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A INDEPENDÊNCIA DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS E DO HAITI

1.Contexto histórico da América Espanhola no século XVIII


1.1. O aspecto geográfico
Final do século XVIII: Espanha: uma das maiores potências coloniais,
com domínios na África, na Ásia, na Europa e, principalmente, na
América.

Território, em grande sob dominação da Espanha:


 América do Norte (México e o território que ia do Texas à
Califórnia);
 América Central;
 América do Sul (todos os países, exceto Brasil e as Guianas).

Vasto território e era dividido em vice-reinados e capitanias-gerais para


facilitar a sua administração.

1.2. O aspecto econômico


- Colônias espanholas na América, até o início séc. XIX: Exclusivo
Comercial Metropolitano, que obrigava colonos comerciarem apenas com
a Coroa e a não produzirem mercadorias.
- Economia voltada para a produção agrícola ou mineradora.
- América Central e Antilhas ainda: sistema de plantation - grandes
monocultoras com mão de obra escrava.
- México e no Vice-Reino do Prata: concentrava a pecuária.

1.3. O aspecto social


América Espanhola formada por diversos grupos sociais.
1- Brancos dividiam-se em:
 Chapetones: espanhóis com cargos de dirigentes da Igreja, do Exército, da Justiça e da Administração;
defensores do monopólio metropolitano; NÃO demonstravam interesse em promover o desenvolvimento
das colônias.
 Criollos: descendentes espanhóis nascidos na América; elite econômica e intelectual da colônia, à qual
pertenciam os latifundiários, os comerciantes, os profissionais liberais e membros do baixo clero. Eram
favoráveis ao livre-comércio.
2- Mestiços: camada intermediária - pequeno comércio, artesanato e trabalhos domésticos;
3- índios: grande maioria - mineração e na agricultura.
4- Africanos: trabalho escravo nas plantações das Antilhas e nas minas.

Após três séculos de colonização, anseio daqueles que nasceram nas colônias da necessidade de emancipação.*
Emancipação: libertação ou independência

2. Crise do sistema colonial espanhol


2.1. A divulgação das ideias liberais e a emancipação das colônias inglesas
- Meados do século XVIII: ideias liberais, apesar da censura do absolutismo metropolitano.
- Ideias trazidas principalmente pelos filhos de colonos que retornavam da Europa - onde buscavam por escolas
superiores.
- Manifestações começaram a ocorrer pois, além de ter suas práticas econômicas limitadas - já que estavam
sujeitas ao monopólio real -, esse grupo via-se tolhido da possibilidade de progresso social e político, tornando-se
a liderança do processo de emancipação das colônias espanholas.

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- Além disso a independência das Treze Colônias inglesas serviu de inspiração e assim, o espírito de emancipação
crescia entre a elite criolla.
- Os criollos passaram a acreditar que o exemplo estadunidense poderia ser imitado.
- Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Constituição estadunidense de 1787 foram inspiradores
para os revolucionários da América Hispânica.

2.2. A Revolução Industrial e as novas condições econômicas


- A Inglaterra apoiou a independência da América Espanhola;
- Com a revolução industrial, a Inglaterra queria vender (exportar) seus produtos para outros países, porém, a
América Espanhola possuía o monopólio comercial (metrópole – só podiam comerciar com a coroa). Então a
Inglaterra precisava que as colônias hispânicas abrissem seus mercados ao livre-comércio.
- Desse modo, o apoio da Inglaterra foi fundamental para a concretização da independência, disponibilizando
armas, soldados e recursos financeiros, e interveio diplomaticamente, reconhecendo a implantação de novos e
independentes governos nas antigas áreas de dominação espanhola.

2.3. A Revolução Francesa e a ocupação napoleônica na Península Ibérica


- A Revolução Francesa teve considerável influência na América Espanhola;
- Além das ideias do liberalismo, o movimento de 1789 era visto como uma autêntica afirmação do direito do
povo contra o despotismo dos reis.
- Os episódios de independência na América estavam ligados à expansão napoleônica.
- 1808, Napoleão Bonaparte forçou o rei da Espanha, Carlos IV, a abandonar e colocou no trono espanhol seu
irmão, José Bonaparte.
- Antes da chegada do novo rei, o povo organizou um movimento de resistência, recrutando forças militares e
estabeleceu relações com outros países.
- Junta de Cádiz liderou e a população da Espanha rebelou-se, desencadeando uma guerra contra os franceses.
Com isso, o país passou a ter dois governos lutando entre si: José Bonaparte, em Madrid) e a Junta de Cádiz.
- Na América, por meio dos cabildos (espécie de câmaras municipais onde tinham assento os criollos), foram
organizadas também juntas de governo com atribuições semelhantes das que se instauraram na Espanha, mas com
intuito de atender aos interesses da colônia. Essas juntas governativas, embora estivessem apoiando Fernando VII,
aproveitaram-se dos problemas da Espanha para acabar com todas as restrições do pacto colonial, declarando-se
desobedientes ao governo metropolitano.

