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Psicologia Escolar e Educacional: conheça os diferenciais dessa área!

Publicado em 16/6/22 Por Faculdade Arnaldo


Em um mundo inteiramente digital, a escola só perde em poder de influência para os
meios de comunicação, o que aumenta a responsabilidade em trabalhar não somente
conhecimento, mas também outros aspectos como cidadania, tolerância, respeito e
empatia.
Ocorre que a escola e os estudantes são organismos vivos em permanente interação. E o
produto desse inter-relacionamento (que envolve linguagens, proximidade afetiva e
metodologias de ensino) pode ter resultados positivos em algumas pessoas e negativos
em outras. Daí a importância de ter um profissional graduado em Psicologia e,
possivelmente, pós-graduado em Psicologia Educacional e Escolar dentro da instituição
de ensino.
Na esteira da conscientização dessa relevância é que foi aprovada a Lei Federal nº
13.935/2019, que garante a presença de psicólogos(as) nas instituições escolares públicas
de educação básica.
Focados no desenvolvimento de projetos para a melhoria da qualidade do processo de
ensino e aprendizagem, esses profissionais têm agora, diante de si, um oceano de novas
oportunidades de trabalho, com desafios que exigem qualificação sólida para o exercício
de uma prática científica de excelência e eticamente sustentada.
Ou seja, é preciso se preparar para assumir esse tipo de função em uma escola, até porque
durante a faculdade nem sempre é possível adquirir toda a base necessária. A educação
continuada é a melhor opção nesse caso e em tantos outros que demandam especialistas.

Afinal, Psicologia Escolar e Educacional são sinônimos?


Embora semelhantes e intimamente ligadas, Psicologia Escolar e Psicologia Educacional
são coisas bem diferentes. Enquanto a primeira se refere a um campo de atuação, a
segunda diz respeito a uma área do conhecimento.
Entrando mais a fundo, a Psicologia Educacional é uma subárea teórica da Psicologia que
trabalha os saberes ligados ao processo psíquico de aquisição do conhecimento. Já a
Psicologia Escolar é uma subárea aplicada da Psicologia que tem a intervenção prática no
ambiente escolar, mediante a aplicação dos conhecimentos da Psicologia Educacional.
Entendeu a razão pela qual, apesar de não serem idênticas, estão inteiramente conectadas?
Não há como exercer a prática do psicólogo no contexto educacional (Psicologia Escolar)
sem base teórica profunda dos mecanismos cognitivos de aprendizagem (Psicologia
Educacional).
Sendo assim, o profissional que se interessa por essa oportunidade de atuação precisa
primeiro se dedicar aos estudos da área educacional para depois colocar sua capacitação
em prática, assumindo o papel de psicólogo escolar. Estamos falando de uma
especialidade da Psicologia que deve exigir pelo menos dois anos de estudo a mais, fora
o período do curso universitário.
Quais as atividades realizadas pelos profissionais da área de Psicologia Escolar e
Educacional?
Um profissional especializado em Psicologia Escolar e Educacional pode atuar em
diversas vertentes. Aproveite para conhecer algumas delas a seguir.

Pesquisa científica do processo de aquisição do saber


Essa é uma vertente ligada às investigações dos impulsos psicológicos na conquista do
conhecimento. Trata-se de uma área fundamental para a atuação aplicada do psicólogo
escolar, principalmente para o estudo das dificuldades que podem surgir no caminho da
aprendizagem e para o desenvolvimento de teorias, metodologias e técnicas que ajudem
a contorná-las.
É o documento que norteia a escola a planejar suas estratégias educacionais e metas de
evolução no processo de ensino e aprendizagem. Logo, esse é um trabalho que exige
dedicação de uma equipe preparada para a tarefa de definir o "plano de funcionamento"
da instituição de ensino, incluindo profissionais especializados em Psicologia Escolar e
Educacional, além de professores, pedagogos e outros.

Mediação na relação família-escola


A escola não é um ambiente desconectado de outros campos relacionais dos alunos,
especialmente o familiar. É inegável que, em muitos casos, o nível de envolvimento dos
estudantes com a escola e seu comportamento na interação com outros colegas têm
relação direta com o núcleo familiar — fato que, caso ignorado pela instituição, pode
resultar em um desequilíbrio nas relações e no ambiente de aprendizado.
Nessa perspectiva, o trabalho da Psicologia Educacional com as famílias dos alunos tem
sido o principal papel desses profissionais dentro da escola. Essa mediação se expressa
por meio de acompanhamento individual, aproximação das famílias em situações de
dificuldades comportamentais e aconselhamento em questões como discriminação,
bullying, rendimento acadêmico, eventuais impactos de divórcios etc.
Trazer os pais para participarem (e se integrarem) plenamente ao processo de construção
do conhecimento (e também de valores) de seus filhos é fundamental no sucesso da
escolarização.

Direção escolar
A direção escolar é administradora de recursos e, ao mesmo tempo, de relações humanas.
Cabe a esse(a) profissional garantir a perfeita execução das atribuições de cada
colaborador, descentralizar responsabilidades, fiscalizar uso dos materiais, controlar a
produtividade, além de assegurar, em última linha, a harmonização das relações entre
estudantes e profissionais.
A formação em Psicologia também contribuir bastante para que a pessoa responsável pela
direção consiga desempenhar suas tarefas. Inclusive, isso pode garantir alguns
diferenciais para a instituição de ensino, pensando na qualidade do seu atendimento, do
plano pedagógico e também de como o aprendizado é conduzido.

