CONCEPÇÕES
RESUMO
Este texto, elaborado a partir de estudos bibliográficos, tem com objetivo levar a uma
reflexão sobre o processo histórico da avaliação da aprendizagem, o qual serviu e serve
aos interesses das elites dominantes como forma de classificação, regulação e sujeição
dos indivíduos ao processo produtivo. A pesquisa baseada em teóricos clássicos e atuais
foi objeto das discussões entre os pedagogos durante a realização do ITINERANTE 2010.
Foram abordadas quatro concepções que, em diferentes momentos prevaleceram na
prática pedagógica avaliativa: a prática de exames, chamada de Tradicional, na qual a
avaliação tem o mesmo significado de exame. Num momento seguinte predominou a
avaliação como medida, que teve o seu apogeu na Pedagogia Tecnicista. A concepção de
avaliação para a classificação do desempenho do aluno, que promove a seleção de
alunos a partir de critérios definidos pelo professor. Por fim, se apresenta a Concepção
Qualitativa da Avaliação a qual preconiza que analisar a prática avaliativa utilizada no
interior da escola requer também compreender as concepções de todos os profissionais
da escola, dos educandos e das famílias. Neste sentido, considera-se que a proposta de
estudo teórico durante a realização de atividades práticas poderá instrumentalizar os
pedagogos da rede pública para que, fundamentados, possam propor a reflexão do
processo avaliativo do ensino e aprendizagem junto aos profissionais da escola.
1 INTRODUÇÃO
(...) não se restringe aos educadores em geral. É idêntica a visão dos alunos a
respeito desse tema, das famílias e da sociedade. O significado da avaliação na
escola alcança um significado próprio e universal, muito diferente do sentido que
se atribui a essa palavra no nosso dia a dia. Percebe-se o aluno sendo observado
apenas em situações programadas (HOFFMANN, 2009, p.24).
No século XIX o estudo era concebido como forma de ascensão social e estava
voltado para o controle dos processos de certificação. Nesta concepção o ensino tinha
caráter verbalista, extremamente autoritário, inibidor da ação ativa por parte do aluno, não
permitia o desenvolvimento da iniciativa ou espontaneidade na realização de qualquer
criação dele. O ensino era centrado no professor que apresentava os conteúdos
totalmente desvinculados da realidade, não havendo nenhuma articulação com o contexto
social ou com o momento histórico que estava sendo vivenciado.
A concepção tecnicista teve início no século XX, nos Estados Unidos, com estudos
do teórico Thorndike sobre os testes educacionais, com influência da Psicologia. Os
testes psicológicos de inteligência têm a função de mensurar os comportamentos e a
aprendizagem pode ser então quantificada. Segundo Chueiri (2008, p.56), essa forma de
conceber a avaliação, oportunizou a “expansão de uma cultura dos testes e medidas na
educação”; nessa pedagogia se comprova o rendimento com base nos objetivos
comportamentais, os quais se reduzem a uma medida e, portanto, separa o processo de
ensino de seu resultado. Para esta autora “a idéia de avaliar, não só para medir
mudanças comportamentais, mas também a aprendizagem, portanto para quantificar
resultados, encontra-se apoiada na racionalidade instrumental preconizada pelo
Positivismo” (2008, p.56).
A idéia de avaliação, como medida do desenvolvimento do aluno, segundo Chueiri ,
fundamentada em Hadji (2001), está muito presente no imaginário de professores, pais e
dos próprios alunos, “e a dificuldade para a superação dessa concepção reside na
suposta ‘confiabilidade’ das medidas em educação e nos parâmetros ‘objetivos’ utilizados
pelos professores para atribuir notas aos alunos” (2008, p.56). A credibilidade que se dá
às medidas inseridas no processo e nos padrões estabelecidos pelos educadores, com
vistas à atribuição de valores às atividades dos alunos, desemboca em uma tese
equivocada: de que todos os efeitos, ganhos ou prejuízos do aluno durante o processo,
são produto de uma operação e são expressos de forma neutralizada e, por isso isentam
o professor da responsabilidade no momento da avaliação. Medir significa determinar qual
é o valor de um objeto a partir de um instrumento determinado para este fim.
Uma medida é objetiva no sentido de que, uma vez definida a unidade, deve-s ter
sempre a mesma medida para o mesmo fenômeno. Certamente, um erro é
sempre possível, devido às imperfeições da instrumentação, pois ele resulta então
das condições de operacionalização dos instrumentos. Ele provém da operação
de medida e, portanto neutralizado (HADJI, apud CHUEIRI, 2008, p. 56).
(...) a avaliação não é uma medida pelo simples fato de que o avaliador não é um
instrumento, e porque o que é avaliado não é um objeto no sentido imediato do
termo. Todos os professores avaliadores deveriam, portanto, ter compreendido
definitivamente que a “nota verdadeira” quase não tem sentido (HADJI, 2001,
apud CHUEIRI, 2008, p.56)
Este conceito de avaliação tem caráter excludente, pois os resultados dos testes
tinham função de explicar a eliminação dos “retardados mentais“, bem como o ingresso
segundo as condições cognitivas de cada sujeito.
Avaliar para classificar ou para regular é uma das concepções mais tradicionais
acerca da avaliação escolar. Os alunos são comparados a partir de uma norma, de um
padrão determinado pelo professor. Ela tem a função tradicional de certificação, a qual
fornece poucas informações sobre o conhecimento adquirido e o domínio atingido sobre
determinado assunto. Neste tipo de avaliação, o foco está naquilo que está programado
para ser avaliado e não no desenvolvimento real do aluno.
[...] que avaliar não é dar notas, fazer médias, reprovar ou aprovar os alunos.
Avaliar, numa nova ética, é sim avaliar participativamente no sentido da
construção, da conscientização, busca da auto critica, auto-conhecimento de todos
os envolvidos no ato educativo, investindo na autonomia, envolvimento,
compromisso e emancipação dos sujeitos (p. 31).
Uma nova sistemática de avaliação poderá gerar tensões por vezes difíceis de
suportar, e os professores poderão sentir-se privados das satisfações que o
sistema tradicional lhes proporcionava. Associa-se ao prazer gerado por aquela
segurança a satisfação gerada pelo poder da avaliação. Será preciso, ao tratar da
nova perspectiva de avaliação, trabalhar estes aspectos pessoais e coletivos no
contexto da escola (SAUL, 2010, s/p.).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS