Pois, meu
querido, botando dinheiro é fácil. Eu tenho a sigla O.P.M. – other people’s money,
dinheiro dos outros. Precisa ser com o dinheiro dos outros, não com o seu. Pelo
menos não no investimento inicial. Já temos o trabalho de ter a ideia, realizar, pegar
avião – e ainda ter que botar dinheiro? Não!
Em resumo, acabei abraçando a causa, investindo e me dedicando na
construção de uma visão de futuro para a minha lha e, por que não, para mim
também. Uma ideia de uma menina com um pai maluco e um pouco de paixão,
ousadia e atrevimento.
Não pense que esses contatos de que falamos aqui sejam apenas uma forma de
aumentar seu círculo social, de manter bons relacionamentos ou uma maneira de sair
na coluna social do jornal de sua cidade. Não! A ideia é fazer conexões práticas,
rápidas e e cazes para gerar negócios, para colocar suas ideias em prática, para não
car no limbo entre a ótima ideia e a prática inexistente.
Haja, seja foda. Esses contatos podem ser adquiridos a qualquer momento: em
viagens, em um passeio com a família, no caminho que você faz todo dia, nas
atividades da sua lha (como vimos acima), en m, em qualquer lugar. Sua atitude é
que vai determinar se esse contato vai passar despercebido ou se, daqui um tempo,
será o seu canal para fechar um negócio de um milhão de reais.
No mundo dos negócios, networking é essencial. Para quem está começando a
empreender ou para o dealmaker mais renomado, o que determina seu valor é sua
rede de contatos. Buscar parceiros com visões diferentes, opostas, absurdas ou
conservadoras será sua salvação no momento em que a oportunidade chegar. Mas
existem algumas dicas rápidas e simples que você pode ter em mente para fazer
networking de forma natural.

Seja útil
Parece papo de grupo de apoio motivacional, mas é verdade: ajudar alguém é a
melhor maneira de criar um vínculo, um contato. Isso vai fazer bem para você
também. Essa relação, mesmo que muito rápida, fará você ser lembrado como
alguém e caz, prático, que resolve. Isso ajuda muito a ser visto como um fodido, e
não como um fudido. Ajude quem puder sem querer nada em troca. A pessoa não se
esquecerá de você, e, caso precise dela, será mais fácil se aproximar.

Seja visível
Em tempos de redes sociais, ser visível é um pouco mais fácil do que quando
comecei. Mas nada substitui o contato real, visível, off-line. Quem é visto é sempre
lembrado. Essa é a realidade. Apareça, compareça, vá a eventos, premiações ou
qualquer outro tipo de ambiente relacionado à sua atividade atual ou à que está
disposto a praticar. Converse, fale sobre assuntos interessantes, seja agradável, para
ser lembrado.

Busque pessoas que falam a mesma língua


Não estou falando de idioma (pois já vimos que tive um problema com isso logo no
início), mas sim de pessoas com ideias próximas às suas. Normalmente é mais fácil
negociar com quem acredita no que você também acredita. Ter ideias próximas
facilita a negociação, a simpatia e principalmente o primeiro contato. Aqui você
possivelmente nem precisará dos seis graus de distância para chegar ao objetivo nal.
Essas pessoas costumam estar mais perto. Mas cuidado: não são a única opção.
Vamos ver isso a seguir.
Busque pessoas que NÃO falam a mesma
língua
Isso mesmo! Exatamente o oposto do último tópico. Ter contato apenas com
pessoas que têm as mesmas ideias e pontos de vista que você limitará sua rede de
contatos. Comece por elas, tudo bem, é mais rápido, mas não que apenas nessa
rede. Expanda, chegue naqueles que pensam diferente de você. Seja honesto e
sempre respeitoso. Assim, será possível alcançar aqueles que em um primeiro
momento pareciam inacessíveis. Isso é um trunfo, pois você se diferenciará. De
início possivelmente você precisará de muito mais do que seis graus para chegar,
mas, depois que conseguir alguns contatos desse tipo, esse será o seu diferencial, a
sua carta na manga.

Tenha uma abordagem sincera


Como já mencionei, fale a verdade. Não seja grosso ou desagradável, também não
faça promessas que não possa cumprir, acentue não o problema, e sim a solução.
Tudo bem ocultar uma di culdade ou outra (como z, por exemplo, em alguns casos
que conto aqui neste livro), mas foque em não criar falsas expectativas. Porque, ao
frustrar qualquer uma delas, você será lembrado como alguém que prometeu e não
cumpriu, e esse contato já era.

Seja criativo
Admito que, vestido de carteiro, sem falar inglês e vencendo pelo cansaço, não foi a
melhor maneira de chegar a John Casablancas no início de minha carreira. Mas
funcionou. Então invente o que der para chegar no contato de que precisa. Cuidado
com os excessos, tenha bom senso, mas não há limites quando se é criativo. A forma
como você vai chegar pode ser qualquer uma, desde que chegue. Seja criativo.
Invente qualquer coisa, motivo ou situação para atingir o contato de que precisa.
Dez práticas para um networking
eficaz
1. Esteja nos lugares.

2. Participe das conversas.

3. Saiba se expressar.

4. Seja uma pessoa interessante.

5. Compartilhe ideias e convide pessoas para opinar.

6. Não fale mal dos outros.

7. Não seja o dono da verdade.

8. Mostre interesse real.

9. Não desista.

10. Mas saiba a hora certa de deixar para outro dia, para não parecer um mala.

Cinco anos em uma hora:


o poder de aprender com os outros
Já que estamos falando em contatos, trago aqui a declaração de uma pessoa que
admiro muito e é especialista em fazer isso: Erico Rocha, o maior empreendedor
digital do Brasil, criador do método Fórmula de Lançamento, um sistema de
marketing digital para lançamento de produtos e vendas on-line. Nos conhecemos em
uma situação casual, e ele conta esse encontro aqui.
“Se quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá acompanhado.” A frase não é minha, é um
provérbio africano. Ouvi de um mentor. Esse é um dos fundamentos que me fez crescer
tanto. Explicando de maneira mais especí ca, é usar a inteligência coletiva para crescer. O
que quero dizer com isso?
Não importa quem você seja – um bilionário ou um cara que está começando do zero –,
não importa se tem muito ou se não tem nada, o fato é que você nunca vai saber tudo sobre
tudo, nunca vai conseguir focar tudo de tudo, ser bom em tudo. Normal. Porque o tempo
para car bom em alguma coisa é limitado, as experiências de vida a que você tem acesso para
car bom em alguma coisa são limitadas.
Uma das grandes sacadas que fez com que eu crescesse tão rápido é que várias vezes
consegui crescer cinco anos em uma hora. Como z isso? Alavancando a inteligência
coletiva. Muitas pessoas são experts em algumas áreas, e, quando tenho a chance de encontrá-
las, às vezes de forma organizada, como em eventos voltados para isso, ou então de forma
casual, tenho condições de crescer muito rápido em apenas uma hora.
Lembro que Ricardo Bellino e eu estávamos saindo de um evento, fomos para o camarim,
e em uma hora de conversa ele me ensinou mais sobre dealmaking nesse nível que ele está
jogando do que eu jamais saberia ou, quiçá, mais do que eu jamais poderia aprender em
cinco anos. Erico, por que você não aprenderia dealmaking em cinco anos? Não sei. Talvez
simplesmente porque não despenderia tanto tempo para isso. Nem mesmo saberia a
importância. Bellino resumiu anos daquilo em uma hora. E comecei a pegar sacadas que
realmente me levam para uma outra direção.
Por que cinco anos? Pelo seguinte: na vida de um empreendedor, acredito que o seu
futuro, o meu futuro, não é proporcional ao quanto trabalhamos. Ele é proporcional às
direções que tomamos. Imagine que quero ir de A para B, e sei que tem um certo caminho no
meu GPS. Se tenho uma pessoa que consegue me mostrar um atalho de A para B, não tenho
que percorrer tudo o que percorro com meu GPS; posso chegar ao destino muito mais
rápido, quiçá até cinco anos mais rápido.
Esse princípio do empreendedorismo em que acredito – estar em contato com pessoas
que sabem muito de alguma área e poder absorver conhecimento delas – é algo que pode
mudar a direção do seu negócio. Esses experts são capazes de fazer você ir de A para B em um
segundo. E, quando você muda e tem uma decisão certa, é aí que a coisa acontece.
Na conversa com Bellino, ele desconstruiu muita coisa sobre o que eu achava que fosse
dealmaking. Não sei se ele sacou que desconstruiu tanto assim. A gente acabou se
conectando, e acabei dando uma puta sacada, acho que várias grandes sacadas. Nessa loucura
de trocar ideias, inclusive tivemos uma sacada de um novo projeto para ele.
Estávamos sentados, e eu disse: “Nossa, Bellino, você devia fazer isso”. E o mais
interessante é que era um projeto que ele tinha engavetado por um motivo ou outro. Estava
ali no que chamamos de ice box, deixado de lado. Mas, quando ele viu o que eu estava falando
no evento, as ferramentas de que eu estava falando, sobre a possibilidade de lançamento,
sobre a possibilidade de uso do marketing digital, o projeto se desengavetou dentro dele.
O mais curioso é que ele estava muito hesitante. Era um projeto que eu queria muito que
ele zesse, mas Bellino parecia reticente. Sentamos juntos para tomar um café, e acabei
desenhando um pouco do elo que faltava para ele colocar o projeto em prática. Bellino cou
superexcitado e está colocando em prática agora. Incrível. É incrível a speed of implementation,
a velocidade de implementação de um cara como ele. Sentamos em um café, desenhamos o
projeto, e a coisa está aí, rodando.
Em nossa interação, pude contribuir com o projeto de Bellino, e ele com os meus. É um
exemplo do uso da inteligência coletiva para crescer.
Entendem agora o que eu digo com a importância dos contatos? Se você está com a
atitude certa, qualquer um pode ser o Erico Rocha do seu negócio. Seja rápido,
aberto às opiniões, e aprenda todo o tempo, com todas as pessoas que puder.

Mais do que contatos, tenha amigos


engajados
É possível que, ao ler estas linhas, você pense: “Assim é fácil. Se conhecesse alguém
que pudesse me abrir as portas, até eu conseguiria”. Minha resposta é: então trate de
cultivar amizades e ampliar seu círculo de relacionamentos. Achar que as coisas
foram fáceis para mim ou para qualquer outro por causa de uma indicação é uma
ilusão de fudido.
Primeiro, porque, na primeira vez que falamos com alguém, é necessário um
grande esforço de nossa parte para superar inseguranças do tipo “Por que uma
pessoa tão importante falaria com um desconhecido sem um tostão no bolso?”.
Também é preciso se valer de grande dose de persistência para que esse primeiro
contato seja possível.
Em segundo lugar, porque um relacionamento não se mantém por acaso depois
de um primeiro contato. A amizade normalmente precisa ser cultivada com base no
respeito mútuo e na ética que sempre devem pautar a trajetória pro ssional. É assim
que a amizade sobrevive às circunstâncias adversas que de modo geral sepultam
relações. É assim que se continua amigo mesmo depois de um fracasso.
Um networking sólido, ou seja, a composição de uma rede de contatos que
efetivamente possam indicá-lo para alguém ou algo em geral vai proporcionar um
grupo de amigos engajados com você, que acreditam em você e no seu trabalho.
Amigo engajado é alguém que avaliza a sua atuação para terceiros, praticamente um
ador pro ssional. É como se dissesse a um terceiro: “Olha, garanto que ele vai fazer
o que está dizendo. Se não zer, você pode cobrar de mim”.
Hoje é moda falar da criação de networks, ou redes de relacionamento. Não
faltam livros e cursos que destacam as vantagens pro ssionais de se ampliar a lista de
contatos e relações. Com frequência, essas vantagens se resumem a uma só: obter
acesso a pessoas que, por sua posição ou in uência, poderão ajudá-lo de alguma
forma a atingir seus objetivos. Essa é uma visão muito limitada, pois transforma as
relações humanas em mera questão de troca de favores. Pode funcionar, mas só até
certo ponto. Nesse caso não existem laços verdadeiros, apenas interesses utilitários;
portanto, assim que uma pessoa deixa de ser útil, é automaticamente descartada – e
esse acaba sendo o destino de quem se preocupa em fazer contatos em vez de fazer
amigos.
A verdadeira network é muito mais uma confraria do que uma lista de contatos.
Em uma confraria, as pessoas se aproximam umas das outras movidas pelo interesse
saudável e natural de fazer amizade, trocar experiências, aprender com seus
semelhantes. Ao serem devidamente cultivados, esses laços se transformam em uma
rede de apoio mútuo, essencial não apenas para a vida pro ssional, mas também para
a vida pessoal. O que vale aqui não é pensar em quem eu posso usar, mas com quem
eu posso contar.
A visão mais ampla dos relacionamentos humanos recebe o nome de
inteligência social, de nida por Edward orndike, da Universidade de Colúmbia,
como a habilidade que cada indivíduo tem de entender e lidar com outras pessoas.
Essa habilidade é fundamental para qualquer um que queira ser bem-sucedido no
meio empresarial.
Lee Iacocca, o célebre executivo que reinventou a Chrysler, tirando a empresa
do atoleiro em que se encontrava no início dos anos 1980, costumava dizer:
“Negócios, a nal, nada mais são do que uma porção de relacionamentos humanos”.
É o ponto de vista típico de uma pessoa dotada de elevado nível de inteligência
social; com certeza, essa qualidade contribuiu para que Iacocca ingressasse no seleto
time das lendas vivas do mundo dos negócios.
Saber relacionar-se com as pessoas implica, entre outras coisas, saber ouvi-las e
respeitá-las – e não usá-las como alvo de mau humor ou de frustrações pessoais,
mesmo que tal atitude venha disfarçada com frases do tipo “fulano merece um
esculacho”. Uma pessoa com inteligência social mais elevada diria “Preciso conversar
com fulano para saber o que está acontecendo”, e só faria isso passado o momento de
raiva ou irritação. Aliás, dar um tempo para esfriar a cabeça e pensar antes de falar ou
agir é uma das características que identi cam a competência social ou o nível de
inteligência social.
Vários estudos apontam diferentes aspectos que caracterizam o indivíduo com
alto nível de inteligência social. E o que a ciência aponta, a prática con rma. As
características listadas a seguir aparecem com frequência na biogra a das pessoas de
sucesso – nos negócios e na vida.
ACEITAR OS OUTROS COMO ELES SÃO. No convívio social, nada
desgastante do que tentar modi car as pessoas ou moldá-las conforme nossos
e necessidades. Além de ser inútil, faz com que você seja visto como intolera
manipulador. Em vez de tentar forçar os outros a serem o que não são, uma
com inteligência social preocupa-se em descobrir como as pessoas podem con
sendo como são.