Orientação educacional
O especialista em Psicologia Educacional e Escolar tem competências para:
• identificar eventuais problemas de comportamento ou dificuldades de
aprendizagem nos estudantes;
• oferecer caminhos para aumentar o potencial de aprendizado em cada criança e
adolescente;
• compreender as reações de cada aluno de acordo com suas experiências familiares
e sociais;
• oferecer auxílios aos educadores para ajustar linguagens e dinâmicas em busca da
melhor absorção dos conteúdos;
• auxiliar na criação de um programa de inclusão de estudantes especiais.
Aqui vale a pena fazer um destaque: um erro comum dos profissionais de educação é
associar o psicólogo escolar ao contexto de fornecimento de diagnósticos com finalidades
terapêuticas, atribuição esta que é, na verdade, função do psicólogo clínico.
O objetivo do psicólogo escolar e educacional é, fundamentalmente, ampliar e
democratizar o processo educacional por meio de análises e aplicações específicas ao
contexto cognitivo de cada aluno.

Quais são os principais desafios desse profissional?


De forma geral, na educação privada, um dos principais desafios do especialista em
Psicologia Escolar e Educacional é conseguir trabalhar com os conceitos da área em um
segmento que não está acostumado a lidar com psicólogos no auxílio às práticas
pedagógicas.
Esse obstáculo costuma ser vencido gradativamente, por meio de diálogos, bem como
pela proposição de ações cuja aplicação se mostre eficaz aos olhos dos próprios
professores. Trata-se de um trabalho progressivo de conquista de confiança.
Além dessa possível resistência inicial dos próprios educadores, é preciso que o
profissional consiga ultrapassar a barreira de ser um mero assistente social para se tornar
um agente ativo no processo de construção coletiva do saber.
Isso passa pela formação de base do profissional, o que reforça a importância de escolher
uma faculdade com excelente corpo docente, bem avaliada no ENADE (Exame Nacional
do Desempenho Estudantil) e que ofereça um vasto campo de estágios (propiciando o
contato do aluno com elementos práticos do curso desde os primeiros períodos).
Outro fator que começou a ser pauta nos últimos anos e foi reforçado com a pandemia é
o ensino a distância. Tanto o EAD quanto o modelo híbrido de ensino (que combina o
formato presencial e online) requerem uma atenção especial para amparar os alunos que
muitas vezes estão distantes fisicamente da escola.
A pandemia deixou isso muito claro, já que a necessidade do isolamento social por conta
da saúde fez com que o mundo todo precisasse adotar a educação à distância de alguma
forma. As instituições e profissionais que já estavam mais preparados para essa missão
conseguiram alcançar bons resultados, enquanto a realidade para muitos outros foi
caótica. Mais uma vez foi confirmada a importância do suporte psicológico no processo
de aprendizado.
Já em relação aos desafios vividos na educação pública, podemos observar que uma das
maiores questões é aprender a lidar com as desigualdades sociais profundas, restrições de
espaço físico (muitas escolas não têm espaço de escuta), além da previsível rejeição
inicial dos docentes servidores públicos (mais resistentes a projetos de mudança).
Mas, paradoxalmente, é exatamente por conta desses desafios específicos da educação
básica pública que a magia da Psicologia Escolar e Educacional é mais gratificante nesse
contexto. É nesse ambiente, muitas vezes cercado de distorções ambientais, sociais e
familiares, que o psicólogo enxergará, de fato, seu poder transformador na sociedade.
Ele será um verdadeiro instrumento de mudança do mundo por meio de direcionamentos
psíquicos de reinserção de crianças e adolescentes ao prazer libertador do conhecimento.
Não há dúvidas de que o saber de um psicólogo junto à sua disposição no trabalho pode
fazer a diferença para os estudantes ao longo do tempo.

Quais são os requisitos para ingressar na área?


Para atuar na área, é preciso ter bacharelado em Psicologia. Entretanto, apenas a formação
generalista não joga luz aos aspectos particulares do processo cognitivo de aprendizado
no ambiente escolar.
Essa especialização virá apenas com uma pós-graduação em Psicologia Educacional e
Escolar que, além de lançar uma lupa sobre essa subárea do conhecimento, trabalhará em
sinergia com a teoria e a prática, muito mais do que é possível fazer na graduação.
Toda essa exigência de qualificação é fruto da importância que se dá hoje ao psicólogo
da educação. Até a primeira metade do século XX, a atuação do psicólogo na escola se
restringia ao aspecto clínico “profissional-aluno”, em que se evitava interferir nas
decisões em sala de aula e, portanto, no sistema escolar como um todo.
Os problemas corriqueiros no ambiente escolar, como evasão, repetência, bullying,
intolerância à diversidade cultural e diferenças sociais, entretanto, abriram oportunidades
que se desse voz aos que sabem por excelência.
Hoje, a atuação da Psicologia Escolar e Educativa não se limita ao universo particular do
aluno, mas a todo o funcionamento da instituição educacional. Isso dá a esse psicólogo
um papel-chave no sucesso das políticas pedagógicas. A razão é que, pegando emprestado
o ensinamento de Jean Piaget, no mundo atual, não há dúvidas que:
“os fenômenos humanos são biológicos em suas raízes, sociais em seus fins e mentais em
seus meios”.
Não há, portanto, educação completa sem a presença de um profissional da Psicologia,
considerando que a aprendizagem é um processo complexo e que envolve aspectos
diversos da mente humana. O propósito de ter um time com capacitações diversas e
complementares é justamente conseguir otimizar o serviço oferecido.
Então, nada melhor do que ter o suporte de pessoas com conhecimento específico sobre
Psicologia Escolar e Educacional para fazerem a diferença. Essa formação é um
diferencial importante para os profissionais que desejam atuar na área, sobretudo levando
em conta que agora temos uma lei para garantir a presença dos psicólogos em instituições
de ensino e o reconhecimento vem crescendo a cada dia.

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