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Resenha perfeita | O guia definitivo

Hélder Filipe Leitura em 10 minutos

A resenha é um tipo específico de trabalho acadêmico. Que, inclusive, muitos professores


pedem como forma de avaliação.
Vamos combinar já agora que resenha não é um resumo e você precisa saber disso porque
esse é o primeiro grande passo para fazer uma boa resenha. Aprenda agora como escrever
uma!

Saiba com clareza o que é uma resenha


É simples: a resenha pode ser definida como um tipo de texto com a finalidade de analisar
um objeto (que pode ser um artigo publicado online ou em revistas acadêmicas, livros,
reportagens, filmes, entre outros) e escrever sobre ele.✍

Ou segundo o dicionário, ela é uma “avaliação breve de um livro ou de um artigo”. Esta


definição pode ser dividida em três (3) partes, que devem servir de orientação para
entender o que é uma resenha. A primeira parte é indicada pela palavra “avaliação”; a
segunda parte é a que se refere a ser “breve”; e a terceira e última parte diz respeito com a
“de um livro ou de um artigo”.
A primeira parte a ser destacada numa resenha é a simples verdade de que, todas elas,
tratam uma “avaliação”, ou seja, a resenha tem como objetivo:
1º Fazer uma análise, um exame;
2º Emitir um julgamento, uma opinião.
A resenha quer desmontar o objeto (livro ou texto) resenhado em partes que ela é
composta, fazer uma pesquisa atenta e detalhada; e, a partir dessa análise a resenha deve
assumir opinião em relação ao objeto resenhado, deve julga-lo, avaliá-lo.
É importante que se entenda que esses dois objetivos estão combinados: para que você
tenha informações para julgar alguma coisa, é preciso que seja feita antes uma análise; e o
objetivo da análise é exatamente fornecer informações para o julgamento. Na resenha
esses dois ✌ objetivos são solidários: uma não existe sem o outro.

A segunda parte que está na definição é o item “breve”. A resenha é um texto breve,
pequeno. Deve se fazer a analise e dizer sua opinião em um tempo consideravelmente
limitado (geralmente em torno de duas a três laudas em espaço duplo). Isso não quer dizer
a análise deve ser rasa, superficial, ou que a sua opinião possa ser precipitada, não é isso.
A principal implicação das limitações de tempo e espaço é que você deve ser seletivo. Você
sabe desde o início que não vai conseguir esgotar a obra, investigar todos os seus pontos,
examinar tudo detalhamento.
Logo você deve eleger um ou outro aspeto mais essencial do texto para analise, deve
investigar em detalhe apenas um dos pontos do objeto resenhado, em vez de tentar dar
conta de tudo.
Por fim, a definição apresenta uma terceira parte, a expressão “de um livro ou de um
artigo”. Este é um ponto discutido, porque o uso normal das resenhas ultrapassa muito o
“texto escrito”. É extremamente comum encontrarmos hoje nos jornais resenhas de filmes.
O objeto da resenha não é, portanto, apenas um texto escrito.
Para começar, qualquer objeto está sujeito a uma apreciação nos tipos de uma resenha. O
que é importante perceber aqui é que todas as resenhas têm um ponto de partida bastante
definido. Trata-se de um outro texto, ou de uma obra qualquer. Fazem-se resenhas de
textos e obras, e não de temas.
Você não deve jamais se esquecer do texto que serve de ponto de partida para a resenha:
esse texto é a própria razão de ser da sua resenha. Você deve retomá-lo sempre, você
deve dialogar com o autor do texto. Nas resenhas há mesmo um resumo do texto, em que
você recupera as ideias centrais do autor.
Mas não confunda: resenha não é resumo; o resumo é apenas uma parte da resenha, que
tem pelo menos duas outras partes: a parte da análise do texto e a parte do julgamento do
texto.
Elas podem existir de duas maneiras diferentes: enquanto resenhas descritivas e resenhas
críticas. É importante saber diferenciar exatamente uma da outra para não errar na hora de
produzir o texto.
A resenha crítica, como o nome já adianta, apresenta um ponto de vista explícito do autor a
respeito do objeto. Ele tem a liberdade de propor discussões a respeito de algum recorte
específico do material, ao contrário da resenha descritiva, onde o objetivo é analisar
estritamente o que o autor quis dizer, sem muito espaço para análises e relações externas.
Ao saber a diferença entre os principais tipos de resenha, será muito mais fácil seguir com a
produção do conteúdo.

Comece a sua resenha em 7 passos


Além das características que já falamos anteriormente, uma resenha precisa seguir também
algumas indicações técnicas. Separei as principais abaixo:

1. Identifique e apresente a obra analisada


Não deixe o leitor confuso. Nas primeiras linhas do texto, esclareça qual é a obra
resenhada. Apresente o nome do autor, ano de publicação e outras informações
bibliográficas importantes.

2. Faça uma observação inicial


Após apresentar os dados técnicos, faça o primeiro parágrafo como forma de introdução.
Sobre o que fala a obra? Quais são as principais ideias trabalhadas? Qual foi o objetivo do
autor com o material?
Com isso, você estará contextualizando o público e preparando-os a respeito do que será
discorrido no texto.

