Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Desenvolvido de acordo com o livro de MENDES, Gilmar Ferreira; GONET BRANCO, Paulo
Gustavo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020, capítulo 10;
REVERBEL, Carlos Eduardo Dieder. Jurisdição Constitucional na Ibero América. Porto Alegre: Brejo
Bliblio Bureau, 2012, passim; FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional.
39. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, capítulos 1º, 2º, 3º, 4º, capítulos 22 e 23 e capítulo 39; BULOS, Uadi
Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, capítulos 1, 2 e 3;
BARROSO, Curso de Direito Constitucional. 2ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, capítulos I, II e III da
parte I; JACQUES, Paulino, Curso de Direito Constitucional. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987, pp.
1-11; LENZA, Pedro. Curso de Direito Constitucional Esquematizado, capítulo do Poder Judiciário;
SOUZA JUNIOR, Cezar Saldanha; REVERBEL, Carlos Eduardo Dieder . O Tribunal Constitucional como
Poder. 2. ed. Revista dos Tribunais, 2016; REVERBEL, Carlos Eduardo Dieder. Reforma política e eleições:
retrospecto, diagnóstico e alternativas para o Brasil. Revista dos Tribunais, 2018; REVERBEL, Carlos Eduardo
Dieder; CHEVTCHIK, Mellany. O Berço dos Direitos Sociais: Cem Anos da Constituição Mexicana e
Alemã. REVISTA DO TRE-RS, v. 1, p. 53-76, 2019.
DIREITO CONSTITUCIONAL E CONSTITUIÇÃO
1. Foi Sieyès quem, pela primeira vez, trouxe ao cenário jurídico a teoria
do Poder Constituinte, separada dos Poderes Constituídos. Essa contribuição dos
franceses remanesce até hoje. O poder constituinte sempre existiu, pois, a Constituição
remonta à antiguidade, como vimos. A sua teoria é que moderna. O opúsculo ficou
conhecido com “Qu’est-ce que le Tier État?” panfleto pelo qual apresentou todas as
reivindicações do Terceiro Estado, em face dos estamentos privilegiados.
2. O panfleto reflete as dificuldades da época enfrentadas pela classe
burguesa e as suas dificuldades. O que é o terceiro estado? Tudo na concepção de
Sieyès, pois ele que leva a termo todas as atividades importantes da França, pois é a
mão de obra que faz a economia girar. Que tem sido o Terceiro Estado? Nada, na
concepção de Sieyès, pois carentes de direitos e garantias básicas, salário e direitos
mínimos. Que pretende ser o Terceiro Estado? Alguma coisa, nessa resposta é que
Sieyès expõe uma carta de reivindicações para reconhecimento dos Direitos básicos
dessa parte da população francesa.
3. Ele identifica o Terceiro Estado com a Nação e, após, formula a
distinção entre Poder Constituinte e Poder Constituído. O Poder Constituinte é a
vontade da nação, ilimitada pelos meios ordinários e mundanos. O Poder Constituído,
receberia as limitações do Constituinte, sendo juridicamente limitado. Assentou-se,
portanto, as bases da supremacia do direito, do controle de constitucionalidade, da
supremacia da constituição.
4. Assim as leis se subordinam à Constituição Suprema, pois cabe a ela
instituir os demais, eis o nome Constituinte. Ora, sendo ela superior, os atos que lhe
contrarie são nulos, devendo tornar-se sem efeito. Esse vício recebe o nome de
inconstitucionalidade.
5. A doutrina passou a dar o nome de Poder Constituinte Originário e
Poder Constituinte Derivado. A Constituição que substitui uma anterior, ou a que dá
vida a um novo Estado costuma ser chamada de Originária. O Poder Constituinte
Derivado pode completá-la, emendá-la, revisá-la. Os Estados Federados podem, em
decorrência da Constituição, exercerem o Poder Constituinte Decorrente dos Estados,
institucionalizando o seu texto, de conformidade com a Supremacia da Constituição.
6. Quem é o titular do Poder Constituinte? O Povo. Mas deve haver um
consenso em torno das matérias, dos procedimentos, da forma. Deve sobretudo existir
legitimidade. A aceitação é o cerne do consensus, pois sem a anuência geral não existe
governo estabelecido e, portanto, Estado, Constituição, Supremacia, Hierarquia…
Legalidade sem a legitimidade de nada vale. O poder vira direito somente com a
legitimidade, com o consentimento, com a anuência, o respeito… dos governados.
7. Ora, se o Poder Constituinte depende do consentimento popular, a
soberania repousa no Povo. Mas nem sempre o Agente do poder constituinte é o povo.
O Titular do Poder Constituinte é o povo, mas admite-se que o trabalho seja feito por
diferentes agentes. A Assembleia Geral Constituinte costuma ser o agente, porém é o
povo que é o titular. O agente (Assembleia Geral) edita a Constituição com a aceitação
do titular (povo). Ora, é o povo que elege a Assembleia. O texto produzido pela
Assembleia, pode ser remedido ao povo, para posterior referendum. O trabalho da
Assembleia se esgota com o texto, o do Povo remanesce hígido, perene, pois lhe é dado
constantemente o direito de rever a sua decisão.
