Autor:
Ricardo Bellino
Preparação de texto:
Lúcia Brito
Revisão ortográfica:
3GB Consulting
Criação e diagramação:
Dharana Rivas
CDD - 131.3
contato@citadeleditora.com.br
www.citadeleditora.com.br
SE LIGA!
7. Corra riscos
Transforme o “não” em “por que não?”
Acredite na sua intuição
Conclusão
SER “FODIDO”
OU NÃO SER
“FUDIDO”,
EIS A QUESTÃO?!
Como bem diz o meu amigo Ricardo Bellino, autor desta obra, o sucesso
não acontece por acaso. Na escola da vida que cursamos juntos, aprendemos
que o fracasso também não acontece por acaso, não é mesmo?
Quase poderia defender a tese de que para atingir o fracasso uma pessoa
gasta a mesma (ou uma maior) quantidade de energia (neste caso negativa)
do que se assumisse uma atitude mental positiva de quem procura o sucesso.
Não estou falando aqui de um sucesso efêmero, que busca o enriquecimento
rápido, mas aquele sucesso que se manifesta nas pessoas que buscam
prioritariamente a sua realização e que antes mesmo de encontrar os milhões
na conta bancária, encontraram no entusiasmo a motivação para superar
todos os obstáculos que a vida e o mundo dos negócios certamente
apresentaram em seus caminhos na real busca da felicidade.
Aprendemos, a um custo alto, que o sucesso sem felicidade é apenas
ganância e nos transforma em pessoas avarentas; agora, quando priorizamos a
nossa felicidade e a daqueles que nos apoiam, especialmente em nossos
momentos de di culdade e superação de desa os, encontramos a verdadeira
prosperidade. O dinheiro e a riqueza acumulados são consequências e
resultado de uma jornada pavimentada pela ética e compromisso de não
apenas deixar uma herança material para os nossos herdeiros diretos, mas um
legado que irá inspirar milhares de pessoas pela herança de uma biogra a que
nos tornará imortais pela missão de fazer alguém acreditar que pode, sim,
contrariar o seu destino e se permitir acreditar em um sonho grande, para ser
vivido de olhos bem abertos.
O verdadeiro sucesso se manifesta a partir das escolhas que fazemos e do
preço que estivermos dispostos a pagar para trocar uma pequena letra, que
pode fazer uma grande diferença em você ser um fodido ou um fudido na
vida.
– Janguiê Diniz
Empreendedor
MERDA,
FODA,
FUDIDO
OU FODIDO
SÃO PALAVRAS
PROIBIDAS
PARA VOCÊ?
Socialmente, ainda que tão repetidas, continuam tabu. Agora, o que você
talvez não saiba é que elas podem ser gatilhos para demonstrar aquilo que
uma pessoa deseja ou, melhor, para desencadear relações, atitudes e até
mesmo fechar uma negociação que di cilmente se concretizaria com uma
conversa politicamente correta.
Espero que você não se ofenda com algumas expressões ou opiniões que
expressarei neste livro. Só quero mostrar o que você insiste em não ver: suas
atitudes de fudido precisam mudar. Uma letra faz toda a diferença.
TRANSFORME-SE
DE FUDIDO
EM FODIDO.
Parece impossível hoje. Você deve estar pensando: “Claro, com o dinheiro e
credibilidade que um fodido tem, é fácil conseguir as coisas”. Mas todo
fodido saiu de algum lugar, e muitos deles já foram fudidos também. Nós só
olhamos os êxitos, mas não olhamos o quanto o fodido suou para chegar lá.
Pode saber que, antes de ser um fodido, ele se fodeu muito!
TODO HOMEM É
CULPADO POR AQUILO
QUE NÃO FEZ.
Voltaire disse isso. Pense em tudo o que poderia ter realizado, mas não
realizou – o famoso “e se”. E se eu tivesse aceitado aquela oportunidade, e se
eu tivesse apostado naquele sonho, e se eu tivesse ido àquela reunião. Esse é
um pensamento que deve estar dentro de você o tempo todo. A inquietude é
o que nos move, e precisamos desse cutucão constante em nossa cabeça para
não deixar as oportunidades desaparecerem. Infelizmente, é muito mais fácil
car parado, não fazer nada, não tomar uma atitude. Mas, quando paramos
para pensar, ca claro que as chances da vida não vêm até nós, nós é que as
construímos.
De certa maneira, tudo o que fazemos age ou reage de alguma forma para
que algo aconteça. Se carmos parados, nada vai acontecer. É preciso
movimentar, refazer, recomeçar, reorganizar, bagunçar para depois arrumar,
desmontar para depois construir outra vez. Precisamos constantemente de
impulsos para fazer e refazer coisas. Esse impulso precisa vir de dentro.
NÃO ESPERE UMA
ATITUDE EXTERNA
PARA MUDAR.
SEJA VOCÊ
O FATOR COMPLICADOR,
O AGENTE DAS SUAS
MUDANÇAS.
Claro, essa visão não surge da noite para o dia. Algumas pessoas têm isso em
sua natureza, têm a genética ou qualquer outra função nata que as faz pensar
assim sempre. Para outras, isso é um processo que precisa ser aprendido.
Parece complicado, mas é mais simples do que a maioria pensa. Existe um
método. Essa é a boa notícia, e, a partir das minhas experiências e
treinamentos, vou mostrar como estruturar esse pensamento.
É hora de entender o processo, desconstruir seu caminho de fudido e
assumir o controle. Mas já adianto: isso é para quem quer. Não tenho tempo a
perder com fudidos que não querem mudar. Se estiver disposto a mudar, siga a
leitura, e estarei com você. Agora, se for para seguir com atitudes de um
fudido, não perca seu tempo – nem o meu. Nos vemos a partir dos próximos
capítulos, prontos para alterar não só uma letra, mas também toda a sua
trajetória.
O PRIMEIRO PASSO
PARA COMEÇAR
A MUDAR A VIDA
– DEIXAR DE SER
UM FUDIDO PARA
SER UM FODIDO – É A
AUTOAVALIAÇÃO.
A opinião dos outros é importante, mas desde que você saiba quem é e onde
está. Quais os seus objetivos? Onde você está? Aonde pretende chegar? Quais
as armas que tem? – se é que tem alguma. Se não tem, onde conseguirá? Em
quanto tempo?
Para começar a responder essas questões, precisamos entender o quão
fudido você está. Temos aqui um sistema para medir isso, o fudidômetro. Ele
vai apresentar, ao m de algumas perguntas, o seu nível de fudido. Importante:
o seu nível é um estado, ou seja, pode mudar. Pode ser pouco fudido hoje, mas
muito fudido em poucos meses. Assim como pode ser um total fudido hoje e
passar a pouco fudido em alguns dias. Perceba que, em quase todos os casos,
um olhar diferente ou uma mudança de postura podem transformá-lo de um
fudido em um fodido.
Assim como só uma letrinha fazem toda a diferença, você vai aprender
aqui que uma atitude, um olhar ou uma aposta podem mudar tudo. Responda
sim ou não para estas 15 perguntas. Qualquer semelhança não é mera
coincidência. Se você se identi ca com essas atitudes, visões e reações, está na
hora de mudar, fudido. Vamos lá!
1. Você já teve uma ideia que lhe pareceu brilhante (normalmente elas surgem quando
estamos prestes a dormir ou no banheiro), mas em seguida pensou “acho que não vai
rolar” e desistiu instantaneamente?
2. Falou repetidas vezes para si mesmo ou para pessoas próximas que precisava resolver
algo importante, mas nunca resolveu?
3. Já ouviu alguém contando sobre um empreendimento, uma ideia, investimento ou
qualquer coisa parecida (normalmente algo que você não domina e do qual não conhece
quase nada) e, assim que a pessoa terminou de contar com todo o entusiasmo, você falou
ou pensou “ah, isso é impossível”?
4. Em uma situação não planejada, teve a oportunidade de falar com alguém que poderia
ser um excelente contato profissional ou pessoal (normalmente, uma pessoa que você
admira ou julga bem-sucedida), mas não falou por achar que não era bom o suficiente?
5. Já teve vontade de ser alguma coisa ou aprender algo, mas, quando percebeu que era
impossível ter um professor ou alguém que já tivesse feito o caminho para imitar ou
seguir, desistiu?
9. Você cometeu uma grande cagada. Não dava para arrumar (acredite, todo mundo já fez
isso ao menos uma vez na vida). E se viu, mesmo que por um curto tempo, sem uma saída
estratégica ou atividade paralela, pois não elaborou um plano B?
11. Já teve a oportunidade de exercer uma nova função, totalmente diferente da sua área
de formação ou do que domina, mas não aceitou ou não tentou porque pensou que não
seria capaz de exercê-la ou, pior, que outra pessoa próxima poderia fazer melhor, e, ao se
comparar, não foi atrás?
12. Já deixou para depois a resolução de um problema que parecia pequeno, mas, com o
passar do tempo – porque deixar para resolver amanhã na verdade nunca é amanhã
mesmo, e, sem planejamento, o problema se estende por semanas, meses ou anos –, o tal
pequeno problema virou uma coisa enorme, quase impossível de se resolver, e então
pensou “ah, se eu tivesse feito isso lá atrás”?
13. Não consegue, nem por um mês sequer, controlar sua vida financeira? Não estou
falando em gerir fortunas, fazer investimentos ou poupar dinheiro. Estou falando em não
saber sequer quanto ganha nem quanto gasta e, ao fim do mês, ter aquele mini-infarto
quando passa o cartão de crédito e não sabe se a transação será autorizada ou não.
14. Não fala palavrão (claro que em algumas situações você não deve falar mesmo, mas
estou pensando aqui em situações em que é socialmente aceito, como já falamos) porque
tem medo de se expor, do que vão pensar, enfim, não se garante em uma simples
conversa?
Sim para 1 ou 2 perguntas.
VAI SE FODER EM BREVE.
Olha, você está a um passo de se foder. Poderia ser pior, mas é hora de ligar o
alerta. Quem o ama até dá uma segunda chance e vê algum potencial, mas
normalmente você escuta “Fulano até tem qualidades, mas parece que nunca
vai para a frente”. Já as pessoas a sua volta – as conhecidas e não tão próximas
– estão com as expectativas baixas e não o veem com muitas possibilidades de
dar certo. A sua marca é a grande chance de fazer as coisas não acontecerem.
Lembre-se: o fracasso chega muito mais rápido do que o sucesso. Mas que
calmo. Por incrível que pareça, o seu caso é o mais fácil de solucionar. Uma
pequena mudança de postura pode fazer toda a diferença. Para começar a
mudar isso agora mesmo, leia primeiro os capítulos 1 e 8.