2.4. A queda de Napoleão e a reação conservadora na Europa


- A derrota de Napoleão Bonaparte e a restauração europeia, mudaram a situação das colônias. - O rei Fernando
VII (destronado por Napoleão) foi reconduzido ao trono espanhol e encontrou resistência generalizada das
colônias, cujo processo de emancipação era evidente.

3. As etapas da independência
3.1. Os movimentos precursores da independência (1730-1810)
- O descontentamento com o sistema dominante: rebeliões.
- Objetivo dos rebelados: corrigir os abusos dos administradores coloniais, pedindo justiça às autoridades na
metrópole.

A revolta liderada por Tupac Amaru


- Peru 1770: Exploração dos trabalhadores indígenas:
- constante aumento dos impostos
- restrições coloniais;
- chegavam a trabalhar 16 h por dia.
- José Gabriel Condorcanqui, revoltado, liderou uma rebelião e passou a chamar-se Tupac Amaru. Era culto e
rico.

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- 60 mil índios (1783), o líder deu início a uma rebelião armada que conquistou rapidamente muitas adesões e
algumas vitórias contra as forças espanholas.
- Repressão por parte da Coroa, Tupac Amar foi capturado e sacrificado em praça pública. Seus membros foram
enviados a vários locais para que o episódio servisse de exemplo e aviso.

3.2. As primeiras revoltas antiespanholas


-1810 - 1816, a Junta de Sevilha tentou retirar a autoridade das juntas hispano-americanas.
- Napoleão aproveitou e enviou agentes para incentivar o liberalismo e revoluções nas colônias.
- Os criollos promoveram revoltas em quase toda a América Espanhola.
- Os movimentos tiveram sucesso inicialmente, mas depois fracassaram:
1º - Uma minoria criolla era contrária à liberação do comércio.
2º - os movimentos não receberam apoio da Inglaterra que, naquela época, era aliada à Espanha na luta
contra a França napoleônica. Os ingleses ficaram neutros na luta entre espanhóis e criollos.
3º - Diferenças políticas, raciais e sociais dividiu os rebelados, que se enfraquecerem e foram severamente
reprimidos.

3.3. As novas rebeliões contra a metrópole


- Excessos da repressão espanhola: reinício dos movimentos de emancipação que, entre 1817 e 1825, resultaram
na vitória decisiva contra a Espanha - Todos conseguiram independência, restando apenas Cuba e Porto Rico em
1824.
- A França napoleônica foi derrotada e a Inglaterra ajudou, pois tinha interesse nos mercados americanos, que
eram potenciais consumidores de sua produção industrial.
- A Inglaterra doou armas, dinheiro, soldados mercenários.

4. O processo de emancipação das colônias espanholas


Foram vários processos de emancipação (libertação, independência), devido ao tamanho e a diversidade do
território, os diferentes interesses dos criollos e a própria divisão administrativa.

4.1. A independência da Nova Espanha (México e América Central)


- A independência do Vice-Reino da Nova Espanha: conquistada no período de 1809 a 1823;
- Desde o início: presença marcante de rebeliões populares.
- No México, primeiras rebeliões realizadas, principalmente, por índios e mestiços contra espanhóis e criollos.
- Centenas de camponeses marcharam em direção à cidade do México aos gritos. Esse pequeno exército foi
aumentando com os camponeses das regiões por onde passava reuniu quase cem mil homens.
- Os índios e mestiços revolucionários tinham poucas armas e lhes faltava disciplina para conseguir vencer os
criollos e os espanhóis, e foram derrotados em 1811.
- Um partidário de Hidalgo, o padre José Maria Morelos y Pavón, continuou a luta, liderando um exército de
camponeses mais disciplinados. Entretanto, os criollos unidos aos espanhóis, derrotaram Morelos, que foi
fuzilado.
- Cada vez mais insatisfeitos com o pacto colonial os criollos promoveram um novo movimento pela
independência e foi vitoriosa.
- Vitoriosa, a elite criolla proclamou a República, em março de 1823, e promulgou a Constituição dos
Estados Unidos do México.
- Na mesma época, o México separou dos cinco Estados centro-americanos
- cinco Estados centro-americanos formaram a República Unida da América Central, mas durou pouco e foi
desfeita.
- Assim, no início da década de 1830, surgiram as atuais repúblicas de Guatemala, El Salvador,
Honduras, Nicarágua e Costa Rica.

