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Este trabalho objetiva refletir sobre The purpose of this work is to make a
algumas das funções socioinstitucionais reflection about some of the social-
tradicionalmente consolidadas no institutional functions which are
interior das organizações sociais e que traditionally consolidated inside social
precisam ser repensadas diante das organizations, and that need to be
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mudanças em curso, bem como, diante changed to face the new configuration  
das novas configurações que o trabalho that a social-assistant has to assume,
do assistente social vem assumindo specifically on social work service,
especificamente no plantão social, selection, follow ups, social-economic Professor titular do curso de Serviço
triagem, encaminhamentos, levanta- research and social resources filing. Social e Superintendente de Pesquisa da
mentos socioeconômicos e cadas- Universidade da Amazônia – Unama.
tramento de recursos sociais.
Professor Convidado do Curso de
Palavras-chave: serviço social, funções, Key words: social work, functions,
Mestrado em Serviço Social da
prática profissional, plantão social. professional practice, social full-time
Universidade Federal do Pará – UFPA.
assistance.
Assistente Social, Mestre e Doutor em
Serviço Social pela PUC-SP.

* Este artigo foi originalmente publicado


no Módulo 04, p.95-110, do Curso de
Capacitação em Serviço Social e Política
Social (CFESS-ABEPSS-CEAD/NED-
UNB) sob o título Serviço Social, das
tradicionais formas de regulação
sociopolítica ao redimensionamento de
suas funções sociais.
A publicação desta versão, revista e
ampliada, foi autorizada pelo próprio autor
e pela Coordenação do referido Curso.
 


 
 

' gado à crise capitalista contemporâ- dor, sobre a natureza da profissão e o


nea e às metamorfoses da questão modo de compreender esta, a partir

3
social. Resultando em um conjunto de de uma auto-explicação de seus su-
ara entender o traba-
transformações na esfera do traba- jeitos sobre os conhecimentos e valo-
lho do assistente so-
lho e nas novas formas de regulação res, método, objeto e objetivos1 . Este
cial na dinâmica socie-
do Estado através das políticas soci- raciocínio conduzia à compreensão de
tária contemporânea é preciso situá-lo
ais e da rede de serviços e proteção que a profissão era essencialmente
no interior do contraditório campo das
social. Demandando ao Serviço So- prática e que exigiria um quadro de
relações sociais na sociedade capita-
cial novas exigências, condições e referências teórico-valorativas neces-
lista, cujas direção e função social es-
relações de trabalho que precisam ser sárias e suficientes à ação profissio-
tão historicamente determinadas pela
identificadas e analisadas para que o nal. Estes elementos permitiriam, ain-
divisão sociotécnica do trabalho e para
assistente social possa desenvolver da, considerá-la como possuidora de
a reprodução da força de trabalho.
um exercício profissional crítico e um corpo de conhecimentos sistema-
Vale destacar que as profissões propositivo comprometido com a con- tizados e transmissíveis, sob a forma
institucionalizam-se vinculadas às for- solidação da igualdade de direitos e de disciplina profissional, que capaci-
mações históricas das sociedades. No da eqüidade social e contra todas as tariam o assistente social a intervir na
capitalismo, as particularidades no formas de exclusão social. realidade social.
desenvolvimento do seu modo de pro- Esta concepção tinha como seus
Nesta perspectiva, este texto tem
dução definiram as características da elementos definidores: os conheci-
como objetivo apresentar algumas das
divisão social do trabalho nas socie- mentos e valores, a partir dos quais
funções socioinstitucionais tradicio-
dades contemporâneas. No caso do a prática é entendida como fonte de
nalmente consolidadas no interior das
Serviço Social, a profissão vem de- conhecimento direto dos problemas
organizações sociais e que precisam
sempenhando historicamente sua fun- em suas causas e conseqüências; o
ser repensadas diante das mudanças
ção social na regulação dos conflitos seu marco filosófico, dado pela vi-
em curso, bem como diante das no-
entre as classes, no âmbito do Esta- são humanista-cristã2 de valorização
vas configurações que o trabalho do
do, setor privado e sociedade civil, da dimensão pessoal e social do ho-
assistente social vem assumindo es-
através do desempenho específico de mem; o método, como meio ou ca-
pecificamente no plantão social, tria-
suas funções profissionais na formu- minho para se atingir algo, desenvol-
gem, encaminhamentos, levantamen-
lação e gestão das políticas sociais, vendo-se a partir de então um con-
tos socioeconômicos e cadastramento
predominantemente na área da assis- junto de regras e padronização de pro-
de recursos sociais.
tência social, através de suas práti- cedimentos ou princípios opera-
cas. Esclarecendo, o Serviço Social cionais3 ; o objeto, o homem no pro-
como profissão desempenha uma fun-
ção socioinstitucional que lhe dá legi- (

   cesso de interação com o seu meio
social; e o objetivo, delimitado pelos
timidade no interior da divisão
    próprios postulados e princípios que
socioténcica do trabalho, seus profis-     constituem o marco filosófico, ou
sionais, os assistentes sociais, através
de suas ações desenvolvem as fun- 
 seja, a mobilização e o desenvolvi-
mento das potencialidades dos indi-
ções profissionais (sócio-ocupacio- víduos.
nais) no interior das organizações so- Inicialmente, é importante demar-
ciais a que estão vinculados. car o entendimento que a profissão Desta concepção de profissão de-
vem procurando explicitar quanto a rivou um conjunto de papéis e funções,
Diante desta condição e determi- próprias do Serviço Social no interior
sua função e papel nas sociedades
nações, os profissionais de Serviço das organizações sociais, particular-
capitalistas.
Social vêm reconstruindo sua prática mente a ação educativa em situa-
profissional, no sentido de imputar-lhe Durante um longo período, o Ser-
ções-problemas dos indivíduos, grupos
uma outra direção social e conse- viço Social esteve vinculado a uma
ou coletividades. Isso resultou na de-
qüentemente, o redimensionamento concepção que buscava apreender a
finição de atribuições específicas do
de suas funções socioinstitucionais e natureza da profissão de maneira
exercício profissional e em modelos
sócio-ocupacionais. auto-explicativa, ou seja, a partir de
de intervenção que esgotaram-se,
seu próprio interior.
É, portanto, fundamental, compre- devido tanto à dinâmica das socieda-
ender que esta direção social preten- Esta concepção partia da existên- des capitalistas, como à busca e cons-
dida se realiza através de um projeto cia de um certo consenso, resultante trução crítica de novos referenciais
ético-político profissional que está li- do pensamento tradicional-conserva- para o exercício profissional.