8. O Poder Constituinte Originário precisa derrubar a ordem velha e
instaurar a ordem nova. A Constituição anterior perde eficácia, validade e vigência.
Esse vazio traduz um evento revolucionário. A revolução quebra a Constituição em
vigor, abrindo caminho para a nova Constituição. “A revolução é o veículo do PC
originário”. Mas nem sempre e necessariamente as constituições são fruto de
revoluções. A Constituição francesa de 1958 reforma a carta anterior, numa ampla
reforma. Outras decorrem diretamente de um Estado colonizador.
9. O Poder Constituinte Originário apresenta três características básicas:
(1) é inicial porque não se funda noutro, mas é dele que derivam os demais poderes; é
(2) ilimitado não sofrendo qualquer restrição do Direito Positivo e (3) incondicionado,
pois não tem fórmula prefixada nem forma estabelecida para a sua manifestação.
10. O Poder Constituinte Derivado apresenta três características básicas:
(1) Este poder é derivado (provém do originário); (2) subordinado (está abaixo do
originário, submetido a ele); e condicionado (só age nas condições postas e impostas
pelo Poder Constituinte Originário). O Poder Constituinte Derivado detém o poder de
revisão e emenda, mas igualmente existe o poder de institucionalizar os Estados, Poder
Constituinte Decorrente dos Estados.
11. O Poder Constituinte Originário coloca limitações a sua revisão. Essas
limitações são de três ordens: (1) Limitações Temporais só admitem revisão numa
determinada época, impossibilitando a sua alteração durante certo período –
Constituição da França de 1791 (Tít. VII, art. 3º); (2) Limitações Circunstanciais
proíbem a alteração em certos casos, já que presumível estarem sob coação, violenta
ameaça ou emoção. Normalmente estando o Estado sob a invasão de forças estrangeiras,
durante intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. A CRFB/88 tem essas
limitações no artigo 60 § 1º; (3) Limitações Materiais diversas constituições deixam de
fora a alteração de certas matérias, por considerarem estas matérias mais fundamentais
que outras. As constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1967 consideram
inafastáveis a Federação e a República. Vide artigo 60, § 4º da atual Constituição
brasileira.
12. A revisão entrega o poder de iniciativa ao (1) Legislativo, caso da
Alemanha, no art. 79; (2) ao Executivo, caso de Portugal, 1933, art. 135; (3) Executivo,
e Legislativo, caso da França, 1958, art. 89; (4) Legislativo e ao Povo, reservado poder
de iniciativa popular, caso da suíça, art. 121; (5) na Forma Federativa de Estado pode
ser reservado o poder de iniciativa aos Estados-membros (EUA, art. V);
13. O Brasil convocou uma Assembleia Nacional Constituinte pela
Emenda Constitucional nº. 26, de 27 de novembro de 1985, à Constituição então vigente
de 1967-69. Estabeleceu no art. 1º que “os membros da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal reunir-se-ão, unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte,
livre e soberana, no dia 1º de fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional”.
14. Inexistiu no Brasil a ruptura revolucionária que normalmente
condiciona a manifestação do Poder Constituinte Originário. A Assembleia Nacional
Constituinte foi convocada pela Emenda Constitucional, em total respeito às normas que
determinavam a modificação da Constituição anterior. Foi alterado apenas o
procedimento de modificação da Constituição, a partir de 01 de fevereiro de 1987. O
procedimento de alteração para maioria absoluta dos membros da Câmara e do Senado,
em conjunto, em dois turnos. Eliminou as limitações referentes à abolição da República
e da Federação, bem como a proibição existente de emendas na vigência de intervenção
federal, estado de sítio e estado de emergência. (art. 47, par. 1º e 2º, da EC n. 1/69). Foi,
em verdade, um Poder Constituinte Derivado, porém liberto das limitações materiais e
circunstanciais anteriores.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Art. 93, inciso III – O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antiguidade
e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância;
Art. 93, inciso VII – O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização
do tribunal;
Art. 93, inciso XI – Nos tribunais com um número superior a 25 julgadores, poderá
ser constituído órgão especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros,
para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da
competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a
outra metade por eleição pelo tribunal pleno.
Art. 93, inciso XII – A atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias
coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não
houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.
Art. 93, inciso XIV – Os servidores receberão delegação para a prática de atos de
administração e atos de mero expediente sem caráter decisório.
ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO
Regime Democrático
https://youtu.be/4NmQLawoQ2E
https://youtu.be/rRpdgNO9HJg
https://youtu.be/6l5tvJCqXNU
https://youtu.be/ZoYkd1tRH_8
https://youtu.be/DFFuSqd-miw
https://youtu.be/xPtwGzEhrtE
Obs.: demais temas não contidos no presente material serão abordados em aula síncrona
com o Prof. Dr. Carlos Eduardo Dieder Reverbel.