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ADVOGADOS ASSOCIADOS
criação divina. Na visão tomista, o homem será dotado de livre arbítrio e total
liberdade para escolher os meios que usará para perseguir o bem, finalidade da
existência humana de acordo com a vontade divina.
Dentro dos diversos meios possíveis, alguns oferecem diferentes
caminhos para alcançar a felicidade. Assim, o homem necessitará da ética para
distinguir qual caminho oferece um bem verdadeiro (virtude) e qual leva a um
bem aparente, optando sempre pelo primeiro. A escolha do bem em detrimento
do mal é um ato moral, racional e que se consubstancia na ética. Além do mais,
a virtude também decorre do equilíbrio entre os extremos que se mostram na
saciedade dos desejos humanos.
De acordo com o autor, a sociedade civil carece de ética, não porque
tenha optado por valores ruins, mas sim porque já se está determinada a
escolha. O bem comum é a finalidade perseguida através da sociedade
enquanto meio, na forma de um arranjo entre pessoas, que compreende a
unidade familiar como núcleo base. Os rumos da sociedade para o bem comum
serão direcionados pelas escolhas praticadas pelos governantes, dirigentes que
lideram a todos. A estes caberão, sim, pautar sua atuação na ética para escolha
do melhor caminho.
Para São Tomás de Aquino, a justiça é uma das virtudes naturais do
homem, expressa no equilibro entre razão e experiência e que é projetada como
a relação de igualdade entre as pessoas. Não se trata de um elemento reflexivo,
mas sim do hábito de dar a cada um o que é seu – nem mais e nem menos. É o
comportamento do homem em discernir o meu do seu.
A justiça vai interessar ao direito, pois este irá buscar concretiza-la,
dando ao homem o que lhe é natural, ou seja, o bem comum. Por isso, a
divisão do direito como Lex e a justiça como Jus. O primeiro é fruto do labor
humano de uma razão prática, e a segunda está posta na razão natural e na
razão divina. Daí a divisão, pela teoria tomista, de diversos tipos de justiça.
A primeira forma de justiça é a lei eterna, que vem de Deus e é pura,
pois não contempla nenhum vício. É o imperativo que rege todo o universo a
partir da razão divina, podendo ser parcialmente revelada pelas leis divinas,
contidas nas escrituras sagradas.
Na segunda modalidade legal, tem-se a lei natural, como parcela da lei
eterna referente ao homem e que é obtida pela observação falível do que está
posto na natureza e é mutável por excelência.
Por fim, a última modalidade é a lei humana, a qual é fruto das
convenções sociais, sendo produzida pelo legislador e aplicada pelo juiz. Ora, a
lei humana deverá espelhar a lei natural, com o legislador na condição de
observador legítimo da natureza. Tudo o que é contrário à natureza se mostrará
como injusto. Além do que, o direito preserva sua imperatividade, de modo que
mesmo as normas em desacordo com a natureza devem ser cumpridas pelo
homem. Somente devem ser descumpridas aquelas que violem a lei eterna.
De seu lado, o direito deverá ser edificado considerando que o
legislador irá prever, em sua atuação, casos em abstrato, que ocorrem no
cotidiano humano e o julgador deverá individualizar objetivamente o direito a
um determinado caso concreto e efetivar a justiça. Ainda, os juízes devem estar
presentes em um número compatível com a amplitude da sociedade – quanto
maior for a sociedade, mais juízes serão necessários.
Em síntese, no período medieval, o direito é consequência dos desígnios
divinos e sua legitimidade provê de Deus, enquanto ser fundamental de toda a
existência terrena. Por isso, toma como base a posição de superioridade que o
homem detém enquanto centro do mundo, proporcionando a manutenção dos
valores humanos como estáveis. Assim, o ser humano tem no direito uma forma
dada por Deus para dominar o mundo e são as leis que irão regular as condutas
humanas para que elas fiquem tal qual como o divino deseja.
1) As leis divinas devem influenciar as leis humanas? Qual o papel deverá ser
ocupado pela religião, considerando a estruturação do estado laico?
2) Como o direito e a justiça devem se relacionar? A justiça pode se reduzida a
concretização de um bem comum?
3) A classificação das normas abstratas e gerais e as normas individuais e
concretas ainda faz parte do sistema jurídico? É uma distinção relevante?