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A partir da crítica sistemática a esta rica. O modo como se inscreve na %


 
  
tradicional forma explicativa da profis- divisão social do trabalho vai derivar
   
são e das novas demandas que se co- das condições históricas particulares
locaram nas últimas décadas, o Servi- nas quais se institucionaliza. É como  

ço Social construiu e consolidou uma diz Iamamoto (1992, p. 40):
outra concepção, levando em conta os Nas duas últimas décadas, a pro-
elementos contextuais exteriores à prá- [...] atuando em organiza- fissão consolidou em seu processo de
tica profissional, vinculada a seus pa- ções públicas e privadas formação e exercício profissional, uma
péis sócio-ocupacionais, que por sua dos quadros dominantes da postura que tem procurado modificar
vez, estão determinados por uma gama sociedade, cujo campo é a o modo de interferir na reprodução da
de contradições histórico-sociais e por força de trabalho, tanto na dimensão
prestação de serviços soci-
uma problemática teórico-cultural. Esta material, como sociopolítica e
ais, o Assistente Social
reconstrução crítica vem legando à ideocultural, buscando reconstruir as
profissão uma construção teórico- exerce uma ação eminente- relações sociais mediante as ações que
metodológica e ético-política que per- mente ‘educativa’, ‘organi- desenvolve, na direção de formar no-
mite seu fundamento científico através zativa’, nas classes traba- vos valores, modos de pensar e agir
de uma postura crítica e uma perspec- lhadoras. Seu objetivo é da população com a qual trabalha,
tiva histórica e de totalidade. transformar a maneira de contribuindo para a defesa intransi-
ver, de agir, de se compor- gente dos direitos humanos, da justi-
Privilegia-se, nessa nova concep-
tar e de sentir dos indivídu- ça, da liberdade, da eqüidade, e da
ção, a compreensão da emergência
democracia. Esta reconstrução das
do Serviço Social como profissão re- os em sua inserção na soci-
formas de atuação do assistente so-
sultante das relações sociais que edade. Essa ação incide, cial, no âmbito de seu espaço sócio-
peculiarizam o momento e o proces- portanto, sobre o modo de ocupacional, implica em retraduzir os
so histórico das sociedades, particu-
viver e de pensar dos tra- valores ético-políticos no relaciona-
larmente o conjunto das relações de
balhadores, a partir de si- mento que estabelece com os profis-
classe na sociedade capitalista.
tuações vivenciadas no seu sionais, instituições/organizações e
Desta maneira, o Serviço Social cotidiano, embora se reali- população.
passa a ser visto no conjunto dos me-
ze através da prestação dos
canismos constitutivos de um projeto
de controle social de bases políticas e serviço sociais, previstos e '  ) 
sociais definidas, ao qual, enquanto efetivados pelas entidades
profissão, está situado como uma ati- a que o profissional se vin-   *   
vidade prática mediadora no interior cula contratualmente.
+  ,
!-

da prática social.
A prática social está sempre loca-
Entende-se assim que a análise  #
! 

das tarefas em si mesmas não permi-
lizada em uma sociedade concreta,
te desvendar a lógica no interior da 

com suas determinações histórico-
qual elas ganham sentido, ou seja, es-
sociais, na qual a prática do Serviço
tão colocadas no conjunto dos meca-     ,

Social situa-se em um movimento
nismos contraditórios de coerção e
cujos objetivos ultrapassam o âmbito  
 
 
controle das classes subalternas na
restrito das tarefas que a profissão
desenvolve. A prática profissional
sociedade capitalista.      
Nesta perspectiva, se a socieda-
assume como função socioins-
de vem sofrendo alterações em seu
 + & 
titucional predominante a reprodução
da força de trabalho, atuando em es- modo de organização, a própria pro-  &  
paços sócio-ocupacionais destinados fissão de Serviço Social e as práti-
aos setores expropriados de seus di- cas desempenhadas pelos assisten- .
   
reitos, excluídos das condições de re- tes sociais também se alteram. Por-
produzirem-se e impedidos de garan- tanto, é significativo apreender algu- 

mas destas modificações societárias
tirem suas necessidades básicas.
em curso, e mais, o sentido e direção ,
#


A profissão também assume um dadas às ações profissionais no inte-
perfil peculiar em sua trajetória histó-  
/
rior destas.










