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AS TAÇAS DA IRA

Apocalipse 16.1-21

INTRODUÇÃO
1. Um estudante de teologia, que escrevia sobre a doutrina da justificação,
encontrou, por acaso, seu orientador em um dia de folga. Por educação,
o orientador perguntou: “Como vai a tese”? Ao que ele respondeu:
“Estou tendo muita dificuldade com a doutrina da ira de Deus”. O
orientador sorriu e completou: “Quem não tem, meu filho”?
2. É verdade. Quem não tem dificuldade com a doutrina da ira de Deus?
Ateístas, por exemplo, tratam-na como “primitiva e imoral”. Richard
Dawkins escreve: “Ensinar uma criança sobre a punição dos pecados
em um inferno eterno é a pior forma de abuso infantil”. Teólogos liberais
ensinam que sustentar a doutrina da ira de Deus significa “contradizer o
próprio Jesus, que nos ensinou a amar os inimigos”.
3. Será? Se estudamos a Bíblia com seriedade, nós temos que concluir
que ela ensina, repetidamente, acerca da ira de Deus. Entre os muitos
textos que sustentam essa doutrina, nós encontramos Apocalipse 16.
Leiamos, para começar, somente o verso 1.

ELUCIDAÇÃO
1. O capítulo 15 é um capítulo de preparação. Ele termina com o santuário
celestial cheio da glória de Deus e com a informação que ninguém podia
entrar até que se completasse a ira de Deus.
2. O capítulo 16, por sua vez, é um capítulo de execução. Por isso, como
lemos, ele começa com uma forte voz que vem do santuário – é a voz
de Deus ou do ser vivente – e com uma ordem aos anjos – os agentes
da ira: “Vão derramar sobre a terra as sete taças da ira de Deus” (v.1).
3. Portanto, é claro que a Bíblia ensina a doutrina da ira de Deus. O
Senhor vai fazer justiça. O Senhor vai derramar sua ira sobre a terra!

PROPOSIÇÃO
O SENHOR DERRAMARÁ SUA IRA SOBRE A TERRA!
O. I – Certo. Então, o que podemos aprender com este capítulo acerca da
doutrina da ira de Deus?
O. T – Para começar, ouçamos sobre:

I – As Três Primeiras Taças: a Resposta dos Santos (vv.2-7)