É
É, a coisa está complicada. Todo mundo acha que os seus projetos não
funcionam. No trabalho, é só mais um, e não tem perspectivas de promoção,
novas áreas de atuação ou crescimento. Não tem objetivos concretos e não
conhece pessoas que possam mudar sua trajetória. Quando pensa em
construir alguma coisa, sente-se inseguro e se preocupa com a opinião dos
outros. Esse medo faz você parecer displicente ou um funcionário sem
atitude. Tem uma visão pessimista de tudo e de todos e passa a ideia de que se
empenha pouco, mesmo quando trabalha bastante. Calma: nem tudo está
perdido. O primeiro passo é mudar sua visão. Não dá para colocar em prática
imediatamente, pois sua atitude primitiva precisa mudar. Leia os capítulos 1,
2, 4 e 8.
– Mark Zuckerberg
A VERDADE É QUE
A MAIORIA DAS
PESSOAS SÃO
COVARDES
E INSEGURAS.
Elas têm medo, e esse medo as paralisa e impede de desenvolver seu
potencial. Vou lhe contar uma história curiosa. Acho que tem a ver com uma
coisa que chamo de autoestima. Ela é fundamental. Criar uma musculatura
emocional é fundamental para sobreviver. Assim como o corpo com um
pouco mais de massa muscular aguentará uma atividade mais intensa como
uma corrida ou levantamento de peso, por exemplo, o emocional mais
preparado também será capaz de lidar com as adversidades de maneira mais
adequada. Apanhar e continuar. Você vai apanhar repetidas vezes – e é crucial
saber lidar com isso.
É importante não confundir autoestima com egocentrismo. Há uma
diferença; ela é sutil, mas o resultado é totalmente oposto. IMPORTANTE:
não tenho nada contra o ego, acho que ter ego faz parte. Acho importante em
certa medida, no equilíbrio. Mas autoestima é uma coisa muito mais
profunda, mais sincera e mais difícil de alcançar. O ego é mais super cial,
passageiro, e se manifesta facilmente. Atinja seu primeiro objetivo, aquele
diário, e veja como o ego in a no mesmo instante. É uma coisa de
exibicionismo, autoa rmação. Mas o ego pode ser um excelente aliado para a
autoestima e também para alcançar objetivos. Como eu disse, ele é
importante, mas na medida certa.
Autoestima é uma convicção. Quando jovem – muito jovem –, eu era
tímido. E aconteceu um fato engraçado em minha vida. Um verdadeiro tipping
point. Eu ia para as festinhas dos meus amigos, festinhas dançantes, balada. Eu
tinha uns 14, 15 anos de idade. Sempre tive o defeito de pensar grande; então,
eu ia à festinha e pedia para dançar com a menina mais bonita. Aquela em que
todos estavam de olho. Como eu era o mais feio da classe, óbvio que escutava
um sonoro “não” logo de cara. Era sempre assim! E aquilo me deprimia
tremendamente. Até que dei um basta: “Não vou mais convidar ninguém para
dançar”.
A vergonha era tamanha que eu não sabia nem o que fazer até a hora em
que meus pais me buscavam. Totalmente deslocado, passei a car ao lado da
equipe de som, em uma tentativa desesperada de não car sozinho, isolado,
enquanto todos se divertiam. Apesar de tímido (na verdade acho que era mais
insegurança do que timidez, mas en m), sempre gostei de conversar. Um dia
puxei assunto com o DJ. Cheio de coisas para fazer e com um menino que não
parava de falar, ele disse: “Me ajuda aqui, pega os discos, me ajuda com a luz,
com a mesa de som”. Para resumir a história: rapidamente me tornei sócio da
equipe de som. Como eu gostava muito de música e passava horas mixando,
fazia aquilo bem e conseguia criar uma espécie de entretenimento nas festas.
Nos refrões, eu abaixava o volume da música, as pessoas cantavam e aí cavam
eufóricas – e eu realmente comandava o show.
Aprendi a primeira lição da escola da vida: as meninas não estavam nem
aí para beleza, mas se importavam com o status. Então criei esse magnetismo
com elas – ligeiramente machista, é verdade, mas diz muito sobre as relações e
percepções humanas. Foi muito divertido. E consegui resgatar ou criar a
autoestima, descobri que eu podia, SIM, ter o controle da situação.
Autoestima é saber que você tem o controle da situação. Que você pode, se
quiser. Tive que dar um jeito de superar o meu problema. Acabei aceitando
que eu tinha de transformar meus defeitos em virtudes. Ou pelo menos ser
visto de outro modo.
Aprenda sozinho
Essa historinha adolescente mostra como é possível, na prática, utilizar a
autoestima para alcançar objetivos. Mas tem outra lição importante embutida
aí: nem sempre você terá um professor para ensiná-lo. Precisei, ainda que
meio ao acaso, é verdade, aprender sozinho. Gostava de música, mas tive que
aprender sozinho a mixar, criar o entretenimento. Claro que você pode se
espelhar em outras pessoas – assim como eu olhei aquele DJ no início e
continuei trabalhando com ele. Dediquei um tempo para aprender. Aprender
é fazer repetidas vezes até car bom ou minimamente aceitável. Gerar
experiência.
Fiz um programa audiovisual em Harvard chamado Launching New
Ventures, convidado pela diretoria da universidade. Um dos cursos da
instituição estava comemorando cem anos. Gravamos um programa de TV
sobre o curso, contei os bastidores, mas principalmente conversei com os
professores. Tudo muito interessante, o mais alto nível educacional do
mundo, mas preciso destacar o seguinte: o que mais levei de experiência, de
bagagem daquela vivência, foram as relações que z “atrás do quadro-negro”
com os oitenta professores do curso com quem mantive contato. Me
desculpe, mas aquilo que eles desenhavam na lousa não me convenceu, não
me acrescentou, porque não era prático, não tinha vida. Era a teoria pela
teoria.
A experiência foi boa, gostei. Eu tenho lá meu quadro, tenho o diploma
de Harvard, bonito, pendurado na parede, e claro que isso me acrescenta algo.
Mas o que quero dizer é que ninguém ali, em nenhum momento, durante
quase uma semana, falou de pessoas. Ninguém falou dos con itos inerentes
aos humanos.
Somos seres que vivem em con ito o tempo todo. Primeiro conosco.
Depois com os outros. “Ah, aquele cara vai me sacanear, então não vou fazer
negócio”, “esse sujeito está com ciúme”, “esse camarada está querendo tirar
proveito de mim”. Isso vai minando suas ações, bloqueando suas atitudes,
você começa a criar adversidades que nem existem. Você cria na sua mente e
vira realidade, porque tudo o que você pensa se transforma em realidade.
Você cria uma opinião sobre alguém sem sequer ter deixado a pessoa se
explicar. Já condenou sem direito de resposta, sem direito de defesa. Mas o
pior de tudo: você se condena sem tentar.
Naqueles longos dias em Harvard, com milhares de horas de estudo
acumuladas, diplomas e tudo mais, ninguém parou para colocar algo em
prática efetivamente, para aprender fazendo. Quando eu falo em aprender
sozinho, na verdade a ideia é aprender na prática, aprender fazendo, não car
só na teoria.
Midas X Sadim
Você já ouviu falar em Sadim? Nada mais é do que Midas escrito ao contrário.
Vamos falar um pouco de mitologia. Bastante conhecido tanto na história
grega quanto na romana, o Rei Midas na verdade é uma alusão à ganância
humana, difundida a partir de atividades nem sempre muito politicamente
corretas de nosso querido soberano, como veremos a seguir.
Segundo a história, o pai de Midas, o camponês Górdio, tornou-se rei da
Frígia em cumprimento a uma profecia. O oráculo local previra que, após a
morte do último governante frígio, o sucessor chegaria de carroça, vindo de
uma terra distante. Quando Górdio chegou de carroça com a mulher e o lho
pequeno, a população o saudou como seu novo soberano. Com a morte de
Górdio, Midas assumiu o trono.
Em um dia comum de reinado, Midas foi visitado por alguns camponeses
que acompanhavam um velho encontrado em uma estrada próxima. O rei
precisou analisar aquele idoso bêbado e maltrapilho por alguns minutos até
nalmente reconhecê-lo: era Sileno, pai de criação de Baco, o deus do vinho.
Cuidado, devidamente alimentado e saudável, Sileno foi levado a seu lho,
com grande alegria, por Midas. Sem saber como agradecer, o deus do vinho
disse que atenderia qualquer desejo do rei. Poderia pedir qualquer coisa.
Midas, cheio de ganância, pediu a capacidade de transformar em ouro tudo o
que tocasse. E assim lhe foi concedido por Baco.
Midas voltou para casa maravilhado com o novo poder. Ordenou aos
criados que servissem um banquete de comemoração. Ao tocar o primeiro
alimento, este se transformou no metal precioso. Ao pegar a taça de vinho e
tocá-la com os lábios, a bebida se transformou em ouro líquido. Midas cou
desesperado. Sua lha, Phoebe, se aproximou e, ao tocá-lo, transformou-se em
uma estátua de ouro.
Percebendo a burrice que havia feito após perder a lha, Midas fez uma
prece sincera e encarecida a Baco, suplicando que o livrasse daquele poder. Na
verdade, o rei se deu conta de que aquilo era não um poder, mas uma
maldição. Baco teve misericórdia do pobre mortal ganancioso e ordenou a
Midas que se banhasse no rio Pactolo. A maldição foi transmitida ao rio, cuja
água imediatamente se tornou dourada. Midas passou o resto dos seus dias
longe das cidades, levando uma vida mais simples e menos gananciosa.
Sadim é o oposto de Midas. O rei frígio transformava tudo o que tocava
em ouro. Sadim, por sua vez, estraga tudo o que toca. É um verdadeiro fudido!
Colocou a mão, a coisa desanda.
Agora chegamos aonde eu queria: há uma patologia “sadinística” nas
pessoas. O meu querido amigo Içami Tiba – um conhecido psiquiatra
brasileiro, professor, palestrante e escritor de livros sobre educação, família e
desenvolvimento pessoal – compartilhava dessa teoria comigo. A
personalidade, a baixa autoestima e o pessimismo desse tipo de ser humano
fazem com se torne uma máquina de eliminação em massa. Pessoas motivadas
por inveja, ciúme e ganância destroem a vida e os projetos dos outros só pelo
prazer de ver o sonho alheio ser destruído. Na sua insigni cância, o Sadim
não tem sonho, não acredita em sonhos, é um frustrado e, para se sentir
menos inferior, busca a todo momento colocar o outro para baixo, frustrar
suas expectativas, seus objetivos.
Todo ser humano é uma complexa mistura de emoções e sentimentos,
uma combinação de elementos positivos e de outros não tão positivos, e o
Sadim não é exceção. Sua recusa em admitir isso é tão poderosa que ele acaba
se deixando conduzir por um incontrolável impulso de projetar nos outros as
características que não consegue reconhecer em si – é a única forma que
conhece de sentir-se um pouco melhor consigo mesmo. Esse comportamento
faz com que ele seja visto quase como uma caricatura da vaidade humana em
seu aspecto mais extremo.