4.2. A independência de Nova Granada (Colômbia e Equador) e da Venezuela

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- Venezuela, primeiros movimentos de emancipação com o líder Francisco de Miranda, que chegou a decretar a
independência em 1811, mas foi derrotado em seguida pelas forças espanholas.
- Miranda foi preso e mandado para a Espanha, onde morreu.
- A luta continuou sob a liderança de Simón Bolívar, que ficou conhecido como o "libertador da América". Ele
conseguiu vencer e expulsar os espanhóis da Venezuela.
- À frente de um exército bem equipado, Bolívar atravessou os Andes e libertou Nova Granada (Colômbia).
- Em 1821, os espanhóis foram definitivamente vencidos, assim, foi assegurada a emancipação
da Venezuela e da Colômbia.
- Bolivar ajudou o Equador, que derrotaram os espanhóis, sendo a região incorporada definitivamente à Grà-
Colômbia (1822).

4.3. A independência do Vice-Reino do Prata (Argentina, Paraguai e Uruguai)


- Argentina - parte mais importante do Vice-Reinado do Prata.
- Buenos Aires tinha lucros exorbitantes pois controlava as importações e exportações do interior argentino e do
Paraguai, provocando revolta dos produtores.
- A Argentina organizou uma Junta Governativa e começou o movimento de emancipação iniciou quando o Vice-
Rei espanhol foi deposto.
- A junta era integrada, principalmente, pelos grandes comerciantes criollos de Buenos Aires que se mantinham
formalmente fiéis a Fernando VII.
- Surgiram, então, movimentos autonomistas contra a Espanha e contra Buenos Aires nas províncias do interior
argentino, no Paraguai e na Banda Oriental, o futuro Uruguai.
- José de San Martín, pertencente à elite criolla, que uniu os grupos dirigentes, conseguindo vencer os espanhóis.

4.4. A independência do Vice-Reino do Peru (Peru, Bolívia, parte do Equador) e do Chile


- Bernardo O'Higgins (criollo chileno) revoltou-se contra os espanhóis, porém foi derrotado.
- Essa derrota favoreceu as tropas espanholas concentradas no Vice-Reino do Peru, que, ao permanecerem como o
centro de resistência espanhola na América, ameaçavam o processo de independência da Argentina e da
Colômbia.
- 1815, o general argentino José de San Martín organizou um exército e libertou o Chile, em 1818. Bernardo
O'Higgins, um dos líderes chilenos, foi nomeado dirigente da nova República.
- No Chile, San Martín organizou um exército e deu início a campanhas vitoriosas, por terra e por mar, que
culminaram na conquista de Lima e na libertação do Peru, em 1821.
- Enquanto as lutas lideradas por San Martín ocorriam a partir do extremo sul da América Espanhola, as tropas de
Simón Bolívar já haviam invadido as terras do Norte, incorporando o Equador e a Colômbia. Em 1822, os dois
grandes líderes se encontraram em Guayaquil, onde San Martín, por divergências políticas, retirou-se do cenário
de luta e partiu para a Europa, deixando a Bolívar a tarefa de concluir a independência do Peru. San Martín
incentivava a formação de Estados monárquicos, já Bolívar defendia uma América unida e republicana. O
processo, então, concretizou-se após a Batalha de Ayacucho, vencida pelo general José Sucre, comandado por
Bolívar, em 1824. Assim, o Congresso de La Paz, em 1825, proclamou a independência do Alto Peru com o nome
de República de Bolívar (Bolívia).