Argumentação:
1. Os versos 2, 3 e 4 registram: “O primeiro anjo foi e derramou a sua taça
pela terra, e abriram-se feridas malignas e dolorosas naqueles que
tinham a marca da besta e adoravam a sua imagem. O segundo anjo
derramou a sua taça no mar, e este se transformou em sangue como de
um morto, e morreu toda criatura que vivia no mar. O terceiro anjo
derramou a sua taça nos rios e nas fontes, e eles se transformaram em
sangue” (vv.2-4).
2. Dois comentários podem ser importantes. Primeiro, perceba quem é o
alvo da ira de Deus. Não são os santos. São os “que tinham a marca da
besta e que adoravam a sua imagem”. A punição que recebem é
proporcional ao pecado que cometeram. “Tinham a marca da besta” e
agora são marcados com “feridas malignas e dolorosas”. A imagem
sugere sofrimento e tormento!
3. Segundo, as taças da ira de Deus são semelhantes às pragas do Egito.
Não é sem propósito. Na ocasião do livro de Êxodo, Deus puniu a
economia da maior potência do mundo a fim de salvar o seu povo da
escravidão. É o que João nos promete aqui. Ao presenciar crises que
abalam os poderes econômicos do mundo (no caso deste capítulo,
mares e fontes de água doce), os crentes não devem se entristecer;
devem se alegrar e se encher de esperança. São as primeiras taças de
Deus que, em breve, vai julgar o mundo e redimir o seu povo!
4. É por isso, então, que lemos o que está entre os versos 5 e 7. João
escreve: “Então ouvi o anjo que tem autoridade sobre as águas dizer:
‘Tu és justo, tu, o Santo, que és e que eras, porque julgaste estas
coisas; pois eles derramaram o sangue dos teus santos e dos teus
profetas, e tu lhes deste sangue para beber, como eles merecem’. E
ouvi o altar responder: ‘Sim, Senhor Deus todo-poderoso, verdadeiros e
justos são os teus juízos’” (vv.5-7).
5. Vejam isso. Diante da ira de Deus, os santos do céu não se
escandalizam, como fazem os homens da terra. Anjos e crentes louvam
a Deus por sua ira. Como conseguem? Eles louvam porque “Deus é
Santo”. De acordo com o verso 1, é do santuário celestial quem vem a
ordem: “Derramem as taças da ira” (v.1). Este é o lugar mais santo do
universo, e é dele que procede a ira de Deus, o que me leva a dizer que
estamos falando de uma “ira santa”. Diferentemente da ira dos homens,
a de Deus não é misturada, não está contaminada. Deus é santo e, por
isso, sua ira é uma resposta santa aos pecados que cometemos.
6. Os anjos e o santos louvam a Deus por sua ira porque Ele também é
justo. O Senhor marcou com sofrimento os que haviam escolhido ser
marcados com a idolatria da besta. Aos que derramaram o sangue de
seus santos, Deus os fez beber sangue em retribuição. É como funciona
a justiça de Deus. Ele dará a cada um segundo o seu próprio pecado!
Aplicação:
1. E agora, queridos? O que fazemos com essa passagem? Como
respondemos ao que acabamos de ouvir? Imagine um vilarejo do
nosso Sertão. Ele está longe das grandes cidades e recebe pouca
atenção das autoridades. Por isso, a injustiça reina. Os velhos são
roubados, as crianças são negligenciadas e os jovens são explorados.
Mas eis que surge um justo juiz na região. Ele visita o vilarejo e escuta,
cuidadosamente, a história de todos os moradores. Ao terminar, ele
decide executar justiça. Sob o seu comando, perdas são reparadas,
culpados são punidos e muitas oportunidades começam a aparecer.