A arrogância, a mesquinhez e o egoísmo transparecem sem qualquer
ltro no Sadim, pois autocrítica, equilíbrio e bom senso não podem ser
cultivados por uma pessoa que se recusa a enxergar as próprias falhas. É fácil
observar elementos comuns ao Sadim e ao sujeito fudido. Vejamos alguns:
Muita gente costuma reclamar: “Nossa! Está muito difícil hoje!”. Sim, porque
é difícil, é muito difícil olhar para o futuro e fazer qualquer previsão. Mas há
uma maneira de reestruturar a jornada, construir a própria história, atingir os
objetivos. Steve Jobs, fundador da Apple, falava que você só consegue ligar os
pontos olhando o passado. A gente não faz nada sozinho, eu também não, mas
não tome decisões baseado nas constatações dos Sadins que estão por aí. Mais
do que isso: não seja um Sadim, não adote essa postura de coitadismo e
pessimismo generalizados.
O outro caminho – de otimismo e de autoa rmação, de autoconstrução e
evolução constante – eu costumo chamar de experiência do sucesso. Cada um
de nós tem uma história de experiência. Por mais que você diga “não sou
bom”, “não gosto de mim”, “meu cabelo está feio” ou mesmo que carregue
algum trauma complexo, há muitos pontos em que você se destaca, em que é
melhor que a maioria, que executa com mais facilidade. Se ainda assim você
disser “Nossa, mas eu não tenho nada de bom, só defeitos mesmo”, vamos
fazer como eu na história da baladinha da escola – transformar o problema em
solução. Passe a acreditar em si. Será o primeiro passo para deixar de ser um
fudido.
T. Harv Eker, autor de Os segredos da mente milionária e que já vendeu
mais de um milhão de livros no mundo, foi quem me mostrou que eu era
capaz de vencer na vida. Esse despertar de consciência, esse tipping point,
como chamei antes, está onde você menos espera e acontece sem você
perceber, desde que tenha o pensamento certo e a postura correta, e não os de
um coitado ou pessimista. Acredite que você pode, sim, fazer o impossível. Se
der errado, não tem problema. Porque a maior virtude de um ser humano – e
não de um empreendedor ou pro ssional, de um ser humano – se chama
resiliência. A capacidade de aprender caindo, apanhar e voltar à sua natureza,
à sua forma natural. E continuar. Porque a gente aprende tanto com os acertos
quanto com os erros, mas muito mais com os erros.
O sucesso realmente inspira, mas a única forma de aprendizado real e
legítimo é o fracasso. Isso está comprovado. O fracasso não condena à morte.
Ao contrário, dá a musculatura de que falamos e a milhagem para que, na
etapa seguinte, você possa se desenvolver com mais capacidade, com um
olhar mais re nado e com mais sensibilidade para evitar a repetição dos erros.
Isso acabou se transformando um pouco no meu jeito de ser. Meu estilo
de vida é o seguinte: acreditar, ter um olhar positivo, uma agenda positiva,
uma visão otimista do mundo e das pessoas. Olhar o lado negativo é fácil. Já
nascemos com uma espécie de capacidade para aceitar o fracasso. Porque,
para ter sucesso, é necessário um amplo conjunto de atitudes,
responsabilidades e compromisso com a vida – com a transformação da sua
vida e da vida dos outros. Simplesmente aceitar o fracasso como sua última
milha na estrada é muito fácil; justi car-se para não fazer as coisas, colecionar
justi cativas e explicações para dizer por que você tinha uma ideia
maravilhosa e não botou em prática. Você quer o quê? Que alguém dê um
tapa nas suas costas e diga “coitadinho”? Esse coitadismo é o que realmente
destrói as pessoas, destrói sonhos, destrói esperança, destrói a capacidade de
acreditar.
Quando crianças, acreditamos que podemos ser astronauta, engenheiro,
médico, coisas maravilhosas. E o mundo, a vida e as pessoas destroem esses
sonhos. Perdemos essa essência, essa capacidade intrínseca de acreditar. Mas
não se engane: não são os seus inimigos que destroem seus sonhos. São os
seus melhores amigos! São as pessoas em quem você tem mais con ança.
Essas pessoas têm uma capacidade impressionante de acabar com a sua vida.
Como con a nelas, você as escuta. E escutando, acredita no que elas estão
dizendo, e interioriza. Aí, meu amigo, você está fudido.
Às vezes é melhor um inimigo. Porque para o inimigo você não dá muito
espaço, você ca mais alerta com ele. Com o amigo, você se abre. E, na hora
em que se abre, você conta uma história para ele. Logo ele vem com uma
contra-argumentação e o convence de que aquilo está errado. Se você
acredita, adeus! Essa é a maior mentira do mundo. Isso tem sido a minha
história de vida recorrente.
Então, lembre-se: você pode olhar tudo pelo menos de duas maneiras.
Pode ler uma reportagem, tirar um residual negativo e chorar. Ou pode olhar
e falar “Gente, vamos fazer fábrica de lenços!”. Você pode ouvir o pessimista e
dizer “Tem razão, vou desistir”, ou “Ok, mas vou tentar mesmo assim. Se der
errado, co mais forte para poder tentar de novo”. Por m, você pode ser um
fudido ou um fodido. A escolha é sua.
Tive oportunidades épicas ao conhecer duas guras incríveis, e vou
compartilhar essas histórias com você. Um desses caras é Richard Saul
Wurman, o mentor, o criador do TED (Tecnologia, Entretenimento e
Design), a grande plataforma de mídia. Richard é uma gura extraordinária,
arquiteto de formação; estive com ele, na casa dele, conversamos muito, ele
me contou toda a história. Ele também teve seus problemas, porque tinha
uma visão mais pura da proposta de um novo formato de conteúdo, mais
dinâmico, com menos blá-blá-blá, que eu acho fundamental. Acontece que
depois a companhia teve outro direcionamento, ele se desentendeu com o
executivo e saiu do negócio.
Eu e Richard passamos duas noites na casa dele falando sobre mil
projetos, tomamos muito vinho e pensamos na vida. Ele disse uma coisa que
nunca esqueci: “Bellino, as pessoas discutem se o copo está meio cheio ou
meio vazio. Isso já virou clichê. Eu tenho outra conclusão, outra visão sobre
isso. O problema não é se você olha o copo meio cheio ou meio vazio. O
problema reside em de nir o tamanho do copo”. Se você de nir o tamanho
certo do seu copo, ele estará sempre cheio. Trate de de nir o tamanho do seu
copo. Pare de car nesse con ito de meio cheio ou meio vazio o tempo todo.
A única forma de chegar ao impossível
é acreditar que é possível.
– Lewis Carroll
SEMPRE OLHEI
PARA AS COISAS
ACREDITANDO QUE
O IMPOSSÍVEL
NÃO EXISTE.
Me desa o muito, acho que posso fazer coisas que a maioria das pessoas não
faz, e isso me diverte. Como já dizia Walt Disney, eu adoro o impossível,
porque nele tenho muito menos concorrentes. Como meus amigos não
acreditavam que fosse possível, nenhum deles concorria comigo. Encontrei a
inspiração para os meus negócios, meus empreendimentos, em observações
muito corriqueiras ao longo da vida.
Meu maior case de sucesso – e a história mais emblemática da minha vida
até hoje – foi me tornar sócio de John Casablancas, o lendário fundador da
Elite Model Management, e ser dono da lial brasileira a partir da leitura de
uma matéria em uma revista francesa. Quando li aquele artigo, entrei em uma
espécie de transe, em um processo de euforia tão grande que não medi mais
esforços. Quando sintonizei naquela dimensão do possível – ou de ruptura do
paradigma do que parecia impossível –, realmente me lancei em uma aventura
sem limites.
Obviamente eu já adorava as modelos. Adorava aquelas mulheres; eu as
seguia em revistas e des les de carnaval. Quando quei sabendo do negócio
de agências de modelos, pensei: “Vou ser sócio de John Casablancas! Imagina
ainda conseguir ganhar dinheiro com isso”. Já estava até aceitando não ganhar
nada.
Sou do tempo do telex, e não havia ninguém a quem eu pudesse recorrer
para descobrir o telefone ou o telex de Casablancas. Percebi que, na última
página daquele artigo em francês, estava o logotipo da agência dele, o
endereço, o telefone e o telex. Qualquer um podia ver. Pronto! Agora eu tinha
o telex do homem. É equivalente a conseguir o e-mail do ex-presidente Barack
Obama hoje em dia.
Então fui para Nova York para falar com John Casablancas. Ele me
recebeu, avisando: “Estou com a agenda complicada, me diga rapidamente o
que você quer de fato”. Respondi que vislumbrava a grande oportunidade de a
Elite desembarcar no Brasil naquele momento, pois a modelo brasileira mais
famosa do país, Luiza Brunet, acabara de rescindir contrato com a Dijon Jeans
depois de uma longa parceria, e poderíamos contratá-la. O empresário da
marca havia registrado o nome de Luiza no INPI, e ela estava em uma crise
tremenda. A crise faz a oportunidade, eu sempre digo isso. Ela estava
disponível, e era o momento de conseguir um contrato com valor abaixo do
mercado.
Imagine a minha sorte, Casablancas falava portunhol, pois aos 18 anos
tinha se mudado para Recife, assumindo o cargo de gerente de marketing da
Coca-Cola. Diante da minha proposta para criar e assumir uma sede da Elite
no Brasil, ele respondeu com toda a sinceridade: “Ricardo, sejamos francos,
você não tem um tostão, não conhece ninguém na indústria da moda. E
vamos combinar que de moda você não entende nada. Olhe o seu estilo”.
“Você quer sair para jantar comigo ou quer fazer negócios?”, repliquei. Disse a
ele que era muito simples: ele me daria uma carta, uma página, e com esse
papel em mãos eu iria atrás de nanciamento para colocar de pé minha ideia
de maluco. Para se livrar de mim, ele fez a carta na hora.
Bati na porta de todas as agências de publicidade e clientes que você
possa imaginar no eixo Rio-São Paulo e não obtive resposta. Até que um dia
encontrei um cara chamado Nelson Alvarenga, fundador da Ellus. Apresentei
o projeto de implantar a Elite no Brasil e expliquei que para isso eu precisava
do nanciamento e de aporte nanceiro de uma grande grife brasileira. Ele
disse: “Não saia dessa sala, quero ser o investidor com exclusividade. Quanto
custa?”. Respondi que custava um milhão de dólares. Ele disse: “Ok! Negócio
fechado”. Pensei comigo mesmo: “Está vendo, nem foi tão difícil”.