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Esta condição para o exercício Os antigos mecanismos de prote- modos de nos inserirmos profissional-
profissional criou novas situações de ção social, mesmo insuficientes, desen- mente e nas novas situações que
trabalho diante das tradicionais de- volvidos a partir das políticas sociais emergem do conjunto destas relações.
mandas institucionais/organizacionais vão se tornando residuais, casuais e Este é o conjunto de novas neces-
delegadas ao Serviço Social, princi- seletivos, focalizados em situações de sidades e demandas postas à profis-
palmente com as funções exercidas pobreza extrema para amenizar os são em uma imediaticidade cotidiana
nos serviços de plantão social e nas impactos destas novas condições so- que é, ao mesmo tempo, expressão
práticas de triagem e encaminhamen- ciais (desemprego estrutural, o aumen- das contradições sociais e exigência
to, bem como diante das ações limita- to da pobreza e da exclusão social, a de superação delas. São ainda, ex-
das de levantamentos de perfis precarização e casualização do traba- pressões das novas formas de repro-
socioeconômicos e cadastramento de lho, etc), colocando em questão a pró- dução da força de trabalho e exigên-
recursos sociais. pria concepção de direitos sociais que cia de satisfação das necessidades
Esta reorientação profissional4 , era portadora. objetivas de sobrevivência e existên-
favoreceu, sem dúvida, a reação de Isto quer dizer, diretamente para cia; das formas de fragilização dos
posturas conservadoras e temerosas população usuária, que as ações vis- mecanismos de apreensão crítico-re-
no interior das organizações sociais tas antes como integradoras da parti- flexiva do real e, também, são meca-
pois, implicava em (des) construir prá- cipação social nos mecanismos de nismos sobre os quais incidem ações
ticas institucionais consolidadas. Pro- controle social e garantia de mínimos para a formação de novos valores e
piciou também a manifestação de sen- sociais (e as formas de gerir estes formas de pensar e agir dos assisten-
sações de insegurança naqueles pro- mecanismos pelos próprios assisten- tes sociais. Significa, no dizer de
fissionais menos preparados para o tes sociais) vêm sendo constantemen- Iamamoto (1999, p. 113),
enfrentamento destas mudanças ge- te reduzidas e amenizadas perdendo,
rando frases como: O que vou fazer inclusive, sua condição de proteção [...] um dos maiores desafios
agora ? Como fazer diferente? O que social. O marco destas mudanças tem que o assistente social vive no
será do Serviço Social? sido a desresponsabilização do Esta- presente é desenvolver sua
É preciso destacar que estas mu- do na garantia destes mínimos soci- capacidade de decifrar a re-
danças se realizaram não apenas pela ais, através do corte de programas alidade e construir propostas
vontade política dos profissionais, mas sociais, diminuição dos benefícios so- de trabalho criativas e capa-
também foram geradas por um contex- ciais e extinção e/ou recuperação das zes de preservar e efetivar
to social, político e econômico que bus- tradicionais formas de ajuda social que direitos, a partir de demandas
cava a democratização da sociedade permanecem residuais. emergentes no cotidiano.
brasileira, a descentralização do Estado
Neste contexto, a proteção social
e a participação social de novos sujei- É um momento de mudanças sig-
pública e privada prestada apenas re-
tos e movimentos sociais em direção à nificativas, de um perfil profissional
sidualmente, é cada vez mais afastada
construção de políticas públicas. executor terminal de políticas sociais
dos processos de participação social e
Por sua vez, a própria sociedade para um profissional qualificado na
de garantia de direitos sociais pelo Es-
capitalista, reconstrói seu modo de or- execução, gestão e formulação de
tado. Criam-se novas formas de orga-
ganização das relações de produção políticas sociais públicas, de uma pos-
nização social de caracteres mais lo-
para responder às suas próprias crises tura crítica mas também criativa e
cais e operativos, nos quais as ações
e contradições, bem como, às novas propositiva. Um profissional que pos-
são mais fragmentadas e reguladas
necessidades e demandas sociais. sa responder, em seu exercício pro-
pelos ajustes econômicos do mercado
fissional, com ações qualificadas que
A esse movimento de respostas do e pela esfera política que deslegitima
detecte tendências e possibilidades
capital à sua crise estrutural tem-se os interesses nacionais. Isso propicia
impulsionadoras de novas ações, pro-
chamado de metamorfoses do proces- a criação de novas identidades globais,
jetos e funções, rompendo com as ati-
so produtivo, que tem criado novas gerando, ainda, uma cultura de passi-
vidades rotineiras e burocráticas.
condições de trabalho (com o avanço vidade e conformismo.
das tecnologias, a acumulação flexí- Tem-se assim, um conjunto de no-
vel e as novas formas de gestão), uma
produção flexibilizada e o envol-
vas configurações e demandas para a 0  &   *
 
atuação dos assistentes sociais, articu-
vimento manipulatório buscando o ladas pelas relações que se estabele-   

consentimento e a adesão dos traba- cem entre mudanças contextuais no
lhadores aos interesses do capitalis- modo de organização dos mecanismos As mudanças históricas que estão
mo. (ANTUNES, 1999, p. 23). de produção e reprodução social, nos hoje alterando a divisão social e téc-