2. É uma história fictícia, mas pense comigo. Qual seria a resposta deste
vilarejo? O que diriam deste juiz? Muito provavelmente, as pessoas
louvariam o juiz e se mostrariam gratas com os benefícios da justiça.
Estou certo ou errado? Agora, maximize essa experiência de um vilarejo
do Sertão a um nível global. Se muitos não louvarão a Deus, como
veremos em breve, ao menos os crentes devem fazê-lo, pois a ira de
Deus não trará apenas sofrimento; ela vai produzir alegria eterna no
coração dos sofredores que aguardam a vinda do justo Juiz! E nós nem
precisamos esperar. Em santa expectativa, nós podemos nos unir hoje
aos anjos e aos santos do céu. Você pode adorá-Lo agora. Deus é santo
e Deus é justo. Ele está separado de todo e qualquer pecado, e quando
julgar o mundo, Ele o fará com perfeita justiça!
3. Se é como cremos, amigos, nós podemos entregar a vingança ao
Senhor. Eu sei que, por vezes, nos vemos injustiçados e que,
consequentemente, queremos fazer justiça. Nós queremos tirar de quem
tirou. Nós queremos difamar quem difamou. Nós queremos matar quem
matou. É justo, entenda, desejar justiça. Contudo, o ensino da Escritura,
em Romanos 12, é:
4. “Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois
está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o Senhor. Ao
contrário: ‘Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede,
dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a
cabeça dele’. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o
bem” (Rm 12.19-21).
5. “Pastor, por que eu deveria agir assim? Por que não fazer justiça com as
próprias mãos”? De trás para frente, há duas respostas nesse texto.
Primeiro, como fomos inimigos que Deus amou em Cristo, nós também
precisamos servir aos que foram injustos conosco. Se o fizermos, vamos
queimar a cabeça deles com misericórdia. Por isso, talvez até desistam
de seus pecados. Se acontecer, teremos vencido o mal com o bem na
terra. Segundo, mesmo que não consigamos, em breve Deus destruirá
todo o mal. Ninguém ficará sem vingança. De modo santo e justo, o
Senhor vai retribuir a todos segundo o seu pecado!
6. Então, esperemos no Senhor. E até lá, movidos pelo evangelho , vamos
servir aos que nos maltrataram com alguma injustiça. E mais uma coisa.
Não sejamos idólatras de nada neste mundo. Quando as primeiras
taças da ira de Deus caem, elas afetam a terra e a vida econômica. O
que é básico fica escasso, e o que era adorado pode até desaparecer.
Por isso os incrédulos sofrem. Eles são idólatras do mundo da besta.
7. Mas você não é, meu irmão. Ao menos, nós não deveríamos ser. Vamos
aprender a viver com menos, e nos contentar com pouco. Sejamos
simples na vida que levamos e tenhamos nossa alegria no Senhor e em
tudo o que Ele nos dá. Desse modo, em tempos de crise, nós
sofreremos menos. Não dependemos dos prazeres deste mundo. Não
esperamos tudo dos poderosos da terra. Nossa esperança está no
Senhor e nossa alegria se acha na presença de Deus.
8. Que sejamos capazes de cantar com os santos da glória, e com Davi
que, em tempo de crise, escreveu: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te
busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser
anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-
te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor
do a vida” (Sl 63.1-3).