Após a reunião com a Ellus, liguei para Casablancas para dar a boa
notícia: surgira um possível patrocinador disposto a assinar um cheque de um
milhão de dólares. Casablancas cou animado, disse que era tudo uma
loucura, mas que topava, seria um sucesso. Expliquei que o patrocinador
estava descon ado de que tudo fosse uma mentira inventada por mim e de
que eu nem sequer conhecesse o dono da Elite. O patrocinador havia me
desa ado a provar que não estava mentindo, trazendo Casablancas e duas
modelos para a festa de 15 anos da Ellus, para celebrar o nosso contrato.
Ao contar tudo isso, quei gelado, imaginando que Casablancas fosse me
mandar pastar. Para minha surpresa, não só concordou, como também disse
para não me preocupar, pois já iria providenciar sua passagem na primeira
classe. (Você deve saber que os ricos odeiam pobre. Simplesmente odeiam
pobre.) Pediu apenas que eu providenciasse uma suíte e duas passagens
executivas para as modelos, além de um “dinheirinho cash” para que elas
pudessem comprar umas “roupinhas” no Brasil. Falou isso naquela arrogância
americana.
Concordei com tudo, mas pedi um favor. Como eu teria um almoço com
o patrocinador, pedi que ele enviasse dois telex: um con rmando a presença
na festa e no outro especi cando o pedido de passagens executivas e estadia.
Porque isso é conversa de pobre, e eu não queria passar um atestado de
pobreza; não ca bem para quem está prestes a fechar um negócio de um
milhão de dólares essa preocupação com passagens e acomodações. Veja você,
eu já estava ditando telex para John Casablancas.
Então fui aos correios, busquei o telex, coloquei no bolso e fui para o
almoço. Chegando lá, o patrocinador me pergunta sobre Casablancas, e
entrego o papel no qual ele con rmava presença. Fechamos o negócio.
No dia 8 de agosto de 1988, no Golden Room do Copacabana Palace, no
Rio de Janeiro, promovemos a primeira nal nacional do concurso da Elite
Model para descobrir novas modelos, na época chamado Look of the Year.
Em 1989 zemos a primeira nal latino-americana, e em 1990 trouxemos a
nal mundial para o Brasil. A Elite Model lançou as modelos mais
importantes do mundo, incluindo a übermodel brasileira Gisele Bündchen. E
eu participei ativamente disso tudo graças à minha visão e entusiasmo; eu, um
sujeito que não falava inglês, não conhecia ninguém da moda e tampouco
tinha um diploma.
Por que contei isso? Porque essa história deixa bem claro que, para ter
êxito como empreendedor, é preciso transformar ideias em negócios de
sucesso. Mas como saber se vale a pena investir em uma ideia? Como saber se
uma ideia é boa? A única forma de saber se uma ideia pode se transformar em
um negócio de sucesso é quebrando a inércia da teoria e colocando a ideia na
prática. É a única maneira. Essa é a minha especialidade: colocar ideias em
prática, fazer sopa de pedra. Vender negócios ambiciosos, audaciosos, com o
melhor tempero.
Seja útil
Parece papo de grupo de apoio motivacional, mas é verdade: ajudar alguém é a
melhor maneira de criar um vínculo, um contato. Isso vai fazer bem para você
também. Essa relação, mesmo que muito rápida, fará você ser lembrado como
alguém e caz, prático, que resolve. Isso ajuda muito a ser visto como um fodido, e
não como um fudido. Ajude quem puder sem querer nada em troca. A pessoa não se
esquecerá de você, e, caso precise dela, será mais fácil se aproximar.
Seja visível
Em tempos de redes sociais, ser visível é um pouco mais fácil do que quando
comecei. Mas nada substitui o contato real, visível, off-line. Quem é visto é sempre
lembrado. Essa é a realidade. Apareça, compareça, vá a eventos, premiações ou
qualquer outro tipo de ambiente relacionado à sua atividade atual ou à que está
disposto a praticar. Converse, fale sobre assuntos interessantes, seja agradável, para
ser lembrado.
Seja criativo
Admito que, vestido de carteiro, sem falar inglês e vencendo pelo cansaço, não foi a
melhor maneira de chegar a John Casablancas no início de minha carreira. Mas
funcionou. Então invente o que der para chegar no contato de que precisa. Cuidado
com os excessos, tenha bom senso, mas não há limites quando se é criativo. A forma
como você vai chegar pode ser qualquer uma, desde que chegue. Seja criativo.
Invente qualquer coisa, motivo ou situação para atingir o contato de que precisa.
Dez práticas para um networking
eficaz
1. Esteja nos lugares.
3. Saiba se expressar.
9. Não desista.
10. Mas saiba a hora certa de deixar para outro dia, para não parecer um mala.
SER PONTUAL. Parece um detalhe insigni cante, mas não é. Não fazer os
esperar é sinal de respeito e consideração.
É
cartão de visita. Não é ligar só quando se precisa de um favor. É criar relação e
amizade verdadeiras. A pessoa tem que dizer: “Poxa, eu gosto desse cara”.
Quando vou fazer um projeto novo – quando abordei John Casablancas ou
Donald Trump (contarei essa história daqui a pouco), ou qualquer que seja a pessoa
–, posso assegurar o seguinte: em um primeiro momento, no primeiro encontro, não
falo nada de negócio! A ideia é estabelecer empatia, sintonia, conexão. Quero saber
quem é aquele cara! Quem é você? Do que você gosta? Qual é a sua agenda? Porque
senão não quero fazer negócio com o cara.
Chega um momento da vida em que você não quer, não precisa e não vai fazer
negócio com qualquer pessoa. Porque você já sabe que vai dar problema. A única
coisa boa à medida que você vai cando mais velho é que você já sabe mais coisas.
Não sabe tudo, não tem bola de cristal, mas sabe muito mais. E saber determinar
com quem você quer estar é uma grande virtude.
É bom quando você tem oportunidade de estabelecer uma conexão, quebrar o
gelo, criar um momento de relaxamento, mostrar seu conhecimento – mas
conhecimento você não mostra com pesquisa, com tecnicalidade. Não. Você mostra
de forma não verbal, com body language, com a expressão, fazendo o cara perceber
sua espontaneidade, que você não está preocupado com as palavras corretas. Não
está preocupado em ler texto, tipo operador de telemarketing, que decora aquilo tudo
e, se for interrompido no meio, não conseguirá continuar a conversa porque não está
preparado para interrupções – se fazem uma pergunta no meio, o operador de
telemarketing ca louco e perde o o da meada. Não se preocupe em errar. Preocupe-
se em ser você mesmo. Essa é a grande diferença.
Este tem sido um de meus mantras – foco e simplicidade. O simples
pode ser mais difícil do que o complexo: é preciso trabalhar duro para
limpar seus pensamentos de forma a torná-los simples. Mas no final
vale a pena, porque, quando chegamos lá, podemos mover montanhas.
– Steve Jobs
Quando ele me recebeu em seu escritório, disse que eu só tinha três minutos para
vender a ideia. Obviamente me pareceu meio antipático. Eu tinha viajado nove
horas para apresentar um projeto em uma reunião – e a reunião fora convocada
por ele. Respondi devolvendo algumas perguntas: se ele sabia que o Brasil tem a
segunda maior frota de jatos privados do mundo e a segunda maior frota de
helicópteros privados do mundo, se sabia que São Paulo é a cidade com maior
número de helipontos do mundo. Se tinha algum conhecimento sobre as vendas
da Ferrari, da Porsche e da Louis Vui on no Brasil.
Quando percebeu que estava sendo comparado a Ferrari, Porsche, Louis
Vui on e outras marcas de luxo, aquilo abriu a mente dele, pois é uma pessoa
muito vaidosa. Então, naqueles três minutos, aconteceu o que chamo de amor à
primeira vista.
Nosso primeiro contato – por telefone – havia sido muito simpático, ele ligou
em resposta a uma carta de recomendação de John Casablancas. As pessoas são
mais acessíveis do que parecem ou do que imaginamos. Ligou curioso por causa da
carta que tinha recebido de Casablancas, um amigo de muito tempo, e queria saber
que história era aquela que a gente queria conversar com ele. Dos 15 minutos que
camos ao telefone, 80% foi falando anedotas – “cadê o John?”, “cadê as
mulheres?”, “como é isso, como o cara deixa Nova York para casar com uma
brasileira?”. Nos dois minutos nais, ele entrou no assunto: “Bom, me conta como
é esse projeto que você tem?”. Expliquei rapidamente, mandei uma apresentação
por e-mail, e ele respondeu já marcando um horário comigo.
Uma semana depois, quando cheguei à reunião, o homem estava de mau
humor e disparou a sentença de morte: “Você tem três minutos”. O que ele queria
dizer mesmo era “Você tem três minutos para ir embora da minha sala”, só não
falou esta última parte. Mas era o que ele queria. O sujeito estava de mau humor,
com problemas, tendo que resolver uma série de questões, não queria ouvir sobre
um negócio novo, não estava no clima para isso.
Só que não me intimidei e consegui virar a dinâmica da conversa. O que z,
faço e gosto de fazer é provocar constrangimento nos outros. Porque o
constrangimento tira a pessoa da zona de conforto. Então, já sabe: se você quiser
me fazer uma ofensa, prepare-se, porque não vou botar o rabo entre as pernas e ir
embora chorando. Não vai acontecer.
Acho que esse nível de atrevimento foi o que chamou a atenção dele para me
ouvir mais. Realmente consegui colocá-lo em uma situação em que ele não tinha
condições de responder, pois desconhecia a realidade brasileira do consumo quase
compulsivo de artigos de luxo pagando um prêmio por termos uma das maiores
cargas tributárias do mundo. No Brasil os produtos custam muito mais caro do
que, por exemplo, nos Estados Unidos. A mesma Ferrari que custa 500 mil dólares
lá, aqui custa mais de um milhão de dólares, e temos la de espera para comprar –
e ele não tinha noção disso. Quando consegui me posicionar na conversa,
mostrando que na indústria de luxo brasileiro já existiam várias marcas com
espaço no mercado, ele abriu os olhos.
Falei então que o mercado imobiliário brasileiro estava maduro para receber
uma marca de luxo e que era o momento dele. Aí acabou. Obviamente a conversa
durou mais de uma hora, depois ele chamou o procurador para que fosse comigo
para uma sala de reunião e não me deixasse sair de lá sem assinar uma carta de
intenções. Vinte e quatro horas depois, saí do escritório com uma carta de
intenções assinada. Isso demonstra o quanto você precisa se preparar
emocionalmente para enfrentar situações que não estão em nenhum livro.
A forma como me adaptei mostra a essência do sucesso em qualquer
negociação. Destaquei quatro princípios fundamentais a partir dessa história, e
conhecer esses princípios é de extrema importância. Só isso não basta, pois
negociação não é uma competência cognitiva, é comportamental. O que importa
mesmo não é o que você sabe, mas como você aplica o que sabe. Portanto, é
necessário transformar conhecimentos em comportamentos e hábitos, o que
requer muito treinamento inteligente.