3. Descreva a estrutura da obra


É importante destacar a estrutura do objeto. Se for um livro, ele é dividido em capítulos?
Qual é o modo narrativo do texto? Se couber ou for necessário, ainda é interessante dizer
de forma suave o número de páginas.
4. Discorra sobre conteúdo
Agora assim, hora de resenhar! Conte, em suas palavras, o que foi dito no texto. Cuidado
com o tamanho, não estamos trabalhando nem com sinopses e nem com uma releitura da
obra. Encontre o meio termo trabalhando com aquele recorte que já falei acima.
Neste momento, não é hora de apresentar opiniões próprias ou interferir nas ideias
propostas pelo autor.

5. Faça sua análise crítica


Caso a resenha seja crítica, a hora de analisar sistematicamente o conteúdo é logo após a
parte descritiva.
Ao fazer esta análise, cuidado: opiniões devem ter embasamento. Busque por autores que
pensam como você, justifique as ideias a partir de exemplos concretos e tome cuidado para
não transformar esta parte em algo “pessoal demais”, pois o fato pode tirar toda a sua
credibilidade enquanto autor.

6. Identifique o público-alvo e faça recomendações


Para quem é aquele texto? Quem pode tirar proveito da leitura da obra? É interessante
sinalizar o público-alvo da obra no meio da resenha. Isso facilita o trabalho de quem entrar
em contato com o seu texto e segmenta a produção de forma assertiva.

7. Discorra um pouco sobre o autor


Quem escreveu/produziu o conteúdo é um jornalista? Poeta? Cineasta? Médico? Faça um
pequeno balanço a respeito da vida do autor do conteúdo resenhado e apresente um ou
dois outros títulos famosos (quando for o caso).

Busque a resposta para algumas perguntas


fundamentais
Antes mesmo de começar a resenhar, é interessante buscar por algumas respostas que vão
te ajudar a fazer uma produção de qualidade. Veja as principais a seguir:

• qual é a principal tese defendida pelo autor?;


• como ele desenvolve sua ideia?;
• ela foi feita de maneira clara e bem explicativa?;
• é preciso ter alguma bagagem prévia de conhecimento para entender o conteúdo?;
• a obra é agradável?;
• ela foi bem organizada?;
• o autor se baseou em alguma ideia de outras pessoas para chegar à sua
conclusão?;
• com a sua obra, ele chegou à alguma conclusão? como ela foi alcançada? ela foi
bem alcançada?.
É fundamental destacar que, acima de tudo, a pergunta “como fazer uma resenha de
qualidade?” pode ser muito bem respondida quando existe estudo e dedicação.

Saiba recortar✂ aquilo que realmente importa


Não estou dizendo que existem itens “não importantes” em um livro ou artigo, por exemplo.
Todo o material é rico e, caso aquilo não valesse a pena, não teria sido publicado.
Ao fazer uma resenha, porém, não dá para reproduzir tudo o que foi dito no material
original. Isso faria com que a sua produção ficasse tão grande ao ponto de não haver a
necessidade das resenhas existirem!
Uma das características de resenhas são o tamanho que elas devem ter. Por mais que não
existam regras estritamente rígidas a respeito disso, é interessante produzir um conteúdo
que não seja muito grande já que, dessa forma, a objetividade (que é tão importante na
produção de uma resenha) seria perdida.
Sabendo que vai ser preciso tirar as principais opiniões de um material grande (em sua
maioria das vezes) e “enxugá-lo”, é importante ter o discernimento de enxergar o que
merece ir para a resenha e o que pode apenas ser mencionado de maneira mais distante.
Cuidado com os exemplos. O autor pode trabalhar com muitos estudos de caso ao longo da
produção, porém, não cabe à você transcrever cada um deles na resenha. Diga, de forma
ampla, quais foram os exemplos usados e a que eles dizem respeito. Padronize, então, a
ideia em um tópico maior.
Além disso, leia constantemente resenhas. Você vai se inspirar, identificar erros, acertos e
acumulará uma bagagem muito interessante!

Algumas exigências para lembrar


Por tudo o que foi dito, podemos dizer que resenha é um tipo de texto em que há,
concomitantemente, exigências de forma e de conteúdo:
Exigência de Conteúdo:
a) Toda resenha deve conter uma síntese, um resumo do texto resenhado, com a
apresentação das principais ideias do autor;
b) Toda resenha deve conter uma análise aprofundada de pelo menos um ponto relevante
do texto, escolhido pelo resenhista;
c) Toda resenha deve conter um julgamento do texto, feito a partir da análise empreendida
no item b).
Exigência de Forma:
a) A resenha deve ser pequena, ocupando geralmente até três laudas de papel A4 com
espaçamento duplo;
b) A resenha é um texto corrido, isto é, não devem ser feitas separações físicas entre as
partes da resenha (com a subdivisão do texto em resumo, análise e julgamento, por
exemplo);
c) A resenha deve sempre indicar a obra que está sendo resenhada.

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