O. T – Essa, sim, é a resposta dos santos, até mesmo diante da ira de Deus.
Depois das primeiras taças, vamos ouvir agora sobre:

II – As Três Seguintes Taças: a Resposta dos Incrédulos (vv.8-16)


Argumentação:
1. Entre os versos 8 e 11, nós lemos: “O quarto anjo derramou a sua taça
no sol, e foi dado poder ao sol para queimar os homens com fogo. Estes
foram queimados pelo forte calor e amaldiçoaram o nome de Deus, que
tem domínio sobre estas pragas; contudo, recusaram arrepender-se e
glorificá-lo. O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta,
cujo reino ficou em trevas. De tanta agonia, os homens mordiam a
própria língua e blasfemavam contra o Deus dos céus, por causa das
suas dores e das suas feridas; contudo, recusaram arrepender-se das
obras que haviam praticado” (vv.8-11).
2. Falando, primeiro, da quarta taça, note que trata-se do oposto que é
prometido aos santos. O Salmo 121 canta: “De dia o sol não o ferirá;
nem a lua, de noite” (121.6). Em Apocalipse 7, um ancião diz dos
santos: “ Não os afligirá o sol nem qualquer calor abrasador” (Ap 7.16).
Aqui, porém, o que vemos é que o sol recebe permissão de Deus para
queimar os homens, o que significa, na linguagem simbólica de
Apocalipse, “impor sofrimento”.
3. Da quinta taça, perceba que a ira de Deus está caindo , não só sobre
homens, mas também sobre seus líderes, ou “sobre o trono da besta”.
No passado, como você deve lembrar, Deus trouxe trevas ao Egito e,
com isso, envergonhou faraó, o representante do deus sol. No presente,
durante o tempo que separa as duas vindas de Cristo, muitas vezes
Deus fará o mesmo para humilhar o poder das trevas e para preservar a
sua igreja no sofrimento.
4. Agora, tratando das duas taças, veja a resposta dos homens. Ao
sentirem o calor do sol, os homens amaldiçoaram a Deus e recusaram
arrepender-se. Ao se perceberem envergonhados, seus líderes
blasfemaram contra Deus e também recusaram arrepender-se. Sem
arrependimento, o que lhes resta é agonia. De acordo com João, “eles
mordiam a própria língua”. Um comentarista escreve: “O juízo temporal
no verso 10 é um precursor do juízo final, em que os incrédulos serão
‘lançados fora’, ‘onde haverá choro e ranger de dentes’”.
5. Que Deus tenha misericórdia! Depois das quarta e quinta taças, nós
chegamos à sexta. Entre os versos 12 e 16, João escvre: “O sexto anjo
derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e secaram-se as suas
águas para que fosse preparado o caminho para os reis que vem do
Oriente. Então vi saírem da boca do dragão, da boca da besta e da boca
do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs. São espíritos
de demônios que realizam sinais milagrosos; eles vão aos reis de todo o
mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-
poderoso. ‘Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece
vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e
não seja vista a sua vergonha’. Então os três espíritos os reuniram no
lugar que, em hebraico, é chamado Armagedom” (vv.12-16).
6. Se as primeiras cinco taças retratam a ira de Deus durante a era da
Igreja, a sexta nos leva aos dias que precedem o retorno de Cristo.
Como serão estes dias? Sem dúvida alguma, serão dias de muito
sofrimento que levarão a uma grande batalha. Em parte, essa batalha
está sendo preparado pelo próprio Deus, pois João nos diz que as
águas do Eufrates secaram e um caminho foi feito para os reis do
Oriente. É obra de Deus. Como fez com o Mar Vermelho, no episódio
com Faraó, e como fez com o próprio Eufrates, no episódio com Ciro, o
Senhor, outra vez, está abrindo um caminho para a grande batalha.
7. Mas em parte, essa batalha também é obra do Diabo, pois da falsa
trindade – dragão, besta e falso profeta – surgem espíritos que enganam
os reis a fim de reuni-los para batalha. Os espíritos são semelhantes a
rãs, ou porque fazem um barulho sem sentido ou porque foi um dos
sinais reproduzidos pelos magos enganadores de faraó. Seja como for,
por trás de suas obras , quem está tralhando de verdade é o dragão, ou
seja, o Diabo. E o que ele quer é destruição do povo de Deus.
8. Por isso, todos os seus exércitos estão reunidos em um lugar chamado
Armagedom. Literalmente traduzido do hebraico, Armagedom significa
“monte de Megido”, e ele deve ter sido usado para retratar a última
grande batalha do povo de Deus pois em suas planícies muitas batalhas
do passado tomaram lugar. Ao lado de Megido estava o monte Tabor,
onde Baraque e Débora derrotaram os cananeus. Atrás de Megido
estava o Monte Carmelo, onde o profeta Elias venceu os profetas de
Baal. Foi nos campos de Megido que Gideão tocou a trombeta e
derrotou os midianitas, e foi no mesmo lugar que Josias, o último rei
piedoso de Israel, morreu na batalha contra Neco, faraó do Egito.