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nica do trabalho materializadas em gerencial, seja das próprias políticas, necessidades sociais que se reverte-
mudanças nas relações Estado/soci- seja de seus serviços, seja de pesso- rão em demandas de trabalho para
edade e nas formas de organização e as, no interior das organizações públi- essas profissões, chamando a aten-
gestão do trabalho, afetam diferentes cas, privadas e não-governamentais. ção do Serviço Social. Segundo Mota
especializações do trabalho coletivo, (CHIAVENATO, 1999). (1998, p. 25),
inclusive o Serviço Social.
Esta nova função gerencial vem
Admitimos, portanto, que a
Um exemplo disto é a formação exigindo um nível de conhecimento
trilha por onde caminham os
de uma nova pobreza definida pelos bem mais amplo, tanto para compre-
desafios aos profissionais do
estoques de força de trabalho ensão crítica das condições políticas
descartáveis que não tem mais lugar em que estas exigências são coloca- Serviço Social – considera-
no mercado de trabalho, ampliando das – principalmente no que se refe- das as particularidades do
não apenas uma demanda quantitati- re ao desmonte das políticas sociais seu trabalho – são as novas
va de novos atores portadores de an- por parte do Estado- como da modalidades de produção e
tigas necessidades (trabalho, renda, fragilização dos direitos sociais, seja reprodução social da força
consumo), como também gerando dos serviços e/ou benefícios na área de trabalho. Essas últimas,
novas necessidades e demandas quan- do trabalho, bem como, as novas/ve- mediadas pelo mercado de
to à questão da insegurança e medo lhas formas de filantropia e solidarie- trabalho profissional, pas-
em relação ao trabalho, à expectativa dade que se reorganizam. sam a exigir a refuncio-
em relação as suas próprias vidas, e nalização de procedimentos
É preciso, portanto, uma apropria-
às possibilidades de satisfazerem suas operacionais, também deter-
ção crítica desta nova função
necessidades. Ao mesmo tempo, te- minando um rearranjo de
gerencial para que se possa compre-
mos o convívio com trabalhadores al- competências técnicas e po-
ender que o processo de rees-
tamente qualificados, em organiza- líticas que, no contexto da
truturação produtiva pelo qual passa-
ções com padrões e condições de tra- divisão social e técnica do
mos traz, no seu bojo, novas formas
balho de altíssimo nível, primando pela trabalho, assumem o estatu-
de gestão que atualizam as formas
qualidade na produção e no produto, to de demandas à profissão.
antigas de reprodução da força de tra-
com forte apelo social, exigindo dos
balho. O que antes era evidenciado
profissionais que nelas atuam respos- Diversificando ainda as implica-
como políticas compensatórias, hoje
tas mais qualificadas na imple- ções presentes com as novas formas
é redirecionado através de alguns pro-
mentação de sistemas mais eficien- de organização da produção materi-
gramas de qualidade e produtividade
tes de gerenciamento de pessoas e al e das modalidades de gestão e con-
e, inclusive, de incentivo à participa-
envolvimento dos trabalhadores com sumo da força de trabalho, Marlova
ção. É como argumenta Mota (1998,
a comunidade. (1996) nos chama a atenção para a
p. 24):
Estas situações têm implicado um necessidade de entendermos que, no
conjunto de aspectos e/ou novas di- [...] a atual recomposição Brasil, o setor privado tem uma vari-
mensões que se apresentam como do ciclo de produção do ca- ada forma de gerência da força de
novas requisições para o trabalho dos pital, ao determinar um con- trabalho, como também uma variada
assistentes sociais como a univer- junto de mudanças na orga- forma de recompensá-la, inclusive
salização dos serviços sociais, a nização da produção materi- identificando que as principais políti-
descentralização participativa, e a al e nas modalidades de ges- cas de reprodução da força de tra-
qualificação dos serviços prestados tão e consumo da força de balho estão voltadas para a meta da
pelas diferentes organizações públi- produção, seja pela distribuição de lu-
trabalho, provoca impactos
cas, privadas ou não-governamentais, cros ou pela remuneração variável,
nas práticas sociais que inter-
além das novas exigências de qualifi- com ou sem comprometimento do
vêm no processo de reprodu-
cação (habilidades e qualidades pes- salário real.
ção material e espiritual da
soais) que são colocadas aos própri- força de trabalho, onde se Esta direção política e econômica
os profissionais de Serviço Social. não é nova, mas a forma como se
inclui a experiência profissi-
Desta maneira, verificamos hoje onal dos assistentes sociais. apresenta traz um conjunto de carac-
um forte direcionamento das funções terísticas com implicações diretas para
socioinstitucionais do Serviço Social Sustenta ainda a necessidade das a ação dos assistentes sociais. Prin-
não mais para a execução de políti- profissões inseridas na divisão social cipalmente quanto aos diferentes mé-
cas sociais, mas para uma base e técnica do trabalho de conhecerem todos de organização do trabalho im-
organizacional situada na função e atualizarem-se para agir sobre as bricados com as diferentes formas de










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sua organização e das próprias for- Neste espaço de concorrência e básicas não atendidas por significati-
mas de proteção social do trabalha- competitividade do mercado de traba- va parcela da população que não pos-
dor, sejam políticas sociais, benefíci- lho, mesmo com as alterações que se sui as condições mínimas necessári-
os e/ou serviços. fazem, o assistente social, continua as para sua reprodução, o Estado,
Estes fatores precisam ser percebi- sendo requisitado em sua função, ou embora aparentando um caráter ino-
dos com grande clareza pelos assisten- seja, como intermediador das relações vador, não consegue desconstruir an-
tes sociais, pois a utilização de novas empregador x empregado, como me- tigas práticas assistencialistas perti-
tecnologias de gerenciamento da força canismo de ampliação da produtivida- nentes às suas estruturas burocráti-
de trabalho, fazem hoje muita diferen- de. Por isto, cabe a preocupação apon- cas e políticas, mesmo querendo mu-
ça quanto ao balanço social que o fator tada por Cesar (1999) de que, dentre dar o seu padrão de intervenção.
trabalho pode proporcionar com a difu- as novas formas de gestão, o Assis- Acrescido a estas condições, o Es-
são da idéias de responsabilidade social tente Social sirva apenas de instrumen- tado ainda não conseguiu organizar
entre empresas, Estado e sociedade ci- to capacitador dos gerentes, num car- uma política de assistência social atra-
vil; com o crescimento da previdência go de assessor/consultor/supervisor, vés da qual a distribuição equitativa
privada articulado com o Estado num abrindo espaço para que eles se apro- de bens, recursos e serviços possam
amplo processo de mercantilização dos priem do conhecimento do Serviço ser garantidos como direitos sociais.
serviços para os trabalhadores formais; Social e este perca seu espaço. Com o crescimento da miséria, favo-
e de uma visível redução das políticas É preciso, portanto, reconstruir o recendo uma corrida aos serviços de
sociais públicas. perfil sociotécnico e ideopolítico do pro- assistência, a agudização das tensões
Essas novas exigências, colocadas fissional de Serviço Social. Mas isso políticas, e o fato das políticas sociais,
ao Serviço Social, implicam tanto no- implica conhecimento do profissional enquanto mecanismos de regulação
vas formas de gestão, como imediata- sobre os contextos de gestão privada social, não conseguirem garantir o
mente a reorganização da funcionali- e pública, suas diferenças, atendimento desta demanda crescen-
dade da profissão no exercício desta especificidades e interações. E, mes- te, vão sendo criados novos mecanis-
no âmbito da reprodução do trabalho, mo assim, o Serviço Social precisa res- mos, como formas possibilitadoras de
como a busca da adesão dos trabalha- ponder às especificidades locais sim, soluções a estas relações contraditó-
dores aos interesses da empresa; como mas não pode adequar-se a um recei- rias, marcadas prioritariamente pela
o enxugamento das empresas através tuário e nem deixar-se excluir do qua- seletividade.
da terceirização; ou o próprio esvazia- dro de serviços por indisposição ao
mento das mobilizações operárias. estudo e capacitação intelectual, bem 2 3    
Assim, constituindo um novo espaço como, do conhecimento de novas cul-
contraditório e desafiador ao exercício turas e formas de trabalhar, pois o im-
 ,    
profissional do assistente social. portante é a garantia dos direitos soci-
ais e o conteúdo a ser repassado na
     
