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Currículo e Inovações

 A história do currículo

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Nesta webaula, estudaremos os principais acontecimentos educacionais brasileiros, que definiram os currículos
escolares.

O currículo nos períodos da educação brasileira: 1549 a 1759

Chegada dos padres Jesuítas ao Brasil, vindos com a dupla missão de garantir mais fiéis católicos na disputa
entre católicos e protestantes, e de garantir a proteção das terras coloniais primeiros elementos curriculares
para a educação escolarizada.

Primeiro princípio ou primeira tarefa – catequizar os índios: o currículo era basicamente formado pelos
ensinamentos cristãos.

Segundo princípio ou segunda tarefa – educação restrita aos filhos dos homens da elite portuguesa: o
currículo tinha a ênfase nos estudos humanísticos.

A educação humanística e propedêutica já estava ficando ultrapassada numa era de descobertas científicas.
Os jesuítas e seus métodos não mais atendiam a esses novos rumos e acabaram sendo expulsos em 1759.

O currículo nos períodos da educação brasileira: 1759 a 1932

O Marquês de Pombal ficou à frente do que foi chamada de Reforma Pombalina, que em teoria, previa
mudanças educacionais para novos tempos. O alvará de 28 de junho de 1759, estabeleceu as aulas de
primeiras letras, de gramática, de latim e de grego, na cidade do Rio de Janeiro e nas principais cidades das
capitanias. Essas aulas foram chamadas de aulas régias.

15 de outubro de 1827, tivemos no Brasil a primeira legislação específica sobre a educação nacional, mas a
organização curricular se manteve a mesma, com as aulas avulsas. Previa contudo, leitura, escrita, gramática,
aritmética básica e noções de geometria. Não contemplava ciências naturais, nem história ou geografia, mas
incluía a moral cristã e doutrina católica.

Em 1834, foi promulgado o Ato Adicional, que reformulou a Constituição de 1824. Sobre a educação, este Ato
descentralizou a instrução primária e secundária, e impulsionou o surgimento de instituições particulares.

Em de fevereiro de 1854 foi instituído o “Regulamento para a reforma do ensino primário e secundário do
município da Corte”, também conhecido como “Reforma Couto Ferraz”, trouxe outras modificações na
estrutura educacional do Brasil. Uma das inovações mais importantes foi a obrigatoriedade do ensino.

A novidade curricular da época, no entanto, foi a inclusão dos ensinos de história, geografia,
agrimensura, desenho linear, música, ginástica, sistema de pesos e medidas e das ciências físicas
“aplicadas aos usos da vida”.

No final do século XIX, já na primeira fase da República, a Constituição de 1891 transferiu para os estados a
responsabilidade pela educação fundamental e profissional, responsabilizando-se pela educação secundária
e superior.

No início do século XX, especificamente na década de 1920, parte dos reformadores da educação tomam
contato com as ideias da Escola Nova, de John Dewey. Essas ideias, no entanto, não foram capazes de mudar
completamente os currículos das escolas de forma significativa, permanecendo mais no campo das ideias do
que sendo concretizadas. Em outras palavras, os currículos da prática permaneciam demasiadamente
retóricos, conteudistas e elitistas.

O currículo da escola secundária, nesse contexto, era posto em questão por causa de sua característica
secular da cultura humanística, que confrontava com a educação científica.

O currículo nos períodos da educação brasileira: 1932 a 1996

1930: criação do Ministério da Educação e da Saúde merece destaque como primeiro órgão governamental
para tratar especificamente da educação. Esteve sob responsabilidade de Francisco Campos e Gustavo
Capanema, durante o Governo Vargas.

A escola secundária, se inspirava no currículo escolanivista, que buscava uma divisão equilibrada de matérias
de estudos literários e científicos.

O Estado Novo, a partir de 1937, ainda com Getúlio, teve inspiração europeia, no progresso econômico
dentro da ordem social.

Entre 1942 e 1946, por meio das Leis Orgânicas do Ensino, foi instituído o ensino supletivo, que colaborou
para a diminuição do analfabetismo.

A Lei de Diretrizes e Bases, já no governo de Juscelino ,apresentada em 1948 como anteprojeto, tramitou até
1961, quando foi promulgada. Durante esse período, o debate entre os reformadores e católicos continuou.
Mais do que questões curriculares, o debate girava entorno dos reformistas da escola nova e dos católicos.

Nos anos de 1960, já no regime político de governos militares (iniciado em 1964), vemos mudanças reais nos
currículos, por meio das reformas educacionais. Por meio de novo Decreto-Lei, nº 869, por exemplo, foram
incluídas as disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira, sendo que nos
cursos superiores foi incluída a disciplina de Estudo de Problemas Brasileiros.

Na Constituição do ano de 1967, assim como no Plano Decenal do mesmo ano, o espírito era o de que a
educação deveria instrumentalizar as pessoas para o trabalho e que o ensino de nível superior seria um
momento que ofereceria um posterior crescimento econômico. Os currículos são voltados às questões
técnicas e houve a inclusão da disciplina de Educação Física, com objetivo de controlar o estudante, evitando
que ele desviasse suas atenções para atividades políticas.

O currículo da escola secundária, nesse contexto, era posto em questão por causa de sua característica
secular da cultura humanística, que confrontava com a educação científica.

Por dentro da BNCC

Um dos objetivos de seu estudo nesta webaula, é compreender as bases teóricas principais que permearam o
currículo. É importante relacionar esse conhecimento ao que embasou e fundamentou a construção da BNCC. Ela
possui um conjunto de premissas baseadas nas teorias pós-críticas, mas também tem elementos das teorias
críticas, que consideram o currículo não apenas como uma formulação técnica, mas crítica, e que contempla as
questões atuais da cultura brasileira. Para ilustrar essa evidência, leia um trecho dessa fundamentação que está
presente na BNCC:


A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB e as
DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano
global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica.

Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada
etapa da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisões que
caracterizam o currículo em ação. São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade local,
considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o contexto e as
características dos alunos. Essas decisões, que resultam de um processo de envolvimento e participação das famílias e da
comunidade.


— (BNCC, 2017, p. 16).

Para finalizar esta webaula, é importante ressaltar que a base de uma formação de currículo por
competências no Brasil tem as suas raízes no período de educação tecnicista dos governos militares. Embora
os princípios e objetivos sejam outros atualmente, é importante conhecer as suas origens. Por isso,
recomendamos a leitura do artigo Ditadura militar e repercussão sobre o currículo oficial no Brasil, que em
poucas páginas apresenta um panorama da composição dos currículos das décadas de 1960, 1970 e 1980.

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