9. Então, eis o que Armagedom significa. Simbolicamente, ele representa a
última grande batalha do povo de Deus. E outra vez, nenhum crente
deve ser entregar ao desespero ou ao medo diante desta notícia. Em
vez disso, segundo o verso 15, “feliz é aquele que permanece vigilante e
conserva consigo as suas vestes”. Não é uma fala fora de lugar. Trata-
se de uma exortação à fidelidade que pode produzir muita felicidade.
Como? William Hendriksen explica: “Quando o mundo, sob o domínio do
dragão, da besta e do falso profeta, se junta contra a Igreja para a
batalha final, e a necessidade é imensa; quando os filhos de Deus,
oprimidos por todos os lados, clamam por socorro; então, num repente,
dramaticamente, Cristo aparecerá para livrar seu povo. Essa tribulação
final e essa aparição de Cristo entre as nuves, isso é o Armagedom”.
Aplicação:
1. É por isso que devemos nos alegrar. Em breve, Cristo vai aparecer
entre as nuvens para nos livrar! Mas perceba algo. Cristo não vai nos
livrar antes do Armagedom, ou como alguns gostam de chamar, “antes
da grande tribulação”. De igual forma, é importante lembrar que Cristo
não voltará quando o mundo for plenamente cristão, como outros
crentes gostam de pensar. Segundo lemos neste capítulo, o mundo vai
ser cada vez menos tolerante e amigável com os cristãos. Seremos
poucos e os nossos inimigos serão muitos ao fim da História. Seremos
como Gideão e seus 300 homens diante dos midianitas, ou como o rei
Ezequias perante o incontável exército de Senaqueribe.
2. Tudo isso para dizer: sejamos realistas e esperanços. Se estivermos nos
aproximando do fim, nós vamos sofrer por Cristo, e nós vamos vencer
com Cristo. Por isso, como o próprio Cristo ensinou: “Quando
começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça,
porque está próxima a redenção de vocês” (Lc 21.28). Seremos poucos
e fracos ao fim dos tempos, mas que ninguém se esqueça: nós servimos
ao Deus todo-poderoso que ama salvar o seu povo! Nós não nos
salvamos da condenação do pecado; Deus o fez no sacrifício de Cristo
na cruz. Nós não nos salvaremos diante da perseguição do Diabo. Outra
vez, Deus o fará através de Seu Filho que aparecerá nas nuvens!
3. Esta mensagem deve nos encher de esperança hoje, mesmo que não
estejamos aqui para contemplar o Armagedom final. Eu explico. Ás
vezes ficamos com a impressão que os heróis da fé foram vencedores
porque eram melhores do que nós. A verdade, porém, é que estamos
falando de pecadores. Deus salvou os salvou nas batalhas de Megido, e
Deus nos salvará na batalha do Armagedom por graça e por meio da fé.
4. Funciona do mesmo jeito na vida cristã, irmão. Você também desanima
diante dos seus pecados como marido e pai? Minha irmã, você se pega
triste ao perceber que peca como esposa e mãe? Vocês também
desanimam ao perceber que não estão conseguindo vencer algum
pecado? Não se deixem vencer pelo desespero. Em Cristo, Deus nos
salvou da condenação eterna do pecado. Por Cristo, Deus nos salvará
no grande dia do Armagedom. E até lá, Ele é poderoso o suficiente para
nos salvar e livrar de toda a influência do pecado. Então, como Débora,
como Davi, como Ezequias, clamemos e dependamos do Deus que
salva por graça e para a própria glória!
5. Além disso, lutemos no poder do Espírito para atender à exortação que
ouvimos. “Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece
vigilante e conserva consigo as suas vestes, para que não ande nu e
não seja vista a sua vergonha” (v.15). A ênfase do verso está na
primeira parte. Cristo virá como um ladrão, de modo inesperado e
repentino. A volta de Cristo pode não estar tão longe. Pode ser hoje. Por
isso, nós precisamos ser vigilantes. Não podemos relaxar na luta contra
o pecado. Não devemos dormir, enquanto esperamos. Em vez disso,
nós temos que conservar nossas vestes brancas. Fomos vestidos com a
justiça de Cristo, amigos. Não devemos, não podemos mais virar a
casaca. Não podemos vestir o uniforme da besta porque estamos
sofrendo, ou porque Cristo parece demorar. Cristo é melhor hoje, ainda
que estejamos sofrendo, e Cristo em breve vem. Feliz aquele
permanece vigilante e que conserva as suas vestes!
6. Este é você? Você é feliz? Se ainda é um incrédulo, você precisa
saber que uma dia estará diante do juízo de Deus. Com que roupa vai
se vestir? De acordo com a Bíblia, você poderá estar vestido de culpa
por seus pecados, ou você poderá estar vestido da justiça de Cristo.
Para tanto, diferentemente de muitos, você precisa parar de blasfemar
contra Deus, e você precisa se arrepender por seus pecados. Em outras
palavras, você precisa parar de culpar Deus, e você precisa assumir a
culpa por seus pecados. Se o fizer, se você se arrepender e crer no
Deus que salva, Ele vai lavá-lo de toda a culpa por meio do sangue de
Jesus, que morreu na cruz para pagar por nossa dívida eterna!