Vale ainda destacar que adminis-
trar pessoas, recursos e serviços não
formação de novos valores, contem-  &   .
 

é algo novo dentro do Serviço Social. plando a direção social apontada pelo
projeto ético-político da profissão. +   &  
Desde a gênese da profissão, devido
às situações contingenciais e Portanto, evidencia-se a existência 
 ) 4

situacionais que fazem o cotidiano concreta de novas exigências
organizacional, público ou privado, tra- socioinstitucionais colocadas no proces- 
  # 
balhar com a gestão social sempre so de trabalho dos assistentes sociais
constituiu-se o nosso objeto formal e
1  
  
no interior das organizações que podem
principal de atuação, mas hoje, esta implicar em mudanças das funções pro-   +
&  
função social vem se tornando exigên- fissionais dos assistentes sociais.
cia em nosso fazer profissional para  !  
além das ações antes voltadas e limi-
tadas à execução de políticas sociais.
    
1  
   
Concomitante a isto, vários outros 
  
  
personagens e/ou profissões, se ca-
pacitam e ingressam neste novo es-        
paço organizacional, para garantir seu Com os crescentes índices de de-    
 
lugar no mercado à luz de novas semprego e os diferentes mecanismos
tecnologias e proposições. de exclusão, além das necessidades &-
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A história mostra que as primei- definem-se os critérios de elegibilida- do necessários. Assim, se por um
ras experiências com levantamentos de e encaminhamento. lado, optaram por reduzir os mecanis-
estatísticos em face da impossibilida- mos assistencialistas buscando alcan-
Assim, o encaminhamento, muitas
de de atender a todos os casos e situ- çar novos direitos sociais, ao mesmo
vezes confundido com transferência de
ações, levam a definição de critérios tempo, desprestigiaram o atendimen-
responsabilidade entre setores e orga-
classificadores e seletivos, através de to direto de situações imediatas e/ou
nizações, torna-se uma prática do Ser-
um conjunto minucioso de exames di- emergenciais específicas desta par-
viço Social e um serviço sempre parci-
agnósticos dos problemas sociais para cela significativa da população.
al e insuficiente, exigindo novos retor-
posterior encaminhamento. nos que acabam por reforçar a depen- Estas posturas e práticas, sem a
Este encaminhamento, por sua vez, dência e, muitas vezes, a perda de auto- devida criação de alternativas à po-
era feito a partir do conhecimento dos estima. Quando muito, conseguem, pulação antes demandante, criaram
aspectos socioeconômicos da popu- através da garantia de alguns recursos, novas condições para uma demanda
lação demandante, pautado na previ- uma satisfação compensatória em meio organizacional significativa que aca-
são de que esta não poderia viver sem às informações controvertidas e às res- baram por fortalecer uma rede de pro-
este auxílio. Assim, no interior das postas insuficientes às demandas cria- teção social filantrópica, leiga, e soli-
organizações sociais e principalmen- das. O encaminhamento ainda não é dária com fortes traços assisten-
te naquelas de perfil assistencial, jus- compreendido como a busca de uma cialistas. O Estado desresponsabili-
tamente por não serem capazes de solução para os problemas e situações zou-se por esta prática, sem rees-
absorver a grande demanda, a tria- vivenciadas pela população, como ga- truturá-la no interior de uma política
gem, constitui-se como prática rantia de seus direitos. de assistência social. Com isto as or-
institucional cumprindo seu papel de ganizações da sociedade civil acaba-
No atual contexto socioeconômico,
seletividade. ram por criar uma nova rede de ser-
vemos uma grande dicotomia. Ao
viços necessária ao atendimento di-
É nesta prática institucional que o mesmo tempo em que avançam as
reto da população que continua tendo
Serviço Social é chamado a atuar novas formas de gestão e geren-
sua sobrevivência ameaçada. Espa-
principalmente por este possuir um ciamento de recursos para trabalha-
ço que vem constituindo-se como
olhar técnico-operativo conhecedor dores mais qualificados, vemos um
campo de atuação para os assisten-
das reais necessidades da população, contingente populacional, cada vez
tes sociais.
mais pauperizado recorrendo a dife-
valendo-se de critérios de elegibilida-
rentes alternativas e práticas Dentro destas contradições, os
de, incorporado nas funções burocrá-
organizacionais para garantir sua so- assistentes sociais são requisitados por
ticas e, em última instância, marcado
brevivência. uma nova demanda de serviços, ago-
por uma carga de poder decisória so-
Com a modernização do Estado, ra com base não mais no Estado, mas
bre as condições de vida desta popu-
os Plantões Sociais vêm sendo desor- nas novas organizações e redes de
lação. Não por acaso, tradicionalmen-
ganizados por serem identificados com solidariedade, muitas das quais rece-
te, o Plantão Social tornou-se um ser-
práticas assistencialistas, paternalistas bedoras de escassos recursos públi-
viço, por vezes, quase sinônimo de
e reprodutoras das relações de poder cos, e outras mantidas integralmente
Serviço Social com procedimentos
inerentes aos processos de atendimen- com recursos dos setores privados ou
inerentes ao seu fazer profissional,
tos básicos, o que é verdadeiro. No de contribuintes diretos.
entendidos como técnicas de triagem.
entanto, o próprio Estado não vem O que vale destacar é que mesmo
Desta forma, os Plantões Sociais
conseguindo, ao mesmo tempo, re- com a nova rede de serviços, organi-
passaram de um atendimento
construir novas formas de atendimen- zações e formas de gestão, o Plantão
emergencial a um contingencial para
to e/ou criar novas condições e alter- Social continua sendo um serviço ne-
a população sem condições de satis-
nativas para que esta população en- cessário ao atendimento direto, concre-
fação de seus direitos básicos, cons-
contre mecanismos efetivos de garan- to e emergencial da população, sob o
tituindo-se como um serviço perma-
tia de sobrevivência, principalmente, qual estão abrigadas um conjunto de
nente, muitas vezes confundido como
através de programas de geração de ações educativas (político-ideológicas)
um espaço físico, mesmo que precá-
trabalho e renda. através do qual é garantido uma par-
rio, sem solubilidade, marcado pelos
Por outro lado, identificam-se prá- cela das necessidades básicas, sem
processos de aprendizagem e disci-
ticas profissionais, que, ao privilegia- necessariamente serem entendidos ou
plinamento burocrático-institucional,
rem ações coletivas, descarac- efetivarem-se como direitos sociais.
através do qual, o conhecimento
criterioso da vida da população aten- terizaram o Plantão Social como ser- Diante do exposto, vale algumas
dida torna-se uma ajuda individual, re- viço emergencial para atendimento perguntas: as novas formas or-
dutora de tensões, base sobre a qual direto e mobilizador de recursos, quan- ganizacionais de gestão social têm ele-