ADMITIR OS PRÓPRIOS ERROS. Do ponto de vista social, poucas prag


piores do que os donos da verdade. Os que nunca admitem seus erros a
afugentando os demais ou oprimindo-os com sua arrogância. Um pou
humildade faz com que a pessoa pareça mais humana e acessível, requisitos b
para um relacionamento saudável.

MOSTRAR CURIOSIDADE E INTERESSE PELAS PESSOAS E


MUNDO EM GERAL. Ninguém que seja do tipo bitolado, que só f
determinado assunto – sobre o trabalho, por exemplo –, consegue formar um
círculo de amizades. A fama de chato o persegue, e, na maioria das vez
indivíduo acaba se limitando a relacionamentos super ciais, com pessoas com

TER CONSCIÊNCIA SOCIAL. Esse é um desdobramento natural do in


genuíno pelas pessoas que caracteriza alguém dotado de inteligência social. Es
de pessoa não é indiferente aos problemas da sociedade na qual se insere e, s
que pode, intervém para ajudar na solução.

SER PONTUAL. Parece um detalhe insigni cante, mas não é. Não fazer os
esperar é sinal de respeito e consideração.

SER SENSÍVEL ÀS NECESSIDADES E AOS DESEJOS ALHEIOS. Q


socialmente inteligente sabe fazer com que os outros se sintam compreend
dignos de atenção. Isso ocorre em virtude da sensibilidade do indivíduo aos a
dos que o cercam. Essa característica é imprescindível para lidar com egos, inte
e vaidades – coisas que não faltam sempre que um grupo de seres humano
interagindo, seja nos negócios, seja entre familiares e amigos.

FAZER JULGAMENTOS JUSTOS; SER HONESTO CONSIGO E CO


OUTROS. Nada mais equivocado do que confundir bajulação com inteli
social. Quem tem esse tipo de inteligência não bajula nem gosta de ser bajulad
vez disso, emite opiniões com honestidade – sejam críticas construtivas,
elogios – e procura ouvir todas as partes envolvidas antes de chegar a uma con

SABER TRANSMITIR INFORMAÇÕES RELEVANTES E DISTINGU


QUE É RELEVANTE NAS INFORMAÇÕES QUE RECEBE. Conversa
não é sinal de inteligência social elevada – e dar o mesmo peso a tudo o que s
também não é. Na verdade, a falta de objetividade e coerência ao tran
informações e a falta de discernimento ao retê-las e reproduzi-las indicam baix
de inteligência social.

Não seja arrogante


Todo dia eu olho nos olhos do cara, pergunto como está a vida dele, como estão as
coisas, como está seu projeto, sua família. É minha prática diária com quem trabalho,
faço negócios ou tenho o mínimo vínculo pessoal. Qual é o problema de fazer isso?
Você cresce muito mais quando se dá com as pessoas, quando cria empatia com elas.
Isso faz com que as pessoas gostem de você. Ser apreciado é muito importante. A
arrogância estabelece uma série de restrições. As pessoas vão derrubar o arrogante na
primeira oportunidade, pois cam com um sentimento de vingança, o desejo de dar
troco, vão ter prazer em ver o arrogante cair. Vão ter prazer porque o ser humano tem
isso.
Os romanos criaram o Coliseu para colocar 50 mil pessoas lá dentro e ver
cristãos serem destroçados por leões. A multidão ia lá para ver pessoas serem
trucidadas por leões. Você consegue imaginar uma coisa dessas? Então, se trouxer
para o mundo atual, as pessoas têm prazer em ver as outras serem devoradas por
leões! Só que é um leão diferente. É o cara que vai preso, que quebra, que vai à
falência. As pessoas têm prazer. É uma coisa maluca.
O ser humano é primitivo nos instintos, nos sentimentos. Somos bichos que
vestem roupas, penteiam o cabelo, põem um relógio e andam de carro. E em muitos
dos nossos sentimentos, reações, estímulos e desejos somos homens da Idade da
Pedra. A gente tem que aceitar isso, não tem nada de errado. Aceitando nossa
essência, vamos conviver muito melhor com os outros. E, convivendo, criamos
relações que vão permitir desenvolvermos outras coisas. Networking não é trocar

É
cartão de visita. Não é ligar só quando se precisa de um favor. É criar relação e
amizade verdadeiras. A pessoa tem que dizer: “Poxa, eu gosto desse cara”.
Quando vou fazer um projeto novo – quando abordei John Casablancas ou
Donald Trump (contarei essa história daqui a pouco), ou qualquer que seja a pessoa
–, posso assegurar o seguinte: em um primeiro momento, no primeiro encontro, não
falo nada de negócio! A ideia é estabelecer empatia, sintonia, conexão. Quero saber
quem é aquele cara! Quem é você? Do que você gosta? Qual é a sua agenda? Porque
senão não quero fazer negócio com o cara.
Chega um momento da vida em que você não quer, não precisa e não vai fazer
negócio com qualquer pessoa. Porque você já sabe que vai dar problema. A única
coisa boa à medida que você vai cando mais velho é que você já sabe mais coisas.
Não sabe tudo, não tem bola de cristal, mas sabe muito mais. E saber determinar
com quem você quer estar é uma grande virtude.
É bom quando você tem oportunidade de estabelecer uma conexão, quebrar o
gelo, criar um momento de relaxamento, mostrar seu conhecimento – mas
conhecimento você não mostra com pesquisa, com tecnicalidade. Não. Você mostra
de forma não verbal, com body language, com a expressão, fazendo o cara perceber
sua espontaneidade, que você não está preocupado com as palavras corretas. Não
está preocupado em ler texto, tipo operador de telemarketing, que decora aquilo tudo
e, se for interrompido no meio, não conseguirá continuar a conversa porque não está
preparado para interrupções – se fazem uma pergunta no meio, o operador de
telemarketing ca louco e perde o o da meada. Não se preocupe em errar. Preocupe-
se em ser você mesmo. Essa é a grande diferença.
Este tem sido um de meus mantras – foco e simplicidade. O simples
pode ser mais difícil do que o complexo: é preciso trabalhar duro para
limpar seus pensamentos de forma a torná-los simples. Mas no final
vale a pena, porque, quando chegamos lá, podemos mover montanhas.

– Steve Jobs
Quando ele me recebeu em seu escritório, disse que eu só tinha três minutos para
vender a ideia. Obviamente me pareceu meio antipático. Eu tinha viajado nove
horas para apresentar um projeto em uma reunião – e a reunião fora convocada
por ele. Respondi devolvendo algumas perguntas: se ele sabia que o Brasil tem a
segunda maior frota de jatos privados do mundo e a segunda maior frota de
helicópteros privados do mundo, se sabia que São Paulo é a cidade com maior
número de helipontos do mundo. Se tinha algum conhecimento sobre as vendas
da Ferrari, da Porsche e da Louis Vui on no Brasil.
Quando percebeu que estava sendo comparado a Ferrari, Porsche, Louis
Vui on e outras marcas de luxo, aquilo abriu a mente dele, pois é uma pessoa
muito vaidosa. Então, naqueles três minutos, aconteceu o que chamo de amor à
primeira vista.
Nosso primeiro contato – por telefone – havia sido muito simpático, ele ligou
em resposta a uma carta de recomendação de John Casablancas. As pessoas são
mais acessíveis do que parecem ou do que imaginamos. Ligou curioso por causa da
carta que tinha recebido de Casablancas, um amigo de muito tempo, e queria saber
que história era aquela que a gente queria conversar com ele. Dos 15 minutos que
camos ao telefone, 80% foi falando anedotas – “cadê o John?”, “cadê as
mulheres?”, “como é isso, como o cara deixa Nova York para casar com uma
brasileira?”. Nos dois minutos nais, ele entrou no assunto: “Bom, me conta como
é esse projeto que você tem?”. Expliquei rapidamente, mandei uma apresentação
por e-mail, e ele respondeu já marcando um horário comigo.
Uma semana depois, quando cheguei à reunião, o homem estava de mau
humor e disparou a sentença de morte: “Você tem três minutos”. O que ele queria
dizer mesmo era “Você tem três minutos para ir embora da minha sala”, só não
falou esta última parte. Mas era o que ele queria. O sujeito estava de mau humor,
com problemas, tendo que resolver uma série de questões, não queria ouvir sobre
um negócio novo, não estava no clima para isso.
Só que não me intimidei e consegui virar a dinâmica da conversa. O que z,
faço e gosto de fazer é provocar constrangimento nos outros. Porque o
constrangimento tira a pessoa da zona de conforto. Então, já sabe: se você quiser
me fazer uma ofensa, prepare-se, porque não vou botar o rabo entre as pernas e ir
embora chorando. Não vai acontecer.
Acho que esse nível de atrevimento foi o que chamou a atenção dele para me
ouvir mais. Realmente consegui colocá-lo em uma situação em que ele não tinha
condições de responder, pois desconhecia a realidade brasileira do consumo quase
compulsivo de artigos de luxo pagando um prêmio por termos uma das maiores
cargas tributárias do mundo. No Brasil os produtos custam muito mais caro do
que, por exemplo, nos Estados Unidos. A mesma Ferrari que custa 500 mil dólares
lá, aqui custa mais de um milhão de dólares, e temos la de espera para comprar –
e ele não tinha noção disso. Quando consegui me posicionar na conversa,
mostrando que na indústria de luxo brasileiro já existiam várias marcas com
espaço no mercado, ele abriu os olhos.
Falei então que o mercado imobiliário brasileiro estava maduro para receber
uma marca de luxo e que era o momento dele. Aí acabou. Obviamente a conversa
durou mais de uma hora, depois ele chamou o procurador para que fosse comigo
para uma sala de reunião e não me deixasse sair de lá sem assinar uma carta de
intenções. Vinte e quatro horas depois, saí do escritório com uma carta de
intenções assinada. Isso demonstra o quanto você precisa se preparar
emocionalmente para enfrentar situações que não estão em nenhum livro.
A forma como me adaptei mostra a essência do sucesso em qualquer
negociação. Destaquei quatro princípios fundamentais a partir dessa história, e
conhecer esses princípios é de extrema importância. Só isso não basta, pois
negociação não é uma competência cognitiva, é comportamental. O que importa
mesmo não é o que você sabe, mas como você aplica o que sabe. Portanto, é
necessário transformar conhecimentos em comportamentos e hábitos, o que
requer muito treinamento inteligente.