O. T – Essa é a resposta apropriada que devemos dar ao Deus que salva.


Depois de ouvir sobre seis taças, estamos prontos para concluir com:

III – A Última Taça: a Resposta Final de Deus (vv.17-21)


Argumentação:
1. João escreve, verso 17: “O sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e do
santuário saiu uma forte voz que vinha do trono, dizendo: ‘Está feito’”
(v.17).
2. Do que se lembra ao ouvir “está feito”? Alguém ligou o “está feito” de
Apocalipse com o “está consumado” de João 19? Se nós conseguimos,
imagine o apóstolo João, autor dos dois livros. E a ligação faz muito
sentido. A voz vem do santuário, onde só Deus pode estar até o fim de
sua ira (15.8), e em uma passagem paralela, Apocalipse 6, o juízo de
Deus é chamado de a “ira do Cordeiro” (6.16). Com o derramamento da
sétima taça, portanto, nós prensenciamos a espada afiada de dois
gumes que sai da boca de Cristo (1.16) – redenção e juízo!
3. E o que se segue? O que vem depois da última taça da ira de Deus? Os
versos 18, 19 e 20 registram: “Houve, então, relâmpagos, vozes, trovões
e um forte terremoto. Nunca havia ocorrido um terremoto tão forte como
esse desde que o homem existe sobre a terra. A grande cidade foi
dividida em três partes, e as cidades das nações se desmoronaram.
Deus lembrou-se da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do
furor da sua ira. Todas as ilhas fugiram, e as montanhas
desapareceram” (vv.18-20).
4. É chegado o fim. Como João o descreve, um terrível terremoto alcança
as mais distantes ilhas, e faz desaparecer as mais fortes montanhas. E a
criação não é única abalada. A grande cidade, Roma, Babilônia ou
qualquer outra que tenha sido o centro do poder dos homens, foi partida
em três, e todas as outras desmoronaram. E de modo particular, João
nos conta que “o Senhor lembrou-se da Babilônia”. Perdão é decidir não
se lembrar, mas a verdade é: Deus não se esquece dos pecados dos
homens, pois eles Lhe são uma ofensa pessoal. E porque não esquece,
Deus pune cada um segundo a sua própria obra. A Babilônia, símbolo
do mundo da besta, fez muitos beberem de suas abominações. Agora é
sua vez de beber da ira de Deus!
5. Por fim, nós ainda lemos, verso 21: “Caíram sobre os homens, vindas do
céu, enormes pedras de granizo, de cerca de trinta e cinco quilos cada;
eles blasfemaram contra Deus por causa do granizo, pois a praga foi
terrível” (v.21).
6. Em Êxodo e em Josué, Deus fez cair pedras sobre os inimigos de seu
povo. Em Apocalipse, em uma escala universal, o mesmo se repete. E o
que também é repetido aqui é a resposta dos homens. Porque são, de
fato, inimigos de Deus, morrem blasfemando. Em nenhum momento
buscam salvação. Nem na morte mostram qualquer arrependimento!
Aplicação:
1. É triste, vocês não acham? É, mas não podemos ser ingênuos. Os
inimigos de Deus continuam inimigos de Deus no leito de morte. Muitos,
em vez de se arrepender, seguem amaldiçoando o nome do Senhor, e
outros, mesmo diante dos mais poderosos sinais, continuam
blasfemando contra Deus. Como aconteceu com faraó, seus corações
se tornam cada vez mais endurecidos. E a única coisa que pode mudá-
los é a nova vida do Espírito que vem com a pregação do evangelho.
2. É o que fica claro com o juízo final que vemos aqui. Outra coisa que fica
claro é: os poderes deste mundo vão desmoronar. Ilhas vão fugir,
montanhas vão desaparecer e grandes cidades vão ruir. Então, por que
estamos tão obcecados com elas? Eu digo: por que estamos nos
deixando encantar com os poderes passageiros deste mundo, gente?
Riqueza, fama e poder podem ser atraentes, mas a verdade é: eles vão