4.5. A independência da América Central


- O movimento de independência na América Central iniciou-se a partir do México.
- Ao realizar a independência mexicana e organizar seu império, Itúrbide anexou a América Central, da
Guatemala à fronteira com o Panamá, sendo esse território da Grã-Colômbia.
Quando Itúrbide foi deposto, em 1823, a América Central tornou-se independente do México, formando a
República Unida da América Central. Entretanto, essa união foi pouco a pouco desfeita pelos diversos interesses
econômicos de cada país e pelas pressões inglesas e estadunidenses. Assim, no início da década de 1830, surgiram
as atuais repúblicas da Guatemala, de El Salvador, de Honduras, da Nicarágua e da Costa Rica.

Independência de Cuba e de Porto Rico

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- Os movimentos de Cuba e Porto Rico no início do século XIX foram facilmente vencidos pela metrópole
espanhola;
- A independência de Cuba teve vários movimentos, destacando-se o movimento liderado por José Martí (1893),
que moveram uma guerrilha contra os espanhóis. Porém, em 1895, José Marti foi morto lutando. O revolucionário
cubano tornou-se mártir da emancipação cubana, sendo considerado herói nacional.
- Os EUA preocuparam pois o novo conflito começava a prejudicar a produção de açúcar. E, em 1898, os EUA
entraram na guerra.
- O governo dos EU enviou ao porto de Havana o encouraçado Maine para retirar os cidadãos estadunidenses
existentes em Cuba. No dia 5 de fevereiro, o navio explodiu misteriosamente, matando a maior parte de sua
tripulação. As razões da explosão jamais foram explicadas, mas o governo dos EU culpou os espanhóis e o
Congresso americano declarou guerra à Espanha (Guerra Hispano-Americana).
- A guerra terminou 4 meses depois com a derrota da Espanha.
- Depois da derrota, a Espanha assinou o protocolo que pôs fim à luta, desocupou Cuba imediatamente e cedeu
Porto Rico aos EUA (Porto Rico ainda hoje continua como membro da Comunidade dos Estados Unidos).
- Cuba ficou independente da Espanha, porém os EUA dominaram Cuba, tendo uma área de 117 km 2 de Cuba,
onde está situada uma base militar estadunidense em solo cubano, utilizada como prisão, que atualmente possui
por volta de 170 detidos - em sua maioria, muçulmanos.
Segundo o repórter Gustavo Barreto:

5. Um caso especial: a independência do Haiti


- No séc. XVII, uma parte do Haiti (Ilha de Hispaniola) foi colonizada pelos franceses e outra parte pelos
espanhóis.
- A França implantou o cultivo de cana-de-açúcar, o que fez do Haiti a mais rica de suas colônias.
- A ilha tinha população de 500 mil habitantes: 465 mil escravos negros e 5 mil brancos, e o restante era formado
por mulatos ou negros livres.
- A primeira grande revolta (1754) realizada pelos negros contra a escravidão. Foi chefiado por Mackandal, um
escravo da Guiné que, após 4 anos de guerrilhas, foi preso e condenado à morte na fogueira como feiticeiro.
Porém não foi executado, porque escapou da prisão e desapareceu.
- A partir de 1789, as notícias da Revolução Francesa deram ânimo para os negros iniciarem outros movimentos
de revolta. Quando na França foi declarado que todos os homens eram livres em terras francesas, os escravos
interpretaram que as novas leis valiam para eles também e começaram a se rebelar contra os proprietários de
terras francesas.
- A metrópole não tinha condições de reforçar militarmente a minoria branca da ilha e, em 1794,
teve início uma grande revolta sob o comando de Toussaint Louverture, líder negro que tomou o poder com o
apoio dos espanhóis, perseguindo os brancos, que foram assassinados ou coagidos a fugir do país.
Aliando-se aos liberais franceses, Louverture adquiriu autonomia para governar o Haiti, que
ainda não era formalmente independente da sua metrópole. Ele se autonomeou, em 1800, "Presidente Perpétuo da
República do Haiti". Em 1802, Napoleão enviou um exército para combater o líder negro e recolonizar o país, já
que não desejava ter um ex-escravo com tantos poderes em terras francesas. Louverture morreu na prisão, mas
ainda hoje é considerado o grande libertador.
- A luta pela independência não terminou. Surgiu outro líder negro, Jean-Jacques Dessalines, que, apoiado por
100 mil homens, acabou declarando a Independência do Haiti, em 1804.
- Os escravocratas (brancos) do mundo todo ficaram com medo dessa independência dos escravos do Haiti,
- O outro lado da ilha (atual República Dominicana), colonizado pelos espanhóis, foi juntada ao Haiti em 1821, e,
somente em 1844, a atual República Dominicana conquistou sua independência.