Primeiro princípio fundamental:


Estado mental e emocional rico de
recursos, foco e paixão por vencer
O sucesso começa pela administração do estado mental e emocional do
negociador. Quando fui surpreendido por Donald Trump, consegui manter um
estado mental e emocional rico de recursos e assim pude fazer frente à situação.
Caso tivesse perdido o controle mental e emocional, jamais teria tido sucesso na
negociação.
O fato é que mesmo pessoas ultracompetentes podem cometer erros de
grande magnitude ao mergulhar em estados mentais e emocionais fracos de
recursos. Foi o caso de Jack Welch, então CEO da gigante General Electric, na
compra da Kidder Peabody, negociação que redundou em prejuízo de US$ 1,2
bilhão para a GE. Na re exão para identi car os motivos do erro, Welch percebeu
que, em função dos êxitos anteriores, havia se tornado orgulhoso – e que a linha
que separa a autocon ança do orgulho é muito tênue. Em suma, cuidado com
aquilo que chamo de VOA: vaidade, orgulho e arrogância.
É o estado mental e emocional rico de recursos que permite manter o foco
naquilo que se quer. Perder o foco é muito fácil, e quem perde o foco se afasta da
possibilidade de alcançar os seus objetivos. Segundo Chris Argyris, psicólogo e
autoridade em comportamento organizacional, o foco caótico é uma das principais
causas da baixa efetividade. (Além do foco caótico, existem outros, como o
equivocado, o bode cego e o contaminado, sobre os quais falaremos mais adiante.)
É o estado mental e emocional rico de recursos que também permite manter
acesa a chama da paixão por vencer, e é a paixão por vencer que faz com que as
pessoas se lancem em empreendimentos ousados. Sem paixão por vencer, as
pessoas acabam cando na área do conforto. De acordo com o psicólogo Albert
Ellis, criador da terapia racional-emotiva-comportamental (TREC), a paixão por
vencer, que ele chama de determinação implacável, representa três quartos da
vitória.
Eu soube administrar meu estado mental e emocional, continuar focado no
relevante e manter acesa a chama da paixão por vencer, três pontos essenciais da
autogestão. E a autogestão é fundamental para o sucesso nas negociações, ou
melhor, para o sucesso em qualquer área da vida.

Segundo princípio fundamental:


Qualidade da preparação para a
negociação
Cheguei ao escritório de Donald Trump muito bem preparado para negociar. Eu
tinha clareza do que queria e de como conseguir o que queria; também conhecia
muito bem as características do meu interlocutor. Preparação é sempre
fundamental, e nunca é demais enfatizar que a maioria das negociações se ganha
ou se perde de acordo com a qualidade da preparação.
Já por volta de 1750, Benjamim Franklin dizia: “Quem não leva a sério a
preparação de algo está se preparando para o fracasso”. A preparação tem três
momentos importantes. O primeiro é ter clareza do que se quer. O segundo é
saber como conseguir o que se quer. O terceiro é conhecer bem as características
da pessoa com quem se está negociando.
Quem está muito bem preparado consegue se sair muito melhor nas situações
mais imprevistas e adversas. Uma ótima preparação envolve ver a situação pela
ótica de todas as partes envolvidas e a análise de risco da situação. É preciso estar
preparado para o melhor e prevenido para o pior. Obviamente, preparação
compreende o planejamento de tudo o que deve ocorrer até a de nição dos
termos do acordo.
Existem alguns instrumentos bastante úteis para a preparação de uma
negociação, entre eles, a teoria de campo de força de Kurt Lewin. Conhecer as
estratégias e táticas éticas e não éticas de informação, tempo e poder, bem como o
estilo comportamental do outro negociador, é fator determinante para o sucesso.

Terceiro princípio fundamental:


Motivo dominante de compra
Em apenas três minutos, encontrei e instiguei o motivo dominante de compra de
Donald Trump. Quando falei da grande demanda de artigos de luxo no Brasil e o
comparei a marcas como Ferrari e Porsche, o ego o fez abrir os olhos. Acredite, o
ego tem um poder enorme sobre todas as pessoas, elas tomam decisões de acordo
com o ego a todo momento e nem percebem.
Motivo dominante de compra é aquilo que toca profundamente a emoção de
uma pessoa e a faz tomar uma decisão quase que instantânea. Vejamos mais um
exemplo: uma corretora de seguros estava tentando vender uma apólice para um
executivo sem o menor êxito. Em uma de suas visitas, ela avistou um livro de
astrologia na biblioteca do executivo e fez uma observação sobre o assunto. Na
mesma hora o homem abriu um sorriso e começou a falar de astrologia. Você pode
não acreditar, mas existem executivos de sucesso que recorrem à astrologia. A
partir daí, esse executivo passou a fazer todos os seus seguros com a corretora.
Um casal se mudou para uma nova cidade e começou a procurar residência.
Olharam inúmeros imóveis, mas a esposa não encontrava nada de seu agrado. Em
uma visita, após a corretora abrir a porta e entrarem, a esposa disse: “Abra a porta
novamente”. A corretora abriu e fechou a porta, a esposa olhou para o marido e
disse: “Esta porta range que nem a porta lá de casa. Já me sinto em casa aqui.
Vamos comprar esta”.
Uma pessoa queria comprar uma casa, e o corretor descobriu que o cliente
gostava muito de certo tipo de árvore que lhe lembrava da infância. Sabendo disso,
o corretor focou nas árvores, ou seja, no motivo dominante de compra; assim,
conseguiu fechar a venda de 17 árvores e, de quebra, de uma casa.
Um vendedor de enciclopédias percebeu que um cliente potencial cara
muito interessado na linda Bíblia que era oferecida como brinde a quem comprava
a coleção. Como decorrência, vendeu a Bíblia e deu a enciclopédia de brinde para
esse comprador.
Lembre-se: o motivo dominante de compra – seja ele qual for – é uma força
de imenso poder.

Quarto princípio fundamental:


Competência para fazer perguntas
Os bons negociadores são bons perguntadores e perguntam mais do que o dobro
dos negociadores comuns. Perguntar é uma forma de imensa e cácia para colocar
a mente para funcionar e obter respostas. O lósofo grego Sócrates, com sua
maiêutica, já sabia disso. E o cientista Jonas Salk dizia: “A resposta para qualquer
problema preexiste. Precisamos fazer a pergunta certa para obter a resposta”.
Foi o que eu z. Quando Donald Trump me concedeu três minutos para
convencê-lo, z perguntas. A primeira, para mim mesmo: o que faço agora para
vender meu projeto e convencer esse cara? A seguir, z cinco perguntas para ele. Se
ele sabia que o Brasil tem a segunda maior frota de jatos privados do mundo. Se ele
sabia que o Brasil tem a segunda maior frota de helicópteros privados do mundo.
Se ele sabia que São Paulo tem o maior número de helipontos do mundo. Se ele
sabia o volume das vendas de Ferraris e Porsches no Brasil. Se ele sabia o tamanho
do mercado da Louis Vui on no Brasil.
Essas perguntas atingiram o motivo dominante de compra de Trump.
Quando isso acontece, a pessoa decide num estalar de dedos – e Donald Trump
aceitou participar do empreendimento no Brasil.
Lembre-se: para fazer as perguntas certas, é preciso estar muito bem
preparado.

Tenha sempre na cabeça que, se quiser alcançar um objetivo – e isso só pode ser
feito mediante um acordo com outra pessoa –, você vai precisar negociar. Existem
muitas modalidades de negociação – venda, compra, gerencial, solução de
con itos, sindical, de associações e de joint-ventures. Nas empresas, de uma forma
ou outra, passa-se mais de 60% do tempo negociando. Mas não é só nas empresas.
O casamento também é uma grande negociação, e há quem diga que é a mais
difícil de todas.
Lembre-se: o estado mental e emocional, o foco, a paixão por vencer, ou seja,
a autogestão, bem como a preparação, o motivo dominante de compra e as
perguntas certas fazem a diferença entre sucesso e fracasso. Além disso, não
esqueça: em uma negociação, o simples conhecimento está longe de ser su ciente.
É preciso desenvolver competências comportamentais e hábitos para aplicar o que
se sabe, e isso só é possível mediante um treinamento inteligente em negociação.

Perguntas para saber se você é um full of


shit
Em três minutos ele me convenceu, e agora temos
um ótimo projeto sendo desenvolvido no Brasil.

– Donald Trump, empresário e


presidente dos Estados Unidos

Ninguém vai poder dizer: “E se o cara falar que você só tem três minutos? É
impossível”. Já vimos que o impossível não existe. Não se deixe desestabilizar
emocionalmente em uma situação como essa. Porque no fundo, mesmo que
inconscientemente, é isto que o outro quer: desestabilizar você. “Vamos ver se
você é bom mesmo! Fale o que você quer em três minutos!”
Digamos que você queira vender um negócio para Bill Gates, o fundador da
Microso . De repente ele entra no elevador onde você está. Você não está
preparado. A apresentação está na pasta, aquele elevador vai subir, e você vai ter
dois minutos. E aí? Acontece, muitas vezes. Então, naquele momento, você precisa
aproveitar a oportunidade. Se você conhece a sua proposta, a sua ideia, vai ser
possível defendê-la em três minutos. Ou dois, não importa.
Em muito pouco tempo, em poucos segundos ou minutos, você precisa
causar uma primeira boa impressão. Não tente falar bonito, acertar, fazer um
PowerPoint bacana, se não está claro na sua cabeça que você é sua marca mais
importante. E marcas são criadas, construídas, a partir de valores. Ética,
honestidade, inovação, empreendedorismo são atributos da sua marca. Você
precisa se posicionar independentemente do setor em que queira atuar.
Marcas precisam se renovar, senão cam obsoletas. A Coca-Cola se renova, as
grandes marcas do mundo se renovam, e nós também temos que nos renovar, pois
estamos nos vendendo o tempo todo. As pessoas compram você primeiro, não as
suas ideias. Acredite no que estou dizendo. Quando ouvia meu querido amigo
John Casablancas, que não está mais aqui conosco, era a alegria, o entusiasmo de
fazer coisas que atraía as pessoas, que as fazia querer estar perto.
O cara vai olhar para você e em poucos minutos vai sacar se você é full of shit,
cheio de conversa ada, ou se de fato pode entregar o que anuncia. Porque ele sabe
que o desa o de tirar um projeto da dimensão utópica para a dimensão concreta
demanda uma grande jornada. Tem várias etapas, vários processos e várias
di culdades. Seu interlocutor precisa entender que você é aquele sujeito atrevido,
corajoso e destemido que vai entregar. Não tem problema se não der certo, você
vai pelo menos tentar. A pessoa compra essa capacidade, esse entusiasmo.
Se a sua ideia é boa, se você con a nela, foque no que realmente importa. Se
você não é capaz de mostrar entusiasmo em três minutos sem uma apresentação
ou qualquer outro ornamento, possivelmente sua ideia não é tão boa assim.
Vou apresentar a seguir uma série de perguntas que normalmente você vai
ouvir. O curioso é que elas nem sempre perguntam exatamente o que é dito. Na
verdade, a partir da sua resposta, caras como Trump avaliam sua postura, sua
atitude. Isso vale para negociações, para entrevistas de emprego ou para qualquer
tipo de primeiro contato. Vamos lá.

Como você se descreve


(ou sua ideia ou negócio) em uma palavra?

SIGNIFICADO DA PERGUNTA

O interlocutor quer entender melhor o seu negócio. Obviamente que em


uma palavra não dá para saber isso

O QUE REALMENTE IMPORTA


O seu nível de entusiasmo. A ideia é descobrir se você realmente acredita
que a ideia é fantástica.

RESPOSTA

“Incrível”, “fantástico”, “maravilhosa” (a ideia). O nível de entusiasmo é o


que conta, lembra? Então, exagerar é a alma do negócio mesmo.

Por que essa ideia é melhor do que outras que você já teve (ou
outros negócios ou empregos)?

SIGNIFICADO DA PERGUNTA

Aparentemente, o interlocutor quer saber quais foram os seus sucessos,


outros projetos, empregos ou negócios em que você já se envolveu.

O QUE REALMENTE IMPORTA

Na verdade, ele quer saber se você tem outra proposta. Se você já


apresentou a ideia para outro investidor ou se tem outra proposta de
emprego no caso de uma entrevista.

RESPOSTA

“Tenho outras propostas e avaliarei as condições para tomar a decisão nal.”


Não diga que vai dar prioridade para ele. Vai parecer que você fala isso para
todo mundo. Responda isso mesmo que não tenha outras propostas. A ideia
é ele acreditar que tem concorrência, para não fazer a oferta mais baixa
possível.

Por que você me procurou?


Como chegou a mim?
SIGNIFICADO DA PERGUNTA

Aparentemente, o interlocutor quer saber quem passou o contato para você,


quais os motivos da sua admiração pelo trabalho dele.

O QUE REALMENTE IMPORTA

No fundo, ele quer saber se você não está simplesmente usando-o para
conseguir nanciamento para o seu projeto. Esses caras não fazem nada que
pareça um gasto, eles precisam acreditar no propósito para “investir”, e não
“gastar”.

RESPOSTA

“Olha, escolhi você porque você faz X ou Y.” A ideia é saber o que move
aquela pessoa. Pode ser vaidade, motivação política, qualquer coisa. Mas
não apenas dinheiro. Você tem que saber o propósito do cara. Estude-o
antes, saiba por onde pode sgá-lo. Seja analítico, frio. Aqui a resposta com
apelo emocional vale mais do que o entusiasmo.

Tem alguém com quem você


não trabalharia de jeito nenhum?

SIGNIFICADO DA PERGUNTA

Aparentemente, o interlocutor quer saber se você teve algum problema


direto durante a sua carreira, se isso pode prejudicar no negócio, cargo ou
ideia.

O QUE REALMENTE IMPORTA

Ele quer saber se você é estourado ou tem autocontrole. Normalmente, por


você ter mostrado entusiasmo no início, ele quer testar sua capacidade de
foco e determinação, quer comprovar que você não é fogo de palha e que
não desiste na primeira di culdade.
RESPOSTA

Jamais diga que perde as estribeiras facilmente. Transforme em algo


positivo. Diga: “Tive a sorte de trabalhar com pessoas talentosas e
quali cadas até aqui. Se ocorreu algum percalço, sempre foi para o bem do
objetivo coletivo. Então, não tenho problemas pontuais com ninguém”.
Aqui você precisa parecer sincero e frio. Deixe o entusiasmo de lado agora,
não pareça passional.