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vado as condições de vida dos que a) compreender a realidade des- proteção social (embora mostre uma
são/eram atendidos pelos Plantões ta prática e suas contradições, tendência contrária), sobre a qual
Sociais? Estes serviços têm sido um do ponto de vista de um espa- também se busca a garantia dos di-
“caminho” para a ampliação dos di- ço político para a população que reitos sociais.
reitos de acesso aos serviços sociais? não tem mais onde recorrer;
Implica, além disso, conceber o
As práticas profissionais que têm se b) destacar a prática investigativa Plantão Social, como um serviço des-
responsabilizado pelo Plantão Social como resgate e registro vivo do tinado exclusivamente a atendimentos
têm conseguido romper com o apren- cotidiano de vida da população emergenciais daqueles que têm inter-
dizado da alienação? atendida ou não, sendo o co- rompidas suas condições de reprodu-
No entanto, não se pode deixar de nhecimento desta realidade um ção social e não como fonte ilusória de
compreender que o extenso campo de elemento potencializador dos manutenção e garantia de sobrevivên-
contradições sociais existente no in- interesses coletivos quando cia e direitos sociais. O atendimento
terior dos Plantões Sociais precisa ser construídos de forma participa- emergencial àqueles que estão diante
superado, na medida em que a popu- da com a população, permitin- da falta de condições de reproduzir sua
lação tiver ampliado e garantido seus do a mobilização e aglutinação subsistência é direito social, a manu-
direitos sociais, bem como, estiverem de interesses comuns, base tenção de serviços permanentes para
sendo consolidadas novas formas de para novas conquistas de direi- aqueles que estão sem condições de
gestão, onde a democracia e a parti- tos sociais e reproduzir sua subsistência é prática
cipação sejam as condições para a c) avaliar as demandas e neces- institucionalizada de destituição de di-
existência de novas formas de produ- sidades que não estão sendo reitos sociais, diante das quais os as-
ção/reprodução social. supridas, a partir da ótica dos sistentes sociais têm o dever de con-
Nesta direção, a compreensão da direitos sociais, que permite tribuir para sua superação.
assistência social como política social rever os programas e serviços
e, portanto, como direito social da po- que se destinam a estas situa-
pulação é fundamental, pois a que- ções possibilitando ainda, a qua- 5   