Tenha sempre na cabeça que, se quiser alcançar um objetivo – e isso só pode ser
feito mediante um acordo com outra pessoa –, você vai precisar negociar. Existem
muitas modalidades de negociação – venda, compra, gerencial, solução de
con itos, sindical, de associações e de joint-ventures. Nas empresas, de uma forma
ou outra, passa-se mais de 60% do tempo negociando. Mas não é só nas empresas.
O casamento também é uma grande negociação, e há quem diga que é a mais
difícil de todas.
Lembre-se: o estado mental e emocional, o foco, a paixão por vencer, ou seja,
a autogestão, bem como a preparação, o motivo dominante de compra e as
perguntas certas fazem a diferença entre sucesso e fracasso. Além disso, não
esqueça: em uma negociação, o simples conhecimento está longe de ser su ciente.
É preciso desenvolver competências comportamentais e hábitos para aplicar o que
se sabe, e isso só é possível mediante um treinamento inteligente em negociação.
Ninguém vai poder dizer: “E se o cara falar que você só tem três minutos? É
impossível”. Já vimos que o impossível não existe. Não se deixe desestabilizar
emocionalmente em uma situação como essa. Porque no fundo, mesmo que
inconscientemente, é isto que o outro quer: desestabilizar você. “Vamos ver se
você é bom mesmo! Fale o que você quer em três minutos!”
Digamos que você queira vender um negócio para Bill Gates, o fundador da
Microso . De repente ele entra no elevador onde você está. Você não está
preparado. A apresentação está na pasta, aquele elevador vai subir, e você vai ter
dois minutos. E aí? Acontece, muitas vezes. Então, naquele momento, você precisa
aproveitar a oportunidade. Se você conhece a sua proposta, a sua ideia, vai ser
possível defendê-la em três minutos. Ou dois, não importa.
Em muito pouco tempo, em poucos segundos ou minutos, você precisa
causar uma primeira boa impressão. Não tente falar bonito, acertar, fazer um
PowerPoint bacana, se não está claro na sua cabeça que você é sua marca mais
importante. E marcas são criadas, construídas, a partir de valores. Ética,
honestidade, inovação, empreendedorismo são atributos da sua marca. Você
precisa se posicionar independentemente do setor em que queira atuar.
Marcas precisam se renovar, senão cam obsoletas. A Coca-Cola se renova, as
grandes marcas do mundo se renovam, e nós também temos que nos renovar, pois
estamos nos vendendo o tempo todo. As pessoas compram você primeiro, não as
suas ideias. Acredite no que estou dizendo. Quando ouvia meu querido amigo
John Casablancas, que não está mais aqui conosco, era a alegria, o entusiasmo de
fazer coisas que atraía as pessoas, que as fazia querer estar perto.
O cara vai olhar para você e em poucos minutos vai sacar se você é full of shit,
cheio de conversa ada, ou se de fato pode entregar o que anuncia. Porque ele sabe
que o desa o de tirar um projeto da dimensão utópica para a dimensão concreta
demanda uma grande jornada. Tem várias etapas, vários processos e várias
di culdades. Seu interlocutor precisa entender que você é aquele sujeito atrevido,
corajoso e destemido que vai entregar. Não tem problema se não der certo, você
vai pelo menos tentar. A pessoa compra essa capacidade, esse entusiasmo.
Se a sua ideia é boa, se você con a nela, foque no que realmente importa. Se
você não é capaz de mostrar entusiasmo em três minutos sem uma apresentação
ou qualquer outro ornamento, possivelmente sua ideia não é tão boa assim.
Vou apresentar a seguir uma série de perguntas que normalmente você vai
ouvir. O curioso é que elas nem sempre perguntam exatamente o que é dito. Na
verdade, a partir da sua resposta, caras como Trump avaliam sua postura, sua
atitude. Isso vale para negociações, para entrevistas de emprego ou para qualquer
tipo de primeiro contato. Vamos lá.
SIGNIFICADO DA PERGUNTA
RESPOSTA
Por que essa ideia é melhor do que outras que você já teve (ou
outros negócios ou empregos)?
SIGNIFICADO DA PERGUNTA
RESPOSTA
No fundo, ele quer saber se você não está simplesmente usando-o para
conseguir nanciamento para o seu projeto. Esses caras não fazem nada que
pareça um gasto, eles precisam acreditar no propósito para “investir”, e não
“gastar”.
RESPOSTA
“Olha, escolhi você porque você faz X ou Y.” A ideia é saber o que move
aquela pessoa. Pode ser vaidade, motivação política, qualquer coisa. Mas
não apenas dinheiro. Você tem que saber o propósito do cara. Estude-o
antes, saiba por onde pode sgá-lo. Seja analítico, frio. Aqui a resposta com
apelo emocional vale mais do que o entusiasmo.
SIGNIFICADO DA PERGUNTA
SIGNIFICADO DA PERGUNTA
Na verdade, ele quer saber qual é o seu propósito agora. O que o motiva. Se
você agiu corretamente até aqui na conversa, já mostrou que conhece o
propósito dele. Já o sgou. Agora ele quer sgar você. Use isso a seu favor.
RESPOSTA
Somos seres sensíveis e intuitivos, para o bem e para o mal. A gente pode condenar
alguém em minutos, sem sequer conhecer a pessoa. Você com certeza já olhou
alguém e pensou: “Não fui com a cara desse sujeito”. O outro não abriu a boca. Às
vezes a gente comete esses erros. Eu já z isso. Em outras vezes, você tem uma
primeira impressão extraordinária e acaba decepcionado. O que estou dizendo é
que o processo mental de pré-julgamento existe e é muito forte. Não subestime
essa capacidade – tanto de avaliar outras pessoas, quanto de se posicionar, pois
você também está sendo avaliado pelos outros o tempo todo. Estamos nos
avaliando e avaliando outras pessoas o tempo todo, sem parar.
Pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. A maneira como você se
relaciona com as pessoas, por mais importante que você seja, por mais autoridade
que tenha, por mais dinheiro que possua, por melhor que seja a vida que tenha
construído. Nada justi ca você perder o contato com as pessoas, não ter a
simplicidade e a humildade de apertar a mão de um funcionário e olhar nos olhos
dele todos os dias.
Donald Trump tem um diferencial: ele fala o que pensa – e o que a maioria
das pessoas pensa, mas não tem coragem de falar. Ele se atreve a tocar em assuntos
muito delicados que a comunidade política – porque é política – não tem coragem
de falar. O político tem que ser politicamente correto. Trump é politicamente
incorreto. Esse é o diferencial dele, a marca registrada. Não importa se você
concorda com ele ou não, se tem posições e convicções políticas diferentes. Aqui
estamos analisando a postura dele. Que deu certo. Trump foi eleito presidente dos
Estados Unidos. Está tocando em temas muito sensíveis, e o público está gostando.
Ele é uma pessoa com capacidade intimidadora.
Você encontrará muitos Trumps em sua jornada, disso não tenho dúvida. E
sim, eles serão arrogantes, como aconteceu comigo: “Você tem três minutos para
apresentar sua ideia”. Ao escutar isso, não haja como um fudido, colocando o rabo
entre as pernas. Nesse estágio, antes mesmo de falar da sua ideia, sua postura e
atitude são o que conta. Seja capaz de apresentar sua proposta nesse espaço
mínimo de tempo. Se você realmente acredita na sua ideia, vai ser capaz.
O poder do entusiasmo
Agora, deixando de lado a fachada arrogante, aprendi bastante com o atual
presidente norte-americano. Donald Trump reforçou algumas convicções que eu
tinha. Ampli cou muito um conceito em que acredito e que ele defende com
veemência dizendo: “Se você não promover sua própria história, sua própria
marca, ninguém vai fazer isso. Você é a sua melhor marca”. Ele é mestre nesse
negócio. “Você é a sua melhor marca.” Valorize-se, promova-se o máximo que
puder, porque os outros não o farão. Eles nem saberão que você existe se você não
zer esse trabalho. No m das contas, é isso que faz você resistir aos altos e baixos.
Trump não vende apartamentos. Vende sonhos. Vende uma demanda
reprimida. Vende uniqueness, o que é exclusivo, premium, para poucos. As pessoas
querem acesso a isso. Trump criou uma marca e a posicionou muito bem. Criou
um objeto de desejo. Ele faz isso muito bem, é o Midas desse negócio.
Claro que Trump tirou imenso proveito de algumas oportunidades. Por
exemplo, quando se tornou apresentador de e Apprentice, que foi um grande
sucesso na TV. O programa deu a ele uma face pública. Mesmo explorando o lado
um pouco desagradável e caricato de Trump, as pessoas acabaram achando-o mais
simpático. E isso virou uma marca registrada. No programa de TV, ele alimentava o
sonho da oportunidade, da volta por cima. Trump aproveitou muito bem o espaço
midiático, criou uma plataforma incrível, se tornou muito mais popular. Com
certeza isso alavancou sua vida política, sua fama se expandiu dos cassinos em
Atlantic City e dos hotéis e empreendimentos de luxo. Ele adquiriu outra
dimensão, não só nacional, mas também internacional.
Trump é muito hábil e tem capacidade de se expor e de colocar sua opinião
com muita força, com muita convicção. Se ele acredita, mas você não, ele fará você
acreditar. E é isto o que importa: fazer-se acreditar. Confesso que foi uma
experiência muito interessante a que vivi com ele. Desfrutei muito desse
relacionamento pontual. Não desenvolvi com Trump a mesma amizade que
construí com John Casablancas, que era muito mais íntima e cúmplice, tipo pai e
lho, pois havia uma diferença muito maior de idade, era outro momento.
Com Casablancas eu era um aprendiz que acabou desenvolvendo um
relacionamento com o mestre e passou de aprendiz a mestre, porque, depois de
um tempo, já não havia mais uma relação de dependência, mas de parceria. Com
Trump foi uma relação interessante de admiração, de curiosidade. Tivemos
momentos muito simpáticos e muito bacanas e desenvolvemos uma amizade.
O projeto da Trump Organization no Brasil nunca saiu do papel, acredite se
quiser. Ganhei muito dinheiro porque criamos um fundo de investimentos aqui,
capitaneado pelo nome Trump. Ele não investiu um tostão, era dinheiro de
investidores brasileiros. Constituímos a companhia, compramos a propriedade,
desenvolvemos os projetos, assinamos os contratos de arquitetura, e em
determinado momento houve um con ito entre mim e os sócios, que queriam
seguir outro caminho. Um dia, na reunião do conselho de administração, meus
sócios disseram: “Achamos que a marca Trump não agrega valor ao projeto”. O que
você responde para um grupo de acionistas desse tipo? A única coisa possível:
“Entendo, respeito, mas não compartilho”.
Em função dessa crise, vendi minhas participações superbem. Graças a esse
negócio não ter saído do papel, mudei completamente a dimensão da minha vida.