O que você faria se ganhasse


um milhão amanhã?

SIGNIFICADO DA PERGUNTA

Aparentemente, o interlocutor quer saber qual é o seu ímpeto


empreendedor, em que você investiria.

O QUE REALMENTE IMPORTA

Na verdade, ele quer saber qual é o seu propósito agora. O que o motiva. Se
você agiu corretamente até aqui na conversa, já mostrou que conhece o
propósito dele. Já o sgou. Agora ele quer sgar você. Use isso a seu favor.

RESPOSTA

Essa pode ser a pergunta nal. O xeque-mate da negociação. Pode


determinar se ele aceita sua proposta, ou se o contrata, ou se investirá na sua
ideia. Conte o seu propósito. Seja sincero. Não responda coisas vãs como
“compraria uma Ferrari”. Nada disso. Fale com brilho nos olhos sobre o que
você espera e no que acredita realmente.

Somos seres sensíveis e intuitivos, para o bem e para o mal. A gente pode condenar
alguém em minutos, sem sequer conhecer a pessoa. Você com certeza já olhou
alguém e pensou: “Não fui com a cara desse sujeito”. O outro não abriu a boca. Às
vezes a gente comete esses erros. Eu já z isso. Em outras vezes, você tem uma
primeira impressão extraordinária e acaba decepcionado. O que estou dizendo é
que o processo mental de pré-julgamento existe e é muito forte. Não subestime
essa capacidade – tanto de avaliar outras pessoas, quanto de se posicionar, pois
você também está sendo avaliado pelos outros o tempo todo. Estamos nos
avaliando e avaliando outras pessoas o tempo todo, sem parar.
Pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. A maneira como você se
relaciona com as pessoas, por mais importante que você seja, por mais autoridade
que tenha, por mais dinheiro que possua, por melhor que seja a vida que tenha
construído. Nada justi ca você perder o contato com as pessoas, não ter a
simplicidade e a humildade de apertar a mão de um funcionário e olhar nos olhos
dele todos os dias.
Donald Trump tem um diferencial: ele fala o que pensa – e o que a maioria
das pessoas pensa, mas não tem coragem de falar. Ele se atreve a tocar em assuntos
muito delicados que a comunidade política – porque é política – não tem coragem
de falar. O político tem que ser politicamente correto. Trump é politicamente
incorreto. Esse é o diferencial dele, a marca registrada. Não importa se você
concorda com ele ou não, se tem posições e convicções políticas diferentes. Aqui
estamos analisando a postura dele. Que deu certo. Trump foi eleito presidente dos
Estados Unidos. Está tocando em temas muito sensíveis, e o público está gostando.
Ele é uma pessoa com capacidade intimidadora.
Você encontrará muitos Trumps em sua jornada, disso não tenho dúvida. E
sim, eles serão arrogantes, como aconteceu comigo: “Você tem três minutos para
apresentar sua ideia”. Ao escutar isso, não haja como um fudido, colocando o rabo
entre as pernas. Nesse estágio, antes mesmo de falar da sua ideia, sua postura e
atitude são o que conta. Seja capaz de apresentar sua proposta nesse espaço
mínimo de tempo. Se você realmente acredita na sua ideia, vai ser capaz.

O poder do entusiasmo
Agora, deixando de lado a fachada arrogante, aprendi bastante com o atual
presidente norte-americano. Donald Trump reforçou algumas convicções que eu
tinha. Ampli cou muito um conceito em que acredito e que ele defende com
veemência dizendo: “Se você não promover sua própria história, sua própria
marca, ninguém vai fazer isso. Você é a sua melhor marca”. Ele é mestre nesse
negócio. “Você é a sua melhor marca.” Valorize-se, promova-se o máximo que
puder, porque os outros não o farão. Eles nem saberão que você existe se você não
zer esse trabalho. No m das contas, é isso que faz você resistir aos altos e baixos.
Trump não vende apartamentos. Vende sonhos. Vende uma demanda
reprimida. Vende uniqueness, o que é exclusivo, premium, para poucos. As pessoas
querem acesso a isso. Trump criou uma marca e a posicionou muito bem. Criou
um objeto de desejo. Ele faz isso muito bem, é o Midas desse negócio.
Claro que Trump tirou imenso proveito de algumas oportunidades. Por
exemplo, quando se tornou apresentador de e Apprentice, que foi um grande
sucesso na TV. O programa deu a ele uma face pública. Mesmo explorando o lado
um pouco desagradável e caricato de Trump, as pessoas acabaram achando-o mais
simpático. E isso virou uma marca registrada. No programa de TV, ele alimentava o
sonho da oportunidade, da volta por cima. Trump aproveitou muito bem o espaço
midiático, criou uma plataforma incrível, se tornou muito mais popular. Com
certeza isso alavancou sua vida política, sua fama se expandiu dos cassinos em
Atlantic City e dos hotéis e empreendimentos de luxo. Ele adquiriu outra
dimensão, não só nacional, mas também internacional.
Trump é muito hábil e tem capacidade de se expor e de colocar sua opinião
com muita força, com muita convicção. Se ele acredita, mas você não, ele fará você
acreditar. E é isto o que importa: fazer-se acreditar. Confesso que foi uma
experiência muito interessante a que vivi com ele. Desfrutei muito desse
relacionamento pontual. Não desenvolvi com Trump a mesma amizade que
construí com John Casablancas, que era muito mais íntima e cúmplice, tipo pai e
lho, pois havia uma diferença muito maior de idade, era outro momento.
Com Casablancas eu era um aprendiz que acabou desenvolvendo um
relacionamento com o mestre e passou de aprendiz a mestre, porque, depois de
um tempo, já não havia mais uma relação de dependência, mas de parceria. Com
Trump foi uma relação interessante de admiração, de curiosidade. Tivemos
momentos muito simpáticos e muito bacanas e desenvolvemos uma amizade.
O projeto da Trump Organization no Brasil nunca saiu do papel, acredite se
quiser. Ganhei muito dinheiro porque criamos um fundo de investimentos aqui,
capitaneado pelo nome Trump. Ele não investiu um tostão, era dinheiro de
investidores brasileiros. Constituímos a companhia, compramos a propriedade,
desenvolvemos os projetos, assinamos os contratos de arquitetura, e em
determinado momento houve um con ito entre mim e os sócios, que queriam
seguir outro caminho. Um dia, na reunião do conselho de administração, meus
sócios disseram: “Achamos que a marca Trump não agrega valor ao projeto”. O que
você responde para um grupo de acionistas desse tipo? A única coisa possível:
“Entendo, respeito, mas não compartilho”.
Em função dessa crise, vendi minhas participações superbem. Graças a esse
negócio não ter saído do papel, mudei completamente a dimensão da minha vida.
Continuei amigo de Donald Trump, prospectamos negócios, olhamos outras
coisas e construímos uma relação muito positiva, uma agenda muito positiva. Às
vezes os negócios não dão certo, mas as pessoas e as relações são preservadas. Isso
é o mais importante. Essa é a grande mensagem aqui. Isso a gente tem que
valorizar.
O maior patrimônio que temos de construir, na minha opinião, chama-se
entusiasmo. É o maior patrimônio que você pode deixar de herança para um lho.
A crença de que ele pode fazer o impossível, de que ele pode e deve acreditar no
sonho dele, de que ele deve perseguir o sonho dele. E a crença de que ele não deve
admitir que ninguém destrua ou questione a capacidade de fazer o impossível,
mesmo que de início ele não tenha tal capacidade. Com entusiasmo ele poderá se
expor, tentar, arriscar, porque, no m das contas, é isso que vai fazer dele uma
pessoa diferente.
Mesmo que suas ideias não deem certo, mesmo que seus projetos fracassem,
você vai ter construído a reputação de agregador, de empreendedor da vida, de
entusiasta. Não apenas empreendedor de negócios, mas também empreendedor
da vida. Quando emprestei minha capacidade empreendedora para trazer ao Brasil
uma campanha contra o câncer de mama que impactou diretamente mais de dez
milhões de mulheres (vou contar essa história mais adiante), construí um
propósito de vida. A gente tem que ter uma visão maior.
Não tem nenhum problema ser rico, conquistar coisas materiais. Isso é
consequência. Ser rico não é objetivo, ser rico é consequência. Acumular um
patrimônio é consequência de uma trajetória de histórias de sucesso que você
conseguiu construir. Mas a trajetória também tem muitos fracassos.
Agora, qual é o seu propósito de vida? O que faz você erguer a cabeça quando
enfrenta um momento de escuridão? Você é maior do que as ideias que tem. Você
é maior que o negócio que tem. Você é um entusiasmado, é um transformador de
vidas, um agregador.
Mudar a percepção e a consciência das pessoas é o meu propósito hoje. Isso é
que faz a diferença. É isso que nos faz seres humanos melhores e maiores. Porque
um dia a gente vai morrer e vai deixar um legado. Ou não vai deixar nada nesse
mundo. Você decide.
Deixar alguns milhares de dólares, ou mesmo milhões de dólares, pode ser
que não sirva para nada e não transforme a vida de ninguém. Mas, se você
construir uma vida de realizações e tiver um propósito, aí, sim, vai impactar outras
pessoas. Elas vão acreditar, como você, que podem fazer o impossível. E, se elas
acreditarem nisso, você terá feito uma imensa transformação e algo de positivo
nesse mundo.
Você deve ter uma ideia “ardendo” dentro de você, ou um problema, ou
um erro que queira corrigir.
Se não tiver paixão suficiente desde o início, você não vai chegar até o
final.