6. Pan-americanismo e caudilhismo
Pan-americanos: países pertencentes às Américas. Os desejos foram defendidos por lideranças do processo de
independência da América Espanhola.
- Um dos libertadores do Chile, Bernardo O'Higgins, defendeu a união das sociedades hispano-americanas, como
forma de evitar conflitos no continente e de consolidar a independência.

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- Jose de San Martín, libertador da Argentina, demonstrou o interesse de organizar um congresso pan-americano
para unir os povos contra as eventuais ameaças espanholas.
- Outros defensores pan-americanistas acreditavam que as antigas colônias espanholas deveriam se espelhar nas
ex-colônias inglesas, isto é, recomendavam a formação de uma confederação de Estados, desse modo, seria
consolidada uma potência capaz de barrar qualquer tentativa de dominação ou de dependência em relação aos
povos estrangeiros.

- Como tinham vários projetos, pan-americanos, Simón Bolívar foi o mais famoso defensor dessa união, propondo
a criação de uma Confederação de Estados Americanos que uniria política e territorialmente as Repúblicas, sem
anular sua autonomia local.
- No entanto, as pretensões de Simón Bolívar e dos outros defensores do pan-americanismo esbarraram em um
fenômeno político que se consolidou na América Latina após as lutas de independência das colônias espanholas: o
caudilhismo.
- Os caudilhos (líderes políticos locais), representavam a herança da elite colonial criolla, importante articuladora
das lutas de independência na América espanhola.
- Os caudilhos: poder econômico, grande propriedade agroexportadora, e apoio armado de seus aliados para
alcançar o poder
- O caudilhismo teve papel fundamental na desunião política e territorial da América Latina, contribuindo para o
fracasso do pan-americanismo e para a reiteração das desigualdades sociais no continente.

7. Considerações sobre a independência das colônias espanholas e seu legado


social
- Com os movimentos de independência, ocorreu o surgimento de vários países,
com regime adotado a república (presidente).
- Para os criollos: "liberdade" significava a ruptura com a metrópole - com o
intuito de garantir o livre comércio;
- Para os indígenas, ser livre significava o fim da exploração colonial e a
possibilidade de obter suas tão sonhadas terras.
- Para escravizados, a abolição da escravatura era o verdadeiro sentido da sua
luta.
- No entanto, a liderança criolla garantiu que apenas os seus interesses fossem
atingidos. Grande parte desse grupo dominante era proprietária de escravos, isso
significou lentidão no processo de abolição da escravatura. Nos locais onde a
abolição ocorreu nos primeiros anos após a independência, os negros
continuaram sendo marginalizados nas sociedades, abandonados à própria sorte,
- O mapa destaca o longo processo de abolição da escravidão na América:

Já em relação aos povos indígenas, mesmo com a sua forte resistência, a situação
de exploração e de expropriação de suas terras permaneceria. Para sobreviver, os
índios foram obrigados a aceitar remunerações baixas, tornando-se mão de obra
barata nas áreas mineradoras e agrárias. Além disso, em diversas localidades,
esses povos não tiveram seus direitos políticos reconhecidos, sendo excluídos da
cidadania. Somente a partir de uma intensa mobilização a partir do século XIX,
os povos indígenas conquistaram diversos direitos, mas ainda estão longe de
viverem com a dignidade merecida e de terem esses direitos efetivamente
respeitados.

Quando estudamos a independência das colônias espanholas, é necessário lembrar dois fatos
importantes:

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• a independência política provocou muitas mudanças no sistema econômico, na estrutura da
propriedade e no tipo de mão de obra, porque não interessava à elite colonial, responsável pela
independência, qualquer modificação que pudesse ameaçar o seu controle sobre a economia e o lucro.
Com exceção do México e Haiti, as massas populares coloniais, indígenas e escravos, pouco, ou quase
nada, tiveram participação efetiva no processo de emancipação colonial, isto é, a independência foi uma
transação das elites criollas, que se emanciparam em seu próprio benefício, interessadas em manter,
principalmente, a sua situação econômica.

• a independência política significou somente a destruição dos antigos obstáculos ao livre-comércio. A


dependência econômica permaneceu e os novos países continuaram a produzir matérias-primas e artigos
tropicais para o mercado internacional, além de importar produtos industrializados.

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