Continuei amigo de Donald Trump, prospectamos negócios, olhamos outras
coisas e construímos uma relação muito positiva, uma agenda muito positiva. Às
vezes os negócios não dão certo, mas as pessoas e as relações são preservadas. Isso
é o mais importante. Essa é a grande mensagem aqui. Isso a gente tem que
valorizar.
O maior patrimônio que temos de construir, na minha opinião, chama-se
entusiasmo. É o maior patrimônio que você pode deixar de herança para um lho.
A crença de que ele pode fazer o impossível, de que ele pode e deve acreditar no
sonho dele, de que ele deve perseguir o sonho dele. E a crença de que ele não deve
admitir que ninguém destrua ou questione a capacidade de fazer o impossível,
mesmo que de início ele não tenha tal capacidade. Com entusiasmo ele poderá se
expor, tentar, arriscar, porque, no m das contas, é isso que vai fazer dele uma
pessoa diferente.
Mesmo que suas ideias não deem certo, mesmo que seus projetos fracassem,
você vai ter construído a reputação de agregador, de empreendedor da vida, de
entusiasta. Não apenas empreendedor de negócios, mas também empreendedor
da vida. Quando emprestei minha capacidade empreendedora para trazer ao Brasil
uma campanha contra o câncer de mama que impactou diretamente mais de dez
milhões de mulheres (vou contar essa história mais adiante), construí um
propósito de vida. A gente tem que ter uma visão maior.
Não tem nenhum problema ser rico, conquistar coisas materiais. Isso é
consequência. Ser rico não é objetivo, ser rico é consequência. Acumular um
patrimônio é consequência de uma trajetória de histórias de sucesso que você
conseguiu construir. Mas a trajetória também tem muitos fracassos.
Agora, qual é o seu propósito de vida? O que faz você erguer a cabeça quando
enfrenta um momento de escuridão? Você é maior do que as ideias que tem. Você
é maior que o negócio que tem. Você é um entusiasmado, é um transformador de
vidas, um agregador.
Mudar a percepção e a consciência das pessoas é o meu propósito hoje. Isso é
que faz a diferença. É isso que nos faz seres humanos melhores e maiores. Porque
um dia a gente vai morrer e vai deixar um legado. Ou não vai deixar nada nesse
mundo. Você decide.
Deixar alguns milhares de dólares, ou mesmo milhões de dólares, pode ser
que não sirva para nada e não transforme a vida de ninguém. Mas, se você
construir uma vida de realizações e tiver um propósito, aí, sim, vai impactar outras
pessoas. Elas vão acreditar, como você, que podem fazer o impossível. E, se elas
acreditarem nisso, você terá feito uma imensa transformação e algo de positivo
nesse mundo.
Você deve ter uma ideia “ardendo” dentro de você, ou um problema, ou
um erro que queira corrigir.
Se não tiver paixão suficiente desde o início, você não vai chegar até o
final.
– Steve Jobs
INDEPENDENTEMENTE
DE QUAIS SEJAM
OS SEUS VALORES,
ACREDITE
QUE VOCÊ
PODE!
Você não vai car dependendo de que eu ou alguém faça alguma coisa para
chegar lá. Posso até abrir a porta para você, não tem problema nenhum. Sua
ideia é boa? Se eu gostar e acreditar, vou pegar o telefone e posso apresentá-lo
a alguma pessoa. Não estou endossando, estou facilitando. Não tem
problema, a vida é isso, é legal fazer isso. Agora, você está pronto?
Eu digo o seguinte: uma ideia mais ou menos boa com um cara muito
bom arrebenta. Uma ideia muito boa com um cara muito ruim – um fudido –
não sai do papel, porque o sujeito vai estar sempre procurando a forma
perfeita, o momento perfeito. “Agora o mercado está ruim, não podemos fazer
isso. Agora o mercado está horrível, então vamos guardar na prateleira.”
Não existe momento perfeito. Quem faz o momento somos nós. Quem
cria o produto somos nós. Não é o cliente que diz qual produto ele quer
comprar. Somos nós que dizemos a ele qual produto ele tem que comprar.
Senão, que papel nós temos nesse mundo? Se o cara vai dizer o que eu tenho
que falar, não tem graça. A ideia aqui é criar a partir do nada uma coisa que
cresce como bola de neve, se materializa rapidamente, é bonita, acontece, e
tudo isso sem sofrimento.
Um dia eu estava tomando café em Nova York com minha mulher, uma
artista plástica e escultora muito talentosa. Ela adora tudo da Nespresso. Me
enlouquecia com isso. Queria máquina da Nespresso, cápsula da Nespresso
etc. Ao observar um painel feito de cápsulas exposto em uma mesa da
cafeteria, ela disse: “Nossa que bonito. Acho que eu poderia fazer uma obra,
uma instalação com essas cápsulas”. De repente me deu um estalo.
“Calma, estou aqui visualizando uma possibilidade”, eu disse a ela.
“Lá vem você com suas loucuras”, replicou ela.
“Calma, preste atenção no raciocínio. Temos aqui cápsulas de alumínio
que poderiam se transformar em pixels físicos. Que tal se as diferentes cores
dessas cápsulas pudessem se transformar em uma paleta de cores?”
Imagine juntar 150 mil cápsulas e criar uma coleção de arte retratando
grandes personalidades do mundo e expor em uma galeria do Soho, bairro de
Nova York famoso pela enorme oferta nas áreas de cultura e entretenimento.
Nada mal para quem nunca pintou nada – a não ser o sete. Imagine também
estar na parede de grandes guras como o escritor best-seller Paulo Coelho,
Donald Trump e Mark Zuckerberg, do Facebook. Bem, tudo isso é muito
bacana, mas o objetivo da ideia não era demonstrar uma capacidade criativa
ou me lançar no mundo das artes, não havia essa ambição.
Percebi a possibilidade de reciclar aquele material às vésperas de ser
descartado, transformando-o em algo e transmitindo uma mensagem ao
mundo. Na hora, visualizei uma celebração à excelência, uma homenagem a
pessoas que tiveram trajetórias signi cativas, como Nelson Mandela, Marilyn
Monroe, Lady Di, Barack Obama, Pelé, Ayrton Senna. Enxerguei claramente
o que seria, mas não tinha ideia de como fazer. Até encontrar por acaso um
velho conhecido dias depois, em outro país. Era o fotógrafo Reinaldo Coser,
mais conhecido como “O Colecionador”. Foi na casa dele, há 25 anos, que
tive o primeiro contato com a história da Elite ao ler a reportagem na revista
Photo e tive o estalo de trazer a agência de modelos para o Brasil. Reencontrei
esse cara um quarto de século depois na la do aeroporto de Guarulhos, indo
para Miami.
Fomos juntos à Arte Miami, uma exposição patrocinada pela Nespresso, e
falei da ideia para ele. Reinaldo, um a cionado colecionador de Lego,
recomendou um so ware livre na internet que os colecionadores usam para
criar seus painéis. Fiz o download desse so ware que desconstrói imagens e
constrói painéis com peças de Lego e simulei o primeiro painel com Angelina
Jolie. Quando enxerguei Angelina construída por aquelas pecinhas, falei: Isso
funciona! Mas o so ware não fazia com as cápsulas de café o que fazia com as
peças de Lego.
Fui em busca de outras fontes. Expliquei minha ideia para outro querido
amigo, Wellington Amaral, grande diretor de cinema publicitário e diretor de
arte talentosíssimo, com quem tenho relação de muitos anos. Ele pediu um
tempo e logo apareceu com a solução de nitiva. Fotografou as cápsulas nas 12
cores, no Photoshop substituiu os pontos xos pelas cápsulas e montou o
primeiro painel para mim, do ex-presidente norte-americano John Kennedy. E
fez tudo isso sem nenhum interesse comercial.
Eu sou o porta-voz, o visionário, mas não faço nada sozinho. Tive a ideia
em novembro de 2008. No dia 24 de dezembro, veio a con rmação do apoio
da Nespresso com a doação de 150 mil cápsulas, recebidas na primeira
semana de janeiro. O primeiro quadro, de Kennedy, cou pronto ainda em
janeiro de 2009. O painel foi doado para uma instituição comandada por um
sobrinho de JFK, a Best Buddies, que cuida de crianças excepcionais. A
primeira exposição foi em Boston, em fevereiro de 2009.
O importante desse projeto, que recebeu o nome Pixtures, era enviar a
mensagem de que, juntando pontos, você pode criar uma nova visão.
Também era preciso um propósito. Então decidimos doar, para grandes
instituições lantrópicas ao redor do mundo, o acervo produzido. Imagine
poder oferecer suporte a instituições como a Liga de Combate ao Câncer de
Genebra, que, em um baile de gala oferecido pela Fundação Polo Ralph
Lauren, arrecadou 30 mil francos suíços vendendo uma das peças doadas por
nós.
Ainda foram realizadas exposições em Montreal, no Canadá, e no Soho,
em Nova York, de 18 de junho a 6 de julho de 2009, em uma galeria belíssima,
de sete mil pés quadrados, na esquina mais badalada no bairro. Estiveram lá
Afonso de Mônaco, sobrinho do príncipe Alberto, que foi receber o quadro
de Grace Kelly que doamos para a fundação dela; o embaixador do Brasil nos
Estados Unidos; o presidente do British Memorial Garden de Nova York,
uma instituição criada em memória de Lady Di, à qual foi doado o quadro da
princesa.
No Brasil, para mim, era importante demonstrar a possibilidade de pegar
um objeto tão inexpressivo como uma coisa usada que vai se tornar lixo e, a
partir de uma ideia criativa, de um esforço para empreender, juntar as pessoas,
obter o apoio de uma empresa, criar um tema e desenvolver o projeto. Mostrei
que poderia transformar lixo em obra de arte.
Isso é propósito. Projetos precisam de propósitos, pessoas precisam de
propósitos na vida. Não é simplesmente ser um veículo ou instrumento
operacional repetitivo com o intuito de sobreviver. Você pode optar por uma
vida maior. Para isso, precisa responder algumas perguntas.
No que você acredita? Quão longe você iria por um sonho? Você está
batalhando por seu sonho? Ou está esperando seu pai pagar a passagem ou
alguém pegá-lo pela mão e levá-lo até lá? Você está disposto a ser carteiro?
Está disposto a correr atrás de uma oportunidade do outro lado do Atlântico?
Você tem coragem de correr riscos? Esta é a única forma de conseguir: ter a
coragem de errar, de cair e levantar, construir aquela que é a maior virtude do
empreendedor – a resiliência, a capacidade de cair e levantar
sistematicamente até acertar.
No pain, no game
O visionário Nolan Bushnell, fundador da Atari e primeiro empregador de
Steve Jobs, é um exemplo do que estamos falando. Bushnell foi o Steve Jobs
da sua época. Naquele tempo, a Atari, fabricante de videogames e outros
produtos eletrônicos, era uma espécie de Apple de hoje. Bushnell e a Atari
foram um divisor de águas no processo que impulsionou os videogames ao
patamar de uma das maiores indústrias de entretenimento do mundo hoje.