– Steve Jobs
INDEPENDENTEMENTE
DE QUAIS SEJAM
OS SEUS VALORES,
ACREDITE
QUE VOCÊ
PODE!
Você não vai car dependendo de que eu ou alguém faça alguma coisa para
chegar lá. Posso até abrir a porta para você, não tem problema nenhum. Sua
ideia é boa? Se eu gostar e acreditar, vou pegar o telefone e posso apresentá-lo
a alguma pessoa. Não estou endossando, estou facilitando. Não tem
problema, a vida é isso, é legal fazer isso. Agora, você está pronto?
Eu digo o seguinte: uma ideia mais ou menos boa com um cara muito
bom arrebenta. Uma ideia muito boa com um cara muito ruim – um fudido –
não sai do papel, porque o sujeito vai estar sempre procurando a forma
perfeita, o momento perfeito. “Agora o mercado está ruim, não podemos fazer
isso. Agora o mercado está horrível, então vamos guardar na prateleira.”
Não existe momento perfeito. Quem faz o momento somos nós. Quem
cria o produto somos nós. Não é o cliente que diz qual produto ele quer
comprar. Somos nós que dizemos a ele qual produto ele tem que comprar.
Senão, que papel nós temos nesse mundo? Se o cara vai dizer o que eu tenho
que falar, não tem graça. A ideia aqui é criar a partir do nada uma coisa que
cresce como bola de neve, se materializa rapidamente, é bonita, acontece, e
tudo isso sem sofrimento.
Um dia eu estava tomando café em Nova York com minha mulher, uma
artista plástica e escultora muito talentosa. Ela adora tudo da Nespresso. Me
enlouquecia com isso. Queria máquina da Nespresso, cápsula da Nespresso
etc. Ao observar um painel feito de cápsulas exposto em uma mesa da
cafeteria, ela disse: “Nossa que bonito. Acho que eu poderia fazer uma obra,
uma instalação com essas cápsulas”. De repente me deu um estalo.
“Calma, estou aqui visualizando uma possibilidade”, eu disse a ela.
“Lá vem você com suas loucuras”, replicou ela.
“Calma, preste atenção no raciocínio. Temos aqui cápsulas de alumínio
que poderiam se transformar em pixels físicos. Que tal se as diferentes cores
dessas cápsulas pudessem se transformar em uma paleta de cores?”
Imagine juntar 150 mil cápsulas e criar uma coleção de arte retratando
grandes personalidades do mundo e expor em uma galeria do Soho, bairro de
Nova York famoso pela enorme oferta nas áreas de cultura e entretenimento.
Nada mal para quem nunca pintou nada – a não ser o sete. Imagine também
estar na parede de grandes guras como o escritor best-seller Paulo Coelho,
Donald Trump e Mark Zuckerberg, do Facebook. Bem, tudo isso é muito
bacana, mas o objetivo da ideia não era demonstrar uma capacidade criativa
ou me lançar no mundo das artes, não havia essa ambição.
Percebi a possibilidade de reciclar aquele material às vésperas de ser
descartado, transformando-o em algo e transmitindo uma mensagem ao
mundo. Na hora, visualizei uma celebração à excelência, uma homenagem a
pessoas que tiveram trajetórias signi cativas, como Nelson Mandela, Marilyn
Monroe, Lady Di, Barack Obama, Pelé, Ayrton Senna. Enxerguei claramente
o que seria, mas não tinha ideia de como fazer. Até encontrar por acaso um
velho conhecido dias depois, em outro país. Era o fotógrafo Reinaldo Coser,
mais conhecido como “O Colecionador”. Foi na casa dele, há 25 anos, que
tive o primeiro contato com a história da Elite ao ler a reportagem na revista
Photo e tive o estalo de trazer a agência de modelos para o Brasil. Reencontrei
esse cara um quarto de século depois na la do aeroporto de Guarulhos, indo
para Miami.
Fomos juntos à Arte Miami, uma exposição patrocinada pela Nespresso, e
falei da ideia para ele. Reinaldo, um a cionado colecionador de Lego,
recomendou um so ware livre na internet que os colecionadores usam para
criar seus painéis. Fiz o download desse so ware que desconstrói imagens e
constrói painéis com peças de Lego e simulei o primeiro painel com Angelina
Jolie. Quando enxerguei Angelina construída por aquelas pecinhas, falei: Isso
funciona! Mas o so ware não fazia com as cápsulas de café o que fazia com as
peças de Lego.
Fui em busca de outras fontes. Expliquei minha ideia para outro querido
amigo, Wellington Amaral, grande diretor de cinema publicitário e diretor de
arte talentosíssimo, com quem tenho relação de muitos anos. Ele pediu um
tempo e logo apareceu com a solução de nitiva. Fotografou as cápsulas nas 12
cores, no Photoshop substituiu os pontos xos pelas cápsulas e montou o
primeiro painel para mim, do ex-presidente norte-americano John Kennedy. E
fez tudo isso sem nenhum interesse comercial.
Eu sou o porta-voz, o visionário, mas não faço nada sozinho. Tive a ideia
em novembro de 2008. No dia 24 de dezembro, veio a con rmação do apoio
da Nespresso com a doação de 150 mil cápsulas, recebidas na primeira
semana de janeiro. O primeiro quadro, de Kennedy, cou pronto ainda em
janeiro de 2009. O painel foi doado para uma instituição comandada por um
sobrinho de JFK, a Best Buddies, que cuida de crianças excepcionais. A
primeira exposição foi em Boston, em fevereiro de 2009.
O importante desse projeto, que recebeu o nome Pixtures, era enviar a
mensagem de que, juntando pontos, você pode criar uma nova visão.
Também era preciso um propósito. Então decidimos doar, para grandes
instituições lantrópicas ao redor do mundo, o acervo produzido. Imagine
poder oferecer suporte a instituições como a Liga de Combate ao Câncer de
Genebra, que, em um baile de gala oferecido pela Fundação Polo Ralph
Lauren, arrecadou 30 mil francos suíços vendendo uma das peças doadas por
nós.
Ainda foram realizadas exposições em Montreal, no Canadá, e no Soho,
em Nova York, de 18 de junho a 6 de julho de 2009, em uma galeria belíssima,
de sete mil pés quadrados, na esquina mais badalada no bairro. Estiveram lá
Afonso de Mônaco, sobrinho do príncipe Alberto, que foi receber o quadro
de Grace Kelly que doamos para a fundação dela; o embaixador do Brasil nos
Estados Unidos; o presidente do British Memorial Garden de Nova York,
uma instituição criada em memória de Lady Di, à qual foi doado o quadro da
princesa.
No Brasil, para mim, era importante demonstrar a possibilidade de pegar
um objeto tão inexpressivo como uma coisa usada que vai se tornar lixo e, a
partir de uma ideia criativa, de um esforço para empreender, juntar as pessoas,
obter o apoio de uma empresa, criar um tema e desenvolver o projeto. Mostrei
que poderia transformar lixo em obra de arte.
Isso é propósito. Projetos precisam de propósitos, pessoas precisam de
propósitos na vida. Não é simplesmente ser um veículo ou instrumento
operacional repetitivo com o intuito de sobreviver. Você pode optar por uma
vida maior. Para isso, precisa responder algumas perguntas.
No que você acredita? Quão longe você iria por um sonho? Você está
batalhando por seu sonho? Ou está esperando seu pai pagar a passagem ou
alguém pegá-lo pela mão e levá-lo até lá? Você está disposto a ser carteiro?
Está disposto a correr atrás de uma oportunidade do outro lado do Atlântico?
Você tem coragem de correr riscos? Esta é a única forma de conseguir: ter a
coragem de errar, de cair e levantar, construir aquela que é a maior virtude do
empreendedor – a resiliência, a capacidade de cair e levantar
sistematicamente até acertar.

No pain, no game
O visionário Nolan Bushnell, fundador da Atari e primeiro empregador de
Steve Jobs, é um exemplo do que estamos falando. Bushnell foi o Steve Jobs
da sua época. Naquele tempo, a Atari, fabricante de videogames e outros
produtos eletrônicos, era uma espécie de Apple de hoje. Bushnell e a Atari
foram um divisor de águas no processo que impulsionou os videogames ao
patamar de uma das maiores indústrias de entretenimento do mundo hoje.
Quando eu era garoto, levava os consoles Atari dos meus amigos a uma
o cina eletrônica para fazer a transcodi cação. Foi uma das minhas primeiras
atividades na busca do meu espaço, no meu caminho empreendedor. Eu era
um moleque inquieto, sempre querendo fazer alguma coisa, ganhar um
dinheiro para poder ter a minha independência. O cara da o cina eletrônica
me cobrava preço de revendedor, o que me proporcionava uma margem de
lucro de 100%. Ele cobrava 100 no balcão, mas de mim cobrava 50; então,
depois da escola, eu pegava um ônibus, levava os consoles lá e ganhava 50.
Assim z meus primeiros dólares. Acho que foram US$ 300 que ganhei só
fazendo esse serviço. E usei o dinheiro para investir na minha equipe de som,
aquela que já mencionei, depois de levar foras das meninas.
O que acabou acontecendo é que abordei Nolan Bushnell, contei essa
anedota de que havíamos trabalhado juntos, ele achou muito divertido e me
convidou para almoçar.
“O que você quer de mim?”, perguntou ele depois de três garrafas de
vinho.
“Quero que você patrocine um projeto meu”, respondi.
“Tudo bem, eu adoraria, mas o problema é o seguinte: estou quebrado.
Estou literalmente falido.”
Disso cou uma mensagem muito interessante, que é: NO PAIN, NO
GAME. Não é o tradicional NO PAIN, NO GAIN, sem dor, sem ganho. É
NO PAIN, NO GAME mesmo, ou seja, sem dor, sem jogo. Com suas
ascensões e quedas, Nolan Bushnell adquiriu uma bagagem enorme e uma
autoridade para falar aos jovens que querem se aventurar em ser o próximo
Steve Jobs. O primeiro livro que ele lançou, inclusive, chama-se Finding the
Next Steve Jobs (Encontrando o próximo Steve Jobs).
Acredito muito no que o saudoso Roberto Civita, grande empresário
brasileiro na área editorial, dizia: “O sucesso inspira as pessoas sem dúvida
nenhuma. Mas é o fracasso que ensina”. Essa é a bandeira da Escola da Vida,
um projeto que desenvolvi com o empresário Janguiê Diniz e que explicarei
mais adiante. É inspirar pelo sucesso, mas fazer com que as pessoas realmente
aprendam pelo fracasso, aceitem o fracasso como uma possibilidade.
Fracasso não é uma obrigação. Você pode ter sorte. Agora, confesso a
você: se alguém que não teve nenhum fracasso me propõe um negócio, esse
cara eu não quero. Eu descon o. Porque ele é virgem. Não tem a malícia
necessária para poder enfrentar um primeiro problema – porque vai
acontecer! Pode ter certeza. Se pode ter um problema, terá.
A Lei de Murphy existe, sim. Se alguma coisa puder dar errado, dará. As
coisas nascem para dar errado. A verdade é que as possibilidades e as
probabilidades de dar errado são enormes. Então temos que ter quase uma
paranoia para minimizar as possibilidades de dar errado, para daí fazer dar
certo. Ou pelo menos diminuir as chances de dar errado. É um processo
comportamental que você assume, transforma em hábito e passa a aplicar em
tudo na sua vida.
Além disso, sorte é uma questão de talento. Vou explicar melhor. Em
todas as fases de consolidação de qualquer ideia, é possível detectar a
combinação constante de intuição e planejamento estratégico. É isso que
ocorre na hora de abordar os investidores, de escolher os colaboradores e de
reunir todas as pessoas certas, no momento certo, para que o projeto se
viabilize. Quando as coisas dão certo, muitas vezes pensamos na frase “O
universo conspira a favor”. Tudo vai se encaixando, “coincidências” facilitam o
caminho, e a sorte parece estar do nosso lado – quem já não teve essa
sensação?
Mas, se pensarmos bem, a chamada “conspiração do universo” não é algo
místico ou sobrenatural, que nos bene cia de forma aleatória, sem que
tenhamos feito absolutamente nada para isso. Fizemos, sim – e muito.
Intuímos, planejamos, persistimos, trabalhamos, mantivemos a convicção em
nossos propósitos e, apesar de todos os obstáculos, não permitimos que o
entusiasmo esmorecesse.
E então todo esse esforço começa a dar frutos. As pessoas certas
aparecem, não por sorte, mas porque as atraímos com nosso entusiasmo. As
oportunidades surgem, não por acaso, mas porque preparamos o terreno para
que pudessem surgir. Dá para dizer o seguinte: muita gente pensa que ter
talento é questão de sorte; poucas pessoas, no entanto, pensam que a sorte
possa ser questão de talento.
Vender uma ideia em três minutos não é uma questão de sorte. É uma
questão de saber ouvir a intuição, saber se preparar, saber como causar uma
boa impressão e saber como corresponder às expectativas. Tudo isso pode ser
aprendido e aprimorado.
Existem dois tipos de pessoa que dirão que você não pode fazer uma
diferença no mundo: aquelas que têm medo de tentar e aquelas que
têm medo de que você realmente consiga.

– Ray Goforth
Em 1994 eu estava nos Estados Unidos durante a semana de moda de Nova
York e vi um movimento dessa indústria chamando a atenção para um
problema seriíssimo: 7 em cada 10 mulheres norte-americanas têm pré-
disposição para desenvolver câncer de mama. Sob a liderança de Ralph
Lauren, um dos ícones da moda norte-americana, criou-se uma camiseta para
conscientizar a população, arrecadar fundos e apoiar investimentos e
pesquisas no tratamento do câncer de mama. Vi a camiseta na vitrine da
Ralph Lauren, achei a ideia legal, entrei na loja e comprei duas camisetas, 15
dólares cada. Pedi à secretária de John Casablancas que me conseguisse o
press release da campanha. Cheguei ao Brasil e pensei: “Vou colocar meu
espírito empreendedor a serviço de uma grande causa social”.
Descobri que as mulheres brasileiras têm o mesmo potencial de
desenvolver câncer de mama, com a diferença de que têm muito menos
conhecimento a respeito. Com a falta de conhecimento, com a falta do
autoexame, com a falta do “toque”, muito mais mulheres no Brasil morrem de
câncer de mama. Pensei que era chegada a hora de fazer alguma coisa pelo
social. Como eu disse, precisamos ser movidos por um propósito.
Peguei as duas camisetas que havia comprado, fui a Blumenau e sentei
diante de Fábio Hering, presidente da Companhia Hering, na época a maior
fabricante de camisetas do Brasil, uma das maiores indústrias têxteis do país.
Apresentei a ideia, e ele falou: “Bellino, desculpe contrariá-lo, mas essa
campanha não vai dar certo aqui”.
Fábio perguntou quantas camisetas haviam sido vendidas nos Estados
Unidos, respondi que 300 mil. Ele calculou que no Brasil não venderíamos
nem 30 mil, pois somos um décimo dos Estados Unidos. E, mesmo que
conseguíssemos as modelos e as páginas de publicidade de graça – o que ele
julgou impossível no primeiro momento –, teríamos que arcar com o custo de
produção, e a venda de 30 mil camisetas não seria su ciente para viabilizar o
projeto.
“Fábio, não vim aqui perguntar o que você acha da campanha. Vim aqui
para dizer que vou fazer a campanha e perguntar se você me apoia”, enfatizei.
Ele disse que sim, que me apoiaria, se eu comprasse as camisetas.
“Vim aqui pedir camiseta de graça?”, retruquei. Observem como o cara
vai usando os argumentos.
“Mas olha, vou dar um conselho de quem entende desse negócio: o
pessoal que é estilista de moda não gosta de pagar conta, não, é tudo no
cartório. Adoram des le, champanhe, ashes, Caras, mas pagar conta não é
com eles, não”, advertiu Fábio.
Reiterei que faria a campanha de qualquer maneira.
“Depois não diga que não avisei”, nalizou ele.
E se eu tivesse escutado esse cara que é meu amigo, boa gente, boa-praça?
E se eu tivesse desistido na primeira negativa? Não teria lançado uma
campanha que vendeu 10 milhões de camisetas e arrecadou mais de US$ 50
milhões na década de 1990 para o tratamento e pesquisa do câncer de mama,
salvando milhares de vidas e tornando-se um exemplo que a instituição
americana Fashion Targets Breast Cancer franqueou em mais de 20 países.
Não acredite nos ditos especialistas, naqueles que têm autoridade para
destruir seu sonho. Ninguém tem essa autoridade sobre você, mesmo que
tenha autoridade sobre determinada área ou assunto. Corra o risco de errar.
Erre. Caia e levante-se pelas próprias pernas, mas não deixe que ninguém o
convença de que você não pode levar uma ideia à frente, de que não pode
acreditar no seu sonho. Essa é de fato a maior mentira do mundo.
Com a campanha do câncer de mama, aprendi mais uma lição da escola
da vida: quando alguém quer convencê-lo a não fazer alguma coisa, usa os
maiores argumentos do mundo, faz até curso em Harvard para convencê-lo a
não fazer. Tive o privilégio de conhecer, de fazer negócios e ganhar e perder
com grandes guras quase mitológicas do mundo moderno, mas nem mesmo
elas seriam capazes de me fazer desistir dos meus sonhos, por mais que
fossem autoridades em suas áreas de atuação.
Aprendi muito com pessoas inspiradoras, mas aprendi muito mais com as
que tentaram e tentam sistematicamente sabotar as minhas ideias, iniciativas e
sonhos. E a essas guras eu de fato rendo uma homenagem todas as vezes que
tenho oportunidade de compartilhar minhas histórias.
Imagine a extensão do desastre que as pessoas do contra podem causar
na sua vida. E quero dizer mais uma coisa: você não pode se livrar delas, não
há hipótese de se livrar dessas guras. Certamente você conhece várias. Estão
muito mais próximas do que você gostaria que estivessem. Mas elas existem e
nasceram para nos incentivar.
A cada Sadim que encontrei na vida, subi um degrau para enxergar meus
horizontes mais de cima e mais ao longe, com muito mais acuidade e atenção.
Não deixe que os Sadins alcancem o grande objetivo deles, que é destruir o
seu sonho. Os Sadins se nutrem da inveja e da vaidade, que são as piores
características que um ser humano pode ter.
Se você não está disposto a arriscar o básico
terá que se contentar com o ordinário.