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lificação da infra-estrutura e
bra destes não vem apenas das ações
dos serviços.
6
 
   
que se executam, mas da direção que
se imprime às suas ações. Isto quer 
 
 
Portanto, considerando as condi-
dizer que a prática assistencial não é ções sociopolíticas e econômicas de
por si mesma reprodutora, embora hoje, que marcam os espaços É no interior deste contraditório
seja contraditória. Portanto, não pode organizacionais onde as práticas pro- campo de relações sociais que os in-
se restringir à provisão imediata de fissionais se institucionalizam, acredi- teresses e necessidades vão se cons-
bens e serviços mas, é fundamental ta-se ser de fundamental relevância, tituindo em demandas e inserindo-se
que seja constituidora de direitos, des- conhecer as reais condições dos ser- na agenda política/pública, na medi-
de o avanço das consciências nesta viços que prestamos, como também, da em que são apropriadas pelas or-
direção até a apropriação destes bens das práticas desempenhadas no inte- ganizações e se institucionalizam em
e serviços. rior destes, tendo como ponto de re- respostas. Nesta prática institucional,
Entende-se que o Plantão Social ferência e horizonte a garantia dos a leitura e análise sistemática dessa
está circunscrito pelas relações entre direitos sociais, da cidadania e da de- realidade pelos assistentes sociais é
a existência de necessidades da popu- mocracia. de vital importância pois, das solici-
lação e a ausência das condições para tações individuais, esparsas, casuais
Vale destacar que esta direção
supri-las; portanto, sua superação não ou instituicionalizadas, podem se
ético-política da prática profissional
é apenas técnica ou gerencial, mas constituir demandas coletivas
entende que a universalização de ser-
acima de tudo política, pois implica uma potencializadoras de novas conquis-
viços implica a superação das práti-
recondução das formas de compreen- tas e direitos sociais ou de novos ser-
cas de triagem restritivas aos meca-
der os direitos sociais e implementar viços e projetos voltados aos interes-
nismos burocráticos de inclusão/ex-
as políticas sociais e, nestas, a reorga- ses diretos da população atendida.
clusão de acesso aos bens e servi-
nização dos serviços sociais. Para tanto, a informação clara e
ços. Significa ainda, que a prática de
Assim, compreende-se que as pos- encaminhamento precisa levar em precisa dos recursos, serviços e di-
sibilidades de superação das tradicio- conta as novas condições e funções reitos é fundamental, papel para o qual
nais práticas de triagem e encaminha- socioinstitu-cionais que o Serviço so- o assistente social tem se preparado
mento realizadas através do Plantão cial está colocado hoje, no interior de significativamente nos últimos anos,
Social implicam em: uma ampla rede interinstitucional de consolidado pela postura explicitada










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pelo Código de Ética dos Profissio- dinamizar e viabilizar novas alternati- torna relevante o domínio de conhe-
nais de Serviço Social. Assim é im- vas para a prática social. cimento sobre os recursos institu-
prescindível a qualificação do atendi- cionais existentes. Normalmente re-
Desta maneira, a prática
mento profissional e dos serviços pres- conhecido e denominado de cadas-
investigativa é uma atividade neces-
tados, condição necessária para ga- tramento de recursos sociais, consi-
sária e básica do fazer profissional,
rantia dos direitos sociais, referência deramos hoje que o domínio de infor-
tanto por seu papel destacado de in-
e ponto de partida de ações mação e conhecimento dos direitos
dagação e questionar permanente das
institucionais comprometidas. sociais, serviços e dos critérios
ações desenvolvidas, como principal-
Um fator determinante para que socioinstitucionais de atendimento são
mente de reconstrução da realidade.
isto seja realizado é a organização e fatores fundamentais para a tomada
A pesquisa busca sempre a de decisão e ação, tanto para o assis-
desenvolvimento da prática e postura
vinculação entre pensamento e ação, tente social ou organizações, mas prin-
investigativa. Esta postura implica di-
assim, as questões de investigação cipalmente pela própria população
retamente a qualificação profissional,
estão sempre relacionadas a interes- demandante.
a partir de uma capacitação e qualifi-
ses e circunstâncias socialmente con-
cação intelectual constante, em busca A sistematização e divulgação do
de concepções teórico-metodológicas dicionadas. As investigações se inici-
conhecimento construído sobre as
críticas capazes de viabilizar análises am por problemas, articulados por
condições de vida da população e dos
concretas da realidade social. dúvidas, perguntas e conhecimentos
recursos disponíveis para garantia de
anteriores que se reorganizam em for-
No dizer de Setubal (1995) a pes- direitos é papel crucial a ser desem-
mulações teórico-políticas como um
quisa é um “instrumento mediador da penhado pelo Serviço Social como
sistema organizado de proposições,
relação sujeito-objeto” pois, seu obje- requisito necessário para tomada de
através das quais os sujeitos atribu-
tivo visa, além de produzir conheci- consciência da qualidade de vida pela
em-lhes sentido e direção. Sempre
mentos, também apreender o objeto própria população, mobilização acer-
levando em conta, pelo caráter da prá-
por meio de uma elaboração do raci- ca de direitos sociais e fundamental-
tica profissional, que a sua própria
ocínio lógico (como ato intelectivo mente para democratização das rela-
construção e seus resultados impli-
consciente e crítico), decorrente de ções socioinsiticuionais.
quem a participação e compreensão
uma movimentação dialética capaz de de seus interlocutores. Isto também quer dizer que a prá-
penetrar no real e apreender as suas tica investigativa está intimamente
determinações. Percebe-se então que conhecimen-
articulada com as práticas de avalia-
to, realidade e ação se articulam na
Portanto, a pesquisa como uma prá- ção e planejamento das políticas so-
prática profissional do Serviço Social
tica profissional, implica uma postura ciais, no fundo, definidoras das con-
na medida em que esta, intencional e
indagadora, crítica e questionadora di- quistas e/ou garantia de direitos soci-
criticamente, coloca-se diante das si-
ante do mundo e é, acima de tudo, uma ais, das quais, os levantamentos
tuações marcada pelo compromisso de
mediação entre sujeito e objeto quan- socioeconômicos e o cadastramento
dizer e revelar a “verdade” dos fatos,
do compreendida como uma forma de de recursos sociais são inerentes.
de arbitrar diante de “diagnósticos” e
praxis social. É aí que se percebe o de garantir a tomada de decisões dian- É a este conjunto de práticas que
quanto as facetas da realidade apre- te das questões sociais em que se co- vem se denominando de ciclo do
endidas pelo assistente social em sua
locam institucionalmente. gerenciamento social pois, identifica-
prática investigativa se constituem
dos e priorizados os problemas e ana-
como uma das fontes possibilitadoras Sendo assim, o tradicional levan-
lisados os dados disponíveis pelas pes-
de seu fazer, e mais, de repensar o seu tamento socioeconômico precisa dei-
quisas sociais, realizam-se as análises
fazer, sua prática institucional. xar de ser um formalismo burocráti-
dos indicadores sociais, definição de
co, repetitivo de informações quanti-
Se forem consideradas as diferen- objetivos, metas e estratégias, identi-
tativas desnecessárias para a popula-
tes facetas que a sociedade contem- ficação das ações, implementação e
ção, para o assistente social e para a
porânea possui, e as diferentes condi- avaliação.
própria organização, e passar a ser
ções em que as relações sociais se
uma forma de municiar o profissional
apresentam, nas quais as contradições
com informações quantitativas e qua-
sempre são aparentes, isto é, não se
litativas sobre as condições de vida e ( 
 7
!
revelam por si mesmas, a prática
investigativa é fator fundamental para
respostas socioinstitucionais à popu- &   