Quando eu era garoto, levava os consoles Atari dos meus amigos a uma
o cina eletrônica para fazer a transcodi cação. Foi uma das minhas primeiras
atividades na busca do meu espaço, no meu caminho empreendedor. Eu era
um moleque inquieto, sempre querendo fazer alguma coisa, ganhar um
dinheiro para poder ter a minha independência. O cara da o cina eletrônica
me cobrava preço de revendedor, o que me proporcionava uma margem de
lucro de 100%. Ele cobrava 100 no balcão, mas de mim cobrava 50; então,
depois da escola, eu pegava um ônibus, levava os consoles lá e ganhava 50.
Assim z meus primeiros dólares. Acho que foram US$ 300 que ganhei só
fazendo esse serviço. E usei o dinheiro para investir na minha equipe de som,
aquela que já mencionei, depois de levar foras das meninas.
O que acabou acontecendo é que abordei Nolan Bushnell, contei essa
anedota de que havíamos trabalhado juntos, ele achou muito divertido e me
convidou para almoçar.
“O que você quer de mim?”, perguntou ele depois de três garrafas de
vinho.
“Quero que você patrocine um projeto meu”, respondi.
“Tudo bem, eu adoraria, mas o problema é o seguinte: estou quebrado.
Estou literalmente falido.”
Disso cou uma mensagem muito interessante, que é: NO PAIN, NO
GAME. Não é o tradicional NO PAIN, NO GAIN, sem dor, sem ganho. É
NO PAIN, NO GAME mesmo, ou seja, sem dor, sem jogo. Com suas
ascensões e quedas, Nolan Bushnell adquiriu uma bagagem enorme e uma
autoridade para falar aos jovens que querem se aventurar em ser o próximo
Steve Jobs. O primeiro livro que ele lançou, inclusive, chama-se Finding the
Next Steve Jobs (Encontrando o próximo Steve Jobs).
Acredito muito no que o saudoso Roberto Civita, grande empresário
brasileiro na área editorial, dizia: “O sucesso inspira as pessoas sem dúvida
nenhuma. Mas é o fracasso que ensina”. Essa é a bandeira da Escola da Vida,
um projeto que desenvolvi com o empresário Janguiê Diniz e que explicarei
mais adiante. É inspirar pelo sucesso, mas fazer com que as pessoas realmente
aprendam pelo fracasso, aceitem o fracasso como uma possibilidade.
Fracasso não é uma obrigação. Você pode ter sorte. Agora, confesso a
você: se alguém que não teve nenhum fracasso me propõe um negócio, esse
cara eu não quero. Eu descon o. Porque ele é virgem. Não tem a malícia
necessária para poder enfrentar um primeiro problema – porque vai
acontecer! Pode ter certeza. Se pode ter um problema, terá.
A Lei de Murphy existe, sim. Se alguma coisa puder dar errado, dará. As
coisas nascem para dar errado. A verdade é que as possibilidades e as
probabilidades de dar errado são enormes. Então temos que ter quase uma
paranoia para minimizar as possibilidades de dar errado, para daí fazer dar
certo. Ou pelo menos diminuir as chances de dar errado. É um processo
comportamental que você assume, transforma em hábito e passa a aplicar em
tudo na sua vida.
Além disso, sorte é uma questão de talento. Vou explicar melhor. Em
todas as fases de consolidação de qualquer ideia, é possível detectar a
combinação constante de intuição e planejamento estratégico. É isso que
ocorre na hora de abordar os investidores, de escolher os colaboradores e de
reunir todas as pessoas certas, no momento certo, para que o projeto se
viabilize. Quando as coisas dão certo, muitas vezes pensamos na frase “O
universo conspira a favor”. Tudo vai se encaixando, “coincidências” facilitam o
caminho, e a sorte parece estar do nosso lado – quem já não teve essa
sensação?
Mas, se pensarmos bem, a chamada “conspiração do universo” não é algo
místico ou sobrenatural, que nos bene cia de forma aleatória, sem que
tenhamos feito absolutamente nada para isso. Fizemos, sim – e muito.
Intuímos, planejamos, persistimos, trabalhamos, mantivemos a convicção em
nossos propósitos e, apesar de todos os obstáculos, não permitimos que o
entusiasmo esmorecesse.
E então todo esse esforço começa a dar frutos. As pessoas certas
aparecem, não por sorte, mas porque as atraímos com nosso entusiasmo. As
oportunidades surgem, não por acaso, mas porque preparamos o terreno para
que pudessem surgir. Dá para dizer o seguinte: muita gente pensa que ter
talento é questão de sorte; poucas pessoas, no entanto, pensam que a sorte
possa ser questão de talento.
Vender uma ideia em três minutos não é uma questão de sorte. É uma
questão de saber ouvir a intuição, saber se preparar, saber como causar uma
boa impressão e saber como corresponder às expectativas. Tudo isso pode ser
aprendido e aprimorado.
Existem dois tipos de pessoa que dirão que você não pode fazer uma
diferença no mundo: aquelas que têm medo de tentar e aquelas que
têm medo de que você realmente consiga.
– Ray Goforth
Em 1994 eu estava nos Estados Unidos durante a semana de moda de Nova
York e vi um movimento dessa indústria chamando a atenção para um
problema seriíssimo: 7 em cada 10 mulheres norte-americanas têm pré-
disposição para desenvolver câncer de mama. Sob a liderança de Ralph
Lauren, um dos ícones da moda norte-americana, criou-se uma camiseta para
conscientizar a população, arrecadar fundos e apoiar investimentos e
pesquisas no tratamento do câncer de mama. Vi a camiseta na vitrine da
Ralph Lauren, achei a ideia legal, entrei na loja e comprei duas camisetas, 15
dólares cada. Pedi à secretária de John Casablancas que me conseguisse o
press release da campanha. Cheguei ao Brasil e pensei: “Vou colocar meu
espírito empreendedor a serviço de uma grande causa social”.
Descobri que as mulheres brasileiras têm o mesmo potencial de
desenvolver câncer de mama, com a diferença de que têm muito menos
conhecimento a respeito. Com a falta de conhecimento, com a falta do
autoexame, com a falta do “toque”, muito mais mulheres no Brasil morrem de
câncer de mama. Pensei que era chegada a hora de fazer alguma coisa pelo
social. Como eu disse, precisamos ser movidos por um propósito.
Peguei as duas camisetas que havia comprado, fui a Blumenau e sentei
diante de Fábio Hering, presidente da Companhia Hering, na época a maior
fabricante de camisetas do Brasil, uma das maiores indústrias têxteis do país.
Apresentei a ideia, e ele falou: “Bellino, desculpe contrariá-lo, mas essa
campanha não vai dar certo aqui”.
Fábio perguntou quantas camisetas haviam sido vendidas nos Estados
Unidos, respondi que 300 mil. Ele calculou que no Brasil não venderíamos
nem 30 mil, pois somos um décimo dos Estados Unidos. E, mesmo que
conseguíssemos as modelos e as páginas de publicidade de graça – o que ele
julgou impossível no primeiro momento –, teríamos que arcar com o custo de
produção, e a venda de 30 mil camisetas não seria su ciente para viabilizar o
projeto.
“Fábio, não vim aqui perguntar o que você acha da campanha. Vim aqui
para dizer que vou fazer a campanha e perguntar se você me apoia”, enfatizei.
Ele disse que sim, que me apoiaria, se eu comprasse as camisetas.
“Vim aqui pedir camiseta de graça?”, retruquei. Observem como o cara
vai usando os argumentos.
“Mas olha, vou dar um conselho de quem entende desse negócio: o
pessoal que é estilista de moda não gosta de pagar conta, não, é tudo no
cartório. Adoram des le, champanhe, ashes, Caras, mas pagar conta não é
com eles, não”, advertiu Fábio.
Reiterei que faria a campanha de qualquer maneira.
“Depois não diga que não avisei”, nalizou ele.
E se eu tivesse escutado esse cara que é meu amigo, boa gente, boa-praça?
E se eu tivesse desistido na primeira negativa? Não teria lançado uma
campanha que vendeu 10 milhões de camisetas e arrecadou mais de US$ 50
milhões na década de 1990 para o tratamento e pesquisa do câncer de mama,
salvando milhares de vidas e tornando-se um exemplo que a instituição
americana Fashion Targets Breast Cancer franqueou em mais de 20 países.
Não acredite nos ditos especialistas, naqueles que têm autoridade para
destruir seu sonho. Ninguém tem essa autoridade sobre você, mesmo que
tenha autoridade sobre determinada área ou assunto. Corra o risco de errar.
Erre. Caia e levante-se pelas próprias pernas, mas não deixe que ninguém o
convença de que você não pode levar uma ideia à frente, de que não pode
acreditar no seu sonho. Essa é de fato a maior mentira do mundo.
Com a campanha do câncer de mama, aprendi mais uma lição da escola
da vida: quando alguém quer convencê-lo a não fazer alguma coisa, usa os
maiores argumentos do mundo, faz até curso em Harvard para convencê-lo a
não fazer. Tive o privilégio de conhecer, de fazer negócios e ganhar e perder
com grandes guras quase mitológicas do mundo moderno, mas nem mesmo
elas seriam capazes de me fazer desistir dos meus sonhos, por mais que
fossem autoridades em suas áreas de atuação.
Aprendi muito com pessoas inspiradoras, mas aprendi muito mais com as
que tentaram e tentam sistematicamente sabotar as minhas ideias, iniciativas e
sonhos. E a essas guras eu de fato rendo uma homenagem todas as vezes que
tenho oportunidade de compartilhar minhas histórias.
Imagine a extensão do desastre que as pessoas do contra podem causar
na sua vida. E quero dizer mais uma coisa: você não pode se livrar delas, não
há hipótese de se livrar dessas guras. Certamente você conhece várias. Estão
muito mais próximas do que você gostaria que estivessem. Mas elas existem e
nasceram para nos incentivar.
A cada Sadim que encontrei na vida, subi um degrau para enxergar meus
horizontes mais de cima e mais ao longe, com muito mais acuidade e atenção.
Não deixe que os Sadins alcancem o grande objetivo deles, que é destruir o
seu sonho. Os Sadins se nutrem da inveja e da vaidade, que são as piores
características que um ser humano pode ter.
Se você não está disposto a arriscar o básico
terá que se contentar com o ordinário.
– Jim Rohn
QUANDO
O CARA TEM
MEDO DE ERRAR,
NÃO ARRISCA.
ANDA COM O
FREIO DE MÃO PUXADO.