– Jim Rohn
QUANDO
O CARA TEM
MEDO DE ERRAR,
NÃO ARRISCA.
ANDA COM O
FREIO DE MÃO PUXADO.
A noção de risco faz com que ele se limite a determinado contexto, para diminuir o
erro. Então ele não ousa, não tem coragem e ca paralisado. Um dos erros fatais é a
falta de coragem para fracassar. O ser humano não quer fracassar, e isso gera um
dilema: “Se eu tentar e errar, vou car deprimido, então não vou tentar”. Esse círculo
vicioso é paralisante, você não consegue se expandir, desenvolver e dar o próximo
passo.
A noção do risco, de acreditar que é no erro que você vai aprender, é
fundamental. Não adianta causar uma boa primeira impressão e ser uma pessoa sem
É
convicções, sem a autoestima necessária para seguir em frente. É preciso saber que
você só vai aprender caindo. E que é no erro que você vai aprender mais. Na minha
opinião, esses são os pilares de uma vida de sucesso. Não sou especialista em nada,
mas tenho uma visão e consigo reunir pessoas em torno desse movimento, desse
sentido de empreender. Eu contrato especialistas. O mundo está cheio de
especialistas.
Não preciso ser chefe de cozinha para montar um restaurante. Se eu tiver uma
ideia e acreditar que essa ideia pode ser vencedora para montar certo tipo de
restaurante, vou achar o melhor cozinheiro do mundo e pagar a ele um salário, o que
é muito mais barato do que perder tempo tentando aprender uma coisa que não
terei talento para fazer.

Transforme o “não” em “por que não?”


Tendo uma visão do todo, tendo entusiasmo, vontade, atrevimento para romper as
portas, os paradigmas e os limites que as pessoas impõem, você será capaz de
realizar qualquer sonho nesta vida. Por que não? O “não” você já tem. O desa o é
transformar o “não” em “por que não?”. Aí você tem uma oportunidade, uma
possibilidade, e, dependendo de seu talento, capacidade, autoridade e competência,
pode fazer acontecer. É nisso que acredito.
Acredito que este livro é uma oportunidade de compartilhar um pouco de
minhas experiências e essa crença. Crença no impossível, na quebra de paradigmas.
Quando as pessoas dizem “não”, você pode se inibir e ir para casa chorando. Ou
pode perguntar “por que não?”, e isso muda todo o contexto. Você passa de um
fudido para um fodido.
Pelo menos um “talvez” você consiga. Já é alguma coisa. Para quem tinha um
“não”, um “talvez” abre a possibilidade de virar o jogo, de criar novos caminhos.
Quem acredita pode construir o seu sucesso a partir dessa crença.
Tem uma história que considero muito inspiradora. É a história do tanque de
tubarões. Com o aumento da demanda, a indústria pesqueira do Japão foi obrigada a
ampliar suas atividades para além da costa. Os navios tinham tanques para manter os
peixes vivos até a chegada ao porto. Só que, amontoados em um tanque sem espaço,
os peixes não se movimentam e acabam liberando uma toxina que faz com que
morram mais rápido. Então a carga chegava estragada ou morta. Os japoneses
pensaram: “Sem problemas, vamos colocar gelo no tanque em vez de água, assim os
peixes se conservarão frescos por mais tempo”. A solução trouxe outro transtorno:
depois de alguns dias, os peixes estavam congelados, já não era mais peixe fresco.
Então surgiu a ideia de encher o tanque com água outra vez – e colocar uma meia
dúzia de tubarões pequenos, o que obrigava os peixes a se manter em movimento
para não morrer.
Qual é a moral da história?
Coloque um tubarão no seu tanque! Para que você se mexa e saia da sua zona
de conforto. É a única maneira de você transformar ideias e sonhos em realidade.
Esse é meu grande lema de vida: transforme “não” em “por que não?”. Não
aceite um não como resposta, não deixe que as pessoas destruam seus sonhos,
acredite, corra o risco, vá em frente. Sonhos são feitos para se tornar realidade, e nós
podemos transformá-los em realidade transformando a nossa realidade.
O ser humano tem tendência à acomodação. Se a pessoa car em um tanque
simplesmente nadando, sem um tubarão, a possibilidade de car apática, de perder a
sensibilidade, de perder a vontade de se destacar e ter sucesso é enorme. Por isso
acredito que o mais importante é colocar um tubarão no tanque, para estarmos
sempre alerta, para transformarmos nossas ideias e iniciativas em grandes sucessos.
Passamos em média 11 anos na escola tradicional e acumulamos uma
poupança para viver 60, 70 anos. Só que a expectativa de vida hoje é de mais de 75
anos. Então vamos ter que seguir estudando, continuar nos aprimorando, nos
reinventando, porque vamos viver mais. Para garantir a qualidade de vida – para
desfrutar da vida – que merecemos, temos que sair da zona de conforto.

Acredite na sua intuição


Intuição é um elemento-chave para qualquer fodido. Intuição, faro ou feeling é o
diferencial que distingue o empresário ou pro ssional bom ou razoável do brilhante,
aquele que acumula um ou outro sucesso de um verdadeiro vencedor. Se somos
naturalmente intuitivos, por que algumas pessoas parecem mais intuitivas que
outras? Por que algumas se mostram tão hábeis no uso da intuição na vida
pro ssional e pessoal, enquanto outras demonstram o oposto?
Só tenho uma resposta: intuição é uma prática. É algo que se desenvolve, e não
necessariamente uma característica genética ou algo parecido. Como qualquer
instrumento, a intuição precisa ser a nada. Toda vez que ouvimos um músico tocar
um instrumento perfeitamente a nado é porque, antes de subir ao palco, ele se deu
ao trabalho de a nar com cuidado. Como se pode a nar a intuição?
O primeiro passo é entender o processo. A pesquisadora Nalini Ambady, da
Universidade de Tu s, fez um experimento que pode ajudar. Ela mostrou vídeos de
dois segundos de professores em sala de aula e pediu que o desempenho deles fosse
avaliado por pessoas que nunca os viram antes – as avaliações coincidiram com as de
alunos que já haviam estudado com tais professores. Em um experimento posterior,
Nalini repetiu o procedimento, com uma diferença: antes da avaliação, um grupo
assistiu a uma cena cômica, enquanto outro assistiu a uma cena dramática. O
experimento mostrou que o grupo induzido a um estado de espírito descontraído
após assistir à comédia foi capaz de avaliar os professores com mais precisão do que
o grupo induzido a um estado melancólico após assistir ao drama.
Nalini acredita que as pessoas de ambos os grupos provavelmente chegaram às
mesmas conclusões iniciais a respeito dos professores. Contudo, as que estavam
mais melancólicas começaram a duvidar de si e de seus instintos e acabaram
abandonando a primeira impressão intuitiva, o que tornou suas avaliações menos
precisas e, em alguns casos, até incorretas quando comparadas ao feedback dos
alunos que conheciam os professores. Pode-se inferir daí uma importante ligação
entre autoestima e intuição. Quanto mais baixa a autoestima, maior a tendência de
duvidar de si e, por conseguinte, de sua intuição.
Contudo, uma postura radicalmente oposta também surte efeitos negativos. Se
uma pessoa se tem em tão alta conta a ponto de se considerar sempre perfeita e
infalível, essa autoimagem distorcida poderá distorcer também sua forma de lidar
com a intuição. Em vez de ouvir, alguém assim tentará manipular a intuição toda vez
que ela contrariar seus desejos ou intenções. Essa pessoa não estará seguindo sua
intuição: estará seguindo seus caprichos e vontades.
A nar a intuição exige a postura equilibrada de não se deixar minar pela baixa
autoestima, nem se deixar cegar por uma autoimagem arrogante e fantasiosa. É claro
que não é fácil chegar a esse equilíbrio – e eu estaria mentindo se dissesse que existe
alguma fórmula mágica. A autoestima, tanto ausente quanto excessiva, está ligada à
história de vida de cada um, e mexer com isso implica mergulhar em um processo de
autoconhecimento, o que envolve nossas motivações conscientes e inconscientes.
Em outras palavras, é possível direcionar pelo menos parte dessa poderosa força
para, por exemplo, atingirmos nossos objetivos e metas.
Alguns traços e tendências inconscientes podem ser vistos como hábitos
aprendidos com a prática. Logo, quanto mais exercitarmos a intuição, mais
intuitivos seremos. E, é lógico, quanto mais transformarmos em hábitos ações e
comportamentos que favoreçam nosso êxito pessoal e pro ssional, mais esses
hábitos serão incorporados pelo inconsciente, potencializando nossas chances de
sucesso. Você tem as características do intuitivo? O psiquiatra suíço Carl Gustav
Jung de ne a pessoa intuitiva como aquela que:

Observa tudo de modo holístico.

Con a em seus pressentimentos.

É consciente do futuro.

É imaginativa.

É visionária.

Se transportarmos essas características para o mundo dos negócios, encontraremos


o per l detalhado de pessoas bem-sucedidas em suas carreiras, as verdadeiras
fodonas.
Observar tudo de modo holístico é ver o mundo com a mente aberta,
percebendo como diferentes aspectos se relacionam para formar o todo. Para chegar
a isso, é imprescindível manter os cinco sentidos aguçados, pois são o ltro por meio
do qual recebemos todas as informações externas. Se o ltro não estiver
funcionando a contento, corremos o risco de receber informações limitadas,
distorcidas ou equivocadas e, o que é pior, de formar opiniões e tomar decisões com
base nessas informações – exatamente o oposto do que uma pessoa intuitiva faz.
Em meu livro Sopa de Pedra: Dez ingredientes para você criar sua receita de
sucesso, digo, a esse respeito: “Vivemos num mundo em que o tempo é
cronometrado pelo relógio, em que a correria e a agitação fazem parte do dia a dia,
em que os negócios, o trabalho e os compromissos nos absorvem o tempo todo.
Nessa rotina exaustiva, os cinco sentidos vão cando cada vez mais embotados e,
pior ainda, quase não percebemos isso. Quantas vezes olhamos sem ver, tocamos
sem sentir, comemos sem perceber, ouvimos sem escutar e nem ao menos nos
lembramos de que temos um olfato?”. Os cinco sentidos são nossas portas e janelas
para o mundo, e não há como observar tudo de modo holístico se os vidros das
janelas estiverem sujos, e as portas, travadas. Citando novamente meu livro:
“Quanto mais os cinco sentidos forem usados de forma correta, mais a nados
carão. Quanto mais a nados carem, mais aguçada será a intuição. Eu diria mais: o
que muitos chamam de ‘sexto sentido’ é, na verdade, uma intuição apurada,
alimentada pelas informações que chegam por meio dos cinco sentidos plenamente
desenvolvidos e abertos”.
A segunda e a terceira características inter-relacionam-se de forma muito
interessante: uma propõe o alcance e os limites da outra. Dizer que a pessoa intuitiva
con a em seus pressentimentos equivale a a rmar que ela tem su ciente autoestima
para acreditar em si e em sua voz. Mas como garantir que essa autoestima não se
transforme na arrogância de alguém que não tem autocrítica? A resposta está na
próxima característica do intuitivo, ser consciente do futuro. Trata-se não apenas de
antecipar o futuro, mas também de ter consciência de que ele é moldado pela
consequência de suas ações. Ou seja, a autoestima do intuitivo é pautada pelo
equilíbrio e pela noção de responsabilidade.
As duas características seguintes também se complementam. O intuitivo é
imaginativo, pois, ao ouvir a voz interior, ganha acesso à fonte de sua criatividade.
Isto é, quem consegue canalizar e direcionar sua imaginação se transforma
facilmente em uma pessoa de visão.
Ainda que eu possa fazer uma lista de fatores que contribuíram para meus
projetos darem certo, a verdade é que nenhum deles teria me levado a lugar algum
se, antes de tudo, eu não tivesse con ado na minha intuição. Para apurar a intuição, é
preciso abrir o caminho, a m de que ela possa uir livremente. Isso não envolve
nenhum tipo de técnica sobrenatural, muito pelo contrário: é questão de observar o
cotidiano e adotar algumas medidas concretas para remover os obstáculos que
di cultam ou impedem o uxo da intuição. Aqui vão quatro dicas para ajudar na
tarefa:

1. TENHA CLAREZA DE OBJETIVOS


Às vezes o que achamos que queremos não é o que realmente queremos.
O descompasso pode fazer com que a mente consciente trabalhe para uma
nalidade, enquanto o inconsciente trabalha para outra. Um exemplo
típico é aquela pessoa que se convence racionalmente a permanecer em
um emprego quando no fundo odeia o que faz e se sente infeliz no
trabalho. Conscientemente, ela quer manter o emprego.
Inconscientemente, porém, não vê a hora de largar tudo e, sem perceber,
acaba criando situações que a levarão a ser demitida. É uma atitude típica
de um fudido. A única forma de alinhar essas forças e fazê-las agir a seu
favor é ser honesto consigo em relação aos verdadeiros desejos,
necessidades e metas.

2. APRENDA A RELAXAR
Conforme já foi dito, é preciso parar de vez em quando para poder ouvir a
intuição. Práticas meditativas ajudam, mas quem não se sente inclinado a
isso pode, pelo menos, aprender a soltar-se e relaxar. Reserve um tempo
para si, dedique-se a seus hobbies e interesses pessoais, respeite suas
necessidades; assim, estará dando mais espaço para sua voz interior se
manifestar.

3. ALIMENTE SUA INTUIÇÃO


O matemático francês Henri Poincaré disse certa vez: “A inspiração só vem
para a mente preparada”. Uma forma de preparar a mente é alimentando-a
com informações. Bill Gates é uma pessoa que valoriza o poder da
intuição, não deixa nada ao acaso. O fundador da Microso sabe que uma
ideia brilhante pode nascer em qualquer lugar, desde que você a procure
em todos os lugares. Em uma palestra para a Newspaper Association of
America, Gates comentou: “Leio um monte de material impresso. Leio a
Economist de ponta a ponta. Leio o Journal, não todos os artigos, mas um
monte deles a cada dia. Leio o jornal dominical local, o New York Times.
Leio a maioria das revistas de negócios. Leio ciência, a Scienti c American.
No trabalho, leio um monte de jornais especializados. Só recebo quatro
jornais especializados em casa, mas recebo cerca de seis no escritório” –
isso sem mencionar livros, leituras on-line e outras fontes de informação.

4. CULTIVE RELACIONAMENTOS
Por que algumas pessoas conseguem fazer avaliações precisas de alguém
que acabaram de conhecer, enquanto outras fazem avaliações imprecisas?
Por serem mais intuitivas? Não necessariamente. Seria mais correto
a rmar que são mais propensas a fazer avaliações instintivas acuradas
porque se dedicam a cultivar relacionamentos. O contato, a interação e o
interesse as tornam mais experientes e sensíveis no trato com outros seres
humanos, o que estimula a intuição na hora de formar a impressão inicial
de um recém-conhecido. Conforme explica David Funder, professor de
psicologia da Universidade da Califórnia: “Um bom juiz de caráter não é
alguém mais esperto; é alguém que passa mais tempo relacionando-se com
pessoas”.
Não é a mais forte das espécies que sobrevive,
nem a mais inteligente, mas a que melhor
responde às mudanças.

– Charles Darwin
AS PESSOAS
NÃO ESTÃO
PREPARADAS
PARA DAR CERTO.
ESTÃO PREPARADAS
PARA ACEITAR
QUE DERAM ERRADO.
Estar pronto para dar certo é muito mais complexo do que parece. Porque,
quando uma ideia dá certo, meu amigo, tem um trabalhão pela frente. Se você
já está em dúvida se sua ideia é boa ou ruim, há grandes chances de que seja
ruim mesmo. Então, você precisa ter certeza de que sua ideia é fantástica.
Porque, se a sua ideia for ruim, não adianta. Pode ser amigo de Donald
Trump, mas ele vai dizer: “Olha, gosto muito de você. Está convidado para
almoçar na minha casa, mas sua ideia é horrível”.
A ideia precisa ser disruptiva. Se a sua ideia é extraordinária, as chances
são muito maiores. Em segundo lugar, é preciso ter coragem de apresentar a
ideia sabendo que você pode obter um “não” como resposta – já falamos disso
aqui. Acredito que, no momento em que você tem uma ideia extraordinária e
tem a postura necessária, você tem por onde começar.
Ninguém quer ser cliente, todo mundo quer ser parceiro, todo mundo
quer ganhar junto. Esse é o discurso que todo mundo quer ouvir. O cara não
quer ouvir que você quer bater a carteira dele, tirar um cheque dele.
Especialmente em um momento de crise, quando todo mundo está
demitindo, cortando custos. A pessoa quer ouvir a resposta para a seguinte
pergunta: “Como é que, trazendo a sua ideia para o meu contexto, nós
podemos ganhar juntos?”. Essa conversa soa como música nos ouvidos das
pessoas. É o que todos querem ouvir. Se a sua ideia é muito boa e se a sua
postura não é de fudido, pode ser que dê certo. Acredito em postura e atitude,
obviamente baseadas em uma superideia. Se você não tiver essa ideia, meu
amigo, volte para casa e continue pensando até achar uma.
A capacidade, a dinâmica de pensar de forma serial e desenvolver coisas a
partir da crença de que “eu posso” é a alma deste livro. Isso é deixar de ser
fudido! Mantenho a motivação em tudo o que acredito ou quero porque
aceito o princípio de que aprendo errando. Então não importa se vai
realmente funcionar no m. Não admito me arrepender por não ter tentado.
Esta é a minha convicção, a minha visão de mundo, é nisto que acredito: a
gente tem que se expor, tem que correr risco, porque o risco é inerente ao
ensinamento, ao aprendizado que se tem todos os dias. Meu desa o é
transformar possibilidade em probabilidade. É esse o grande jogo da minha
vida.
As ideias nascem com enormes possibilidades de dar errado, haja vista as
estatísticas de mortalidade das empresas, haja vista quantos business plans são
deletados ou colocados em uma pasta no computador sem nunca sair do
papel. Falta o quê? Falta convicção, perseverança. Se estou neste mundo,
tenho que me provar capaz de crescer e de desenvolver relações, negócios,
sustentar minha família e criar prosperidade. Sou um cara motivado por esses
desa os. É isso que me apaixona.
Você pode, sim, se acreditar que pode. Você pode qualquer coisa. Porque
a maior mentira do mundo é que você, por não ter dinheiro, diploma, amigos
importantes, não pode se dar o direito de sonhar. Se você acredita nisso,
infelizmente coloca a vida dentro de uma caixa e está fadado à mediocridade e
a viver de lamentações e de desculpas para justi car por que não fez as coisas.
Isso é ser fudido. Acho que temos que usar nossa energia para contar as
histórias do que pelo menos tentamos fazer. E as histórias de tudo que
aprendemos ao longo do caminho, porque o caminho é muito mais divertido
do que a reta nal. É o que você aprende no caminho, como vê a paisagem, os
problemas, as pessoas que conhece, os relacionamentos que cria, os tombos
que leva.
Uma criança só aprende a andar porque cai. Cai, levanta, cai, levanta, cai,
levanta. A gente esquece isso, acha que cair não é bom. Cair é bom! Porque
ajuda, reforça as convicções, aprimora a sensibilidade. O sucesso muitas vezes
cria uma espécie de arrogância, então há momentos em que você precisa rever
isso. Mudar o rumo é saudável.
Vou contar uma história de como me reinventei em um novo projeto a
partir de um episódio absolutamente corriqueiro. Um querido amigo
chamado Roberto Kasinski, lho do grande empreendedor brasileiro
Abraham Kasinski, fundador e presidente da fábrica de autopeças Cofap, vive
em Miami há muitos anos. Um dia vem à minha casa e diz: “Tenho um
presente para você”. Era uma garrafa de óleo de oliva italiano da marca Bellino.
Achei engraçado, deixei o azeite exposto na cozinha, contei para os meus
amigos. Aí tive um estalo: quem sabe um dia encontro esse e outros produtos
Bellino na prateleira do supermercado? Por que não transformar essa marca,
esse produto, ativar e criar uma franquia de restaurantes nos Estados Unidos?
Bom, daí descobri que o azeite Bellino faz parte de um grupo que é o
maior importador e distribuidor de produtos italianos nos Estados Unidos há
mais de 50 anos. Seis marcas. A marca principal, com mais de 900 itens, é a
Bellino. Consegui o e-mail do presidente da empresa de capital fechado, um
ítalo-americano. Ao me preparar para a reunião, descobri que no norte da
Itália, na divisa com a França, existe um vilarejo chamado Bellino, com 115
habitantes, que parece saído de uma prancheta da Disney. Marquei uma
audiência com o prefeito de Bellino, eleito por 70 votos. E montei um
conceito.
Você está pensando que criei uma rede de supermercados, ganhei
milhões? Ou que quei sócio do cara da marca e também ganhei muito? Pois
bem, não foi assim. No m das contas, juntando os dois contatos, criei uma
escola de chefs para dar oportunidade às pessoas daquela região. Comecei um
novo projeto do zero com a mesma energia, paixão e engajamento que tinha
na adolescência.
Viu como a primeira ideia não deu certo? Mesmo assim, do limão z uma
limonada. Tudo bem mudar a rota às vezes. Isso é adaptação, mudança de
rota, mas o objetivo continua. A atitude é o que importa. Consegui chegar ao
meu objetivo, realizei o projeto, mesmo tendo que mudar a ideia inicial.