desaparecer, e com eles, todos os seus adoradores. Foi o que Asafe
cantou sobre o destino dos ímpios: “Como são destruídos de repente,
completamente tomados de pavor! São como um sonho que se vai
quando acordamos; quando te levantares, Senhor, tu os farás
desaparecer” (Sl 73.19,20).
3. Por isso, nós não devemos nos deixar enganar. Pelo contrário, nós
precisamos nos lembrar constantemente que “nossa cidadania está nos
céus” (Fl 3.20). Nossos valores são outros. Nossos sonhos são outros.
Nossas ambições são outras. Como pais cristãos, por exemplo, nós não
criamos filhos para o mundo; nós criamos filhos no mundo, mas para o
Reino de Cristo. Como profissionais cristãos, nós não trabalhamos
meramente por presítgio e poder; nós estudamos muito e trabalhamos
duro para servir a Deus ao próximo com tudo o que recebemos do
Senhor. Como Igreja de Cristo, nós não precisamos nos amoldar aos
valores do mundo, nem devemos transformar o culto em show apenas
para atrair e agradar. Claro que não. Nosso negócio não é entreter
muitos bodes. Nosso negócio é preparar muitas ou poucas ovelhas para
o Supremo Pastor que em breve vai surgir nas nuvens.
4. E você, amigo? Você também está esperando pelo Salvador? Você
está preparado para encontrar-se com Ele? Como colocou certo
comentarista, Jesus tem duas maneiras de lidar com os nossos
pecados. A primeira é definida por seu grito na cruz: “Está consumado”
(Jo 19.30), e ela significa que para aqueles que confiam em Cristo
Jesus, já não há mais condenação eterna (Rm 8.1). A segunda nos é
apresentada no grito de Apocalipse 16: “Está feito” (v.17), e ela significa
que o juízo chegou e que não há mais tempo, nem espaço para
segundas chances. Dizendo a mesma verdade com palavras diferentes,
a ideia é: diante da ira de Deus, ou Jesus bebe o cálice por você na
cruz, ou você terá de bebê-lo por toda a eternidade.
5. Então, seja sábio e rápido neste dia. Se o que Cristo fez na cruz é boa
notícia para você que se enxerga em dívida com Deus, não recuse a
oferta da graça enquanto há tempo. Arrependa-se de seus pecados e
fuja da ira de Deus por meio de Cristo. Se o fizer, creia no que disse o
próprio Cordeiro de Deus: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o
seu Filho Unigênito, para que todo aquele que crer não pereça, mas
tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem
nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por
que não crer no nome do Filho Unigênito de Deus (Jo 3.16-18).

CONCLUSÃO
1. Meu desejo é que você creia! Por quê? Se lembra do estudante de
teologia da introdução? A dificuldade que tinha com a ira de Deus foi
resolvida pela doutrina que estava estudando: justificação pela fé.
Como? Se quiser descobrir por você mesmo, você pode estudar a carta
que Paulo escreveu aos romanos. Até certo ponto do capítulo 3, tudo
parece perdido para os homens. Todos pecaram e, por isso, estão
separados da glória de Deus (Rm 3.23). Mas, então, surge a delcaração
de Paulo: “Deus ofereceu Cristo como sacrifício para propiciação
mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando justiça (Rm 3.25).
2. Essa é boa notícia do evangelho. Pecadores podem escapar da ira de
Deus por meio da oferta de Deus: Cristo Jesus. A ira ainda vai cair sobre
a terra, mas para aqueles que confiaram em Cristo, a ira já caiu sobre
Cristo e foi definitivamente resolvida. É por isso que cantamos sobre a
obra de Cristo. Nós não nos cansamos nunca, pois se trata da grande
salvação que recebemos por graça de Deus e mediante a fé na oferta
sacrificial de Cristo!

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