A noção de risco faz com que ele se limite a determinado contexto, para diminuir o
erro. Então ele não ousa, não tem coragem e ca paralisado. Um dos erros fatais é a
falta de coragem para fracassar. O ser humano não quer fracassar, e isso gera um
dilema: “Se eu tentar e errar, vou car deprimido, então não vou tentar”. Esse círculo
vicioso é paralisante, você não consegue se expandir, desenvolver e dar o próximo
passo.
A noção do risco, de acreditar que é no erro que você vai aprender, é
fundamental. Não adianta causar uma boa primeira impressão e ser uma pessoa sem
É
convicções, sem a autoestima necessária para seguir em frente. É preciso saber que
você só vai aprender caindo. E que é no erro que você vai aprender mais. Na minha
opinião, esses são os pilares de uma vida de sucesso. Não sou especialista em nada,
mas tenho uma visão e consigo reunir pessoas em torno desse movimento, desse
sentido de empreender. Eu contrato especialistas. O mundo está cheio de
especialistas.
Não preciso ser chefe de cozinha para montar um restaurante. Se eu tiver uma
ideia e acreditar que essa ideia pode ser vencedora para montar certo tipo de
restaurante, vou achar o melhor cozinheiro do mundo e pagar a ele um salário, o que
é muito mais barato do que perder tempo tentando aprender uma coisa que não
terei talento para fazer.
É consciente do futuro.
É imaginativa.
É visionária.
2. APRENDA A RELAXAR
Conforme já foi dito, é preciso parar de vez em quando para poder ouvir a
intuição. Práticas meditativas ajudam, mas quem não se sente inclinado a
isso pode, pelo menos, aprender a soltar-se e relaxar. Reserve um tempo
para si, dedique-se a seus hobbies e interesses pessoais, respeite suas
necessidades; assim, estará dando mais espaço para sua voz interior se
manifestar.
4. CULTIVE RELACIONAMENTOS
Por que algumas pessoas conseguem fazer avaliações precisas de alguém
que acabaram de conhecer, enquanto outras fazem avaliações imprecisas?
Por serem mais intuitivas? Não necessariamente. Seria mais correto
a rmar que são mais propensas a fazer avaliações instintivas acuradas
porque se dedicam a cultivar relacionamentos. O contato, a interação e o
interesse as tornam mais experientes e sensíveis no trato com outros seres
humanos, o que estimula a intuição na hora de formar a impressão inicial
de um recém-conhecido. Conforme explica David Funder, professor de
psicologia da Universidade da Califórnia: “Um bom juiz de caráter não é
alguém mais esperto; é alguém que passa mais tempo relacionando-se com
pessoas”.
Não é a mais forte das espécies que sobrevive,
nem a mais inteligente, mas a que melhor
responde às mudanças.
– Charles Darwin
AS PESSOAS
NÃO ESTÃO
PREPARADAS
PARA DAR CERTO.
ESTÃO PREPARADAS
PARA ACEITAR
QUE DERAM ERRADO.
Estar pronto para dar certo é muito mais complexo do que parece. Porque,
quando uma ideia dá certo, meu amigo, tem um trabalhão pela frente. Se você
já está em dúvida se sua ideia é boa ou ruim, há grandes chances de que seja
ruim mesmo. Então, você precisa ter certeza de que sua ideia é fantástica.
Porque, se a sua ideia for ruim, não adianta. Pode ser amigo de Donald
Trump, mas ele vai dizer: “Olha, gosto muito de você. Está convidado para
almoçar na minha casa, mas sua ideia é horrível”.
A ideia precisa ser disruptiva. Se a sua ideia é extraordinária, as chances
são muito maiores. Em segundo lugar, é preciso ter coragem de apresentar a
ideia sabendo que você pode obter um “não” como resposta – já falamos disso
aqui. Acredito que, no momento em que você tem uma ideia extraordinária e
tem a postura necessária, você tem por onde começar.
Ninguém quer ser cliente, todo mundo quer ser parceiro, todo mundo
quer ganhar junto. Esse é o discurso que todo mundo quer ouvir. O cara não
quer ouvir que você quer bater a carteira dele, tirar um cheque dele.
Especialmente em um momento de crise, quando todo mundo está
demitindo, cortando custos. A pessoa quer ouvir a resposta para a seguinte
pergunta: “Como é que, trazendo a sua ideia para o meu contexto, nós
podemos ganhar juntos?”. Essa conversa soa como música nos ouvidos das
pessoas. É o que todos querem ouvir. Se a sua ideia é muito boa e se a sua
postura não é de fudido, pode ser que dê certo. Acredito em postura e atitude,
obviamente baseadas em uma superideia. Se você não tiver essa ideia, meu
amigo, volte para casa e continue pensando até achar uma.
A capacidade, a dinâmica de pensar de forma serial e desenvolver coisas a
partir da crença de que “eu posso” é a alma deste livro. Isso é deixar de ser
fudido! Mantenho a motivação em tudo o que acredito ou quero porque
aceito o princípio de que aprendo errando. Então não importa se vai
realmente funcionar no m. Não admito me arrepender por não ter tentado.
Esta é a minha convicção, a minha visão de mundo, é nisto que acredito: a
gente tem que se expor, tem que correr risco, porque o risco é inerente ao
ensinamento, ao aprendizado que se tem todos os dias. Meu desa o é
transformar possibilidade em probabilidade. É esse o grande jogo da minha
vida.
As ideias nascem com enormes possibilidades de dar errado, haja vista as
estatísticas de mortalidade das empresas, haja vista quantos business plans são
deletados ou colocados em uma pasta no computador sem nunca sair do
papel. Falta o quê? Falta convicção, perseverança. Se estou neste mundo,
tenho que me provar capaz de crescer e de desenvolver relações, negócios,
sustentar minha família e criar prosperidade. Sou um cara motivado por esses
desa os. É isso que me apaixona.
Você pode, sim, se acreditar que pode. Você pode qualquer coisa. Porque
a maior mentira do mundo é que você, por não ter dinheiro, diploma, amigos
importantes, não pode se dar o direito de sonhar. Se você acredita nisso,
infelizmente coloca a vida dentro de uma caixa e está fadado à mediocridade e
a viver de lamentações e de desculpas para justi car por que não fez as coisas.
Isso é ser fudido. Acho que temos que usar nossa energia para contar as
histórias do que pelo menos tentamos fazer. E as histórias de tudo que
aprendemos ao longo do caminho, porque o caminho é muito mais divertido
do que a reta nal. É o que você aprende no caminho, como vê a paisagem, os
problemas, as pessoas que conhece, os relacionamentos que cria, os tombos
que leva.
Uma criança só aprende a andar porque cai. Cai, levanta, cai, levanta, cai,
levanta. A gente esquece isso, acha que cair não é bom. Cair é bom! Porque
ajuda, reforça as convicções, aprimora a sensibilidade. O sucesso muitas vezes
cria uma espécie de arrogância, então há momentos em que você precisa rever
isso. Mudar o rumo é saudável.
Vou contar uma história de como me reinventei em um novo projeto a
partir de um episódio absolutamente corriqueiro. Um querido amigo
chamado Roberto Kasinski, lho do grande empreendedor brasileiro
Abraham Kasinski, fundador e presidente da fábrica de autopeças Cofap, vive
em Miami há muitos anos. Um dia vem à minha casa e diz: “Tenho um
presente para você”. Era uma garrafa de óleo de oliva italiano da marca Bellino.
Achei engraçado, deixei o azeite exposto na cozinha, contei para os meus
amigos. Aí tive um estalo: quem sabe um dia encontro esse e outros produtos
Bellino na prateleira do supermercado? Por que não transformar essa marca,
esse produto, ativar e criar uma franquia de restaurantes nos Estados Unidos?
Bom, daí descobri que o azeite Bellino faz parte de um grupo que é o
maior importador e distribuidor de produtos italianos nos Estados Unidos há
mais de 50 anos. Seis marcas. A marca principal, com mais de 900 itens, é a
Bellino. Consegui o e-mail do presidente da empresa de capital fechado, um
ítalo-americano. Ao me preparar para a reunião, descobri que no norte da
Itália, na divisa com a França, existe um vilarejo chamado Bellino, com 115
habitantes, que parece saído de uma prancheta da Disney. Marquei uma
audiência com o prefeito de Bellino, eleito por 70 votos. E montei um
conceito.
Você está pensando que criei uma rede de supermercados, ganhei
milhões? Ou que quei sócio do cara da marca e também ganhei muito? Pois
bem, não foi assim. No m das contas, juntando os dois contatos, criei uma
escola de chefs para dar oportunidade às pessoas daquela região. Comecei um
novo projeto do zero com a mesma energia, paixão e engajamento que tinha
na adolescência.
Viu como a primeira ideia não deu certo? Mesmo assim, do limão z uma
limonada. Tudo bem mudar a rota às vezes. Isso é adaptação, mudança de
rota, mas o objetivo continua. A atitude é o que importa. Consegui chegar ao
meu objetivo, realizei o projeto, mesmo tendo que mudar a ideia inicial.
Espero que você tenha mudado o mindset (mentalidade) das suas atitudes. Gente
que começou do zero ou com pouquíssimos recursos não tinha nada além de sua
crença somada a uma vontade avassaladora de fazer algo acontecer. Isso é um
mindset vencedor. E os resultados surpreendentes não vieram da noite para o dia,
nem na primeira tentativa. (Mesmo que, em alguns casos, com a atitude certa,
possam aparecer muito mais rápido do que esperamos. Pudemos comprovar esse
fato em algumas das minhas histórias.) Seja resiliente como uma mola e ágil como
um tubarão.
Para fazer um resumo bem prático de tudo que você aprendeu aqui, vamos
destacar alguns assuntos:
ACREDITE: nada é impossível, você é capaz. A vida é foda, mas você é mais!
Agora você sabe o que signi ca ter sangue nos olhos. A diferença está em colocar
isso em prática dia após dia, enfrentando desa os com uma nova visão. Posso
garantir uma coisa: as di culdades não têm preconceito. Não escolhem pobre ou
rico, não importa se você tem pouco estudo ou um monte de diplomas na parede,
elas vêm para todos.
Mas, assim como as di culdades, a fé em si mesmo e a capacidade de se
construir sozinho valem para todos. Todo mundo pode evoluir continuamente.
Todas as pessoas bem-sucedidas têm uma coisa em comum: assumem o
compromisso consigo mesmas para valer. Esse processo não é mágico. Não é preciso
nenhum poder sobrenatural para conseguir. Tudo está mais relacionado à
persistência do que a milagre.
Fodão, sonhe grande, sempre com os dois pés na realidade, mas fazendo
acontecer todo dia. Realize uma mudança mesmo que pequena hoje e crie esse
hábito. Você vai car viciado no gosto do sucesso logo na primeira meta alcançada,
vai comprovar que é possível e então partirá para a próxima mais con ante. Em um,
cinco, ou dez anos, terá feito grandes mudanças na sua vida. E vai ser foda!
Livros para mudar o mundo. O seu mundo.
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