O plano B de hoje pode ser o plano A


de amanhã
Erro e fracasso são inerentes e fundamentais na busca do acerto. Vou ser
muito sincero. É engraçado, mas sou um sujeito que convive bem com a
instabilidade. Gosto das oscilações. Sou simpatizante da loso a budista. Já
tive oportunidade de fazer um sesshin, ou retiro, em um belíssimo mosteiro
zen no Morro da Vargem, em Vitória, Espírito Santo. Daiju Bi i, o abade do
mosteiro, sempre fala: a natureza humana é a impermanência. Eu gosto da
impermanência dentro dos limites da, digamos, saúde psicológica.
Não me considero bipolar nem portador de algum distúrbio psicológico.
Muito pelo contrário, acho que sou um cara bastante equilibrado e por isso
consigo gerenciar as oscilações. O caos não me intimida. O caos em que a
gente vive, em menor ou maior dimensão, não me desencoraja. Na verdade,
eu gosto. O desa o me alimenta.
Se tenho um problema, um momento de escuridão, sei que é passageiro.
Posso sofrer – o sofrimento é inerente ao ser humano. Não consigo viver em
estado de felicidade permanente. Vou atravessar momentos de infelicidade e
aproveitar minha alegria e minha felicidade como uma conquista em cada
estágio, em cada momento.
Agora estou vivendo um momento de plena alegria porque realmente
entendi que tenho um propósito na vida. Esse propósito é in uenciar pessoas,
compartilhar uma visão de mundo, ajudar as pessoas a acreditarem nos
sonhos delas. Isso é um compromisso e um propósito de vida. Não é só um
negócio.
Hoje tenho um novo empreendimento com um novo sócio, uma gura
pela qual tenho enorme admiração, respeito e carinho. É Janguiê Diniz, um
empreendedor extraordinário, que construiu um dos maiores grupos de
educação do Brasil, o Ser Educacional. Estamos dando vida à Escola da Vida.
Vamos levar uma mensagem juntos, quase como missionários da
transformação pessoal. Vamos evangelizar as pessoas, no bom sentido, para
que entendam e incorporem, interiorizem esse novo hábito de vida, com o
qual se tornam mais proativas, decididas e assumem o controle.
Gastamos horas e dias em cuidados com o físico, a pele, o cabelo, a
estética. Mas nunca cuidamos da saúde emocional. E aí o que acontece? Você
ca doente, porque, como nunca cuidou de um problema – uma pequena
patologia –, quando a coisa se torna um problema grave você tem que ir para
o tratamento de choque. Tem que ir para os remédios, e aí não tem mais cura.
A velha história de matar um leão por dia é real: mate um leão por dia ou ele
cará grande e engolirá você. Não deixe para amanhã um problema pequeno
que pode ser resolvido rapidamente hoje. Porque esse amanhã nunca é
amanhã de fato. Vai levar um tempo. E nesse tempo o leão cresce. E come
você.
Quero propor um desa o. É o seguinte: todo mundo hoje precisa de um
plano B. Precisa se reinventar, se olhar no espelho. Quem sou, aonde quero
chegar, o que preciso fazer de diferente? Então, o exercício é fazer um vídeo
de três minutos e contar por que você precisa de um plano B e entender qual é
esse plano B. Mande para si mesmo e arquive.
Como diz o Pequeno Príncipe, “você é responsável por aquele que
cativa”. De certa maneira, me sinto comprometido e responsável por fazer
tanta gente sonhar com a minha provocação. E tenho algo a dizer a você, caso
não possa agir de imediato por questão de dinheiro ou pelo momento de vida.
Não tem problema. Entendo que muitas vezes pode haver uma restrição
nanceira temporária. Eu chamo dessa maneira. Mas isso não pode ser
motivo para matar seu sonho. Preciso que você acredite que em algum
momento pode ser que seu plano A não exista mais, e o plano B vai virar
plano A. E se amanhã o plano B também não funcionar, vai ter que ter um
plano C, ou o abecedário inteiro. Você tem que acreditar nisso.
A questão não é se o plano A, B, C, D, X deu certo ou errado. Desde que
você faça o seu melhor, não tem problema se deu certo ou errado. O que
interessa é ter plena certeza de que você entregou tudo o que podia, que foi ao
limite. É como aquele time que perde, mas sai satisfeito porque sabe que fez o
melhor que podia em campo. Se eu entrar em uma competição de plano de
negócios, não zer nada direito e ainda assim ganhar, não verei valor na
conquista. Agora, se eu entrar com tudo e ainda assim não ganhar, verei um
valor gigante. Obviamente, não entrar é a única maneira de você ter certeza de
que não vai ganhar. Essa é a atitude do fudido. Não seja esse cara.
FODA.
Vamos terminar como começamos: com um palavrão. E o único motivo para isso é
representar, de maneira grá ca e oral (repita em voz alta aí o palavrão, por favor), a
sua nova atitude. Espero que lendo o livro você tenha mudado. Esse é o objetivo
deste livro, do meu trabalho, das minhas palestras e, por que não, da minha vida.
Por falar nisso, já cometi diversos erros em minha vida, assim como todo ser
humano. Porém, ao contrário de muitos, não me preocupo em escondê-los. Em
meus livros anteriores e em minhas palestras, conto em detalhes vários de meus
erros: iniciativas que não foram adiante, avaliações equivocadas de situações e
pessoas, ideias que não decolaram. O motivo pelo qual não os escondo é que não
me envergonho deles. Me envergonharia, isso sim, se não tivesse tentado por causa
do medo de errar. As lições que aprendi com meus erros foram e são inestimáveis.
É a experiência que você adquire tentando e errando que pavimenta o caminho
para o sucesso duradouro. Quem chega ao sucesso sem nunca ter cometido um erro
na vida – se é que isso é possível – não tem bagagem su ciente para lidar com os
reveses e contratempos que cedo ou tarde virão. Por não ter aprendido com os
pequenos erros da vida, vai acabar errando quando não pode e com quem não deve.
O estudante de medicina pode cometer diversos erros durante uma aula de
anatomia. Mas o cirurgião não pode errar durante uma operação.
O milionário norte-americano Malcolm Forbes, dono da célebre revista de
economia que leva seu sobrenome, escreveu certa vez em sua coluna que “um
ingrediente vital para o sucesso sustentado é o fracasso ocasional”. Segundo ele, “não
há nada tão essencial quanto um erro inequívoco de certa magnitude para restaurar
a perspectiva necessária a m de assegurar o sucesso duradouro”. Forbes conclui o
artigo dizendo: “Um mandachuva que nunca tenha cometido um erro crasso – em
sua opinião isolada – está na mesma desvantajosa posição que a galinha que nunca
botou um ovo e está prestes a ir para a panela”. Portanto, se tivesse de acrescentar
mais alguma coisa a tudo o que já disse sobre como não ser um fudido, eu diria:
aprenda com seus erros e construa sua bagagem de conhecimentos, seu banco de
dados interno que alimentará tanto seu inconsciente quanto sua mente consciente e
que virá em seu auxílio sempre que você precisar.
Volta e meia lemos nos jornais notícias do tipo “pesquisa indica que mais da
metade das novas empresas fecha antes de completar dois anos”. E lá vêm longas
listas de causas e efeitos, que vão da crise econômica à falta de planejamento do
empresário. Porém, o que essas pesquisas não costumam divulgar é o que esses
empresários aprenderam com seus erros. Ou quantas vezes os empresários bem-
sucedidos passaram por fracassos e falências antes de acertar. Ou o quanto os
fracassos e falências os ajudaram a acertar. Muita gente se assusta ao ler informações
sobre a porcentagem de pessoas cujos negócios não deram certo. Mas não seria
muito pior se essa porcentagem se referisse àqueles que foram para o fundo do poço
sem tentar coisa alguma?
Levantei várias perguntas ao longo do texto. Como alguém pode se tornar um
fodido? Só quem tem talento para isso vai chegar lá? É preciso nascer com um chip
ou uma pré-programação para não ser um fudido? Ou é uma loteria e todos os que
conseguiram chegaram lá por sorte? A conclusão encontrada por mim e por você,
leitor, com certeza é uma só:

A atitude frente às situações da vida


determina quem você é.

Espero que você tenha mudado o mindset (mentalidade) das suas atitudes. Gente
que começou do zero ou com pouquíssimos recursos não tinha nada além de sua
crença somada a uma vontade avassaladora de fazer algo acontecer. Isso é um
mindset vencedor. E os resultados surpreendentes não vieram da noite para o dia,
nem na primeira tentativa. (Mesmo que, em alguns casos, com a atitude certa,
possam aparecer muito mais rápido do que esperamos. Pudemos comprovar esse
fato em algumas das minhas histórias.) Seja resiliente como uma mola e ágil como
um tubarão.
Para fazer um resumo bem prático de tudo que você aprendeu aqui, vamos
destacar alguns assuntos:

ACREDITE: nada é impossível, você é capaz. A vida é foda, mas você é mais!

TENHA AMIGOS: alimente seus contatos, seja agradável sem ser fo


Lembre-se de que gente foda sempre terá gente foda por perto.

REINVENTE-SE: resista, persista, insista. Esse é o seu mindset, a sua p


diante de qualquer que seja o problema. Um fodido não para no primeiro pro
Nem no milésimo!

Agora você sabe o que signi ca ter sangue nos olhos. A diferença está em colocar
isso em prática dia após dia, enfrentando desa os com uma nova visão. Posso
garantir uma coisa: as di culdades não têm preconceito. Não escolhem pobre ou
rico, não importa se você tem pouco estudo ou um monte de diplomas na parede,
elas vêm para todos.
Mas, assim como as di culdades, a fé em si mesmo e a capacidade de se
construir sozinho valem para todos. Todo mundo pode evoluir continuamente.
Todas as pessoas bem-sucedidas têm uma coisa em comum: assumem o
compromisso consigo mesmas para valer. Esse processo não é mágico. Não é preciso
nenhum poder sobrenatural para conseguir. Tudo está mais relacionado à
persistência do que a milagre.
Fodão, sonhe grande, sempre com os dois pés na realidade, mas fazendo
acontecer todo dia. Realize uma mudança mesmo que pequena hoje e crie esse
hábito. Você vai car viciado no gosto do sucesso logo na primeira meta alcançada,
vai comprovar que é possível e então partirá para a próxima mais con ante. Em um,
cinco, ou dez anos, terá feito grandes mudanças na sua vida. E vai ser foda!
Livros para mudar o mundo. O seu mundo.

Para conhecer os nossos próximos lançamentos e títulos disponíveis,


acesse:

www.citadeleditora.com.br

/citadeleditora

@citadeleditora

@citadeleditora

Citadel - Grupo Editorial

Para mais informações ou dúvidas sobre a obra,


entre em contato conosco através do e-mail:
contato@citadeleditora.com.br
O mapa da prosperidade
Generoso, Rafaela
9786550470098
224 páginas

Compre agora e leia


Neste livro, Rafaela Generoso apresentará princípios para que o seu
propósito de vida esteja conectado com as suas ações diárias. Só assim as
suas conquistas não dependerão de mais ninguém, aqui na Terra, além de
você. Isso mesmo! Sabemos que hoje você pode ter problemas e limitações
em uma ou diversas áreas da sua vida, por isso, a especialista em
prosperidade apresentará aqui exemplos práticos que ajudarão a vencer
desafios, assim como ela venceu inúmeros deles, para que você possa
aumentar as suas possibilidades de prosperar e voltar a sonhar e a realizar
seus sonhos. Descubra a viver o Céu na Terra e viva a prosperidade em
todas as áreas da sua vida!

Compre agora e leia


Mais Esperto que o Diabo
Hill, Napoleon
9788568014103
200 páginas

Compre agora e leia


Neste livro, inédito no Brasil, você vai descobrir, após 75 anos de segredo,
por meio dessa entrevista exclusiva que Napoleon Hill fez, quebrando o
código secreto da mente do Diabo: Quem é o Diabo? Onde ele habita?
Quais suas principais armas mentais? Quem são os alienados e de que
forma eles ou elas se alienam? De que forma o Diabo influencia a nossa
vida do dia a dia? Como a sua dominação influencia nossas atitudes? O
que é o medo? Como nossos líderes religiosos e nossos professores são
afetados pelo Diabo? Quais as armas que nós, seres humanos, possuímos
para combater a dominação do Diabo? Qual a visão do Diabo sobre a
energia sexual? Como buscar uma vida cheia de realizações, valorizando a
felicidade e a liberdade? Essas perguntas e muitas outras são respondidas
pelo próprio Diabo, que se autodenomina "Sua Majestade", de acordo com
Napoleon Hill. O seu propósito, escrito com suas próprias palavras, é
ajudar o ser humano a descobrir o seu real potencial, desvendando as
armadilhas mentais que os homens e as mulheres deste mundo criam para
si mesmos, sabotando a sua própria liberdade e o seu próprio direito de
viver uma vida cheia de desafios, alegria e liberdade.

Compre agora e leia


Quem pensa enriquece
Hill, Napoleon
9788568014745
364 páginas

Compre agora e leia


O 9º livro mais vendido de todos os tempos, que influencia líderes e
empreededores em todo o mundo, agora em uma edição especial atualizada
para o século XXI. O clássico best-seller sobre o sucesso agora anotado e
acrescido de exemplos modernos, comprovando que a filosofia da
realização pessoal de Napoleon Hill permanece atual e ainda orienta
aqueles que são bem-sucedidos. Um livro que vai mudar não só o que você
pensa, vai mudar o modo como você pensa.

Compre agora e leia


Kintsugi
Ueda, Edgar
9788568014790
208 páginas

Compre agora e leia


Você vai fracassar. Ou já fracassou Em algum momento, em alguma
situação ou mais de uma vez. O que você vai fazer com a adversidade? Vai
desistir? Vai sentir pena de si mesmo? Vai pensar por que isso tinha de
acontecer justo com você? Ou vai levantar e traçar um plano para voltar à
batalha com mais experiência, mais maturidade e muito mais
conhecimento? As cicatrizes dessa luta vão deixá-lo mais forte, belo e
valoroso! Em "Kintsugi - O poder de dar a volta por cima", Edgar Ueda,
empresário, investidor e palestrante, apresenta o método TurnAround
baseado na filosofia milenar que descobriu no Japão e que transformou a
sua vida.

Compre agora e leia


Em busca de nós mesmos
de Filho, Clóvis Barros
9788568014523
400 páginas

Compre agora e leia


Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas manjadas, é
verdade. Mas quem nunca pensou nisso pelo menos uma vez na vida? O
questionamento sobre nossa existência, origem e destino tem sido tema de
profunda reflexão dos maiores pensadores da humanidade ao longo de três
mil anos e, mais recentemente, dos cientistas. As perguntas são as mesmas
desde que o homem começou a pensar. As respostas não. Muito pelo
contrário. Filósofos e cientistas de todas as épocas e escolas têm se
dedicado também a inquietações bem mais pessoais. O que devo fazer para
viver melhor? O que acontece dentro de mim quando me apaixono? As
respostas variam. E muito. "Em busca de nós mesmos" é uma pequena e
agradável viagem pela história da evolução do pensamento e do
conhecimento humano. O diálogo informal de Clóvis de Barros Filho e
Pedro Calabrez apresenta respostas da filosofia (com as ideias de
Aristóteles, Platão e Spinoza, entre outros) e das ciências da mente
(psicologia e neurociências) — e instiga o leitor a chegar a suas próprias
conclusões. Clóvis e Calabrez aproximam a filosofia da ciência, revelando
a complementaridade dessas visões. E aproximam ambas do leitor com um
texto descontraído e acessível.

Compre agora e leia

Você também pode gostar