lação atendida.
o desvendamento das diferentes situ-
ações em que nos envolvemos profissi- É ainda, neste espaço de constru- Conclui-se que a contribuição do
onalmente e também, possibilitadora de ção da prática investigativa que se Serviço Social para efetiva consolida-










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ção das políticas sociais implicam não do Mundo do Trabalho. In: Capa- profissão, que reduz os complexos
apenas o acesso a bens e serviços, citação em Serviço Social e Política e contraditórios fatores societários.
mas a construção de mecanismos de Social. Brasília, UNB-CEAD/
2 Esta visão é conhecida pela
democratização para a definição de CFESS/ABEPSS, 1999. Módulo I.
profissão através dos postulados e
quais bens e serviços são necessári- CESAR, Mônica de Jesus. A princípios básicos de dignidade do
os para serem implementados, com- experiência do Serviço Social nas ser humano, da sociabilidade
preendendo a dinâmica societária e empresas. In: Capacitação em essencial do homem e da
estabelecendo novos mecanismos de Serviço Social e Política Social. perfectibilidade humana, herdeiros
sociabilidade e política, ou seja, como Brasília, UNB-CEAD/ CFESS/ diretos do neotomismo.
tais questões podem se materializar ABEPSS, 1999. Módulo II.
em novos procedimentos de ação. 3 Conhecidos como ver, julgar e agir,
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão explicitam-se pelo estímulo ao
Neste sentido é fundamental a de Pessoas: o novo papel dos exercício da livre escolha e da
constituição de uma ação profissional recursos humanos nas organizações. responsabilidade das decisões,
que contribua para o fortalecimento da Rio de Janeiro: Campus, 1999. respeito aos valores, padrões e
ação política de vários segmentos, tor-
IAMAMOTO, Marilda V. cultura e ensejo à mudança.
nando a necessidade um sentimento
consciente, que mobiliza intenções e Renovação e conservadorismo no 4 Esta expressão tem o sentido de
impulsiona ações. Possibilitando a su- Serviço Social. São Paulo: Cortez, reconstrução do perfil e postura
peração da alienação produzida pelas 1992. profissional a partir do acúmulo de
próprias condições sócioeconômicas, _____. O Serviço Social na con- um referencial crítico-analítico,
transformando-as em direitos reconhe- temporaneidade: trabalho e marcado pelos avanços teórico,
cidos e legitimados socialmente. formação profissional. São Paulo: cultural e político do Serviço Social
Cortez, 1998. na América Latina e no Brasil.
Essa transformação das necessida-
des em direitos exige que a sociedade _____. O trabalho do assistente social
apresente condições objetivas para frente às mudanças do padrão de
atendê-las e também o reconhecimento acumulação e de regulação social. In: Hélder Boska de Moraes
das relações com o poder público para Capacitação em Serviço Social e Sarmento
implementá-las. Portanto, estas condi- Política Social. Brasília, UNB-
ções implicam em uma participação ati- CEAD/ CFESS/ABEPSS, 1999. Rua Municipalidade, 949, ap.1201
va por parte do Estado e uma intensa Módulo I.
Bairro Umarizal
mobilização da sociedade civil, através
MARLOVA, Elaine. Reestruturação
de seus processos organizativos. Tam- Belém – PA
empresarial no Estado do Rio de
bém, exigem investimentos financeiros CEP: 66.050-350
Janeiro e suas inflexões sobre o
que lhe dêem sustentação e a inclusão
campo da proteção social da força de Telefone: (91) 210 3119
de uma agenda político-moral de direi-
trabalho. In: Em Pauta. Rio de
tos que se oponha ao aprofundamento e-mail: nhamunda@unama.br
Janeiro: UERJ, n. 9, nov. 96.
das desigualdades sociais, das diferen-
tes formas de violência, e da amplia- MOTA, Ana Elizabete. Cultura da
ção da exclusão. Pressupostos para a crise e seguridade social. São Paulo:
democracia, justiça e liberdade, hori- Cortez, 1995.
zonte possível a ser construído com a MOTA, Ana Elizabete. (Org.). A
contribuição dos profissionais de Ser- nova fábrica de consensos. São
viço Social, anunciado em seu compro- Paulo: Cortez,1998.
misso ético-político .
SETUBAL, Aglair A. Pesquisa em
Solicitado em 30/10/2001. Autori- Serviço Social: utopia e realidade.
zado para reprodução em 20/11/2001. São Paulo: Cortez, 1995.

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ANTUNES, Ricardo.Crise Capitalista 1 Tal concepção auto-explicativa


Contemporânea e as Transformações indica uma auto-determinação da










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